7 resultados e discussão: campos de precipitação · bibliografia para as duas equações de...

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163 7 Resultados e discussão: Campos de precipitação Neste capítulo estão apresentados os resultados obtidos da avaliação dos campos de precipitação. Num primeiro momento apresenta-se o estudo piloto e as definições necessárias para o prosseguimento da pesquisa. No item seguinte apresenta-se o resultado dos campos de precipitação para o período total analisado. 7.1 Estudo piloto O estudo piloto abrangeu uma análise dos valores de G (registro pluviométrico/média dos registros de radar dos 9 pixels ao redor), a verificação da eficiência dos métodos para estimar valores pontuais e totais de chuva sobre uma área, e a comparação dos campos diários de chuva obtidos pelos diferentes métodos. 7.1.1 Análise do índice G Como os dois métodos compostos usados na elaboração de campos de precipitação, ajustam os de dados de radar utilizando o índice G; apresenta-se a seguir a distribuição de ocorrência de G, e de log (G), conforme indicação na bibliografia para as duas equações de radar utilizadas: Marshall-Palmer e Antonio. Em função do cronograma de entrega dos dados pelo IPMet, os dados foram organizados da seguinte forma: num primeiro momento são analisados os meses de janeiro e fevereiro, depois os meses de junho, julho e agosto, estes dois períodos juntos e por fim, o ano completo de 1995. O número de

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163

7 Resultados e discussão: Campos de precipitação

Neste capítulo estão apresentados os resultados obtidos da avaliação

dos campos de precipitação. Num primeiro momento apresenta-se o estudo

piloto e as definições necessárias para o prosseguimento da pesquisa. No item

seguinte apresenta-se o resultado dos campos de precipitação para o período

total analisado.

7.1 Estudo piloto

O estudo piloto abrangeu uma análise dos valores de G (registro

pluviométrico/média dos registros de radar dos 9 pixels ao redor), a verificação

da eficiência dos métodos para estimar valores pontuais e totais de chuva

sobre uma área, e a comparação dos campos diários de chuva obtidos pelos

diferentes métodos.

7.1.1 Análise do índice G

Como os dois métodos compostos usados na elaboração de campos de

precipitação, ajustam os de dados de radar utilizando o índice G; apresenta-se

a seguir a distribuição de ocorrência de G, e de log (G), conforme indicação na

bibliografia para as duas equações de radar utilizadas: Marshall-Palmer e

Antonio.

Em função do cronograma de entrega dos dados pelo IPMet, os dados

foram organizados da seguinte forma: num primeiro momento são analisados

os meses de janeiro e fevereiro, depois os meses de junho, julho e agosto,

estes dois períodos juntos e por fim, o ano completo de 1995. O número de

164

pontos analisados em cada período foi 1240, 135, 1375 e 2505

respectivamente.

As figuras 7-1 a 7-16 mostram os dados obtidos a partir da equação de

Marshall Palmer (MP) e figuras 7-17 a 7-28 os dados da equação de Antonio.

0

1

2

3

4

5

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

G

%

Figura 7.1 % distribuída de ocorrência de G – MP - jan-fev - 95

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

G

%

Figura 7.2 % acumulada de ocorrência de G – MP - jan-fev – 95

0

2

4

6

8

-1,5 -0,5 0,5 1,5

log(G)

%

Figura 7.3 % distribuída de ocorrência de log(G) MP - jan-fev - 95

0

20

40

60

80

100

-1,5 -0,5 0,5 1,5log(G)

%

Figura 7.4 % acumulada de ocorrência de log(G) MP - jan-fev – 95

Nos gráficos acumulados, cada ponto corresponde a um índice G ou

log(G) observado; nos gráficos distribuídos os dados foram organizados por

faixas de 0,1 de amplitude, tanto para G como para log (G), o que explica o

menor número de pontos nos gráficos distribuídos de log (G).

0

5

10

15

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10G

%

Figura 7.5 % distribuída de ocorrência de G MP – jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10G

%

Figura 7.6 % distribuída de ocorrência de G MP – jun a ago - 1995

165

0

5

10

15

-1 -0,5 0 0,5 1log(G)

%

Figura 7.7 % distribuída de ocorrência de log(G) MP – jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

-1 -0,5 0 0,5 1

log(G)

%

Figura 7.8 % acumulada de ocorrência de log(G) MP – jun a ago - 1995

0

1

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3

4

5

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45G

%

Figura 7.9 % distribuída de ocorrência de G MP – jan-fev - jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45G

%

Figura 7.10 % distribuída de ocorrência de G MP – jan-fev - jun a ago - 1995

0

2

4

6

8

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2log(G)

%

Figura 7.11 % distribuída de ocorrência de log(G) MP– jan-fev - jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

-1,5 -0,5 0,5 1,5log(G)

%

Figura 7.12 % acumulada de ocorrência de log(G) MP – jan-fev - jun a ago - 1995

0

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4

6

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45G

%

Figura 7.13 % distribuída de ocorrência de G MP – 1995 completo

0

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100

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45G

%

Figura 7.14 % acumulada de ocorrência de G MP – 1995 completo

166

0

2

4

6

8

10

-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0log(G)

(%)

Figura 7.15 % distribuída de ocorrência de log(G) MP– 1995 completo

0

20

40

60

80

100

-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0log(G)

(%)

Figura 7.16 % acumulada de ocorrência de log(G) MP – 1995 completo

Os valores de G variaram na faixa de 0,037 até 44,7. Porém observou-

se que para qualquer período analisado a maior parte deles está abaixo de 10

(Tabela 7.1).

As figuras 7.17 até 7.28 mostram os dados obtidos usando a equação de

Antonio.

0

1

2

3

4

5

0 10 20 30G

%

Figura 7.17 % de ocorrência distribuída de G – Antonio – jan-fev - 1995

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25 30 35G

%

Figura 7.18 % de ocorrência acumulada de G – Antonio – jan-fev - 1995

0

2

4

6

8

10

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5log(G)

%

Figura 7.19 % de ocorrência distribuída de log(G) – Antonio– jan-fev - 1995

0

20

40

60

80

100

-1,5 -0,5 0,5 1,5log(G)

%

Figura 7.20 % de ocorrência acumulada de log(G) – Antonio – jan-fev - 1995

167

0

2

4

6

8

10

12

0 2 4 6 8 10 12G

%

Figura 7.21 % de ocorrência distribuída de G – Antonio – jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12G

%

Figura 7.22 % de ocorrência acumulada de G – Antonio – jun a ago - 1995

0

2

4

6

8

10

12

-1 -0,5 0 0,5 1 1,5log(G)

%

Figura 7.23 % de ocorrência distribuída de log(G) – Antonio – jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

-1 -0,5 0 0,5 1 1,5log(G)

%

Figura 7.24 % de ocorrência acumulada de log(G) – Antonio – jun a ago - 1995

0

1

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3

4

5

0 10 20 30G

%

Figura 7.25 % de ocorrência distribuída de G – Antonio – jan-fev – jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25 30 35G

%

Figura 7.26 % de ocorrência acumulada de G – Antonio – jan-fev – jun a ago - 1995

0

2

4

6

8

10

-1,5 -0,5 0,5 1,5log(G)

%

Figura 7.27 % de ocorrência distribuída de log(G) – Antonio – jan-fev – jun a ago - 1995

0

20

40

60

80

100

-1,5 -0,5 0,5 1,5log(G)

%

Figura 7.28 % de ocorrência acumulada de log(G) – Antonio – jan-fev – jun a ago - 1995

168

No estudo piloto (meses de janeiro a fevereiro e junho a agosto) foram

solicitados dados de radar com as duas equações. Constatada a semelhança

dos resultados e a redundância de trabalhar com as duas equações, optou-se

por dar seqüência ao estudo usando a equação clássica de Marshall-Palmer,

desta forma para equação de Antonio não se dispõe de dados para o ano

inteiro de 1995.

Os gráficos dos meses secos indicaram um comportamento diferenciado

do total e dos meses chuvosos em função da diferença da natureza dos

eventos que predominam nestes períodos. Os meses chuvosos (janeiro e

fevereiro) apresentaram um número de dias com chuva muito maior, o que fez

com que o primeiro grupo de dados, apesar de compreender um período de

tempo menor, contivesse um número significativamente maior de eventos.

Dessa forma, quando os dados foram agrupados, o efeito dos meses secos

não foi muito perceptível. Os gráficos indicaram um comportamento padrão dos

dados de G, que ficou menos característico no período seco.

Da análise dos dados separados por períodos percebeu-se a redução de

amplitude dos valores de G nos meses mais secos, conforme indicado na

tabela 7.1.

Tabela 7.1 Amplitude de valores de G

Equação – período (meses de 1995) Amplitude de G

Marshal Palmer – Jan – Fev 0 – 44,7 Marshal Palmer – Jun – Jul – Ago 0 – 9,7

Antonio – Jan – Fev 0 – 30,5 Antonio – Jun – Jul – Ago 0 –10,1

Indica-se, na tabela 7.2, um resumo que ilustra os valores de G em

função de sua probabilidade de ocorrência. Na tabela 7.3 apresenta-se uma

comparação dos resultados obtidos com os indicados na revisão bibliográfica.

169

Tabela 7.2 Resumo de Resultados

Equação – período (meses de 1995)

G(90%) G(1%) % (G=0,1)

% (G=0,2)

% (G=5)

% (G=10)

G(Pico) Faixa

M P – Jan – Fev 7,9 0,085 1,7 5,16 81 93,4 0,8 – 4 M P Jun – Jul –Ago 2,5 0,15 - 5,1 97 - 0,25 –1,6 M P – completo 6,0 0,09 1,4 5,5 86,4 96 0,8 – 3,16

Antonio – Jan – Fev 8,1 0,15 1,5 4,9 81 93 1 - 4 Antonio – Jun – Jul –

Ago 2,7 0,16 0,7 5,2 96,3 - 0,25 - 2

G(90%) – 90 % dos valores de G são inferiores ao valor indicado. G(1%) – 1% dos valores de G são inferiores ao valor indicado. % (G=0,1) – % dos valores inferiores a G = 0,1 % (G=0,2) – % dos valores inferiores a G = 0,2 %(G=10) – % dos valores inferiores a G = 10 %(G=5) – % dos valores inferiores a G = 5 G(Pico) – faixa de valores de G mais freqüente.

