a acao executiva no novo codigo de processo civil

Upload: donaciano-duarte

Post on 04-Jun-2018

239 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    1/26

    __________________________________________________________________________________________________________

    1-Todos os artigos mencionados sem indicao do diploma a que pertencem so do Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo

    Lei n. 41/2013, de 26 de junho.

    TTEEMMAASSDDAARREEFFOORRMMAADDOOPPRROOCCEESSSSOOCCIIVVIILLDDEE22001133

    ((NNoorrmmaassIInnoovvaaddoorraasseeDDiirreeiittooTTrraannssiittrriioo))

    (Texto de apoio da interveno efetuada na tertl ia

    subordinada aotema:AAoExecutiva noNovoCdigo

    deProcessoCivil:QuestesPrticaseDireitoTransitrio .

    SaloNobredaCmaraMunicipal,em24/10/2013,Ovar.)

    A) Vicissitudes da instncia em geral:1 - Suspenso da instncia executiva por acordo entre exequente e executado:

    Considerando que o artigo 809. do Cd. Proc. Civil 1, aprovado em anexo Lei n.

    41/2013, de 26 de junho, correspondente ao artigo 885. do cdigo revogado, no tem um

    dispositivo semelhante ao n. 5 deste ltimo artigo, que mandava aplicar o regime de tutela

    dos direitos dos credores reclamantes ao acordo de suspenso da instncia executiva por

    iniciativa das partes (exequente e executado), pergunta-se se esta eliminao do indicado

    normativo legal tem o significado de passar a no admitir-se a vicissitude processual de

    suspenso da instncia na ao executiva?

    Penso que no, porque a razo para se ter eliminado o n. 5 do artigo 885. do cdigo

    revogado relaciona-se com a circunstncia de a juno aos autos (rectius, a comunicao ao

    agente de execuo) de um plano de pagamento em prestaes da quantia exequenda

    determinar, agora, a extino da execuo, e no a suspenso da execuo, como sucedia no

    regime pretrito.

    A cobertura legal para a admissibilidade da suspenso da instncia executiva por

    iniciativa das partes continua a ser a norma da parte geral do cdigo respeitante suspenso

    da instncia, o atual artigo 272., que reduziu o perodo legalmente admissvel desta

    vicissitude da instncia para trs meses (cfr. n. 4 deste normativo).

    Esta faculdade de suspenso da instncia constitui manifestao do princpio dispositivo

    que enforma tendencialmente o nosso direito processual civil (embora de forma menos

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    2/26

    2

    acentuada, com a atual reforma), pelo que dever continuar a admitir-se o seu exerccio na

    vigncia do novo cdigo, incluindo no mbito da ao executiva.

    Diferentemente, porm, do que sucedia no regime pretrito, os credores reclamantes

    no se podem, agora, opor suspenso da instncia executiva por acordo entre exequente e

    executado, excetuando na hiptese prevista no n. 4 do artigo 763. (correspondente ao n. 5

    do artigo 847. do cdigo revogado).

    2 - Suspenso da instncia por iniciativa das partes requerida antes do dia 1 de

    Setembro:So imediatamente aplicveis as disposies gerais e comuns do NCPC (artigo 5.,

    n. 1 da Lei n. 41/2013, de 26 de Junho), pelo que seria de aplicar aos autos o artigo 272., n.

    4 do novo cdigo. No entanto, os efeitos dos atos praticados pelas partes at data da

    entrada em vigor da referida lei ficam ressalvados (artigo 12., n. 1, parte final, do Cdigo

    Civil), ou seja, no que aqui interessa, a apresentao do requerimento relativo suspenso da

    instncia deve ser apreciado em face do cdigo revogado.

    Assim, no que se refere aplicao no tempo do n. 4 do artigo 272. do NCPC, e em

    harmonia com o disposto no artigo 12., n. 1, parte final, do Cdigo Civil (de que corolrio

    lgico o artigo 136., n. 1 do Cd. Proc. Civil), a apresentao antes do dia 1 de Setembro do

    requerimento relativo suspenso da instncia executiva deve ser apreciado pelo juiz luz do

    cdigo revogado.

    Como entendimento maioritrio e, agora, vertido no texto da lei que as partes

    podem requerer a suspenso por diversas vezes, desde que, na totalidade, no excedam o

    limite legal, haver que entender-se que o novo limite de trs meses s vale para os

    requerimentos de suspenso apresentados a partir da entrada em vigor da Lei n. 41/2013, a

    no ser que, segundo o artigo 279., n. 4 do cdigo revogado, os perodos j usados pelas

    partes perfaam, na totalidade, o anterior limite legal de 6 meses.

    3 - Desero da instncia. Aplicao no tempo dos n.s 1 e 5 do art. 281. do NCPC:

    Parece-me que se deve aplicar a disposio contida no n. 1 do artigo 297. do Cdigo

    Civil, a saber, as novas disposies sobre a desero da instncia so imediatamente aplicveis

    aos prazos (incluindo o de interrupo da instncia) em curso, mas o novo prazo s se conta a

    partir de 1 de Setembro de 2013, a no ser que, segundo o cdigo revogado, falte menos

    tempo para o prazo se completar.

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    3/26

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    4/26

    4

    E, no que se refere oposio execuo, que est abrangida pelo n. 4 do artigo 6. da

    Lei 41/2013, ser que as normas agora introduzidas pela Reforma relativas ao agendamento

    de diligncias, adiamento da audincia final e suspenso da instncia por iniciativa das partes

    tambm so de aplicar s oposies pendentes em 1 de Setembro ?

    Deveria ser assim. Apenas se deveria ter excetuado a fase liminar deste incidente, pois

    nessa fase que se fazem sentir as alteraes (nomeadamente, no que se refere ao efeito

    suspensivo da execuo), mas o que claramente resulta do disposto no n. 4 do artigo 6. da

    Lei n. 41/2013 no sentido de excluir toda a tramitao do incidente pendente do novo

    corpo legislativo, pois no feita qualquer distino por fases do processo na aplicao do

    regime transitrio.

    5 Novo regime jurdico do processo de inventrio:

    Existe uma dissonncia entre a entrada em vigor do NCPC e do Novo Regime Jurdico do

    Processo de Inventrio, pois de acordo com o artigo 4., al. a) da Lei n. 41/2013, de 26 de

    junho, revogado o Decreto-Lei n. 44 129, de 28 de Dezembro de 1961, que procedeu

    aprovao do Cdigo de Processo Civil embora no tenham sido expressamente revogados

    os diversos diplomas que sucessivamente o alteraram, o que significa que tais diplomas se

    mantm em vigor relativamente quelas normas neles previstas que no foram includas no

    novo cdigo e que se mantinham a vigorar , operando essa revogao a partir do dia 1 de

    setembro de 2013.

    Um dos regimes no includo no Cdigo de Processo Civil o corpo de normas relativo

    ao processo de inventrio, cujo Novo Regime Jurdico foi aprovado pela Lei n. 23/2013, de 5

    de maro, que entrou em vigor no dia 2 de setembro de 2013 (correspondente ao primeiro dia

    til daquele ms, em conformidade com a norma transitria constante do artigo 8. daquele

    diploma legal), e que no seu artigo 6., n. 2 revoga o corpo normativo relativo ao processo de

    inventrio.

    Com o propsito de esclarecer esta parcial sobreposio de normas revogatrias que

    se coloca com particular acuidade, atento o aparente vazio normativo, no que se refere aos

    processos de inventrio instaurados no dia 1 de setembro de 2013 , a Portaria n. 278/2013,

    de 26 de agosto que regulamenta diversos aspetos do Novo Regime Jurdico do Inventrio ,

    no seu artigo 29. estabelece que os processos de inventrio instaurados at data da entrada

    em vigor da Lei n. 23/2013, de 5 de maro, mantm a sua tramitao no tribunal, nos termos

    das disposies legais em vigor a 31 de agosto de 2013, atribuindo, assim, competncia aos

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    5/26

    5

    tribunais para os processos de inventrio instaurados at ao dia 1 de setembro de 2013,

    inclusive.

