5º módulo - história das religiões maio 2015 (3)

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FATIN - Faculdade de Teologia Integrada www.fatin.com.br HISTÓRIA DAS RELIGIÕES

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HISTÓRIA DAS RELIGIÕES

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HISTÓRIA DAS RELIGIÕES

Unidade I – Questões Gerais

1. Introdução

Harry M. Johnson em sua ‘Introdução Sistemática ao Estudo da Sociologia’ explica o sobrenatural pelos seguintes elementos constituintes: seres (deuses, anjos, demônios, duendes, fadas), lugares (céu, inferno, limbo, purgatório, éden), forças (carma, mana, espírito) e entidades (alma). Émile Durkheim conceituou a religião em seu livro ‘As Formas Elementares da Vida Religiosa’ como um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto é, a coisas colocadas à parte e proibidas – crenças e práticas que unem numa comunidade moral única todos os que as adotam.

Procurou-se também traçar uma teoria da origem da religião. E o que se conseguiu foi produzir uma quantidade de conceitos que são mais descritivos de tipos de religiosidade do que propriamente gênesis religiosas. De forma geral podemos citar as seguintes teorias desse início: Medo do Sobrenatural (Müller e Giddings); Crença no Mana (Dodrington); Animista (Spencer e Tylor); Totemismo (Frazer e Goldenweiser); Magia (Smith e Durkheim); Sorte (Summer e Keller). Durkheim viu a distinção entre o sagrado e o profano como o traço do pensamento religioso. O crente busca agradar a divindade valorizando o sagrado e considera tudo que é mal como ímpio. Tabus e proscrições cercam o sagrado, e a violação das regras é considerada como profanação. E o que foge do conceito sagrado ou ímpio é considerado secular, cotidiano, e tende a ser considerado profano.

A crença religiosa é o lado cognitivo da religião e o ritual é o lado ativo. Nesta atividade temos a manifestação das seguintes formas: manipulação de objetos sagrados, ação instrumental com conteúdo simbólico; e tipos de conduta. O ritual quer despertar disposição favorável em relação ao sagrado e suscitar a fé. Se o ritual é coletivo temos também o elemento emocional que intensifica a impressão subjetiva. O ritual pode vir comemorando ocasiões de referência como nascimento, puberdade, casamento e morte. E até destacando o resultado do trabalho como semeadura e colheita ou a celebração de uma campanha militar, ainda trata dos fenômenos da natureza como os solstícios ou a chegada das chuvas.

O mito surgiu para tentar explicar acontecimentos, sejam naturais ou sobrenaturais, que escapam do entendimento comum humano. Adquiriu forma lendária, fabulosa e até poética. Ainda temos conhecimento mítico sobrevivendo nas culturas modernas através de crendices, superstições, horóscopos e heróis lendários.

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2. Religiosidade Humana

O ser humano tem natureza religiosa e nalgum momento de sua vida buscará resolver-se quanto a questão do destino e da crença. O psicanalista Carl G. Jung percebeu que sobretudo depois da metade da vida os problemas relacionados à atitude religiosa da pessoa são centrais, pois o aumento da consciência de transitoriedade faz com que o sentido da vida seja percebido como um problema a resolver. É quando o anseio de imortalidade se revela como motivo de idéias religiosas. A pessoa tem tendência de desdobrar-se em busca de sua integralidade, que permanece transcendente para o eu, e Jung identifica esse movimento como um movimento para Deus. Ele diz: “Fui acusado de ter endeusado a alma. Não eu – o próprio Deus a endeusou! Não fui eu que atribuí à alma uma função religiosa, mas expus os fatos que demonstram que a alma é naturalmente religiosa, isto é, que ela possui função religiosa” (Gesammelte Werke, vol. XII, p.27).

Hans-Jürgen Fraas em seu livro “A Religiosidade Humana” explica-nos que a psicanálise atual pensa que conflitos pulsionais inconscientes constituem a origem da religiosidade, e que na fixação da fase infantil e o conseqüente bloqueio do desenvolvimento, ou a transformação da tensão das necessidades em atividade fantástica, ou seja, a tentativa de transcender-se a si mesmo para superar o medo tenha o medonho poder das pulsões que nos ameaça no íntimo como manifestação em entidade autônoma. Assim, bruxas, gigantes, demônios e deuses seriam para essa linha psicanalítica projeções do próprio medo interior. Mas pensa o professor Fraas que essa explicação não leva em conta o aspecto positivo do numinoso, o fascinante. O próprio Freud que iniciou a psicanálise moderna atribui um peso maior à experiência do ambiente como desencadeadora do conflito da pulsão. Ele via a tensão entre as necessidades pulsionais e a satisfação insuficiente pelo ambiente, ou a frustração que a resulta, como provocadora da atitude religiosa. Mas embora Fraas não negue que as crises podem levar alguém a busca da oração e que tempos de crise podem destacar o papel da religião, ele não concorda, acertadamente, que essa experiência deva ser depreciada como neurótica. Ele diz: “Somente com base numa cosmovisão pessimista pressuposta é compreensível a conclusão de que uma idéia já estaria provada como errônea por corresponder a desejos ou necessidades humanas”. Na verdade, é fácil perceber que os elementos religiosos são tão apegados á alma humana que se encontram em relação funcional com a formação da personalidade, positivamente e negativamente.

