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A ADOPÇÃO
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
CENTRO DE FORMAÇÃO JURÍDICA
João Alves Procurador-Formador
Setembro de 2013
1
ÍNDICE
Fls
A- Introdução .................................................................................... ...................2
1- Legislação .................................................................................................. 3
2- Definições .................................................................................................. 5
3- Em que consiste ......................................................................................... 6
4- Como se constitui ....................................................................................... 6
5- Requisitos gerais ........................................................................................ 6
6- O consentimento na adopção .................................................................... 7
7- Quem pode adoptar ................................................................................... 9
8- Quem pode ser adoptado........................................................................... 9
9- Efeitos da adopção .................................................................................. 10
10- Revisão da sentença de adopção .......................................................... 10
11- Tribunal competente .............................................................................. 12
12- Processo aplicável ................................................................................. 12
13- Alteração do registo civil ....................................................................... 14
B- Peças processuais .......................................................................... ..............15
1- Petição inicial. Confiança judicial com vista à adopção ........................... 15
2- Petição inicial. Pedido de adopção .......................................................... 18
3- Parecer do M. Público em pedido de adopção ......................................... 20
4- Petição inicial. Confiança judicial para futura adopção ............................ 22
2
A- Introdução
A adopção, lato sensu, define-se como a inserção num ambiente
familiar, de forma definitiva e com aquisição do vínculo jurídico próprio da
filiação, segundo as normas legais em vigor, de uma criança cujos pais
morreram, são desconhecidos ou não querem assumir o desempenho das suas
funções parentais, ou são pela autoridade competente considerados incapazes
de as desempenhar.
O direito a constituir família tem reconhecimento e garantia
constitucional (art. 39º, nº 2), englobando o direito à vida em comum e o direito
a ter filhos.
A adopção é uma alternativa à filiação natural, cujos efeitos se
aproximam tanto quanto possível dos desta. Destina-se a encontrar uma
família, e nomeadamente uns pais, para as crianças que não tiveram a sorte de
nascer dotadas de uma família natural onde se pudessem desenvolver
harmoniosamente ou que a vieram a perder.
Através deste instituto, um indivíduo pertencente pelo nascimento a um
determinado grupo de parentesco adquire novos laços de parentesco noutro
grupo, definidos tais laços em termos sociais, como equivalentes aos laços de
sangue.
Este instituto é, pois, hoje, mais do que nunca, um meio de proteger uma
criança, devendo ser perspectivado como um recurso dos vários que integram
uma política integrada de protecção à infância e juventude.
A adopção, inserida no Capítulo II, Título IV, art. 1853º a 1870º do C.
Civil, é uma das fontes de relações familiares em Timor-Leste.
A constante dominante é a de que o interesse da criança deve
prevalecer sobre todos os outros, o que implica a salvaguarda de alguns
3
princípios comummente aceites. Um dos mais importantes é o de que toda a
adopção deve ser precedida de inquéritos efectuados por serviços
competentes, de modo que nenhuma adopção seja decretada sem que esses
inquéritos revelem que o bem da criança está devidamente protegido.
1. Legislação.
- Código Civil (art. 1853º a 1870º).
- Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (art. 21º),
de 20/11/1989, ratificada para adesão pela Resolução nº 16/2003, de
30/07, do Parlamento Timorense. Mais tarde, em 17/9/2003, pelas
suas resoluções 17 e 18, o Parlamento ratificou os seus dois protocolos
adicionais.
- Convenção de Haia, de 29/5/1993, relativa à Protecção das Crianças
e à Cooperação em matéria de Adopção Internacional, ratificada e
aprovada por Timor-Leste pela Resolução nº 28/2009, de 14/7/2009.
Tem por objetivo estabelecer garantias para que as adopções
internacionais sejam feitas segundo o interesse superior da criança e
com respeito aos direitos fundamentais que lhe reconhece o direito
internacional, instaura um sistema de cooperação entre os Estados
Contratantes que assegura o respeito às mencionadas garantias e, em
consequência, previna o sequestro, venda ou o tráfico de crianças e
assegure o reconhecimento nos Estados Contratantes das adopções
realizadas segundo a Convenção.
APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO:
Com frequência, o legislador toma a iniciativa de estabelecer em lei nova
um regime jurídico distinto para certa espécie ou categoria de situações. Ora,
pode surgir a dúvida sobre qual das leis se deve aplicar nas situações
4
constituídas ao tempo da lei antiga, mas que ainda se mantenham depois da
entrada em vigor da nova lei.
Trata-se pois, de definir o critério que permita determinar qual a lei
competente ou aplicável para regular situações que atravessam o período de
vigência de diversas leis.
