a agressividade como resposta de um indivÍduo … · na educação de nossos filhos ... em...

58
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO CRIADO EM UMA FAMÍLIA DESESTRUTURADA MÔNICA CABRAL DE CARVALHO Orientadora Professora Maria Poppe Rio de Janeiro Fevereiro de 2010

Upload: nguyennguyet

Post on 09-Nov-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO CRIADO EM UMA FAMÍLIA

DESESTRUTURADA

MÔNICA CABRAL DE CARVALHO

Orientadora Professora Maria Poppe

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2010

Page 2: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO CRIADO EM UMA FAMÍLIA

DESESTRUTURADA

Esta publicação atende a complementação didático-pedagógica de metodologia da pesquisa e a produção e desenvolvimento da monografia, para o curso de pós-graduação.

TERAPIA DE FAMÍLIA

MÔNICA CABRAL DE CARVALHO

Page 3: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e irmãos, por todo amor, apoio e carinho. Obrigada, amo

vocês!

Ao meu amigo Alexsandro, que por muitas vezes me ajudou, tirando

dúvidas, lendo meus capítulos para ver ser estava bom. Obrigada por tudo!

A minha amiga Isabella, que por muitas vezes agüentou meu estresse

devido aos trabalhos e seminários. Obrigada por tudo querida amiga!

Aos professores do curso Terapia de Família que compartilharam seus

conhecimentos comigo e com todos da turma. Muito Obrigada!

As amigas da Pós-Graduação, Annye, Alessandra, Cristina, Marilene,

Nanci e Rosilene, por todos os momentos de alegrias e risadas. Vou sempre

sentir saudades desses momentos que passamos juntas. Sejamos sempre

Felizes!

E a todos aqueles que direta ou indiretamente me ajudaram a concluir mais

esta etapa da minha vida. Obrigada!

Page 4: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

Dedico este trabalho aos meus pais, com todo meu amor e carinho.

Page 5: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

MENSAGEM A FAMÍLIA

Na educação de nossos filhos

Todo exagero é negativo.

Responda-lhe, não o instrua.

Proteja-o, não o cubra.

Ajude-o, não o substitua.

Abrigue-o, não o esconda.

Ame-o, não o idolatre.

Acompanhe-o, não o leve.

Mostre-lhe o perigo, não o atemorize.

Inclua-o, não o isole.

Alimente suas esperanças, não as descarte.

Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê exemplo.

Não o mime em demasia, rodeie-o de amor.

Não o mande estudar, prepare-lhe um clima de estudo.

Não fabrique um castelo para ele, vivam todos com naturalidade.

Não lhe ensine a ser, seja você como quer que ele seja.

Não lhe dedique a vida, vivam todos.

Lembre-se de que seu filho não o escuta, ele o olha.

E, finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não compre outra...

Ensina-lhe a viver sem portas.

Eugência Puebla

Page 6: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

RESUMO

Este trabalho monográfico aborda a importância da instituição família,

seus papéis e funções na vida de um indivíduo. Salienta sobre a inserção da

mulher no mercado de trabalho, a dupla jornada de trabalho feminino e as

transformações ocorridas dentro das famílias, gerando novos modelos de

família, como: monoparentais, famílias formadas por pessoas do mesmo sexo,

de casais sem filhos, e pessoas que optaram viver individualmente. Sendo um

grande índice na atualidade de pessoas que moram sozinhas.

Faz referência sobre o papel da família na agressividade infantil.

Analisando até que ponto a família é responsável pela agressividade das

crianças. Aponta vários fatores que geram ou aumentam a agressividade,

como: o meio no qual a criança está inserida; a conduta dos pais como

exemplo para a atitude dos filhos; a falta de limites, a permissividade dos pais,

a violência doméstica, a insegurança, a frustração, entre outros.

Conceituando os diversos tipos de violência existente na sociedade.

Relatando a agressividade infantil dentro da família. Comprovando que parte

da agressividade do ser humano vem por eles virem de famílias

desestruturadas (pais desequilibrados, violentos, pais ausentes, pais que

educam sem amor, pais permissivos demais, a falta de limites, entre outras

coisas) provocando carência afetiva, rancor, ódio, vergonha, medo,

introspecção, insegurança, desconfiança, frustração, ou seja, uma série de

fatores e sentimentos negativos, os quais o indivíduo não sabe lidar.

O ser humano vem acumulando toda essa frustração (falta de amor dos

pais, falta de atenção, rejeição, atos violentos de pessoas da família, etc.)

desde sua infância, passando a se sentir inferior, triste, inseguro, fraco,

diferente das outras pessoas. A forma que essa pessoa encontra para se

defender contra tudo o que ela se tornou, contra tudo o que ela pensa de si

mesmo, é através da agressividade. A agressividade, portanto, é um

Page 7: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

mecanismo de defesa do indivíduo para que ele possa enfrentar todos os seus

problemas e os de sua família.

Depois de um estudo mais aprofundado, exemplifica algumas atitudes

que os pais poderiam ter frente à agressividade dos filhos, como lhes ensinar o

que é limite, e que ele deve ser sempre respeitado; elogiar sempre que

possível à criança com o objetivo de levantar a auto-estima dela, e com isso,

para receber mais elogios, irá ter comportamentos cada vez mais positivos; não

confundir a autoridade com o autoritarismo. É importante que os pais tenham

autoridade, ela está relacionada com o poder, e os pais devem ter o poder.

Cabe aos pais, a responsabilidade pela segurança e mesmo pela vida dos

filhos. E para desempenhar bem esse papel, os pais precisam ter autoridade

em relação aos filhos, ou seja, devem ter poder, esse poder que é decisório.

Por último, disserta a importância do amor na educação dos filhos, e

defendendo a idéia do amor como prevenção e solução para a agressividade

dos filhos. O ambiente familiar é o primeiro e mais significativo para a

interiorização de valores, criação de hábitos e aprendizagens variadas. Quanto

mais estimulador esse ambiente for, mais a criança se desenvolverá de

maneira harmônica; em contrapartida, quanto mais conflitivo, carente de

afetividade, maiores problemas trará à criança em formação.

Page 8: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho foram pesquisadas distintas

bibliografias. Inicialmente foi abordada a figura da família e seus paradoxos, e

também o seu papel na formação do indivíduo, suas transformações, os novos

tipos de família que surgiram e o quanto ela se torna responsável pela atitude

agressiva de seus filhos. Depois foi feito um apanhado sobre o conceito de

violência e as diversas formas da mesma. Logo após foi analisado o tema

agressividade infantil, destacando a sua definição, as suas origens e funções, e

a forma de lidar com ela, exemplificando algumas atitudes que os pais

deveriam ter em relação à agressividade de seus filhos. Por último, foi tratado

sobre a importância do amor na educação dos filhos.

Para discorrer sobre o assunto família. Foram pesquisados, lidos e

utilizados diversos livros sobre a Família, como: família: modos de usar, a

família em desordem, a família como modelo: desconstruindo a patologia,

quando a família está com problemas, formação e rompimento dos laços

afetivos, pais e mães: culpados ou inocentes, a família como paciente, a família

de que se fala e a família de que se sofre, Adolescentes: Quem ama educa!

Sem padecer no paraíso – Em defesa dos pais ou sobre a tirania dos filhos,

100 segredos das famílias felizes. Utilizando autores como: Sayão,

Roudinesco, Cerveny, Heegaard, Bowlby, Naouri, Palazzoli, Richter, Gaiarsa,

Içami Tiba, Tania Zagury, David Niven, entre outros. Depois foi pesquisado

sobre a criança, nos seguintes livros: A Criança Explosiva: uma nova

abordagem para compreender e educar crianças cronicamente inflexíveis e que

se frustram facilmente, do autor Rossw; A Criança como indivíduo, do autor

Fordhan; Precisamos falar de Kevin, da autora Shriver. Após foi investigado

sobre a adolescência e/ou psicologia, nos livros a seguir: Psicologia

Educacional do autor Piletti; Adolescência e Psicopatologia, do autor Marcelli; A

Aceitação de si mesmo: as idades da vida, do autor Guardini. Por último foi

analisado sobre a agressividade e violência com os livros: No Risco da

Violência: reflexões psicológicas sobre a agressividade, do autor Bisker;

Violência e Psicanálise, do autor Costa. Foram também pesquisados vários

Page 9: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

sites que comentavam sobre agressividade, violência, crianças agressivas, a

importância do amor na educação dos filhos, entre outros com estes mesmo

temas.

A pesquisa foi feita através de leituras de autores que fazem menção a

temas como família, violência, agressividade, suas origens, suas causas, o

papel da família na educação dos filhos, a responsabilidade da mesma no

processo de maturação do indivíduo, entre outros assuntos que enriqueceram

o trabalho. Foi pesquisado reportagens em Internet, revistas e jornais, que

auxiliaram na elaboração da mesma. Após, foi estudado e filtrado os dados

coletados, e usado somente o que foi válido, teve veracidade e somaram ao

trabalho de pesquisa.

Page 10: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

SUMÁRIO INTRODUÇÃO 11 Capítulo I - FAMÍLIA: A BASE DE TUDO 1.1- Família: Conceito, papéis, funções e transformações. 14 1.2- O papel da família na agressividade infantil 23 Capítulo II - AGRESSIVIDADE E ESTRUTURA FAMILIAR. 2.1- Violência: Conceito e suas diversas formas 29 2.2- A agressividade na infância 32

Capítulo III - O AMOR COMO SOLUÇÃO PARA UMA VIDA

FAMILIAR SAUDÁVEL.

3.1- Algumas atitudes que deveriam ser tomadas pelos pais frente a

comportamentos agressivos dos seus filhos. 38

3.2- A importância do amor na educação dos filhos. 47

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 55

Page 11: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

11

INTRODUÇÃO

Escola e Família são as principais instituições socializadoras de uma

sociedade. A Família é uma peça fundamental nesse intricado problema, uma

vez que a família desestruturada gera pessoas problemáticas para a

convivência social e escolar. As raízes, para tais situações, são geradas desde

questões sócio-econômicas, étnicas e emocionais, com conseqüências

danosas para todo o conjunto da sociedade.

O ato de educar resulta da participação de todos. Aos pais cabe o

acompanhamento da educação de seus filhos, não delegando somente a

escola, tão grande responsabilidade. Na verdade, as famílias desestruturadas

cujos pais que não tem controle, não educam, não ensinam, e transferem todas

as responsabilidades para a Escola, para “terceiros”, normalmente geram

crianças com diversos problemas emocionais, ou agressivas se tornando mais

tarde adultos violentos, ou crianças sem limites, que não têm menor respeito

pelas pessoas.

Família é algo muito complexo e sempre me despertou muito interesse,

por isso resolvi fazer meu trabalho de conclusão do curso Terapia de Família,

pesquisando somente a família, apesar de achar a escola de muita importância

na educação das crianças, pois como vimos acima, tem pais que delegam a

escola, toda a educação de seus filhos. Portanto, neste trabalho para a

conclusão de curso de pós-graduação lato sensu, foi abordado sobre um

problema bem relevante para a sociedade, que acontece com bastante

freqüência dentro das famílias, que é a conseqüência de uma educação sem

limites, ou até mesmo uma criação sem amor, atenção e respeito, e muitas

vezes o convívio em lares violentos. Que tornam crianças cada vez mais

agressivas, violentas e desequilibradas emocionalmente.

Um dos primeiros aspectos que fez despertar a atenção para o problema

em questão, foi a percepção de que muitos pais hoje em dia têm sérias

Page 12: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

12 dificuldades em estabelecer limites para os filhos e em dar fim a discussões e a

pequenas questões simples do dia-a-dia.

Na maioria das vezes a agressividade nasce dentro das pessoas como

conseqüência de tudo o que elas vivenciam no seu dia-a-dia, através de seus

lares violentos, e/ou, famílias desestruturadas, ou pais que também vieram de

famílias e lares com todos esses problemas, e por isso não souberam dar a

educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos. Criando assim homens

agressivos e violentos.

Primeiramente, é analisado o significado da família, o quanto essa

instituição é importante para todos os indivíduos, os papéis que ela exerce na

vida do ser humano e suas funções. Logo após é citado as mudanças ocorridas

dentro das famílias. Com a entrada da mulher no universo público, houve uma

diminuição das famílias extensas e das famílias nucleares, que são as

compostas do casal e dos filhos. As famílias estão ficando menores, houve

alterações nos tipos de arranjos familiares e nos padrões de conjugalidade.