Rudolf Otto em seu livro ‘A Idéia do sagrado’ (de 1917) adotou uma postura quanto à religião que tem atraído muitos estudiosos da religião.Talvez seja ele o autor de estudos da religião mais plagiado e mais ampliado que se conheça. Quem não concorda com ele o rejeita da forma mais severa possível! Atualmente um autor que tem conseguido atrair muito a atenção – o romeno Mircea Eliade – elogia muito a Otto e parte de sua pesquisa para dizer que é preciso iniciar pelos “tipos de experiência religiosa” e não da tradicional abordagem que estuda “Deus e Religião”. Para Otto, o Sagrado é “o inteiramente outro”. É aquilo que inteiramente diferente de tudo o mais, aquilo que não pode ser descrito em termos comuns. E a partir daí ele fala do “mistério tremendo e fascinante”, da força que engendra um sentimento de grande espanto, quase de temor, mas que tem um poder de atração que torna muito difícil resistir. E Eliade trata da religiosidade a partir de uma clausula simples. Ele diz que “o sagrado é o oposto do profano”. Sagrado significa algo que está separado e consagrado, enquanto profano indica aquilo que está em frente ou do lado de fora do templo.

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Essas abordagens nos fazem perceber que o estudo da Religião nos leva a considerar a vida humana numa perspectiva globalizante. A Religião diz respeito a quem somos e ao que fazemos. Ela nos envolve com aspectos profundos da nossa personalidade e com nossas ações até como comunidade. Religião possui múltiplas conceituações e nos desafia a vivermos para além de nós mesmos! Ela fala da eternidade e do aqui e agora.

Vamos analisar neste trabalho as religiões mundiais, principalmente, e alguma coisa de grupos menores que se destacam como sectários em nossos dias. Que Deus nos abençoe nesse intento!

Unidade II – Conceituação

1. Conceitos de Divindade

O Monoteísmo é a crença que tem prevalecido nas grandes religiões ocidentais. Apresenta a convicção da existência de um único Deus. O islã é monoteísta, mas tem suas raízes na remodelagem da antiga religião dos nômades árabes que possuíam muitos deuses tribais.

A Monolatria é crença que está a meio caminho entre o politeísmo e o monoteísmo. Adora um único Deus, mas não nega a existência de outros deuses. Alguns chamam de Henoteísmo. Entre os germânicos antigos a adoração podia ser escolhida como única entre Tor ou Odin. E em nossos dias na Índia há exemplos de monolatria no hinduísmo.

No Politeísmo é comum funções distintas e com esferas bem definidas de atuação e responsabilidade entre deuses variados. Parece que as divindades indo-européias (indianas, gregas, romanas e germânicas) eram estruturadas a partir das três classes da sociedade antiga: o monarca, a aristocracia e os artesãos com os agricultores e comerciantes.

Panteísmo diz respeito a crença que Deus ou a força divina está presente no mundo e permeia tudo o que existe. O divino pode ser experimentado como impessoal, como a alma do mundo, ou um sistema. Nele o objetivo do mortal é alcançar a união com o divino.

Animismo trata da crença que a natureza seja povoada de espíritos. Fala-se, então, em espíritos das águas, da floresta, também em duendes e fadas e outros seres mágicos, e até espíritos dos mortos!

2. Tipos de Religião

Religião Primal é aquela que se encontram ou se encontravam em culturas ágrafas. Exemplos há na África, Ásia, América do Sul e do Norte e na Polinésia. Crêem numa miríade de deuses, forças e espíritos que controlam a vida cotidiana. Muita importância dão aos ritos de passagem e ao culto dos antepassados. Não se separa a vida social da comunidade religiosa. E o sacerdócio pode ser sinônimo de liderança política.

Religião Nacional aconteceu em grande número na história humana. A religião assírio-babilônica, a egípcia, a grega e a germânica são exemplos. Em nossos dias há vestígios desse tipo de religiosidade no xintoísmo japonês. Adotavam o politeísmo que especializava as funções e a hierarquia do panteão. O sacerdócio era permanente no

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templo nacional cumprindo os sacrifícios e os demais rituais, além de participar ativamente da escolha do líder da nação por vontade dos deuses e espíritos.

Religião Mundial é aquela que pretende ter validade para todas as pessoas. As que surgiram no Oriente Médio procuram ter um só Deus. Põe muita relevância ao relacionamento com o Deus e com a salvação da alma. O sacrifício não é tão proeminente, contudo a oração e a meditação adquirem muita importância. Os profetas fundadores de religiões mundiais são Moisés, Buda, Lao-Tse e Maomé. Jesus quando visto apenas como profeta é também colocado como fundador de religião mundial.

Pode-se perceber historicamente uma linha de desenvolvimento da sociedade nos três tipos de religião já mencionados. Uma sociedade que passa de tribo para estado nacional desenvolve seu sistema religioso e pode chegar a oferecer a religião mundialmente ao vencer determinadas concepções religiosas que a mantinha presa a apenas um grupamento étnico.

Se fôssemos classificar as religiões mundiais a partir da concepção de oriente e ocidente, teríamos o hinduísmo, o budismo e o taoísmo como orientais e o cristianismo, o islã e o judaísmo como ocidentais. Procurando, então, construir um contraste teríamos nas religiões de tipo ocidental uma visão da história bem linear, enquanto na oriental a visão é cíclica. O conceito de Deus no ocidente é tal que o vê como criador. Ele é todo-poderoso e único. Mas no oriente o divino está presente em tudo e se manifesta em muitas divindades (politeísmo) ou como uma força impessoal que a tudo permeia (panteísmo). O culto ocidental inclui com grande ênfase as ações de orar, pregar e louvar. No oriental temos no culto mais a meditação e os sacrifícios.

