6. direitos sociais

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    Direitos Sociais Direito Constitucional - Profª. Vivian Cristina

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    Direitos SociaisOs direitos sociais fazem parte da2.ª geração ou dimensão de direitos fundamentais (direitos sociais,

    econômicos e culturais). São tão importantes quanto os direitos de 1ª geração (civis e políticos), mas, ao contráriodestes, que exigem, em geral, um não agir do Estado, os direitos sociais precisam de uma ação, de umaatitudepositiva do Estado para serem concretizados. Esse "agir permanente", através de prestações estatais positivas,

    guarda dependência com a condição econômica do Estado, como será visto adiante, dificultando, em grandemedida, a concretização dos direitos sociais. Por isso, diz-se que são direitos de aplicação progressiva,diferentemente dos direitos de primeira dimensão, que são de aplicação imediata.

    Surgem no contexto do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State ) e visam à concretização daigualdade,tanto no sentido material quanto no formal. Destacam-se como pioneiras, na proteção de tais direitos, aConstituição do México, de 1917 e a Constituição Alemã de Weimar, de 1919. No Brasil, a proteção dos direitossociais, se nota a partir da Constituição de 1934. Com a Constituição de 1988, que os trouxe em um títulointegrante do capítulo dos direitos fundamentais, findou-se a discussão sobre a natureza dos direitos sociais. São,inquestionavelmente, direitos fundamentais e merecem ser protegidos, assim como os direitos individuais.

    Por um longo período, os direitos sociais foram vistos como normas programáticas, de baixa efetividade,relacionados a planos políticos de ação, dependentes da boa vontade do legislador e do administrador público, jáque, não seriam verdadeiras obrigações jurídicas.

    Entretanto, tal posicionamento está ultrapassado. A própria ideia de norma programática se modificou. Oentendimento atual é de que as normas programáticas, apesar de serem de aplicação progressiva, devem serrespeitadas, têm força jurídica vinculante, não são meras recomendações ou preceitos morais. Assim, ainda que deaplicação mediata/indireta, as normas programáticas veiculam prestações positivas que podem ser exigidas doEstado. O STF já adotou, em alguns casos, como no direito de greve e de aposentadoria especial do servidor público, a teoria chamada concretista. Tais direitos foram concretizados, já que, a omissão estatal os deixava sem proteção e sem eficácia, sendo, portanto, inconstitucional.

    Para bem compreendermos os direitos sociais, devemos interpretá-los sob a ótica de importantes

    princípios:1) Princípio do mínimo existencial: idéia criada pelo Tribunal Constitucional alemão que, em 1975, reconheceu econsagrou o direito àscondições mínimas de existência digna. Para alguns autores, são os bens e utilidades básicas, imprescindíveis a uma vida digna (saúde, educação, moradia, alimentação etc.). Já outros autores entendemque o conteúdo do mínimo existencial não poderia ser definidoa priori sem que considerássemos a situaçãoconcreta. Certo é que, o Estado não pode subtrair do indivíduo as condições materiais necessárias para a garantia deuma vida digna (dimensão negativa) e deve investir em ações coletivas que propiciem a satisfação das necessidadesda população, garantindo uma vida digna (dimensão positiva).

    Um questionamento importante envolve a possibilidade de intervenção judicial no controle das políticas públicas para a realização do grau mínimo de efetivação dos direitos sociais, à luz da dignidade humana. O STFtratou do tema na ADPF 45 (Inf. 345/2004), nos termos seguintes:

    “ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.A QUESTÃO DALEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA INTERVENÇÃO DO PODERJUDICIÁRIO EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, QUANDOCONFIGURADA HIPÓTESE DEABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO POLÍTICA DAJURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOSE CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR.CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA „RESERVA DO POSSÍVEL‟.NECESSIDADE DEPRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DONÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO ‘MÍNIMO EXISTENCIAL’. VIABILIDADE INSTRUMENTAL DAARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADESPOSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO).”