Aumentaram as famílias compostas por apenas um indivíduo, às famílias

monoparentais, as compostas de casais do mesmo sexo e de casais sem

filhos. Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, elas passaram a

ter maior autonomia em suas escolhas, ganharam o espaço fora do âmbito

privado do lar, passaram a ter seus salários e começaram dividir com seus

maridos as dívidas da casa. Isto é, agora eles não eram os únicos provedores

da casa, elas passaram a dividir esse papel com eles.

Houve também, um aumento no número de divórcios, pois elas

conquistaram o espaço público, agora elas não precisam mais depender de

seus maridos. Elas agora têm a possibilidade de romper vínculos quando estes

não lhes forem satisfatórios. Hoje elas já podem se manter e não precisam

mais ficar com alguém pela dependência financeira. Com isso, aumentaram o

número de mulheres chefes de família, sem cônjuge e com filhos.

Também é discorrido sobre o papel da família na agressividade infantil,

citando o meio no qual a criança está inserida, como um dos fatores que geram

a agressividade; a conduta dos pais como exemplo para a atitude dos filhos; a

Page 13: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

13 falta de limites, a permissividade, a violência doméstica, a insegurança, a

frustração como fatores que geram a agressividade.

Depois conceitua os diversos tipos de violência existente na sociedade,

e também sobre a agressividade dentro do âmbito familiar e a agressividade da

criança, fazendo um paralelo entre elas. No contexto atual, entre os temas que

merecem reflexão está a agressividade, um termo já conhecido entre as

pessoas e que se reflete em diversos ambientes. Com base nisso, houve a

necessidade de compreender a agressividade dentro do âmbito familiar.

Compreender qual a ligação da agressividade das crianças com a educação

dos pais. E analisar até que ponto os pais são culpados pela agressividade dos

seus filhos.

Por último, faz referência sobre as atitudes dos pais frente à

agressividade dos filhos, sobre a autoridade e o autoritarismo, sobre o elogio

como algo positivo para a criança, e também sobre a importância do amor na

educação dos filhos como uma solução para a construção de um ser humano

saudável. Por mais que uma família tenha seus problemas, se tiver o amor

presente nela, tudo se resolverá da melhor maneira possível.

O ambiente familiar é o primeiro e mais significativo para a interiorização

de valores, criação de hábitos e aprendizagens variadas. Quanto mais

estimulador esse ambiente for, mais a criança se desenvolverá de maneira

harmônica; em contrapartida, quanto mais conflitivo, carente de afetividade,

maiores problemas trará à criança em formação.

O desenvolvimento é parte da vida, e está profundamente marcado pelo

contexto social do qual a criança participa. Os comportamentos que cada

criança apresenta e as respostas que dá tem relação com o seu quotidiano.

Conseqüentemente, crianças diferentes, com vidas diferentes e recebendo

estímulos diferentes, estão expostas a problemas e a formas de solucioná-los

diferentes e constroem padrões de referência e de comportamento diferentes.

Page 14: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

14

Capítulo I

FAMÍLIA: A BASE DE TUDO

O sucesso de um pai: "Existem muitas maneiras de medir o sucesso;

mas nenhuma delas se compara com a descrição que seu filho faz de você

quando conversa com um amigo”. (autor desconhecido)

1.1- Família: Conceito, papéis, funções e transformações.

“Toda a doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais

inaplicável. Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo

final não é o indivíduo mas sim a família”. (Vitor Hugo)

O século XX trouxe a urbanização e, com ela, o fim da família estendida.

A mulher, principalmente a partir da segunda metade deste século, cada vez

mais sai à rua para trabalhar e dividir com o marido o sustento da casa, mas

essa nova situação não mudou radicalmente a posição de mando no interior da

sociedade conjugal.

A definição tradicional de família é descrita como a unidade básica da

sociedade formada por indivíduos com antepassados em comum ou ligados

por laços afetivos. A família representa um grupo social primário que influencia

e é influenciado por outras pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ou

um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou

estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimônio ou adoção.

A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros

moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as

gerações. No interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, os

referidos subsistemas podem ser formados pela geração, sexo, interesse e/ou

Page 15: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

15 função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um

membro afetam e influenciam os outros membros. A família como unidade

social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo em nível

dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais

(MINUCHIN, 1990).

A família até 1988 era considerada aquela constituída pelo casamento. A

partir da Constituição Federal de 1988, a “Constituição Cidadã”, na expressão

do saudoso Ulysses Guimarães, a família passou a ser considerada gênero do

qual são espécies: o casamento, a união estável e a família monoparental.

Ainda sob a inspiração dessa revisão conceitual a estrutura familiar compõe-se

de um conjunto de indivíduos com condições e em posições, socialmente

reconhecidas e com uma interação regular e recorrente também ela,

socialmente aprovada. A família pode então, assumir uma estrutura nuclear ou

conjugal, que consiste num homem, numa mulher e nos seus filhos, biológicos

ou adotados, habitando num ambiente familiar comum. A estrutura nuclear tem

uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição,

quando necessário. Existem também famílias com uma estrutura de pais

únicos ou monoparental, tratando-se de uma variação da estrutura nuclear

tradicional devido a fenômenos sociais, como o divórcio, óbito, abandono de

lar, ilegitimidade ou adoção de crianças por uma só pessoa. A família ampliada

ou consangüínea é outra estrutura, que consiste na família nuclear, mais os

parentes diretos ou colaterais, existindo uma extensão das relações entre pais

e filhos para avós, pais e netos. Para além destas estruturas, existem também

as denominadas estruturas alternativas, sendo elas as famílias comunitárias e

as famílias homossexuais. As famílias comunitárias, ao contrário dos sistemas

familiares tradicionais, onde a total responsabilidade pela criação e educação

das crianças se restringe aos pais e à escola.

Nestas famílias, o papel dos pais é descentralizado, sendo as crianças

da responsabilidade de todos os membros adultos. Nas famílias homossexuais

existe uma ligação conjugal ou marital, por contrato entre duas pessoas do

mesmo sexo, que adotaram crianças ou, um ou ambos os parceiros têm filhos

biológicos de casamentos heterossexuais.

Page 16: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

16 A família apresenta três tipos de relações pessoais. São elas, a de

aliança (casal), a de filiação (pais e filhos) e a de consangüinidade (irmãos). É

nesta relação de parentesco, de pessoas que se vinculam pelo casamento e/

ou por uniões sexuais, que se geram os filhos.

A família é um sistema social único, composto por um grupo de

indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciados,

consubstanciam o funcionamento do sistema como um todo. O conceito de

família, ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos de papéis e

funções. Em todas as famílias, independentemente da sociedade, cada

membro ocupa determinada posição ou tem determinado estatuto, por

exemplo: marido, mulher, filho ou irmão, sendo orientados por papéis. Papéis

estes, que não são mais do que, “as expectativas de comportamento, de

obrigações e de direitos que estão associados a uma dada posição na família

ou no grupo social” (DUVALL ; MILLER APUD STANHOPE, 1999, p.502)1.

Assim sendo, e começando pelos adultos na família, os seus papéis variam

muito e são considerados característicos os seguintes traços: a “socialização

da criança”, relacionada com as atividades contribuintes para o

desenvolvimento das capacidades mentais e sociais da criança; os “cuidados

às crianças”, tanto físicos como emocionais, perspectivando o seu

desenvolvimento saudável; o “papel de suporte familiar”, que inclui a produção

e/ ou obtenção de bens e serviços necessários à família; o “papel de

encarregados dos assuntos domésticos”, onde estão incluídos os serviços

domésticos, que visam o prazer e o conforto dos membros da família; o “papel

de manutenção das relações familiares”, relacionado com a manutenção do

contato com parentes e implicando a ajuda em situações de crise; os “papéis

sexuais”, relacionado com as relações sexuais entre ambos os parceiros; o

“papel terapêutico”, que implica a ajuda e apoio emocional nos problemas

familiares; o “papel recreativo”, relacionado ao objetivo de proporcionar

divertimentos à família, visando o relaxamento e desenvolvimento pessoal.

Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e receptores, em 1 STANHOPE, Marcia – Teorias e Desenvolvimento Familiar. In STANHOPE, Marcia ; LANCASTER, Jeanette – Enfermagem Comunitária: Promoção de Saúde de Grupos, Famílias e Indivíduos. 1.ª ed. Lisboa : ciência, 1999. p. 492-514.

Page 17: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

17 simultâneo, do processo de socialização na família, ajudando a estabelecer e

manter as normas, promovendo o desenvolvimento da cultura familiar.

“Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de

defensores e protetores, interpretando o mundo exterior, ensinando os outros

sobre equidade, formando alianças, discutindo, negociando e ajustando

mutuamente os comportamentos uns dos outros” (DUVALL ; MILLER APUD

STANHOPE, 1999, p.502). Há que se destacar, relativamente aos papéis

atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade, assim como, a

possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, por exemplo, um dos

membros não possa desempenhar o seu.

Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias,

como já foi mencionado acima. As famílias como agregações sociais, ao longo

dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos

seus membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente.

Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo

um de nível interno, como a proteção psico-social dos membros, e o outro de

nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. A família

deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às

novas circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando

sempre um esquema de referência para os seus membros. Existe

conseqüentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às

necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade.

DUVALL e MILLER (APUD STANHOPE, 1999) identificaram como

funções familiares, as seguintes atribuições: “geradora de afeto”, entre os

membros da família; “proporcionadora de segurança e aceitação pessoal”,

promovendo um desenvolvimento pessoal natural; “proporcionadora de

satisfação e sentimento de utilidade”, através das atividades que satisfazem os

membros da família; “asseguradora da continuidade das relações”,

proporcionando relações duradouras entre os familiares; “proporcionadora de

estabilidade e socialização”, assegurando a continuidade da cultura da

sociedade correspondente; “impositora da autoridade e do sentimento do que é

correto”, relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e

Page 18: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

18 obrigações características das sociedades humanas. Para além destas

funções, STANHOPE (1999) acrescenta ainda uma função relativa à saúde, na

medida, em que a família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e

resposta às necessidades básicas em situações de doença.

A família tem como função primordial à proteção, tendo, sobretudo,

potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e

conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas.

A família é então, para a criança, um grupo significativo de pessoas, de

apoio, como os pais, os pais adotivos, os tutores, os irmãos, entre outros.

Assim, a criança assume um lugar relevante na unidade familiar, onde se sente

segura. No plano do processo de socialização a família assume, igualmente,

um papel muito importante, já que é ela que modela e programa, o

comportamento e o sentido de identidade do indivíduo.

Deste modo, “(...) a família constitui o primeiro, o mais fundante e o mais

importante grupo social de toda a pessoa, bem como o seu quadro de

referência, estabelecido através das relações e identificações que a criança

criou durante o desenvolvimento (VARA, 1996; p. 8)2, tornando-a na matriz da

identidade.

A família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as

mudanças religiosas, econômicas e sócio-culturais do contexto em que se

encontram inseridas. Esta é um espaço sócio-cultural que deve ser

continuamente renovado e reconstruído.

Nas últimas décadas, a sociedade brasileira passou por profundas

transformações demográficas, econômicas e sociais que repercutiram

intensamente nas diferentes esferas da vida familiar.

A transição demográfica que teve início na década de 40 do século

passado com uma queda rápida da mortalidade, seguida, a partir da década de

60, pelo declínio da fecundidade que atingiu progressivamente todas as

camadas sociais, afetou intensamente a composição e o tamanho das famílias.

2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia

Page 19: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

19 Por outro lado, o acelerado processo de urbanização a partir dos anos

1950, acompanhando a industrialização e o crescimento econômico, essas

transformações trouxeram consigo a mudança dos valores, a redefinição dos

papéis da mulher e a sua maior participação no mercado de trabalho.

A inserção feminina no mercado de trabalho, tomando por base a família

implica ter em mente que as mudanças registradas nos padrões demográficos

– queda da fecundidade e da mortalidade, aumento de separações e o avanço

da expectativa de vida da população – afetam diretamente o modo de vida das

famílias. Essas mudanças causam impacto na redução do número médio de

filhos e do tamanho médio das famílias, bem como na alteração do perfil etário

de seus componentes. Vários estudos também têm identificado mudanças na

configuração típica das famílias, com a redução das organizações familiares

formadas por casal com filhos, isto é, a típica família nuclear, no entanto, ela

continua predominante. Em contrapartida, verifica-se aumento das famílias

formadas por chefe sem cônjuge com filhos (monoparentais) e indivíduos

morando sozinhos (unipessoais).