A noção de humanidade no tipo ocidental apresenta um abismo entre Deus e o humano em que o grande pecado seja o humano desejar a posição divina ao invés de submeter-se como criatura ao seu criador. No tipo oriental o homem pode galgar a posição de divino ou a união com o divino através da iluminação e do conhecimento. Por isso a salvação oriental diz respeito à libertação do ciclo eterno da reencarnação da alma e do curso da ação, pois a graça flui do conhecimento místico e dos atos de sacrifício. Bem diferente no ocidente a salvação é um ato divino. É Deus quem redime o ser humano do pecado, é Ele quem julga e dá recompensa boa ou punição no pós morte. Para as religiões ocidentais a ética é vista como tendo o fiel se tornado instrumento da ação divina e obediente à vontade de Deus, ele é ativo abandonando o pecado e deixando a influência do mal. Mas no oriente a ética tem seus ideais na passividade e na fuga do mundo.

3. Novas Tendências Religiosas

O processo da ‘secularização’ redesenhou o pensamento mundial. O avanço da ciência e da industrialização em tempos recentes proporcionou a criatividade nas idéias quanto ao curso dos eventos no mundo e a vida social e cultural foram gradativamente saindo da influência da religião e fez com que os princípios religiosos perdessem influência também na ética.

As religiões permanecem, mas as pessoas mudaram em relação a elas. Em geral, mantém uma crença religiosa, mas possuem algo como que uma linha divisória entre religião e ciência. Outros incorporam o conhecimento científico à sua fé religiosa e procuram transitar dos dois lados. E também, é claro, as religiões enfrentam rejeição daqueles que se tornaram irreligiosos, ateus ou agnósticos. Ainda uma nova espiritualidade tem sido cada vez mais divulgada através do ressurgimento de

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religiões antigas como o hinduísmo e o druidismo, também pelo novo interesse no ocultismo e no esoterismo. A magia em suas múltiplas formas está em alta.

O Sincretismo é uma tendência cada vez mais comum na religiosidade de nosso tempo. As grandes religiões ao longo de sua história sofreram muitas divisões que resultou em novas religiões, ou mesmo em novas igrejas, seitas ou tendências que mantiveram algum contato com as raízes do movimento, mas que buscaram inovações enquanto se formavam. Agrupou-se nelas, e nas antigas, elementos de várias religiões diferentes em seu processo de sobrevivência e diálogo comunitário.

Movimentos religiosos alternativos surgiram como reação às igrejas estabelecidas apresentando um novo ponto de vista sobre a vida e o relacionamento com o divino. Dão ênfase a valores espirituais inspirados na filosofia oriental (experiências estáticas, manipulação de energia psíquica e poderes, pensamento ou declarações positivas, lei da causa e do efeito, equilíbrio entre positivo e negativo, meditação).

Unidade III – Religiões Antigas

1. Hinduísmo

O termo “Hinduísmo”, conhecido do mundo ocidental, refere-se aos povos do Vale do Indo. A Índia é o seu berço. Os hindus mesmo preferem chamar sua fé de “Sanatana Dharma”, a Lei Eterna ou o Caminho Eterno. Desde o ano 3.000 a.C. a fé hindu pode ser reconhecida. Antes disso não há registro escrito nem artefatos. O Hinduísmo se compõe de muitas abordagens e espiritualidades diversas. Nele o antigo convive com o novo. Não é conhecido o fundador dessa religião. A palavra Aum ou Om representa a energia que criou o universo, a tilaka (a marca na testa) mostra que a pessoa é devota a um deus específico. A adoração hindu se concentra em um santuário doméstico, mas também há templos (mandirs) que guardam a imagem de um deus.

Eles tem idéias diferentes sobre Deus. Alguns hindus praticam o politeísmo, outros pensam que há apenas um só Deus, mas que as divindades que se encontram por aí são aspectos ou símbolos desse Deus. Há também aqueles que crêem existir um só Deus que convive com uma plêiade de seres divinos semelhantes aos anjos e aos santos do catolicismo romano. Para eles só Deus assume a forma humana tipo os avatares como Vishnu ou Krishna. Outras divindades são almas superiores dos humanos purificados que se tornaram sublimes. Mas outro grupo de hindus vê Deus como pessoal podendo se relacionar com o ser humano. E, finalmente, existe ainda no Hinduísmo a forte crença que Deus e todas as outras divindades são uma força impessoal, uma energia.

Pensam que uma série de práticas religiosas com muitos rituais ajudam a pessoa a realizar a jornada de volta à Fonte de Vida (Deus). Essa jornada pode se estender por várias vidas (reencarnação) enquanto a centelha do divino (atman ou alma) retorna para Deus. Pregam a tolerância religiosa crendo que outros caminhos podem conduzir a Deus, até mesmo pode haver vários caminhos espirituais bem diferentes dentro de uma mesma crença. O Hinduísmo busca a sabedoria e possui muitas parábolas para ajudá-los a crescer espiritualmente.

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Apesar da natureza tolerante do Hinduísmo, as tensões entre grupos religiosos são constantes na Índia. Extremistas hindus atacam mesquitas muçulmanas e templos cristãos. Também os muçulmanos costumam revidar e atacar templos hindus.

O povo ariano mudou-se da Ásia Central para o vale do Indo em cerca de 1.500 a.C. e conquistou a terra impondo seus costumes e absorvendo também tradições do povo da terra. É provável que eles tenham iniciado o sistema de castas (varnas).