    Tendo aquele esclarecimento sido efetuado atravs de uma norma hierarquicamente

    inferior s normas legais em confronto (respetivamente, o artigo 4., al. a), da Lei n. 41/2013,

    de 26 de junho, e o artigo 6., n. 2 da Lei n. 23/2013, de 5 de maro), existe uma aparente

    ilegalidade do artigo 29. da Portaria n. 278/2013, de 26 de agosto.

    Todavia, essa ilegalidade, como se disse, apenas aparente, pois o artigo 29. da

    Portaria n. 278/2013, de 26 de agosto, deve ser interpretado to-somente como uma norma

    clarificadora da parcial sobreposio de normas revogatrias, no sentido de reforar a

    prevalncia da revogao constante do n. 2 do artigo 6. da Lei n. 23/2013, de 5 de maro

    porque temporalmente anterior sobre a revogao posterior em matria de processo de

    inventrio operada pelo artigo 4., al. a), da Lei n. 41/2013, de 26 de junho, de modo a que a

    revogao do corpo normativo relativo ao processo de inventrio apenas produziu efeitos

    quando entrou em vigor o Novo Regime Jurdico do Inventrio aprovado por aquela lei, ou

    seja, no dia 2 de setembro de 2013.

    6 - Regime transitrio em matria de recursos:

    Sem prejuzo de opinio mais autorizada, sugiro o seguinte esquema prtico:

    Sempre que a deciso censurada tenha sido proferida a partir de 1 de Setembro de 2013,

    aplica-se o regime recursrio cvel previsto no Cd. Proc. Civil, aprovado em anexo Lei n.

    41/2013, de 26 de junho, independentemente da data em que a ao foi instaurada, com

    ressalva do novo regime consagrado para a dupla conforme.

    Relativamente s decises anteriores a 1 de Setembro, preciso distinguir:

    1) quando a ao tenha sido instaurada antes de 1 de Janeiro de 2008, aplica-se o regime

    anterior reforma introduzida pelo DL n. 303/2007, de 24 de Agosto, pois de harmonia com anorma de direito transitrio especial constante deste diploma, o regime nele previsto s

    aplicvel aos recursos interpostos de decises proferidas em processos iniciados a partir de 1

    de Janeiro de 2008 (arts. 11. e 12., n. 1 do mencionado diploma legal); 2) nas aes

    instauradas a partir de 1 de Janeiro de 2008, aplica-se o regime recursrio decorrente do DL

    n. 303/2007, de 24 de Agosto.

    Pode-se, ainda, colocar uma interessante questo prtica em relao s oposies

    execuo propostas a partir de 1 de Janeiro de 2008 mas que constituam apenso de umaexecuo instaurada antes desta data (01/01/2008).

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    6/26

    6

    Parece-me que o n. 1 do art. 11. do Dec.-Lei n. 303/2007, de 24 de Agosto, ao referir

    que as alteraes ao Cdigo de Processo Civil por ele introduzidas apenas so aplicveis aos

    processos iniciados a partir da sua entrada em vigor, est a reportar-se aos processos

    principais, nele no abrangendo os incidentes e apensos iniciados ou deduzidos a partir da

    entrada em vigor dessas alteraes.

    O que se compreende, a fim de evitar uma dualidade de normas aplicvel ao mesmo

    processo, i. ., a no ser assim haveria que aplicar diferentes redaes do processo civil, no

    caso particular do regime de recursos, causa principal e ao incidente ou apenso, sendo que a

    oposio execuo no deixa de constituir um apndice do processo de execuo e, por isso,

    com ele funcionalmente relacionado. Uma vez que existem entre a ao executiva e o

    incidente de oposio execuo repercusses intra-processuais, devem ser tratados apenas

    como uma unidade processual, a fim de evitar uma dualidade de normas a ela aplicvel.

    Assim sendo, desde que a deciso censurada seja anterior a 1 de Setembro de 2013,

    reputo como mais acertada a soluo de no incluir os incidentes de oposio execuo

    iniciados ou deduzidos a partir da entrada em vigor das alteraes introduzidas pelo DL n.

    303/2007, de 24 de Agosto, que constituam apenso de execues instauradas em momento

    anterior, sendo-lhes, antes, aplicvel o regime recursrio cvel na redao dada pelo Dec.-Lei

    n. 38/2003, de 8 de Maro.

    7 Adiamento da audincia:

    O atual cdigo de processo civil limitou drasticamente as possveis causas de adiamento

    da audincia, e pela epgrafe do art. 603. do NCPC fica-se at com a sensao de que no

    existem causas de adiamento. O legislador prefere chamar-lhe casos em que no se realiza a

    audincia. Mais detalhadamente, possvel visionar quatro causas de adiamento da audincia

    final: 1) se houver impedimento do tribunal, nomeadamente, devido realizao de outra

    diligncia; 2) faltar algum dos advogados sem que o juiz tenha providenciado pelo prvio

    cotejamento de agendas; 3) ocorrer motivo que constitua justo impedimento, nos termos do

    artigo 140. do NCPC; 4), e, quando tenha sido apresentado documento nos termos do n. 3

    do artigo 423. do NCPC, a parte contrria no o possa examinar no prprio ato e o juiz

    entenda que existe grave inconveniente no prosseguimento da audincia, j iniciada ou a

    iniciar (cfr. n. 4 do art. 424.).

    Tratamento do justo impedimento por falta de advogado doente:

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    7/26

    7

    De acordo com o disposto no n. 1 do artigo 140. do NCPC considera-se justo

    impedimento o evento no imputvel parte nem aos seus representantes ou mandatrios

    que obste prtica atempada do ato. Em termos de definio conceitual, nada de novo

    relativamente ao artigo 146., n. 1 do cdigo revogado. requisito essencial para a

    verificao de justo impedimento que quem o invocar, seja a parte ou seu mandatrio, se

    apresente a requer-lo logo que haja cessado (cfr. n. 2 do art. 140.).

    Pode suceder que o mandatrio, por motivo de doena que o impede de comparecer

    em tribunal, no comunique a sua impossibilidade de comparecimento at ao incio da

    diligncia. Num caso como este, desconhecendo o juiz o motivo da falta do mandatrio, a

    audincia final realiza-se na ausncia do advogado.

    Tendo o mandatrio comunicado a impossibilidade de comparecimento at ao incio da

    audincia, e no estando ainda munido de documento comprovativo do impedimento

    legtimo, deve convencer o juiz da seriedade do motivo invocado, sem prejuzo de

    posteriormente, e no mais curto prazo, remeter o documento justificativo da sua ausncia.

    Claro est que, no sendo tal documento enviado, o mesmo no consubstancie uma

    causa de doena que impea o advogado de comparecer ou o juiz duvide da genuinidade do

    documento, ter o mandatrio de suportar as custas devidas pelo desenvolvimento processual

    anmalo a que deu causa.

    O adiamento devido interveno do mandatrio noutra diligncia no constitui justo

    impedimento se o juiz tiver providenciado pela marcao mediante prvio cotejamento de

    agendas. No caso de impedimento do tribunal por idntico motivo, aquilo que pode ser

    censurvel a falta de disciplina no agendamento das diligncias, matria que do foro da

    gesto processual e sobre a qual o presidente da comarca pode intervir ao abrigo das

    atribuies genricas conferidas pelo artigo 88., n. 4 da Lei n. 52/2008, de 28 de Agosto.

    E se as partes esto em vias de alcanar transao ?, poder admitir-se o adiamento da

    audincia final por acordo das partes ?

    A reforma do Processo Civil de 2013, ao no admitir a suspenso da instncia por

    iniciativa das partes quando da mesma resulte o adiamento da audincia final (art. 272., n. 4,

    parte final do NCPC) e, ainda, ao restringir as possibilidades de no realizao da audincia

    final, conforme decorre do art. 603., n. 1 do mesmo cdigo, consagrou como princpio

    estruturante o princpio da inadiabilidade da audincia, elevando a celeridade processual a um

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    8/26

    8

    interesse pblico indisponvel, o que significa que os indicados artigos probem diretamente o

    adiamento da audincia final, por mero acordo das partes, tendente a impedir a sua realizao

    na data fixada.

