a afetividade no processo ensino...
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Volume 1, Número 3
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
A AFETIVIDADE NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
Páginas 264 a 279 264
A AFETIVIDADE NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
Rozineide Iraci Pereira da Silva1
RESUMO - A afetividade tem imprescindível valor para o desenvolvimento psíquico do
ser humano. Os vínculos emocionais que se estabelecem desde o nascimento influenciam
na construção da personalidade, do autoconceito e da auto-estima do sujeito, propiciando-
lhe ferramentas necessárias à aquisição da aprendizagem e sua conservação. Este trabalho
apresenta uma análise da relação estabelecida entre a afetividade e o processo de ensino
e aprendizagem, e sua relação que está inteiramente ligada ao desenvolvimento do aluno.
A temática pontua a relação da afetividade com o desenvolvimento cognitivo, mostrando
a responsabilidade dos educadores em contribuir na formação da personalidade da
criança. Tomando-se como base de pesquisa, teóricos como Piaget, Rogers, Wallon, que
propõe analisar a relação entre pais e filhos - professores e alunos na construção do
conhecimento. A afetividade é um elemento sempre presente na sala de aula, mas nem
sempre percebido e considerado como tão importante quanto os conteúdos. Considerando
o afeto como aspecto importante do funcionamento intelectual, com este trabalho,
entendeu-se a correlação entre afetividade e cognição, onde os sentimentos: emoções,
desejos e a motivação contribuem para a aprendizagem do aluno.
Palavras-chaves: Aprendizagem. Afetividade. Relação professor x aluno.
ABSTRACT - The affection is essential to the value of human psychic development. The
emotional bonds that are established from birth influence the construction of personality,
self-concept and self-esteem of the subject, giving you the tools necessary for learning
acquisition and conservation. This paper presents an analysis of the relationship between
affectivity and the process of teaching and learning, and their relationship is entirely
linked to the development of the student. The issue points out the relationship of affection
with cognitive development, showing the responsibility of educators to contribute in
shaping the character of the child. Taking as a basis for research, theorists such as Piaget,
Rogers, Wallon, which aims to analyze the relationship between parents and children -
teachers and students in the construction of knowledge. Affection is an ever-present in
the classroom, but not always perceived and considered as important as the content.
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Considering the affect as an important aspect of intellectual functioning, with this work,
understand the correlation between affect and cognition, where feelings, emotions,
desires and motivation contribute to student learning.
Keywords: Learning. Affectivity. Student teacher x relationship.
INTRODUÇÃO
Ainda no ventre materno, a criança inicia sua história, que será enriquecida á
medida que ela for crescendo e participando do mundo que o cerca. A criança deseja e
necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da
curiosidade e do aprendizado. E o professor é quem prepara e organiza o microuniverso
da busca e do interesse das crianças.
Nessa postura, a infância é uma etapa biologicamente útil, que se caracteriza como
sendo o período de adaptação progressiva ao meio físico e social. Com afirma Piaget,
(1985:47), “educar é adaptar o indivíduo ao meio social ambiente”.
Portanto, a afetividade exerce um papel fundamental nas correlações
psicossomáticas básicas, além de influenciar decisivamente a percepção, a memória, o
pensamento, à vontade e as ações, e ser assim, um componente essencial da harmonia do
equilíbrio da personalidade humana.
Assim, torna-se importante considerar que os sentimentos são capacidades que
estão interligadas ás atividades humanas explícitas em relações voltadas aos
conhecimentos e aos valores desenvolvidos pelo aluno no decorrer de sua aprendizagem.
Nessa perspectiva, o presente artigo procura fazer uma abordagem construtiva
quanto à forma que é conduzida às relações interpessoais no âmbito educacional,
principalmente a relação professor/alunos focando a importância das relações afetivas na
construção do conhecimento como também na estruturação de sua personalidade.
Segundo Wallon (1971:43), “A emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os
indivíduos. É fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois
são constitutivos da atividade emocional.”
A determinação de um sistema educacional vinculado a políticas públicas de
relacionamento e conduta, caracterizam a necessidade da implantação da afetividade nas
escolas, pois a vivência totalitária da criança no processo de ensino e, sobretudo na
construção do conhecimento está interligada a reestruturação de paradigmas conceituais
na arte de socializar-se aprender.
