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8º ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA ABCP Área Temática: AT 09 Política, Direito e Judiciário A Atuação Política da OAB no Processo Constituinte de 1987/88 na Subcomissão do Poder Judiciário. André Serotini Universidade Federal de São Carlos UFSCar Programa de Pós-Graduação em Ciência Política PPGPol 01 a 04 de Agosto de 2012 Gramado/RS

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8º ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA –

ABCP

Área Temática: AT 09 – Política, Direito e Judiciário

A Atuação Política da OAB no Processo Constituinte de 1987/88 na

Subcomissão do Poder Judiciário.

André Serotini

Universidade Federal de São Carlos – UFSCar

Programa de Pós-Graduação em Ciência Política – PPGPol

01 a 04 de Agosto de 2012

Gramado/RS

2

A Atuação Política da OAB no Processo Constituinte de 1987/88 na Subcomissão

do Poder Judiciário.

André Serotini1

Resumo

O presente artigo, pretende, partindo da análise dos Anais do Processo

Constituinte Brasileiro de 1987/88, mais especificamente dos trabalhos ocorridos na

Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público (III-c), subcomissão esta

integrante da Comissão da Organização dos Poderes e Sistemas de Governo (III),

apontar a participação, atuação e contribuição da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),

através de seus representantes institucionais, como presidente e conselheiros no

exercício de seus mandatos e, também, de constituintes que mantém ligações com a OAB

por terem sido a ela inscritos, objetivando a reestruturação do Poder Judiciário baseada

no enfrentamento dos principais problemas diagnosticados pela relatoria desta

subcomissão, tais como morosidade, elitismo, ineficácia punitiva, sobrecarga de trabalho

dos magistrados e a dependência do Poder Executivo.

Palavras-Chave: Constituinte; Ordem dos Advogados do Brasil; Poder Judiciário.

Sumário

1. Introdução. 2. A Atuação da OAB em momento Pré-Constituinte. 3. Composição da

Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público. 4. Sistemática de Trabalho da

Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público. 5. Participação do Conselho

Federal da Ordem dos Advogados do Brasil na Comissão e na Subcomissão. 6. Principais

Contribuições para o Poder Judiciário apresentadas pela OAB na Comissão e na

Subcomissão. 7. Resultados Obtidos pela Subcomissão do Poder Judiciário e do

Ministério Público. 8. Considerações Finais. Referências Bibliográficas. Anexo.

1 Doutorando em Ciência Politica pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos –

PPGPol-UFSCar.

3

1. Introdução

O Processo Constituinte Brasileiro de 1987/88 marca juridicamente o início da

criação de um novo Estado apoiado na Democracia e no Direito, através da participação

de vários setores da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),

Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Confederação Nacional dos Bispos do Brasil

(CNBB) e personalidades em geral, culminando com a promulgação da Constituição

Federal, em 05 de outubro de 1988.

Este processo, de longe, não foi simples. O início dos trabalhos da ANC,

convocada por força da Emenda Constitucional nº. 26, de 27 de novembro de 1985, à

Constituição de 1967, de autoria do Presidente da República José Sarney, conforme

Mensagem nº. 48, de 28 de junho de 1985, ao Congresso Nacional, aconteceu em 1º de

fevereiro de 1987, e, todas as sessões, reuniões e audiências públicas realizadas em

sede de suas Comissões e Subcomissões, foram taquigrafadas e organizadas em anais

e, posteriormente, disponibilizadas no site da Câmara dos Deputados.

É nesta densa e riquíssima fonte primária, mais especificamente no que tange aos

trabalhos da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público, que

concentraremos nossa pesquisa no intuito de mensurar qualitativamente a participação da

OAB na reestruturação constitucional do Poder Judiciário.

Com o escopo de atingir o resultado pretendido, abordaremos, primeiramente, a

atuação pré-constituinte da OAB sobre a temática do Poder Judiciário, e, na sequência, a

composição da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público, bem como a

sistemática dos trabalhos, a participação e as principais contribuições da OAB nesta

Subcomissão. Ao final verificaremos quais propostas ou sugestões foram aproveitadas

pela Subcomissão quando da apresentação de seu Anteprojeto.

2. Atuação da OAB em momento Pré-Constituinte

Desde 1966, com a ruptura da ordem jurídica decorrente do movimento de 1964,

os advogados, por meio do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) e Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB), entendiam a necessidade da convocação de uma

Assembleia Nacional Constituinte (ANC) para o reencontro da fonte primária de

legitimidade das instituições e a entrega do poder político ao povo.

Ainda, em 1966, o IAB promoveu no Rio de Janeiro a “Semana da Constituição”,

encontro de juristas de 15 Estados, com a função não apenas de elaborar e promulgar

4

uma Constituição, mas de um instrumento que assegure em realidade a defesa dos

direitos estruturais da pessoa humana (CASTRO FILHO, 1983. p. 599-616)

Com a edição do “Pacote de Abril”, em 1977, a OAB passa a agir de forma mais

contundente, se movimentando pelo reordenamento constitucional brasileiro convicta de

que sem uma nova constituição, fundamentada em princípios democráticos e diretrizes

ajustadas à realidade nacional, não seria possível a estabilidade da vida político-

institucional. Portanto, considerava-se indispensável a convocação de uma Assembleia

Nacional Constituinte.

Com este escopo, motivada por proposta da Seccional da OAB do Rio Grande do

Sul, em agosto de 1983, instala-se na Faculdade de Direito da Universidade de São

Paulo, o Congresso Nacional de Advogados Pró-Constituinte, com a participação do

Conselho Federal, de todos os Conselhos Seccionais e advogados de todo Brasil,

presidido por Mário Sérgio Duarte Garcia, que em discurso de abertura proclama que a

OAB,

na sua reiterada atividade de defesa da Ordem Jurídica e de

contínua contribuição para o aperfeiçoamento das instituições, não

podem os advogados isolar-se no escaninho de suas

especializações específicas, a despeito de sua obrigação de dar

forma jurídica adequada às soluções apontadas pelos vários

segmentos sociais para a sedimentação de nova estrutura

constitucional para a Nação (GARCIA, 1983. p. 44)

Este Congresso foi organizado em painéis temáticos apresentados por advogados,

juristas, sociólogos, cientistas políticos, entre outros intelectuais2, convidados para

apresentar suas contribuições com o escopo de se convocar uma ANC e para tal dar

subsídios.

A temática proposta em cada painel3 mostrava bem o grande empenho na

mudança de um Estado Autoritário para um Estado de Direito, para o qual se reconhecia

apenas um caminho: uma Assembleia Nacional Constituinte. Considerava-se, portanto,

2 Exemplos: Carlos Lessa (economista), Marilena Chaui (filósofa), Mário Barreto Corrêa Lima (médico), Joelmir Beting (sociólogo e

jornalista econômico), Roberto Saturnino Braga (engenheiro), Frei Dom Moacyr Grechi (religioso), José Goldemberg (físico), Antônio Carlos de Andrada Serpa (general), entre outros 3 Foram 13 painéis com as seguintes temáticas: 1º Painel – Assembleia Nacional Constituinte; 2º Painel – Sistema de Governo e

Partidos Políticos; 3º Painel – Descentralização do Poder; 4º Painel – Distribuição da Justiça; 5º Painel – Direitos Humanos; 6º Painel – Condições de Vida do Povo Brasileiro; 7º Painel – Modelo Econômico; 8º Painel – A Questão Social e a Distribuição da Renda; 9º Painel – Problema da Terra; 10º Painel – A Empresa e o Direito dos Trabalhadores; 11º Painel – Educação e Cultura; 12º Painel – A Soberania Nacional no Contexto Internacional; 13º Painel – O Estado e a Sociedade Civil.