As unidades domésticas unipessoais e as famílias formadas por mulher

sem cônjuge morando com filhos são os dois tipos que apresentaram maior

crescimento relativo: 21,4% e 19,0%, respectivamente. Já os casais sem filhos

e os pais morando com seus filhos apresentaram pequenas elevações em suas

proporções.

O crescimento das famílias integradas pela mãe com filhos deveu-se a

uma série de fatores que merecem ser brevemente comentados. Por um lado,

a crescente participação feminina no mercado de trabalho e a transformação

de valores tradicionais que apontavam para o casamento como modelo de vida

mais adequado à mulher afetaram, mais ou menos amplamente, pessoas de

todos os níveis sociais, especialmente daqueles mais elevados, onde a

possibilidade de fazer escolhas é maior. Por outro, pode-se pensar ainda que o

próprio aprofundamento da situação de pobreza, decorrente da crise

econômica pela qual vem passando a sociedade brasileira, gerou uma série de

situações que também contribuíram para a não manutenção do padrão

Page 20: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

20 tradicional. O fato de o homem adulto ter sido o mais afetado pelo desemprego

nessa década, por exemplo, trouxe consigo enormes dificuldades para o

desempenho do seu papel de provedor do grupo familiar. Segundo dados

extraídos desse fenômeno, entre outros, contribuiu para o expressivo aumento

de separações conjugais ocorrido nesse período. Entre, 1984 e 1990, o número

de separações e divórcios, no país como um todo, passou de 70,4 mil para

148,7 mil, representando um incremento de 55,9%, enquanto, durante toda a

década, a proporção de famílias constituídas por casal com ou sem filhos

aumentou em 30,1%.

Já o aumento de pessoas que moram sozinhas deveu-se não só às

separações, como ao casamento mais tardio das mulheres. As maiores taxas

de crescimento de pessoas vivendo nessas condições, na década, foram

encontradas para homens na faixa de 15 a 29 anos (12,5%), idades em que,

normalmente, deveriam estar casados. Nestas duas faixas estavam 27,9% das

pessoas que moravam sós, em 1990. O crescimento observado aponta, de

certa forma, para o fato de os jovens estarem adotando modelos de

comportamentos, relativos à nupcialidade, próximos àqueles encontrados nas

sociedades desenvolvidas, onde o casamento tardio e o morar só são

consideradas opções alternativas de vida, associadas à valorização da

liberdade e da independência.

No entanto, apesar de ter aumentado entre os mais jovens o número dos

que moram sozinhos, as unidades domésticas unipessoais continuaram sendo

predominantemente constituídas por idosos, 44,4% dos quais tinham 60 anos

ou mais e por mulheres em 52,8% dos casos. Grande parte dessas pessoas

(46,5%) tinha renda baixa (até um salário mínimo), embora o crescimento

tenha ocorrido entre os que ganhavam mais de três salários mínimos mensais.

No Nordeste, tanto as proporções de famílias de casal com filhos quanto

às de mulheres chefes eram superiores às do Sudeste. Contribuíam para isso

taxas de fecundidade mais elevadas e a forte presença de valores mais

tradicionais no Nordeste, o que explicaria a maior proporção de arranjos

familiares compostos por casal com filhos. Por outro lado, o maior peso

Page 21: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

21 relativo de famílias chefiadas por mulher deve-se, possivelmente, à grande

incidência de pobreza nessa região, bem como à migração inter-regional que

tem afetado principalmente a população masculina.

A evolução desses modelos no período assemelha-se bastante à do

país como um todo. Contudo, registrou-se uma maior redução na proporção de

famílias conjugais integradas por casal com filhos no Sudeste (6,3%) do que no

Nordeste (5,3%), enquanto o crescimento relativo das famílias chefiadas por

mulheres foi mais intenso nesta última (21,0%). O fato de ter ocorrido, no

Nordeste, um aumento bem mais expressivo de separações e divórcios entre

1984 e 1990 (97,8%) do que no Sudeste (43,5%), pode ter contribuído

fortemente para o crescimento deste tipo de família.

A observação da distribuição de algumas das formas de organização

familiar nas Regiões Metropolitanas aponta para algumas questões

interessantes. A primeira é a de que em todas elas a proporção de famílias de

casal com filhos eram menor que a média do conjunto do país (61,0%),

indicando que a presença de formas alternativas de organização familiar

encontra-se bastante relacionada a elevados índices de urbanização. A

segunda, a de que a maior ou menor proporção de famílias chefiadas por

mulher estava fortemente associada à condição de pobreza. Eram justamente

as Regiões Metropolitanas de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, as mais ricas

do país, que tinham menores proporções de famílias deste tipo, em torno de

12%, quando nas demais Regiões variavam de 23,1%, em Salvador, a 16,0%,

no Rio de Janeiro.

Em 2002, ¼ dos chefes de família brasileiros eram do sexo feminino;

entre as regiões do país, a maior taxa se verificou na região Norte (28,7%) e, a

menor, no Sul (23,8%) e entre todas as unidades da federação, foi no Amapá

onde se verificou a maior proporção de chefes de família do sexo feminino no

país (40,7%). Em contrapartida, a menor foi encontrada no Estado de Mato

Grosso: apenas 20% dos chefes de família eram mulheres.

Na maioria das unidades da Federação, predominam entre as “chefes de

famílias” as mulheres pretas e pardas e, invariavelmente, o rendimento mensal

Page 22: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

22 dos domicílios chefiados por mulheres é inferior àquele dos domicílios cujos

chefes são do sexo masculino. Assim, em 2002, 53% das chefes de família

contavam com um rendimento domiciliar mensal de até 3 salários-mínimos

(SM) e apenas 45% dos chefes do sexo masculino. Observe-se ainda que em

menos de 5 anos, entre 1998 e 2002 o nível de rendimento das famílias, sejam

elas chefiadas por homens ou mulheres se deteriorou visivelmente: em 1998,

35,3% e 42,4% dos domicílios chefiados, respectivamente, por homens e

mulheres auferiam até 3 salários mínimos mensais.

É possível afirmar, portanto, que, no âmbito da oferta de trabalhadoras,

tem havido significativas mudanças. Restam, no entanto, algumas

continuidades que dificultam a dedicação das mulheres ao trabalho ou fazem

dela uma trabalhadora de segunda categoria. Em primeiro lugar, as mulheres

seguem sendo as principais responsáveis pelas atividades domésticas e pelo

cuidado com os filhos e demais familiares, o que representa uma sobrecarga

para aquelas que também realizam atividades econômicas. Exemplificando

concretamente essa sobrecarga, confronte-se a grande diferença existente

entre a dedicação masculina e a feminina aos afazeres domésticos: os homens

gastam nessas atividades, em média, 10,6 horas por semana e as mulheres,

27,2 horas. Outra medida é o número de horas mais freqüente dedicado a

essas tarefas: 7 horas semanais para os homens e 20 horas para as mulheres.

Estando ou não no mercado, todas as mulheres são donas-de-casa e

realizam tarefas que, mesmo sendo indispensáveis para a sobrevivência e o

bem-estar de todos os indivíduos, são desvalorizadas e desconsideradas nas

estatísticas, que as classifica como "inativas, cuidam de afazeres domésticos".

Numa perspectiva conservadora, passando a considerar na taxa de atividade

feminina o percentual das mulheres que, em 2002, se dedicavam

exclusivamente aos afazeres domésticos (ou as donas-de-casa em "período

integral"), a taxa de atividade global das mulheres seria muito superior, 72,3%,

praticamente empatando com a dos homens. Esses indicadores sociais

ilustram, objetivamente, as mudanças ocorridas no interior da vida cotidiana

das mulheres, bem como, as significativas transformações no universo público.

Page 23: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

23 1.2- O papel da família na agressividade infantil

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo

sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida,

destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não

transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.(Paulo Freire)

A agressividade das crianças e dos adolescentes é um tema que

preocupa pais e a sociedade em geral. Casos como o ocorrido anos atrás em

Brasília, em que um grupo de adolescentes colocou fogo em um índio que

estava dormindo em um ponto de ônibus, e dos jovens de classe média alta

moradores da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, que espancaram uma

empregada doméstica, num ponto de ônibus, chocam as pessoas e suscitam

perguntas sobre por que isso ocorre.

Para entender a agressividade, é necessário olhar um pouco para o

desenvolvimento da criança e como ela aprende a se comportar

agressivamente. Por volta dos três ou quatro anos, é bastante comum as

crianças apresentarem condutas agressivas em relação aos adultos e às outras

crianças, como morder, bater, dar chutes, entre outras. Qualquer mãe de

crianças dessa faixa etária sabe muito bem disso. Nessa fase, diz-se que a

agressividade é essencialmente manipulativa, isto é, a criança agride os outros

para alcançar determinados fins, como, por exemplo, ganhar um brinquedo ou

defender-se (é comum a criança dar tapas nos pais quando eles lhe chamam a

atenção). Essa conduta é a forma que a criança encontra de controlar o

ambiente, ou seja, é a forma mais eficaz de satisfazer suas necessidades.

A agressividade não desaparece por completo com o passar do tempo.

O que ocorre é que a criança aprende com os adultos que há outras formas de

se defender e obter aquilo que deseja. Quando os pais ensinam que não é

necessário tirar dos colegas os brinquedos, mas que é possível pedir para

brincar com eles ou chegar a um acordo sobre como dividi-los, eles estão

Page 24: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

24 ensinando à criança estratégias sociais que podem substituir condutas

agressivas. Se esse tipo de estratégia se mostrar eficaz, gradualmente a

criança aprende a negociar e, se o ambiente dela (escola, família, grupo social)

valorizar essa atitude, aos poucos, a conduta agressiva passa a ser menos

freqüente que outras formas de controlar o ambiente. É por isso que as brigas

e as disputas violentas são menos freqüentes com o passar do tempo e só

acontecem em situações extremas, como, por exemplo, em caso de ofensas

muito graves.

Isso nos mostra que a agressividade não é algo próprio da "natureza"

das crianças. É um tipo de comportamento que tem uma função no

desenvolvimento delas e, assim como é aprendido (se a criança bate no colega

é porque teve oportunidade de observar esse comportamento em outras

pessoas), também pode ser substituído por outras condutas.

Às vezes, porém, as condutas agressivas tornam-se um padrão

freqüente de comportamento e persistem com o tempo, podendo se

transformar em um problema mais sério na adolescência e na vida adulta. A

agressividade torna-se a forma preferencial da criança ou do adolescente para

resolver qualquer dificuldade. Várias pesquisas mostram que o

desenvolvimento desse padrão de comportamento começa na infância e tem

relação, principalmente, com as interações familiares e com o ambiente social.

Todos os seres humanos (e inclusive os animais) trazem consigo um

impulso agressivo. A agressividade é um comportamento emocional que faz

parte da afetividade de todas as pessoas. No entanto, a maneira de reagir

frente à agressividade varia conforme a sociedade e cultura em que vive a

pessoa, pois cada uma tem as suas leis (umas inclusive agressivas), valores,

crenças, etc. Alguns comportamentos agressivos são tolerados, outros são

proibidos.

Nas sociedades ocidentais, bastante competitivas, a agressividade

costuma ser aceita e estimulada quando esta vale como sinônimo de iniciativa,

ambição, decisão ou coragem. Mas é impedida, reprimida ou punida quando

identificada como atitudes de hostilidade, de sentimentos de cólera.

Page 25: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

25 Ser agressivo seria qualquer ação que pretende danificar algo ou

alguém. Geralmente, estes atos agressivos não são a verdadeira expressão de

raiva, mas sim desvios de outros sentimentos como: como mágoa,

insegurança, carência, entre outras coisas, que devido ao fato da criança não

saber como lidar com eles expressa-os através de atos agressivos.

Dentre os fatores que influenciam a agressividade, encontramos o meio

ambiente no qual a criança está inserida. Geralmente acredita-se que a

agressividade provém apenas de força interna, que é algo inerente ao

indivíduo.Ao contrário, é o ambiente que perturba a criança. O que falta

internamente à criança é a capacidade e a habilidade para lidar com esse

ambiente que a deixa com raiva, com medo, insegura. Todos nós sofremos

pressões do ambiente em que vivemos e nem todos respondemos a esse

ambiente com comportamentos agressivos.