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Nessa vivência é preciso que a afetividade, mesmo se estabelecendo como
condição necessária, não constitui pré-requisito suficiente para a formação das estruturas
mentais. Para isso, a auto-estima compõe um elo na relação com o interesse da criança
em aprender. É o afeto que orienta a auto-estima e, depois de sacramentado o vínculo
afetivo, a aprendizagem vai estabelecer-se como parte de uma conquista expressiva.
Pois são as relações sociais que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto
da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc.) um sentido afetivo.
E se faz necessário a compreensão do professor diante do aluno como indivíduo
em sua totalidade, porque os aspectos afetivos, cognitivos e motor estão constantemente
interligados. “A criança precisa aprender com palavras e atitudes de compreensão, não
com tapas e humilhações”. (AZEVEDO, 2003:16).
A criança deve freqüentar a escola para construir conhecimentos e criar uma
relação interpessoal que a conduzirá para sua emancipação futura.
É lamentável perceber que no dia-a-dia nega-se às crianças o direito de ser criança.
Valendo ressaltar, a interferência histórica onde na trajetória da Educação
destinada à infância, a orientação educacional era de relevância assistencialista e não
educativa, era uma instituição de guarda para o filho da mãe trabalhadora. Isso mudou,
embora ainda haja reflexo dessas concepções passadas.
A sociedade nem sempre percebeu a infância da forma atual, a infância tal como
a conhecemos, foi conquistada com muito esforço, atendendo-se aos direitos das crianças.
Mas nos dias atuais, há ainda muito a ser conscientizado a favor delas, pois muitas
vezes é necessário protegê-los da sua própria família.
E o professor necessita ter um aprofundado conhecimento sobre a afetividade para
saber lidar com as situações da falta de afeto e carência afetiva de muitas crianças dentro
da sala de aula.
Tratando-se do trabalho com a criança, é necessário que o professor conheça a
importância da afetividade no desenvolvimento infantil: como o toque, o carinho, a
atenção, as relações de interação e mediação entre o professor e o aluno.
Nessa postura, investigação busca analisar a situação pedagógica de maneira
afetiva, construindo paradigmas conceituais e construtivos a aprendizagem do aluno,
verificar a importância da aprendizagem através do carinho incentivador do educador,
fazendo a criança ter prazer em aprender e construir seu próprio conhecimento.
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O QUE É AFETIVIDADE?
Os autores Bock, Furtado e Teixeira (2008:41) afirmam que era a Psicologia a
afetividade é parte integrante de nossa subjetividade, fazendo-se necessário estudar a vida
afetiva do ser para compreendermos em sua totalidade.
No “Dicionário de Psicologia”, o afeto está definido como:
“A subjetividade de um estado psíquico elementar inalisável, vago ou
qualificado, penoso ou agradável, que pode exprimir-se massivamente ou
como uma mudança, uma tonalidade. Diferentemente do sentimento, que
é dirigido para um objeto, o afeto centra-se no que é primariamente
sentido. A psicanálise lhe dá um sentido diferente. Segundo S. Freud,
toda pulsão se exprime nos dois registros de afeto e da representação. Em
sentido estrito, o afeto corresponde à quantidade de energia pulsional
investida na representação. Contudo, de um ponto de vista descritivo,
considerar-se-á a expressão subjetiva em relação à quantidade de
investimento”. (JOUVENT apud DORON, PAROT 2001, P.35).
Segundo Ferreira a afetividade é um conjunto de fenômenos psíquicos que se
manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da
impressão de dor ou prazer, de satisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.
(1999, p.62).
Afetividade são sentimentos, ações, emoções, histórias vividas, sonhadas, marcas
de dores, de paixão ou de felicidade, ou seja, a afetividade está ligada a uma gama de
sentimentos que envolvem a totalidade humana e as experiências vividas ao longo do
tempo.
A afetividade também pode ser vista como uma dicotomia, ou seja, tanto pode
estar ligada a sentimentos que trazem alegria, como aqueles que trazem tristeza e dor.
Tanto pode exprimir carinho e admiração, como ódio e desprezo.
Quando se exprime uma ideia sempre estará atrelada a ela a imagem de algo, seja
essa imagem positiva ou negativa, sendo assim, a afetividade pode ser vista como:
“Wallon em sua teoria fez a distinção entre emoção e afetividade:
afetividade é um conceito amplo, que inclui um componente cognitivo,
representacional (sentimentos) e um componente expressivo”
(comunicação) (ANDRADE, 2007 p.25).
