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A luta pela melhoria da assistência à saúde no Grajaú: avanços e desafios para pautar o orçamento público Indice 1. Apresentação........................................................................................................ 01 2. Caracterização da região/distrito......................................................................... 03 3. A experiência de intervenção na elaboração do orçamento municipal visando a construção de UBSs................................................................................................................ 14 4. Déficit de UBSs na Subprefeitura da Capela do Socorro e o urgente compromisso com a construção de novas unidades .......................................................................... 16 5. Pesquisa ........................................................................................................ 17 6. Município de São Paulo e Subprefeituras – Unidades Básicas de Saúde por Rede: existentes e necessárias - 2004 e 2007 .......................................................... 20 Siglas UBS – Unidade Básica de Saúde SUS – Sistema Único de Saúde PSF – Postos de Saúde da Família CAPS – Centro de Apoio Psicossocial LOA – Lei de Orçamento Anual AE - Ambulatório de Especialidades Apresentação A Subprefeitura da Capela do Socorro, em especial o distrito do Grajaú, é a região que, atualmente, apresenta o maior déficit de unidades básicas de saúde da cidade de São Paulo. Necessita da instalação de 12 novas unidades, para atendimento da população usuária do SUS conforme a referência da Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê a necessidade de uma UBS para cada 20 mil habitantes. A limitada capacidade de atendimento das 15 unidades existentes, deixa 48% dos usuários do SUS sem cobertura na atenção básica à saúde. Além disso, verifica-se que as unidades existentes apresentam déficit de pessoal para atendimento (médicos, atendentes, etc), de medicamentos e equipamentos. Mais especificamente, o distrito do Grajaú, com 400.055 habitantes (o mais populoso do município), é o que apresenta maior déficit, não somente entre os distritos do município, como

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A violência no Bairro do Grajaú

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A luta pela melhoria da assistência à saúde no Grajaú: avanços e

desafios para pautar o orçamento público

Indice

1. Apresentação........................................................................................................ 01

2. Caracterização da região/distrito......................................................................... 03

3. A experiência de intervenção na elaboração do orçamento municipal visando a construção

de UBSs................................................................................................................ 14

4. Déficit de UBSs na Subprefeitura da Capela do Socorro e o urgente compromisso com a

construção de novas unidades .......................................................................... 16

5. Pesquisa ........................................................................................................ 17

6. Município de São Paulo e Subprefeituras – Unidades Básicas de Saúde por Rede:

existentes e necessárias - 2004 e 2007 .......................................................... 20

Siglas

UBS – Unidade Básica de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

PSF – Postos de Saúde da Família

CAPS – Centro de Apoio Psicossocial

LOA – Lei de Orçamento Anual

AE - Ambulatório de Especialidades

Apresentação

A Subprefeitura da Capela do Socorro, em especial o distrito do Grajaú, é a região que,

atualmente, apresenta o maior déficit de unidades básicas de saúde da cidade de São Paulo.

Necessita da instalação de 12 novas unidades, para atendimento da população usuária do SUS

conforme a referência da Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê a necessidade de

uma UBS para cada 20 mil habitantes. A limitada capacidade de atendimento das 15 unidades

existentes, deixa 48% dos usuários do SUS sem cobertura na atenção básica à saúde. Além

disso, verifica-se que as unidades existentes apresentam déficit de pessoal para atendimento

(médicos, atendentes, etc), de medicamentos e equipamentos.

Mais especificamente, o distrito do Grajaú, com 400.055 habitantes (o mais populoso do

município), é o que apresenta maior déficit, não somente entre os distritos do município, como

Page 2: 8f8

também entre da sub-prefeitura da Capela do Socorro.

Para caracterizar essa situação foi realizada uma pesquisa pelo Movimento de Saúde, com

colaboração do Instituto Pólis, em todo o distrito. Foram entrevistados os gestores das 8 Unidades

Básicas de Saúde (UBSs), 5 Unidades do PSF e 2 Ambulatórios de Especialidades da região e

155 usuários (cerca de 10 por unidade). O resultado aponta que, para atender às orientações

estabelecidas pela lei, deve-se atentar para as seguintes necessidades:

1 - Construção de doze unidades básicas de saúde nas localidades, sendo 4 as mais urgentes e

nos locais: JD Reimberg, JD Lucélia/ Novo Jaú, Cantinho do Céu*, Conjunto Faria Lima/Parque

Cocaia, JD Novo Horizonte/JD Sabiá, JD Graúna/Guaembú, JD Prainha/Shangrilá, Vila da Paz,

Varginha,

2 - Construção de CECCO (Centro de Convivência e Cooperativa) – Grajaú, destacada,

recentemente, na pré conferência de Saúde da Capela do Socorro, realizada em julho, no CEU

Três Lagos.