O que acontece é que para alguns existe um déficit frente à capacidade

de tolerar frustrações, para tolerar a falta e suportar coisas que não podemos

ter na vida, que não sabemos ou que não entendemos. Sabemos então que a

agressividade não é algo inato, algo com que a criança já nasça e não um traço

de personalidade. Ela é influenciada pelo meio.

Porém antes da criança receber a influência deste meio macro-social,

em uma primeira etapa a criança é influenciada pelo meio micro-social, ou seja,

pela sua família. Somente depois é que irá assimilar os valores da sociedade e

dos meios de comunicação.

Assim, atos agressivos que podem ser aprendidos por meio da

observação de modelos agressivos, também pode ter efeito de aumentar o

comportamento agressivo do observador. Portanto, é de se esperar que, em

geral, crianças recompensadas por agressão e as que vêem muita agressão

nas pessoas que a cercam irão se tornar mais agressivas do que aquelas

crianças que tem modelos menos agressivos e que foram menos

recompensadas por comportamentos agressivos.

Portanto, não há tendência inata ou subjacente para a agressividade.

Tudo isso é comportamento aprendido. Cada criança leva "diferentes socos" da

Page 26: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

26 vida, cada uma é educada em famílias diferentes, com valores, idéias e

costumes diferentes.

Há uma série de condutas dos pais que podem ser chamadas de

"condutas de risco" para o desenvolvimento de padrões agressivos de

comportamento nos filhos. Uma dessas condutas é rejeitar a criança,

mostrando claramente que ela não é amada ou que ninguém se importa pelo

que possa lhe acontecer. Outra conduta de risco é a inconsistência na forma de

colocar limites. Por vezes, os pais são permissivos demais, deixando que a

criança faça tudo o que deseja, e, em outras ocasiões, são autoritários,

punitivos e inflexíveis em excesso. Esse tipo de educação deixa a criança

confusa sobre o que pode e o que não pode fazer e acaba tornando-se difícil

para ela distinguir o certo do errado, o aceitável do inaceitável. Também não é

raro encontrar pais que estimulam a conduta agressiva dos filhos,

principalmente dos meninos, para a resolução de conflitos.

A violência doméstica também é um fator que pode exercer uma

influência decisiva no comportamento. Crianças que assistem a cenas de

violência em casa, ou que são vítimas da violência dos pais, podem aprender

que essa é uma forma aceitável, "normal", de lidar com a raiva e com a

frustração.

E também pode gerar nas crianças e adolescentes sentimentos de

insegurança, ansiedade e dificuldades de integração com grupos. Em

conseqüência disso, condutas agressivas podem se tornar à única forma de

resolver conflitos. Uma criança assim provoca a hostilidade e a rejeição dos

colegas e isso pode gerar nela uma atitude defensiva e fazer com que tente se

impor aos outros pela violência, de forma a atingir aqueles que a rejeitam. Uma

atitude dessas mostra claramente a falta de recursos socialmente aceitos que

essa criança tem para lidar com a frustração.

O tema agressividade é muito complexo e envolve tantas variáveis que

seria impossível abordar o assunto de forma completa. É necessário, porém,

que pais entendam que o comportamento agressivo da criança e do

adolescente não surge do nada. Ele é construído na interação com o ambiente.

Page 27: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

27 É de suma importância o cuidado dado pelos pais aos seus filhos. Tem

sim que se preocupar: saber com quem seu filho está se relacionando, quem

são aqueles que ele considera como amigos, sua turma no "orkut", suas

conversas no "MSN", os lugares que freqüenta quando sai, ditar horas para

que eles cheguem em casa, fiscalizar se andam ingerindo bebidas alcoólicas

ou mesmo utilizando outras drogas.

Durante o dia são poucos os pais que retornam ao lar para almoçar. Já

com o entardecer e o chegar do luar, a televisão é o atrativo, o calmante para o

estresse. Muitas vezes o filho quer demonstrar o que realizou, desabafar e

contar os seus problemas, partir em busca de soluções, mas os pais não

possuem tempo, viram a página e lá está o filho jogado ao relento, abandonado

emocionalmente.

Há muitos nesse estado, sofrendo pelo descaso emocional. A família

esfacelou-se, foi destruída pelo descaso de seus patriarcas. Aspectos

biológicos, psicológicos e sociais acabam influenciando, mas nada justifica a

ausência, o descaso, a indiferença e a qualificação desajustada dada aos filhos

pelos pais. De nada adianta a compra desenfreada de presentes, bens

materiais, se o gesto de amor desapareceu. Filhos são comprados com afeto,

carinho, preocupação. Os pais hoje nutrem os estômagos de seus filhos,

estimulam sua ganância pelo capital, mas se esquecem de alimentar suas

almas, seus corações.

Educação é dada em casa, no seio familiar. Não esperem mandar seu

filho para a escola e lá obter a educação que você não ofereceu. Não pensem

em se livrarem daquilo que chamam de problema, transferindo-o à unidade

escolar. Pois para os reais educadores, o caos educacional chegou a esse

ponto pela ineficiência familiar.

A educação é um processo continuado e dinâmico. Portanto, nunca é

tarde para iniciar o projeto educativo, se a meta é transformar o filho num

cidadão progressivo. Para isso, os pais também têm que ser progressivos.

Pais progressivos dão exemplos, ensinam e estimulam os filhos a serem

progressivos. Sabem que têm que ser firmes para exigir dos filhos os caminhos

Page 28: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

28 e os resultados. Percebem rapidamente que a imposição autoritária, a

exigência cega, a agressividade e a violência animais, o grito desvairado, a

chantagem ardilosa são recursos dos pais retrógrados. (TIBA, 2005, p.130).

É preciso enfatizar que os pais são de grande importância para um

processo sadio de desenvolvimento da criança. É preciso encarar a

agressividade como:

“Uma questão inteiramente vital. Relacionada com a doença de um mundo em

que o ódio floresce do berço ao túmulo. Há, como é natural, muito amor neste

mundo. Se não fosse assim, poderíamos desesperar a humanidade. Cada pai

e cada educador antes de sê-lo deve tomar conhecimento disso e tentar

conscientizar-se da gravidade e complexidade do problema. Cada pai e cada

educador deveria tentar descobrir, seriamente o amor em si próprio para poder

tentar coibir esta agressividade” (BOLSANELLO, 1990, p.163)

Page 29: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

29

CAPÍTULOII

AGRESSIVIDADE E ESTRUTURA FAMILIAR

2.1- Violência: Conceito e suas diversas formas

“A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora

de coisa alguma, apenas destruidora”. (Benedetto Croce)

O que é violência? Segundo o Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou

efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou

intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto

jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou

moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de

outrem; coação”.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a

imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Mas os

especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que

essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão

cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque a dor é um conceito

muito difícil de ser definido.

Para todos os efeitos, guerra, fome, tortura, assassinato, preconceito, a

violência se manifesta de várias maneiras. Na comunidade internacional de

direitos humanos, a violência é compreendida como todas as violações dos

direitos civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto);

políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais

(habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e salário) e

culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura). As formas de

violência, tipificadas como violação da lei penal, como assassinato, seqüestros,

roubos e outros tipos de crime contra a pessoa ou contra o patrimônio, formam

Page 30: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

30 um conjunto que se convencionou chamar de violência urbana, porque se

manifesta principalmente no espaço das grandes cidades. Não é possível

deixar de lado, no entanto, as diferentes formas de violência existentes no

campo.

A violência urbana é todo o efeito que provocam sobre as pessoas e as

regras de convívio na cidade. A violência urbana interfere no tecido social,

prejudica a qualidade das relações sociais, corrói a qualidade de vida das

pessoas. Assim, os crimes estão relacionados com as contravenções e com as

incivilidades. Gangues urbanas, pixações, depredação do espaço público, o

trânsito caótico, as praças mal cuidadas, sujeira em período eleitoral compõem

o quadro da perda da qualidade de vida. Certamente, o tráfico de drogas,

talvez a ramificação mais visível do crime organizado, acentua esse quadro,

sobretudo nas grandes e problemáticas periferias.

Atualmente no Brasil, a violência, que antes estava presente nas

grandes cidades, espalha-se para cidades menores, à medida que o crime

organizado procura novos espaços. Além das dificuldades das instituições de

segurança pública em conter o processo de interiorização da violência, a

degradação urbana contribui decisivamente para ele, já que a pobreza, a

desigualdade social, o baixo acesso popular à justiça não são mais problemas

exclusivos das grandes metrópoles. Na última década, a violência tem estado

presente em nosso dia-a-dia, no noticiário e em conversas com a família e com

amigos. Todos conhecem alguém que sofreu algum tipo de violência, seja ela

nas ruas ou até mesmo dentro da própria casa.

A violência vem, dia-a-dia, invadindo as nossas vidas. São assaltos,

assassinatos, seqüestros, balas perdidas, sujeira, abandonos, desemprego,

drogas, corrupção, violência doméstica, entre outros. O ser humano é um ser

pensante. E pensar é reformular e assumir o compromisso que se tem não só

com o individual, mas também com o coletivo. Em outras palavras, pensar é se

implicar na reformulação de condutas próprias e do convívio coletivo. E a falta

de estrutura familiar, muitas vezes impede que a pessoa possua um

determinado nível de consciência de si mesmo e de outro.

Page 31: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

31 A violência, a agressividade desequilibrada, gera um ambiente doentio,

interior e exterior. Gera medo, tensão, estresse, tristezas, ressentimentos,

mágoas, culpas, inseguranças, entre outros. Sentimentos que estão na origem

da grande parte das doenças físicas.

Segundo Bisker e Ramos, quando a pessoa se posiciona de forma

passiva como uma vítima, ela não está usando sua capacidade reflexiva de

ação, mas omitindo-se como ser integrante e participativo da comunidade,

tornando-se assim, mais um instrumento de violência para si, para os seus e

para o seu meio (BISKER; RAMOS, 2006, p.8).

A violência no sentido amplo da palavra pode ser definida como

qualquer comportamento ou conjunto de comportamentos que vise causar

dano a outra pessoa, ser vivo ou objeto. Nega-se autonomia, integridade física

ou psicológica e mesmo a vida de outro. É o uso excessivo de força, além do

necessário ou esperado. O termo deriva do latim violentia (que por sua vez

deriva de vis, força, vigor); aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou

ente. Assim, a violência diferencia-se de força, palavras que costumam estar

próxima na língua e pensamento cotidiano. Enquanto que força designa, em

sua acepção filosófica, a energia ou “firmeza” de algo, a violência caracteriza-

se pela ação corrupta, impaciente e baseada na ira, que não convence ou

busca convencer o outro, simplesmente o agride3.

Em outras palavras, a intensidade da violência caracteriza-se pela

intensidade da agressão imposta ao outro, seja este outro uma pessoa ou algo

do meio ambiente. E até mesmo, a violência imposta a si mesmos, agredindo-

se e muitas vezes até matando-se.

Para a visão freudiana, o ser humano, como qualquer outro animal

nasce com a agressividade necessária à sua sobrevivência, que aparece

quando precisa defender seu território, lutar pela alimentação, etc. Assim como

também nasce com a amorosidade necessária à sua sobrevivência, que

aparece quando precisa conquistar uma parceira, defender sua prole, etc.

Tanto a agressividade quanto a amorosidade podem ser acentuadas em

3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia

Page 32: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

32 função de distúrbios da própria pessoa, ou do meio ambiente, manifestando-se

de forma destrutiva (BISKER; RAMOS, 2006, p.20).

2.2 - A agressividade na infância

“A agressividade é uma forma de mascarar a fraqueza” (The secret –

Jumagrini)

O que é Agressividade? Segundo o Dicionário Aurélio, agressividade é

tendência a atacar, a provocar./ Psicologia: forma de desequilíbrio psíquico que

se traduz por uma hostilidade permanente diante de outrem.

Agressividade não é traço da personalidade, e sim uma força instintiva

que como outras são inatas em todos os seres humanos. Ela é parte integrante

do desenvolvimento social da criança e se faz necessária para a sobrevivência

desde o nascimento. Principalmente a criança, expressa tudo o que é mais

essencial do ser humano, uma vez que ela ainda não amadureceu

afetivamente e intelectualmente, ou seja, ela ainda não tem recursos próprios

para se relacionar com o mundo.