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A depender da perspectiva, há diversos significados para o termo afetividade,
como, por exemplo: atitudes e valores, comportamento moral e ético, desenvolvimento
pessoal e social, motivação, interesse e atribuição, ternura, interrelação, empatia,
constituição da subjetividade, sentimentos e emoções.
“A afetividade é uma sensação de estrema importância para a saúde
mental de todos os seres humanos por influenciar o desenvolvimento
geral, o comportamento e o desenvolvimento cognitivo”.
(CABRAL:2010,p.43).
A afetividade é hoje considerada por diversos estudiosos (Cotê, 2002:21 Dias,
2003; Espinosa, 2002; Moll, 1999) como fundamental na relação educativa por criar um
clima propício à construção dos conhecimentos pelas pessoas em formação. Apesar dessa
importância, a dimensão afetiva tem sido negligenciada tanto na pratica da sala de aula
(CIANFA, 1996: 30, Vasconcelos, 2004) quanto na formação dos professores que vão
atuar na escola básica (Arroyo, 2000:52). Nesse sentido, é importante destacar que a
afetividade é considerada uma documentação científica, a qual está inserida no discurso
oficial e nos programas de formação de professores, e,em seguida, buscar explicações
para a ausência desse componente na relação educativa, apontando para a necessidade de
uma discussão profunda e ampliada sobre o assunto, principalmente por parte dos
formadores de professores.
Nessa concepção é importante considerar que não é recente a discussão sobre o
papel da afetividade na constituição da subjetividade humana. Inserida na história da
filosofia, no contexto das relações entre razão emoção e sentimento, foi motivo de
aquecidos debates envolvendo grandes filósofos, que ora valorizavam os conflitos
existentes entre razão e sentimentos, ora a dicotomia ou o papel superior de um aspecto
sobre o outro. Eurípedes, por exemplo, investia no tema do conflito entre razão e emoção
e freqüentemente ilustrava esse aspecto em suas peças teatrais. Já Aristóteles, numa
perspectiva claramente dualista, reiterava que os sentimentos residem no coração e que o
cérebro tem a missão de esfriar o coração e os sentimentos nele localizados. Kant,
destacando a supremacia da razão, construiu uma perspectiva negativa das emoções e dos
sentimentos, chegando a afirmar que as paixões são a enfermidade da alma. De um modo
geral, o que se evidencia nos escritos dos filosóficos, da Grécia antiga até a modernidade,
é uma concepção dissociada, na qual a razão quase sempre tem status superior com
relação aos sentimentos.
Na história da psicologia, iniciada no séc. XIX, o cenário não foi muito diferente.
Depois que o comportamento humano foi considerado sujeito a princípios universais e
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que se admitiu a ciência psicológica como possível, alguns dos problemas filosóficos
foram transferidos para a psicologia. Porém, foram formulados de tal maneira que se
tornou difícil resolvê-los "cientificamente", pois voltou à cena a divisão entre razão e
emoção. Theodor Fechner, um dos precursores da ciência psicológica, na obra Elemente
der Psychophisik, escrita em 1860, declarou que estava interessado na ciência exata das
relações funcionais entre razão e emoção. Porém, argumentava que, para fazer ciência,
era necessário medir separadamente os dois aspectos. Alguns anos depois Fechner até
tentou demonstrar a identidade dessas "duas metades", mas encontrou resistências de
vários psicólogos à sua tentativa de unir algo que os filósofos, utilizando métodos
racionalistas, tinham separado há centenas de anos.
Tal cisão foi mantida intocável até o início do século XX, pois o movimento dessas
dicotomias ganhou força em diferentes áreas e culminou numa discussão quase
inconciliável entre os sistemas teóricos empiristas e inatistas que dominaram o cenário
dos debates sobre conhecimento, pensamento, comportamento e sentimentos humanos.