3 – Adequação das Unidades Existentes - Considere-se ainda que a pesquisa apontou para a

necessidade de se completar o quadro de funcionários em todas as Unidades, bem como provê-

las com medicamentos essenciais (Remume), materiais e equipamentos básicos. Para tanto é

preciso prever recursos orçamentários para esses fins.

4 - Instalação de atendimento do CAPES - Álcool e Drogas; Infantil e Adulto

5 - Da mesma forma atentamos para a urgência da expansão das ações de saneamento básico

na região.

Estas demandas estão amparadas nos resultados da pesquisa realizada em 2005 pelo Movimento

Popular de Saúde da Capela do Socorro sobre as necessidades de saúde na região (ver pag 4

deste texto). Com os resultados da pesquisa, e o estudo sobre o processo de definição do

Orçamento Municipal, este movimento realizou todo um processo de encaminhamento de

demandas no intuito de sensibilizar o poder público e pautar a construção desses equipamentos

no orçamento (pag. 14 em diante).

Entre 2005 e setembro de 2006, verificou-se que nenhuma nova unidade básica de saúde foi

construída, persistindo a carência extrema de serviços de saúde na região, para atender uma

população que ultrapassa hoje 600 mil habitantes (Dados Sempla/2005). E em 2007 o governo,

além de proceder à reconcentração administrativa do sistema (de subprefeituras para regional),

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implantou a AMA (Assistência Municipal Ambulatorial), e em nível do distrito, em uma das UBSs

(Jardim Icaraí Quintana) passou a realizar também este serviço.

Os objetivos deste documento são:

1) Disseminar os principais resultados da pesquisa realizada em 2005 sobre os serviços

públicos de saúde da região de Cidade Dutra e Grajaú;

2) Apresentar a experiência de intervenção do Movimento Popular de Saúde da Capela do

Socorro na elaboração da proposta orçamentária da cidade para 2007;

3) Problematizar o déficit de UBSs na Subprefeitura da Capela do Socorro e conclamar o

compromisso de construção de novas unidades na LOA 2008.

I. Breve caracterização da Subprefeitura da Capela do Socorro e do distrito do Grajaú

A Subprefeitura da Capela do Socorro, zona sul da cidade de São Paulo, é composta pelos

distritos de Socorro, Cidade Dutra e Grajaú. Em 2000, apresentava um contingente populacional

de 563.922 habitantes, segundo dados do Censo Demográfico do IBGE, sendo uma das

subprefeituras mais populosas da cidade, na qual se concentrava 5% da população paulistana.

Os dados de 2005 (Sempla, PMSP) indicam tendência de crescimento populacional anual

bastante superior à média da cidade: a região cresceu 20,3% comparado ao ano de 2000,

totalizando 678.556 habitantes.

A comparação entre os dados populacionais dos três distritos revela que a região do

Grajaú foi a que mais cresceu neste período, alcançando 441.409 habitantes em 2005, um

crescimento de 32,4%. A extrema carência de equipamentos e serviços públicos e o contínuo

crescimento da população no distrito tornam urgente a construção de novos equipamentos.

Assim, são fundamentais o aumento da destinação de recursos e a ampliação dos

equipamentos e serviços públicos na região (dentre outros equipamentos e serviços), visando

diminuir as desigualdades sócio-territoriais na capital.1 Sabe-se que 90% do distrito está situado

em áreas de mananciais hídricos, e por se constituir de grande parte de ocupações irregulares e

adensadas, alega-se a dificuldade na disponibilidade de áreas para construção. Todavia,

exatamente pela grande ocupação e situação precária daqueles moradores, o atendimento à

saúde é essencial, inclusive para contribuir com a conservação ambiental.

A fim de apontar prioridades e legitimar suas reivindicações junto ao poder público, o

Movimento Popular de Saúde da Capela do Socorro realizou e coordenou, entre abril e agosto de

2005, uma pesquisa nos serviços públicos de atenção básica à saúde da região.

1 O estudo realizado por Odilon Guedes analisou indicadores sociais e orçamentos de três Subprefeituras da cidade de São Paulo: Capela do Socorro, Sé e Butantã, demonstrando como os investimentos públicos tendem a reforçar as desigualdades regionais (Orçamento: comparativo entre subprefeituras. Caderno nº 26 do Observatório dos Direitos do Cidadão. Instituto Pólis; PUC-SP, 2005).

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II. A pesquisa nas unidades de saúde

O objetivo principal da pesquisa foi obter um mapeamento das demandas referentes às

Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Postos de Saúde da Família (PSFs) e Ambulatório de

Especialidades (AEs) do distrito do Grajaú.