Evidentemente, a agressividade não desaparece por completo com o

passar do tempo, o que acontece é que as crianças aprendem com os adultos

que existem outras formas de se defender ou de se conseguir o que deseja. É

importante, ser ensinado para as crianças que as mesmas não precisam bater

ou morder os colegas para conseguir o que quer, é preciso que ela aprenda a

dividir, e isto deve ser ensinado em casa pelos pais, para que as mesmas

aprendam algumas estratégias sociais que irão substituir tais condutas

agressivas.

A agressividade está cada vez mais presente, isso pode ser explicado

pela falta de estrutura familiar, falta de atenção dos pais, reprodução de

Page 33: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

33 atitudes presenciadas, tentativa de chamar a atenção do outro, etc. Se a

criança está agressiva, certamente ela está sendo influenciada pelo cotidiano

familiar, e em menor escala, por fatores externos, como televisão, escola,

amizades e entre outras coisas.Os pais têm que construir atitudes positivas na

criança para transformar essa realidade.

O ambiente familiar é o principal fator influenciador dos comportamentos

agressivos de crianças, acrescentamos que, desde a barriga da mãe, a criança

já sente se é aceita ou não e isso poderá ter conseqüência no comportamento

do bebê.

O que presenciamos no dia-a-dia são pessoas cada vez mais

preocupadas com o trabalho e, conseqüentemente, menos preocupadas com a

família, participando cada vez menos de momentos conjuntos. Esse ambiente

de desagregação pode comprometer as crianças, tornando-as agressivas,

podendo afetar o comportamento da criança.

A família, portanto, é uma peça fundamental nesse intricado problema.

Uma família desestruturada pode gerar adultos problemáticos para enfrentar a

complexidade da convivência social, aproximando-os muitas vezes até mesmo

das drogas e do alcoolismo desenfreado, o que possibilita o aparecimento de

oportunidades para a prática de delitos.

Patterson (1982) estudou a agressividade no ambiente familiar e

verificou que nas famílias, em que não há demonstrações de aprovação e

afeto, as crianças são extremamente agressivas. Também ambientes familiares

coercivos, com punições, ameaças, provocações entre os membros familiares,

contribuem para o desenvolvimento da agressividade nas crianças.

Este fato se comprova através de um estudo feito pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

Família desestruturada e violência urbana estão fortemente ligadas. É o

que afirma a pesquisa realizada pelos economistas da Fundação Getúlio

Vargas (FGV) Samuel Pessoa e Gabriel Hartung.

Page 34: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

34 O estudo foi produzido com dados retirados dos 536 municípios do

estado de São Paulo entre 1999 e 2001 e números da Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) de 20 anos antes. Por meio da comparação dos dados, foi

constatado:

Que entre filhos de mães adolescentes ou de famílias monoparentais

(sem o pai, sem a mãe ou sem ambos) é muito alta a presença de criminosos

que cometeram homicídios4.

Segundo o professor Cornélio Schwambach, do Colégio Bom Jesus, que

falou sobre o assunto “Família desestruturada leva jovem às drogas” para

educadores, num encontro nacional, em Curitiba. Este foi o resultado de uma

pesquisa feita por ele para a sua tese de mestrado, em 2001. Para Cornélio a

escola tem um papel muito importante para mudar este quadro, já que a família

não está conseguindo cumprir sua parte. Cornélio ensina que a prevenção

deve fazer parte da dinâmica escolar e os professores devem conhecer as

causas que levam o jovem para este caminho. A principal delas são os

problemas familiares. O educador verificou que mais de 50% dos alunos

pesquisados apontaram que a instabilidade em casa foi fator que o levou até as

drogas. "A ausência dos pais, pais separados cria no adolescente a sensação

de vazio. A droga compensa a carência afetiva", exemplifica5.

Sobre esse assunto, Lisboa (2006, p.55) se manifesta, em linguagem

contundente, afirmando:

Eis como você cria uma criança violenta: ignore-a, humilhe-a e

provoque-a. Grite um bocado. Mostre sua desaprovação a tudo o que ela fizer.

Encoraje-a a brigar com irmãos e irmãs. Brigue bastante, especialmente no

sentido físico, com seu parceiro conjugal na frente da criança. Bata-lhe

bastante. Eu adicionaria: ameace-a, castigue-a, engane-a, minta-lhe, seja

4 http://aprendiz.uol.com.br/content/sleuivevib.mmp 5http://www.paranaonline.com.br/editoria/cidades/news/18416/?noticia=FAMILIA+DESESTRUTURADA+LEVA+JOVEM+AS+DROGAS

Page 35: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

35 permissivo, ensine-a que o mundo é dos ‘vivos’, vangloriando-se diante dela de

atos dos quais deveria se envergonhar (...).

Na busca pela defesa dos próprios interesses, a criança esbarra na

questão dos valores morais, ou seja, naquilo que é aceito como moralmente

adequado em determinada sociedade. Dessa forma, vemos que a

agressividade pode estar ligada ao desenvolvimento da moral na criança, pois

a criança que não respeita condutas morais, ou seja, não acata regras e tem

dificuldade em controlar suas demonstrações emocionais, pode manifestar-se

de forma agressiva. Este estado pode ser fruto de um ambiente coercivo, do

aprendizado pela imposição dos adultos ou mais velhos, pela falta de

afetividade positiva no ambiente familiar. Portanto, para que a agressividade

diminua, é necessário proporcionar também à criança o desenvolvimento de

condutas morais.

É muito importante que se construa um processo de socialização

adequado para que a agressividade da criança possa ser controlada e

canalizada de acordo com os padrões socialmente aceitos em cada

coletividade ou cultura. Não se trata, portanto, de reprimir a agressividade da

criança, mas sim de sublimá-la por meio da sua transformação em atitudes

construtivas.

Uma outra atitude que os pais devem tomar é lembrar que a criança

precisa ser elogiada de forma que ela se sinta enaltecida por ter feito uma

coisa boa, desta forma, ela vai saber que as pessoas que convivem com ela se

interessam pelo que ela faz.

Agressão é qualquer comportamento com intenção de ferir alguém física

ou verbalmente. Alguns pesquisadores caracterizam a agressão de três

formas: a agressão instrumental: empregada para obter ou reter um brinquedo

ou outro objeto qualquer; a agressão reativa: a retaliação raivosa em função de

um ato intencional ou acidental; a agressão ameaçadora: um ataque de

agressão espontâneo.

Outro tipo de agressão que parece ter efeitos mais graves que a própria

agressão física, é a chamada agressão relacional ou agressão social, que

Page 36: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

36 envolve insultos e rejeição social. Este tipo de agressão, ao que parece, é mais

comum entre meninas que entre meninos e entre crianças mais velhas que

mais novas, sendo uma forma de ataque social.

Classificação da agressividade humana:

Agressão hostil (hostilidade)

É um tipo de agressão emocional e geralmente impulsiva. É um

comportamento que visa causar danos ao outro, independentemente de

qualquer vantagem que se possa obter. Estamos face a uma agressão hostil

quando, por exemplo, um condutor bate propositadamente na traseira do

automóvel que o ultrapassou. Este comportamento só trouxe desvantagens

para o próprio: tem de pagar os danos do seu carro, do carro do outro

condutor, podendo ainda vir a ter problemas com a justiça. O termo raiva pode

designar esse sentimento em oposição à agressão premeditada.

Agressão instrumental

É um tipo de agressão em que visa um objeto, que tem por fim conseguir

algo independentemente do dano que possa causar. É, freqüentemente,

planejada e, portanto, não impulsiva. Podemos apontar como exemplo de

agressão instrumental o assalto a um banco: pode ocorrer no decurso da ação

uma agressão, mas não é esse o objetivo. O seu fim é conseguir o dinheiro, a

agressão que possa surgir é um subproduto da ação.

Agressão direta

O comportamento agressivo dirige-se à pessoa ou ao objeto que justifica

a agressão. Na agressão sexual o objeto almejado confunde-se com o motivo

da agressão na categoria acima descrita. Os motivos fúteis opõem-se à defesa

da vida como critério de gravidade do ato agressivo.

Page 37: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

37 Agressão deslocada

O sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa

que lhe deu origem. Em animais também se observa esse mecanismo de

controle dos impulsos agressivos.

Auto-agressão

O sujeito desloca a agressão para si próprio.

Agressão aberta

Este tipo de agressão, que se pode manifestar pela violência física ou

psicológica, é explicita, isto é, concretiza-se, por exemplo, em espancamentos,

ataques à auto-estima, humilhações.

Agressão dissimulada

Este tipo de agressão recorre a meios não abertos para agredir. O

sarcasmo e o cinismo são formas de agressão que visam provocar o outro, feri-

lo na sua auto-estima, gerando ansiedade. A teoria psicanalítica tem como

explicação desta forma de agressão a motivação inconsciente.

Agressão inibida

Como o próprio nome indica, o sujeito não manifesta agressão para com

o outro, mas dirige-se a si próprio. O sentimento de rancor é um exemplo desta

forma de expressão da agressão. Algumas teorias psicológicas têm a agressão

inibida como causa de diversas doenças psicossomáticas. O grau mais severo

do rancor pode ser designado por ódio contudo ainda não existe um consenso

para essa terminologia6.

6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Agressividade

Page 38: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

38

CAPÍTULO III

O AMOR COMO SOLUÇÃO PARA UMA VIDA FAMILIAR

SAUDÁVEL.

“Um ser humano é como uma árvore. Se você fizer um arranhão no galho de

uma árvore crescida, afetará somente aquele galho. Porém, se fizer um risco

numa semente, a árvore jamais crescerá reta, se é que chegará a crescer”.

(autor desconhecido)

3.1- Algumas atitudes que deveriam ser tomadas pelos pais

frente a comportamentos agressivos de seus filhos.

"Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”.

(Pitágoras)

As expressões de agressividade em crianças estão surpreendendo cada

vez mais os pais, que se sentem muitas vezes impotentes para lidar com o

problema. Os pais ficam horrorizados com os sinais de hostilidade e perda de

controle dos filhos. No entanto, esta irritação não é apenas inevitável como

necessária. As causas para as crises das crianças são várias e as fúrias

tornam-se menos preocupantes caso os pais consigam antecipar e

compreender as mesmas, de forma a ajudar os filhos a contorná-las. Segundo

vários autores, a maioria dos adultos considera a agressividade uma emoção

de carga negativa e algo que deve ser escondido.

Em algumas fases do desenvolvimento, a agressividade é até uma

forma da criança estabelecer a sua independência. Os pais têm de

compreender este objetivo e tê-lo em consideração, estabelecendo, ao mesmo

tempo, limites firmes para que a criança cresça forte e independente, mas

Page 39: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

39 também segura. A agressividade está presente em todos os seres humanos e

vai evoluir, principalmente de acordo com a relação que mantivermos com o

mundo à nossa volta.

Nas crianças mais novas, a agressividade aparece de forma natural,

para obterem o que precisam. É, portanto, um instinto próprio de todo o ser

humano. Ao contrário do que se possa pensar, a adolescência não é a fase em

que as crianças são mais agressivas. Segundo um estudo realizado pelo

professor Richard Tremblay7, é entre o primeiro e o quarto ano de vida que se

verifica o maior índice de agressividade. O investigador procurou desvendar se

a violência é ou não uma característica intrínseca do ser humano e incidiu a

pesquisa na forma como a interação da genética com os fatores ambientais

contribuem para desencadear comportamentos agressivos ou anti-sociais.

Entre as conclusões, Tremblay descobriu que, aos 17 meses, metade das

variações nas respostas agressivas estavam relacionadas com fatores

genéticos e que a violência diminui à medida que a criança cresce e aprende a

controlar o seu comportamento. “Os nossos estudos demonstram que é

essencial que se ensine às crianças, durante os primeiros anos de vida, a

controlar os comportamentos violentos”, defende o investigador, que realça a

idade pré-escolar como a etapa chave para entender o aparecimento e

posterior desenvolvimento de comportamentos violentos no ser humano8.