Os empiristas "cuidaram" da razão e os inatistas da emoção. Posteriormente, com a
consolidação de grandes teorias psicológicas como a gestalt, a psicanálise, o
behaviorismo, a epistemologia genética, a psicologia cultural e a psicologia sócio-
histórica, o problema passa a ser debatido de modo mais aprofundado por cada modelo e
começam a aparecer estudos sobre as relações entre cognição e afetividade. Mesmo
assim, aos olhos do consumo, cada teoria acabou se dedicando mais a um aspecto que ao
outro. Além disso, algumas teorias, como, por exemplo, o behaviorismo, insistiram em
continuar alimentando uma distinção radical entre cognição e afetividade. Desse modo,
mesmo no campo da psicologia, ainda hoje persiste a idéia de que cognição e afetividade
são instâncias dissociadas.
Na área educacional o trajeto também não foi e não é muito diferente. É comum,
ainda hoje, no âmbito escolar, o uso de uma concepção teórica que leva os educadores a
dividirem a criança em duas metades: a cognitiva e a afetiva. Esse dualismo é um dos
maiores mitos presentes na maioria das propostas educacionais da atualidade. A crença
nessa oposição faz com que se considere o pensamento calculista, frio e desprovido de
sentimentos, apropriado para a instrução das matérias escolares clássicas. Acredita-se que
apenas o pensamento leve o sujeito a atitudes racionais e inteligentes, cujo expoente
máximo é o pensamento científico e lógico-matemático. Já os sentimentos, vistos como
"coisas do coração", não levam ao conhecimento e podem provocar atitudes irracionais.
Produzem fragilidades de segundo plano, próprias da privacidade "inata" de cada um.
Seguindo essa crença, as instituições educacionais caminharam para a ênfase da razão,
priorizando tudo o que se relaciona diretamente ao mérito intelectual.
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Segundo Arantes (2003. p.43) “O uso técnico especializado do dualismo razão e
emoção segue vivendo sobre o prisma do dualismo cognição e afetividade. No entanto,
parecem surgir luzes no fim do túnel.”
Assim,as idéias expostas indicam um caminhar atual, ou por que não dizer, com
sentido indissociado, uma racionalização apaixonada, portanto afetiva, sobre o assunto.
Por isso, a travessia dos textos vai chamando a perceber que a sustentação da polarização
entre afetividade e cognição, em vários campos, contém fortes contradições.
Principalmente no âmbito escolar, do qual os afetos estão excluídos. É hora de desvelá-
las e promover a inclusão dos afetos. Tal fato representa uma viagem desafiadora.
Dessa maneira considera-se a afetividade é um estado psicológico do ser humano
que pode ou não ser modificado a partir das situações. Segundo Piaget, tal estado
psicológico é de grande influência no comportamento e no aprendizado das pessoas
juntamente com o desenvolvimento cognitivo. Faz-se presente em sentimentos, desejos,
interesses, tendências, valores e emoções, ou seja, em todos os campos da vida.
Diretamente ligada à emoção, a afetividade consegue determinar o modo com que
as pessoas visualizam o mundo e também a forma com que se manifesta dentro dele.
Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordações e
experiências por toda a sua história. Dessa forma, a presença ou ausência do afeto
determina a forma com que um indivíduo se desenvolverá. Também determina a auto-
estima das pessoas a partir da infância, pois quando uma criança recebe afeto dos outros
consegue crescer e desenvolver com segurança e determinação.
TEORIAS DE HENRI WALLON
A criança para Wallon é essencialmente emocional e gradualmente vai
constituindo-se em um ser sócio- cognitivo. O autor estudou a criança. Nesse sentido,
pode-se supor que, no processo de internalização, estão envolvidos não só os aspectos
cognitivos, mas também os afetivos. Assim, abre-se um espaço para investigações
científicas abordando a influência dos aspectos afetivos no processo de aprendizagem.
A relação que caracteriza o ensinar e o aprender transcorre a partir de vínculos
entre as pessoas e inicia-se no âmbito familiar. A base desta relação vincular é afetiva,
pois é através de uma forma de comunicação emocional que o bebê mobiliza o adulto,
garantindo assim os cuidados que necessita.
Portanto, é o vínculo afetivo estabelecido entre o adulto e a criança que sustenta a
etapa inicial do processo de aprendizagem. Seu status é fundamental nos primeiros meses
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de vida, determinando a sobrevivência (Wallon, 1978, p.42). Da mesma forma, é a partir
da relação com o outro, através do vínculo afetivo que, nos anos iniciais, a criança vai
tendo acesso ao mundo simbólico e, assim, conquistando avanços significativos no
âmbito cognitivo. Nesse sentido, para a criança, torna-se importante e fundamental o
papel do vínculo afetivo, que inicialmente apresenta-se na relação pai-mãe-filho e, muitas
vezes, irmão (s).