As Escrituras sagradas, Vedas (significa conhecimento) contém os detalhes sobre divindades, sacrifícios e louvores. Também o Hinduísmo conta com uma grande variedade de histórias sobre heróis, amor, deuses, guerras épicas e sábios, além de doutrinas e códigos de lei. O código legal de Manu (cerca de 200 d.C.) ainda é muito apreciado!

Algumas tradições hindus tem três divindades emanando poder: Brahma (o criador), Vishnu (o preservador) e Shiva (o destruidor). Mas não há unidade de crença no Hinduísmo. Há imagens que retratam Shiva criando o universo com sua dança e com seus instrumentos musicais.

Katha Upanishad (texto dos gurus da floresta) traz o seguinte ensino: “Quando um homem morre, surge esta dúvida: alguns dizem que “ele é”, enquanto outros dizem que “ele não é”. Ensina-me a verdade”. A resposta é sentenciada: “Atman, o eu, nunca nasce e nunca morre”.

2. Budismo Temos no Budismo uma estranha religião porque não tem Deus. É um caminho espiritual e ético, por isso alguns devotos preferem chamá-lo de “filosofia de vida”, mas tem crenças, rituais, e lida com questões da existência e da espiritualidade cotidiana. O Budismo é uma filosofia que enfatiza o Caminho, em que todas as crenças e especulações tornam-se subordinadas ao que pode ser aplicado à vida interior e ao desenvolvimento pessoal. Buda escolheu evitar falar em divindades e concentrou-se no Caminho. Ele afirmou a necessidade de transcendência e a realidade espiritual.

O Budismo tem vários deuses mencionados em seus textos mais antigos, como deus demônio Mara, ou algum dos deuses védicos. Alguns pensam que o cenário é mitológico, mas não eram cridos como poderes ativos. Buda mesmo ensinou o Dharma, que se refere àquilo que mantém as coisas em unidade. Só o Dharma tem existência independente. Ele é a Lei, o Caminho, a Força Vital, o Ensino. Essa palavra (Dharma) é semelhante ao termo grego Logos (Palavra) da filosofia antiga e do Cristianismo. Há cristãos asiáticos que traduzem o texto de João 1.1 como “dharma” no lugar de “palavra”.

Buda ensinou que não há no indivíduo um “eu” permanente ou uma alma imortal fixa. O “eu” está sempre em mutação, ele é um construto de influências e forças. O “eu” pode ser analisado como os cinco agregados (Khandhas): corpo físico, sensação, percepção, volição e consciência. Juntos formam a ilusão de uma realidade duradoura, mas que pode ser separada ou destruída.

Os budistas vêem o mundo como um lugar de sofrimento, distorcido e repleto de ilusão. A pessoa precisa passar por várias encarnações até atingir a iluminação e poder escapar do ciclo de renascimentos. Por isso acreditam em um caminho pessoal para encontrar a paz interior e para escapar dos desejos e apegos do mundo material.

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Há diversos tipos de Budismo. A primeira forma, o Budismo Theravada (significa “Caminho dos Antigos”), contém os ensinos primordiais, conquistou muitos adeptos na Índia, Sri Lanka, Tailândia e outras partes do sul da Ásia. O Budismo Mahayana, “o Grande Veículo”, é praticado no Tibet. Ele vê o Buda de forma mais humana e o entende dentro de uma linhagem de Budas ancestrais e posteriores. Também há o Bodhisattvas, composto por pessoas que alcançaram a iluminação, mas preferiram permanecer encarnados para trazer ensino e ajuda às pessoas. Tecnicamente falando os Budas não são Deus, mas são vistos bem perto disso. Foi o sincretismo que fez com que algumas formas de Budismo adotassem santuários familiares para o culto dos ancestrais.

Em seu primeiro sermão Buda disse que todos estavam nas chamas do desejo e das paixões e ele propôs as Quatro Nobre Verdades: 1. Dhukha (Sofrimento): toda a vida envolve sofrimento; 2. Desejo: a origem do sofrimento é o desejo e os falsos apegos; 3. Extinção: a cura do sofrimento é parar de desejar a coisa errada; 4. O Caminho do Meio: Buda conhecia o luxo e o ascetismo, e nenhum dos dois caminhos trouxe felicidade, o que o levou a ensinar o ‘Caminho do Meio’, uma maneira de evitar os extremos.

O Caminho Óctuplo também é uma maneira de se acabar com o sofrimento conduzindo à libertação. Consiste em: compreensão certa, objetivo certo, discurso certo, ação certa, maneira de viver certa, esforço certo, vigilância certa, e concentração certa.

Nirvana (em pali Nibbana) é uma palavra que deriva do verbo “esfriar” e tem o sentido de sair do calor do sol e vir descansar na sombra. Esfria-se do calor das paixões e fica-se em paz. A gíria ocidental “Cool” (legal, muito bom) veio do Budismo pela geração beat da década de 1950 e começo de 1960.

O Budismo começou no século VI a.C. na Índia. Sidarta Gautama (c.563-483 a.C.), do clã Sakyamuni, do norte da Índia, foi o fundador. Ele foi um príncipe que renunciou a esposa e os filhos para viver como um homem sagrado na floresta. Buda colocou o Dharma (Caminho) acima dos deuses. O Budismo é agnóstico, mas ensina um caminho espiritual, que busca a Iluminação e a bênção do Nirvana. As Escrituras budista estão no Tripitaka (“Três Cestos”) que contém muitos ensinamentos do Buda e dos primeiros sábios. Também o Dhamapada é uma coleção de ditados do Buda. Os budistas honram o Buda em santuários domésticos ou em salas públicas de oração que tem uma imagem dele. Também há mosteiros com salas de meditação.