Esta situação vai diminuindo progressivamente, à medida que a criança

aprende a gerir as emoções, utilizando a linguagem para comunicar e exprimir

as suas frustrações de forma mais positiva. Para isso as crianças devem ser

educadas e ensinadas desde os primeiros anos a reprimir e controlar os

impulsos agressivos. A agressividade vai diminuindo de intensidade à medida

que o cérebro da criança vai amadurecendo, levando esta a conseguir controlar

7 Richard Tremblay – Mestre Doutor em psicologia pela Universidade de Londres, é professor de psicologia, pediatria e psiquiatria e diretor da Unidade de Pesquisa em desajustes psicosocial da Universidade de Montreal. Ocupa a cadeira de pesquisa de desenvolvimento infantil no Canadá, é diretor do Centro de Pesquisa do National Longitudinal Survey of Children e membro do Consórcio Nacional de Pesquisa da Violência, nos EUA. Dirige o Centro de Excelência para o desenvolvimento da primeira infância e o Centro de conhecimento para aprendizado da primeira infância. 8 http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=24948&op=all

Page 40: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

40 os impulsos agressivos e a lidar com a frustração. A situação tende a fugir ao

controle dos pais quando a agressividade começa a ser uma constante.

As causas são as mais diversas: desde falta de atenção parental ou

excesso sem limites, separação dos pais, nascimento de um irmão, ambientes

familiares disfuncionais, sonos perturbados, ritmos de vida desgastantes.

Quando a agressividade se manifesta de uma forma exagerada e persistente

pode ser um indicador que algo não está bem com a criança, poderá inclusive

ser sinônimo da existência de problemas mais graves como violência intra-

parental, negligência, falta de afeto, ausência de limites de educação parental e

violência emocional.

A ausência de limites, a tolerância excessiva dos pais, a falta de

tolerância perante frustrações, violência física ou emocional, ausência de

carinho são fatores que provocam comportamentos agressivos, porém é

interessante observar também se a criança não está passando por um

momento de transformação em sua família, como separação dos pais, ganho

ou perda de novos membros na família, seja por nascimento de irmão ou morte

de alguém querido.

Quando as condutas agressivas persistem no tempo, isso está ligado às

interações familiares e ao ambiente social. Existem várias condutas de risco da

parte dos pais, que podem estimular o desenvolvimento de padrões

comportamentais agressivos nos filhos, como a inconstância no

estabelecimento de limites. Por exemplo: Quando um comportamento é punido

num determinado momento e ignorado no momento seguinte, é difícil para a

criança distinguir o certo do errado. É importante os pais definirem claramente

o que a criança pode ou não fazer e serem coerentes em termos das medidas

educativas e comportamentais.

O comportamento agressivo é uma manifestação de perturbação de

conduta e caracteriza-se por uma situação de conflito crônico com os pais, os

professores e os pares, podendo resultar em danos físicos na própria criança

ou nos outros. A agressividade na criança pode gerar agressividade no adulto,

Page 41: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

41 tanto verbal como com recurso a castigos físicos, o que leva a um círculo

vicioso difícil de quebrar.

Sempre que a criança tenha um comportamento adequado, não

agressivo, deve ser recompensada e elogiada, procurar enaltecer o que a

criança faz de bom, ao invés de ficar falando uma, duas, três vezes algo

negativo que ela cometeu, tente elogiar um gesto delicado que ela teve, uma

coisa engraçada que ela tenha feito, um carinho que ela fez, a palavra

carinhosa que ela falou. Perceber o lado positivo de suas atitudes é uma

excelente atitude. O elogio dos pais é importante, pois melhora a auto-estima

da criança. E ela passa a fazer sempre coisas positivas para conseguir novos

elogios dos pais. Com isso ela vai substituindo as atitudes negativas por

atitudes positivas. Também deve ser demonstrado a criança que existem

outras formas não agressivas de se relacionar com os outros e com o meio

ambiente.

A ausência de regras e limites é uma das causas da agressividade.

Quando os pais adaptam uma postura passiva na educação dos filhos, isto é,

com ausência de regras e limites, resulta numa excessiva tolerância que em

nada contribui para a estruturação da personalidade dos mesmos, que crescem

com dificuldades em controlar os impulsos e de lidar com a frustração. Este

fator é o que mais se encontra nas crianças que são sinalizadas com

comportamentos violentos.

Quanto aos castigos quando aplicados de forma adequada, ou seja, se

forem coerentes, perto da ação que os motivou. Podem contribuir para que a

criança perceba a dimensão negativa do comportamento. Mas, é importante

perceber que disciplinar não se limita às punições e castigos. Devem

igualmente ser ensinadas formas de resistir ao impulso, de aprender a esperar

e estratégias para a resolução dos problemas. A relação de confiança entre a

criança e o adulto deve ser também estimulada.

A agressividade que acontece ocasionalmente, não é por si só um

comportamento inadequado e não deve ser motivo de preocupação. Pode

refletir alguma alteração específica. No entanto é necessário procurar ajuda

Page 42: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

42 quando a criança recorre sistematicamente a este comportamento, não

consegue controlar o impulso agressivo, não cede às medidas aplicadas para o

modificar nem é capaz de estabelecer uma relação positiva com os adultos do

seu meio ambiente.

Caso haja agressão por parte da criança, é importante que os pais

sejam firmes na postura que irá ter com seu filho, pois da agressão à violência

física pode ser um passo. A violência, na verdade, é o péssimo emprego da

nossa agressividade. É a total perda do controle que precisamos ter sobre ela.

As crianças que não adquirem capacidades relacionais corretas, numa fase

precoce da vida, têm mais probabilidades de evoluir para alterações de

comportamento, hábitos de consumo e conduta de risco9.

Compreender que a criança está zangada como reação à frustração, é

uma coisa, permitir que ela nos agrida ou agrida os outros é algo muito

diferente. O deixar passar sem tomar nenhuma atitude reforça na criança a

falsa sensação de que pode repetir esse comportamento sempre que quer

obter alguma coisa ou simplesmente é contrariada. Esta atitude faz com que as

crianças permaneçam imaturas, impulsivas e que repitam com maior

freqüência ao ato como estratégia para a resolução dos conflitos. Podem ter as

emoções ainda não totalmente controladas, mas são muito capazes de

entender os limites que lhes são colocados.

A ação segura e firme, porém carinhosa, dos pais ajuda a criança a

estruturar o seu comportamento de forma mais rápida. Muitas crianças que são

agressivas ou têm comportamentos negativos constante, podem utilizar este

meio para mascarar outros sentimentos e emoções tais como tristeza,

frustração ou incapacidade em lidar com dificuldades no ambiente familiar.

Tal como em outras situações, o importante é agir o mais cedo possível

para contrariar atitudes agressivas desajustadas, prevenindo a consolidação de

problemas de comportamento e permitindo à criança um desenvolvimento

harmonioso. Ajudá-la a utilizar palavras para exprimir as dificuldades e ensiná-

la a falar do que a preocupa é um início para a resolução da situação. É

9 http://www.paisefilhos.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=1321&Itemid=63

Page 43: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

43 igualmente importante estar disponível e atento de forma a poder ter uma

supervisão e intervenções eficazes, não nos esquecendo que temos de lidar

com um mau comportamento e não com uma criança má.

Dizendo “não” aos comportamentos errados, reforçar pequenas

recompensas (beijos e carinhos) quando tem comportamentos corretos. Usar

os castigos, em caso necessário e como último recurso.

O comportamento violento depende da forma como a criança é educada

e da conduta que os pais, como modelos que são, têm e da influência do meio

em que estão inseridas. Quando aparece, essa violência traduz questões mais

complexas e ligadas à forma como a criança se sente.

A autoridade também é muito importante quando se trata do assunto

educação dos filhos. É possível a uma pessoa ser democrática e ter autoridade

ao mesmo tempo. Autoridade relaciona-se com fenômeno de poder. O pai e

mãe ocupam uma função, dentro da família, que lhes dá poder. E eles devem

ter poder, porque a criança em transformação, ainda não possui determinados

conhecimentos e capacidades que a habilitem a gerir sozinha sua própria vida.

Então, cabe aos pais a função de criar essa capacidade e esses

conhecimentos, cabe-lhes principalmente, a responsabilidade pela segurança e

mesmo pela vida dos filhos.

Quanto menor for a criança, maior será a responsabilidade dos pais

sobre ela. À medida que ela se desenvolve, vai adquirindo maior capacidade

de decisão, maior discernimento.Os pais podem e devem conversar com seus

filhos, esclarecer suas dúvidas, debater questões as mais diversas com os

filhos, até deixar que tomem as decisões que acreditem já possam ser tomadas

pelos filhos, sozinhos. O que não impede dos pais conversarem com a criança

para esclarecer porque foram tomadas certas decisões, como: proibir que

assista um filme, ou um programa na televisão, proibir a sua ida em

determinado lugar, entre outras coisas.

No entanto, nas três últimas décadas, uma série de informações sobre a

educação infantil, até então restritas ao domínio de especialistas em Pedagogia

e Psicologia, começou a ser difundida, através de livros para leigos, entrevistas

Page 44: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

44 e artigos em rádios, jornais, revistas e televisão. Obviamente, a influência nas

relações pais-filhos não tardou a se fazer notar. Afinal, as mudanças que

surgiram eram tão profundas que levaram ao questionamento de quase tudo

que se fazia até então. Apesar da inquestionável contribuição positiva que

esses conhecimentos trouxeram, a fase de transição entre uma época e outra

marcou nos pais uma acentuada insegurança quanto ao modo de agir com os

filhos. A forte tendência psicologizante10 que tomou conta tanto da literatura

leiga quanto das publicações científicas sobre Educação veio ajudar a

confundir os pais, levando-os a uma postura excessivamente liberal e

mesclada de culpa ao tentarem impor limites aos filhos. Influenciados por essa

literatura, se constrói o medo de provocar frustrações nos filhos, com isso os

pais se encontram cada vez mais indefesos, impotentes e inseguros, frente às

situações mais simples.

“Se na geração anterior, que não se preocupava com os ”possíveis

traumas” a cada momento, o problema era superado com um simples severo

olhar, porque sua autoridade era inquestionada, hoje, ao contrário, é freqüente

a mãe interromper três, quatro ou mais vezes uma conversa para atender a

criança que lhe pede as mais diversas coisas, todas sem a menor urgência e

importância...” (ZAGURY, 2004, p.85)

A conquista de uma relação baseada no respeito mútuo, no diálogo e na

franqueza é sem dúvida um passo fundamental para uma boa relação. Na

prática, porém, muitos pais interpretaram essa necessidade de ouvir a criança

como um sinal para abdicarem de qualquer tipo de autoridade, confundindo-a

com autoritarismo.

A autoridade vem sendo colocada como algo ruim, mas na verdade o

que é ruim e negativo é o autoritarismo, que é o exercício exacerbado e sem

medida da autoridade. A educação implica sempre, em maior ou menor grau, a

necessidade de limitar e às vezes negar alguma coisa aos filhos. O que se

10 O psicologismo é uma forma deturpada de se encarar a realidade, na qual os aspectos psicológicos assumem uma proporção maior do que têm verdadeiramente. No psicologismo, tudo é visto, analisado e apresentado do ponto de vista psicológico. Assim, um todo formado de muitas partes (a relação pais-filhos) é analisado somente sob um enfoque (no caso, o psicológico), ignorando-se ou subestimando-se a existência de outras variáveis intervenientes no processo.

Page 45: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

45 observa então é uma tendência à inversão de papéis, e não uma mudança

qualitativa na relação. Agora, o autoritarismo passou a ser dos filhos em

relação aos pais. É preciso que os pais readquiram a coragem e a

autoconfiança. Privar a criança de correções é um modo sutil de super protegê-

la. Pensa-se que a está poupando de broncas e da dura realidade, mas a está

fragilizando, e o cotidiano é implacável com indivíduos frágeis. Como diz o

professor Içami Tiba “muitos pais, em nome do amor, deixam de cobrar coisas

que precisam cobrar e ficam poupando os filhos”.

Crianças superprotegidas resultam em adultos indecisos, dependentes,

sem iniciativa e resignados. Mokiti Okada11 (1882-1955) escreveu muitos

artigos sobre educação, onde afirmou que é preciso deixar a criança ser

independente desde os primeiros anos: aprender a se levantar sozinha quando

cair, ter iniciativa para resolver as suas dificuldades, desenvolver a sua

espontaneidade e criatividade. É missão dos adultos instigar a criança a

aprender, a buscar coisas, a entender o que é limite. Para Mokiti Okada a

missão de educar é nobre e importante. Por esse motivo, merece muita

atenção12.