Segundo Wallon, no decorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão
ampliando-se e a figura do professor surge com grande importância na relação de ensino
e aprendizagem, na época escolar. “Para aprender, necessitam-se dois personagens
(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos. (...) Não
aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito
de ensinar” (Fernández, 1991, p. 47 e 52). Toda aprendizagem está impregnada de
afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num processo vincular.
A afetividade tem um papel imprescindível no processo de desenvolvimento da
personalidade da criança, que se manifesta primeiramente no comportamento e
posteriormente na expressão. Almeida (1999, p. 42) ao mencionar Wallon diz que ele
atribui à emoção como os sentimentos e desejos, são manifestações da vida afetiva, um
papel fundamental no processo de desenvolvimento humano. Entende-se por emoção as
formas corporais de expressar o estado de espírito da pessoa, este estado afetivo pode ser
penoso ou agradável.
O desenvolvimento é um processo contínuo, pois o homem nunca está pronto e
acabado, esse desenvolvimento refere-se ao mental e ao crescimento orgânico,
conhecendo as características comuns de uma faixa etária, reconhecendo as
individualidades.
Segundo Almeida (1999, p. 44), com a influência do meio, essa afetividade que
se manifestava em simples gestos lançados no espaço, transforma-se em meios de
expressão cada vez mais diferenciados, inaugurando o período emocional.
As relações familiares e o carinho dos pais exercem grande influência sobre a evolução
dos filhos, em que a inteligência não se desenvolve sem a afetividade. Segundo Almeida
(1999, p.50):
A afetividade, assim como a inteligência, não aparecem pronta nem permanece
imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento: são construídas e se modificam
de um período a outro, pois, à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades
afetivas se tornam cognitivas.
Isso mostra que estar presente na vida dos filhos é muito importante: sentar com
eles; contar uma história; contar as vitórias e as derrotas da vida; deixar que eles façam
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parte do seu mundo. É muito importante também que os pais brinquem com seus filhos:
role no tapete, jogue bola e participe do seu dia a dia, essa afetividade pode trazer grandes
benefícios para a aprendizagem escolar da criança.
O desenvolvimento psíquico da criança dá-se através do meio social que ela
convive. Segundo Almeida (1999, p. 63) ao mencionar Wallon ela observa que são as
emoções que unem a criança ao meio social: são elas que antecipam à intenção e o
raciocínio.
Muitas vezes, as crianças não estão preparadas para entrarem na escola, pois essa
entrada significa o primeiro afastamento da família. Com isso o afeto da professora
poderá ajudar muito a criança interagir com a escola e os colegas.
Segundo Tiba (2002, p.157) Os pais não devem prometer trazer brinquedos, doces ou
figurinhas quando voltarem. É saudável que a criança sinta que a separação não mata
ninguém e comece a criar dentro de si mesma a noção de responsabilidade.
Conforme a criança vai crescendo, as crises emotivas reduzem os ataques de
choro, birras, surtos de alegria. Cenas tão comuns na infância são controladas pela razão,
num trabalho de desenvolvimento da pessoa. As emoções são subordinadas ao controle
das funções psíquicas superiores, da razão. A criança volta-se naturalmente ao mundo
real, numa tentativa de organizar seus conhecimentos adquiridos até então, é novamente
o predomínio da função cognitiva.
Na adolescência, cai na malha da emoção novamente, cumprindo uma nova tarefa
de reconstrução de si, desde o eu corporal até o eu psíquico, percebendo-se num mundo
por ele mesmo organizado diferentemente. E por toda a vida, razão e emoção vão se
alternando, numa relação de filiação, e ao mesmo tempo de oposição.
Portanto, todo processo de educação significa também a constituição de um
sujeito. A criança seja em casa, na escola, em todo lugar; está se constituindo como ser
humano, através de suas experiências com o outro, naquele lugar, naquele momento. A
construção do real acontece, através de informações e desafios sobre as coisas do mundo,
mas o aspecto afetivo nesta construção continua, sempre, muito presente.