► A aplicação das disposições do C. Civil a situações ou factos
constituídos em momento anterior à sua entrada em vigor fica subordinada às
regras dos arts. 11º1 e 12º, com as modificações previstas nas disposições
transitórias (art. 2º, nº 1 das disposições transitórias do C. Civil):
- Quanto à adopção restrita.
Aos vínculos de adopção restrita existentes à data da entrada em vigor
do novo Código Civil continua a aplicar-se o regime especialmente previsto
para esse tipo de adopção no Código Civil Indonésio, complementado e
modificado pelas disposições do novo Código que não se mostrem
incompatíveis com a sua natureza (art. 14º das disposições transitórias do C.
Civil).
1 O legislador estabeleceu um princípio de irretroactividade da lei (art.º 11º n.º 1, C. Civil), isto é, esta regula as situações futuras, respeitando os factos passados.
Daí derivam as seguintes consequências: 1 - O facto jurídico em si é regulado pela lei vigente no momento da sua verificação. A lei nova deve regular apenas os factos ocorridos após a sua entrada em vigor, deixando para a lei antiga a disciplina dos factos ocorridos no tempo da sua vigência, ainda que os seus efeitos perdurem no tempo; 2- A lei antiga aplica-se ainda aos efeitos jurídicos de factos passados. Os efeitos presentes e futuros de factos passados serão regulados ainda pela lei antiga se o contrário pudesse implicar uma reapreciação desses factos e, a contrario, a lei nova regula os efeitos presentes e futuros de factos passados quando isso não implicar uma reapreciação destes.
O art. 11º, nº 2, desenvolve e concretiza o princípio contido no nº 1 da seguinte forma:
a) Sempre que a lei nova dispuser sobre as condições de validade formal ou material de quaisquer factos, tem-se por aplicável a lei antiga (coetânea da verificação do facto em causa) evitando-se assim a sua reapreciação. b) Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa relação jurídica, aplica-se a lei nova, quando se concluir que o legislador pretendeu abstrair-se na nova regulação dos factos que deram origem à relação jurídica em causa. c) Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa relação jurídica, aplica-se a lei antiga, quando se concluir que o legislador não pretendeu abstrair-se na nova regulação dos factos que deram origem à relação jurídica em causa.
5
- Quanto à adopção plena.
As adopções plenas constituídas antes da entrada em vigor do novo
Código Civil passam a ser reguladas pelas normas desse diploma respeitantes
à adopção.
► O novo C. Civil não se aplica às acções que estejam pendentes nos
Tribunais em 12 de Março de 2012 (art. 2º, nº 2 das disposições transitórias do
C. Civil).
► Antes da entrada em vigor do C. Civil, nos termos conjugados das
disposições dos arts. 3º, nº 1, do Regulamento da Untaet nº 1/1999, e 1º da Lei
nº 2/2002, deverá aplicar-se a legislação indonésia vigente a 25 de Outubro de
1999. A única legislação conhecida, vigente naquela data, é a Lei nº 129, de
1917, com as alterações introduzidas pelas Leis 1919-81, 1924-557 e 1925-92,
mais precisamente os seus arts. 5º a 15º, Lei que regulava os negócios de
cidadãos de etnia chinesa, pelo que se deve entender ser este o regime
aplicável.
2. Definições.
- Adoptando: menor que vai ser adoptado.
- Adoptante: pessoa que adopta.
- Consentimento: é a decisão de vontade manifestada por uma pessoa
quanto à adopção, que tenha recebido as informações necessárias,
entendendo-as adequadamente e que, depois de tê-las considerado,
tenha chegado à decisão de dar o seu acordo, sem ter sido sujeita a
coacção, influência indevida, intimidação ou outros factores que
condicionem a sua vontade.
- Interesse superior da criança: é um interesse que se sobrepõe a
qualquer outro interesse legítimo, seja o dos pais, seja o dos adultos,
sejam outros interesses. Tal interesse, em suma, define-se através de
6
uma rigorosa avaliação concreta, determinada por uma perspectiva
global e sistémica, de natureza interdisciplinar e interinstitucional,
visando a satisfação da premente necessidade da criança de crescer
harmoniosamente, em ambiente de amor, aceitação e bem-estar,
salvaguardando-se a continuidade das suas ligações afectivas estáveis.
3. Em que consiste.
É o vínculo que, à semelhança da filiação natural mas
independentemente dos laços de sangue, se estabelece entre duas
pessoas, nos termos dos arts.1853.º e seguintes do C. Civil.
4. Como se constitui.
Por sentença judicial em acção intentada visando tal finalidade (art.
1853º, nº 1 do C. Civil). Está pois, excluída qualquer outra forma de
constituição do vínculo de adopção.