3. Confucionismo, Taoísmo e Xintoísmo

Na China vemos a predominância de três sistemas de pensamento na sociedade: o Budismo, o Confucionismo e o Taoísmo. No Japão cultivou uma religião folclórica com muitas divindades, e no século VI a.C. recebeu o nome de Xintoísmo exatamente para distingui-la do Confucionismo e do Taoísmo.

Confúcio, que tinha o nome de K’ung-fu-Tzu (551-479 a.C.), ensinou um código social de comportamento completo e rígido que pretendia a harmonia social. Ele mesmo parecia ser um agnóstico, mas admitiu que seu sistema tinha origem na autoridade do céu (Tian). Ele queria estabelecer a honra e o respeito mútuo numa época em que a dinastia Chou afundava o Estado com sua corrupção. Confúcio evitou o debate religioso e pregou a respeito do papel das pessoas na sociedade. Ele disse que “Devotar-se aos seus próprios deveres e respeitar os espíritos enquanto os mantém à distância, a isso podemos chamar Sabedoria”.

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Ele entendia que a harmonia social curava o Estado, por isso pregou o princípio do Yin/Yang (opostos contrastantes que formam um equilíbrio). Ensinou a aceitação do papel social do indivíduo na família e na sociedade, a submissão à tradição e o cumprimento de deveres. Ensinou a regra do “não faça aos outros o que você não quer que façam a você” baseada no respeito e no desejo da harmonia social, ao invés de se basear na compaixão. Ele via duas virtudes importantes: Ren e Li. Ren é a retidão interior ou a harmonia entre as pessoas, Li é a etiqueta social, os rituais e costumes requeridos para expressar e criar harmonia. Para ele o homem superior (chun-tzu) tinha que ter essas virtudes, senãoseria considerado apenas homem comum. Um de seus discípulos, Mêncio (371-289 a.C.), quando soube que o imperador Chou, da dinastia Shang, foi deposto, disse com resolução: “Um ladrão e um rufião devem ser chamados de homens comuns. Ouvi dizer que puniram Chou, o homem comum, mas não ouvi dizer que assassinaram seu governante”.

Confúcio tratou da harmonia social. A família era a unidade básica. O pai devia mostrar gentileza para com o filho e o filho demonstrando respeito filial ao pai. O irmão mais velho devia ser gentil com o mais novo, que em troca devia demonstrar humildade. O marido deve ser justo com a esposa que em troca deve ser obediente. Os mais idosos devem considerar os mais novos, que por sua vez devem reverenciar os mais idosos. O governante deve servir e cuidar de seus súditos, que em troca devem oferecer lealdade ao governante. A piedade (xian) era a responsável pela coesão da família. Isso significa que os pais devem ser honrados mesmo que sejam insensatos, e os ancestrais estão incluídos, mesmo que estejam mortos. Nada que traga desonra as suas memórias pode ser feito. Ele valorizou os rituais (em honra aos ancestrais) como um meio de codificar valores.

Na sociedade chinesa tradicional não era forçoso seguir os princípios do Confucionismo, mas quem não atentava para eles era ridicularizado publicamente. As pessoas zombavam dos que não o seguiam. E na China moderna o comunismo debilitou o Confucionismo. Mao Tsé Tung atacou as hierarquias sociais e os deveres como entrave aos trabalhadores. Mas o Maoísmo ainda utilizou alguns aspectos pregados por Confúcio no livrinho vermelho de Mao chamando de Pensamentos de Mao Tsé Tung, para assegurar a lealdade do povo. E no ocidente os chineses não conseguiram preservar os seus valores.

O Taoísmo fundiu antigos rituais folclóricos e crenças chinesas num misticismo novo. Lao Tsé foi seu grande mestre (século VI a.C.). O Taoísmo procurou responder aos problemas sociais de forma diferente do Confucionismo, pois observa a natureza, seu fluxos, procura uma vida em harmonia com o ritmo da natureza e não uma imposição artificial da ordem sobre eles. O taoísmo é mais místico e mais passivo que o Confucionismo, que é prescritivo e racional. O Tao é universal e indefinível e não leva em conta as divindades e os rituais. Lao Tsé disse que “o Tao é um mistério. E é o portão para o entendimento”. No Taoísmo o princípio do Yin/Yang equilibra os poderes do fogo, terra, madeira, metal e água. É preciso desenvolver exercícios que envolvem posturas físicas, respiração e disciplinas mentais. Ainda a visualização procura imaginar as divindades ou a luz divina em diferentes partes do corpo. O Tao ajuda a sintonizar a energia da vida por meio do estudo, da dieta, da ação correta e dos exercícios.

Wu-Wei é um princípio Taoísta que significa não-ação, passividade, seguir com o fluxo ou deixar ir. Procura viver em harmonia o quanto for possível e valorizar o que é simples. Lao Tsé disse: “Curve-se e você será bem sucedido. Fique vazio e você será preenchido. Deixe o velho ir e você terá o novo. Tenha pouco e haverá espaço para

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receber mais”. Cinco são os preceitos taoístas: “Não matar; não beber álcool, não mentir, não roubar, não cometer adultério”. E sete são as virtudes: “Piedade filial, lealdade ao imperador, lealdade aos mestres, gentileza para com todas as criaturas, respeito pela natureza, estudar os textos sagrados, fazer oferenda aos deuses”. Existe também ritos de iniciação para os monges.