Nesse sentido, para Wallon o estudo da criança deve ser realizado analisando suas
fases de desenvolvimento. Essa investigação deve ser feita pelo método de observação,
tomando a criança como ponto de partida e, compreendendo suas manifestações sem usar
o contraponto com a lógica adulta. Cada idade da criança constitui um conjunto não
separável e original. Deste modo, a concepção Walloniana de infância concede o ser
humano como biologicamente social, um ser cuja estrutura orgânica depende da cultura
para avançar constantemente em seu desenvolvimento.
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A FUNÇÃO DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS
A família tem um papel muito importante na formação afetiva, no aspecto social
e pessoal. A inteligência intrapessoal e a interpessoal formam a inteligência emocional.
Juntas determinam a capacidade de dirigir a própria vida do modo satisfatório, aí é que a
família entra com seu papel principal. A vida emocional é um âmbito que, como a
matemática e a leitura, podem ser manejadas com maior ou menor destreza e requer um
singular conjunto de habilidades.
Nessa concepção, as primeiras experiências educacionais a criança geralmente são
proporcionadas pela família. Depois de nascer, a criança começa a sofrer influencias
familiares que, aos poucos, vão modelando seu comportamento: a roupa que deve vestir,
a alimentação que deve tomar em determinados horários, as horas em que deve dormir.
Mais tarde, é o treino para que ande, para que fale, para que não faça xixi na roupa. No
que diz Petrine, 2005, p.23. “A família é basicamente o grupo social onde o indivíduo
realiza suas primeiras interações, adquirindo costumes, hábitos e valores que constituem
como sujeitos.” Nesse contexto é importante considerar que existem vários tipos de
família, com diferentes culturas que podem nortear o aprendizado da criança favorecendo
ou não seu desenvolvimento intelectual.
Nesse aspecto a família monogâmica é um ponto de partida histórico onde é
considerada ao homem formas de organizar-se para dar conta da sua produção e da
sobrevivência da espécie (desde o estado selvagem até a barbárie). Pesquisas realizadas
pelo antropólogo americano L.H. Morgan (1818-1881) demonstraram que, desde a
origem da humanidade, houve, sucessivamente: família consangüínea, família punaluana,
família sindiásmica, família patriarcal, família monogâmica.
A RELAÇÃO DA AFETIVIDADE COM A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS NA
ESCOLA
A atenção dos alunos sejam eles, crianças ou adolescentes, muitas vezes não é
prendida pelo professor, mas não pode se dizer que este seja o único responsável, como
também não pode se apenas culpar o aluno por falta de interesse ou preguiça.
A escola como um todo tem que participar na construção da atenção voluntária do
aluno para auxiliar no processo e aprendizagem. Segundo SILVA (2008, p.68), “O ser
humano ao se apropriar dos conhecimentos, atribui significado para as coisas, ampliando
assim elementos geradores da atenção”.
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Por este motivo propõe-se na atualidade rever tais questões e reformular conceitos
ultrapassados sobre ensinar e aprender, sendo assim, intrinsecamente ligada á cognição,
a afetividade constitui-se fator essencial na vida escolar, devendo pois o professor,
sobretudo das séries iniciais, estar ciente dos problemas que pode enfrentar e estar
preparado para resolve-los. Isso porque muitas crianças revelam rejeição é escola devido
a uma primeira infância tumultuada e carente de afetividade, principalmente da figura
materna.
É necessário um meio sócio-emocional, afetivo, motor e cognitivo para o
desenvolvimento da criança menor de três anos, pois é nesta fase que ocorre a aquisição
da linguagem. Neste momento as emoções têm um importante papel no desenvolvimento
do indivíduo, mas são nos primeiros anos de vida que elas terão o papel de garantir a
sobrevivência do bebê e progresso da noção do EU.
Segundo ALMEIDA, (1999:65), “As relações afetivas se evidenciam, pois a
transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas”.
De acordo com o autor, compreende-se que a afetividade como substância que
nutre estas ações e não um puro ato de “melosidade” intensifica as relações entre
professor-aluno, pois os aspectos afetivos emocionais, as dinâmicas manifestações da sala
de aula e formas de comunicação devem ser caracterizadas como pressupostos básicos
para o processo da construção do conhecimento e da aprendizagem e ainda, da condição
organizativa do trabalho do professor.