5

inadmissível a possibilidade de um atalho que levasse a uma Revisão Constitucional, a

qual poderia dar continuidade ao autoritarismo em vigor.

Quanto ao Poder Judiciário, este tema ficou reservado para os painéis 4 e 134, que

tratavam, respectivamente, da Distribuição da Justiça e o Estado e a Sociedade Civil. O

primeiro painel contou com a participação de Walter Ceneviva5, Dorany Sá Barreto

Sampaio6, Miguel Reale Júnior7, Sydney Sanches8, que após apresentação de suas

ideias resultou nas seguintes conclusões: 1. Necessidade de estabelecimento de uma

“Política Nacional da Justiça”, objetivando o acesso à justiça qualificada e barata para

todos, ampliando-se a competência supletiva dos Estados na legislação sobre processos,

serviços forenses, serviços de registros públicos e notariais, a fim de permitir melhor

adaptação às condições locais; 2. Condições para independência administrativa e

orçamentária, com a previsão de um percentual mínimo a lhe ser atribuído no orçamento

da União e dos Estados, sem prejuízo, contudo, dos mecanismos de controle da

aplicação das verbas; 3. Garantia de independência funcional do Ministério Público,

transferido das disposições sobre o Poder Executivo, para as pertinentes ao Poder

Judiciário; 4. Ampliação do contencioso administrativo, via obrigatória para solução de

questões entre empresas, autarquias e órgãos públicos; 5. Imediata criação de, pelo

menos, mais dois Tribunais Federais de Recursos (Estados do Sul e Nordeste); 6.

Reformulação do sistema de arguição de inconstitucionalidade por representação do

Procurador-Geral da República, para permitir reclamação ao Supremo Tribunal Federal

em caso de recusa de encaminhamento; 7. Aumento do número de ministros do Supremo

Tribunal Federal ou transformação deste em corte constitucional, criando-se novo tribunal

superior federal, com toda a competência até então atribuída ao STF, com exceção da

matéria constitucional; 8. Retorno da Justiça Federal de primeira instância à Justiça dos

Estados, sendo federalmente apreciados apenas os recursos, ou, alternativamente,

determinação de disposições tendentes a lhe assegurar eficiência e qualidade; 9.

Extinção dos Tribunais de Alçadas, incorporados aos Tribunais de Justiça dos Estados,

mantidos, nestes, os órgãos especiais de cúpula, mas compostos por eleição entre os

desembargadores, por períodos bianuais; 10. Manutenção da oficialização dos cartórios

4 Este painel esta dividido em 3 tópicos: a) Formulação Constitucional do Princípio da Legalidade – Romualdo Marques da Costa; b) O

Poder Judiciário, Ministério Público e Executivo. Relações – José Ribeiro de Castro Filho; e, c) A Família Carente. Assistência – Paulo Campos. 5 Advogado, Jurista e Professor da PUC/SP

6 Advogado. Foi Presidente da Ordem dos Advogados de Pernambuco no início da década de 1980.

7 Advogado, Professor de Direito da USP. Foi membro da Comissão Elaboradora da Parte Geral do Código Penal e da Lei de

Execução Penal entre 1980 e 1984; é membro honorário da cadeira nº 2 da Academia Paulista de Letras. Em 1983, torna-se o secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo no governo Franco Montoro. Em 1995, é nomeado secretário estadual da Administração e Modernização do Serviço Público no governo Covas. Em 2002, torna-se o Ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso. 8 Exerceu a advocacia entre 1959 e 1962. Ingressou na Magistratura do Estado de São Paulo em 1962. Nomeado Ministro do STF em

1984.

6

judiciais, com prazo para seu cumprimento, mas subsistência do sistema quanto aos

tabeliães e aos registros públicos; 11. Limite máximo de 60 anos incompletos até a data

do ato de nomeação para os Ministros indicados para o STF; 12. Para o cumprimento do

quinto constitucional, em Tribunais de todos os níveis, o acesso de membros do Ministério

Público e advogados decorrerá de listas tríplices enviadas pelos órgãos competentes do

Ministério Público e OAB, respectivamente, quanto aos últimos exigido o prazo de cinco

anos de efetiva militância da advocacia; 13. Os chefes do Ministério Público devem ser

nomeados mediante indicação, em lista tríplice organizada pelo órgão competente do

Ministério Público, sujeita a nomeação e aprovação legislativa, e vedada a participação,

na aludida lista, do Procurador-Geral; 14. Deve estar explícito, no texto constitucional, que

a legitimação ativa para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade cabe ao

Procurador-Geral da República, aos partidos políticos, aos Presidentes da Câmara e do

Senado, aos Presidentes das Assembleias Legislativas, aos Presidentes dos Tribunais

Superiores, ao Presidente dos Tribunais de Justiça e ao Presidente da Ordem dos

Advogados do Brasil; 15. A ação direta deve estender-se a arguições de

inconstitucionalidade de lei municipal em face à Constituição Federal; 16. Deve ser

ampliada a tarefa fiscalizadora do Tribunal de Constas, com atuação direta junto às

auditorias internas; 17. Ao Tribunal de Contas competirá também analisar, não só

fundamento, mas na sua pertinência com os fins a que se destina, o orçamento das

empresas públicas, mesmo consideradas pessoas jurídicas de direito privado; 18. O

Legislativo, por meio de um delegado corregedor-geral da Administração, deve controlar a

legalidade e moralidade da Administração, apurando, em investigação prévia, lesão a

direito e garantias individuais face à Administração; 19. A escolha deste corregedor-geral

deve ser feita pelo Congresso Nacional; 20. O Poder Judiciário não pode ser usado como

instrumento pela Fazenda Pública para retardar pagamentos de indenizações por

expropriações diretas ou indiretas ou por atos ilícitos da administração; 21. Devem ser

eliminados os prazos em quádruplos para contestação para a Fazenda Pública e

Ministério Público; 22. Devem ser eliminados os recursos de ofício no processo civil. As

omissões de representantes da Fazenda Pública, dolosas ou culposas, serão objetos de

responsabilidade civil ou criminal; 23. Um Estado de Direito somente se instaura pela

vontade do povo manifestada através de representantes legítimos, escolhidos em

eleições livres e regulares.

Em relação ao Painel 13, sobre o Poder Judiciário, Ministério Público e Executivo,

chegou-se as seguintes conclusões apontadas por José Ribeiro de Castro Filho9: 1.

9 Foi Presidente do IAB no biênio 1966/67 e Presidente do Conselho Federal da OAB entre 1973 e 1975.

7

Independência dos demais poderes do Estado; 2. Ingresso na carreira inicial mediante

concurso de provas e títulos; 3. Nomeação dos aprovados em concurso pelo Presidente

do Tribunal, observada a ordem de classificação; 4. Acesso ao Supremo Tribunal Federal

mediante inscrição observadas as disposições constitucionais sobre idade, saber jurídico

e idoneidade moral, sendo que a escolha dentre os que tiverem a sua inscrição aprovada,

será feita mediante votação secreta e aprovação de 2/3 dos votos do Tribunal, cabendo,

ao Presidente deste, a nomeação; 5. Manutenção das garantias quanto à vitaliciedade,

inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos; 6. Competência dos Tribunais para

propositura de sua própria dotação orçamentária; 7. Igualdade de vencimento entre os do

Presidente da República e os do Presidente do Supremo Tribunal Federal; dos

Governadores e dos Presidentes dos Tribunais Estaduais e os de Ministro de Estado e

Secretários Estaduais respectivamente com o dos Ministros do Supremo Tribunal Federal

e dos Desembargadores (CASTRO FILHO, 1983. p. 614-616).