Tabela 7.3 Comparação com a bibliografia

Resultado da Bibliografia Resultado no estudo atual – G – equação Marshall-Palmer – período ano de 1995

SMITH et al. (1975) – média de log(G) aproximadamente 0

log(G) médio = 0,111 Desvio Padrão= 0,508

BARGE et al. (1979) – G médio = 1,15 e desvio padrão = 2,98 – período estudado: 20 dias. Faixa de variação de G de 0,28 a 3

G médio = 2,47 Desvio Padrão = 3,35

Reed32 Faixa de variação de G de 0,1 a 5 Koistinen & Puhakka33 para seis eventos observados na Finlândia (442 pontos de dados – valores diários), os valores de G variaram de 0 a 20, com pico de freqüência para os valores de 2 a 5 STEINER et al. (1999) - Faixa de variação de G 0,4 a 2,56 – 30 eventos

Faixa de Variação – 0 a 44,7 (2505 pontos de dados)

A análise comparativa com valores da revisão bibliográfica indicou que

foram encontradas faixas de variação de G mais amplas, valores extremos

mais acentuados e valores médios mais elevados. A análise da distribuição dos

valores de log(G) confirmou alguns resultados já apresentados na revisão

bibliográfica (SMITH et al. 1975 e SMITH, 1990). O número de pontos

analisados neste trabalho é muito superior aos encontrados na literatura.

32 Reed, D.W. (1984) – A review of British forecasting practice – Institute of Hydrology - Report no 90, Citado por Trovati (1988). 33 Koistinen J. & Puhakka, T (1986) – Can we calibrate radar with raingauges? Geophysics 22 – 119-129, Citado por Smith (1990).

170

7.1.2 Comparação dos Campos de precipitação

Os métodos compostos analisados (de Brandes e de Koistinen &

Puhakka) usam os valores de G para corrigir os dados de radar obtidos pelas

equações de Marshall-Palmer e Antonio.

A correção proposta pelo método de Koistinen & Puhakka está baseada

em uma curva de regressão de entre os valores de log(G) e a distância do

ponto ao radar. Apresentaram-se a seguir as correlações obtidas para os

diversos casos analisados (figuras 7.29 até 7.35).

y = 0,003x - 0,1003R2 = 0,0214

-3

-2

-1

0

1

2

3

30 50 70 90 110 130 150dist (km)

log(G

)

Figura 7.29 Relação log(G) x dist – MP - jan-fev de 1995

y = 0,0012x - 0,2308R2 = 0,0064

-2

-1

0

1

2

3

30 50 70 90 110 130 150

dist (km)

Log(G

)

Figura 7.30 Relação log(G) x dist – MP - jun a ago de 1995

y = 0,0027x - 0,1068R2 = 0,0184

-3

-2

-1

0

1

2

3

30 50 70 90 110 130 150dist (km)

log(G

)

Figura 7.31 Relação log(G) x dist – MP - jan-fev –jun a ago de 1995

y = 0,0027x - 0,1523R2 = 0,0192

-3

-2

-1

0

1

2

3

30 50 70 90 110 130 150dist (km)

log(G

)

Figura 7.32 Relação log(G) x dist – MP - ano completo

171

y = 0,0031x - 0,0981R2 = 0,0226

-3

-2

-1

0

1

2

3

30 50 70 90 110 130 150dist. (km)

Log(G

)

Figura 7.33 Relação log(G) x dist – Antonio - jan-fev de 1995

y = 0,0015x - 0,2382R2 = 0,0094

-2

-1

0

1

2

3

30 50 70 90 110 130 150dist (km)

Log(G

)

Figura 7.34 Relação log(G) x dist – Antonio - jun a ago de 1995

y = 0,0028x - 0,1038R2 = 0,0194

-2

-1

0

1

2

3

30 50 70 90 110 130 150dist (km)

Log(G

)

Figura 7.35 Relação log(G) x dist – Antonio - jan-fev - jun a ago de 1995

Observou-se que os coeficientes de determinação são muito baixos em

todas as situações. Este comportamento corroborou as afirmações

encontradas na literatura quanto à ausência de relação entre as observações

de radar e a distância, para radares banda S. Como todos os resultados de

correlação foram igualmente ruins, optou-se por usar o obtido pela relação de

Marshall-Palmer para todo o ano de 1995, por compreender uma amostra

maior de dados.

Na análise dos campos de precipitação obtidos através dos métodos

compostos observou-se que, em alguns casos, quando o registro pluviométrico

de uma ou mais estações consideradas no cálculo era muito superior ao valor

indicado pelo radar (G alto), os valores corrigidos resultavam em chuvas muito

elevadas (da ordem de centenas de milímetros). Na verdade, o algoritmo

permite a super correção tanto a maior como a menor, dependendo da relação

G das estações que participam do cálculo. No caso de minoração existe um

evidente limitador inferior que é a chuva zero, enquanto que no caso superior

não existe limitação, daí a ocorrência desse tipo de majoração.

172

Desta forma, foi proposta uma modificação no algoritmo original

admitindo restrições para os valores de G. Trabalhou-se com valores

superiores a 0,1 e inferiores a 10. Quando G não atendia esta condição, o

posto pluviométrico era desconsiderado. Pode-se verificar na tabela 7.2 que a

porcentagem de valores que se encontram acima e abaixo destes limites é da

ordem de 5%. Os campos de precipitação compostos desta forma receberam o

nome de campos modificados (MO-10).

Na análise preliminar de desempenho do procedimento acima descrito,

ainda encontraram-se chuvas exageradas, como por exemplo, no dia 27 de

janeiro. Neste dia o radar e os pluviômetros indicaram dois núcleos de chuvas

em áreas próximas, mas não exatamente coincidentes. A distância entre os

núcleos de chuva nos campos gerados por radar e pluviômetro é de 14 km. O

valor elevado de chuva do pluviômetro em uma região de chuva não tão

intensa no radar forçou o surgimento de um fator de correção elevado, da

ordem de 9. Quando este fator foi aplicado no núcleo de chuva elevado do

radar, surgiram valores de chuva em pixels da ordem de 500 mm, o que é

absolutamente incoerente. Foi introduzido então um limitador mais severo, que

só considera os pluviômetros para ajuste quando o índice G encontra-se entre

os valores 0,2 e 5. Na tabela 7.2 observa-se que este procedimento elimina

cerca de 20% dos valores de G. Para não gerar um numero excessivo de

alternativas este limitador foi testado apenas no método de Brandes, usando a

equação de Marshall-Palmer e recebeu a denominação de Brandes MP-MO-5.

Os campos de precipitação foram analisados verificando a capacidade

dos métodos de estimar valores pontuais, volumes integrados em bacias

hidrográficas e análise visual dos campos diários de precipitação. Os

resultados apresentados estão agrupados por tópicos, apesar de não terem

sido realizados todos na mesma época. Os resultados da segunda etapa

(período de junho a agosto) já contem algumas simplificações.

7.1.2.1 Análise da estimativa pontual

Para o período do estudo piloto, a análise da capacidade dos métodos

de composição de campos de precipitação preverem a chuva pontual foi feita

173

através da comparação do valor de chuva estimado pelos métodos com o valor

real (valor dos seis pluviômetros retirados).

A eliminação destes pluviômetros considerou um critério de abrangência

espacial e privilegiou a escolha de pares de estações bastante próximas, de

forma que, num raio de 2,5 km da estação eliminada existisse outra estação

que compusesse a rede de amostragem. As estações eliminadas foram:

2248110, C5-035, 2247196, C4-071, D4-108 e 2148169, indicadas na

figura 7.36.

Figura 7.36- Localização das estações retiradas do estudo piloto

Foram feitos dois estudos de correlação entre os resultados medidos e

estimados nos postos. No primeiro, chamado de estudo de correlação espacial,

analisou-se, para cada dia, a relação entre os dados estimados pelos métodos

de integração e os valores medidos pelos 6 pluviômetros eliminados da

composição geral de campos de precipitação. Desta forma, existiam seis

pontos para a determinação dos coeficientes de determinação, conforme

indicado na tabela 7.4.

174

Tabela 7.4 Exemplo de análise espacial – dia 01/01/95

Estação

2248110

2247196

2148169

4-071

C5-016

D4-108

Coeficiente de Determinação

ValorReal 17,3 16,2 34,6 19,5 50,2 13,3 - Interpol. Linear 21,1 24,5 35,0 20,0 42,8 15,0 0,927 Média Simples 24,9 21,3 23,1 16,1 29,9 14,0 0,584 Média Pond-Quad 22,7 25,0 26,4 19,1 41,3 14,1 0,825 Inverso Distância 21,9 22,3 33,4 20,4 41,7 14,0 0,945 Inverso Quad-dist 21,8 23,2 34,0 20,5 41,9 14,0 0,934 Costa 21,2 24,0 35,5 20,2 40,5 14,7 0,905 Radar MP 9,3 11,9 7,1 5,3 17,3 13,2 0,179 Radar AGO 8,4 11,4 6,8 5,0 17,0 12,8 0,198 Brandes MP 17,3 14,8 13,3 15,3 26,9 18,0 0,426 Brandes MP-MO-10 17,5 14,8 13,4 15,5 26,9 18,0 0,426 Brandes MP-MO-5 18,4 15,0 14,0 15,9 26,9 18,1 0,430 Brandes AGO 16,8 14,6 12,7 15,6 26,8 18,4 0,379 Brandes AGO-MO-10 17,0 14,7 12,8 15,8 26,8 18,4 0,378 Kphu MP 12,9 31,3 10,0 9,8 32,0 25,0 0,045 Kphu MP-MO-10 13,8 21,1 12,1 10,8 41,3 27,3 0,303 Kphu AGO 11,7 31,7 9,7 9,5 32,7 24,9 0,053 Kphu AGO-MO-10 11,7 19,4 9,7 9,5 32,7 24,9 0,187

Esta análise foi feita nos meses de janeiro e fevereiro, resultando em 59

dados. Para todos os métodos estudados, os coeficientes de determinação

médios do período e seu desvio padrão estão indicados na figura 7.37.