    Todos os elementos hermenuticos convergem nesta soluo: o elemento gramatical -

    adiar compreende qualquer tentativa ou forma de transferncia da diligncia para novo dia;

    elemento histrico - resulta dos trabalhos preparatrios o claro propsito de criar uma norma

    que combata a perturbao do agendamento da audincia final; e, finalmente, o elemento

    teleolgico porque, como se referiu, das duas normas indicadas decorre o princpio da

    inadiabilidade da audincia e a consagrao da celeridade processual como um interesse

    pblico indisponvel.

    Todavia, a presente soluo legal no prejudica qualquer tentativa sria de obteno da

    composio amigvel do litgio, desde que as partes, antes do incio da audincia final,

    convenam o juiz da seriedade da tentativa de acordo e de que no foi possvel a sua obteno

    at esse momento, deferindo o juiz a suspenso da instncia ao abrigo do disposto no art. 6.,

    n. 1 e 272., n. 1, parte final, ambos do NCPC.

    Claro que, tratando-se de um desenvolvimento processual anmalo, ambas as partes

    ficaro sujeitas ao pagamento das custas do incidente, caso o acordo no seja alcanado, umavez que a matriz da atual reforma do processo civil exige e pressupe a necessidade das partes

    procurarem o acordo a montante.

    Na hiptese da no obteno do acordo se dever a uma posio de bloqueio de uma das

    partes (p ex., no comparece s reunies, torna-se incontactvel), apenas aquela a quem

    imputvel essa situao ser condenada em multa, de acordo com o princpio da causalidade

    em matria de custas, sem prejuzo de a conduta processual poder, ainda, ser apreciada em

    termos de litigncia de m-f.

    O recurso pelas partes mediao em matria cvel no alternativa inadmissibilidade

    da suspenso da instncia, nos termos do n. 4 do artigo 272. do NCPC, porque o uso daquele

    meio alternativo est condicionado aos pressupostos previstos nesse normativo, como decorre

    da segunda parte do n. 2 do artigo 273. do mesmo cdigo.

    8 - Limite do nmero de testemunhas nos processos pendentes:

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    9/26

    9

    Numa situao em que o nmero de testemunhas indicado no requerimento probatrio

    apresentado, j admitido ou por admitir, ultrapassa o novo nmero legal, devem ser todas

    inquiridas com limite de pontos de facto, sem esse limite ou permitir que a parte s possa

    ouvir sobre toda a matria aquelas que respeitem o novo nmero legal, e, numa outra

    formulao, podendo o mandatrio, inclusive, escolher ouvir, de entre as que arrolou, aquelas

    que respeitem o novo limite.

    Comecei por defender a segunda soluo apontada.

    Equacionei, depois, como defensvel a primeira, considerando a especial conexo dos

    artigos 632. e 789. do cdigo revogado com a forma do processo, e, por isso, mantendo-se

    aplicveis aos processos pendentes porque disciplinam a atividade processual das partes em

    funo da forma (cf. a norma de direito transitrio especial prevista no n. 2 do art. 5. do

    diploma preambular da Lei n. 41/2013).

    Mas como no h amor como o primeiro (embora no Direito o dito nem sempre se

    aplique), aps leitura de alguns dos textos disponveis e em funo do que conheo das

    posies de quem esteve mais diretamente ligado ao projeto legislativo, a segunda soluo

    indicada supra ser aquela que melhor acautela o "iderio" da mais recente reforma do

    processo civil portugus (p.ex., terminar com precluses para as partes; no limitar a discusso

    da causa a matria de facto alegada; e a imediata aplicao destes princpios).

    Assim sendo, o juiz dever ouvir todas as testemunhas arroladas sem limite factual para cada

    uma delas, nada havendo que indicar, a tal propsito, na ata da audincia.

    Deixo como sugesto, nas aes mais complexas que se encontrem com a audincia de

    julgamento designada e ainda que tenha sido elaborada base instrutria, que se realize, por

    acordo com os mandatrios, uma nova condensao do processo, no mbito de uma diligncia

    atpica com os objetivos de uma audincia prvia.

    Na hiptese de a audincia de julgamento ter sido iniciada em momento anterior a 1 de

    Setembro e continuar aps essa data, as testemunhas arroladas devem ser todas inquiridas

    com limite de pontos de facto para evitar a dualidade de sistemas no decorrer da mesma

    audincia de discusso, embora com muitas reservas na defesa desta posio, uma vez que

    no pode ser negado a qualquer das partes o uso dos novos meios de prova, designadamente

    por declaraes de parte.

    9 - Prova por documentos:

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    10/26

    10

    Regra geral (art. 423., n. 1): os documentos destinados a fazer prova dos factos

    essenciais que constituem a causa de pedir e aqueles destinados a provar os factos em que se

    baseiam as excees invocadas tm de ser apresentados juntamente com o articulado

    respetivo aos factos alegados. At aqui, nada de novo, se compararmos com o disposto no

    artigo 523., n. 1 do cdigo revogado.

    Assim, se o autor alega o incumprimento de um contrato de compra e venda de um

    imvel por falta de pagamento do preo, deve juntar a escritura pblica com a petio inicial.

    Por seu lado, o ru se alega o pagamento parcial do preo mediante um cheque, dever

    apresentar este documento com a contestao por si deduzida.

    1. exceo (art. 423., n. 2): a parte pode, ainda, apresentar o documento at 20 dias

    antes da data em que se realize a audincia final, neste caso, porm, ser condenada em multa

    processual, exceto se justificar que o no pde oferecer com o articulado respetivo. Aqui, a

    nica novidade reside no encurtamento do perodo temporal at quando admitida a

    apresentao de documentos, pois o n. 2 do citado artigo 523. revogado permitia a

    apresentao de documentos at ao encerramento da discusso em primeira instncia.

    2. exceo (art. 423., n. 3, primeira parte): aps aquele limite temporal, a parte j no

    pode oferecer o documento destinado a fazer prova dos factos principais em que se

    fundamenta quer a ao quer a defesa. Todavia, poder faz-lo, mesmo em sede de recurso

    (art. 425.), se for documento cuja apresentao no tenha sido possvel em momento

    anterior (p.ex., encontrava-se em poder de terceiro ou da parte contrria que s aps o

    referido limite temporal lhe foi facultado; o possuidor do documento alegou justa causa para

    no efetuar a entrega; documento de que a parte no tinha conhecimento ou de que no

    podia fazer uso).

    3. exceo (art. 423., n. 3, segunda parte): ainda, mas s at ao encerramento da

    discusso em 1. instncia, se for documento cuja apresentao se tornou necessria em

    virtude de ocorrncia posterior (p. ex., documento destinado a provar facto posterior ao

    momento temporal estabelecido no n. 2 do art. 423.; documento destinado a provar facto

    instrumental ou complementar/concretizador resultante da discusso da causa).

    A propsito da juno de documento destinado a provar facto que resulta da instruo

    da causa, chamava a ateno para o seguinte: para que a parte possa apresentar este

    documento preciso que o facto surja espontaneamente da discusso da causa e no por

    sugesto ou induo do mandatrio que tem de provar o facto de acordo com a repartio do

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    11/26

    11

    nus da prova, sob pena de se subverter o sentido da precluso na apresentao intempestiva

    de documentos.

    Em qualquer caso, ter de ser documento que se revele pertinente e necessrio prova

    do facto (art. 443.).

    Comparao com o regime pretrito: deixou de ser possvel, mesmo com a aplicao de

    multa, a apresentao de documentos destinados a fazer prova dos fundamentos da ao ou

    da defesa para alm dos 20 dias antes da data da audincia de discusso (eliminando-se o

    factor-surpresa permitido pelo art. 523., n. 2 do cdigo revogado), exceto se a parte provar

    que os no pde apresentar at quele momento ou se justificar a apresentao como

    necessria em virtude de ocorrncia posterior, nos termos do art. 423., n. 3 do NCPC,

    fundamentos que, j na vigncia do cdigo revogado, possibilitavam a apresentao de

    documentos em qualquer estado do processo (cfr. art. 524., n. 2 desse cdigo).