A missão dos pais é formar seu filho, fornecer condições para que ele

possa crescer, amadurecer, e apoiá-lo neste desenvolvimento. O que não quer

dizer, de forma alguma, assumir a missão no lugar do filho. Os pais devem dar

limites aos filhos. Devem ter a paciência necessária para deixá-lo aprender a

olhar o mundo com seus próprios olhos, orientando-o, mas jamais assumindo o

seu lugar. Porque uma criança criada com excesso de cuidados resultará num

adulto sem forças para encarar desafios ou conquistar seus sonhos. Uma

criança que sempre recebeu soluções prontas e definitivas, não saberá

resolver questões do cotidiano, pensar sozinha, tomar decisões importantes,

11 Mokiti Okada realizou estudos sobre diversas áreas do conhecimento humano, como política, medicina, educação, filosofia, economia, entre outras, mas, sobretudo, dedicou-se ao estudo da religião, das artes e da agricultura, apresentando propostas viáveis para um desenvolvimento social integrado. Deixando prontas as bases para a construção de um mundo espiritual e materialmente evoluído, denominado por ele “Paraíso Terrestre”, expressão que significa a concretização do mundo ideal. Um mundo onde o pensamento, as palavras e as ações do ser humano se fundamentam na Verdade da Lei da Natureza, ou seja, no Grande Ordenamento Jurídico Universal, que submete, regula e harmoniza toda a Criação. 12 http://www.johvem.com.br/hiperinteressante/educacao/elogiar.htm

Page 46: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

46 relutar diante da vida. Um ser humano que cresce sem encarar dificuldades ou

frustrações torna-se fraco. E para que ele amadureça é necessário que seja

forte e seguro.

“Os pais retrógrados13 são os” donos da verdade” e acham que sempre

sabem o melhor caminho para os filhos, ou que carregam sempre os filhos

para que eles não se cansem. O que acaba acontecendo é a atrofia das

pernas...” ( TIBA, 2005, pág.130)

Com base em estudos de textos filosóficos de Mokiti Okada, alguns

educadores sugerem práticas a serem adotadas pelos pais e que podem dar

bons resultados:

1 – Mostre tanto o lado positivo quanto o negativo daquilo que as crianças

querem;

2 – A superproteção enfraquece a criança, impedindo-a de aprender a

enfrentar os problemas que a vida apresenta;

3 – Ensine-a a conquistar o que deseja, pois a dificuldade colabora no

desenvolvimento do espírito de busca;

4 – Defina as tarefas a serem executadas com a finalidade de que ela no

futuro, torne-se uma pessoa útil à sociedade;

5 – Diga menos: “Não”;

6 – Fortaleça sempre o lado positivo (qualidade e virtudes) dela para que se

torne um adulto bom;

7 – Utilize na sua formação a força de atração (conquista) ao invés da pressão,

repressão e imposição (fazem parte de uma era que já passou);

8 – Desenvolva nela a espontaneidade, a iniciativa, a criatividade e a vontade

própria;

9 – Busque a verdadeira educação centralizada em Deus; 13 Progressivas são as pessoas que andam para frente e avançam na vida. A pessoa progressiva se desenvolve, amadurece e torna-se um cidadão do bem. Retrógradas são as pessoas que andam para trás. Mesmo que elas só parem, continuam retrógradas, pois o mundo caminha e elas vão ficando para trás. O pior retrógrado é o que acha que já sabe tudo e não precisa aprender mais nada.

Page 47: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

47 10 – Procure não atacar o que é errado. Reforce o certo (elogie). Geralmente,

quando os adultos dão uma bronca nas crianças, elas ficam sabendo o que

está errado, mas não sabem exatamente o que é certo.

Estes educadores também enfatizam que é importante lembrar que são

os pais os responsáveis pela educação dos filhos, reflexos das suas atitudes e

pensamentos. Numa árvore, eles são o tronco; os filhos, os galhos. Se houver

problemas no tronco, jamais os galhos irão prosperar. Já se o tronco for sólido

dará garantias para os galhos crescerem o máximo que puderem sem receios

ou inseguranças.

3.2- A importância do amor na educação dos filhos.

"Não se pode falar de educação sem amor". (Paulo Freire)

Para Açami Tiba, a palavra negociação usada no contexto afetivo, é tudo

o que acontece no relacionamento entre duas ou mais pessoas ao longo da

vida, considerando as trocas afetivas, permuta de favores, intercâmbio de

idéias, investimentos na educação, etc.

Trocas afetivas saudáveis são todos os familiares ganhando e sentindo-

se bem com elas. Mesmo não sendo mercantilistas no sentido débito-crédito,

elas implicam não ter prejuízos afetivos, sacrifícios de trabalho útil, desgastes

relacionais nem desperdício de vantagens recebidas. Nelas prevalece o ganha-

ganha. Pela vida, uma pessoa na família passa por vários estágios de trocas

afetivas, focando seus aspectos educativos. O grande capital a ser computado

é a formação da auto-estima e a construção do caráter da personalidade.

A amamentação no início da vida é mais doação que troca. O bebê

funciona mais por determinação genética que pela vontade própria. Cabe a

mãe conseguir fazer a leitura do que o bebê necessita e atendê-lo. Quanto

Page 48: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

48 melhor a mãe fizer a leitura do que o bebê precisa, mais satisfeito ele fica.

Nada gratifica mais uma mãe que ver seu filho feliz. É o amor dadivoso, que faz

tudo pelo e para o bebê. A mãe funciona como um ego-auxiliar do bebê, que

necessita totalmente dela.

Esse amor dadivoso é natural na maternagem, porque traz traços

biopsicossociais. A mulher tem preparo biológico para ser mãe. Já na

paternagem, o homem tem que desenvolver esse amor dadivoso, pois não há

preparo biológico para ser pai. Mas atualmente os homens estão se

preparando mais afetiva, familiar e socialmente para exercerem a paternagem

(TIBA, 2005, p.167).

O amor dadivoso é tão prazeroso que muitos pais o mantêm por muito

tempo, mesmo quando não é mais necessário, portanto tornando-se

inadequado. É tão gostoso para os filhos receberem tudo de mão beijada, sem

nada ter que fazer.

Uma criança que nada faz não aprende. O que transforma as

informações em conhecimento é a prática, o fazer. Esse é um dos motivos pelo

quais uma criança precisa mais fazer que ouvir repetidas vezes. É mais

importante dar uma dica para a criança se lembrar do aprendido do que ficar

ensinando tudo novamente. Ensinar repetidas vezes cansa o cérebro, enche a

paciência, e o relacionamento fica complicado. Depois das dicas, basta um

dedo, um levantar de sobrancelhas para a criança lembrar do que estava

esquecendo.

“Ensinar uma criança a aprender é umas das maiores lições de vida que

os pais podem passar aos seus filhos. Nada impede que a criança aprenda

sozinha, mas ela vai saber fazer muito melhor se fizer sozinha depois que

aprender o básico”. (TIBA, 2005, p.168).

Ensinar algo exatamente no momento em que ela busca a resposta é o

momento ideal do aprendizado. Tentar ensinar fora de tempo é desperdício de

esforço dos pais e desgaste do filho para o aprendizado. Essa busca pela

resposta é o momento sagrado do aprendizado, e os pais têm que estar bem

atentos para esse momento. Esse momento também é o certo para semear os

Page 49: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

49 ensinamentos que os pais queiram que seus filhos aprendam, incluindo os

valores superiores, como: gratidão, religiosidade, disciplina, ética, cidadania,

entre outros).

O ensinar é um amor bem próximo do dadivoso, pois o mestre sente-se

gratificado pelo que conseguiu passar para o seu aprendiz. Os pais sentem-se

realizados quando seus filhos são bem educados. A criança precisa do amor

que ensina, pois ela nasceu somente com seus instintos e um imenso potencial

de apreender e aprender o que existe à sua volta. O amor que ensina é um

investimento afetivo e material para um bem viver futuro do filho.

O fascínio das famílias por soluções fáceis para seus problemas

educacionais é conseqüência de vários fenômenos: pais que geram

tardiamente seus filhos, redução no número de crianças nas famílias, aumento

no número de pais que criam seus filhos sozinhos e, finalmente, pai e mãe que

trabalham fora e delegam a educação de seus filhos a terceiros, às vezes por

tempo integral. Por chegarem cansados do trabalho e por ter pouco tempo de

lazer com os filhos eles sentem-se constrangidos em punir as crianças quando

os limites são ultrapassados. Ou então procuram recompensá-las com

presentes pelo tempo em que não estiveram com elas. Esse sistema de

recompensas não funciona com as crianças.

Outra explicação para a dificuldade dos pais com as crianças, é que

somos de uma geração em que a obediência era inimiga do amor. Os pais não

queriam que seus filhos tivessem medo deles. Resgatar a autoridade não

significa, como muita gente imagina ser menos doce, sensível ou amoroso em

relação à criança.

Tratar da temática da importância da família no desenvolvimento e

aprendizagem infantil é abrir um leque para muitas reflexões, pois o ambiente

familiar é o primeiro e mais significativo para a interiorização de valores,

criação de hábitos e aprendizagens variadas. Quanto mais estimulador esse

ambiente for, mais a criança se desenvolverá de maneira harmônica; em

contrapartida, quanto mais conflitivo, carente de afetividade, maiores

problemas trará à criança em formação.

Page 50: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

50 De 0 a 6 anos ocorre um processo de complexidade do ser humano que

não se repetirá durante todo seu desenvolvimento. Seis anos na vida de uma

criança representam muito mais do que seis anos na vida de um adulto, pois

nesse período a criança passa por muitas transformações que irão influenciar

fortemente toda sua vida futura. O desenvolvimento é parte da vida, está

profundamente marcado pelo contexto social do qual a criança participa. Os

comportamentos que cada criança apresenta e as respostas que dá tem

relação com o seu quotidiano. Conseqüentemente, crianças diferentes, com

vidas diferentes e recebendo estímulos diferentes, estão expostas a problemas

e a formas de solucioná-los diferentes e constroem padrões de referência e de

comportamento diferentes. Nessa fase, as crianças precisam de uma

dedicação muito grande de seus pais.

Algumas atitudes que os pais devem ter em mente para contribuir na

educação de seus filhos: demonstrar afeto freqüentemente; mostrar interesse

pelas coisas que acontecem à criança; confiar em suas possibilidades; cumprir

os acordos e normas estabelecidas com firmeza, mas também com certa

flexibilidade; marcar limites coerentes e acessíveis; estimular os filhos a

emitirem sua própria opinião e levá-la em conta quando as situações

possibilitarem; estabelecer uma relação de respeito mútuo.

Os pais precisam lembrar sempre que o cérebro de uma criança de 0 a 6

anos é como uma esponja, que absorve o que a cerca. Precisam estar com

seus filhos, responder suas perguntas, brincar com eles, estar atentos às

etapas de seu desenvolvimento, participar de sua vida escolar, oferecer-lhes

atividades variadas, enfim, acompanhar sua infância e, principalmente, fazer

parte dela.

Criança precisa de adulto responsável a sua volta. Os pais precisam

funcionar como consciência familiar e social. São os pais que ensinam, ou não

a adequação do querer dos filhos. Portanto, mais que somente dar, está na

hora de ensinar.

Page 51: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

51 O aprender dá segurança e os primórdios da independência ao filho que

pode começar a contar consigo próprio. Os pais começam a ensinar como é

bom o aprender a aprender, através de agrados, estímulos e reforços.

Para finalizar é citado Celso Antunes14, que resume de uma maneira

genial o papel dos pais no desenvolvimento das crianças: “Que os pais nunca

se recolham na omissão da dúvida, que ajudem suas crianças a ampliar os

espaços de suas referências e estimulem com serenidade, mas ardor, suas

muitas linguagens, suas inúmeras inteligências, transformando alguns

momentos das crianças com quem convivem em instantes de afeto,

companheirismo, entusiasmo e paixão. Que não se atemorizem com inevitáveis

erros, mas privilegiem a intenção sincera do acerto. E que não aguardem a

maturidade de se tornarem avós para a ousadia da entrega e a sublime missão

de construir o futuro”.(ANTUNES, 1999)15

14 Celso Antunes – professor e psicopedagogo, bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo, mestre em Ciências Humanas e especialista em Inteligência e Cognição. Celso Antunes é coordenador-geral do ensino de graduação do Centro Universitário Sant'Anna (UNISANTANNA) e do Colégio Sant'Anna Global, em São Paulo. Atua também como consultor da revista Nova Escola, da Editora Abril, e possui mais de cem obras didáticas e paradidáticas traduzidas para a América Latina e para a Europa e dezenas de outras que envolvem cognição, criatividade, ensino e aprendizagem. 15 http://www.fersap.pt/fersap/modules.php?name=News&file=article&sid=463

Page 52: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

52

CONCLUSÃO

Analisando a sociedade moderna observa-se que uma das mudanças

mais significativas é a forma como a família atualmente se encontra

estruturada. Aquelas famílias tradicionais, constituídas de pai, mãe e filhos

tornaram-se uma raridade. Atualmente, existem famílias dentro de famílias.