Os resultados indicaram que nenhum dos métodos foi eficiente na

estimativa pontual da chuva, sendo que os melhores foram da ordem de 0,5.

Os resultados podem ser agrupados em três faixas:

• Oriundos da interpolação somente de pluviômetros – apresentaram os

melhores resultados de coeficiente de regressão e os menores desvios.

Dentre eles o método da média simples foi o que apresentou o pior

resultado.

• Somente radar – apresentaram os piores resultados.

• Métodos mistos – os resultados ainda podem ser separados em dois

sub-grupos: métodos de Brandes e de Koistinen & Puhakka, com os

últimos apresentando resultados ligeiramente inferiores.

175

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

I. Line

ar

M. S

imples

M. P

ond. Q

.

Inv.D

ist.

Inv.

Qua

d. D

ist.

Costa

Rada

r - M

P

Rada

r-AGO

Bran

des-M

P

Bran

des-M

P-MO-10

Bran

des-M

P-MO-5

Bran

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GO

Bran

desA

GO-M

O-10

Kph

u-MP

Kph

u-MP-M

O-10

Kph

u-AGO

Kph

u-AGO-M

O-10

R2

Media

Desvio

Figura 7.37 Coeficientes de determinação (R2). Análise espacial - janeiro-fevereiro 1995.

Os desvios padrão dos coeficientes de determinação dos métodos

baseados nos dados de radar foram muito elevados, o que indica um

comportamento bastante variável na eficiência da estimativa.

Esta forma de análise foi estendida para o período de estiagem. Tal

etapa foi realizada em um segundo momento, quando já se havia decidido

continuar o estudo eliminando alguns dos métodos de interpolação usando

somente os pluviômetros, por apresentarem resultados muito semelhantes;

(conforme discussão apresentada no item 7.1.2.2). Os métodos que

continuaram a ser analisados foram os do Inverso do Quadrado da Distância

(IQD) e o de Costa.

Os resultados foram semelhantes ao primeiro período. O fato das

chuvas neste período reproduzirem eventos de origem diversa não melhorou a

capacidade de estimativa dos métodos estudados. Ressalta-se o baixo número

de dias de chuva. Os dados que necessitam de registro de radar contam com

apenas cinco de dias de registro de chuva nos pontos de interesse e os demais

com 10 dias de chuva.

176

Observou-se uma ligeira queda nos coeficientes dos métodos baseados

em pluviômetros e um aumento no desvio padrão para todos os métodos.

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Inv.Q

uad.Dist

Costa

Rada

r-MP

Rada

r-AGO

Bran

des_MP

Bran

des-M

P-MO-10

Bran

des-M

P-MO-5

Bran

des-A

GO

Bran

des-A

GO-M

O-10

Kph

u-MP

Kph

u-MP-

MO-10

Kph

u-AGO

Kph

u-AGO-M

O-10

R2

Media

desvio

Figura 7.38 Coeficientes de determinação (R2). Análise espacial - junho a agosto 1995.

Ainda na comparação pontual de valores, os dados foram analisados de

uma forma diferente, procedendo-se a uma análise temporal para cada posto.

Os dados foram organizados por posto e para cada método de interpolação foi

calculado o coeficiente de determinação entre os valores estimados e os

medidos nos pluviômetros. Cada coeficiente de determinação foi calculado a

partir de 59 pares de dados (figura 7.39).

A diferença entre as duas análises é que na primeira – análise espacial –

o cálculo de regressão foi feito a partir de seis pares de pontos, obtendo-se 59

valores de coeficientes de determinação, e apresentou-se sua média e desvio

padrão. Neste estudo, para cada posto e método, existe apenas um coeficiente

de determinação calculado para os 59 pares de dados e a média apresentada

ao final corresponde à média destas seis estações.

177

O tamanho da série utilizada na primeira análise (espacial) foi

certamente uma das causas dos baixos coeficientes de determinação, pois um

dado discrepante na série tem um impacto significativo.

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

D4-108 C5-035 C4-071 2248110 2247196 2148169 media

Estações

R2

Interpolador Linear Média Simples Média Pond-Quad Inverso Distância Inverso QuadDist

Costa Radar MP Radar AGO Brandes MP Brandes AGO

Brandes MP-MO-10 Brandes MP-MO-5 Brandes AGO-MO-10 Kphu MP Kphu AGO

Kphu MP-MO-10 Kphu AGO-MO-10

Figura 7.39 Coeficientes de determinação (R2) – Análise temporal – janeiro e fevereiro 1995.

Esta análise temporal individualizada por estação mostrou uma melhor

capacidade de estimativa para os métodos baseados em pluviômetros e,

dentre estes, os piores coeficientes ocorrem para a média simples.

Quando a análise foi feita a partir de dados o radar, os coeficientes de

determinação diminuíram muito. De modo geral, os métodos compostos,

especialmente o de Brandes, tenderam a melhorar, ainda que de forma muito

discreta, os coeficientes de determinação.

As estações D4-108 e 2247196 apresentaram os piores índices de

correlação para os campos obtidos a partir de dados de radar. Estas estações

estão situadas no trecho mais a montante da bacia. O comportamento das

demais estações parece não guardar relação com seu posicionamento.

Da mesma forma que para os resultados anteriores, esta análise foi

estendida para o período de junho a agosto de 1995, com os métodos

considerados redundantes eliminados (figura 7.40).

178

A tendência geral manteve-se: correlação boa para campos gerados por

pluviômetros e ruins para os que utilizam os dados de radar. Os piores

coeficientes foram observados nas estações C4-071 e D4-108; já a estação

2247196, que no período de janeiro-fevereiro apresentava um dos piores

índices, apresentou agora um dos melhores.

Para os métodos baseados em pluviômetros os piores resultados

correspondem à estação 2248110 para os dois períodos analisados.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

D4-108 C5-035 C4-071 2248110 2247196 2148169 media

Estações

R2

Inverso QuadDist Costa Radar MP Radar AGO

Brandes MP Brandes AGO Brandes MP-MO-10 Brandes MP-MO-5Brandes AGO-MO-10 Kphu MP Kphu MP-MO-10 Kphu AGO

Kphu AGO-MO-10

Figura 7.40 Coeficiente de Determinação – Análise Temporal – junho a agosto 1995.

Da comparação pontual observou-se que, ao fazer a análise dia a dia, os

resultados não foram satisfatórios e os dados estimados a partir dos campos

de precipitação não reproduzem adequadamente os valores medidos para

qualquer grupo de dados analisados.

Ao fazer a análise para cada pluviômetro isoladamente, a série de

valores medidos mostrou uma melhor relação com os valores estimados a

partir dos pluviômetros. Deve-se, entretanto, ressaltar que os dados

considerados verdadeiros foram os valores medidos em pluviômetros.

179

7.1.2.2 Análise dos valores integrados em uma área

A outra forma de análise comparou os volumes totais de chuva por bacia

hidrográfica e as chuvas pontuais máximas. Foi feita uma análise preliminar

destes resultados, no período de janeiro e fevereiro de 1995, para eliminar os

métodos que fornecessem resultados semelhantes, diminuindo o trabalho de

geração de campos e facilitando a comparação visual dos resultados.

Como o objetivo desta etapa foi a obtenção de um panorama geral

qualitativo, os métodos foram agrupados por cores:

• Preto – métodos baseados somente em pluviômetros

• Azul – radar

• Verde – método composto de Brandes

• Laranja – método composto de Koistinen & Puhakka

Foram elaborados três gráficos comparativos. O primeiro, apresentado

na figura 7.41, corresponde ao volume diário precipitado na bacia. A análise

das curvas indicou que os métodos agrupados por cores têm um

comportamento homogêneo, que não se mantém quando a análise é feita entre

as cores. Existem dias em que os pluviômetros registraram um grande volume

de chuva e o radar um valor significativamente menor e vice-versa. Os métodos

compostos parecem apresentar um comportamento intermediário, porém em

alguns dias apresentam picos mais elevados que os outros dois métodos.

Na figura 7.42 apresenta-se um gráfico de duplas massas, acumulando

os valores no espaço e no tempo e plotando-os contra os valores acumulados

pelo método de interpolação linear, em toda a bacia.

Observou-se que as curvas geradas pelos métodos baseados

unicamente por pluviômetros praticamente se sobrepõem, assim como as

curvas somente de radar.

180

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27

dias

(*103) m

3

Interpolador Linear Média Simples Média Pond-Quad

Inverso Distância Inverso QuadDist Costa

Radar MP Radar AGO Brandes MP

Brandes MP-MO-10 Brandes MP-MO-5 Brandes AGO

Brandes AGO-MO Kphu MP Kphu MP-MO

Kphu AGO Kphu AGO-MO

Figura 7.41 Volume de chuva diário na bacia

5,0E+04

5,5E+05

1,1E+06

1,6E+06

2,1E+06

2,6E+06

3,1E+06

3,6E+06

5,0E+04 5,5E+05 1,1E+06 1,6E+06 2,1E+06 2,6E+06 3,1E+06 3,6E+06

(m3) interpolador linear

(m3)

Interpolador Linear Média Simples Média Pond-QuadInverso Distância Inverso QuadDist CostaRadar MP Radar AGO Brandes MPBrandes MP-MO-10 Brandes MP-MO-5 Brandes AGOBrandes AGO-MO Kphu MP Kphu MP-MOKphu AGO Kphu AGO-MO

Figura 7.42 Duplas Massas – Volume acumulado x Volume acumulado pelo método do interpolador linear.