    A precluso prevista no n. 2 do art. 423. do Cd. Proc. Civil, aprovado em anexo Lei

    n. 41/2013, de 26 de Junho, mantm-se mesmo na hiptese de o facto que a parte pretende

    provar dizer respeito a uma questo de conhecimento oficioso que determine a

    improcedncia, total ou parcial, da pretenso do autor ou do reconvinte. O princpio iura novit

    curia(art. 5., n. 3 do mesmo cdigo) no dispensa o nus de alegao dos factos em que se

    baseia a exceo invocada, e, por isso, no aligeira a obrigatoriedade da apresentao do

    documento, destinado a prov-los, juntamente com o articulado respetivo.

    Verificando-se as duas situaes excecionadas pelo n. 3 do art. 423., e semelhana

    do que sucedia antes da Lei n. 41/2013, de 26 de Junho, no h lugar a condenao da parte

    em multa processual.

    10 - Audincia preliminar marcada antes de 1 de Setembro de 2013:

    A diligncia no deve ser desmarcada porque o art. 5., n. 1 da Lei n. 41/2013 no o

    permite. O novo figurino da audincia prvia/preliminar (o nome no relevante) de

    aplicao imediata. Como as partes, em caso algum, podero ver afetados os seus direitos,

    maxime o direito a uma defesa eficaz, com a entrada em vigor do novo texto legislativo, se

    algum mandatrio no estiver em condies de apresentar o seu requerimento probatrio na

    prpria diligncia, concederia um prazo de 10 dias (mas pode ser de 15) para indicar o rol de

    testemunhas e outras provas, que melhor se harmonizem com os temas da prova fixados na

    ata.

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    12/26

    12

    11- Nas aes de valor superior a 15 mil euros, possvel dispensar a enunciao dos

    temas da prova ?

    Haver que distinguir a dispensa da audincia prvia com essa finalidade, da

    necessidade de prolao do despacho previsto no n. 1 do art. 596.: no que se refere

    primeira questo, responde o art. 593., n. 1; j no que tange segunda, parece-me, salvo

    melhor opinio, que nas aces de valor superior a 15 mil euros, o juiz deve proferir o

    despacho previsto no art. 596. por corresponder a uma nota estruturante do novo processo

    civil. O nico despacho que no seguro que haja o de adequao formal ou de simplificao

    ou agilizao processual, a que se refere a alnea b) do n. 2 do art. 593..

    ***

    B) Temas especficos da ao executiva:1 - Citao nas execues pendentes:

    As novas regras relativas forma da citao no so de incluir na tramitao da fase

    introdutria da ao executiva, mas sim nas disposies gerais e comuns, pelo que so de

    aplicao imediata (art. 6., n. 1 da Lei n. 41/2013, de 26 de junho).

    Assim, numa ao executiva instaurada no dia 31 de Agosto contra uma sociedade, em

    que a citao da executada ocorrer na vigncia do novo cdigo, vai ser realizada de acordo

    com as novas normas, designadamente, a pessoa coletiva ser citada para os termos da

    execuo j de acordo com o disposto no art. 246. do Cd. Proc. Civil aprovado em anexo

    quela lei, embora se mantenham aplicveis os artigos 812.-C a 812.-F do cdigo revogado.

    Assim, pode-se cumprir o n. 4 do art. 246. se a primeira carta j foi enviada para a

    sede inscrita no ficheiro central de pessoas coletivas caso a inscrio da citanda seja

    obrigatria. Esta citao considera-se efetuada independentemente de a carta ser ou no

    recebida (n. 2 do art. 230.).

    A inscrio no FCPC s no obrigatria para os NIPC iniciados por 7 - heranas indivisas

    e fundos (cfr. art. 13. do Regime do Registo Nacional de Pessoas Coletivas). Para estas

    entidades, a citao ser feita nos moldes previstos nos arts. 228. e 229. para as pessoas

    singulares, com as necessrias adaptaes.

    No caso de a carta relativa ao primeiro aviso ter sido devolvida com a meno mudou-

    se/endereo desconhecido ou insuficiente, antes de tudo, convm que o agente de execuo

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    13/26

    13

    se certifique que o endereo est correto, e s depois repetir o segundo aviso. Se o endereo

    estiver errado ou no for possvel identific-lo, haver que cumprir o art. 236..

    2 Cumulao sucessiva de execues:

    Na execuo iniciada sob a forma sumria, no caso de um dos ttulos a cumular ser de

    valor superior a 10.000 euros, o exequente tem de intentar nova execuo ou esta converte-se

    na forma de processo ordinrio, havendo, por isso, necessidade de remeter o processo

    secretaria para que esta o faa concluso para despacho liminar?

    Nas aes pendentes, em matria de formas de processo executivo, mantm-se o

    regime revogado - cf. art. 6., n. 3 da Lei n. 41/2013.

    Nas aes instauradas a partir do dia 1 de Setembro de 2013, defendo um mecanismo

    semelhante ao previsto no art. 855., n. 5 do NCPC a partir da juno do ttulo a cumular, cujo

    valor, uma vez somado ao ttulo j dado execuo, ultrapasse os 10.000 euros, ou seja, o

    agente de execuo dever remeter o processo para despacho liminar.

    3 Penhora de depsitos bancrios:

    penhora de saldos credores (embora idntico regime se aplique penhora de fundos

    de investimento, aes ou quaisquer outros ttulos ou valores mobilirios),que com a reforma

    processual civil introduzida pela Lei n. 41/2013, de 26 de junho, deixou de depender de prvio

    despacho judicial, aplicvel o n. 1 do art. 6. do diploma preambular desta lei, no que se

    refere ao direito transitrio especial, pois a penhora de depsitos bancrios pode ser efetuada

    em qualquer fase da ao executiva, desde que respeitado o princpio da adequao da

    penhora ao valor da obrigao exequenda e despesas previsveis da execuo (arts. 735., n.

    3 e 751. NCPC), no sendo, pois, uma diligncia que deva ocorrer apenas na fase preliminar

    (cf. n. 3 do art. 6. da Lei n. 41/2013).

    Significa isto que o art. 780. do NCPC aplicvel s execues pendentes em 1 de

    Setembro de 2013, incluindo aquelas em que a interveno do juiz tenha sido provocada pelo

    agente de execuo atravs de requerimento remetido eletronicamente para os autos em data

    anterior quela.

    Por isso, sugiro que os agentes de execuo apliquem imediatamente o referido art.

    780. do NCPC e no aguardem por despacho judicial, que o legislador da reforma dispensou.

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    14/26

    14

    4- Aplicao retroativa do artigo 750. do NCPC:

    Nos processos de execuo pendentes no dia 1 de Setembro, nos quais no tenham sido

    encontrados bens suscetveis de penhora, que se encontrem na fase do artigo 833., n.s 4 e 5

    (na redao do DL n. 38/2003, de 8 de Maro) ou do artigo 833.-B, n.s 3 e 4 (na redao do

    DL n. 226/2008, de 20 de Novembro), dever o agente de execuo proceder notificao do

    exequente nos termos do artigo 750., n. 1 do Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo

    Lei n. 41/2013, de 26 de Junho, com vista extino da execuo, nos termos do n. 2 do

    mesmo normativo legal.

    Vantagens: o exequente tem de especificar os bens que concretamente pretende

    penhorar, ultrapassando-se, deste modo, o impasse em que muitas execues se encontram

    por falta de identificao de bens penhorveis; torna-se desnecessria a citao edital do

    executado no caso da frustrao da sua citao pessoal.

    Parece-me, pois, que dever repetir-se a notificao ao exequente, porque agora claro

    que este tem de concretizar os bens que indica penhora, no basta uma indicao genrica,

    p.ex, pesquisar bens nas bases de dados. Por outro lado, a repetio da notificao ao

    exequente torna dispensvel a citao edital nos casos em que no se consiga a citao

    pessoal do executado.