5. Requisitos gerais da adopção.
a) Apresentar reais vantagens para o adoptando. As vantagens podem
ser patrimoniais ou de outra natureza (art. 1854º, nº 1 do C. Civil).
b) Não implicar um sacrifício injusto para os outros filhos do adoptante
(art. 1854º, nº 1 do C. Civil).
c) Seja razoável supor que entre o adoptante e o adoptando se
estabelece um vínculo semelhante ao da filiação (art. 1854º, nº 1 do C.
Civil).
d) Em regra, ter o adoptando estado durante certo tempo sob os
cuidados e a encargo do adoptante como meio de melhor apurar da
conveniência da constituição de tal vínculo (art. 1854º, nº 2 do C. Civil).
7
6. O consentimento na adopção.
6.1 Quem tem que o prestar:
- O adoptando maior de 12 anos, devendo ser expresso de forma
livre e independente de factores externos que possam coagir ou
intimidar a sua manifestação de vontade (art. 1860º, nº 1, al. a) do
C. Civil).
- O cônjuge do adoptante não separado judicialmente de pessoas
e bens (art. 1860º, nº 1, al. b) do C. Civil).
- Os pais do adoptando, ainda que menores e mesmo que não
exerçam o poder paternal, desde que não tenha havido confiança
judicial (art. 1860º, nº 1, al. c) do C. Civil).
- O ascendente, do colateral até ao terceiro grau ou do tutor,
quando, tendo falecido os pais do adoptando, tenha este a seu
cargo e com ele viva (art. 1860º, nº 1, al. d) do C. Civil).
6.2 Possibilidade de dispensa do consentimento:
- Nos casos previstos no art. 1857º, nº 2 do C. Civil, tendo a
confiança fundamento nas situações previstas nas alíneas c), d) e
e) do n.º1 do mesmo artigo, não é exigido o consentimento dos
pais, mas é necessário o do parente aí referido ou do tutor, desde
que não tenha havido confiança judicial (art. 1860º, nº 2, do C.
Civil).
- Das pessoas que o deveriam prestar (vide, 6.1), se estiverem
privadas do uso das faculdades mentais ou se, por qualquer outra
razão, houver grave dificuldade em as ouvir (art. 1860º, nº 3, al. a)
do C. Civil).
- Dos pais do adoptando, ainda que menores e mesmo que não
exerçam o poder paternal, desde que não tenha havido confiança
judicial, do ascendente, do colateral até ao terceiro grau ou do
tutor, quando, tendo falecido os pais do adoptando, tenha este a
seu cargo e com ele viva e, do parente ou do tutor, desde que não
tenha havido confiança judicial (art. 1860º, nº 3, al. b) do C. Civil):
8
- Se os pais tiverem abandonado o menor2,
- Se os pais, por acção ou omissão, mesmo que por
manifesta incapacidade devido a razões de doença3
mental, puserem em perigo grave a segurança, a saúde, a
formação moral ou a educação ou o desenvolvimento do
menor,
- Se os pais do menor acolhido por um particular ou por
uma instituição tiverem revelado manifesto desinteresse
pelo filho, em termos de comprometer seriamente a
qualidade e a continuidade dos vínculos afectivos próprios
da filiação, durante, pelo menos, os três meses que
precederam o pedido de confiança.
- Dos pais do adoptando inibidos do exercício do poder
paternal (quando, passados dezoito ou seis meses,
respectivamente, sobre o trânsito em julgado da sentença
de inibição ou da que houver desatendido outro pedido, o
Ministério Público ou aqueles não tenham solicitado o
levantamento da inibição decretada pelo tribunal (art.
1860º, nº 3, al. c) do C. Civil).
6.3 Forma e momento do consentimento:
- Tem que ser inequívoco e esclarecido (art. 1861º, nº 1 do C.
Civil).
- É prestado perante o Juiz (art. 1861º, nº 1 do C. Civil).
- O consentimento dos pais pode ser prestado
independentemente da instauração do processo de adopção se o
adoptando tiver sido acolhido por alguém que pretenda adoptá-lo
ou em estabelecimento público ou particular, não sendo
necessária a identificação do futuro adoptante (art. 1861º, nº 2 do
C. Civil):
- A mãe não pode dar o seu consentimento antes de
decorridas seis semanas após o parto (art. 1861º, nº 3 do
C. Civil). 2 Ou seja, quando deixaram de manter com ele qualquer contacto ou relação.
3 Inclui casos de toxicodependência e alcoolismo.
9
- O consentimento para adopção pode ser revogado se até
à data da manifestação da revogação o processo de
adopção não tiver sido iniciado (art. 1862º do C. Civil).
7. Quem pode adoptar.4
- Duas pessoas casadas há mais de 4 anos e não separadas
judicialmente de pessoas e bens ou de facto, se ambas tiverem
mais de 25 anos e menos de 60 anos, sendo que a partir dos 50
anos a diferença de idades entre o adoptante e o adoptado não
pode ser superior a 50 anos, excepto se o adoptando for filho do
cônjuge do adoptante ou motivos ponderosos o justifiquem (art.