181

Desta forma, no prosseguimento do trabalho, foram o usados apenas

dois métodos de interpolação por pluviômetro: Costa e IQD, o primeiro por ser

diferente dos demais, e o segundo por ser o mais popular. Os dados de radar

foram trabalhados apenas com a equação de Marshall-Palmer, por ser a

equação clássica. Os métodos compostos, apesar de apresentarem a mesma

tendência, têm uma amplitude maior, principalmente os do método de Brandes.

Na figura 7.43 foram indicados os maiores valores pontuais de

precipitação encontrados na bacia, isto é, a máxima chuva diária encontrada

em um pixel da bacia. A chuva máxima indicada não corresponde

necessariamente ao mesmo pixel para cada método.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1/1 6/1 11/1 16/1 21/1 26/1 31/1 5/2 10/2 15/2 20/2 25/2dias

(mm)

Interpolador Linear Média Simples Média Pond-Quad.

Inverso distância Inverso Quad-dist. Costa

Radar - MP Radar - AGO Brandes -MP

Brandes-MP-MO-10 Brandes-MP-MO-5 Brandes-AGO

Brandes-AGO-MO-10 Kphu-MP Kphu-MP-MO-10

Kphu-AGO Kphu-AGO-MO

Figura 7.43 Chuva pontual máxima

Nestes estudos preliminares percebeu-se a ocorrência de valores

exagerados em alguns métodos compostos, tanto de majoração como de

minoração. Para os métodos derivados apenas dos pluviômetros, os valores

máximos são inferiores a 150 mm. Para os dados só de radar, os valores

máximos são da ordem de 120 mm e os valores máximos alcançados pelos

métodos compostos chegam a 400 mm.

182

Foram escolhidos seis dias para analisar as isoietas diárias obtidas

pelos diversos métodos. Selecionaram-se dias com os valores máximos

pontuais e totais mais discrepantes e dias com resultados similares, através da

análise das figuras 7.41 e 7.43. Os campos de precipitação compostos para

todos os métodos e uma análise das diferenças observadas são apresentados

no Apêndice D.

• Dia 2 de janeiro – um dos dias em que as observações feitas nos

gráficos (7.41 e 7.43) forneceram valores menos discrepantes.

• Dia 8 de janeiro – valores máximos pontuais do radar.

• Dia 27 de janeiro – valores máximo de pluviômetros e radar

semelhantes. Métodos compostos ampliaram as divergências.

• Dia 04 de fevereiro – para volumes totais o radar indicou menos chuva

que os pluviômetros, mas os métodos compostos elevaram os valores

pontuais máximos.

• Dia 5 de fevereiro – semelhante ao dia 4.

• Dia 7 de fevereiro – este dia apresentou valores baixos nos campos de

chuva de radar e compostos e valores altos nos pluviômetros, tanto para

o volume total como para os valores máximos pontuais.

• Dia 14 de fevereiro – este dia apresentou valores de totais de chuva

próximos, tanto para pluviômetros, como para radar. Os métodos

compostos aumentaram as diferenças totais e pontuais.

De modo geral, o radar apresentou um campo de precipitações bem

mais disperso, com núcleos menos compactos e bem organizados como os

métodos resultantes das técnicas de interpolação de dados dos postos

pluviométricos.

Os campos de radar apresentaram círculos concêntricos com centro no

radar, a distâncias fixas, resultantes da composição dos campos na integração

do CAPPI.

As técnicas de ajuste dos métodos compostos corrigem valores de

radar. Desta forma, se o radar não enxergar chuva em uma região onde o

pluviômetro tenha medido chuva, não haverá correção. De forma geral, os

183

campos gerados pelas técnicas de integração dos dados reproduziram a forma

do campo de radar, com trechos intensificados ou atenuados. O método de

Brandes é mais influenciado pelos pluviômetros que o método de Koistinen &

Puhakka.

O método de Brandes, quando usado sem limitação, tendeu a fazer

super correções. Estes exageros referem-se aos casos onde o pluviômetro

apresenta um valor elevado e a média dos nove pixels que o rodeiam são

significativamente inferiores. Isso faz com que este pluviômetro tenha um valor

elevado de correção que será aplicado em sua área de influência,

intensificando possíveis valores elevados de radar que existam nesta região. A

introdução de fatores limitantes tende a reduzir os exageros e percebe-se um

resultado final diferenciado para este método com a maior limitação. Estes

resultados definiram a introdução de mais uma configuração, com fatores

limitantes intermediários ao 10 e ao 5.

7.2 Estudo completo

O estudo apresentado a seguir analisou a estimativa de valores de

chuva acumulados no dia por área. O enfoque foi a comparação do total de

chuva precipitado por bacia. Como não se pretendia mais estudar a capacidade

dos métodos de interpolação de reproduzir a chuva pontual, as seis estações

anteriormente retiradas foram novamente inseridas e os campos de chuva

foram gerados novamente.

A composição dos campos de precipitação no período de estudo foi

efetuada utilizando-se dos seguintes métodos:

• Inverso do Quadrado da Distância (IQD) • Costa • Radar-Marshall-Palmer • Brandes • Brandes-MO-10 • Brandes-MO-7,5 • Brandes-MO-5 • Koistinen & Puhakka • Koistinen & Puhakka MO-10 • Koistinen & Puhakka MO-7,5

184

• Koistinen & Puhakka MO-5

No estudo piloto constatou-se que os métodos de composição

pluviômero-radar exageram nas correções e que os fatores de limitação evitam

distorções exageradas. Decidiu-se testar um fator de limitação intermediário

aos dois já propostos. Na tabela 7.5 estão indicados os valores de G que foram

utilizados nos métodos compostos como limitadores. Os pluviômetros cuja

relação G estiveram fora destes limites foram desconsiderados na composição

do campo de precipitações.

Tabela 7.5 Limites de G

Modificação Intervalo de G utilizado

MO – 10 0,1 a 10 MO – 7.5 0,133 a 7,5 MO – 5 0,2 a 5

Mantiveram-se os critérios de composição dos métodos compostos.

Como foram simulados os anos integrais de 1993 a 1998, para o método de

Koistinen & Puhakka o fator de chuva convectiva foi usado nos meses de

novembro a março; nos demais, usou-se o fator de chuva frontal.

Para este conjunto de dados foram feitos dois tipos de análise: uma que

identificou, para cada sub-bacia, o valor da chuva máxima e a localização do

pixel dessa ocorrência e a segunda, que avaliou o volume precipitado em cada

sub-bacia, através da análise dos valores de alturas médias diárias. O padrão

de comparação dos campos de precipitação adotado em todo o trabalho foi o

método do IQD.

Para chuvas máximas foi feito um estudo de correlação entre os

máximos diários encontrados em cada sub-bacia obtidos pelos diversos

métodos com os valores obtidos pelo método do IQD. Os dados foram plotados

em função da área, resultado apresentado na figura 7.44.

185

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

area (km2)

coef. correlação

Costa Radar Brandes Brandes 5 Brandes 7.5

Brandes 10 KPuhaka KPuhaka 5 KPuhaka 7.5 KPuhaka 10

Figura 7.44 Coeficientes de correlação de valores máximos pontuais versus área.

Observou-se que, em todos os métodos, existe uma região de grande

oscilação nos coeficientes de correlação. São as bacias que têm área de

drenagem da ordem de 300 km2: São José, Meia Légua e Sítio Esperança,

com localização indicada na figura 7.45.

Figura 7.45 Localização das bacias com melhor índice de correlação

Na figura 7.46 apresentam-se os coeficientes de correlação para a bacia

total.

186

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Métodos

Coef. de correlação

Costa

Radar

Brandes

Brandes 5

Brandes 7.5

Brandes 10

KPuhaka

KPuhaka 5

KPuhaka 7.5

KPhuhaka 10

Figura 7.46 Coeficientes de correlação – Valores máximos pontuais - Bacia total

Como era esperado, obteve-se um bom coeficiente de correlação entre o

método Costa e o IQD. Para os demais métodos, o pior coeficiente encontrado

foi no campo do radar e o melhor no método de Brandes sem ajuste, com

coeficientes de correlação máximos da ordem de 0,55. Os demais oscilaram

entre os dois, sendo que os piores foram os métodos de Koistinen & Puhakka

ajustados. Verificou-se a existência de uma ligeira tendência de aumento dos

coeficientes de correlação em função do aumento de área da bacia.

Apresenta-se na figura 7.47 os valores máximos pontuais diários

observados em todo o período para cada método de composição plotados em

função da área da bacia. Na figura 7.48 estão os valores pontuais máximos

observados na bacia total.

Observaram-se novamente os valores exagerados já relatados no

estudo piloto. Não existe um padrão de comportamento em função da área da

bacia. Verificou-se que os métodos que apresentaram valores máximos diários

exagerados foram Brandes sem limitação, Brandes 10 e Koistinen & Puhakka

sem limitação. Todas as alternativas do método Brandes apresentaram valores

pontuais superiores a 200 mm e somente o método Koistinen & Puhakka sem

limitação superou essa marca. Os demais métodos têm máximos diários entre

100 e 200 mm. O radar apresenta os menores valores.

187

0

100

200

300

400

500

600

700

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

area (km2)

chuva pontual máxim

a (mm)

Inv. Quad. Dist Costa Radar Brandes

Brandes 5 Brandes 7.5 Brandes 10 KPuhaka

KPuhaka 5 KPuhaka 7.5 KPuhaka 10

Figura 7.47 Máximos valores pontuais em função da área.

0

100

200

300

400

500

600

700

Métodos

Valor pontual máxim

o (mm)

inv. quad. dist

Costa

Radar

Brandes

Brandes 5

Brandes 7.5

Brandes 10

KPhuhaka

KPhuhaka 5

KPhuhaka 7.5

KPhuhaka 10

Figura 7.48 Valores pontuais máximos – período integral – bacia total.