    Sobre tal princípio, recomendo a leitura dos votos dos Ministros na STA 175/AgR/CE (Inf. 579), relativo àconcretização do direito à saúde. Abaixo um trecho interessante do voto do Ministro Celso de Mello:

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    "entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde - que se qualifica como direito subjetivo inalienável atodos assegurado pela própria Constituição da República (art. 5º, “caput”, e art. 196)- ou fazer prevalecer, contraessa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do Estado, entendo, uma vez configurado essedilema, que razões de ordem ético-jurídica impõem, ao julgador, uma só e possível opção: aquela que privilegia orespeito indeclinável à vida e à saúde humanas. Essa relação dilemática, que se instaura na presente causa, conduzos Juízes deste Supremo Tribunal a prof erir decisão que se projeta no contexto das denominadas “escolhas trágicas”(GUIDO CALABRESI e PHILIP BOBBITT, “Tragic Choices”, 1978, W. W. Norton & Company), que nada maisexprimem senão o estado de tensão dialética entre a necessidade estatal de tornar concretas e reais as ações e prestações de saúde em favor das pessoas, de um lado, e as dificuldades governamentais de viabilizar a alocação derecursos financeiros, sempre tão dramaticamente escassos, de outro."

    2) Princípio da máxima efetividade: os direitos sociais devem ser interpretados e efetivados na maior medida possível, considerando as circunstâncias fáticas e jurídicas de cada caso concreto.

    3) Princípio da proibição do retrocesso social ou do regresso (effet cliquet ) ou princípio da nãoreversibilidade dos direitos fundamentais sociais: embora não esteja expressamente previsto no textoconstitucional, consta de vários tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Está relacionado ao princípio dasegurança jurídica e significa que, quanto aos avanços já alcançados, concretizados através de medidas legislativas,

    não pode haver retrocesso, apenas progresso. Assim, programas e direitos sociais já implementados por lei não podem ser extintos, apenas podem ser modificados ou melhorados. É amanutenção do nível de realizaçãolegislativados direitos fundamentais.

    4) Princípio da reserva do financeiramente possível: começou a ser utilizada na década de 70 pelo TribunalConstitucional alemão. Os direitos sociais devem ser efetivados pelo Poder Público, na medida do possível, ou seja,de acordo com o que os cofres públicos podem suportar.

    Entretanto, este princípio não pode servir como desculpa para a não concretização dos direitos sociais, aimpossibilidade deve ser sempre demonstrada.

    Foi difundido a partir de uma decisão do TC alemão, em 1972, na qual se discutia o direito de acesso aoensino superior nos cursos mais concorridos, como direito e medicina. O número de vagas era inferior ao número

    de candidatos. A pergunta a ser feita neste caso é: O que o indivíduo pode, razoavelmente, exigir do Estado? OEstado alemão usou o princípio para indeferir o pedido, já que, não tinha condições financeiras para garantir talacesso a todos que queriam ingressar em tais cursos, não era razoável fazer tal exigência perante o Estado.

    No Brasil, o STF menciona o princípio em algumas decisões, explicando como deve ser a suainterpretação, trazendo como limite à sua aplicação, a garantia do mínimo existencial. Veja-se, por exemplo, oseguinte caso:

    "A cláusula da reserva do possível – que não pode ser invocada, pelo Poder Público, com o propósito defraudar, de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própriaConstituição – encontra insuperável limitação na garantia constitucional do mínimo existencial, querepresenta, no contexto de nosso ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana. (...) A noção de „mínimo existencial‟, que resulta, por implicitude, de determinados preceitosconstitucionais (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir condições adequadas de existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso efetivo aodireito geral de liberdade e, também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição dedireitos sociais básicos, tais como o direito à educação, o direito à proteção integral da criança e do adolescente, odireito à saúde, o direito à assistência social, o direito à moradia, o direito à alimentação e o direito à segurança.Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, de 1948 (Artigo XXV)."(ARE 639.337-AgR , Rel. Min.Celso de Mello, julgamento em 23-8-2011, Segunda Turma, DJE de 15-9-2011.)

    Feitas estas observações, vamos aos direitos sociais previstos no texto constitucional:

    Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, aprevidência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma destaConstituição.

    Todos estes direitos estão voltados à proteção de uma vida digna, do desenvolvimento físico, intelectual emoral do ser humano, do bem-estar físico e mental, da saúde, da habitação, da segurança pública, do descanso, dos benefícios de natureza pecuniária, dos direitos de mães, crianças e adolescentes etc.

    É importante guardar que:

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=627428http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=627428http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=627428http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=627428

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    Moradia: foi acrescentado pela EC 26/2000Alimentação: foi acrescentado pela EC 64/2010.