Interessante que a estas propostas acima seguem outras relacionadas ao

Ministério Público Geral da República, Advogado-Geral da República e Assistência

Judiciária, dando conta que todos estes constituiriam o Quarto Poder do Estado ou da

União, independentes entre si (CASTRO FILHO, 1983. p. 615).

Ponto comum entre estes órgãos é que os seus membros serão escolhidos por

concurso público de provas e títulos, não podendo ser demitidos senão por sentença

judicial. Quanto à escolha de seus chefes, o Procurador-Geral da República, no caso do

Ministério Público Geral da República e, o Defensor Público-Geral, no caso da Assistência

Judiciária, será por meio de sessão conjunta e mediante votação secreta, pelo Congresso

Nacional, por maioria de votos, devendo recair a escolha dentre brasileiros natos, maiores

de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Já, quanto ao Advogado-Geral

da República, este será de livre nomeação do Presidente da República, dentre brasileiros

natos, maiores de 35 anos, de notável saber jurídico, reputação ilibada e demissível “ad

nutum”.

Após todo este debate fomentado pela OAB, a ANC não foi convocada naquele

ano, mas o trabalho não foi em vão.

Convocada, então a ANC, em 28 de junho de 1985, e insistindo em suas

convicções, entre os dias 15 e 19 de outubro de 1985, o Conselho Federal da OAB,

realiza em Brasília/DF, o II Congresso Nacional de Advogados Pró-Constituinte, tendo

como anfitrião o futuro Presidente da Comissão da ANC sobre Organização dos Poderes

e Sistemas de Governo, Maurício Corrêa, primeiramente com o objetivo de reafirmar sua

8

posição em favor da tese da Constituinte Exclusiva, e, em segundo lugar, promover o

debate sobre os temas a serem inseridos na futura Constituição (BAETA, 1985. p. 5).

Neste II Congresso, sobre o tema Poder Judiciário e Ministério Público, foram

realizadas 7 exposições10, incluindo a do Professor José Lamartine Corrêa de Oliveira,

Conselheiro Federal da OAB pela Seccional do Paraná, o qual, posteriormente, fora

convidado para Audiência Pública em sede da Subcomissão do Poder Judiciário e do

Ministério Público, na ANC11, para discorrer sobre a questão das Cortes Constitucionais

no Brasil.

Destes debates no II Congresso, resultou a aprovação das seguintes propostas: 1.

Criação da Corte Constitucional, composta por membros sem a garantia da vitaliciedade;

2. Para a matéria recursal não constitucional (recurso extraordinário), o STF seria

transformado em Supremo Tribunal de Justiça, composto por um número de magistrados

entre 50 e 60, aproveitados, então, os integrantes do STF, e abolida a livre escolha do

Presidente da República; 3. Aproveitamento de juiz temporário com a competência e na

forma prevista pelo Professor Moniz de Aragão12; 4. Composição do Conselho Superior

da Magistratura de modo que, dentre seus membros, figure representante do Poder

Legislativo, do Poder Executivo e da comunidade, além de integrantes do próprio Poder

Judiciário; 5. Manutenção do atual sistema de escolha dos procuradores-gerais13; 6.

Indicação dos magistrados integrantes do quinto constitucional na classe dos advogados,

através de eleição direta da classe (tribunais estaduais) e através de eleição pelos

membros dos Conselhos Seccionais (tribunais federais) (OLIVEIRA, 1985. p. 368).

Outro importante evento realizado pela OAB foi a XI Conferência Nacional da OAB,

realizada em Belém/PA, entre os dias 4 e 8 de agosto de 1986, com foco na Constituição,

ressaltando a necessidade de se promover a descentralização e a desconcentração do

poder, através do revigoramento do Federalismo, combatendo diretamente a hipertrofia

do executivo. No campo jurisdicional, o empenho era para que fossem criados

mecanismos judiciais como o mandado de segurança coletivo, o habeas data, o mandado

10

Realizadas por Egas Dirceu Moniz de Aragão (jurista e juiz eleitoral), Evandro Lins e Silva (foi ministro do STF e Conselheiro Federal da OAB), Galeno Lacerda (professor catedrático da Faculdade de Direito da UFRGS), J.J. Calmon de Passos (professor emérito da Faculdade de Direito da UFBA, aposentou-se como Procurador de Justiça, Presidente da Seccional da OAB da Bahia), José Florêncio Júnior (professor de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da UFRJ e da PUC/RJ e Desembargador aposentado do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região), José Lamartine Corrêa de Oliveira (professor de Direito Civil da UFPR) e Luis Cruz de Vasconcelos (ex-diretor da Faculdade de Direito da UFCE e ex-presidente do Conselho Seccional da OAB/CE). 11

6ª Reunião Ordinária da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público realizada em 27/04/1987. 12

“A transferência a magistrados temporários de inúmeras atividades de importância menor (algumas irrelevantes) confiadas ao Poder Judiciário (cumprimento de precatórias, p.ex.), até mesmo a competência tida como transferível a „juizados de pequenas causas‟, poderá desafogar os titulares e contribuir para melhor funcionamento dos juízos. Entre esses juízes mais facilmente e com melhor resultado poderão ser escolhidos os candidatos ao ingresso na carreira. Importante será prever um mecanismo de defesa contra o risco de sua permanência indefinida e posterior aproveitamento automático. Sua exclusão ao cabo de certo tempo, se não tiverem feito concurso, ou nele não houverem sido aprovados, parece recomendável. Condenável é aumentar cada vez mais o número de cargos de carreira vitalícia e nela admitir pessoas desconhecidas cujo afastamento futuro é traumático, quando não impossível, sendo certo que muitos elementos maus logram burlar a vigilância dos examinadores” (ARAGÃO, 1985. p. 311-313) 13

De acordo com o art. 95, da CF/67, o Ministério Público federal tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República, dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

9

de injunção e a garantia de inviolabilidade do advogado no exercício da profissão e sua

indispensabilidade para a administração da justiça.

Com base nestas propostas e contribuições ofertadas pela OAB, passamos a

seguir, a análise dos trabalhos na ANC.

3. Composição da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público

A Assembleia Nacional Constituinte (ANC) no seu formato Congressual era

formada por 559 parlamentares, sendo 487 deputados federais e 49 senadores eleitos em

1986 e 23 senadores em 1982. De acordo com o regimento da ANC o quórum de votação

se dava por maioria absoluta, ou seja, eram necessários 280 votos para aprovação das

matérias.

A composição partidária da ANC estava assim disposta: o PMDB contava com 306

cadeiras, maior bancada; PFL com 132; PDS com 38; 26 para o PDT; 18 para o PTB; 16

para o PT; 7 para o PL; 6 para o PDC; 3 para o PCB, 3 para o PC do B; 2 para o PSB; 1

para o PMB e 1 para o PSC.

O funcionamento da ANC, disposto no seu Regimento Interno14 ocorreu através de

debates e votações em comissões e subcomissões, para tanto foram organizadas 8

comissões temáticas15 divididas cada uma delas em 3 subcomissões16, as quais deveriam

entregar seus anteprojetos às comissões pertinentes. As comissões, por seu turno,

deveriam encaminhar seus anteprojetos à Comissão de Sistematização, que por sua vez

entregaria ao Plenário da ANC o Projeto de Constituição para ser apreciado, deliberado e

votado.

As comissões deveriam ser integradas cada qual por 63 titulares e 63 suplentes. A

Comissão de Sistematização deveria ser integrada por 49 titulares, 49 suplentes, os

presidentes e relatores das comissões e subcomissões17.