1858º, nº 1, 3, 4 e 5 do C. Civil).
- Quem tiver mais de 30 anos ou, se o adoptando for filho do
cônjuge do adoptante, mais de 25 anos, e menos de 60 anos,
sendo que a partir dos 50 anos a diferença de idades entre o
adoptante e o adoptado não pode ser superior a 50 anos, excepto
se o adoptando for filho do cônjuge do adoptante ou motivos
ponderosos o justifiquem (art. 1858º, nº 2, 3, 4 e 5 do C. Civil).
8. Quem pode ser adoptado.
- Os menores filhos do cônjuge do adoptante e aqueles que
tenham sido confiados ao adoptante (art. 1859º, nº 1 do C. Civil).
NOTA: O adoptando deve ter menos de quinze anos à data da petição
judicial de adopção, pode, no entanto, ser adoptado quem, a essa data,
tenha menos de dezassete anos e não se encontre emancipado,
quando, desde idade não superior a quinze anos, tenha sido confiado
aos adoptantes ou a um deles ou quando for filho do cônjuge do
adoptante (art. 1859º, nº 2 do C. Civil).5 6
4 A propósito da questão do indeferimento de pedidos de adopção por casais homossexuais, o
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considerou não haver violação do art. 14º (proibição
da discriminação e art. 8º, respeito pela vida privada, com fundamento no facto do direito a
adoptar estar limitado pelos direitos da criança, Fretté v. France - nº 36515/97).
5 No âmbito de aplicação da lei indonésia, foi entendido não existir uma idade limite do
adoptando para que possa ser decretada a adopção (Acórdão do Tribunal de Recurso de
15/2/2010, proc. 13/Cível/2009/TR).
10
9. Efeitos da adopção.
- Pela adopção o adoptado adquire a situação de filho do
adoptante e integra-se com os seus descendentes na família
deste, extinguindo-se as relações familiares entre o adoptado e os
seus ascendentes e colaterais naturais (art. 1865º, nº 1 do C.
Civil).
- Excepções:
a) Mantêm-se os impedimentos matrimoniais previstos nos
art. 1491º a 1493º do C. Civil (art. 1865º, nº 1 do C. Civil).
b) Se um dos cônjuges adopta o filho do outro mantêm-se
as relações entre o adoptado e o cônjuge do adoptante e
os respectivos parentes (art. 1865º, nº 2 do C. Civil).
- Perda, por parte do adoptado, dos seus apelidos de origem e
constituição de novo nome, com as necessárias adaptações, nos
termos do art. 1755º do C. Civil (art. 1867º, nº 1 do C. Civil).
- Integrando-se na família, o adoptado não se diferencia do filho
natural quanto a direitos sucessórios e alimentares.
10. Revisão da sentença que tenha decretado a adopção.
- A sentença só pode ser revista nos seguintes casos:
a) Se tiver faltado o consentimento do adoptante ou dos
pais do adoptado, quando necessário e não dispensado
(art. 1869º, nº 1, al. a) do C. Civil).
b) Se o consentimento dos pais do adoptado tiver sido
indevidamente dispensado, por não se verificarem as
condições do art. 1860º, nº 3 (art. 1869º, nº 1, al. b) do C.
Civil).
c) Se o consentimento do adoptante tiver sido viciado por
erro desculpável e essencial sobre a pessoa do adoptado
(art. 1869º, nº 1, al. c) do C. Civil). O erro só se considera
essencial quando for de presumir que o conhecimento da
6 Em Portugal, com norma semelhante, considera-se que o facto relevante para aferir a idade
do menor é a data da propositura da acção (Acórdão da Relação de Lisboa de 20/12/1990, CJ,
V, pág. 144).
11
realidade excluiria razoavelmente a vontade de adoptar
(art. 1869º, nº 2 do C. Civil).
d) Se o consentimento do adoptante ou dos pais do
adoptado tiver sido determinado por coacção moral,
contanto que seja grave o mal com que eles foram
ilicitamente ameaçados e justificado o receio da sua
consumação (art. 1869º, nº 1, al. d) do C. Civil).
e) Se tiver faltado o consentimento do adoptado, quando
necessário (art. 1869º, nº 1, al. e) do C. Civil).
- Impossibilidade de revisão:
Quando os interesses do adoptado possam ser
consideravelmente afectados, salvo se razões invocadas
pelo adoptante imperiosamente o exigirem (art. 1869º, nº 3
do C. Civil).
- Legitimidade e prazo para a revisão:
- 6 meses, a contar da data em que tiveram conhecimento
da adopção, no caso do art. 1869º, nº 1, al. a) e b) - (art.