Foram organizados gráficos de dupla acumulação para avaliar o

comportamento relativo na estimativa de volume precipitado pelos diferentes

métodos para todas as sub-bacias em estudo. Os resultados estão

apresentados nas figuras 7.50 a 7.64, na abscissa têm-se os valores diários

acumulados para o método do IQD e na ordenada os demais métodos. A

legenda destes gráficos encontra-se na figura 7.49.

188

Figura 7.49 Legenda para as figuras 7.52 a 7.66

Duplas M assas - perío do to tal - P erdizes

0

50

100

150

200

250

0 50 100 150 200 250

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.50 Duplas massas – Perdizes

Duplas M assas - perí o do to tal - Gera ldo

0

50

100

150

200

250

0 50 100 150 200 250

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.51 Duplas massas – Geraldo

Duplas Massas - período total - Boa

Esperança do Sul

0

500

1000

1500

2000

2500

0 500 1000 1500 2000 2500

Inv. Quad. Dist. (x10^6 m3)

x10^6 m3

1

Figura 7.52 - Duplas massas – BESP

Duplas M assas - perí odo t o t al - Jacaré 1

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Inv. Quad. D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.53 - Duplas massas – Jacaré1

189

Duplas M assas - p erí odo t o t al - Jacaré 2

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.54 Duplas massas – Jacaré 2

Duplas M assas - p er í odo t o t al - F ei jão

0

500

1000

1500

2000

2500

0 500 1000 1500 2000 2500

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.55 Duplas massas – Feijão

Duplas M assas - perí o do to tal - São Jo sé

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.56 Duplas massas – São José

Duplas M assas - per í odo t o t al - Inácio

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

0 2000 4000 6000 8000 10000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.57 Duplas massas – Inácio

Duplas M assas - perí odo to tal - M eia

Légua

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

0 1000 2000 3000 4000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.58 Duplas massas – M. Légua

Duplas M assas - perí o do to tal - Sí t io

Esperança

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

0 1000 2000 3000 4000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.59 Duplas massas – Sit. Esp.

190

Dup las M assas - per í odo t o t al - Palmeiras

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

0 5000 10000 15000 20000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.60 Duplas massas – Palmeiras

Duplas M assas - perí o do to ta l - P o rto

0

5000

10000

15000

20000

25000

0 5000 10000 15000 20000 25000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

x10 ^6 m3

Figura 7.61 Duplas massas – Porto

Duplas M assas - perí odo to tal - Gav ião

0

5000

10000

15000

20000

25000

0 5000 10000 15000 20000 25000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.62 Duplas massas – Gavião

Duplas M assas - perí o do to tal - 5C -021

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

0 10000 20000 30000 40000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.63 Duplas massas – 5C-021

Duplas M assas - perí o do to tal

bacia: comple ta

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

0 10000 20000 30000 40000

Inv. Quad . D ist . ( x10 ^6 m3 )

( x10 ^6 m3 )

Figura 7.64 Duplas massas – bacia completa

191

Como era de se esperar, o método Costa praticamente coincidiu com a

reta de 45°. Nos demais métodos, as curvas apresentaram sempre as mesmas

inflexões, pois se derivam todas do campo de radar. Os coeficientes angulares

destas curvas variaram com o tempo, o que torna evidente que não existe um

comportamento constante, com o radar sempre subestimando a chuva.

Existem períodos onde os coeficientes angulares foram visivelmente superiores

a 45°.

Observou-se que o comportamento das curvas de duplas massas é

muito semelhante para as sub-bacias Geraldo, São José, Feijão, Santo Inácio,

Palmeiras, Porto e Gavião, uma vez que estas bacias estão sobrepostas. A

curva obtida pelo método baseado somente em pluviômetro (método Costa)

forneceu valores mais altos em quase todo trecho, exceto no período final,

onde os métodos compostos a superaram. As bacias Perdizes, Jacaré 1 e 2

também praticamente sobrepostas, tiveram comportamento parecido, porém

notou-se uma tendência dos pluviômetros começarem a fornecer valores

inferiores um pouco antes das demais. Na bacia São José verificou-se o caso

extremo, no qual o método Costa chegou inclusive a fornecer o valor

acumulado final maior que os métodos mistos.

O comportamento das curvas nas sub-bacias Meia Légua e Sítio

Esperança, que são contíguas, localizadas no extremo norte da bacia e com

áreas semelhantes, foram parecidos. Também apresentou um comportamento

semelhante ao da sub-bacia de Boa Esperança do Sul, apesar de não estar

próxima. Nestas bacias, os métodos baseados em pluviômetros têm a

tendência de apresentar valores mais baixos, sendo que na bacia Sitio

Esperança, o campo do pluviômetro chegou a dar valor acumulado final no

período inferior ao do radar.

Ao analisar as maiores bacias, Palmeiras, Porto, Gavião, 5c-021 e a

bacia total, percebeu-se que o valor acumulado final do Método Costa diminuiu

à medida que aumentou a área.

Como regra geral, o campo gerado unicamente pelo radar foi o que

forneceu o menor total de chuva, seguido pelo método de Brandes com ajustes

limitados ao coeficiente G menor que 5 e 7.5 (os gráficos praticamente se

sobrepuseram), depois o método de Brandes com G limitado em 10. O método

de Brandes sem limitação confundiu-se com os resultados da aplicação do

192

método Koistinen & Puhakka, todos eles com comportamento quantitativo

parecido.

A curva do radar apresentou dois períodos bem evidentes de coeficiente

angular muito baixo. O primeiro corresponde ao período de janeiro e fevereiro

de 1995, onde se observaram valores mais baixos no radar, principalmente no

início de fevereiro. No segundo período, em janeiro e fevereiro de 1996,

constatou-se a existência de dois blocos consecutivos de dias sem registro de

chuva no radar e com registros nos pluviômetros, o primeiro bloco de 11 dias e

o segundo de 24 dias. No período final, anos de 1997 e 1998, a curva de radar

deixou de apresentar trechos com coeficientes angulares muito baixos e

manteve uma inclinação quase constante (figura 7.65).

0

10000

20000

30000

40000

0 10000 20000 30000 40000

Volume acumulado diário IQD (x10^6 m3)

Volume acumulado diário (x10^6 m

3)

Costa Radar MP

1997/1998

jan/fev1995

jan/fev1996

Figura 7.65 Curva de dupla massa – localização dos períodos nas medidas de radar.

Calculou-se a precipitação média para as bacias diariamente, somando-

se os valores de todos os pixels com chuva na bacia e dividindo-se o total pela

área da bacia. Obteve-se desta forma o h médio diário para cada método. De

modo similar à análise dos valores pontuais máximos, também foi feito um

estudo de correlação destas alturas médias diárias com as alturas médias do

método do IQD, conforme apresentado na figura 7.66.

193

Observou-se que o formato das curvas é semelhante ao apresentado na

figura 7.44 (coeficientes de correlação de valores máximos em função da área),

porém os coeficientes deste estudo foram ligeiramente inferiores. Novamente

observou-se um comportamento diferenciado nas estações com área da ordem

de 300 km2, estações São José, Meia Légua e, principalmente, Sítio

Esperança.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

area (km2)

coef. correlação

Costa Radar MP Brandes MP

Brandes MP-MO-5 Brandes MP-MO-7.5 Brandes MP-MO-10

KP MP KP MP-MO-5 KP MP-MO-7.5

KP MP-MO-10

Figura 7.66 Coeficientes de correlação das alturas médias em função da área

Na figura 7.67 indicam-se os coeficientes de correlação das alturas

médias diárias para todo o período estudado e para a bacia integral. Os

coeficientes de correlação são baixos e os métodos compostos, especialmente

sem limitação, apresentam os melhores resultados. Todos os métodos

compostos melhoram os resultados do radar.

Na figura 7.68 apresentam-se os valores de RMSE calculados para

bacia total em função do método do IQD. Os valores são semelhantes para

todos os métodos, da ordem de 20%, e comparáveis com os apresentados por

STEINER et al. (1999) que relata valores de 8 a 42% porém com valores mais

freqüentes da ordem de 30%.

194

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Métodos

Coef. correlação

Costa Radar MP Brandes MP Brandes MP-MO-5

Brandes MP-MO-7.5 Brandes MP-MO-10 Kphu MP Kphu MP-MO-5

Kphu MP-MO-7.5 Kphu MP-MO-10

Figura 7.67 Coeficientes de correlação – alturas médias diárias - Bacia total

0

5

10

15

20

25

rmse (%)

Costa Radar B-MP B-MP5 B-MP10 KP-MP

KP-MP5 KP-MP5 KP-MP7.5 KP-MP10

Figura 7.68 RMSE – h médio diário

Na figura 7.69 apresentam-se as retas de regressão obtidas da

comparação das alturas médias de chuva determinadas através das medidas

de radar e calculadas pelos métodos de Brandes e Koistinen & Puhakka com

195

as resultantes do IQD. Optou-se por apresentar somente estes métodos para

facilidade de visualização e porque os demais repetem estes padrões de

comportamento.

0

20

40

60

80

0 20 40 60 80

Inv. quad. dist. (mm)

h(mm)

Costa Radar MP Brandes MP Kphu MP

Figura 7.69 Retas de regressão – altura médias de chuva.

Verificou-se a grande concordância entre o método de Costa e do IQD e

o pior resultado para o radar. Observou-se que os métodos com ajuste

aumentaram o coeficiente angular das retas ajustadas, o que confirma a

conclusão de BARNSTON & THOMAS (1983), segundo a qual os ajuste nos

dados de radar diminuem a tendência do radar ver menos chuva em eventos

mais intensos.

A tabela 7.6 apresenta as equações das retas ajustadas para todos os

métodos. O termo independente mais alto indica a tendência do radar ver mais

chuva em dias que o pluviômetro registra pouca chuva. Todos os métodos

derivados do radar apresentaram este termo mais elevado e o método

Koistinen & Puhakka apresentou os maiores valores.