A indicação de membros para a composição das comissões e das subcomissões,

assegurada a participação de todos os partidos com assento na Assembleia e a limitação

de que cada constituinte seria titular de uma comissão e, nela de uma subcomissão e,

14

Resolução nº. 2, de 24 de março de 1987. (RIANC) 15

I – Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher; II – Comissão da Organização do Estado; III – Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo; IV – Comissão da Organização Eleitoral, Partidária e Garantia das Instituições; V – Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finança; VI – Comissão da Ordem Econômica; VII – Comissão da Ordem Social e VII – Comissão da Família, da Educação, Cultura e Esportes, da Ciência e Tecnologia e da Comunicação (art. 15, do RIANC) 16

Como cada Comissão recebeu uma identificação em números romanos (I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII) e encampava três subcomissões que receberam uma letra identificativa (A, B, C).à título exemplificativo a Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo (III), possuía as seguintes subcomissões: A – Subcomissão do Poder Legislativo, B – Subcomissão do Poder Executivo e, C – Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público. (art. 15, do RIANC) 17

Art. 13, §1º, do RIANC.

10

suplente de outra, seria feita pelas Lideranças Partidárias, obedecido o critério da

proporcionalidade partidária18.

Baseada, então, em disposição regimental, a Subcomissão do Poder Judiciário e

do Ministério Público, cuja mesa fora presidida pelo Deputado José Costa (PMDB/AL), a

1ª e 2ª Vice-Presidência ocupadas, respectivamente, pelos Deputados Jairo Carneiro

(PFL/BA) e Plínio Martins (PMDB/MS) e a relatoria a cargo do Deputado Plínio Arruda

Sampaio (PT/SP), foi composta por 37 (trinta e sete) Deputados Constituintes (incluindo a

mesa), sendo 18 titulares e 19 suplentes.

3.1. Composição Partidária

A composição partidária da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério

Público, ficou representada da seguinte forma: PMDB (23), PFL (10), PDT (2), PL (1) e PT

(1).

3.2. Formação Acadêmica

Analisar a formação acadêmica dos componentes da Subcomissão do Poder

Judiciário e do Ministério Público é relevante, pois para que qualquer cidadão seja inscrito

no quadro de advogados da OAB é necessário que o mesmo tenha formação jurídica

superior. Desta forma, considerando que o curso de direito é um dos mais tradicionais no

Brasil, contando sua instalação do ano de 1827, e que fora concebido como uma solução

para formação e estruturação do Estado Brasileiro, no qual tais bacharéis exerceriam as

suas principais funções, é possível com grande facilidade encontrar nas legislaturas

ordinárias e na ANC, deputados e senadores que são ou foram advogados, promotores,

magistrados, entre outras funções privativas aos bacharéis em direito, e, que participaram

18

Art. 13, §§ 1º e 2º, do RIANC.

11

da administração da OAB em suas várias esferas (Conselho Federal, Seccional ou

Subseccional), nelas exercendo, inclusive, mandato presidencial.

Observem a composição desta subcomissão no gráfico abaixo no que tange este

referencial de formação acadêmica:

É interessante notar que do total de 37 membros, apenas 2 não possuíam

formação superior e 28 eram formados em direito, o que teoricamente, acabava por

legitimá-los na participação dos debates sobre o futuro do Poder Judiciário brasileiro.

Percebe-se que para a composição desta subcomissão, os Lideres Partidários,

utilizaram a questão de pertinência temática para indicação de seus membros. A

aderência da formação profissional ao tema era tamanha, que alguns constituintes para

tentarem legitimar ainda mais sua participação nesta subcomissão utilizaram como

argumento de autoridade, já na primeira reunião, as suas posições como membros,

presidentes, secretários e conselheiros da OAB e larga experiência profissional e política,

chegando, inclusive, a causar constrangimento para aqueles que não possuíam formação

jurídica19.

Neste sentido, observe uma pequena biografia dos membros da Mesa desta

subcomissão:

Presidente: José Costa (PMDB/AL)20. Formado em direito pela Universidade do Rio

de Janeiro (UFRJ); advogado criminal de presos políticos do Estado de Alagoas; membro

do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), de 1974 a 1982;

membro do Conselho Seccional da OAB de Alagoas (OAB/AL); e jornalista. Exerceu

19

O constituinte Ronaro Corrêa (PFL/MG), ainda na mesma Reunião de Composição e Eleição para a subcomissão, após a manifestação de outros constituintes com formação jurídica e o relato de suas participações na OAB, Universidades, tempo de profissão, inicia sua apresentação: “Sr. Presidente, eu queria por perceber que a posteriori se possa ela tronar-se intempestiva fazer aqui uma auto apresentação breve, dizer algo que pudesse se converter até em algum constrangimento pessoal para mim, na medida em que não sou homem de formação profissional ligada às lides do Direito e da Justiça, já que minha formação é no campo da Engenharia.(...), Por fim, observa-se que referido constituinte, mesmo tendo começado sua labuta aos 11 anos de idade, filho de uma família pobre, modesta e humilde, está empenhado em colaborar com sua experiência de vida para os trabalhos desta subcomissão. (ANC, 1987d. p.6) 20

Informações obtidas no site da Câmara dos Deputados: http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao-cidada/parlamentaresconstituintes/

12

mandato de Deputado Federal nas legislaturas de 1975-1979, 1979-1983, 1987-1991

(Constituinte) e 1995-1999.

1ª Vice-Presidência: Jairo Carneiro (PFL/BA)21. Formado em direito pela

Universidade Federal da Bahia (UFBA); advogado e professor. Exerceu mandato de

Deputado Federal nas legislaturas de 1987-1991 (Constituinte), 1991-1995, 1995-1999,

1999-2003, 2003-2007 e 2007-2011.

2ª Vice-Presidência: Plínio Martins (PMDB/MS)22. Formado em direito pela

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP); professor de direito civil da

Faculdade de Direito de Campo Grande entre 1975 e 1979; e, advogado em Campo

Grande/MS por 32 anos. Foi vereador e prefeito de Campo Grande/MS e exerceu

mandato de Deputado Federal nas legislaturas de 1983 -1987 e 1987-1991.

Relatoria: Plínio Arruda Sampaio (PT/SP)23. Formado em direito pela Universidade

de São Paulo (USP) e mestre em Desenvolvimento Internacional e Economia Rural pela

Cornell University, Ithaca, NY, EUA. Foi Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, é

advogado. Exerceu mandato de Deputado Federal nas legislaturas de 1963-1967, 1983-

1987 e 1987-1991.

Ante o exposto, é possível concluir que a Subcomissão do Poder Judiciário e do

Ministério Público, bem como sua Mesa, era composta de pessoas que possuíam

conhecimento técnico e experiência profissional e política para os debates a ela inerentes.

4. Sistemática de Trabalho da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério

Público.

Considerando que no início os trabalhos a ANC ficou concentrada na elaboração

do seu Regimento Interno, aprovado em 24 de março de 1987, a instalação das 8

comissões temáticas ocorreu apenas em 1º de abril de 1987 e, sucessivamente, em 07 de

abril de 1987 a instalação e eleição para a composição das mesas das subcomissões

temáticas.

Após a instalação das subcomissões, estas, de acordo com o art. 14 do Regimento

Interno da Assembleia Nacional Constituinte – RIANC, deveriam destinar de 5 (cinco) a 8

(oito) reuniões para audiências de entidades representativas de segmentos da sociedade,

devendo, ainda, durante o prazo destinado aos seus trabalhos, receber as sugestões

encaminhadas à Mesa ou à Comissão.