1870º, nº 1, al. a) do C. Civil). O pedido de revisão não
pode ser deduzido decorridos três anos sobre a data do
trânsito em julgado da sentença que tiver decretado a
adopção (art. 1870º, nº 2 do C. Civil).
- 6 meses, subsequentes à cessação do vício, nos casos
das al. c) e d) do art. 1869º do C. Civil - (art. 1870º, nº 1, al.
b) do C. Civil). O pedido de revisão não pode ser deduzido
decorridos três anos sobre a data do trânsito em julgado da
sentença que tiver decretado a adopção (art. 1870º, nº 2 do
C. Civil).
- 6 meses, a contar da data em que ele atingiu a
maioridade ou foi emancipado, no caso da al. e) do art.
1869º do C. Civil - (art. 1870º, nº 1, al. c) do C. Civil).
Embora o C. Civil não o mencione, a revisão da sentença que decretou a
adopção tem eficácia retroactiva, isto é, implica a extinção retroactiva dos
efeitos da relação adoptiva. Assim, termina a integração do adoptado na família
do adoptante e renascem os laços familiares com a sua família de origem,
como se a adopção nunca tivesse existido.
12
11. Tribunal competente para a adopção.
- Regra geral do Código de Processo Civil (art. 53º, nº 1), tribunal
do domicílio do menor à data da instauração do processo.
- Tribunal do domicilio do autor, se o menor não tiver residência
habitual ou for incerto ou ausente (art. 53º, nº 2).
- Se o menor tiver o domicílio e a residência em país estrangeiro,
será demandado no tribunal do lugar em que se encontrar; não se
encontrando em território timorense será demandado no do
domicílio do autor, e, quando este domicílio for em país
estrangeiro, será competente para a causa o tribunal distrital de
Díli (art. 53º, nº 3).
12. Processo aplicável.
Processo comum declarativo (art. 347º, nº 2 do Código de
Processo Civil).
Existe isenção objectiva de custas (art. 3º, al. a) do Código das
Custas Judiciais).
Valor da acção: USD 5000 (art. 264º do Código de Processo
Civil).7
Patrocínio judiciário: o(s) requerente(s) têm que estar
representados por Advogado ou Defensor Público (art. 36º, nº 1 e
2 do Código de Processo Civil).
- Tramitação usual:
► Petição inicial, nos termos do art. 349º do Código de
Processo Civil.
7 O Acórdão de 28/6/2012, proferido pelo Tribunal de Recurso no proc. nº 06/Cível/ 2012/TR,
entendeu que nos processos de jurisdição voluntária, como sejam os processos de
adopção ou de regulação do poder paternal, não é obrigatória a intervenção do tribunal
colectivo, não se verificando a nulidade prevista no art. 395º, nº 2, nos casos em que tal
intervenção seja preterida.
13
► Eventual indeferimento liminar (art. 355º do Código de
Processo Civil) ou aperfeiçoamento da petição inicial (art.
358º do Código de Processo Civil).
► Realização de inquérito, nos termos do art. 1853º do C.
Civil.
► Audição dos adoptantes e pessoas que têm de dar o
consentimento, nos termos do art. 1861º do C. Civil.8
► Audição do(s) filho(s) do adoptante maiores de 12 anos, ascendentes ou, na sua falta, os irmãos maiores do progenitor falecido, se o adoptando for filho do cônjuge do adoptante e o seu consentimento não for necessário, salvo se estiverem privados das faculdades mentais ou se, por qualquer outra razão, houver grave dificuldade em os ouvir. (art. 1863º, al. a) e b) do C. Civil). ► Outras diligências (requeridas ou necessárias). ► Abertura de vista ao Ministério Público. ► Sentença (art. 406º e seguintes do Código de Processo Civil). ► Eventual recurso (art. 426º e seguintes do Código de Processo Civil).
8 Exemplo do conteúdo da acta: «o Mº Juiz advertiu e esclareceu a declarante do significado e
efeitos da adopção e suas consequências jurídicas, a qual declarou estar devidamente
esclarecida e consciente das consequências deste seu acto e ser da sua inteira e livre vontade
prestar o seu consentimento para a adopção plena do seu filho(a)».
14
13. Alteração do registo civil do adoptado.
De acordo com o art. 1867º, nº 1 do C. Civil, um dos efeitos da adopção
consiste na perda, por parte do adoptado, dos seus apelidos de origem e
constituição de novo nome, com as necessárias adaptações, nos termos do art.
1755º do C. Civil.
O nome próprio, em regra, mantém-se, só excepcionalmente, a pedido
dos adoptantes pode ser alterado. O direito à identidade pessoal tem grande
importância para o menor pois, é com ele que se identifica e é reconhecido nas
suas relações com terceiros e família.