O Taoísmo foi perseguido na China comunista até 1976, mas quando acabou a Revolução Cultural os templos e os mosteiros puderam ser reabertos. Em nossos dias há tolerância quanto ao Taoísmo por representar um legado de honra da cultura chinesa antiga. No ocidente, o movimento da Nova Era encampou o Taoísmo por causa de seus ensinamentos místicos e sua ligação com a natureza, e tornou muito popular as disciplinas como ‘Feng Shui’ e ‘I Qi Gong’.

O Xintoísmo é bem antigo, ainda anterior ao Budismo, seu nome significa “o Caminho dos Deuses”. É politeísta e animista. Não se sabe de sua origem, mas há lendas que falam da dádiva da deusa do sol (Amaterasu). Cerca de 95% da população japonesa é xintoísta. Entre suas exigências está a honra aos deuses e a reverência à natureza. Os devotos buscam o favor de Kami, uma divindade que tanto pode ser pessoal quanto impessoal. Quando pessoal representa um ser iluminado que ganhou a imortalidade e quando impessoal representa a beleza da natureza, inspiradora de reverência.

O Xintoísmo não tem Escritura Sagrada, mas o Kojiki e o Nihongi trazem lendas da criação das ilhas japonesas e sobre a divindade do imperador como um exemplo vivo do Kami. Apesar de os governantes atuais terem renunciado ao título de divindade, há novos movimentos religiosos do Xintoísmo ou dele derivados que trouxeram o conceito de volta. A adoração ou honra ao Kami é crido como veículo de boa sorte e, por isso, os japoneses tem santuários nos lares e à beira das estradas. Os estudantes costumam visitar o Kami Tenjin buscando ajuda para suas provas. Quem se apresenta em adoração ao Kami colocam uma oferenda na caixa de coletas e batem palmas duas vezes para avisar da sua presença. Então se curva duas vezes, recita uma oração curta, curva-se mais duas vezes e sai. Há rituais de purificação em que o devoto lava suas mãos e a boca para se achegar ao Kami.

O culto, de forma geral, é pessoal, mas acontecem também festivais nos templos uma vez por ano nos vilarejos e nas cidades. É quando se vêem procissões e os jovens carregam um santuário portátil levando as bênçãos do Kami. Também no Ano Novo e na época do plantio e da colheita do arroz acontecem festividades. Hoje muitos japoneses dizem que não acreditam no Kami, mas se vê ainda muitas visitas nos santuários e os jovens deixam muitas tabuinhas rituais de boa sorte ou de perdão (emas) nos templos.

O Confucionismo iniciou-se na China nos séculos VI e V a.C., o Taoísmo também é do século VI a.C. e o Xintoísmo é pré-histórico no Japão. O Xintoísmo tem os deuses Kami, pessoas iluminadas e seres espirituais em sua adoração, o Taoísmo tem muitos deuses, mas o Tao é uma força mística que permeia tudo. O Yin/Yang é um dos principais símbolos no Confucionismo e no Taoísmo.

4. Judaísmo

Os judeus acreditam que foram eleitos por Deus para aprender suas leis e representar o seu caminho entre as demais nações. Umas das características do Judaísmo é ser

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uma religião ligada à história. As narrativas da Bíblia tem base numa crença bem definida de que Deus fez aliança com Moisés, o grande legislador e profeta. Antes dele a humanidade havia se afastado de Deus por causa do pecado do primeiro casal, Adão e Eva, e seu pecado tem sido referendado pela humanidade através de atos de rebeldia à revelação da pessoa e vontade de Deus. A partir do patriarca Abraão inicia-se, então, o resgate dos homens pela fé em Deus e através do relacionamento com Ele. Isso culminará na manifestação de Deus a Moisés que interpretará a vontade Dele na lei e religião mosaica.

A história dos judeus tem muitos sobressaltos e curiosidades, mas um dos pontos mais importantes para a vida civil e religiosa foi o cativeiro babilônico, que suscitou a criação da sinagoga, pois não tendo mais o templo para adoração necessitaram da criatividade para resolver a questão da permanência e proteção de sua identidade étnica, construindo casas de culto e estudo de temas cotidianos e nacionais do povo israelita. Foi depois do retorno da Babilônia que começou a se desenvolver o que chamaríamos propriamente de Judaísmo.

A maior coleção de ensinamentos judeus é a Torá (Ensino, Lei). É constituída dos cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica e contém 613 leis. Os judeus aceitam as leis em gratidão por serem o povo escolhido de Deus. A Torá também traz muitas histórias dos ancestrais, especialmente fala do Êxodo do Egito, a história dramática sobre a fuga da escravidão no Egito através da intervenção de Deus. A Bíblia hebraica é chamada Tanak, um acrônimo formado pelos nomes das três seções: Torá (Lei), Nevi’im (Profetas) e Ketuvim (Escritos). O Judaísmo também tem o Talmud, um corpo de ensinamentos e comentários sobre leis e rituais debatidos pelos rabis (mestres da religião judaica). A profissão de fé dos judeus é o Shemá, que em hebraico significa “ouvir” e conclama os judeus a crer somente em Deus único (ver Deuteronômio 6.1-25) e seguir as leis de Deus lembrando-se que foram libertos da escravidão. Dt 6.4 diz: “Shemá Israel, Adonai Elohenu, Adonai Echad” que traduzido é “Ouça, Israel! O Senhor nosso Deus é Deus Único”.