21

Informações obtidas no site da Câmara dos Deputados: http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao-cidada/parlamentaresconstituintes/ 22

Idem 23

Idem

13

Concluída esta fase, obedecendo ao disposto no art. 17 do RIANC, o Relator, com

ou sem deliberação preliminar, deveria elaborar seu trabalho com os subsídios

encaminhados, conforme relatado anteriormente, e apresentar, no prazo de 30 dias

relatório com o anteprojeto daquela temática, assim, a relatoria das subcomissões era

uma das principais funções a ser exercida por um constituinte, a ponto de parte

considerável da elaboração do anteprojeto ser realizada em seus gabinetes, com seus

assessores e pessoas de sua confiança.

Neste sentido Pillati (2008, p. 77) afirma que importantes articulações aconteciam

mais nos bastidores do que nas reuniões públicas ocupadas pelos embates retóricos.

Tanto é verdadeira esta afirmação que o Relator Plínio Arruda Sampaio (PT/SP),

quando da entrega do anteprojeto à Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério

Público, agradece nominalmente a 6 (seis) pessoas pela colaboração e os isentando de

responsabilidade por possíveis falhas24 (ANC, 1987g. p.161)

Esta situação podia ser considerada normal tendo em vista o tempo exíguo para a

realização das audiências públicas, análise e debates de propostas e sugestões e a

elaboração do relatório e anteprojeto na subcomissão para posterior apresentação na

Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo. Pensando nisto, logo que

assumiu a relatoria, Plínio Arruda Sampaio (PT/SP), se manifestou no sentido da

necessidade de que a primeira reunião fosse utilizada para se traçar uma metodologia

para o andamento dos trabalhos, devendo ser elaborado um cronograma para oitiva de

comissões do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Justiça Militar, dos serviços de

assistência judiciária, dos Magistrados, Sindicatos, OAB, dentre outros setores da

sociedade civil, ressaltando, por fim, que esta subcomissão não tinha escopo corporativo

e nem cuidaria dos interesses dos serventuários da justiça, mas da Justiça do País (ANC,

1987d. p.5).

Os trabalhos realmente deveriam ser bem organizados, pois vários setores da

sociedade buscavam oportunidade junto às subcomissões para apresentação de suas

propostas e sugestões, tornando-se impossível a oitiva de todas. Exemplo desta tentativa

de participação aconteceu na própria Subcomissão do Poder Judiciário, pois no

expediente da 1ª Reunião Ordinária já constava um ofício remetido pela Confederação

Nacional do Ministério Público (CONAMP) solicitando que suas sugestões fossem

apresentadas em uma das audiências públicas (ANC, 1987d. p.9-14)

24

“... a elaboração do Relatório não teria sido possível se eu não tivesse tido a colaboração (...). Quero, a propósito, citar seis pessoas que me acompanharam nesses três dias diuturnamente em minha casa. Acho que é meu dever citá-los, deixando claro não terem qualquer responsabilidade pelos erros porventura existentes no Relatório”.

14

De acordo com o cronograma traçado pelo Relator cada reunião de audiência

pública teria a duração de 3 horas, das quais 40 minutos seriam atribuídos ao orador; 10

minutos para o Relator; 120 minutos para os interpelantes, sendo estes em número

máximo de 15 (neste caso sendo 4 minutos para arguição e outros 4 minutos para a

resposta) e 10 minutos de folga para ajustes.

Antes da apresentação do relatório e anteprojeto pelo relator, foram realizadas 10

audiências públicas, sendo ouvidos 21 convidados, dentre os quais 13 representantes de

12 entidades: CONAMP, Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação

Brasileira de Advogados Trabalhistas (ABRAT), Associação Nacional dos Magistrados da

Justiça do Trabalho (ANAMATRA), Confederação Nacional dos Trabalhadores na

Agricultura (CONTAG), Comissão de Justiça e Paz, Confederação Geral dos

Trabalhadores (CGT), União Sindicalista Independente (USI), Federação Nacional dos

Jornalistas (FENAJ), Associação Nacional dos Defensores Públicos, Associação Nacional

dos Serventuários da Justiça e Associação dos Delegados de Polícia (ADEPOL). Os

palestrantes restantes foram: o professor José Joaquim Calmon Passos, Dr. Roberto

Oliveira Santos, professor José Lamartine Corrêa de Oliveira, professor Luis Pinto

Ferreira, professor Fábio Comparato, professor Raul Machado Horta, Dr. Antônio Pessoa

Cardoso e o ministro Paulo Brossard.

Percebe-se que a OAB não fora ouvida em nenhuma das audiências públicas. Os

motivos para este ocorrido serão apresentados a seguir.

5. Participação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil na

Comissão e Subcomissão.

A OAB, segundo o próprio Supremo Tribunal Federal (ADIN 2249-3) é considerada

instituição sui generis e complexa sob os critérios de tamanho, alcance e atribuições.

E, de certa forma, parece que este é o entendimento dos membros da

Subcomissão à respeito da OAB, pois elencadas as instituições que participariam das

audiências públicas, consenso se tinha em inicia-las pela OAB, por se tratar

representativa e estar na base do Poder Judiciário brasileiro (ANC, 1987e. p.12).

Mas, acontece que por meio destas decisões tomadas nos corredores e gabinetes,

temos a notícia de que a OAB seria ouvida perante a Comissão da Organização dos

Poderes e Sistemas de Governo. Não há nas atas da Comissão ou Subcomissão do

Poder Judiciário e do Ministério Público, qualquer deliberação ou menção a convite ou

ofício relatando a visita da OAB. O único relato sobre tal ação se dá na 2ª Reunião da

15

Subcomissão, realizada em 09 de abril de 1987, presidida por Jairo Carneiro, informando

que José Costa (Presidente Eleito da Subcomissão) pediu para que transmitisse o recado

de que a OAB seria ouvida na Comissão.

É possível concluir, portanto, que houve um entendimento entre o Presidente da

Comissão, Maurício Corrêa, o Presidente da Subcomissão, José Costa e o Presidente do

Conselho Federal da OAB, no sentido de realizar esta primeira audiência pública, já que

Maurício Corrêa participou ativamente do II Congresso de Advogados Pró-Constituinte,

juntamente com Márcio Thomaz Bastos, e pelo fato da OAB ser uma instituição com

possibilidade de contribuir não apenas na temática do Poder Judiciário, mas também do

Legislativo e do Executivo.

É certo que a OAB desde sua criação lutou por um Estado Democrático de Direito

e, mais especificamente, desde meados da década de 1970, vinha travando grande

batalha contra o Estado de Exceção e lutando por uma Assembleia Nacional Constituinte

exclusiva, ou seja, a finalidade desta instituição ultrapassa os debates da seara do Poder

Judiciário.

A OAB estava preparada para o debate sobre Presidencialismo e Parlamentarismo;

Participação da Sociedade no Processo Decisório, e, Reformulação do Poder Judiciário

(ANC, 1987b. p.19-20).

No entanto, este fato não traz qualquer prejuízo para nossa análise, pois levando

em conta que os membros da subcomissão obrigatoriamente são membros da comissão,

os debates que nela pudessem ocorrer aproveitaria à subcomissão. É até mais eficiente

se pensar em não repetir as participações em audiências e, sim, potencializar ainda mais

os debates abrindo oportunidade para outras instituições, neste caso, relacionadas à

temática da Justiça brasileira.

Desta forma, na 1ª Audiência Pública ocorrida na sede da Comissão da

Organização dos Poderes e Sistema de Governo, fora ouvido o Presidente do Conselho

Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Márcio Thomaz Bastos, que discorreu sobre

o Poder Judiciário e o Ministério Público na Nova Constituição (ANC, 1987b. p.19).