Assim, a afetividade é inteligência, por conseguinte, são aspectos indissociáveis,
intimamente ligados e influenciados pela socialização.
Enquanto o indivíduo se desenvolve no seu espaço social e cultural afasta-se de
uma submissão aprendendo a transferir suas motivações para outros objetos e situações,
ao mesmo tempo em que condiciona afetivamente suas relações vivenciais.
Poe esta razão, a afetividade no ambiente escolar é se preocupar com os alunos, é
reconhecê-los como indivíduos autônomos, com uma experiência de vida deferente da
sua, com direito a ter preferências e desejos nem sempre iguais ao do professor.
Partindo dessas questões, as atitudes dos alunos começarão tomar um espaço
muito positivo no contexto educativo, pois a escola começa envolver o aluno em um
aspecto favorável a sua evolução educacional e, sobretudo social, pois esta o preparando
para vida de maneira equilibrada emocionalmente.
Assim, torna-se importante salientar que o favorecimento do equilíbrio emocional
da criança é garantia de uma aprendizagem satisfatória que segundo Piaget,(1980:66):
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Para haver o desenvolvimento cognitivo é necessário antes o
desenvolvimento perceptivo, pois a percepção se refere ao
conhecimento que se tem dos objetos ou dos movimentos, obtidos
através do contato direto e atual com os mesmos. A inteligência, por
sua vez possibilita o conhecimento de outros aspectos dos objetos e
movimentos e que subsiste mesmo na ausência de contato direto com
eles.
Nessa postura a afetividade no âmbito escolar começa a influencia de maneira
decisiva na vida do educando, em especial no aspecto da linguagem, pois é fator de
interação social, apropriação das experiências de gerações precedentes, assimilação de
conquistas alcançadas ao longo de milhares de anos, organiza, articula e orienta o
pensamento, abstrai as propriedades e características fundamentais das coisas e eventos a
que se referem.
Dessa forma a confiança que o aluno começa a demonstrar pelo professor em
virtude de sua forma amiga de auxiliá-lo e entende-lo através do diálogo propicia
processos de abstração e generalização que são muito importantes para seu raciocínio e
sua visão de mundo, caracterizando um elemento central no processo de regulação do
comportamento humano, a livre expressão e aprendizagem através do carinho.
Dessa maneira, a escola deve esforçar-se para propiciar um ambiente estável e
seguro, onde as crianças se sintam bem, envolvendo-as positivamente através da
afetividade, o que gera consequentemente a auto-estima, onde a atividade intelectual fica
facilitada.
As três principais emoções que exercem ações na sala de aula são: o medo
demonstrado através de situações novas como responder alguma atividade, apresentar
algum trabalho etc.; a alegria, que traz inquietação, também pode trazer entusiasmo para
a realização das atividades; e por ultimo a cólera, que tem o poder de expor o professor
diante da classe trazendo desgastes físicos e emocionais.
Assim na maioria das vezes os professores não sabem lidar com as situações
emotivas de sala de aula, pois elas podem ser imprevisíveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar numa sociedade mais humana, mais justa e solidária. Podemos considerar
a afetividade como um elemento imprescindível nesse artigo. Ela é a energia que
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A AFETIVIDADE NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
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impulsiona e conduz a aprendizagem, sem ela se torna difícil motivar o aluno a
desenvolver a construção de seu conhecimento.
Nesta perspectiva verificou-se que a afetividade familiar e educacional estão
intrinsecamente ligadas á aprendizagem.
A afetividade influencia de maneira significativa a forma pela qual os seres
humanos resolvem os conflitos de sua natureza moral.
A organização do pensamento prepondera o sentimento e o sentir também confira
a forma de pensar. Nesse sentido a afetividade perpassa pelo funcionamento psíquico,
assumindo papel de organizar as ações.
Se o individuo não estiver bem afetivamente ele não conseguirá desenvolver a
sua aprendizagem, pois a afetividade tem o poder de influenciar positivamente e
significativamente a forma pela qual os seres humanos aprendem.
É através da vivencia afetiva que o aluno produz e edifica qualitativamente a sua
aprendizagem.
É o afeto que proporciona ao educando a força necessária para superar os
obstáculos que a vida lhe impõe, ele precisa se sentir seguro para resolver os conflitos
que lhes são propostos pelo meio e isso só é possível se estiver emocionalmente seguro.
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