Há casos em que a total alteração do nome se justifica, por exemplo,
quando o menor com poucos meses de idade, é entregue aos adoptantes.
A sentença que decrete a adopção tem que ser comunicada ao registo
civil para alteração do nome e filiação (vide, Diploma Ministerial 8/2003 de
29/10, o regulamento UNTAET 2001/3 relativo à emissão de documentos de
registo civil, nascimento, casamento, divórcio, óbito e adopção e a Lei da
Nacionalidade, aprovada pela Lei n.º 9/2002, de 5/11).
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B- Peças processuais
1. Petição inicial. Confiança judicial com vista à adopção.
Exmº Sr. Juiz de Direito junto do Tribunal
.........................................
O Ministério Público vem, nos termos dos art. 3º, nº 1, al. a) e 5º, nº 1
da Lei 14/2005 e art. 1857º, nº 4 do C. Civil, beneficiando de isenção de custas
(art. 3º, al. a) do Código das Custas Judiciais), requerer a confiança judicial
com vista a futura adopção do menor:
Miguel ........., nascido a 29/5/2008, filho de Maria ......., e Carlos ........,
residente na Rua ................
Contra:
Maria ....... Alves, residente na Rua ....................................
Carlos........Alves, residente na Rua ...................................
Nos termos e com os seguintes fundamentos:
1º
O menor António ........., nasceu a 29/5/2008, filho de Maria ......., e
Carlos ........ (Doc. 1).
2º
Em Junho de 2009, Carlos discutiu com a mãe do menor e colocou-a
fora de casa, juntamente com o menor António,
16
3º
Maria, mãe do menor dedica-se à prostituição.
4º
Carlos, pai do menor, é dependente de drogas,
5º
Em Julho de 2009, o menor foi acolhido por João ...... e Joana.......,
residentes em ..............,
6º
Os pais do menor nunca o visitaram, telefonaram ou procuraram,
7º
Apesar dos contactos do casal no sentido de iniciarem um processo de
reaproximação ao filho,
8º
O menor António chama pai e mãe ao casal que o acolheu e integra-se
plenamente na família,
9º
Frequenta a escola, pratica natação e os escuteiros,
Nestes termos e nos demais de direito, deve a presente
acção ser julgada provada e procedente e, em consequência, ser
o menor António confiado ao casal constituído por João ...... e
Joana ....., com vista a futura adopção.
Para o efeito, requer-se a citação dos requeridos para,
querendo, contestarem a presente acção, devendo todas as
referências à identificação das pessoas a quem o menor vai ser
confiado eliminadas da cópia da petição a entregar (art. 1864º, nº
1 C. Civil), seguindo-se os demais termos até final.
17
Prova: a) Documental: ,,,, documentos. b) Testemunhal: - Luís ......, residente na Rua.......... - Manuel ......., residente na Rua........ Valor: USD 5000 (cinco mil dólares). Junta: ,,,,, documentos e duplicados legais. O Procurador da República .................................
18
2. Petição inicial. Pedido de adopção.
Exmº Sr. Juiz de Direito junto do Tribunal
.........................................
Carlos ....., e sua mulher Maria......, ele professor, e ela doméstica,
residentes na Rua .................., nesta cidade de ........., nos termos dos art,,,,,,,,,,
do C. Civil, beneficiando de isenção de custas (art. 3º, al. a) do Código das
Custas Judiciais), vêm requerer a adopção de:
Miguel ........., menor de 10 anos de idade, residente com os
requerentes na Rua ................
Nos termos e com os seguintes fundamentos:
1º Os requerentes nasceram a ..../..../..... e ..../..../....., respectivamente (Doc. 1 e 2), e contraíram casamento entre si a ...../...../..... (Doc. 3), casamento esse que se mantém.
2º O menor Miguel nasceu a ...../..../...., é filho de António ....... e de Joana ........., já falecidos a ...../..../...... e ...../...../......, respectivamente (Doc. 4).
3º Depois da morte de sua mãe, ocorrida pouco depois do falecimento do marido, numa altura em que o menor tinha apenas 4 anos de idade, foi o mesmo recolhido pelos requerentes na sua habitação e, desde então, o têm tido a seu cargo e cuidados directos.
4º Tratando-o como se seu filho fosse, alimentando-o, educando-o, cuidando da sua saúde e prestando-lhe os cuidados necessários.
5º Os requerentes têm uma situação económica e social estável e têm desenvolvido um bom trabalho na formação humana e intelectual do menor,
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representando uma garantia quanto ao futuro da educação do menor, tendo por ele um genuíno afecto paternal.
