a angústia e o desespero como fundamento ontológico

43
A ANGÚSTIA E O DESESPERO COMO FUNDAMENTO ONTOLÓGICO DA EXISTÊNCIA HUMANA NO PENSAMENTO DE SÖREN KIERKEGAARD

Upload: simone-cristina

Post on 15-Jun-2015

510 views

Category:

Spiritual


0 download

DESCRIPTION

Material produzido por Ir. Marilza Barrios dos Santos, ascj.

TRANSCRIPT

Page 1: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

A ANGÚSTIA E O DESESPERO COMO FUNDAMENTO ONTOLÓGICO DA EXISTÊNCIA

HUMANA NO PENSAMENTO DE SÖREN KIERKEGAARD

Page 2: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

A angústia e desespero como fundamento ontológico da

existência humana no pensamento de Soren

Kierkegaard- Filosofia -

A busca pelo sentido da vida sempre foi como também continua sendo um dos

maiores anseios da humanidade pelo fato de que o existir é algo grandioso demais para

não dar valor. Existir é um fator importantíssimo para o conhecimento de nós

mesmos e de tudo que nos cerca, pois nos impulsiona para uma maior compreensão da realidade em que vivemos. É, sobretudo, a partir dessas afirmações que me propus a

aprofundar o existencialismo de Kierkegaard.

Page 3: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

1 - KIERKEGAARD: VIDA, CONTEXTO HISTÓRICO E FILOSÓFICO

2 - ANGÚSTIA E DESESPERO COMO ELEMENTO ONTOLÓGICO DA EXISTÊNCIA HUMANA

3 - A FÉ E A LIBERDADE* 3.1 A fé como remédio – o salto para

liberdade.* 3.2 A existência humana na relação

com o absoluto

Page 4: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O pensador Sören Aabye Kierkegaard nasceu em Copenhague, capital da Dinamarca, a 5 de maio de 1813. Filósofo, teólogo, poeta e crítico impiedoso da religiosidade institucional, além do mais, considerado o pensador de maior destaque da corrente existencialista contemporânea pela sua opção radical e pela defesa do valor da existência humana enquanto indivíduo.

As suas ideias são expressões de sua existência.

VIDA

Page 5: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

As suas ideias são expressões de sua existência

Família – infância e juventude

Paixão por Regina Olsen

Sentimento religioso

VIDA

Page 6: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

As suas ideias são expressões de sua existência

Uso de pseudônimos

OBRA

S

Page 7: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

- um período de grande crise política e militar devido a consequentes guerras napoleônicas - época da política liberal que aboliu o trabalho obrigatório do camponês para os nobres “seus senhores”; abolição da monarquia absolutista

- A Igreja era como uma instituição estatal

CONTEXTOHISTÓRICO

Page 8: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

- Seu pensamento baseia-se em sua cultura romântica, religiosa e influenciada pela filosofia alemã e nos complexos sentimentais profundos - filosofia alemã como fonte importante de seu pensamento.

-A filosofia de Kierkegaard se edifica no confronto com o pensamento especulativo de Hegel, que busca a essência do real na verdade absoluta do pensamento.

- Contra a dialética abstrata dos conceitos racionais - vivemos concretamente a angústia de existirmos na possibilidade de ser

CONTEXTOFILÓSOFICO

Page 9: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

CRÍTICAFILÓSOFICA

- Considerado o precursor do existencialismo, Kierkegaard refuta a

universalidade lógica daverdade conceitual para fundar o seu pensamento na existência singular e

intransferível do homem.

- Ele dirige sua crítica ao sistema hegeliano por partir do conceito da existência do indivíduo como ideia

universal.

Page 10: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

CRÍTICAFILÓSOFICA

- A filosofia hegeliana, de caráter abstrato, não consegue

compreender a existência do ser humano, a sua angústia e o seu

desespero. Como pensador cristão, Kierkegaard defendeu o

conhecimento da fé contra a supremacia da razão.

Page 11: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

CRÍTICAFILÓSOFICA

- Para ele, ser homem, existir, é ter que viver a angústia de ser na

necessária contingência de cada instante; e de tal modo que ninguém

pode outorgar ou assumir a possibilidade do outro, tendo assim

que se responsabilizar pela tarefa de sua existência.