    Direitos Individuais Dos Trabalhadores (Art. 7.º)Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua

    condição social:O rol de direitos deste artigo é meramente exemplificativo, aberto, não taxativo; não exclui direitos previstos emoutras leis, como, por exemplo, a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).Apesar de o texto constitucional falar de trabalhador (conceito mais amplo), tais direitos são garantidos aoempregado (conceito mais restrito).Empregado é a pessoa física que presta serviço não eventual, sob dependência do empregador, mediante orecebimento de salário.Empregado rural: é a pessoa física que presta serviço não eventual, sob dependência do empregador, mediante orecebimento de salário,em prédio rústico ou propriedade rural.Atenção! Existe igualdade de direitos entre trabalhadores urbanos e rurais.

    Proteção/extinção da relação de emprego I - relação de emprego protegida contradespedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de leicomplementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;Despedida arbitrária é aquela imotivada, sem justificativa. Os casos de justa causa são os previstos no art. 482 daCLT (improbidade, mau procedimento, condenação criminal, desídia, indisciplina, embriaguez habitual, abandonode emprego, ato lesivo da boa fama, prática constante de jogos de azar etc.).A indenização compensatória, prevista no art. 10, I do ADCT, está também regulamentada pela LC 101/01.Algumas pessoas têm direito a chamadaestabilidade relativa ou provisória, prevista pelo art. 10, II, alíneasa e b,nos seguintes termos:

    Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro desua candidatura até um ano após o final de seu mandato; b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

    II - seguro-desemprego, em caso dedesemprego involuntário;O seguro desemprego é financiado com recursos da seguridade social, especialmente advindos do Programa deIntegração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP). É regulamentado pela Lei n. 7.998/90 (alterada pelas Leis n. 8.900/94 e n. 10.608/02).Só se aplica aos casos de desemprego involuntário (dispensa imotivada, sem justa causa ou rescisão indireta). Oobjetivo da norma é garantir ao empregado a possibilidade de se manter até arrumar um novo emprego,

    promovendo ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. Caso o empregado tenhacarteira assinada de outro emprego, não fará jus ao benefício. Em 2012, a Lei n. 7.998/90 passou a ser aplicada nasua integralidade, fazendo com que, o desempregado que recuse uma vaga de emprego, condizente com a suaqualificação e remuneração anterior, perca o direito ao benefício.O valor varia de acordo com o salário e não pode ser inferior ao salário mínimo (atualmente, o teto é de R$1.163,76). Pode ser pago de 3 a 5 meses, dependendo do tempo de serviço do empregado. Maiores informações nosite: mte.gov.brIII - fundo de garantia do tempo de serviço;Foi criado pela Lei n. 5.107/66, mas, após as mudanças da CF/88, foi regulamentado pela Lei n. 8.036/90.É uma garantia depositada pelo empregador em conta vinculada ao empregado (Caixa Econômica Federal). Odepósito deve ser de 8% do valor do salário pago ou devido. Em algumas situações, o empregado pode sacar o

    valor do FGTS, por exemplo, na dispensa arbitrária ou sem justa causa, na aquisição da casa própria ou em casos dealgumas doenças graves. Maiores informações: www.fgts.gov.br

    XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendono mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

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    Este direito vale para contratos por prazo indeterminado. O objetivo é impedir que ocorra a surpresa, por parte doempregado ou do empregador. Se não houver o aviso com antecedência, quem descumprir a regra deve pagar,indenizar o aviso. Recentemente, a Lei n. 12.506/2011 trouxe novidades sobre o aviso prévio, aumentando o prazo para empregados com mais tempo de serviço.

    XXIV - aposentadoria;

    Depois de certo tempo de contribuição e de certa idade, o empregado faz jus ao benefício previdenciário daaposentadoria.As regras para aposentadoria estão previstas no art. 201, § 7.º da CF/88, nos seguintes termos:É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintescondições:

    I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economiafamiliar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

    Remuneração IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitaisbásicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte eprevidência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada suavinculação para qualquer fim;O salário mínimo é fixado em lei. Deve ser nacionalmente unificado e periodicamente reajustado, a fim deconservar seu poder aquisitivo.A intenção é que, um dia, o salário mínimo consiga assegurar todos esses direitos. É uma norma programática, ouseja, um programa, um objetivo a ser alcançado pelo Estado.É vedada a sua vinculação para qualquer fim (não pode servir de base para reajuste de aluguéis, prestações,

    correção de honorários profissionais etc.).O valor atual do salário mínimo, em vigor a partir de 1.º de Janeiro de 2013, é 678 reais.