6º Ao longo de 6 anos de vida em comum com os requerentes, o menor já se afeiçoou a estes, tratando-os como se fossem seus verdadeiros pais,
7º A requerida adopção revela-se claramente vantajosa para o menor que, com os pais já falecidos, e a viver desde os 4 anos de idade aos cuidados dos requerentes, se encontra em condições de ser adoptado, como aliás resulta do relatório que se junta (Doc. 5)
8º Os requerentes têm mais de 25 e menos de 60 anos, estão casados há mais de 4 anos e encontram-se em condições legais de adoptar.
9º Declaram que pretendem que do apelido do menor fique a constar o seu apelido «Alves», nos termos do art. 1867º, nº 2 do C. Civil.
Nestes termos e nos demais de direito aplicáveis, requer-se a V. Exª que, distribuída e autuada a acção, se digne mandar proceder a inquérito nos termos do art. 1853º, nº 2 do C. Civil, seguindo-se os demais termos até final, com o consequente decretar da adopção do menor Miguel ........, com todos os legais efeitos.
Prova: a) Documental: ,,,, documentos. b) Testemunhal: - Carlos ......, residente na Rua.......... - Manuel ......., residente na Rua........ Valor: USD 5000 (cinco mil dólares). Junta: ,,,,, documentos e duplicados legais. O Advogado/Defensor Público .................................
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3. Parecer do M. Público em pedido de adopção.
I – O PEDIDO
Através da petição inicial entrada em ....../....../2012 e que constitui fls.
..... e seguintes dos presentes autos, Carlos.............. e Maria...........................
vieram requerer a adopção do menor:
Miguel ...........
Complementarmente, mais requereram alteração do nome do
adoptando, solicitando que passasse a ser: Miguel ......... Alves.
Cumpre, neste momento, emitir parecer sobre tal pretensão.
II – APRECIAÇÃO
O Ministério Público entende estarem verificados os requisitos formais
de que depende o sucesso da pretensão dos Requerentes, com efeito;
- Idades e duração do matrimónio.
Conforme se alcança das certidões juntas a fls. ......, a Requerente
nasceu em ....../...../...... e o Requerente nasceu em ...../...../....., sendo casados
entre si desde ....../...../...... (fls........).
Ou seja, está observado o disposto no art.1858º do C. Civil.
Por outro lado, resulta das certidão junta a fls. ...... que aquele menor
nasceu no dia ..... de .......... de ..........
Ou seja, também está observado o disposto no art. 1859º, nº 2 do
mesmo diploma legal.
- Dispensa de consentimento dos pais.
De acordo com a certidão de fls. ..... e seguintes o menor foi confiado
judicialmente em virtude de se ter considerado verificada a situação prevista no
art. 1857º, nº 1, al. c) do C. Civil.
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Ou seja, está dispensado o consentimento dos pais nos termos do art.
1860º nº 2, sendo certo não carecer a pretendida adopção de outro qualquer
consentimento.
Por outro lado, também estão reunidos os requisitos substanciais
aludidos no art. 1854º do C. Civil de que depende o pedido formulado, sendo
ainda certo que, encontrando-se os menores à guarda dos Requerentes desde
...../....../....... (cfr. fls. .......), é já possível avaliar adequadamente da sua
verificação.
Com efeito:
Do teor da sentença que decretou a confiança Judicial atrás referida, e
do relatório a fls ...... é claro que a adopção representa vantagem, em termos
sociais, económicos e, sobretudo, afectivos, para um desenvolvimento
harmonioso do menor.
Também se alcança da mesma prova que se encontram constituídos
entre o menor e os Requerentes vínculos semelhantes aos da filiação, sendo o
menor por todos considerados como se fosse filho dos Requerentes;
Os Requerentes apresentaram razões legítimas para adoptar.
Finalmente, e quanto à pretendida alteração dos apelidos do menor,
entende-se que o respectivo pedido deve ser deferido, por ser decorrência da
decisão de adopção (art. 1867º do C. Civil).
Pelo exposto, e tendo em conta a prova produzida emite-se
parecer favorável à pretensão dos requerentes por assim se
defender os superiores interesses do menor Miguel ................
O Procurador da República
......................................
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4. Petição inicial. Confiança judicial para futura adopção.
Exmº Sr. Juiz de Direito junto do Tribunal Distrital de ................9
O Ministério Público vem, nos termos dos art. 3º, nº 1, al. a) e 5º, nº 1
da Lei 14/2005 e art. 1857º, nº 4 do C. Civil, beneficiando de isenção de custas
(art. 3º, al. a) do Código das Custas Judiciais), requerer a confiança judicial
com vista a futura adopção da menor:
Maria ........., filha de Ana ......., residente na
instituição……………………………
Contra:
Ana ......., residente em ....................................
Nos termos e com os seguintes fundamentos:
1º
A menor Maria........., nasceu em 29/5/2008 e é filha de Ana ........(Doc.
1).
2º
A menor foi abandonada pela mãe em …./…../….., em Díli,
...............................num estado que colocou em grave perigo a sua saúde e
segurança.