Durante muitos anos os judeus esperaram um Messias que viria realizar um reino de paz na Terra. Desde a época do rei Davi se pode traçar a expectativa messiânica. E até hoje continua viva a esperança de um Messias judeu. A fundação do Estado de Israel culminou um longo processo cujos primeiros passos haviam sido dados no final do século XIX, quando os judeus começaram a falar sobre a possibilidade de voltar para sua antiga pátria. O desejo deles era expresso na declaração pascal “No ano que vem em Jerusalém!”

Para o Judaísmo Deus é Deus Único. É o Criador do mundo e o Senhor da História. Toda vida depende Dele. E tudo o que é bom flui Dele. É um Deus Pessoal que se preocupa sua criação. O nome de Deus é representado pelas letras IHVH, um acrônimo que em hebraico significa “Eu Sou Quem Sou” e costuma ser lido pelos hebraístas como ‘Javé’ ou ‘Jeová’, mas os judeus o consideram tão sagrado que o chamam de HASHEM (O Nome) ou ADONAI (Meu Senhor).

Na Sinagoga não há imagens religiosas. É proibido (é o 2º Mandamento do Decálogo). Mas eles guardam com destaque uma Arca (um armário de madeira) na parede oriental, na direção de Jerusalém. Nela ficam guardados os rolos da Torá, escritos em pergaminho. Esses rolos costumam estar envolvidos numa capa de seda, veludo ou outro material nobre, e decorados com sinos, uma coroa e um escudo de metal precioso. Também é mantida uma lâmpada ardente diante da Arca. No serviço da sinagoga das manhãs de sábado (também segundas e quintas-feiras) há um

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cerimonial em que a Arca é aberta e os rolos são levados até o púlpito. Então se lê um trecho em hebraico. Ao final de um ano o cânone inteiro pode ser lido! Além da Torá ser lida, o serviço do culto também conta com orações, salmos e bênçãos, todos contidos num livro chamado Sidur. A oração mais importante é a das Dezoito Bênçãos! O rabino (o líder da sinagoga) tem a responsabilidade do Sermão e do ensino da Lei e um cantor sacro dirige o serviço. Para que uma sinagoga tenha o funcionamento numa reunião é necessário que dez homens adultos estejam presentes. Considera-se adulto quem já tenha passado pela cerimônia do Bar Mitsvá, ou seja, a partir dos treze anos. As mulheres não tem parte ativa na liderança dos cultos da sinagoga, ficam inclusive com as crianças numa parte separada da sinagoga. Contudo, em casa participam ativamente, particularmente no Shabat (sábado judaico) e nas grandes festas. O estado de Israel define como judeu alguém cuja mãe é judia e que não pratica nenhuma outra fé, mas aos poucos essa definição está sendo ampliada e está já incluindo o cônjuge. O Shabat dura do pôr-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado.

Oito dias após o nascimento os meninos são circuncidados. A menina também recebe seu nome na sinagoga formalmente uma semana depois do nascimento. Seu pai é chamado até a Torá, e se faz uma oração pela mãe e pelo bebê.

5. Cristianismo

O Cristianismo iniciou-se como um movimento religioso no Oriente Médio. Jesus era judeu da Galiléia e viveu entre os anos 4a.C. e 33.d.C. Ele inspirou a fé que se espalhou por todo o Império Romano. É o Cristianismo uma fé construída sobre paradoxos: Deus se torna homem e sendo crucificado é celebrado como Salvador e Senhor! A crucificação era uma punição para os mais execráveis criminosos que dessa forma se tornavam humilhados, desonrados. E naqueles tempos do início da era cristã a idéia generalizada dizia que o corpo era uma espécie de prisão da alma, era praticamente inconcebível a idéia de Deus se manifestar numa vida corporal humana!

Os valores do Cristianismo giram em torno da vida que glorifica a Deus. Por isso fé, humildade, perdão, bondade, domínio próprio, amor e perseverança são considerados virtudes desejáveis. A graça divina é o grande tema da Bíblia e tem como seu eco a Salvação da alma humana através da redenção que Jesus realizou na cruz do Calvário. O espírito do Cristianismo pressupõe a existência de um redentor: o próprio Deus que se tornou carne, manifestou o Evangelho, morreu pelos pecadores e ressuscitou ao terceiro dia. Jesus prometeu a seus discípulos que estaria com eles sempre, até a consumação dos séculos!

O Cristianismo é a maior religião mundial. Iniciou-se na primeira metade do século I d.C. Os principais símbolos cristãos são a Cruz (lembrando a morte de Cristo), a Pomba (representando a descida do Espírito Santo), o Peixe (fruto do acróstico grego que aponta ‘Jesus Cristo, o Filho de Deus e Salvador’). Os cultos podem acontecer nos lares ou em lugares escolhidos com a boa influência e a criatividade dos cristãos, mas os templos, as igrejas, são o local definido onde as pessoas se reúnem. Elas podem ser prédios simples ou construções magníficas e muito ornamentadas. Jesus disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí eu estarei no meio deles”. Os cristãos tem um alimento sagrado, a ‘Ceia do Senhor’. É uma refeição memorial composta do ‘pão’ como símbolo do corpo de Jesus, e do ‘vinho’ que

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simboliza o sangue de Cristo derramado em sua morte na cruz. Na cultura bíblica o sangue significa a ‘vida’.