196

Tabela 7.6 Retas de ajuste de −

h diário calculado pelos diversos métodos versus −

h do Método do Inverso do Quadrado da Distância.

Método Reta ajustada

Costa y = 0,998 x + 0,0197 Radar y = 0,213 x + 2,7386 Brandes y = 0,540 x + 2,5350 Brandes-5 y = 0,353 x + 2,6336 Brandes-7,5 y = 0,353 x + 2,6336 Brandes-10 y = 0,451 x + 2,5580 Koistinen & Puhakka y = 0,411 x + 2,9678 Koistinen & Puhakka-5 y = 0,297 x + 3,2401 Koistinen & Puhakka-7,5 y = 0,325 x + 3,2194 Koistinen & Puhakka-10 y = 0,343 x + 3,1979

Confirmando o que foi visualizado na figura 7.69, todos os métodos

mistos apresentaram coeficientes angulares mais elevados que o do radar. Os

métodos sem limitação apresentaram os maiores valores e a introdução de

limitadores diminuiu estes coeficientes. Novamente verificou-se a sobreposição

dos resultados entre os métodos de Brandes com limitadores 7,5 e 5.

A revisão bibliográfica cita situações em que somente um dos

instrumentos de medida detectava chuva. Com o objetivo de identificar e

quantificar estes períodos fez-se um estudo comparativo entre os resultados de

h médio diário, para toda a bacia, obtido pelos métodos do IQD e do Radar,

analisando a proporção de dias em que foram observados h médios inferiores a

0,1 mm em ambos os métodos e em cada um isoladamente. Analisou-se o

período total de dados (1993-1998). O resultado está apresentado na

tabela 7.7.

Tabela 7.7 % Distribuição de h médio próximos a zero

% de ocorrência simultânea de valores de h médio inferiores à 0,1 mm para campo gerado por Radar e pelo Método do Inverso do Quadrado da Distância.

% de ocorrência de valores de h médio inferiores a 0,1 mm no Método do Inverso do Quadrado da Distância e maiores que 1 mm no Radar. Radar vê chuva onde o plu não vê

% de ocorrência de valores de h médio inferiores a 0,1 mm no Radar e maiores que 1 mm no Método do Inverso do Quadrado da Distância. Plu. vê chuva onde o radar não vê

33,4% 5% 13,7%

Nas figuras 7.70 a 7.72 apresenta-se a distribuição ao longo dos meses

do ano do número médio anual de dias no período de 1993 a 1998 em que

ocorrem os três casos descritos na tabela 7.7.

197

A ausência de leitura simultânea ocorreu preferencialmente nos períodos

secos, conforme figura 7.70.

0

5

10

15

20

25

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

dias

Figura 7.70 Número médio de dias no período de estudo onde ocorre simultaneamente leitura de h médio na bacia inferior a 0,1 mm.

Os dias onde existem leituras no radar e ausência de leitura no

pluviômetro podem ser explicados pela existência simultânea de evaporação

no processo de precipitação e, desta forma, não existir depósito de água nos

pluviômetros. A maioria destes episódios ocorreu nos meses mais secos,

conforme figura 7.71.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

dias

Figura 7.71 Número médio de dias no período de estudo onde ocorre leitura de h médio na bacia inferior a 0,1 mm no método do IQD e superior a 1 mm no Radar. Radar “vê” chuva onde

o pluviômetro não “vê”.

198

As leituras de chuva nos pluviômetros com ausência no radar são

maiores nos meses chuvosos, conforme figura 7.72. Observou-se um bloco

compacto de dias sem leitura no radar e com leituras em pluviômetro nos

meses de janeiro e fevereiro de 96, conforme já havia sido observado nas

curvas de duplas massas (figura 7.65).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

dias

Figura 7.72 Número médio de dias onde ocorre leitura de h médio na bacia inferior a 0,1 mm no Radar e superior a 1 mm no método do IQD. Pluviômetro “vê” chuva onde o Radar não “vê”.

A figura 7.73 representa as diferenças nas alturas médias diárias de

chuva observadas na bacia total, entre os dados do Radar e os obtidos no

campo de precipitação gerado pelo IQD. Os resultados foram plotados em

função da altura média diária calculada pelo IQD. Percebe-se um limite inferior,

uma linha de 45 graus, que corresponde aos dias onde houve leitura no

pluviômetro e o radar não indicou chuva.

Verificou-se que as maiores diferenças têm a mesma ordem de

grandeza (50 mm), ora com o radar medindo este valor a mais, ora a menos. A

maior concentração de valores encontra-se na região de alturas médias de

chuva mais baixas, e nestes casos o mais comum é as diferenças serem

positivas, isto é, o radar fornecer valores maiores. À medida que as alturas

médias de chuva aumentam, a tendência é o radar registrar chuvas menores

que o pluviômetro.

199

-70

-50

-30

-10

10

30

50

70

0 10 20 30 40 50 60 70

h (mm)

dif. h(mm)

Figura 7.73 Diferença entre os valores de h médio diário do radar e de pluviômetro em função das alturas médias obtidas pelo Método do Inverso do Quadrado da Distância.

Observou-se que existe uma alteração no comportamento relativo dos

dois instrumentos de medida de chuva (radar e pluviômetro) em função do

aumento da chuva, conforme discussão apresentada na análise das figuras

7.69 e 7.73 e tabela 7.6. Desta forma, decidiu-se reproduzir o estudo de

BARNSTON & THOMAS (1983), que investiga o comportamento relativo dos

diversos métodos por faixas de umidade. A tabela 7.8 mostra as faixas de

umidade adotadas que foram usadas para classificar o universo total dos

dados.

Tabela 7.8 Faixas de umidade

Faixa h diário médio na bacia (mm)

Muito seco h < 1 Seco 1 < h < 5

Médio seco 5 < h < 15 Médio úmido 15 < h < 25 Úmido 25 < h < 40

Muito úmido h > 40

200

O estudo foi feito para a bacia completa. A classificação foi feita

tomando por base o Método do IQD. Os eventos médios diários do método do

IQD foram classificados de acordo com a faixa de umidade descrita na tabela

acima. Feita esta classificação, calculou-se para todo o período de estudo

(1993-1998) as médias por faixa, que são apresentadas na figura 7.74.

0

10

20

30

40

50

60

muito seco seco med.seco med. úmido úmido muito úmido todos

h (mm)

Inverso QuadDist Costa Radar MP Brandes MP

Brandes MP-MO-5 Brandes MP-MO-7.5 Brandes MP-MO-10 Kphu MP

Kphu MP-MO-5 Kphu MP-MO-7.5 Kphu MP-MO-10

Figura 7.74 Valor médio de h médio diário para a maior bacia por faixa de umidade

0

20

40

60

80

muito seco seco médio seco médioúmido

úmido muito úmido

%

Inverso QuadDist Costa Radar Brandes MP

Brandes MP-MO-5 Brandes MP-MO-7.5 Brandes MP-MO-10 Kphu MP

Kphu MP-MO-5 Kphu MP-MO-7.5 Kphu MP-MO-10

Figura 7.75 Distribuição percentual da quantidade de dias por faixa de umidade de todo o período para toda a bacia

201

Na figura 7.75 indica-se a porcentagem de ocorrência destas faixas em

todo o período.

Os resultados foram coerentes com a bibliografia: para os dias mais

secos, o radar “viu” mais chuva e os métodos compostos tendem a aumentar

esta diferença: abaixo de 5 mm no presente estudo e abaixo de 1,5 mm no

trabalho de BARNSTON & THOMAS (1983). Para a faixa de 1,5 a 4 os

resultados da bibliografia de radar foram ligeiramente inferiores que os de

pluviômetro e o ajuste não modificou os dados de radar. A próxima faixa de

estudo destes autores foi de 4 a 7 e a partir daí o radar começa a ver menos e

o ajuste tende a aumentar os valores para aproximá-los dos pluviógrafos. De

forma similar, neste estudo, para valores superiores a 5 mm o radar passa a

indicar menos chuva e os métodos compostos tendem a aumentar o campo de

radar, porém sem alcançar os valores dos pluviômetros.

Na tabela 7.9 apresentam-se, de forma comparativa, os resultados

obtidos no presente estudo e os apresentados em BARNSTON & THOMAS

(1983). Estão indicadas as faixas de variação das diferenças percentuais

obtidas entre as médias das alturas médias diárias obtidas pelo radar e pelos

métodos compostos, confrontados sempre com os resultados obtidos da

aplicação do método do IQD e agrupadas por faixa de umidade. Dentro do

possível, procurou-se trabalhar com faixas semelhantes, e para estas faixas os

resultados foram similares. Quando se analisa a faixa toda, os resultados

variam mais, neste caso as variações positivas nos métodos compostos

surgem em função da grande quantidade de eventos na faixa muito seca

(figura 7.75) e a grande amplitude de variação em função do comportamento

diferenciado dos métodos com e sem limitação.

Tabela 7.9 Diferenças percentuais entre a média dos hmédios diários do radar e métodos compostos relativos aos métodos baseados somente em pluviômetros.

Métodos de composição de campos de precipitação

7a 22 mm Barnston Thomas

5 a 15 mm Estudo atual

Faixa Total Barnston Thomas

Faixa Total Estudo atual

Radar -33% -32 % -25% -12% Métodos Compostos -8 a –10% -12 a –22% -6% -0.5 a +16%

A concordância com o trabalho de BARNSTON & THOMAS (1983) é

qualitativa, pois a quantidade de dados não é comparável, além de não terem

202

sido usados os mesmos métodos de composição de campos de precipitação.

As faixas de umidade adotadas também não são iguais, pois a faixa mais

úmida na bibliografia englobava chuvas de 10 a 22 mm. As variações nas

alturas médias de precipitação indicadas na figura 7.74 e na tabela 7.9 são

maiores que as da bibliografia, porém algumas tendências de comportamento

se mantiveram.