    V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;O piso salarial corresponde ao salário profissional da categoria a que está vinculado o empregado. Em geral, éfixado por lei, sentença normativa, acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho.VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;O salário é irredutível mas não é intangível. Não pode ser reduzido de forma injustificada, mas, pode ser reduzido por acordo ou convenção coletiva (entretanto, não se permite que seja inferior ao salário mínimo).Acordo coletivo é negociação feita entre sindicato dos empregados e empresa ou grupo de empresas.

    Convenção coletiva é o acordo feito entre sindicatos dos empregados e sindicato dos empregadores, ou seja, é maisampla que o acordo coletivo.(Vide inciso XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;)Devemos pensar que o objetivo é sempre a manutenção do emprego (princípio da continuidade da relação deemprego), ainda que haja a redução temporária do salário (pelo prazo máximo de 2 anos).

    VII - garantia de salário,nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;Remuneração variável é aquela que depende do desempenho obtido pelo empregado, normalmente, é paga porcomissão. Se o valor alcançado for inferior ao mínimo, o empregador deve completar para que seja assegurado pelomenos o valor do salário mínimo.

    VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;É a gratificação natalina, devida a todos os trabalhadores urbanos e rurais, bem como aos empregados domésticos.Foi criado pela Lei n. 4.090/62, alterado pela Lei n. 4.749/65, e regulamentado pelo Decreto n. 57.155/65.IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

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    É o chamadoadicional noturno. A justificativa para a diferença na remuneração se deve ao maior desgaste sofrido pelo empregado que trabalha em um horário que, normalmente, as pessoas estão descansando.Para o empregado urbano, considera-se trabalho noturno aquele realizado entre 22 h e 05 h. A hora, chamada ficta,tem duração de 52 minutos e 30 segundos. Na verdade, são sete horas, mas, a lei considera como oito horas. Oadicional devido aqui é de 20%.

    Para o empregado rural, o adicional noturno é de 25%. O horário do trabalho noturno varia de acordo com aatividade. Assim:a) pecuária: vai de 20 h às 04 h. b) agricultura: vai de 21 h às 05 h.X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;O salário deve possuir proteção especial, de caráter imperativo, a fim de assegurar seu pagamento ao empregado, deforma inalterável, irredutível, integral e intangível.É uma norma de eficácia limitada, ou seja, depende de norma regulamentadora. Até hoje, não existe penalidadecriminal prevista em lei.

    XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participaçãona gestão da empresa, conforme definido em lei;Constitui um incentivo para aumentar a produtividade dos empregados. Foi regulamentada pela Lei n. 10.101/2000,que prevê que a participação nos lucros será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados.Tal participação não se vincula à remuneração e não pode ser paga mais de duas vezes no mesmo ano (uma a cadasemestre).XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)É um benefício pago aos segurados empregados, exceto os domésticos, e aos trabalhadores avulsos com saláriomensal de até R$ 915,05, para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos de idade ou inválidos de qualqueridade. Está previsto na Lei n. 8.213/91 e é reajustado de acordo com o salário mínimo.

    De acordo com a Portaria Interministerial nº 02, de 06 de janeiro de 2012, o valor do salário-família será de R$31,22, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, para quem ganhar até R$ 608,80. Para o trabalhador quereceber de R$ 608,81 até R$ 915,05, o valor do salário-família por filho de até 14 anos de idade ou inválido dequalquer idade será de R$ 22,00.XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;O adicional de penosidade ainda não foi regulamentado pelo Congresso Nacional. Segundo o projeto de lei n. 2.168/89,é atividade penosa aquela que demanda esforço físico estafante ou superior ao normal, exige atenção contínua e permanente e resulte em desgaste ou estresse. Em acordos coletivos, as alíquotas têm variado entre 2 a 20%.São consideradasatividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos detrabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão danatureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (art. 189, CLT). O Ministério doTrabalho estabelece quais são as atividades insalubres (por exemplo, atividades em hospitais, ambulatórios,laboratórios, etc.)Sãoconsideradas atividades ou operações perigosas as que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquemcontato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado (art. 193, CLT). Osempregados que exercem atividade no setor de energia elétrica e os que operam bomba de gasolina tambémrecebem adicional de periculosidade.