    Assim, se for cumprido na ntegra o n. 1 do art. 750., j pode extinguir-se a execuo,caso no sejam indicados bens em concreto pelo exequente e se frustre a citao pessoal do

    executado, quando a execuo tenha iniciado com dispensa de citao prvia.

    Pelo que, o aconselhvel ser cumprir na ntegra os n.s 1 e 3, primeira parte, do art.

    750. do NCPC, nem que para isso se tenha de repetir a notificao ao exequente.

    Nesta hiptese, o agente de execuo extingue o processo nos termos do n. 2 do art.

    750. do NCPC, no havendo que cumprir o disposto nos arts. 11. e ss. da Portaria n.

    282/2013, de 29 de Agosto.

    5 Convocao de credores:

    A figura da dispensa da convocao de credores desapareceu com a reforma da ao

    executiva introduzida pelo Dec.-Lei n. 38/2003, de 8 de Maro, uma vez que este diploma

    suprimiu a citao edital dos credores. Com efeito, de acordo com o art. 864., n. 2 do Cd.

    Proc. Civil, na redao anterior vigncia daquele diploma, eram citados editalmente os

    credores desconhecidos e os sucessores de credor conhecido.

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    15/26

    15

    Hoje h apenas que considerar os casos em que no admitida a reclamao de

    crditos garantidos com privilgio creditrio geral (art. 865., n. 4 do CPC revogado, e art.

    788., n. 4, na redao atual).

    No decurso da vigncia do art. 865., n. 4 do cdigo revogado, e numa interpretao

    extensiva das alneas b) e c), entendia que a citao dos credores pblicos s deveria efetuar-

    se se o preo da venda dos bens penhorados excedesse 190 UC e o crdito do exequente fosse

    superior quele limiar.

    A jurisprudncia dos tribunais superiores ia no sentido de s no admitir a reclamao

    de crditos daqueles credores quando se verificassem os pressupostos expressamente

    previstos nas mencionadas alneas do art. 865., n. 4 do cdigo revogado.

    A proteo dos credores no privilegiados fazia-se no momento do pagamento, nos termos do

    disposto no art. 873., n. 3 daquele cdigo.

    O cdigo em vigor j permite, porm, que o AE no proceda s notificaes dos credores

    pblicos caso a penhora tenha incidido sobre bens mveis de valor inferior a 25 Unidades de

    Conta - cfr. parte final, da alnea a), do n. 4, do art. 788. do Cd. Proc. Civil, aprovado em

    anexo Lei n. 41/2013, de 26 de Junho e independentemente do valor do crdito

    exequendo.

    Esta norma de aplicao imediata, como tal, s execues pendentes no dia 1 de

    Setembro - cfr. art. 6., n. 1 da Lei n. 41/2013, de 26 de Junho.

    Parece-me que ser o valor total dos bens constantes do auto de penhora. O propsito

    de uma tal norma evitar tanto quanto possvel que naqueles casos em apenas so

    identificados os vulgares "tarecos", as finanas ou a segurana social consigam satisfazer os

    seus crditos de menor importncia custa do credor exequente, que foi quem mais

    despendeu com a procura de bens do executado.

    6- Pluralidade de execues sobre o mesmo bem:

    Encontrando-se o mesmo bem penhorado em mais do que uma execuo, o agente de

    execuo dever sustar quanto a este o processo executivo em que a penhora tiver sido

    posterior (n. 1 do art. 794.).

    O Exequente tem, ento, vrias possveis opes:

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    16/26

    16

    1- Pode (e no deve) reclamar o respectivo crdito no processo em que a penhora seja

    mais antiga, com base na garantia prevista no art. 822., n. 1 do Cdigo Civil - cfr. n. 1, parte

    final, do art. 794.;

    2- Desiste da penhora e indica outros bens em substituio - cfr. arts. 751., n. 4, al. e)

    e 794., n. 3;

    3- Desiste do pedido executivo ou da instncia - cfr. art. 285.;

    4- Deve reclamar o respetivo crdito no processo em que a penhora seja mais antiga

    quando sobre o bem penhorado goze de garantia real e tenha sido citado nesse processo, nos

    termos do art. 788., para que possa ser pago pelo produto da venda - cfr. n. 2 do art. 788.;

    5- Se o credor no tiver sido citado no processo em que a penhora seja mais antiga, e

    gozar de garantia real sobre o bem apreendido, pode, ainda, reclamar espontaneamente o

    respetivo crdito at transmisso do bem penhorado - cfr. art. 788., n. 3;

    6- Sem prejuzo da reclamao de crditos, pode aguardar o desfecho da execuo na

    qual o bem foi primeiramente penhorado, permanecendo a execuo por si instaurada sustada

    quanto quele bem, nos termos do n. 1 do art. 794., e prosseguindo quanto aos demais bens

    penhorados.

    Na hiptese de na execuo por si instaurada no serem identificados mais bens do

    devedor (sustao integral), no so aplicveis os artigos 281. (desero) e 763.

    (levantamento da penhora), mas antes h lugar extino da execuo, sem prejuzo da

    renovao da instncia executiva enquanto o direito de crdito no se encontrar prescrito (cfr.

    art. 327., n. 1 do Cdigo Civil).

    Na hiptese de penhora de rendimentos peridicos:

    Se a entidade empregadora responde, informando que o vencimento j se encontra

    penhorado ao abrigo de outro processo. Dever o agente de execuo notificar o exequente

    para indicar novos bens penhora sob pena de ser declarada extinta a execuo ?, ou dever a

    execuo em que a penhora tiver sido posterior ficar a aguardar o fim da penhora anterior ?,

    ou ainda, se o exequente no indicar outros bens, ter de reclamar o respetivo crdito por

    apenso ao processo executivo em que a penhora foi anteriormente efetuada ?

    Parece-me que o art. 794., n. 4, do NCPC no aplicvel ao caso exposto. Sem

    prejuzo do reforo ou substituio da penhora, caso no sejam indicados outros bens pelo

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    17/26

    17

    exequente, o processo de execuo dever aguardar o perodo de tempo necessrio

    realizao dos descontos na execuo em que a penhora tiver sido anterior, no sendo

    aplicvel os artigos 281. e 763. do cdigo de processo civil em virtude de a falta de impulso

    processual no ser imputvel ao exequente.

    A primeira soluo apontada tem vantagens do ponto de vista da celeridade processual,

    mas no da eficcia. Repare-se na hiptese de o trabalhador ser despedido. Pergunta-se, qual

    a utilidade da reclamao de crditos ? Nenhuma, e o cdigo probe os atos inteis. Por isso,

    acho que aquela soluo no foi partilhada pelo legislador.

    Chamava a ateno que a economia do ato de penhora de um rendimento peridico

    (salrio, vencimento, renda, etc.) no se materializa num momento nico que o da venda,

    altura em que se apura o produto da venda, com base no qual se efetuam os pagamentos aos

    diversos credores (exequente e reclamantes). A penhora de vencimento, por exemplo, s se

    concretiza com o ltimo desconto, apenas nessa altura se pode aferir qual foi o valor

    recuperado (que corresponde ao produto da venda de um bem corpreo ou de um direito

    coisificvel, como o direito de superfcie). Logo, se a penhora s se concretiza no momento

    em que termina o ltimo ato de desconto, ento, pergunta-se, qual a utilidade de o credor

    que obteve penhora posterior sobre o mesmo vencimento ir reclamar o seu crdito a um outro

    processo quando pode prosseguir a sua execuo porque o processo em que a penhora tiver

    sido anterior fica extinto atravs dos descontos que perfazem a totalidade da dvida ? Volto a

    dizer, nenhuma. No faz sentido que o processo em que a penhora tiver sido posterior

    continue sustado, nos termos do art. 794., j depois de terem sido efetuados todos os

    descontos no mbito do processo em que a penhora foi anterior.