Naquela oportunidade, o Presidente do CFOAB em seu depoimento deixou claro

que o papel da OAB não era ditar regras, de trazer questões fechadas e soluções prontas,

mas, como de representante de uma parcela da sociedade civil, de contribuir para a

formação das bases de um regime democrático no Brasil, no qual a Constituição deveria

ser provida de conteúdo econômico e social, onde os valores do trabalho lutem em

igualdade de condições com os valores do capital, provida das alavancas suficientes e

16

capazes para construir algumas reformas sem as quais não seria possível a democracia

em nosso País (ANC, 1987b. p.19).

Embora a OAB, como Conselho Federal, tenha participado apenas de exposição

perante a Comissão da Organização dos Poderes e Sistemas de Governo, através de

alguns de seus membros, como é o caso do Conselheiro Federal da OAB pelo Paraná,

José Lamartine Corrêa de Oliveira, ganhou espaço em Audiência Pública na

Subcomissão para tratar de questão específica de criação de uma Corte Constitucional no

Brasil (ANC, 1987f. p.101).

6. Principais Contribuições da OAB para o Poder Judiciário apresentadas na

Comissão e na Subcomissão

De acordo com o Presidente do CFOAB, o Poder Judiciário precisaria passar por

uma completa reformulação, pois com a estrutura que apresentava era incapaz de

cumprir os seus fins, desde as instâncias mais altas, como o Supremo Tribunal Federal

até as primeiras instâncias, ou seja, até os juízes das Justiças Estaduais. Tais

reformulações, segundo seu entendimento, deveriam iniciar-se de baixo para cima, com

modificações sérias, estruturais e fundamentais. Assim, apoiado por decisão aprovada na

Conferência Nacional de Belém, apresenta proposta que trata de 6 (seis) principais

aspectos: Autonomia Financeira e Orçamentária; Controle Externo; Celeridade dos atos

processuais; Motivação das Decisões; Criação de um Tribunal Constitucional; e, Inserção

Constitucional da Advocacia.

Vejamos:

6.1. Autonomia Financeira e Orçamentária

A proposta da OAB, considerando o Poder Judiciário como “um mero apêndice do

Poder Executivo” em termos orçamentários e financeiros, defendia a necessidade do

Poder Judiciário possuir autonomia orçamentária e financeira e firmar-se realmente como

um Poder, sendo que esta autonomia seria o início para se atingir a autonomia

administrativa e política com mecanismo de controle, é claro, a ser criado, além daqueles

normais da divisão tripartite do Poder Público, os tradicionais check and balances (ANC,

1987b. p.20).

17

6.2. Controle Externo

Tais mecanismos que deveriam ser criados, segundo a OAB, seriam externos,

como uma contrapartida da autonomia orçamentária e financeira, do qual participariam os

jurisdicionados e a sociedade civil.

Necessário destacar que este controle não recairia sobre os atos jurisdicionais do

Poder Judiciário, e, sim sobre os seus atos administrativos.

De acordo com Márcio Thomaz Bastos, a OAB ainda não havia chegado à

conclusão sobre qual seria este órgão de controle externo do Poder Judiciário, mas, em

linha geral seria um organismo composto fundamentalmente por jurisdicionados em todos

os níveis da justiça, encarregados de controlar e tomar as contas do Poder Judiciário,

bem como de planejar seu funcionamento à longo prazo, já que grande parte dos defeitos

de sua estrutura refere-se ao fato de que há um descompasso entre este Poder e a

realidade social (ANC, 1987b. p.23).

6.3. Celeridade

Com a autonomia desejada, a criação de um órgão de controle externo com função

de planejamento e a reformulação em todos os seus níveis e em todas as suas estruturas,

aparelhado e em condições de cumprir os seus fins, o Poder Judiciário, segundo o

entendimento do Presidente do CFOAB conseguiria atuar de modo que haja celeridade na

tramitação dos atos processuais, evitando, desta forma, absurdos como a espera de mais

de 5 anos para que um sujeito tenha seu caso julgado e a imputação de responsabilidade

pela lentidão da justiça aos advogados (ANC, 1987b. p.20 e 24).

6.4. Motivação

A OAB entendia como necessária a inclusão de um princípio constitucional,

garantindo que não haja decisões imotivadas em sede do Poder Judiciário, evitando-se as

sessões secretas e as votações anônimas, admitindo-se a decisão brevemente motivada,

mas não a ponto do jurisdicionado desconhecer o seu fundamento (ANC, 1987b. p.20).

18

6.5. Tribunal Constitucional

Esta é uma das principais propostas da OAB, merecedora de um painel específico

em Audiência Pública na 6ª Reunião Ordinária, realizada em 27/04/1987, na Subcomissão

do Poder Judiciário e do Ministério Público, apresentado pelo Professor José Lamartine

Corrêa, da UFPR e Conselheiro Federal da OAB pelo Estado do Paraná (ANC, 1987f.

p.101).

De acordo com Márcio Thomaz Bastos, a OAB considerava a criação de um

Tribunal Constitucional como de extrema importância, a ponto de ser impossível ter uma

Constituição moderna objetivando uma Democracia Social, sem a existência de uma

Corte Constitucional (ANC, 1987b. p.20).

Continuando, Márcio Thomaz Bastos adverte que a Corte Constitucional é diferente

do Supremo Tribunal Federal tal como se encontra estruturado e articulado. A Corte

Constitucional deveria ser um tribunal de vocação política, cujos membros fossem eleitos

pelo Congresso Nacional, com mandatos de 9 anos, e, não nomeados pelo Presidente da

República, com função exclusiva de velar pelas questões constitucionais, pelo

cumprimento da Constituição, pelo julgamento das arguições de inconstitucionalidade por

ação ou omissão e pela defesa dos princípios constitucionais nos casos concretos (ANC,

1987b. p.20).

De acordo com a proposta da OAB, ao lado deste Tribunal deveria ser criado um

Superior Tribunal de Justiça (Corte de Cassação), formado por juízes de carreira, com a

missão específica de julgar as questões que lhe forem levadas ao seu conhecimento, de

caráter não constitucional.

6.6. Inserção Constitucional da Advocacia

Como porta-voz da OAB, Márcio Thomaz Bastos, destaca a necessidade da

inserção constitucional da advocacia, que segundo sua opinião tal assunto ficaria melhor

situado no Capítulo dos Direitos e Garantias, ou seja, deveria ser debatidos em outra

Comissão, mas tendo em vista que a posição da OAB era vinculá-la ao Poder Judiciário, a

mesma foi apresentada na Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público pelo

constituinte Michel Temer (PMDB/SP), estabelecendo que ao lado da Magistratura e do

Ministério Público, o advogado presta serviço de interesse público, sendo indispensável à

administração da justiça; é inviolável no exercício de sua profissão e no âmbito de sua

atividade, por suas manifestações escritas e orais. E, à OAB entre outras atribuições

19

legais compete: a) defender a Constituição, pugnar pela boa aplicação das leis e

contribuir para o aperfeiçoamento das instituições jurídicas; b) integrar o Conselho de

Defesa dos Direitos da Pessoa Humana; e, c) ajuizar ação de inconstitucionalidade; ¼

das vagas de qualquer Tribunal deve ser provido por membros do Ministério Público e por

advogados que estejam no efetivo exercício da profissão, todos de notório merecimento e

idoneidade moral, com 10 anos, pelo menos, de prática forense, fazendo-se obrigatória

alternância entre as categorias (ANC, 1987b. p.22).

7. Resultados Obtidos pela Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério

Público.