    Duração do trabalhoXIII - duração dotrabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultadaa compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;(vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)

    A jornada constitucionalmente fixada é a de 8 horas diárias e de 44 horas semanais. Entretanto, pode haver acompensação de jornada (por exemplo, o banco de horas) por meio de assinatura de convenção ou acordo coletivode trabalho.XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvonegociação coletiva;

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xiihttp://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/65/MF-MPS/2012/2.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art478%C2%A72http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art478%C2%A72http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art478%C2%A72http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/65/MF-MPS/2012/2.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xii

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    O trabalho por turno é aquele em que grupos de trabalhadores se sucedem, cumprindo horários que permitam ofuncionamento ininterrupto da empresa. Os trabalhadores prestam serviço em forma de rodízio, em diferentesturnos (manhã, tarde, noite), não existindo uma rotina de trabalho. O limite para esse tipo de jornada é de 6 horas. Oobjetivo é o de desestimular esse tipo de revezamento, que é prejudicial à saúde do trabalhador.Embora possa ser alterado em negociação coletiva, a jornada não pode ultrapassar o limite constitucional de 8 horasdiárias.XV - repouso semanal remunerado,preferencialmente aos domingos;Existe a garantia de um dia inteiro de descanso, preferencialmente, e não obrigatoriamente, aos domingos.XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;É o tempo trabalhado superior à obrigação do empregado. O pagamento deve ser de, no mínimo, 50% a mais que ovalor da hora normal. O empregador pode pagar um percentual superior, só não pode ser inferior aos 50%.XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;Depois de um ano de trabalho, o empregado adquire o direito ao descanso, ao lazer. Para gozar as férias, devereceber, no mínimo, um terço a mais do valor do salário.

    Proteção e não-discriminaçãoXVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração decento e vinte dias;Constitui uma proteção dos direitos da mulher e da criança. O prazo mínimo é de 120 dias. O prazo da licença podeser de 180 dias, sendo que, quem adotar esta regra na iniciativa privada, receberá incentivos fiscais. No Estado de Minas Gerais, todas as servidoras do Poder Executivo estadual já têm direito à licença de 180 dias,através da Lei Estadual n. 18.879/2010. Também as servidoras do Poder Judiciário, através da Resolução 605/2009do TJMG, já gozam de 180 dias de licença-maternidade e as servidoras do MPE/MG, através da Resolução 25/2009da PGJ.XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;Como ainda não existe lei para regulamentar a matéria, o ADCT prevê, no art. 10, § 1.º, que o prazo é de 5 dias (alei poderá estabelecer prazo superior, mas nunca inferior a este).XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;Com a determinação constitucional de que homens e mulheres são iguais perante a lei (art. 5.º, I), este dispositivoreforça a necessidade de políticas públicas para a inclusão da mulher no mercado de trabalho, com igualdade deoportunidades.XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimentoaté 5 (cinco) anos de idade emcreches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)A obrigação é dos entes públicos e não do empregador. Entretanto, caso o empregador se destaque na organização emanutenção de creches e instituições de proteção às crianças em idade escolar, poderá receber prêmio do Ministériodo Trabalho. Antes da EC 53/2006, era previsto até os 6 anos.

    XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;Em decorrência do desenvolvimento tecnológico, o criador deve criar normas que garantam o emprego dostrabalhadores em face da automação, bem como, dispositivos que incentivem a criação de órgãos de treinamento,reciclagem e readaptação profissional.XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo desexo, idade, cor ou estado civil;XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhadorportador de deficiência;XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionaisrespectivos;Todos esses dispositivos estão ligados ao princípio da igualdade ou da isonomia e têm por objetivo concretizar aigualdade de oportunidades no mercado de trabalho, vedando qualquer tipo de discriminação.XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalhoa menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 20, de 1998)

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xxxiiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xxxiiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xxxiiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xxxiiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xxxiiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xxxiiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art7xxxiiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1

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    Essa norma visa a proteger a criança e o adolescente, evitando que deixem de estudar para trabalhar, o que seria prejudicial ao seu desenvolvimento física e mental.A regra é a seguinte:14 aos 16 anos - apenas podem trabalhar na condição de aprendiz;

    16 aos 18 anos - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre.XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.Os trabalhadores avulsos são aqueles que trabalham na área organizada dos portos nacionais, na carga e descarga denavios. São os portuários. A mão-de-obra avulsa é administrada pelo Órgão Gestor de Mão-de-Obra Portuária (OGMO).Atenção! Não confundir trabalhador avulso com eventual, temporário ou autônomo. A igualdade de direitosé apenas para os avulsos. Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisosIV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.