Page 12: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

CRÍTICAFILÓSOFICA

- Opondo-se a ideia sistemática, Kierkegaard procurou destacar as

condições específicas da existência humana e incorporá-las às

reflexões filosóficas.-Em suas obras procurou analisar

os problemas da relação existencial do homem com o mundo, consigo

mesmo e com Deus.

Page 13: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

ANGÚSTIA E DESESPERO NO PENSAMENTO DE KIERKEGAARD

-Para ele, a existência é possibilidade como ameaça do nada, portanto,

possibilidade como angústia;- O homem precisa vir a ser o que ele

é;- a verdade ocorre na decisão do

instante, como uma tarefa da liberdade de existir.

Page 14: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O INDIVÍDUO E A EXISTÊNCIA COMO

POSSIBILIDADE

- Seu pensamento é essencialmente religioso: é a defesa da existência do indivíduo, existência que só se torna autêntica diante da transcendência

de Deus. Chegar a ser um indivíduo, é o mesmo que chegar a ser cristão em espírito e em verdade. Ser cristão é

defrontar-se sozinho com Deus e realizar, assim, a plenitude individual.

Page 15: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O INDIVÍDUO

- O homem singular não tem existência conceitual;

é, portanto, uma existência que corresponde à realidade singular,

corresponde ao indivíduo - uma filosofia existencial do

indivíduo.

Page 16: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O INDIVÍDUO

A verdade subjetiva

-A verdade deve tornar-se existencial no ato de o indivíduo viver aquilo em que acredita, na

realização dos seus objetivos mais profundos. O indivíduo é energia viva, ativa,

autodeterminante, que surge a partir de situações concretas de opção, situações

enraizadas nos momentos em que o homem focaliza todas as suas potencialidades numa opção que ressoará por toda sua vida. Essa opção que torna o simples indivíduo em um

indivíduo existencial constitui a tarefa suprema do ser humano, pois trata de uma missão

dirigida a cada homem e é a possibilidade de todos.

Page 17: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

- O existir do homem é possibilidade, ou seja, o que o homem pode fazer e

realizar na experiência concreta e vivida.

-Para o homem, existir é encontrar-se sempre confrontando com as

possibilidades.- Na relação consigo mesmo, ele sente

o peso das possibilidades da existência, percebendo-se assim,

diante da infinitude das possibilidades e dos seus próprios limites

A EXISTÊNCIA como

POSSIBILIDADE

Page 18: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-É peculiar do indivíduo a existência cujo modo de ser é a possibilidade. E na possibilidade tudo é possível,

ela é ameaça do nada, e disso brota a condição fundamental da

existência humana: a angústia, como puro sentimento do possível, isto é, do futuro, daquilo que pode

acontecer e que pode ser muito mais terrível do que a realidade.

A EXISTÊNCIA como

POSSIBILIDADE

Page 19: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-o desespero e a angústia são questões relevantes que

Kierkegaard trata em sua filosofia, justamente por serem problemas reais do ser humano. Fazem parte da condição do indivíduo e da sua relação com a própria existência.

O desespero e a angústia

Page 20: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-Podemos dizer que a angústia e o desespero, na qualidade de

problemas existenciais, guardam entre si uma relação muito

estreita. Os dois estão intimamente ligados, na medida em que ambos estão embasados

na própria complexidade da trama da existência pessoal de cada

indivíduo.

O desespero e a

angústia

Page 21: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

- é um sentimento que ao contrário do medo não tem objeto preciso.

O conceito da angústia

Page 22: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-Para Kierkegaard, a angústia é um

estado que manifesta a relação do

indivíduo com o mundo, uma

relação determinada pela

liberdade.

O conceito da angústia

Page 23: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O conceito da angústia

Page 24: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

A angústia em Kierkegaard precede

o pecado e está ligada à

possibilidade e à liberdade. É vertigem diante do que não é, mas poderá ser pelo

uso de uma liberdade que não se

experimentou e que não se conhece; é desejo do que se

teme, temor do que se deseja.