    Deixo mais uma questo para anlise: quem paga as custas da reclamao de crditos

    quando este incidente se torne intil por despedimento do trabalhador ou verificao do

    termo do contrato de trabalho ainda no perodo de descontos ordem do processo que tiver apenhora mais antiga ? O trabalhador executado, parece-me que no; o credor reclamante,

    tambm no pode ser responsvel, porque a supervenincia da inutilidade no lhe

    imputvel; o credor exequente, tambm no pode ser responsabilizado porque no parte no

    apenso. Logo, no melhor dos cenrios, ir ser condenado o agente de execuo que deu

    origem ao incidente !

    E se na execuo sustada nos termos do art. 794., n. 1, tiverem sido reclamados

    crditos? Havendo apenso de reclamao de crditos, este extingue-se por inutilidadesuperveniente da lide, com custas pelo executado, devendo o credor reclamar o seu crdito,

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    18/26

    18

    at transmisso do bem, na execuo em que a penhora do bem sobre que incide a garantia

    real tiver sido anterior, assumindo a o impulso nos termos do n. 2 do art. 850. caso ocorra

    pagamento voluntrio da quantia exequenda nessa execuo ou por qualquer outro motivo o

    bem no chegue a ser vendido nem adjudicado.

    A execuo por impulso do credor reclamante apenas nos exatos termos previstos no

    art. 763., n.s 4 e 5 do NCPC. O disposto no art. 794., n. 4 no pode aplicar-se por analogia

    ao credor reclamante.

    7 - Plano de pagamento em prestaes comunicado ao Agente de Execuo em data

    anterior a 1 de Setembro:

    Em princpio, todas as normas relativas fase da penhora, concurso de credores e venda

    so de aplicao imediata (art. 6., n. 1 da Lei n. 41/2013). Tendo em conta a insero

    sistemtica do art. 806. do NCPC, esta norma aplica-se retroativamente, ainda que o plano de

    pagamento tenha sido junto ao processo em data anterior a 1 de Setembro pretrito.

    Quanto a esta questo, no preciso acautelar os efeitos anteriores, porque os direitos

    do credor exequente, por um lado, e dos credores reclamantes, por outro, continuam

    assegurados, e foram at reforados pela nova lei (cf. arts. 807. a 810. do NCPC).

    Parece-me que no se impe fazer a distino entre execues anteriores e posteriores

    a 31/03/2009, ou entre execues em que ainda no exista deciso do AE sobre a

    homologao do plano de pagamento acordado, e aquelas em que j exista essa deciso. E

    porqu?, porque todas as novas causas de extino da ao executiva so de aplicao

    imediata, por fora do art. 6., n. 1 da Lei n. 41/2013, desde que se verifiquem os

    necessrios pressupostos legais. O credor no fica prejudicado porque pode sempre requerer a

    renovao da instncia executiva (arts. 808., 849. e 850. do NCPC).

    Todavia, no caso de existirem bens imveis penhorados, como o custo da converso da

    penhora j feita na execuo em hipoteca, nos termos do art. 807., n. 1 do NCPC, representa

    uma despesa suportada pelo agente de execuo, pode o seu valor integrar as custas de parte

    (art. 25. do Reg. Custas Processuais). S que a regra sobre a responsabilidade das partes por

    custas processuais encontra-se j fixada no acordo de pagamento, que no previu este novo

    custo.

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    19/26

    19

    Por isso, considero que o agente de execuo, antes de proceder extino da

    execuo, dever notificar as partes para, querendo, alterarem a regra de custas,

    designadamente no que se refere a custas de parte, ou os termos da liquidao do processo,

    para permitir que aquele novo custo (com a converso da penhora em hipoteca) seja includo

    num eventual acordo adicional a fim de assegurar ao credor exequente o reembolso dessa

    despesa sem mais dispndios processuais.

    Parece-me que se trata de uma hipoteca legal porquanto esta garantia constituda

    independentemente da vontade do executado. Por outro lado, o valor mximo assegurado, ou

    seja, o valor pelo qual a hipoteca dever ser registada ter de ser o quantitativo do crdito

    exequendo ainda em dvida data da converso (capital + juros). Este valor em dvida pode

    no coincidir com o valor do acordo de pagamento (imagine-se que o exequente exige uma

    clusula nos termos da qual se prev o perdo de parte da dvida, mas em caso de

    incumprimento pretende que a execuo prossiga pelo valor do crdito inicial). Sugiro que a

    recusa do conservador seja reduzida a escrito para permitir ao exequente impugnar essa

    deciso, pois parece-me que a recusa insubsistente e deve ser lavrado o ato recusado.

    Em sede de execuo hipotecria, em que haja acordo de pagamento entre as partes, h

    lugar converso do registo de penhora em nova hipoteca?

    Penso que sim, para salvaguardar a prioridade da penhora sobre outras penhoras

    posteriores sobre o mesmo bem. Atente-se na circunstncia de o crdito exequendo ser

    superior ao montante mximo assegurado pela hipoteca ? Num caso destes, a quantia que

    exceda aquele montante, bem como os juros de mora para alm do prazo previsto no art.

    693., n. 2 do cdigo civil, apenas tm como garantia a prpria penhora. Da ser relevante

    para o exequente a prioridade da penhora para assegurar a preferncia prevista no art. 822.,

    n. 1 do mesmo cdigo. Por outro lado, nada na lei impede o registo de nova hipoteca se for

    para abranger diferentes valores em dvida (cfr. art. 693., n. 3 do cdigo civil e art. 96. docdigo de registo predial). De qualquer modo, penso que ter de ser o exequente a decidir se

    pretende ou no a converso da penhora em hipoteca.

    8 - Notificao dos credores reclamantes aps a juno de acordo de pagamento:

    Apesar da juno por exequente e executado de um plano de pagamento em prestaes

    da quantia exequenda, nada impede que, havendo credores reclamantes, o agente de

    execuo notifique estes do teor daquele acordo, em lugar de extinguir a execuo, para que

    os mesmos se pronunciem quanto ao eventual prosseguimento da execuo relativamente ao

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    20/26

    20

    bem penhorado sobre que incide a respetiva garantia real, sendo que, na hiptese de tal ser

    requerido, dever o agente de execuo, ainda, notificar o credor exequente, nos termos dos

    n.s 2 e 3 do art. 809. do Cd. Proc. Civil.

    Este procedimento de simplificao processual evita que se criem debalde encargos

    para o exequente com a converso da penhora em hipoteca ou penhor.

    9 - Fundamentos de oposio mediante embargos de executado quando a execuo se

    baseia em requerimento de injuno com frmula executria:

    No regime pretrito, e antes das alteraes introduzidas no Cdigo de Processo Civil

    atravs do Dec.-Lei n. 226/2008, de 20 de Novembro, a corrente maioritria na jurisprudncia

    considerava que podiam ser deduzidos como fundamentos de oposio quaisquer factos

    impeditivos, modificativos ou extintivos do crdito exequendo e outros fundamentos que

    possam ser invocados no processo de declarao. Com a entrada em vigor daquele diploma,

    foi aditado um n. 2 ao artigo 814. que limitava os fundamentos de oposio execuo

    fundada em requerimento de injuno com frmula executria aos fundamentos de oposio

    execuo baseada em sentena.

    A atual reforma do processo civil, porventura sensvel corrente que se formou no

    Tribunal Constitucional de desconfiana para com o instituto da injuno enquanto mecanismo

    de resoluo administrativa de litgios, ps termo equiparao dos fundamentos de oposio

    execuo quando baseada em sentena e em requerimento de injuno ao qual tenha sido

    aposta frmula executria, eliminando o referido n. 2 do artigo 814. do cdigo revogado.

    A soluo encontrada pelo legislador no artigo 857. do NCPC um tertio genusentre o

    enunciado de fundamentos de oposio execuo baseada em sentena e aquele que

    previsto como fundamento de oposio execuo baseada em ttulo diverso da sentena.