9 Tribunal singular - o Acórdão de 28/6/2012, proferido pelo Tribunal de Recurso no proc. nº
06/Cível/ 2012/TR, entendeu que nos processos de jurisdição voluntária, como sejam os
processos de adopção ou de regulação do poder paternal, não é obrigatória a intervenção do
tribunal colectivo.
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3º
Por tal motivo, acabou entregue aos cuidados da instituição …… em
…../…../…….
4º
Desde que se encontra na instituição, a mãe da menor nunca a
procurou.
5º
Carla ............ e ...............nasceram a ..../..../..... e ..../..../.....,
respectivamente (Doc. 1 e 2), e são casados entre si (Doc. 3), casamento esse
que se mantém.
6º
Em …../…../……, Carla e .... conheceram a menor .......... na instituição
………….
7º
De imediato, estabeleceu-se uma relação de empatia entre o casal e a
menor,
8º
Que, com posteriores visitas e contactos entre ambos, se transformou
em amor e carinho,
9º
E, na decisão de possibilitar à menor a integração num ambiente familiar
onde se possa desenvolver harmoniosamente, alimentando-a, educando-a,
cuidando da sua saúde e prestando-lhe os cuidados necessários.
10º
Carla e .......... têm uma situação económica e social estável e têm
desenvolvido um bom trabalho na formação humana e intelectual da sua
filha.........., também adoptada (Doc........) representando uma garantia quanto
ao futuro da educação da menor, tendo por ela um genuíno afecto paternal
(Doc.....).
11º
A família é o elemento fundamental da sociedade e tem direito à protecção do Estado conforme dispõe o art. 18º, nº 1 e 39º da Constituição.
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O fundamento da intervenção do Estado e da comunidade é o de assegurar e viabilizar o direito fundamental de toda a criança a desenvolver-se numa família.
12º O princípio do interesse superior da criança é o critério prevalecente nas decisões que lhe respeitam e deve ser entendido como o direito do menor ao desenvolvimento são e normal no plano físico, intelectual, moral, espiritual e social em condições de liberdade e dignidade.
13º Na verdade, a criança é um sujeito de direitos, em que sobreleva o
direito a um desenvolvimento harmonioso, num ambiente familiar que exige a afeição e responsabilidade e a ausência de descontinuidades graves no seu acompanhamento afectivo e educacional.
14º
É necessário evitar a institucionalização prolongada de crianças, pois a vivência institucional prolongada viola o direito fundamental das crianças à convivência familiar,
15º Como impõe o art. 20º, nº 1 da Convenção Sobre os Direitos da Criança
(ratificada para adesão pela Resolução nº 16/2003, de 30/07, do Parlamento timorense e em vigor na ordem jurídica por força do art. 9º, nº 2 da Constituição), a colocação em instituição é a última oportunidade de protecção e assistência que o Estado tem para assegurar o desenvolvimento integral da criança. E, os nºs 2 e 3 do art. 20º obrigam o Estado a assegurar uma protecção alternativa, como a agora requerida confiança da menor.
16º A confiança judicial da menor tem, como primeira finalidade, a defesa desta, evitando que se prolonguem situações em que esta sofre as carências derivadas da ausência de uma relação familiar,
17º
A futura adopção revela-se claramente vantajosa para a menor porque
……………………………………………………………............................................
............................................................................................................................
18º
A confiança judicial da menor é legalmente possivel ao abrigo do art.
1857º, nº 1, do C. Civil: o abandono da menor (art. 1857º, nº 1, al. a), a
colocação em perigo grave (art. 1857º, nº 1, al. c) e o manifesto desinteresse
pela filha (art. 1857º, nº 1, al. e).
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Nestes termos e nos demais de direito, deve a presente
acção ser julgada provada e procedente e, em consequência, ser
a menor …………. confiada ao casal constituído por Carla ...... e
………....., com vista a futura adopção.
Para o efeito, requer-se a citação da requerida para,
querendo, contestar a presente acção, devendo todas as
referências à identificação das pessoas a quem a menor vai ser
confiada eliminadas da cópia da petição a entregar (art. 1864º, nº
1 C. Civil), seguindo-se os demais termos até final.
Prova:
a) Documental: ,,,......., documentos.
b) Testemunhal:
1- ......, residente na Rua..........
2- ......., residente na Rua........
3- ......., residente na Rua........
Valor: USD 5000 (cinco mil dólares).
Junta: ,,,,, documentos e duplicados legais.
- Doc. 1, certidão nascimento do menor....
- Doc. 2, certidão de casamento de .....
- Doc. 3, certidão nascimento de .......
- Doc. 4 Relatório social.....
- Doc. 5 Relatório social .......
O Procurador da República
.................................