O conceito da angústia

Page 25: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

Angústia objetiva

O c

on

ceit

o d

a a

ng

ústi

a

Angústia subjetiva

Page 26: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

E na experiência da angústia subjetiva, o indivíduo pode

superá-la quando a Salvação é tida como uma realidade, e isto

será possível pela fé no Deus que tudo é possível.

O c

on

ceit

o d

a a

ng

ústi

a Angústia subjetiva

Page 27: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O c

on

ceit

o d

a a

ng

ústi

a O homem vê entre ele e o mundo um vácuo que o faz perder todo sentimento de segurança. Só na

mediada em que for capaz de sofrer a prova desse abandono e

dar o salto pela fé será existencialmente livre.

Page 28: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O c

on

ceit

o d

a a

ng

ústi

a - Ela é a possibilidade da

liberdade, e é preciso ser

educado por ela para ser livre mediante a

infinitude que lhe é própria. A

angústia se vence somente com a fé. Ela é uma aventura que

todo homem deve correr se não

quer perder-se.

Page 29: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O c

on

ceit

o d

a a

ng

ústi

a -Somente em virtude da fé ela possui um valor educativo. A angústia

vem do fato de que Deus deixa o homem livre, à

sua imagem, para operar, por seus atos

concretos, as escolhas em que se projeta a fim de construir-se,

de edificar-se.

Page 30: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O DESESPERO

HUMANO

- O desespero pertence ao eu, consiste no viver da morte pelo eu. É inerente à

personalidade do homem, à relação consigo próprio e à possibilidade desta

relação. O indivíduo pode saber que está no desespero sem saber a causa de tal situação. Mas se houver uma clareza completa, isto é, se o indivíduo tiver plena consciência da motivação total, então o desespero desaparecerá na

medida em que se torna consciente de tal realidade.

Page 31: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O DESESPERO

HUMANODoença para a morte

- é uma doença até a morte porque o desesperado deseja a morte do eu, uma modificação, transformação da

relação do eu com ele mesmo.

- é a culpa do homem que não sabe aceitar a si mesmo em sua

profundidade: é um eterno morrer sem, no entanto morrer, uma autodestruição impotente.

Page 32: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O DESESPERO

HUMANODoença para a morte

- O homem em desespero tem o costume de se considerar vítima de

circunstâncias externas, mas quando reconhece que o problema é interior a reação é de curar-se de si mesmo. Eis

o ponto de sua grandeza e de sua miséria, pois o desespero tem como

raiz, no homem, o eterno.

Page 33: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O DESESPERO

HUMANODoença para a morte

- O eu que não se torna ele próprio permanece desesperado; enquanto

não consegue tornar-se ele próprio, o eu não é ele próprio, portanto não ser

ele próprio é o próprio desespero.

Page 34: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

O DESESPERO

HUMANODoença para a morte

- O desespero ensina que é impossível vencer o desespero, que ele é de fato a

doença até a morte do eu. Mas a impossibilidade de vencer o desespero só é uma impossibilidade para aquele

que não acredita em Deus, para aquele que não tem fé – se a Salvação é

impossível para o homem, a Deus tudo continua sendo possível. Assim o único

remédio para o desespero é a fé, porque ter fé é acreditar que para Deus tudo é

possível.

Page 35: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

A FÉ

E A LIBERDADE

- A existência é o modo de ser do indivíduo, como é também o reino da liberdade: o homem é o que escolhe ser, é aquilo que se torna. Segundo

Kierkegaard, é exatamente a vida de fé que constitui a forma

verdadeiramente autêntica da existência finita, vista como o encontro do indivíduo com a

singularidade de Deus.

Page 36: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-Para Kierkegaard, o caminho que leva o cristão defrontar-se

sozinho com Deus e realizar, assim a plenitude individual

está nas etapas da existência.

- os estádios estético, ético e religioso  

A FÉ COMO REMÉDIO - O SALTO PARA

LIBERDADE

Page 37: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

- o salto que leva ao estádio religioso leva o indivíduo a reconhecer que só poderá conseguir auto-realizar-se

relacionando com o Absoluto. É o fato da fé ser conseguida

após o salto no escuro.  