A metodologia participativa adotada se pautou pela atuação de um grupo de trabalho do

Movimento Popular de Saúde da Capela do Socorro que participou de todo o processo, desde a

concepção dos objetivos da pesquisa e formulação dos questionários, passando pela realização

das entrevistas, entrada e tabulação dos dados, até a análise dos resultados, com apoio técnico

do Instituto Pólis.

A coleta de dados se baseou em três diferentes modelos de questionários e foi realizada

em cada unidade de saúde, entrevistando-se o gestor responsável e, em média, 10 usuários que

buscavam os serviços de saúde naquele dia (sem que houvesse preocupação em compor uma

amostra representativa). Em alguns dos casos foi necessária mais de uma visita à unidade por

ausência do gestor no dia da aplicação.

O questionário dos usuários foi construído a partir da adaptação de um modelo elaborado

pela União dos Movimentos Populares de Saúde (UMPS) para uma pesquisa na totalidade das

unidades da cidade, realizada em 2003. Já os questionários dos gestores das UBSs/Ambulatório

de Especialidades e o das Unidades do PSF foram elaborados especialmente para a pesquisa na

região.

No total, foram entrevistados 155 usuários e os gestores das oito UBSs, das cinco

unidades do PSF e dos dois ambulatórios de especialidades da região.

A seguir são apresentados os principais resultados da pesquisa, destacando temáticas

relevantes abrangidas pelos questionários, a saber: porta de entrada (caracterizando o percurso

que o usuário fez para chegar àquela unidade de saúde), acesso aos serviços, quadro de

profissionais, disponibilidade de medicamentos e equipamentos, sistema de referência e contra-

referência, percepção dos usuários sobre os problemas que prejudicam a saúde na região e o

conselho gestor.

II. 1) Principais resultados

II. 1. 1) A porta de entrada

O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê o direito universal à saúde, abrangendo a atenção

aos vários níveis de complexidade e tendo as UBSs como a porta de entrada do sistema.

Contudo, como mostra a tabela abaixo, 46% dos usuários entrevistados referiram ter procurado

outros locais antes daquelas unidades onde foi realizada a pesquisa.

1º lugar procurado?resposta

s %Sim 81 54

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Não 70 46total respostas válidas 151 100não respondeu 4

Entre os serviços procurados pelos 70 usuários que referiram ter buscado atendimento em

outro local antes da unidade específica, destaca-se a ida a outros postos de saúde (42%) e a

pronto-socorros (42%), como indica a tabela abaixo.

Últimos lugares procurados (resposta múltipla)

respostas %

outro posto de saúde 36 42 Pronto socorro 36 42 Médico particular 8 9 Convênio 4 5 Outras respostas* 1 1total respostas válidas 85 100* Unisa

É possível que o primeiro posto procurado tenha sido o mais próximo do local de moradia

do usuário, que, ao não tê-lo atendido satisfatoriamente (possivelmente pela demora da consulta,

pela insuficiência de profissionais ou pelo excesso de demanda que excede a capacidade de

atendimento da unidade), levou à busca de uma unidade mais distante. A busca por pronto-

socorros, por sua vez, pode estar relacionada a demandas urgentes, nas quais não é possível

aguardar até o dia agendado para a consulta (como veremos no próximo item).

II. 1. 2) Os gargalos no acesso ao atendimento

Chama a atenção o fato de 10% dos usuários entrevistados não terem conseguido sequer

agendar a consulta e a imensa maioria (68%) ter conseguido agendamento para outro dia.

Tempo para atendimento/agendamentoresposta

s % Mesmo dia 30 20 outro dia 103 68 encaminhado p/ outros serviços 3 2 não consegue atendimento 15 10total respostas válidas 151 100não sabe 1não respondeu 3

Entre os que tiveram a consulta agendada para outro dia, é importante observar que em

mais de 70% dos agendamentos a espera pela consulta superou 15 dias, chegando em alguns

casos a mais de dois meses, como indica a tabela abaixo.

Tempo para consulta quando agendado resposta %

Page 6: 8f8

s até uma semana 7 11 8 a 15 dias 10 16 16 a 30 dias 31 48 31 a 60 dias 12 19 61 a 90 dias 2 3 mais de 90 dias 2 3total respostas válidas 64 100não respondeu 39

Esse longo tempo de espera pode ser relacionado ao fato da demanda superar a

capacidade de atendimento das unidades da região.

De maneira semelhante, o período para a consulta de retorno mostrou-se superior a 15

dias em 64% dos casos, como se vê abaixo (vale lembrar que o retorno está também relacionado

ao tipo de acompanhamento requerido pelo problema de saúde).

Tempo para retorno segundo usuáriosresposta

s %até uma semana 13 9 8 a 15 dias 26 1816 a 30 dias 63 43 31 a 60 dias 28 19 61 a 90 dias 14 10 mais de 90 dias 3 2total respostas válidas 147 100não respondeu 8

A elevada espera para retorno foi confirmada pelos gestores das UBS e AEs: em 80% das

unidades os gestores afirmaram que a espera chega a mais de 15 dias, como mostra a tabela

abaixo.

Tempo máximo de espera para a realização da próxima consulta nos

UBS e AEs

Respostas

%

até uma semana 2 20 8 a 15 dias 0 16 a 30 dias 4 40 31 a 60 dias 4 40

total respostas válidas 10 100

Frente a este largo tempo de espera, é compreensível que a incidência de faltas dos

usuários fosse grande, como apontaram os gestores:

Há incidência de faltas dos usuários nas consultas e tratamentos médicos

nos UBS e AEs?

Respostas

%

sim 9 90 não 1 10

Page 7: 8f8

total respostas válidas 10 100

Qual a média de faltas dos usuários nos UBS e AEs?

Respostas

%

Até 20 % 5 50De 21 a 40 % 2 20De 41 a 60 % 2 20De 61 a 80 % 1 10

total respostas válidas 10 100

II. 1. 3) Insuficiência de Pessoal

A tabela a seguir mostra os resultados fornecidos pelos gestores quanto à falta de

profissionais para atendimento nas UBSs e AEs da região.

Falta de profissionais por especialidade médica nos Postos e AEs da região Previsto Existente

Diferença entre

existente x previsto

Auxiliar de Enfermagem 138 122 -16Pediatra 44 29 -15Clínico geral 40 26 -14Enfermeiro 29 15 -14Atendente 79 66 -13Assistente social 19 10 -9Psiquiatra 13 6 -7Dentista 44 38 -6Ginecologista 37 33 -4ATAS 9 5 -4Psicólogo 13 10 -3Geriatra 1 1 0Pessoal administrativo 25 25 0

A exceção do pessoal administrativo e do único geriatra da região, as demais áreas

possuíam menos profissionais do que o parâmetro previsto para atendimento das unidades,

inclusive nas áreas que envolvem os atendimentos mais procurados e “indelegáveis” nas UBS

(clínico geral, pediatra, ginecologista e dentista).

A falta de profissionais tende a sobrecarregar aqueles que estão atendendo, sendo uma

das explicações possíveis para a elevada taxa de insatisfação dos funcionários, revelada pelos

gestores das UBS e AEs:

Opinião gestor: Funcionários dos Postos e AEs estão satisfeitos com o trabalho que realizam?

Respostas %

sim 3 38 não 5 63total respostas válidas 8 100não sabe 2 25

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A sobrecarga, que por vezes leva ao abandono dos postos de trabalho, fica também

indicada pela alta freqüência de gestores (70%) que afirmaram que os funcionários realizavam

atividades não previstas.

Já nas unidades do PSF, a indicação de insuficiência de profissionais ficou restrita aos

médicos generalistas e de um ATA, ao passo que os demais profissionais existentes superavam a

previsão.

Número de Profissionais que trabalham nas Unidade

do PSF Existente Previsto

Diferença entre existente x

previstoMédico Generalista 19 24 -5Enfermeiro 21 16 5Aux. de Enfermagem 48 32 16Agentes Comunitários de Saúde 96 77 19ATAS 13 14 -1Atendentes 3 0 3Pessoal Administrativo 15 11 4

O aumento do número de profissionais foi a demanda mais freqüente entre as

reivindicações dos usuários para melhoria do atendimento nas unidades, sendo mencionada por

51% dos entrevistados. Em seguida foram citados a humanização do atendimento (42%) e a

agilidade no atendimento (28%), como mostra a tabela abaixo. É importante sinalizar que estas

três reivindicações podem ser relacionadas à insuficiência do número de unidades na região para

atendimento das demandas existentes.

Opinião dos usuários sobre o que precisaria melhorar nas unidades/ sugestões? (pergunta aberta)

respostas %

aumento do número de profissionais 71 51 humanização do atendimento 59 42 agilidade no atendimento 39 28 limpeza e conservação das Unidades 8 6 melhoria do sistema de referência e contra referência 7 5 horário de atendimento (ampliação e/ou cumprimento da carga horária prevista) 6 4 remédios (distribuição, medicação) 6 4 aumento do número de programas de orientação 3 2 disponibilidade da informação na Rede de Saúde Pública (atendimento e divulgação) 3 2 Agendamento 3 2 exames (aparelhos, ultrassom) 3 2 aumento do número de equipamentos públicos de Saúde 2 1 atendimento emergencial 2 1 nada/satisfatório 8 6 Outros (segurança, ampliação da unidade, dentista, atendimento especializado, aumentar verbas, partos, informação por telefone, investimento nos funcionários, espaço p/ troca de fraldas, tudo) 10 7total respostas válidas 139 100

Page 9: 8f8

não sabe 6não respondeu 10

II. 1. 4) Falta de medicamentos

Quando perguntados sobre a disponibilidade de medicamentos nas unidades, 79% dos

usuários apontaram faltas, tendo sido freqüentes menções à ausência de medicamentos

ginecológicos, diabéticos, psiquiátricos (especialmente anti-depressivos), hipertensivos,

antibióticos e anticoncepcionais.

A falta de medicamentos essenciais nas farmácias (tendo por referência a lista do

Remume) foi confirmada por 30% dos gestores de UBSs e AEs e por 40% dos gestores das

Unidades de PSF.

II. 1. 5) Carências na infra-estrutura das Unidades

Quanto às carências de infra-estrutura e insumos, 40% dos gestores das UBSs e AEs

apontaram falta de aparelhos e equipamentos para atendimento adequado, ao passo que 30%

indicaram a insuficiência de material de uso básico.

É importante enfatizar que a infra-estrutura e materiais insuficientes prejudicam a

capacidade de resolução do atendimento nas unidades.

Nas unidades do PSF, por sua vez, os gestores também relataram insuficiências: enquanto

nos aparelhos e equipamentos disponíveis a falta foi menor que a relatada nas UBSs e AEs

(20%), foi maior a menção à falta de materiais básicos (40%).

II. 1. 6) Referência e contra-referência

A questão da referência e contra-referência do sistema de saúde supõe a integração dos

equipamentos do SUS. As informações fornecidas pelos usuários entrevistados sugerem que em

geral ela estava funcionando bem, como indica o alto percentual de usuários que conseguiram

encaminhamento para a realização de exames e consultas especializadas e tratamento hospitalar,

expresso na tabela abaixo.

Usuários conseguem encaminhamento para outros serviços? (exames e consultas especializados, tratamento hospitalar) Respostas % Sim 113 80 não 25 18 outra resposta (nunca precisou) 3 2total respostas válidas 141 100 não sabe 9não respondeu 5

Diferente deste indicativo positivo, especificamente sobre a questão dos exames, 90% dos

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gestores das UBS e AEs afirmaram que as cotas eram insuficientes para o atendimento das

demandas existentes nas Unidades.

Já nas unidades do PSF, as cotas para exames foram avaliadas como suficientes por 80% dos gestores.

II. 1. 7) Serviços de prevenção à saúde oferecidos nas UBSs

Além do atendimento médico, distribuição de medicamentos e realização de exames, as

UBSs têm como atribuição promover programas e serviços de orientação dirigidos a prevenção da

saúde da população.

A pesquisa abordou a oferta destes serviços focando três grupos específicos:

adolescentes, mulheres e idosos.

A tabela abaixo mostra que 88% das UBSs da região ofereciam cursos de orientação

sexual e 38% curso de prevenção de drogas a adolescentes.

Adolescentes Nº UBS %Orientação sexual 7 88Prevenção de drogas 3 38Outros 2 25

total de UBSs 8 100

Já no caso das mulheres, 75% das UBSs ofereciam cursos de saúde da mulher e

planejamento familiar.

Mulheres Nº UBS %saúde da mulher 6 75Planejamento familiar 6 75Outros (Grupo de gestantes; prevenção DSTs) 2 25

total de UBSs 8 100

Por sua vez, 88% das UBSs promoviam trabalhos em grupo junto a idosos e 38% cursos

voltados à hipertensão.

Idosos Nº UBS %Trabalho em grupo 7 88Hipertensão 3 38Outros (Lian Gong; geriatria e nutrição; passeios; terapia comunitária) 4 50

total de UBSs 8 100

Cabe pontuar que estes programas e serviços de caráter preventivo inexistem nas

unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAS). Implantadas a partir de março de 2005, as

AMAS vem sendo priorizadas pela atual gestão municipal como (suposta) solução para os

problemas no atendimento da rede pública municipal de saúde. Atualmente há 51 AMAS em

funcionamento na cidade, das quais apenas duas na Subprefeitura da Capela do Socorro (uma no

Grajaú, que funciona em um pronto-socorro municipal, e outra no distrito de Cidade Dutra,

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acoplada a uma UBS).

II. 1 . 8) Para além da assistência à saúde

A pesquisa mostrou ainda que os usuários entrevistados percebiam que sua saúde era

afetada por problemas que estão além do acesso a um atendimento de qualidade, apontando

para a importância da extensão da cobertura de saneamento básico e infra-estrutura urbana

(mencionados por 77% por usuários que responderam a questão) e das ações da vigilância

sanitária (mencionados por 27% por usuários) na região, como mostra a tabela abaixo.

O que prejudica a saúde das pessoas do seu bairro? (pergunta aberta)

respostas %

insuficiência do saneamento básico e infra-estrurura urbana (água tratada, rede de esgoto, limpeza de rua, enchentes, iluminação, pavimentação, e combate a poluição) 101 77 insuficiência de vigilância sanitária (combate a rato, baratas e pernilongos) 36 27 falta de políticas públicas nas áreas de cultura, esporte e lazer 9 7 violência 8 6 desemprego 8 6 baixa organização, mobilização ou conscientização da comunidade 5 4 número insuficiente de equipamentos públicos de Saúde 4 3falta de ações de prevenção (dst/aids, programa de orientação etc) 4 3 deficiência do transporte coletivo 3 2má alimentação 2 2deficiência da rede básica de sáude existente (falta de profissionais de saúde, remédios, vacinas, qualidade do atendimento etc) 2 2outros (desrespeito aos idosos, mudanças climáticas, viroses) 3 2está bom 5 4total respostas válidas 132 100 não sabe 7não respondeu 16

II. 1. 9) Controle social

Apesar das 15 unidades pesquisadas possuírem conselhos gestores de unidade, os

resultados mostraram que 80% dos usuários entrevistados desconheciam esse importante espaço

de participação, como indica a tabela abaixo.

Usuários conhecem o Conselho Gestor ?resposta

s % Sim 29 20 não 115 80total respostas válidas 144 100não sabe 5não respondeu 6

Essa lacuna coloca como desafio para os gestores, funcionários e Movimento Popular de

Saúde da Capela do Socorro contribuir para que os conselhos gestores se tornem efetivos

Page 12: 8f8

espaços de captação e encaminhamento permanente de demandas e melhoria do atendimento na

região, discutindo localmente os problemas do âmbito de cada unidade e encaminhando para a

supervisão de saúde da subprefeitura, coordenadoria regional, secretaria de saúde e/ou Conselho

Municipal de Saúde as demandas que extrapolam sua responsabilidade ou exijam medidas de

médio e longo prazo.

II. 2) Indicativos de prioridades a partir dos resultados da pesquisa

O percurso percorrido por boa parte dos usuários para conseguir atendimento e o

predominantemente longo intervalo de agendamento para realização da primeira consulta e do

retorno, remetem ao déficit de serviços de atenção básica à saúde para atender as necessidades

da região. Assim, é possível afirmar que a resposta efetiva a parte dos problemas de atendimento

apontados pela pesquisa passa, necessariamente, pelo aumento do número de unidades básicas

na Subprefeitura da Capela do Socorro e, especialmente, no distrito do Grajaú.

Outros destaques entre os resultados da pesquisa foram a necessidade do cumprimento

da lotação prevista do quadro de profissionais nas unidades existentes e a importância de

fortalecer o trabalho dos conselhos gestores junto à população.

III. A experiência de intervenção na elaboração do orçamento municipal visando a construção de UBSs

Apoiando-se na referência da Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê a

necessidade de uma UBS para cada 20 mil habitantes, o Movimento Popular de Saúde da Capela

do Socorro passou a reivindicar mais doze UBS para atendimento da população usuária do SUS

no Grajaú.

Diante do desafio de encaminhar os resultados da pesquisa, o Movimento buscou se

capacitar para intervir no Orçamento Público. Inicialmente buscaram introduzir a meta de

construção das doze UBS no PPA 2006-2009, elaborado em 2005. Porém, o curto prazo restante

para negociação e a falta de clareza sobre os canais e estratégias de intervenção inviabilizaram a

incorporação da demanda. Assim, surgiu o interesse de realizar um curso de capacitação sobre

orçamento público para as lideranças da região, procurando expandir conhecimentos, informações

e diretrizes para a ação coletiva.

Ao longo das oficinas, realizadas em agosto de 2006 com apoio do Pólis, os participantes

acompanharam algumas dotações orçamentárias do município e identificaram canais importantes

para o encaminhamento de suas demandas. Em continuidade ao processo iniciado no ano

anterior, o Movimento aprimorou o seu documento com a proposta de construção de quatro UBS

para o Projeto da LOA 2007, definindo quatro bairros prioritários: Cantinho do Céu, Jd. Reinberg,

Jd. Lucélia, Pq. Cocaia. Os integrantes do Movimento de Saúde, com o apoio da equipe Pólis

apresentaram e discutiram os resultados da pesquisa com representantes da Coordenadoria de

Saúde de Santo Amaro e conselhos gestores das unidades de saúde da região, sendo também

Page 13: 8f8

chamada sub-prefeitura de Capela do Socorro. Nessa ocasião foi apresentado um documento

com suas principais demandas, seguido dos resultados da pesquisa, e demandou sobre a

necessidade de que suas reivindicações sejam incorporadas às propostas do governo no que se

refere ao PPA Plano Plurianual 2006-2009 e à Previsão Orçamentária do município que prevê os

recursos públicos para 2006. O novo documento recuperava o histórico e legitimidade da

demanda, levantada com base na pesquisa realizada em 2005, e foi encaminhado à Secretaria

Municipal de Saúde e à Câmara Municipal, além da subprefeitura de Capela e à Coordenadoria

Regional d Saúde.

Como restavam poucos dias para o Executivo encaminhar o Projeto da LOA ao Legislativo,

o Movimento procurou centrar forças na intervenção junto à Câmara. Além de participar da

audiência pública na região Sul, as lideranças procuraram membros das Comissões de Saúde e

de Finanças e Orçamento, procurando comprometê-los com a apresentação de propostas que

contemplassem a demanda de construção das quatro UBS na LOA 2007. Paralelamente realizou

um levantamento de terrenos disponíveis nos bairros indicados como prioridade para a construção

dos equipamentos.

As emendas prevendo dotações orçamentárias específicas para a construção das quatro

UBS foram apresentadas por vereadores mobilizados pelo Movimento. Porém, apenas a emenda

relativa à construção da UBS Cantinho do Céu (que já constava na LOA de 2005 e 2006) foi

acatada pela Comissão de Finanças e Orçamento. Apesar de constar na LOA 2007, o

acompanhamento da execução orçamentária - mostra que, até setembro, não houve qualquer

empenho dos R$ 100 mil autorizados para construção da UBS Cantinho do Céu, indicando que,

por mais um ano, ele não sairá do papel. Em agosto/2007. novamente os documentos foram

encaminhados em ofício ao sub-prefeito da Capela do Socorro, com a ênfase na construção de,

no mínimo, 12 novas UBS, explicitando a demanda na expectativa de sua inclusão na Lei

Orçamentária Anual/2008. Aparentemente no momento à sensibilidade da Coordenadoria para

com a demanda e é possível que se retorne às negociações para que seja pautado no orçamento

de 2008.

Vale a pena este esforço todo?

Mesmo não tendo conseguido incluir dotações orçamentárias específicas para a

construção das quatro UBS na LOA 2007, a experiência das lideranças na Capela do Socorro

mostra o aprendizado de traduzir demandas em propostas orçamentárias e negociá-las, definir

estratégias de intervenção e identificar canais para acompanhar a execução do orçamento

municipal para que o recurso previsto na LOA atenda às necessidades locais. São caminhos de

interlocução e pressão junto ao Estado! Para avançar é essencial ampliar as bases do Movimento,

fortalecendo a luta pela construção das novas UBS.

IV- Déficit de UBSs na Subprefeitura da Capela do Socorro e o urgente compromisso com a construção de novas unidades.

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O comparativo entre as UBSs existentes na capital em 2007 indica que a Subprefeitura da

Capela do Socorro é a que tem maior déficit de unidades para atender os 579 mil usuários do

SUS na região: a limitada capacidade de atendimento das 15 unidades existentes deixa 48% dos

usuários do SUS sem cobertura na atenção básica à saúde.

Como mostra a tabela da página seguinte, apesar do déficit ser o maior da cidade, a região

não foi contemplada com nenhuma das 27 novas UBSs inauguradas pela prefeitura entre 2005 e

2007. Considerando esta lacuna e o contínuo crescimento acentuado da população na região, o

número de UBSs necessárias para atender o conjunto dos usuários do SUS na Capela passou de

12 (2005) a 14 novas unidades (2007).

Entre as subprefeituras da região sul, é importante destacar que, nestes 3 anos, apenas a

Capela e Santo Amaro (esta com déficit bem menor) deixaram de receber novas UBSs. De outor

lado, cabe mencionar que a subprefeitura do M' Boi Mirim já contava em 2004 com número

suficiente de UBSs, mas foi contemplada com 3 novas unidades.

Sabemos que o PPA 2006-2009 da capital prevê a construção de 15 UBSs até 2008.

Levando em conta o histórico de luta do Movimento Popular de Saúde da Capela do Socorro e o

enorme déficit de UBSs nesta subprefeitura, é urgente que a LOA 2008 especifique dotações

orçamentárias para a construção das UBSs Cantinho do Céu, Jd. Reinberg, Jd. Lucélia e Pq.

Cocaia, explicitando o compromisso da prefeitura com a redução da recorrente desigualdade

sócio-territorial na distribuição de equipamentos públicos de atenção básica à saúde.

Saúde

Distrito Administrativo Grajaú

Hospital Geral do Grajaú

Rua Francisco Octávio Pacca, 180 - Parque das Nações

Telefone: 5661- 2301/5661-2300/5662-9444

PSM/AMA Dona Maria Antonieta

Rua Antonio Felipe Filho, 180 - Grajaú

Telefone: 5972-4881/5928-1837/5928-0345

A. E. Dr. Milton Aldred

Rua São Caetano do Sul, 381 - Grajaú

Telefone: 5528-1475/5931-8434/5932-2015

UBS - Alcina Pimentel Piza

Estrada Itaquaquecetuba, 8855 - Ilha do Bororé

Telefone:

UBS - Jardim Castro Alves

Rua João Paulo Barreto, 131 - Jardim Castro Alves

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Telefone: 5971-2157/5928-1714

UBS - Parque residencial Cocaia Independente

Rua Felino Milanez, 26 - Cocaia

Telefone: 5931-0209/5931-5847

UBS - Jardim Eliana

Rua Henry Athur Jones, 201 - Jardim Eliana

Telefone: 5931-5240/5528-1887/5923-0041

UBS - Jardim Gaivotas

Av. São Paulo, 23-A - Gaivotas

Telefone: 5932-6799

UBS - Jardim Mirna

Rua Juvenal Hudson Ferreira, 13 - Jardim Mirna

Telefone: 5526-2114/5526-5171

UBS - Jardim Três Corações

Rua General José de Oliveira, 275 - Jardim Três Corações

Telefone: 5528-6223/5931-5969

UBS - Varginha

Rua Henrique Muzzio, 152 - Varginha

Telefone: 5526-3988 )

Unidades Básicas de Saúde por Rede: existentes e necessárias - Município de São Paulo e Subprefeituras – 2004 e 2007

Unidades Territoriais Pop. 2004 (SEADE) (1)

Total UBS 2004 (mun.

+ estad)

Déficit p/ atender 100% usuários

SUS 2004

Nº UBS Necess.

2004

Total UBS 2007

(mun+ est)

UBS 2007

(SMS)

CS Estado 2007

Dif UBS 2007/ 2004

Pop 2007 (SEADE) (1)

Município São Paulo 10.679.760 389 6,8 49 414 407 7 25 10.834.244

Capela do Socorro 619.644 15 45,1 12 15 14 1 0 656.695

Sé 349.813 6 44,4 5 6 5 1 0 334.924

Santana/Tucuruvi 318.282 7 30,0 3 7 7 0 0 318.955

Vila Mariana 304.858 6 29,9 3 6 5 1 0 301.501

Pinheiros 253.895 5 28,6 2 5 3 2 0 245.869

Santo Amaro 212.794 5 22,6 1 5 5 0 0 214.675

São Miguel 394.880 14 18,6 3 14 14 0 0 401.741

Campo Limpo 538.853 18 24,0 6 21 21 0 3 559.293

Moóca 294.892 8 15,3 1 8 8 0 0 288.783

Freguesia/Brasilândia 402.437 15 10,2 2 15 15 0 0 408.302

Itaim Paulista 379.131 15 13,1 2 16 16 0 1 391.106

Jabaquara 214.074 4 48,5 4 7 7 0 3 211.716

Cidade Ademar 385.841 15 11,1 2 16 16 0 1 389.251

Perus 131.713 4 33,3 2 6 6 0 2 139.181

Cidade Tiradentes 229.606 9 15,8 2 12 12 0 3 257.029

Pirituba 413.120 15 6,4 1 19 19 0 4 436.544

Parelheiros 130.587 5 21,7 1 8 8 0 3 143.912

M'Boi Mirim 514.374 29 32 32 0 3 532.313

São Mateus 409.478 21 22 22 0 1 427.552

Penha 475.678 17 18 18 0 1 475.121

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Ipiranga 428.173 17 18 18 0 1 426.724

Lapa 263.181 9 10 10 0 1 254.862 Vila Prudente/Sapopemba 519.464 23 23 23 0 0 515.847

Itaquera 502.823 21 21 21 0 0 510.101

Butantã 377.567 14 14 13 1 0 376.779

Vila Maria/Vila Guilherme 292.244 13 13 12 1 0 284.337

Casa Verde/Cachoeirinha 311.652 12 12 12 0 0 310.140

Jaçanã/Tremembé 267.529 11 11 11 0 0 268.094

Aricanduva/Formosa/Carrão 262.155 9 0,3 0 9 9 0 0 256.725

Guaianases 274.950 15 14 14 0 -1 286.520

Ermelino Matarazzo 206.072 12 11 11 0 -1 209.652

Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo; Elaboração: Instituto Pólis

(1) Esta é a população estimada pela Fseade e utilizada pela SMS; (2) Calculada a partir da população vulnerável, estimada pelo Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (Fundação Seade), acrescido de 50% da população não-vulnerável.