Antes da apresentação do Anteprojeto da Subcomissão do Poder Judiciário e do

Ministério Público, em 13 de maio de 1987, Plínio Arruda Sampaio (PT/SP), apresentou

seu relatório no qual continha introdução, um diagnóstico, os objetivos e pressupostos do

Poder Judiciário e do Ministério Público, e, por fim, o próprio texto do anteprojeto que dali

seguiria para a Comissão da Organização dos Poderes e Sistemas de Governo.

O diagnostico apresentado pelo Relator (ANC, 1987h. p.2-7), com base na oitiva

das instituições e juristas, apontava o seguinte: 1. A Justiça brasileira é lenta, diminuindo,

portanto, sua atuação efetiva; 2. A Justiça brasileira é inacessível aos setores de baixa

renda, pois os litígios são caros e demorados. Em especial na Justiça do Trabalho, tendo

em vista que a lentidão estimula acordos lesivos aos trabalhadores; 3. Na Justiça

Criminal, delitos ficam impunes ou porque as penas prescrevem antes que os processos

terminem ou porque, os condenados não são recolhidos por falta de vagas nas

penitenciárias; a Polícia Judiciária é mal aparelhada; e, o Sistema Penitenciário não é

capaz de recapacitar os presos para o convívio social e ainda comete abusos pela má

administração, mantendo retidas pessoas que já cumpriram suas sentenças; 4. Devido à

sobrecarga de trabalho dos juízes, a segurança de uma boa sentença se torna ameaçada,

comprometendo a qualidade das mesmas, sobretudo em algumas regiões, pela

dependência em que o Poder Judiciário se encontra diante de um Executivo hipertrofiado;

a dependência do Judiciário em relação ao Executivo, tanto no que diz respeito ao

orçamento de gastos de suas atividades quanto à fixação dos vencimentos dos juízes e

às promoções na carreira, é fator que algumas vezes compromete e sempre torna mais

difícil a imparcialidade dos magistrados; 5. A ação da Justiça brasileira vê-se bastante

limitada pela impossibilidade de estender os efeitos de certas decisões aos casos

semelhantes, isso porque o juiz só atua sob provocação de parte legítima e só diz direito

20

em relação ao caso concreto submetido à sua apreciação. Isso retira eficácia social mais

ampla da justiça e a limita, especialmente no âmbito cível, à solução de conflitos, na sua

maioria patrimonial, entre os integrantes dos grupos sociais de maior poder econômico.

Para sintetizar, as principais falhas básicas do nosso aparelho judiciário, assim

definidas pelo Relator Plinio Arruda Sampaio (PT/SP), são: 1. morosidade; 2.

inacessibilidade da justiça aos mais pobres (o que chamamos de elitismo); 3. pouca

eficácia punitiva; 4. sobrecarga do trabalho dos juízes; 5. dependência ao Executivo

(ANC, 1987h. p.2).

Incluiu-se neste diagnóstico, o julgamento de matérias constitucionais, que até

então estava relegado para uma condição secundária na nossa Suprema Corte, dado que

o País possuía uma Carta outorgada, devendo, a partir desta futura Constituição ter

tratamento condizente com a importância de uma verdadeira democracia (ANC, 1987h.

p.1-2).

Neste sentido, com o escopo de dar este tratamento especial, segundo Plínio

Arruda Sampaio (PT/SP), no que tange o julgamento das matérias constitucionais, afirma

que houve o acolhimento das propostas dos constitucionalistas, encamadas pelos

advogados brasileiros através de manifestações reiteradas da OAB, qual seja: a criação

de um Tribunal Constitucional e a transformação do Supremo Tribunal Federal em

Tribunal Superior de Justiça, com atribuições de órgão unificador da jurisprudência

concernente à aplicação de lei federal (ANC, 1987h. p.1).

Nesta mesma linha de valorização da matéria constitucional, o Anteprojeto previu a

ampliação do número de partes legitimas para arguir sobre a inconstitucionalidade de leis

ou atos administrativos, incluindo neste rol, o Conselho Federal e Conselhos Seccionais

da Ordem dos Advogados do Brasil, e consagrou a representação de

inconstitucionalidade por omissão.

Para as outras falhas apontadas o Anteprojeto previu a Autonomia e Independência

do Poder Judiciário e do Ministério Público através da implantação das garantias de

jurisdição clássicas das democracias modernas como: a) a lei prévia; b) o juiz

independente e imparcial revestido de garantias para bem exercer a jurisdição; c) o

devido processo legal; d) a execução compulsória das sentenças, preservando o duplo

grau de jurisdição, a obrigatoriedade da decisão motivada, a impossibilidade de subtrair

litígios da apreciação judicial e de condicionar a jurisdição a qualquer decisão prévia do

mesmo litígio em outro poder do Estado, a competência jurisdicional fixada em lei, a

proibição de juízes e tribunais de exceção, o monopólio e a obrigatoriedade da ação penal

pública e seu exercício por órgão independente, e, por fim, garantia de ampla defesa.

21

O Anteprojeto previu que a prestação de contas do Poder Judiciário e do Ministério

Público deveria ser realizada pelo Poder Legislativo por meio de audiências públicas,

facultada a participação de organizações civis.

Outro ponto de destaque é o enunciado que o Triplé da Justiça é formado pelo

Juiz, Promotor e Advogado, sendo este último indispensável para a administração da

justiça.

Entre outros, o Anteprojeto prevê a criação da Justiça Agrária, Gratuidade da

Justiça, a questão da Arbitragem na Justiça do Trabalho, readequação da figura do “Juiz

Classista” para Conselheiro, Criação da Defensoria Pública e manutenção da Justiça

Militar para julgamento de crimes militares cometidos por membros das Forças Armadas.

Considerações Finais

O processo constituinte formalmente teve início e fim, mas na realidade seu início

se deu desde o momento que grupos representativos da sociedade, tal como a OAB,

CNBB e ABI entenderam a necessidade de se criar um novo Estado Brasileiro, cujos

valores deveriam estar protegidos em uma nova Constituição.

Este processo que culminou com a promulgação desta Constituição em 05 de

outubro de 1988, ainda não se encerrou, já que constantemente esta é alterada por meio

de Emendas Constitucionais. No que tange o Poder Judiciário, alteração significativa se

deu através da Emenda Constitucional 45/04.

O trabalho realizado pela OAB antes e durante o processo constituinte apontava

que o Poder Judiciário deveria passar por uma completa reformulação, para a qual

apresentou algumas propostas. Os membros da Subcomissão do Poder Judiciário

apontaram ou acompanharam a OAB sobre a reformulação e ouvindo os principais

envolvidos em audiências públicas, também apresentaram propostas para reestruturar o

Poder Judiciário brasileiro. Muito foi melhorado.

Passados 16 anos da promulgação da Constituição de 1988, o tema Poder

Judiciário, que não tinha saído de tela, repercute com o advento da Emenda

Constitucional 45/04 – Reforma do Poder Judiciário.

Vinte e quatro anos após a Constituição Federal de 1988, temos a impressão de

que alguns dos problemas diagnosticados na Subcomissão, ainda estão presentes na

sociedade, como é o caso da demora na tramitação de processos judiciais e das

polêmicas relacionadas ao Supremo Tribunal Federal, apenas para citar exemplos.

22

Não podemos afirmar que se todas as propostas apresentadas pela OAB tivessem

sido aproveitadas, teríamos hoje um Poder Judiciário melhor, mas é notório que a

participação da OAB em todo processo constituinte em muito ajudou a ter um Judiciário

com mais autonomia.