Com as separações e os novos casamentos, aquele núcleo familiar mais

tradicional tem dado lugar a diferentes famílias vivendo sob o mesmo teto.

Esses novos contextos familiares geram, muitas vezes, uma sensação de

insegurança e até mesmo de abandono, pois a idéia de um pai e de uma mãe

cuidadores dá lugar a diferentes pais e mães “gerenciadores” de filhos que nem

sempre são seus.

Além disso, essa mesma sociedade tem exigido, por diferentes motivos,

que pais e mães assumam posições cada vez mais competitivas no mercado

de trabalho. Então, enquanto que, antigamente, as funções exercidas dentro da

família eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes

papéis, conforme as circunstâncias saem todos os dias para suas atividades

profissionais. Assim, observa-se que, em muitos casos, crianças e

adolescentes acabam ficando aos cuidados de parentes (avós, tios), estranhos

(empregados) ou das chamadas babás eletrônicas, como a TV e a Internet,

vendo seus pais somente à noite.

Toda essa situação acaba gerando uma série de sentimentos

conflitantes, não só entre pais e filhos, mas também entre os próprios pais. E

um dos sentimentos mais comuns entre estes é o de culpa. É ela que, na

maioria das vezes, impede um pai ou uma mãe de dizer não às exigências de

seus filhos. É ela que faz um pai dar a seu filho tudo o que ele deseja,

pensando que assim poderá compensar a sua ausência. É a culpa que faz uma

mãe não avaliar corretamente as atitudes de seu filho, pois isso poderá

significar que ela não esteve suficientemente presente para corrigi-las.

Enfim, é a culpa de não estar presente de forma efetiva e construtiva na

vida de seus filhos que faz, muitas vezes, um pai ou uma mãe ignorarem o que

Page 53: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

53 se passa com eles. Assim, muitos pais e mães acabam tornando-se reféns de

seus próprios filhos. Com receio de contrariá-los, reforçam atitudes

inadequadas e, com isso, prejudicam o seu desenvolvimento, não só

intelectual, mas também, mental e emocional.

Entretanto, é importante compreender que, apesar de todas as situações

aqui expostas, o objetivo não é o de condenar ou julgar. Está-se apenas

demonstrando que, ao longo dos anos, gradativamente a família, por força das

circunstâncias já descritas, tem transferido para a escola a tarefa de formar e

educar. Entretanto, essa situação não mais se sustenta. É preciso trazer, o

mais rápido possível, a família para dentro da escola. É preciso que ela passe

a colaborar de forma mais efetiva com o processo de educar. É preciso,

portanto, compartilhar responsabilidades e não transferi-las.

A família deve, portanto, se esforçar em estar presente em todos os

momentos da vida de seus filhos. Presença que implica envolvimento,

comprometimento e colaboração. Deve estar atenta a dificuldades não só

cognitivas, mas também comportamentais. Deve estar pronta para intervir da

melhor maneira possível, visando sempre o bem de seus filhos, mesmo que

isso signifique dizer sucessivos “nãos” às suas exigências. Em outros termos, a

família deve ser o espaço indispensável para garantir a sobrevivência e a

proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo

familiar ou da forma como se vêm estruturando.

Educar, portanto, não é uma tarefa fácil, exige muito esforço, paciência

e tranqüilidade. Exige saber ouvir, mas também fazer calar quando é preciso

educar. O medo de magoar ou decepcionar deve ser substituído pela certeza

de que o amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento de

limites e responsabilidades. Deve-se fazer ver às crianças e jovens que direitos

vêm acompanhados de deveres e para ser respeitado, deve-se também

respeitar.

No entanto, para não tornar essa discussão por demais simplista, é

importante, entender, que quando se trata de educar não existem fórmulas ou

receitas prontas, assim como não se encontra, em lugar algum, soluções

Page 54: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

54 milagrosas para toda essa problemática. Como já foi dito, educar não é uma

tarefa fácil; ao contrário, é uma tarefa extremamente complexa. E talvez o que

esteja tornando toda essa situação ainda mais difícil seja o fato de a sociedade

moderna estar vivendo um momento de mudanças extremamente

significativas.

Segundo Paulo Freire16: “A mudança é uma constatação natural da

cultura e da história. O que ocorre é que há etapas, nas culturas, em que as

mudanças se dão de maneira acelerada. É o que se verifica hoje. As

revoluções tecnológicas encurtam o tempo entre uma e outra mudança” (2000,

pag.30). Em outras palavras, está-se vivendo, em um pequeno intervalo de

tempo, um período de grandes transformações, muitas delas difíceis de serem

aceitas ou compreendidas. E dentro dessa conjuntura está a família. Tentando

encontrar caminhos em meio a esse emaranhado de escolhas, que esses

novos contextos, sociais, econômicos e culturais, nos impõem.

E para finalizar essa conclusão é importante fazer algumas

considerações que, se não trazem soluções definitivas, podem apontar

caminhos para futuras reflexões. Assim, é preciso compreender, por exemplo,

que no momento em que a família conseguir estabelecer um acordo na forma

como irá educar suas crianças e adolescentes, muitos dos conflitos hoje

observados serão gradativamente superados. A presença, o envolvimento e o

amor devem ser permanentes e, acima de tudo, construtivos, para que a

criança e o jovem possam se sentir amparados, acolhidos e amados. E, do

mesmo modo, deve-se lutar para que os pais estejam em completa sintonia em

suas atitudes, já que seus objetivos são os mesmos. Devem, portanto,

compartilhar de um mesmo ideal, pois só assim realmente estarão formando e

educando, superando conflitos e dificuldades que tanto vêm angustiando as

famílias.

16 Paulo Freire - foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos". Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos - RN, em 1963. A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.

Page 55: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

55

BIBLIOGRAFIA

BISKER, Jayme; RAMOS, Maria Beatriz Breves. No Risco da Violência:

reflexões psicológicas sobre a agressividade. Rio de Janeiro: Mauad X, 2006.

ROUDINESCO, Elisabeth. A Família em Desordem. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar Editora, 2003.

NAOURI, Aldo; Pais e Mães: culpados ou inocentes? Rio de Janeiro: Elsevier,

2005.

WINNICOTT, Donald W. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. Conversando com os

pais. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

ROSSW, Greene – A Criança Explosiva: uma nova abordagem para

compreender e educar crianças cronicamente inflexíveis e que se frustram

facilmente. São Paulo: Integrare Editora, 2007.

MARCELLI, Daniel. Trad. Fátima Murad. Adolescência e Psicopatologia. 6 ed.

Porto Alegre: Artimed, 2007.

SHRIVER, Lionel. Trad. Beth Vieira e Vera Ribeiro. Precisamos falar de Kevin.

Rio de Janeiro: Intrínseca, 2007.

GAIARSA, José Ângelo. A Família de que se fala e a Família de que se sofre.

8 ed. São Paulo: Ágora, 2005.

RABELO, Marta Klumb Oliveira. (Re) Visitando o Humano: estudos de

psicologia. Brasília: Thesaurus.

GUARDINI, Romano. A Aceitação de si mesmo: as idades da vida. São Paulo:

Palas Athena.

RICHTER, Horst E. A Família como paciente. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

HEEGAARD, Marge. Quando a família está com problemas. Porto Alegre:

Artimed, 1998.

Page 56: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

56 CERVENY, Ceneide Maria de O. A Família como modelo: desconstruindo a

patologia. 1 ed. São Paulo: Livro Pleno.

FORDHAN, Michael. A Criança como indivíduo. São Paulo: Pensamento-

Cultrix Ltda, 2001.

PILETTI, Nélson. Psicologia Educacional. Série Educação. 19 ed. São Paulo:

Ática, 2008.

COSTA, Jurandir Freire. Violência e Psicanálise. 3 ed. Rio de Janeiro: Edições

Graal, 2003.

BOWLBY, John. Formação e Rompimento dos Laços Afetivos. Trad. Álvaro

Cabral. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

SAYÃO, Rosely. Família: modos de usar. Campinas: Papirus, 2006.

PALAZZOLI, M. Selvini. Os Jogos Psicóticos na Família. São Paulo: Summus,

2006.

KALOUSTIAN, Sílvio Manoug. Família Brasileira, a base de tudo. 6 ed. São

Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 2004.

ARAÚJO, Clara; SCALON Celi. Gênero, família e trabalho no Brasil. 1 ed. Rio

de Janeiro:Editora FGV, 2005.

NIVEN, David. 100 segredos das famílias felizes. Rio de Janeiro: Sextante,

2007. Tradução de ALMEIDA, Márcia. The 100 simple secrets of happy

families.

TIBA, Içami.Adolescentes: Quem ama, educa! 37 ed. São Paulo: Integrare

Editora, 2005.

ZAGURY, Tânia. Sem padecer no paraíso, em defesa dos pais ou sobre a

tirania dos filhos. 20 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

LISBOA, A.M.J. A primeira infância e as raízes da violência. Brasília:LGE

Editora, 2006.

PATTERSON, G.R. Coercive family processes. Eugene, O.R.: Castalia, 1982.

Page 57: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

57 BOLSANELLO, Aurélio. Conselhos – Análise do Comportamento Humano em

Psicologia. 18 ed. São Paulo: Brasileira S. A., 1990.

MINUCHIN, Salvador - Famílias: Funcionamento & Tratamento. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1990.

STANHOPE, Marcia – Teorias e Desenvolvimento Familiar. In STANHOPE,

Marcia ; LANCASTER, Jeanette – Enfermagem Comunitária: Promoção de

Saúde de Grupos, Famílias e Indivíduos. 1 ed. Lisboa : Lusociência, 1999.

ISBN 972-8383-05-3.

http://www.webartigos.com/articles/21510/1/Pais-ausentes-filhos-

descrentes-e-uma-familia-desestruturada/pagina1.html. Pais ausentes, filhos

descrentes e uma família desestruturada, acesso em 30/01/2010.

http://www.johvem.com.br/hiperinteressante/educacao/elogiar.htm,

Stabelito, Ana Cristina. Elogiar: a “arma secreta” dos pais, acesso em

01/12/2009.

http://www.fersap.pt/fersap/modules.php?name=News&file=article&sid=46

3,O jornal Gazeta do Sul, Santa Cruz do Sul, SIMONIS, Marindia Beskow.

Importância dos pais na educação dos filhos, acesso em 27/10/2009.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Agressividade, acesso em 10/08/2009.

http://www.prosex.org.br/violencia.html, PAIVA, José Roberto. “As origens

da violência”. Um ensaio sobre a Psicopatologia do comportamento agressivo.

As primeiras origens – 1999, acesso em 12/11/2009.

http://www.mundoeducacao.com.br/psicologia/agressividade.htm, Mundo

Educação, A agressividade ocorre desde a infância, acesso em 18/10/2009.

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=24948&op=all, Crianças são mais

agressivas entre o primeiro e o quarto ano de vida, 2008, acesso em

15/09/2009.

http://www.paisefilhos.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=

1321&Itemid=63, ALMEIDA, Sônia Mendes de. Crianças Agressivas – 2009,

acesso em 27/10/2009.

Page 58: A AGRESSIVIDADE COMO RESPOSTA DE UM INDIVÍDUO … · Na educação de nossos filhos ... em relação aos filhos, ou seja, ... educação, a atenção e o amor devidos aos seus filhos

58 http://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia, acesso em 09/08/2009.

http://aprendiz.uol.com.br/content/sleuivevib.mmp, CBN. Família desestruturada pode provocar violência urbana – 2007, acesso em 23/12/2009.

http://www.paranaonline.com.br/editoria/cidades/news/18416/?noticia=FAMILIA+DESESTRUTURADA+LEVA+JOVEM+AS+DROGAS, Família desestruturada leva jovens às drogas, Paraná – 2008, acesso em 22/12/2009.

http://www.seade.gov.br/ São Paulo, acesso em 10/10/2009.