A seguir apresentam-se os gráficos mostrando as diferenças percentuais

entre os valores de h anuais dos diversos métodos em relação ao Método do

Inverso do Quadrado da Distância para cada bacia (figuras 7.77 até 7.99).

Observou-se um comportamento diferenciado para os anos de 1997 e 1998

com medidas do radar maiores que os anos anteriores. O ano de 1994, além

de ser mais seco, indicou as maiores diferenças negativas do radar. A legenda

válida para as estas figuras está apresentada na figura 7.76.

Figura 7.76 Legenda

% das diferenças anuais - Perdizes

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.77 % Diferenças Anuais – Perdizes

% das diferenças anuais - Geraldo

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.78 % Diferenças Anuais – Geraldo

203

% das diferenças anuais - Boa Esperança do Sul

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.79 % Diferenças Anuais – BESP

% das diferenças anuais - Jacaré 1

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.80 % Diferenças Anuais – Jacaré1

% das diferenças anuais - Jacaré 2

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.81 % Diferenças Anuais – Jacaré 2

% das diferenças anuais - Feijão

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.82 % Diferenças Anuais – Feijão

% das diferenças anuais - São José

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.83 % Diferenças Anuais – S.José

% das diferenças anuais - Meia Légua

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.84 % Diferenças Anuais – M.Légua

% das diferenças anuais - Bacia Sítio Esperança

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.85 % Diferenças Anuais – Sit.. Esp.

% das diferenças anuais - Bacia Inácio

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.86 % Diferenças Anuais – Inácio

204

% das diferenças anuais - Bacia Palmeiras

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.87 % Diferenças Anuais – Palmeiras

% das diferenças anuais - Bacia Porto

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.88 % Diferenças Anuais – Porto

% das diferenças anuais - Bacia Gavião

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.89 % Diferenças Anuais – Gavião

% das diferenças anuais - Bacia 5C- 021

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

93 94 95 96 97 98 média

%

Figura 7.90 % Diferenças Anuais – 5C-021

As bacias Geraldo e Perdizes, São José, Feijão, Jacaré 1 e 2, Sto.

Inácio, Palmeiras, Porto e Gavião e 5C-021 apresentaram comportamento

parecido.

Na bacia de Boa Esperança do Sul os métodos compostos não

acompanharam o comportamento do radar e na maioria das vezes a correção

foi positiva. Em 1997 e 1998 o radar e os demais métodos apresentaram

diferenças positivas. O comportamento da bacia Meia Légua tem similaridades

com a bacia de Boa Esperança, porém os métodos compostos apresentaram

diferenças variando entre o negativo e o positivo.

A bacia Sítio Esperança apresentou um comportamento diferenciado: só

tem valor negativo de radar para os anos de 1993 e 1994. Os métodos

compostos permaneceram com diferenças positivas. Nos anos de 1995 a 1998

as diferenças do radar e de todos os outros métodos foram positivas.

Nos anos de 1993 a 1996 o radar apresentou diferenças negativas, que

se mantiveram para a maioria dos métodos compostos, em praticamente todas

as estações, exceto para Sitio Esperança e Boa Esperança.

205

O ano de 1994, além de ser o mais seco, indicou as maiores diferenças

negativas do radar. A tendência do radar de registrar mais chuva nos anos

1997 e 1998 pode ser visualizada em todos os gráficos. Um grande número de

estações apresentou diferenças positivas no radar em 1997 e algumas também

em 1998 (Boa Esperança do sul, Meia Légua, Sítio Esperança, 5c-021 e a

bacia total).

O valor de radar positivo só aconteceu em 1997 e em algumas bacias

(Feijão, São José, Palmeiras e Porto) nem em 1997. Em 1998 o valor voltou a

ser negativo, porém menos do que no período de 1993 a 1996. A maioria dos

métodos compostos continuou fornecendo diferenças positivas. Por outro lado

nas estações Feijão, São José, Palmeiras e Porto o aumento de registro de

chuva no radar nestes anos não chegou a causar diferenças positivas.

Na figura 7.91 apresenta-se o resultado para a bacia total. O

comportamento da bacia completa manteve as diferenças positivas nos anos

de 1997 e 1998 para todos os métodos. Nos demais anos, o radar apresentou

diferenças negativas e os métodos compostos apresentaram um

comportamento variado. A média destes 6 anos mostrou o radar fornecendo

alturas médias diárias inferiores e, que todos os métodos compostos, exceto

Brandes com limitação 5 e 7.5, indicaram alturas médias superiores às obtidas

pelo método do Inverso do Quadrado da Distância.

% das diferenças anuais - bacia: total

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

1993 1994 1995 1996 1997 1998 média

%

Figura 7.91 % Diferenças Anuais – Bacia Total

206

Para entender as variações de comportamento observadas ao longo dos

anos de estudo e por regiões (sub-bacias) foram analisadas as variações nas

alturas pluviométricas anuais (figuras 7.92 e 7.93).

Na figura 7.92 apresenta-se o estudo comparativo das alturas médias de

chuva acumulada por ano para a bacia total. Verifica-se que o ano de 1994 foi

mais seco, e que nos anos de 1997 e 1998 o radar indicou uma precipitação

maior que o pluviômetro. Estas características se mantiveram para todas as

bacias, exceto para região Sítio Esperança, conforme se pode observar na

figura 7.93.

Nesta estação o radar somente indicou leituras menores nos anos de

1993 e 1994, sendo que no primeiro os valores do radar e pluviômetro são

muito próximos. Conforme se pode observar nos campos de precipitação

anuais (apresentados nas figuras 7.100 até 7.110) esta região é mais seca,

quando a análise é feita a partir de pluviômetros, e mais úmida quando

baseada nos dados de radar.

h médio anual - bacia: total

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 média

(mm)

Inverso QuadDist Costa Radar MP Brandes MP

Brandes MP-MO-5 Brandes MP-MO-7.5 Brandes MP-MO-10 Kphu MP

Kphu MP-MO-5 Kphu MP-MO-7.5 Kphu MP-MO-10

Figura 7.92 Altura média de chuva acumulada por ano para a bacia total.

207

h médio anual - bacia Sitio Esperança

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

2400

1993 1994 1995 1996 1997 1998 média

(mm)

Inverso QuadDist Costa Radar MP Brandes MPBrandes MP-MO-5 Brandes MP-MO-7.5 Brandes MP-MO-10 Kphu MPKphu MP-MO-5 Kphu MP-MO-7.5 Kphu MP-MO-10

Figura 7.93 Altura média de chuva acumulada por ano para a bacia Sítio Esperança.

À semelhança dos outros estudos, os totais anuais médios no período

foram plotados em função da área na figura 7.94. Esperava-se uma queda em

função do aumento da área de integração. Observou-se, porém uma queda

brusca nas sub-bacias Feijão, São José, Meia Légua e Sítio Esperança.

Para melhor visualização do resultado, na figura 7.95 apresenta-se este

mesmo resultado para o radar e para o método do Inverso do Quadrado da

Distância, uma vez que as outras curvas são decorrência destas.

Verificou-se que a sub-bacia Sítio Esperança foi o único local onde o h

médio do radar foi superior ao do pluviômetro. Observou-se na curva do radar

uma diminuição acentuada de h médio nas sub-bacias Jacaré 1 e 2 , Feijão e

São José. Estes resultados também coincidiram com os campos anuais médios

de precipitação apresentados nas figuras 7-100 até 7-110 que indicam para o

radar, a região mais seca na cabeceira da bacia, onde estão localizadas estas

estações. Já para os pluviômetros, a região mais seca está localizada junto às

estações Sítio Esperança e Meia Légua. Estas estações, que são contíguas e

tem praticamente a mesma área, apresentaram uma variação de h médio anual

de 300 mm (1400 a 1700) nos dados de radar.

208

1000

1500

2000

2500

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

area (km2)

h m

édio (mm)

Inv2dist Costa Radar MP

Brandes MP Brandes MP-MO-5 Brandes MP-MO-7.5

Brandes MP-MO-10 Kphu MP Kphu MP-MO-5

Kphu MP-MO-7.5 Kphu MP-MO-10

Figura 7.94 – h médio x área – período 1993 até 1998

Foram ajustadas duas curvas para ilustrar a existência da relação entre

a redução da altura média de chuva e o aumento da área de integração. O

ajuste ficou melhor para o método do IQD. Verificou-se a tendência de queda

na altura anual de chuva com o aumento de área de integração, resultado

esperado para esta bacia. As variações registradas na faixa de área de 300

km2 devem-se às diferenças na forma de medida e composição de campos de

precipitação, que geram resultados diferentes para duas regiões específicas da

bacia hidrográfica.

209

y = 2192,8x-0,0746

R2 = 0,6504

y = 2750,4x-0,0773

R2 = 0,7944

1000

1500

2000

2500

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

area (km2)

h m

édio (mm)

Radar MP

IQD

Figura 7.95 – Totais anuais médios versus área – Método Costa e Radar

Analisou-se a seguir a distribuição de dias por faixa de umidade para

todos os anos, para radar e pluviômetro, para buscar uma justificativa do

comportamento diferenciado nos anos de 1997 e 1998. Os gráficos

individualizados por ano estão apresentados no Apêndice E. Na figura 7.96

apresenta-se um resumo dos resultados; para sintetizar os resultados as faixas

de umidade foram reagrupadas em três categorias com o seguinte critério:

• Seca: engloba a muito seca e a seca

• Médio: engloba a médio seca e a médio úmida

• Úmida: engloba a úmida e a muito úmida

210

0

1020

3040

5060

7080

90

P R P R P R P R P R P R P R

93 94 95 96 97 98 Total

anos

% de ocorrência

Seco

Médio

Úmido

Figura 7.96 Distribuição dos eventos diários por faixas de umidade e por anos – Bacia total. P – pluviômetro-IQD e R – radar.