    Para alm de a execuo fundada em requerimento de injuno ao qual tenha sido

    aposta frmula executria, e na senda da criao de duas formas de processo para a execuo

    com a finalidade de pagamento de quantia certa, seguir sempre a forma sumria (art. 550.,

    n. 2, al. b) do NCPC), os fundamentos de oposio ao executiva fundada nesse ttulo so,

    para alm dos previstos no artigo 729. - quando a execuo baseada em sentena , ainda

    quaisquer outros que possam ser invocados como defesa no processo de declarao, nos

    termos do artigo 731., desde que tenha ocorrido justo impedimento deduo de oposio

    pelo requerido ao requerimento injuntivo, invocado perante a secretaria de injuno logo queele haja cessado (cfr. art. 140.).

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    21/26

    21

    Se no ocorrer justo impedimento, pode o executado deduzir oposio execuo com

    fundamento em questes que so de conhecimento oficioso do tribunal e que determinem a

    improcedncia, total ou parcial, do requerimento de injuno, desde que neste requerimento

    ou no articulado de oposio execuo constem os necessrios factos que habilitem o

    tribunal a apreciar e decidir (ex., a caducidade quando relativa a direitos indisponveis , o

    abuso de direito, a nulidade, etc.), e, ainda, ocorram de forma evidente, no procedimento de

    injuno, excees dilatrias de conhecimento oficioso (ex., a nulidade da notificao realizada

    pelo secretrio de injuno, a inadmissibilidade legal de utilizao do procedimento de

    injuno) no esto includas as excees dilatrias de direito material.

    Considerando o disposto no artigo 6., n. 3 da Lei n. 41/2013, de 26 de Junho, que

    exceciona da aplicao imediata do Novo Cdigo de Processo Civil as normas neste previstas

    relativas aos ttulos executivos e s formas do processo executivo, o disposto no artigo 857.

    apenas se aplica s aes executivas instauradas a partir do dia 1 de Setembro de 2013, sendo

    que aquela disposio transitria acaba por ter pouca ou nenhuma relevncia jurdica em face

    da declarao de inconstitucionalidade, com fora obrigatria geral, do n. 2 do artigo 814. do

    cdigo revogado, pelo acrdo do TC n. 388/2013, publicado na 1 srie do Dirio da

    Repblica, n. 184, de 24 de Setembro de 2013.

    10 - Venda por negociao particular. Proposta de valor inferior ao valor base:

    A fixao do valor base obrigatria em qualquer modalidade da venda executiva, pois

    o art. 812. do Cd. Proc. Civil (correspondente ao art. 886.-A do cdigo revogado, e

    introduzido pela reforma de 1995/1996) insere-se nas disposies gerais da venda.

    Desta regra apenas se excetua o caso do acordo unnime do art. 832., alneas a) e b) do

    NCPC (= art. 904., als. a) e b) do cdigo revogado) respeitante venda por negociao

    particular. Em duas outras situaes, o valor base pode ser reduzido para o limite de 85%

    desse valor: quando a venda se faz por proposta em carta fechada (art. 816., n. 2 = art.

    889., n. 2); e quando o exequente ou qualquer credor reclamante requeira a adjudicao dos

    bens penhorados (art. 799., n. 3 = 875., n. 3).

    Nas demais situaes da venda por negociao particular, bem como da venda efetuada

    segundo as outras modalidades, os bens penhorados s podem ser vendidos por preo igual

    ou superior ao valor base fixado na deciso sobre a venda.

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    22/26

    22

    Quid iuris?, se o preo oferecido mais elevado, no decorrer da venda por negociao

    particular (realizada na sequncia da frustrao da venda por propostas em carta fechada), for

    inferior ao valor base ?

    Se o valor base no for atingido, a proposta apresentada no deve ser liminarmente

    recusada, e pelas seguintes razes:primo, a lei j admite, no mbito da venda por negociao

    particular, que o valor base no seja respeitado no caso do acordo unnime entre executado,

    exequente e credores reclamantes; secundo, fora das situaes do art. 832., alneas a) e b) do

    NCPC (= art. 904., als. a) e b) do cdigo revogado), como a lei nada diz, possvel a aplicao

    do disposto no art. 821., n. 3 do NCPC (= art. 894., n. 3), por argumento de identidade de

    razo. Embora aquele normativo pressuponha a presena de alguns credores na diligncia de

    abertura das propostas, nada obsta a que se proceda notificao dos demais, pelo que no

    choca aquela soluo legal quando aplicada venda na modalidade de negociao particular;

    tertio, o processo no pode ser um escolho para a justia, mesmo que formal, que se procura

    obter por via da ao, desde que estejam garantidos os interesses de todas as partes.

    A venda no se pode eternizar, s porque um credor ou o executado no concorda com

    o preo oferecido por outro credor ou por um terceiro.

    Todavia, para que a soluo agora perfilhada seja plenamente eficaz na sua aplicao

    prtica, importa distinguir duas situaes: a) se existir acordo de todos os interessados

    possvel a venda por preo inferior ao valor base sem interveno do juiz, apenas sendo de

    exigir que a notificao ao executado seja realizada atravs de carta registada com aviso de

    receo; b) inexistindo esse acordo unnime s possvel vender o bem por preo inferior

    mediante autorizao judicial.

    Nesta ltima hiptese, cabe ao juiz baixar o valor base, aps ponderao da casustica

    demonstrada no processo de execuo, designadamente, tendo em conta o perodo de tempo

    j decorrido com a realizao da venda, a evoluo da conjuntura econmica, as

    potencialidades de venda do bem e o interesse manifestado pelo mercado.

    O valor a anunciar para a venda igual a 85% do valor base, nos termos do art. 816.,

    n. 2 do CPC na redao dada pela Lei n. 41/2013, pois esta alterao aplica-se aos processos

    pendentes (cfr. art. 6., n. 1 da mencionada lei).

    Por isso, o AE no tem de repetir o cumprimento do disposto no velho art. 886.-A, pois

    a sua deciso s forma caso julgado formal quanto ao valor base, j no quanto ao valor

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    23/26

    23

    mnimo anunciado para a venda, pois este decorre da lei (Lei n. 41/2013), que de aplicao

    imediata.

    Para os processos pendentes, a ressalva contida no art. 3. da Lei n. 60/2012 apenas se

    aplica redao dada ao art. 834. do CPC anterior reforma, pois de entre os preceitos

    alterados por esta lei, apenas aquele artigo respeita penhora. Os outros dois, a saber, os arts.

    886.-A e 889., referem-se fase da venda.

    Quem fixa o valor mnimo a lei. O agente de execuo fixa o valor base. Repare que o

    valor mnimo (que agora de 85%) s pode ser utilizado na venda por propostas em carta

    fechada, no se aplicando s outras modalidades da venda, exceto se algum credor requerer a

    adjudicao.

    Na vigncia da Lei n. 60/2012, de 09/11, ressalvavam-se os processos em que a

    penhora j tivesse sido concretizada. No mbito daquela lei existem acrdos que firmaram

    jurisprudncia no sentido de o valor mnimo ser o previsto na lei em vigor na data da penhora,

    ou seja, 70% (muito embora eu entendesse que o valor mnimo deveria corresponder j a 85%

    do valor base porque a Lei n. 60/2012 quis proteger o devedor contra a desenfreada

    desvalorizao dos imveis e, nesse sentido, a redao dada ao art. 889. pela Lei n. 60/2012

    seria de aplicao imediata aos processos pendentes).

    Com a Lei n. 41/2013, face ao disposto no art. 6., n. 1 do diploma preambular, penso

    ser mais difcil sustentar a tese de que o valor mnimo anunciado para a venda deve ser o

    previsto na lei em vigor na data da penhora. Da, eu entender que a alterao do valor mnimo

    para 85% aplica-se aos processos pendentes em 1 de Setembro de 2013.

    11 Extino da execuo por inutilidade superveniente da lide:

    Nas execues pendentes em 1 de Setembro de 2013, nas quais o exequente, por no

    terem sido encontrados bens penhorveis, requer a extino da instncia executiva por

    inutilidade superveniente da lide, o agente de execuo pode fundamentar a extino do

    processo ao abrigo do art. 849., n. 1, al. f) do Cd. Proc. Civil, aprovado em anexo Lei n.