    Nova redação dada pela EC 72/13

    Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisosIV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXIII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigaçõestributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nosincisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social." (NR)Os empregados domésticos são regidos por lei própria, que é a Lei n. 5.859/72. Mas, o texto constitucional asseguraa eles alguns dos direitos assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais. Após a EC 72, de 02 de Abril de 2013,quase a totalidade dos direitos do art. 7.º são assegurados aos domésticos.Vamos colocá-los em um quadro para facilitar a memorização. Como era antes:

    DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOSSalário mínimo

    Irredutibilidade de salário13.º salárioDescanso semanal remunerado

    Férias + 1/3 de fériasLicença maternidadeLicença paternidade

    Aviso prévioAposentadoria

    Integração à previdência socialAtenção! O FGTS dos empregados domésticos era de pagamento facultativo para o patrão.

    DIREITOS ACRESCENTADOS PELA EC 72/13Proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa

    causaSeguro desemprego

    FGTSSalário nunca inferior ao mínimo

    Adicional noturnoProteção do salário

    Salário famíliaLimitação da jornada de trabalho

    Hora extraProteção contra acidente de trabalhoAssistência aos filhos e dependentes

    Reconhecimentos dos acordos e convenções coletivos de trabalhoSeguro contra acidente de trabalhoProibição de diferença de salário

    Proibição de discriminação do trabalhador com deficiênciaProibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos

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    e qualquer trabalho aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz,a partir dos 14 anos

    Agora, ficou mais fácil memorizar os incisos que não se aplicam à categoria dos domésticos. Do total de 34

    incisos do art. 7.º, 9 incisos ficaram de fora: V, XI, XIV, XX, XXIII, XXVII, XXIX, XXXII e XXXIV. Segurança e medicina do trabalho

    XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;Consiste em diretriz a ser observada pelo legislador infraconstitucional. Os riscos a que se refere o inciso são osinfortúnios do trabalho, ou seja, os acidentes, as doenças profissionais, que devem ser reduzidos ou neutralizadosatravés de normas de medicina e segurança do trabalho.XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que esteestá obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;Caberá ao empregador o pagamento do seguro de acidente de trabalho, sem prejuízo de eventual ação de reparação

    de danos materiais e morais a que está sujeito, se ficar comprovado que agiu com dolo ou culpa em relação aoacidente de trabalho.Assim: seguro (sempre) + indenização (eventualmente, se houver dolo ou culpa do empregador)

    Igualdade entre trabalhadores urbanos e ruraisXXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anospara os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)

    Prescrição é a perda da pretensão de exigir judicialmente um direito por ter se mantido inerte durante um períodode tempo. Ou seja, se o credor não age no tempo em que deveria agir, perde o poder de exigir o seu direito.

    Atualmente, o prazo prescricional é o mesmo para trabalhadores urbanos e rurais. Vejamos o exemplo:Maria trabalha em uma empresa desde o ano de 2000. Em 2010, Maria descobre que tinha direito de receber umadicional, desde quando ela começou a trabalhar, em 2000. Acontece, que os créditos trabalhistas prescrevem em 5anos, ou seja, se mais de 5 anos se passaram e Maria não reclamou, ela perde o direito de reclamar. Então, Maria só poderia reclamar até 2005 (2010 - 5 anos), os outros 5 anos, prescreveram.Agora, vamos supor que, em 2010, Maria é demitida. Depois da demissão, Maria só tem 2 anos para procurar aJustiça do Trabalho para reclamar os direitos trabalhistas. Então, se ela sair e procurar imediatamente a justiça, poderá reclamar os 5 últimos anos, ou seja, até 2005. Se Maria esperou até 2011 para entrar na justiça, como só pode reclamar dos 5 últimos anos, só receberá até 2006 (2011- 5 anos). Se ela esperou até 2012, só receberá até2007 (2012 - 5 anos). Se Maria esperou passar dois anos depois que saiu do emprego e não reclamou, ocorreu a prescrição, ou seja, ela não poderá reclamar mais nada.