Dos gráficos do Apêndice E e da figura 7.96 pôde-se confirmar o

comportamento geral do radar, que apresentou sempre uma maior quantidade

de dias secos e menos dias nas faixas médio e úmido. Essa tendência diminuiu

no ano de 1997, quando o radar chegou a registrar um maior número de dias

na faixa mais úmida. No ano de 1998, na faixa mais seca, a relação se

inverteu, com o pluviômetro registrando um número maior de dias na faixa mais

seca e na faixa média o radar indicou seu valor mais alto; os valores da faixa

úmida são iguais. Chamou a atenção, nos anos 1997 e 1998, o comportamento

invertido por faixas, e confirmou-se uma maior incidência de dias secos no ano

de 1994.

Investigou-se também a distribuição percentual de dias por faixa para as

sub-bacias; neste caso analisou-se todo o período de estudo. Os gráficos

individualizados por sub-bacia estão apresentados no Apêndice E e nas

figuras 7.97 e 7.98 apresenta-se um resumo dos resultados, mantendo o

mesmo critério utilizado no estudo anterior para agrupar as faixas de umidade

em três categorias.

211

Inverso Quad. Distancia

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Perdizes

Gerald

o

B. E

sp

Jacare 1

Jacaré 2

Feijão

São Jose

M.Legua

S. E

sp

Inácio

Palm

eiras

Porto

Gavião

5c-021

Total

%seco medio umido

Figura 7.97 Distribuição da percentagem do número de dias por faixa de umidade para todo o período por sub-bacia – IQD

Radar

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Perdize

s

Gerald

o

B. E

sp

Jacare 1

Jacaré 2

Feijão

São Jose

M.Legua

S. E

sp

Inácio

Palm

eiras

Porto

Gavião

5c-021

Total

%

seco medio umido

Figura 7.98 Distribuição da percentagem do número de dias por faixa de umidade para todo o período por sub-bacia – Radar

Dos resultados apresentados no Apêndice E observou-se que o radar

apresentou uma maior quantidade de dias muito secos, e que esta tendência

foi mais forte nas sub-bacias Córrego do Geraldo, Palmeiras e na bacia total.

Ao agrupar as faixas de umidade as diferenças se atenuaram e pôde-se afirmar

212

que não foram encontradas diferenças significativas na divisão por faixas ao

longo das bacias.

Por fim, fez-se a comparação dos campos de precipitação médios

anuais por método de composição, para o período de 1993 a 1998. Os

resultados estão apresentados nas figuras 7.100 até 7.110. A figura 7.99

corresponde à legenda destes campos.

Figura 7.99 Legenda para campos anuais de precipitação

Figura 7.100 Isoietas – IQD

Figura 7.101 Isoietas – Costa

Figura 7.102 Isoietas – Radar Figura 7.103 Isoietas – Brandes

213

Figura 7.104 Isoietas – Brandes 10

Figura 7.105 Isoietas – Brandes 7.5

Figura 7.106 Isoietas – Brandes 5

Figura 7.107 Isoietas – Koistinen & Puhakka

Figura 7.108 Isoietas – Koistinen & Puhakka 10

Figura 7.109 Isoietas – Koistinen & Puhakka 7.5

214

Figura 7.110 Isoietas – Koistinen & Puhakka 5

Estes resultados devem ser considerados apenas na bacia hidrográfica

e seu entorno próximo, em virtude da localização dos pluviômetros

considerados nesta pesquisa.

Os métodos IQD e Costa forneceram resultados muito parecidos e

indicaram a região mais seca próxima ao exutório da bacia. Os valores

oscilaram de 800 a 1800 mm. No método de Costa a mancha mais seca (faixa

800 a 1000 mm – rosa) está visivelmente maior e apareceu uma pequena

mancha mais chuvosa no divisor de águas próximo à cidade de São Carlos

(1800 a 2000 mm – roxo claro). As isoietas relativas ao método do IQD

apresentaram um formato mais arredondado.

Estes resultados guardam semelhanças com as isoietas traçadas por

Mattos (1987), que identificou a região mais chuvosa nas nascentes, no divisor

de água próximo a São Carlos, com 1650 mm (média anual de 1970-1984) e a

região mais seca próxima da foz, com 1400 mm.

No mapa do radar as faixas de intensidade presentes foram

praticamente as mesmas dos métodos baseados em pluviômetros, porém a

configuração de distribuição está invertida: a região mais úmida está no

exutório e a mais seca nas cabeceiras. Encontrou-se uma pequena região com

alturas na faixa 2000 a 2200 mm. Observou-se no método do radar e seus

derivados a existência de círculos concêntricos em redor do radar, resultantes

da forma de composição do campo de precipitação através dos recortes para a

composição do CAPPI.

O método de Brandes umedeceu a bacia como um todo. Notou-se a

influência dos pluviômetros no surgimento de uma mancha vermelha (1200 a

215

1400 mm) na região mais seca dos pluviômetros e na umidificação da

cabeceira e da região central da bacia. A intensidade da influência dos

pluviômetros diminuiu à medida que foram introduzidas limitações no índice G.

No método Koistinen & Puhakka observou-se uma maior umidificação no

exutório da bacia. Houve uma intensificação na cabeceira também: surgiram

pixels na faixa mais intensa que não tinham sido observados nem nas isoietas

médias do radar, nem do pluviômetro.

7.3 Conclusões parciais

Neste trabalho, o estudo não foi feito por evento de chuva, mas sim por

dia. Portanto, um mesmo evento pode estar desdobrado em dois, caso

ultrapasse às 7 horas da manhã do dia seguinte, e eventualmente um mesmo

dia pode conter dois eventos independentes.

Da comparação entre os métodos de composição dos campos de

precipitação, verificou-se que os baseados apenas em pluviômetros têm

comportamento bem semelhante, com uma maior diferenciação para o método

da Média Simples. Para o radar, não foram observadas diferenças significativas

nos resultados obtidos pelas duas equações ZxR utilizadas.

A análise dos índices G mostrou um comportamento compatível com o

relatado na revisão bibliográfica no que diz respeito à distribuição de

freqüência. Entretanto, foram observados valores médios, valores mais

freqüentes e valores extremos mais elevados que os da literatura. O número de

dados estudados neste trabalho é superior aos descritos na bibliografia.

As estimativas de chuva pontual e de volume precipitado em uma área,

obtidas a partir de dados de radar, de pluviômetros e dos métodos mistos

guardam grandes diferenças.

A distribuição espacial da chuva também é bem diferenciada para os

campos de precipitação gerados pelo radar e seus derivados em relação aos

campos baseados em medidas pluviométricas, tanto para medidas diárias

como para médias anuais. Os campos médios anuais indicam regiões mais

chuvosas em pontos distintos da bacia.

Parece existir um ganho – ainda que pequeno – quando se utilizam os

métodos mistos, no que se refere à concordância de h médio nas sub-bacias

216

com os resultados dos campos de pluviômetros. Observa-se, entretanto, nestes

métodos a ocorrência de super correções com o registro de valores pontuais

diários exagerados, muito acima dos valores encontrados tanto nos campos de

radar como nos de pluviômetros.

O comportamento relativo entre radar e pluviômetro está relacionado

com a intensidade dos eventos. Para eventos muito fracos o radar tende a ler

mais chuva e os métodos mistos aumentam a diferença. Já para chuvas mais

intensas, o radar lê menos chuva e os métodos compostos diminuem a

diferença com relação aos valores dos pluviômetros. Observou-se a

concordância qualitativa com valores da bibliografia.

As diferenças encontradas ao longo do período de estudo também

interferem nos desempenhos relativos. O comportamento diferenciado das

medidas de radar observado nos anos de 1997 e 1998 refletiu-se na análise

das diferenças das alturas médias anuais; porém, ao analisar a distribuição dos

dias por faixa de umidade ao longo dos anos, não foram verificadas

modificações significativas entre os dois instrumentos de medida.

Ao fazer a análise em função da área de integração, observou-se uma

tendência da altura média de chuva diminuir com o tamanho da área de

integração. Os coeficientes de correlação, tanto dos valores pontuais máximos

como das alturas médias, tendem a aumentar com o aumento da área.

Observou-se uma grande variação no comportamento das bacias com áreas da

ordem de 200 a 300 km2. Esse comportamento pode ser explicado em função

destas sub-bacias terem áreas da mesma ordem de grandeza, mas estarem

localizadas em regiões com comportamento pluviométrico distinto entre si,

mesmo quando se utiliza o mesmo método de composição de campos de

precipitação.

De modo geral, foi confirmada a tendência do radar fornecer valores

médios acumulados inferiores aos métodos derivados de pluviômetros e das

técnicas mistas corrigirem esta distorção. Na análise de todo o período para a

maior bacia o radar fornece valores 12% menores que o método do IQD e os

métodos compostos fornecem resultados que variam entre 0,5% a menor e

16% a maior para a média das alturas médias diárias. Porém estes resultados

podem variar muito individualmente, no espaço e no tempo, atingindo valores

na faixa de –45% a +70%.

217

A revisão bibliográfica não é conclusiva quanto ao uso de técnicas

mistas. ROSSA et al. (2005) confirmam um grande número de trabalhos com

resultados contraditórios e afirma que se encontram variações de -50% a

+100% nas estimativas de chuva. O resultado aqui obtido confirma esta

reticência, pois embora exista algum ganho ao trabalhar com técnicas mistas

para grandes áreas de integração por períodos longos, a variabilidade espacial

e temporal deste comportamento gera incertezas quanto aos resultados.

É importante frisar que os resultados aqui apresentados referem-se a

diferenças obtidas quando se empregam técnicas diferentes para elaboração

de campo de precipitação, porém os resultados não estão referenciados a um

valor real. Dessa forma não existe uma comparação em termos de melhor ou

pior desempenho. A comparação com dados observados foi feita através do

uso de um modelo hidrológico chuva-vazão. Os resultados são apresentados

no capítulo 8.