    41/2013, de 26 de junho, considerando que no foram encontrados bens do executado

    suscetvel de serem penhorados, e de acordo com a posio manifestada pelo exequente de

    no impulsionar os autos, pelo que em harmonia com o disposto nos arts. 277., al. e) e 849.,

    n. 1, al. f) ambos do Cd. Proc. Civil, extingue a execuo por inutilidade superveniente da

    lide, sendo as custas da responsabilidade do executado que deu origem inutilidade da ao(art. 536., n. 3, do Cd. Proc. Civil).

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    24/26

    24

    O AE dever, ainda, cumprir o disposto no art. 717., n.s 2, al. b) e 4 do mesmo cdigo.

    12 - Execuo instaurada sem ttulo executivo contra o cnjuge do executado:

    Se o exequente alegou a comunicabilidade da dvida no requerimento executivo, a

    execuo inicia-se sempre sob a forma ordinria (art. 550., n. 3, al. c), do NCPC).

    Tendo o exequente alegado a comunicabilidade da dvida em requerimento autnomo

    (o que pode fazer at ao incio das diligncias para venda ou adjudicao cfr. art. 741., n. 1,

    segunda parte), e tendo a execuo sido instaurada sob a forma sumria, a penhora de bens

    prprios do cnjuge s pode realizar-se depois da sua citao, em consequncia da aplicao

    do disposto no art. 726. (no obstante nada ser referido a este propsito pelo art. 855.). Por

    outro lado, a venda suspende-se ope legis, quer quanto aos bens prprios do executado que j

    se encontrem penhorados, quer quanto aos bens comuns do casal, aguardando a deciso a

    proferir naquele incidente (art. 741., n. 4).

    Em tal hiptese, o agente de execuo dever suscitar a interveno liminar do juiz, nos

    termos do disposto na alnea d) do n. 1 do art. 723. do NCPC.

    Assim, mesmo que a penhora no incida sobre bens imveis, estabelecimento

    comercial, direito real menor que sobre eles incida ou de quinho em patrimnio que os

    inclua, h sempre lugar a despacho liminar.

    A citao do cnjuge , pois, sempre precedida de despacho liminar, e dever ocorrer

    quando se verifiquem os seguintes pressupostos: 1) ter sido a execuo intentada apenas

    contra o devedor por falta de ttulo contra o cnjuge; 2) necessrio que o exequente tenha

    alegado de forma fundamentada a comunicabilidade da dvida, no requerimento executivo ou

    em requerimento autnomo; 3) a dvida tem de constar de ttulo diverso de sentena.

    No caso de o ttulo ser um requerimento de injuno com frmula executria tambmadmissvel ao exequente alegar a comunicabilidade da dvida, quer no requerimento

    executivo, quer em requerimento autnomo. No obstante o disposto no art. 857., n. 1,

    haver que interpretar corretivamente este normativo (interpretao derrogante quando

    conjugado com o art. 731.) de molde a permitir que possam ser alegados como fundamentos

    de embargos de executado, deduzidos quer pelo executado, quer pelo cnjuge deste, alm

    dos especificados no art. 729., ainda quaisquer outros que possam ser invocados como defesa

    no processo de declarao, j que a execuo segue a forma ordinria [(cfr. art. 550., n. 3, al.

    c)].

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    25/26

    25

    O cnjuge do executado pode agora ser citado editalmente (art. 786.) e o prazo para

    este exercer os direitos processuais sempre de 20 dias (art. 787.).

    13- Execuo de deciso judicial:

    A execuo remetida para o juzo com competncia especializada em matria de

    execues no corre nos prprios autos do processo declarativo no qual foi proferida a

    sentena dada execuo, mas sim nos termos previstos no n. 2 do art. 85. do NCPC.

    Nestes casos, a forma de processo aplicvel no a prevista no art. 626., mas antes no

    art. 550., n. 2, al. a) do mesmo cdigo, ou seja, sempre que na comarca exista tribunal

    especializado em matria de execues cveis, a execuo de sentena no corre nos autos do

    processo em que ela foi proferida, mas antes no juzo especializado de execues, com base

    em traslado eletrnico (art. 85., n. 2), e segue sempre a forma sumria, sem as

    especialidades previstas no art. 626. do NCPC.

    Por conseguinte, cumulao de execues , antes, aplicvel o disposto nos arts. 709.

    a 711., ex vi do art. 551., n. 3, todos do NCPC, sendo que o art. 709., n. 1, al. b) probe a

    cumulao inicial de execues com fins diferentes, s cessando este obstculo quando haja

    converso da execuo, nos termos dos arts. 867. ou 869., ambos do mesmo cdigo (cfr. art.

    711., n. 2).

    A execuo de sentena que deva ser executada no prprio processo uma execuo

    especial, com a tramitao especfica prevista no art. 626. do NCPC.

    Destarte, se o agente de execuo requerer ao juiz de execuo o auxlio da fora

    pblica para proceder penhora de bens antes da citao do executado no mbito de uma

    execuo para prestao de facto, deve tal pedido ser indeferido (com vista penhora de bens

    suficientes para cobrir a quantia decorrente da eventual converso da execuo em

    pagamento de quantia certa, nos termos do art. 869. do NCPC), aguardando-se, por isso, a

    citao do executado.

    14 Numa execuo hipotecria em que se procedeu penhora do bem dado de

    garantia, tendo a mesma ficado sustada em virtude de existirem penhoras anteriores, podem

    ser penhorados outros bens?

    Parece-me que o art. 752., n. 1 no impede o reforo da penhora nos casos em que o

    bem onerado se encontre anteriormente penhorado numa outra execuo, desde logo, por

  • 8/13/2019 A Acao Executiva No Novo Codigo de Processo Civil

    26/26

    aplicao do art. 751., n. 4, al. b), porque aquele bem no pode ser vendido no processo em

    que a penhora tiver sido posterior.

    Acresce que, em abono desta minha posio, o artigo 794., n. 3 permite que o

    exequente indique outros bens em substituio, incluindo do bem onerado com garantia real.

    Por isso, a ilao que devemos tirar a de que, no processo de execuo em que a

    penhora tiver sido posterior, ainda que haja garantia real sobre o bem penhorado, o

    exequente no s pode como deve indicar outros bens, sob pena de a execuo ficar

    totalmente suspensa, o que determina a extino nos termos do n. 4, do mencionado artigo

    794. (na vigncia do cdigo revogado, h acrdos dos tribunais superiores a defender que na

    hiptese de sustao integral da execuo em virtude de penhoras anteriores sobre os bens

    penhorados o processo deveria ficar a aguardar impulso processual do exequente, sem

    prejuzo da interrupo da instncia).

    Convm, contudo, frisar, que tem de ser o exequente a impulsionar a execuo quanto a

    outros bens, no se aplicando o artigo 749., ou seja, o processo executivo deixa de ser

    impulsionado pelo agente de execuo.

    15 - Numa execuo iniciada antes de 1.09.2013, em que o ttulo executivo livrana, a

    quantia exequenda ascende a 18.000, e o exequente indica penhora um imvel, h lugar a

    despacho liminar e de citao do executado, nos termos do novo CPC - artigo 855., 5 CPC?

    Se o bem penhorado respeitar casa de habitao permanente do executado, tem igual

    soluo, quer se aplique o cdigo revogado (na interpretao que eu fazia da al. d) do art.

    812.-C, segundo a qual, tendo-se encontrado para penhora o imvel destinado habitao do

    executado, deveria haver lugar a interveno liminar do juiz), quer se aplique o cdigo

    aprovado em anexo Lei n. 41/2013, ou seja, h sempre lugar a despacho liminar, seguido de

    citao do executado, embora o correto seja aplicar o regime pretrito (cfr. art. 6., n. 3 dareferida lei), com as dvidas que o mesmo levanta, sobretudo quando no est em causa a

    penhora do prdio que serve de residncia permanente do executado.

    ***

    Ovar, 24 de Outubro de 2013.

    HENRIQUE CARVALHO(Juiz de Direito titular do Juzo de Execuo de Ovar)

    e-mail: [email protected]