Embora desde o início da ANC, a OAB tenha se posicionado como entidade que

visava colaborar com este processo constituinte, entendemos que algumas conquistas

foram alcançadas, como a inclusão da advocacia para o triplé da justiça, considerando o

advogado indispensável para sua administração; reconhecimento de autonomia ao Poder

Judiciário; a inclusão do Conselho Federal da OAB no rol dos legitimados para

propositura de ações de controle de constitucionalidade, entre outras.

Mas, talvez, uma das grandes derrotas, tendo em vista, o tempo e esforço

empregados pela OAB e seus membros (juristas e professores), durante todo o trabalho

da subcomissão e da comissão, esteja relacionada à Corte Constitucional. Apesar do

relatório da subcomissão acatar a ideia de um Tribunal Constitucional, ainda que com

emendas, modificando, significativamente, as funções e a forma de composição da cúpula

do Poder Judiciário, tal proposta não vingou. As causas para esta derrota, não da OAB,

mas da sociedade, não foram objeto deste paper.

Inúmeras são as questões a serem levantadas sobre a estrutura ideal do Poder

Judiciário no Brasil e a participação de instituições permanentes como é o caso da OAB

neste processo, investigação esta que tende a continuar na tese de doutorado deste

autor.

23

Referências Bibliográficas

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CONGRESSO NACIONAL DE ADVOGADOS PRÓ-CONSTITUINTE, 1985. Sede da OAB

do Distrito Federal. Anais... Brasília: Ordem dos Advogados do Brasil, 1985. p. 311-313

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ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE (ANC). Comissão da Organização dos

Poderes e Sistemas de Governo. Ata da 1ª Reunião Ordinária, realizada em 22 de Abril

de 1987 – Notas Taquigráficas. Brasília: Câmara dos Deputados, 1987.

____________________. Comissão da Organização dos Poderes e Sistemas de

Governo. Ata da 1ª Reunião de Audiência Pública, realizada em 29 de Abril de 1987 –

Notas Taquigráficas. Brasília: Câmara dos Deputados, 1987b.

____________________. Resolução nº 2 – Dispõe sobre o Regimento Interno da

Assembléia Nacional Constituinte. Publicado em 25 de Março de 1987 no Diário da

Constituinte. Brasília: Câmara dos Deputados, 1987c.

____________________. Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público. Ata

da Reunião para Eleição do Presidente e Vice-Presidente, realizada em 7 de Abril de

1987 – Notas Taquigráficas. Brasília: Câmara dos Deputados, 1987d.

____________________. Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público. Ata

da 1ª Reunião Ordinária, realizada em 8 de Abril de 1987 – Notas Taquigráficas. Brasília:

Câmara dos Deputados, 1987e.

____________________. Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público. Ata

da 6ª Reunião Ordinária, realizada em 27 de Abril de 1987 – Notas Taquigráficas. Brasília:

Câmara dos Deputados, 1987f.

24

____________________. Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público. Ata

da 7ª Reunião Ordinária, realizada em 13 de Maio de 1987 – Notas Taquigráficas.

Brasília: Câmara dos Deputados, 1987g.

____________________. Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público.

Anteprojeto – Relatório sobre a Organização do Poder Judiciário – Vol. 114, apresentado

na 7ª Reunião Ordinária, realizada em 13 de Maio de 1987 – Notas Taquigráficas.

Brasília: Câmara dos Deputados, 1987h.

CASTRO FILHO, José Ribeiro de. O Poder Judiciário, Ministério Público e Executivo.

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GARCIA, Mário Sérgio Duarte. Discurso do Presidente do Conselho Federal da Ordem

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II CONGRESSO NACIONAL DE ADVOGADOS PRÓ-CONSTITUINTE, 1985. Sede da

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OLIVEIRA, José Lamartine Corrêa de. Ata da Sessão da Unidade Constitucional nº 4 –

Poder Judiciário & Ministério Público. In: II CONGRESSO NACIONAL DE ADVOGADOS

PRÓ-CONSTITUINTE, 1985. Sede da OAB do Distrito Federal. Anais... Brasília: Ordem

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PILATTI, Adriano. A constituinte de 1987-1988 – Progressistas, conservadores, ordem

econômica e regras do jogo. Rio de Janeiro: Editora PUC Rio: Editora Lumen Juris, 2008.

Anexo

Mapa da Composição da Subcomissão do Poder Judiciário e do Ministério Público

N. Nome do Parlamentar Partido UF Formação Profissão

01 José Costa - PRESIDENTE PMDB AL Direito Advogado e Jornalista

02 Jairo Carneiro – 1º VICE-PRESIDENTE PFL BA Direito Advogado e Professor

03 Plínio Martins - 2º VICE-PRESIDENTE PMDB MS Direito Advogado

04 Plínio Arruda Sampaio – RELATOR PT SP Direito Advogado e Professor

05 Leite Chaves PMDB PR Direito Advogado/Empresário

06 Leopoldo Peres PMDB AM Direito Advogado/Jornalista/Professor/Serventuário da Just./Tabelião/Tec. em Administração

07 Carlos Vinagre PMDB PA Direito Advogado/Jornalista/Professor

08 Francisco Amaral PMDB SP Direito Advogado/Jornalista/Professor

09 Michel Temer PMDB SP Direito Advogado/Professor

10 Silvio Abreu PMDB MG Direito Advogado/Professor

11 Moyses Pimentel PMDB CE Industrial/Comerciante/Banqueiro

12 Nilson Sguarezi PMDB PR Direito Advogado/Professor

13 Raul Ferraz PMDB BA Direito Advogado

14 Ronaro Corrêa PFL MG Engenharia Engenheiro

15 Paes Landim PFL PI Direito Advogado/Professor

16 José Lourenço PFL BA Ciências Econômicas Economista/Empresário

17 Vinicius Cansanção PFL AL Direito Agropecuarista/Advogado/Comerciante

18 Maurício Corrêa – 1º VICE-PRESIDENTE DA COMISSÃO DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E SISTEMAS DE GOVERNO

PDT DF Direito Magistrado/Advogado

SUPLENTES

19 Humberto Lucena PMDB PB Direito Advogado

20 Wagner Lago PMDB MA Direito Advogado/Promotor Público

21 Del Bosco Amaral PMDB SP Direito Advogado/Armador de Pesca

22 Djenal Gonçalves PMDB SE Medicina Médico/Professor

23 Gustavo de Faria PMDB RJ Direito Advogado/Jornalista/Professor/Empresário/Escritor e Editor

24 Haroldo Saboia PMDB MA Economia Jornalista/Servidor Público/Analista de Sistemas

25 Ibsen Pinheiros PMDB RS Direito Advogado/Jornalista/Promotor de Justiça/ Procurador de Justiça

26 Ivo Mainardi PMDB RS Direito Advogado/Promotor de Justiça

27 João Carlos Bacelar PMDB BA Direito Industrial

28 José Carlos Martinez PMDB PR Direito (incomp.) Administração (incomp.)

Administrador de Empresas

29 Lélio Souza PMDB RS Direito Advogado

30 Nestor Duarte PMDB BA Direito Bacharel em Direito

31 Arolde Oliveira PFL RJ Economia/ Engenharia/ Oficial do Exército

Economista/ Engenheiro/Professor/Oficial do Exército

32 Fausto Rocha PFL SP Direito Advogado/Jornalista/Radialista/ Apresentador de TV

33 Jesus Tajra PFL PI Direito Advogado/Jornalista/Func. Público Federal

34 Edison Lobão PFL MA Direito Advogado/Jornalista

35 Messias Góis PFL SE Direito Advogado/Pecuarista

36 Adhemar de Barros Filho PDT SP Química Industrial/Empresário/Químico

37 Adolfo Oliveira PL RJ Medicina Médico