    Direitos Coletivos dos Trabalhadores (Art. 8.º Ao 11) Liberdade de associação profissional/sindical

    Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgãocompetente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;A associação sindical segue as regras gerais da liberdade de associação (art. 5.º, XVII a XXI). Sendo assim, não pode ser exigida autorização do Estado para seu funcionamento e nem se tolera a intervenção ou interferênciaestatal no seu funcionamento.É o princípio da autonomia sindical.O sindicato adquire personalidade jurídica como registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Emseguida, deve ser registrado no órgão competente, que, atualmente, por decisão do STF, é o Ministério do Trabalho, para que adquira personalidade sindical (DUPLO REGISTRO).II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoriaprofissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ouempregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc28.htm#art7xxixhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc28.htm#art7xxix

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    A CF/88 consagrou oprincípio da unicidade sindical, ou seja, o estabelecimento de sindicato único representativode determinada categoria em base territorial que não poderá ser inferior à área de um Município.III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive emquestões judiciais ou administrativas;Segundo entendimento do STF, o sindicato age sempre comosubstituto processual, ou seja, defende interessesalheios, em nome próprio. Por isso, não precisa de autorização expressa, como se exige na representação (age emnome alheio, defendendo interesse alheio).Assim, os sindicatos têm legitimação extraordinária para agir em nome próprio na tutela dos interesses dosintegrantes da categoria que representam.IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontadaem folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente dacontribuição prevista em lei;Identificamos aqui duas contribuições diferentes, com as seguintes características:

    CONTRIBUIÇÕESCONFEDERATIVA (prevista na parte inicial do

    inciso)SINDICAL (prevista na parte final do inciso)

    Fixada pela Assembléia-Geral Fixada por leiNatureza não-tributária Natureza tributáriaPaga apenas pelos trabalhadores filiados aosindicato

    Paga por todos os trabalhadores, mesmo os que nãosejam sindicalizados (descontada em folha)

    V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;É a liberdade geral de associação sindical.VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo dedireção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo

    se cometer falta grave nos termos da lei.Temos aqui mais um caso deestabilidade provisória no texto constitucional. Essa estabilidade objetiva proteger otrabalhador, que exerce a função dedirigente sindical, contra eventuais ameaças do empregador, a fim deassegurar a independência na defesa dos interesses individuais dos representados ou gerais da categoria.Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias depescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

    Direito de GreveArt. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade deexercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidadesinadiáveis da comunidade.§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.Greve é a paralisação coletiva e temporária do trabalho a fim de obter, através da pressão exercida pelo movimento,melhores condições de trabalho ou de salário. Deve ser pacífica.O art. 9.º se aplica aos trabalhadores regidos pela CLT e é regulamentado pela Lei n. 7.783/89. Apesar de esteartigo ter eficácia imediata, não significa que o direito seja absoluto. A greve deve ser exercida dentro dos limiteslegais, caso contrário, será considerada abusiva.A lei veda a paralisação de atividades pelo empregador (lockout) com o objetivo de frustrar negociação oudificultar o atendimento das reivindicações dos empregados (art. 17 da Lei n. 7.783/89).Servidor público: o direito de greve do servidor público está previsto no art. 37, VII da CF/88, e é norma deeficácia limitada (depende de norma regulamentadora para produzir todos os seus efeitos).

    Entretanto, em 2007, o plenário do STF, decidiu, por unanimidade, nos Mandados de Injunção (MI) 670, 708 e 712,que existia omissão legislativa e, enquanto não fosse criada lei específica para os servidores públicos, eles poderiamfazer greve aplicando a lei do setor privado (Lei n. 7.783/89), no que couber.

    O direito de greve é constitucionalmente vedado aos militares, nos termos do art. 142, par. 3.º, IV da CF/88.

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    Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicosem que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

    Em situações em que existam interesses tanto de trabalhadores quanto de empregadores, este artigo garante a participação democrática de ambos. São exemplos de órgãos públicos colegiados: Conselho Deliberativo do FAT(Fundo de Amparo ao Trabalhador); Conselho Curador do FGTS; Conselho Nacional de Previdência Social.Também as Centrais Sindicais, criadas pela Lei n. 11648/2008, têm a prerrogativa de participar de vários órgãos denegociação e diálogo social.

    Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destescom a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

    O Ministério Público do Trabalho, por meio da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical pretende concretizar o Programa Nacional de Promoção da Representação dos Trabalhadores nas empresas commais de 200 empregados, que têm por finalidade efetivar o direito previsto neste artigo. Trata-se de importantemecanismo para a autocomposição e pacificação dos conflitos trabalhistas, com contribuições essenciais para amelhoria das condições sociais dos trabalhadores. Tudo que diga respeito aos empregados de uma empresa poderáser tratado pelo representante eleito.