A FÉ COMO REMÉDIO - O SALTO PARA

LIBERDADE

Page 38: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-Passar pela porta que se abre para a transcendência do

Absoluto faz-nos penetrar no eterno. Provoca o desprendimento

e o salto, graças aos quais o homem ultrapassa os seus limites, enche-se da sua verdade e existe verdadeiramente e plenamente.  

A FÉ COMO REMÉDIO - O SALTO PARA

LIBERDADE

Page 39: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-O paradoxo da condição

humana, caracterizada pela sede absoluta de verdade e pelo pecado, inerente a nossa

natureza, é um escândalo em si, escândalo do qual o cristianismo pretende ser a expressão: Cristo sofre e morre como homem, mas

fala como Deus.  

A EXISTÊNCIA HUMANA E A SUA RELAÇÃO COM O ABSOLUTO

Page 40: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

-O escândalo realiza-se

igualmente na situação do homem

que pede a Deus para enviar-lhe a fé, enquanto esta

prece é ela própria um dom de Deus.  

A EXISTÊNCIA HUMANA E A SUA RELAÇÃO COM O

ABSOLUTO

Page 41: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

- Para ele, não existimos para filosofar, mas filosofamos para existir, pois a certeza só pode derivar da prova da vida e da ação, porque não é a razão pura, mas o próprio

existente, e justamente enquanto existente, que crê e assume a verdade. A autêntica

existência é aquela que está disponível para o amor de Deus, a existência daquele que não crê mais em si mesmo, mas somente

em Deus.  

A EXISTÊNCIA HUMANA E A SUA RELAÇÃO COM O ABSOLUTO

Page 42: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

BLANC, Charles Le. Kierkegaard. São Paulo: Estação Liberdade, 2003.  FARANGO, France. Compreender Kierkegaard. Tradução de Ephraim F. Alves. Petrópolis: Vozes, 2006.  GILES, Thomas Ransom. História do existencialismo e da fenomenologia. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1975. v.I-II  GIORDANI, Mário Curtis. Iniciação ao existencialismo. Petrópolis: Vozes, 1997.  KIERKEGAARD, Sören. O conceito de angústia. Tradução de João Lopes Alves. Editorial Presença, [s.d.].  ______. O desespero humano. Tradução de Carlos Grifo, Maria J. Marinho, Adolfo Casais Monteiro São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os pensadores)  ______. Diário de um sedutor. Tradução de Carlos Grifo, Maria J. Marinho, Adolfo Casais Monteiro São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os pensadores)  JOLIVET, Régis. As doutrinas existencialistas: de Kierkegaard a Sartre. Porto: Livraria Tavares Martins, 1961. v.8.  MONDIN, Battista. Curso de filosofia: os filósofos do Ocidente. São Paulo: Paulinas, 1985.  PAULA, Marcio Gimenes de. Indivíduo e comunidade na filosofia de Kierkegaard. São Paulo: Paulus, 2009.  REALE, Giovanni; Antiseri, Dario. História da filosofia: do romantismo ao empiriocritismo. Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2005. v. 5. SCIACCA, Michele Federico. História da Filosofia. Tradução de Luis Washington Vita. São Paulo: Mestre Jou, 1968.

REFERÊNCIAS

Page 43: A angústia e o desespero como fundamento ontológico

ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia. Tradução de Antonio Ramos Rosa. Lisboa: Editorial Presença, 1976. v.8  COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2002.  KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Tradução de Carlos Grifo, Maria J. Marinho, Adolfo Casais Monteiro São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os pensadores)  ______. Ponto de vista explicativo da minha obra como escritor. Tradução de João Gama. Lisboa: Edições 70, 1986. (Textos filosóficos)  MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia. São Paulo: Edições Loyola, 2001. (Tomo III)  NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e anti-humanismos: introdução à antropologia filosófica. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.  OS FILÓSOFOS. Clássicos da filosofia: de Kant a Popper. Rossano Pecoraro (org.). Petrópolis: Vozes; PUC-Rio, 2008.v. II.  REICHMANN, Ernani. Kierkegaard. Curitiba: JR, 1972.   ROVIGHI, Sofia Vanni. História da Filosofia Contemporânea: do século XIX à neoescolástica. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2004.

BLIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS