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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA xª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CIDADE – UF NOME DA PARTE, já cadastrada eletronicamente, vem com o devido respeito e lisura perante Vossa Excelência, por meio de seus procuradores, propor AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor: FATOS A Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciária, a concessão de Benefício Assistencial, que foi indeferido, conforme documentos em anexo, por entender o INSS que a Requerente não se enquadra no Art. 20, § 2º e § 10º da Lei 8.742/93.

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87-Inicial

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Page 1: 87-Inicial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA xª VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CIDADE – UF

NOME DA PARTE, já cadastrada

eletronicamente, vem com o devido respeito e lisura

perante Vossa Excelência, por meio de seus

procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO

DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO

SOCIAL (INSS), pelos seguintes fundamentos fáticos e

jurídicos que passa a expor:

FATOS

A Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciária, a concessão de Benefício

Assistencial, que foi indeferido, conforme documentos em anexo, por entender o INSS

que a Requerente não se enquadra no Art. 20, § 2º e § 10º da Lei 8.742/93.

Ocorre que a Demandante é acometida por diversas patologias, conforme

atestado médico em anexo. Portanto, data vênia, tem-se que o Perito Administrativo

incorreu em erro ao constatar pela capacidade da Requerente. Ainda, atentando aos

documentos acostados nos autos, observa-se que a Autora vive em uma situação de

vulnerabilidade social. Por esses motivos, os argumentos da Autarquia não merecem

prosperar, ensejando o presente processo.

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Síntese sobre a condição pessoal da Autora:

1. Doença/enfermidade Diabete (CID 10 – E 11) e Artrose (CID 10

– M 19).

2. Limitações decorrentes da moléstia Não possui condições de desenvolver

atividades laborativas.

Dada a diversidade das patologias incapacitantes, e consagrando os princípios da

economia processual e da celeridade, requer seja realizada perícia a cargo de

MÉDICO DO TRABALHO, que analisará em um único procedimento a somatória das

patologias evidenciadas pela Requerente.

Dados sobre o requerimento administrativo:

1. Número do benefício xxx.xxx.xxx-x

2. Data do requerimento xx/xx/xxxx

3. Razão do indeferimentoNão enquadramento no Art. 20, § 2º e § 10º

da Lei 8.742/93.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A pretensão da Autora vem amparada no art. 203, inciso V, da Constituição Federal

de 1988, na Lei 8.742/93 e demais normas aplicáveis. Tais normas dispõem que para

fazer jus ao Benefício Assistencial, o Requerente deve estar incapacitado para o trabalho

ou ser pessoa com mais de 65 anos de idade, além de comprovar a impossibilidade de

ter seu sustento provido pelo seu núcleo familiar.

DA INCAPACIDADE

Conforme se observa em atestado médico em anexo, tem-se que a Autora é

acometida por diversas patologias que a incapacitam para o trabalho. Neste sentido,

resta demonstrada a satisfação do “critério médico”, constante no artigo 20 da Lei

8.742/93.

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De bom alvitre, salientar-se a súmula 30 da AGU, que demonstra que a

incapacidade laboral é suficiente para caracterizar a incapacidade para a vida

independente. Note-se o enunciado da referida súmula:

“A incapacidade para prover a própria subsistência por meio

do trabalho é suficiente para a caracterização da incapacidade

para a vida independente, conforme estabelecido no art. 203, V, da

Constituição Federal, e art. 20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro

de 1993.”

Igualmente, há a súmula 29 da Turma Nacional de Uniformização. Veja-se:

“Para os efeitos do artigo 20, §2º, da Lei nº 8.742 de 1993,

incapacitada para a vida independente não só é aquela que impede

as atividades mais elementares da pessoa, mas também a

impossibilidade de prover seu próprio sustento.”

Outrossim, prudente destacar que a incapacidade temporária ou parcial não

constitui óbice à concessão do benefício assistencial, conforme entendimento

jurisprudencial pacífico. Veja-se:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INCAPACIDADE

PARCIAL E/OU TEMPORÁRIA. CONCESSÃO. POSSIBILIDADE. 1.

Nos termos da jurisprudência da C. TNU e da C. TRU da 4ª

Região, o fato de a incapacidade ser parcial e/ou temporária

não constitui óbice à concessão do benefício assistencial. 2.

Incidente de Uniformização conhecido e provido. (IUJEF 5009014-

33.2013.404.7108, Turma Regional de Uniformização da 4ª

Região, Relator p/ Acórdão Daniel Machado da Rocha, D.E.

18/11/2013, com grifos acrescidos)

DA MISERABILIDADE

Encontra-se igualmente satisfeito, no caso em apreço, o requisito “renda”. Isto, pois

o grupo familiar da Demandante é composto por DOZE PESSOAS. Embora o processo

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administrativo mencione apenas quatro pessoas, houve mudança da situação fática da

Autora. Isso se comprova pelo laudo socioeconômico realizado no processo de nº xxxxxxx-

xx.xxxx.xxx.xxxx, em xx/xx/xxxx, tendo como Autor o marido da Requerente, nome do

marido, a título de prova emprestada. 1

No mencionado laudo (evento 20 do feito), relatou o Sr. Avaliador que o imóvel

visitado tem como residentes doze pessoas: a Autora e seu marido, quatro filhos, cinco

netos e um genro. A título ilustrativo, tem-se a seguinte disposição:

A mudança na situação fática da Autora se deu por conta de um incêndio

ocorrido em xx/xx/xxxx, em sua antiga residência, endereço presente no processo

administrativo. Por conta da tragédia, mudou-se para a casa de sua filha xxxxx (FILHA

A), onde vive em situação de EXTREMA MISERABILIDADE. Veja-se (quesito “f” do

laudo ):

(TRECHO CORRESPONDENTE DO LAUDO)

Pelo mesmo laudo, tem-se que a renda da família, direcionada para doze

pessoas, não ultrapassa R$402,00. Além do Bolsa Família recebido pela filha xxxxx

(FILHA D), no valor de R$102,00 – fato predecessor à mudança da situação fática–, o

genro da Autora, xxxxxx, contribui com R$300,00 provenientes de “biscates” (quesito

“b”).

Ainda, no que concerne ao valor recebido do Programa Bolsa Família, tem-se que

este NÃO deve ser computado junto à renda mensal familiar, pois o ANEXO do

1 Art. 332 do Código de Processo Civil.

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Decreto 6.214/07, que regulamenta o benefício de prestação continuada, em seu artigo

4º, § 2º, II, veda tal cômputo. Perceba-se o referido dispositivo:

Art. 4º Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício,

considera-se: (...)

§ 2º Para fins do disposto no inciso VI do caput, não serão

computados como renda mensal bruta familiar:

I - benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e

temporária;

II - valores oriundos de programas sociais de transferência de

renda;

III - bolsas de estágio curricular;

IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de

assistência médica, conforme disposto no art. 5º;

V - rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem

regulamentadas em ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome e do INSS; e

VI - remuneração da pessoa com deficiência na condição de

aprendiz.

Necessário referir que existe diferença entre o grupo familiar que reside com a

Demandante e o grupo familiar a ser considerado para fins de benefício

assistencial. Este último possui rol TAXATIVO previsto na LOAS. Nesse sentido:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. LOAS. BENEFÍCIO

ASSISTENCIAL. COMPOSIÇÃO DO GRUPO FAMILIAR PARA O

CÁLCULO DA RENDA PER CAPITA. GENRO. FILHA MAIOR.

IMPOSSIBILIDADE. 1. Esta Turma Regional de Uniformização de

Jurisprudência tem reiterado o entendimento de que o conceito

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de grupo familiar deve ser obtido mediante interpretação

restrita das disposições contidas no § 1º do art. 20 da Lei nº

8.742/93 e no art. 16 da Lei nº 8.213/91 (IUJEF

2005.70.95.007585-1, Relator Rony Ferreira e IUJEF 0000191-

58.2006.404.7155, Relator Alberi Augusto Soares da Silva). Por

esta razão, não deve ser incluído o genro e a filha maior no

cálculo da renda per capita exigida para a concessão do

benefício assistencial, ainda que residam sob o mesmo teto da

parte autora. 2. Incidente conhecido e provido. (5010024-

16.2011.404.7001, Turma Regional de Uniformização da 4ª

Região, Relator p/ Acórdão Marcelo Malucelli, juntado aos autos

em 11/09/2013)

A lei 8.742/93, em seu artigo 20, elenca de forma TAXATIVA os agentes a serem

considerados como parte do grupo familiar. Em seu parágrafo primeiro, refere que

apenas os filhos e enteados SOLTEIROS farão parte do grupo familiar. Obviamente, esse

entendimento decorre do fato de que, mesmo que viva sob o mesmo teto, o filho

maior que constituiu família não é dependente dos pais, e nem a eles deva prestar

o sustento, em havendo sua família para prover.

Pelo exposto, por óbvio se conclui que a filha xxxxx (FILHA A), juntamente com o

marido xxxxx (GENRO) e seus três filhos não fazem parte do grupo familiar da

Autora, pois constituem grupo familiar distinto. Na mesma lógica, são excluídas as

outras duas filhas da Requerente, xxxxx (FILHA B) e xxxxx (FILHA D), e seus

respectivos filhos, pois, embora sejam caso de família monoparental, ainda assim

integram seus próprios núcleos familiares, sendo responsáveis pelo próprio

sustento e de seus filhos.

Para fins de ratificação, o fato de morarem todos sob o mesmo tempo não implica

a constituição de um único grupo familiar no momento em que se aplica o rol de caráter

numerus clausus da Lei 8.742/93, em face do benefício assistencial.

Dessa forma, esclarecido o grupo familiar a ser usado no cômputo da renda, tem-

se a seguinte disposição:

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Além do exposto, as fotos anexas ao laudo socioeconômico expressam de forma

indubitável a miserabilidade social da Autora e sua necessidade de amparo estatal.

Trata-se de uma casa de DOIS QUARTOS para DOZE PESSOAS:

(FOTOS DO LAUDO SOCIOECONÔMICO)

Dito isso, tem-se que a Requerente vive em uma situação de extrema

miserabilidade, onde a renda total do seu grupo familiar, para fins de benefício

assistencial – que é absolutamente nula! -, é insuficiente para garantir seu sustento

com dignidade. Assim, prudente seja concedido o benefício de prestação continuada

à Demandante, pois, não somente ela possui impedimentos de longo prazo, também

vive em estado de profunda e lastimável miséria, carecendo do devido amparo

estatal.

Sendo assim, após a instrução processual, restará plenamente comprovado que a

Autora satisfaz todos os requisitos necessários à percepção do benefício pleiteado.

TUTELA DE URGÊNCIA

ENTENDE A AUTORA QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER

MELHOR APRECIADA EM SENTENÇA.

A Demandante necessita da concessão do benefício em tela para custear a própria

vida, tendo em vista que não reúne condições de prover seu sustento, nem tê-lo provido

por sua família.

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Por outro lado, vale ressaltar que os requisitos exigidos para a concessão do

benefício se confundem com os necessários para o deferimento desta medida

antecipatória, motivo pelo qual, em sentença, se tornará imperiosa a sua concessão.

Assim, após a realização da perícia pertinente ao caso, ficará claro que a

Requerente preenche todos os requisitos necessários para o deferimento da antecipação

de tutela, tendo em vista que o laudo socioeconômico fará prova inequívoca do estado

de miserabilidade, bem como o laudo médico pericial não deixará dúvidas quanto às

moléstias incapacitantes, tornando, assim, todas as alegações verossímeis. O periculum in

mora se configura pelo fato de que se continuar privada do recebimento do benefício, a

Autora terá seu sustento prejudicado, tendo em vista o caráter alimentar do

benefício.

PEDIDOS

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural;

2) A concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por ser a Autora pobre na

acepção legal do termo.

3) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, para, querendo, apresentar

defesa no prazo legal;

4) A produção de todos os meios de prova, principalmente a documental e a pericial;

5) A utilização do laudo socioeconômico do processo xxxxxxx-xx.xxxx.xxx.xxxx/RS, a

título de prova emprestada.

6) O deferimento da antecipação de tutela, com a apreciação do pedido de implantação

do benefício em sentença;

7) O julgamento da demanda com total procedência, para que o INSS conceda o

benefício assistencial à Autora, pagando as parcelas vencidas (a partir do

requerimento administrativo) e vincendas, monetariamente corrigidas desde o

respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a

data do efetivo pagamento;

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8) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que

cabíveis em segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art.

1º da Lei 10.259/01.

Nesses Termos,Pede Deferimento.

Dá à causa o valor2 de R$ xx.xxx,xx.

CIDADE, DIA de MÊS de ANO.

NOME DO ADVOGADOOAB/UF XX.XXX

2 Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$ x.xxx,xx) + parcelas vencidas (R$ x.xxx,xx) = R$ xx.xxx,xx.