Os cristãos que vivem de acordo com a vida e os valores de Cristo causam muito impacto sobre as pessoas que estão ao seu redor. Paulo de Tarso, personagem principal do livro dos Atos dos Apóstolos, foi o grande apóstolo evangelista e fundou igrejas por todo o mundo helenizado do primeiro século cristão. Ele disse: “Para mim o morrer é lucro e o viver é Cristo” e ao chegar próximo a morte pode declarar com firmeza: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. Ele foi um grande doutrinador. Em tempos modernos o norte-americano Martin Luther King (1929-1968), pastor negro da Igreja Batista em Atlanta, no Estado da Geórgia, se tornou líder na luta pelos direitos civis nas décadas de 1950 e 1960. Foi um pacifista que organizou movimentos de protesto de tal ordem que conquistou o direito para os negros. O preço pago foi o seu assassinato a tiros em abril de 1968. Foi ganhador do Prêmio Nobel da Paz. Os cristãos na virtude do Espírito Santo tendem a realizar grandes coisas. O grande missionário W. Carey, o pai das Missões Modernas, disse: “Fazei grandes coisas para Deus, esperai grandes coisas de Deus”.

O Cristianismo mundial possui três ramos distintos. A Igreja que Jesus fundou na palestina cresceu a ponto de fazer frente a religiosidade do império romano. E o imperador Constantino anexou o Cristianismo institucional ao seu programa político. Então passou existir uma igreja imperial. Ela era Católica (mundial) Apostólica (buscou a doutrina dos apóstolos como sua base doutrinária), mas também era Romana (fazia parte da máquina Estatal ou a ela se associava). Essa foi a igreja cristã da Idade Média. Mas em 1054 sofreu um cisma que apartou o ramo oriental da unidade romana. A igreja Oriental passou a ser chamada de Ortodoxa, centrada na Grécia e na Europa Oriental e tem em líderes denominados ‘Patriarcas’ sua cúpula de autoridade. A igreja Ocidental, a Católica Romana que nos Papas sua liderança, é majoritária no Sul da Europa e na América Latina e detém minorias expressivas nos Estados Unidos e na África. E além do cisma que a dividiu, a Igreja Romana amargou a Reforma Protestante no século XVI, pois rechaçou os grupos europeus que a queriam mais pura. Esses grupos foram assomados às igrejas pequenas que subsistiram sofrendo perseguição desde a anexação imperial do Cristianismo e por toda a Idade Média. A Reforma deu um novo impulso ao Cristianismo, que retornou aos princípios de Cristo a partir do lema reformista: “Somente a Graça, Somente a Fé, Somente as Escrituras”. A Igreja Protestante, também conhecida hoje como Evangélica, é majoritária no Norte da Europa, nos Estados Unidos e na Austrália. E está em franco crescimento pelo mundo todo, inclusive no Brasil.

As principais crenças cristãs são: a adoração de um único Deus, manifesto na Trindade como Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus Cristo é Deus que se fez carne e habitou na terra junto com a humanidade. Ele viveu como nenhum outro homem e morreu sem pecado. Sua morte foi uma expiação vicária, mas ao terceiro dia, conforme a profecia, Ele ressuscitou dos mortos e vive para sempre! Foi Ele quem enviou o Espírito Santo que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo, Ele vive nos crentes, os santifica e os usa como instrumentos de Deus Pai. A reunião dos devotos compõe a Igreja Cristã, que seguem os ensinos da Bíblia na interpretação de seus escritos à luz do Novo Testamento. A remissão dos pecados é oferecida gratuitamente pela pregação e testemunho da Palavra de Deus. O Cristianismo é uma religião missionária e realiza sua evangelização na vizinhança onde se localiza seus templos ou em qualquer lugar, mesmo além das fronteiras. A vida espiritual é conquista em Cristo que inicia nesta vida e segue adiante. O crente crê em vida após

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a morte, julgamento divino das obras das pessoas e ressurreição do corpo para a bem-aventurança ou para a vergonha eterna.

6. Islamismo.

O Islã é simples. Sua mensagem clara diz que há um único Deus, o Criador, que se revela por intermédio dos profetas, do qual Muhammad é o maior. O Alcorão é seu livro sagrado. Crêem que foi revelado a Muhammad em uma série de revelações e oráculos e guardados de memória, mas que depois seus seguidores escreveram essas instruções sagradas. Os muçulmanos acreditam que houve livros sagrados antes do Corão, citam como exemplo os Salmos e os Evangelhos, mas como esses livros entram em conflito com as doutrinas do Islã eles chegaram a conclusão que esses livros foram corrompidos ao longo dos tempos. Sobre suas revelações Muhammad disse: “Nunca recebi uma revelação sem sentir que minha alma estava sendo arrancada de mim”.

As origens do Islã pode ser contada a partir da vida de Muhammad. Ele ficou órfão quando era criança, foi criado em Meca por seu tio Abu Talib, um comerciante influente da tribo coraixita. Passou assim grande parte de sua vida como comerciante de caravanas de camelos (de 582 d.C. a 610). No ano 595 Muhammad foi contratado por uma mulher velha que era sua prima distante. Ela se chamava Khadija. E logo se casou com ela. Diziam a ela que os monges o respeitavam como um homem santo e ela se encantou com isso. Após o casamento ele se torna um hanif, parte de um grupo que busca a Deus. Esses homens conheciam as histórias da Bíblia, acreditam que Abraão tinha estado em suas terras e dedicado a Arábia ao Deus único. Eles se situavam perto de Meca e chamavam a Deus de Alá, nome de seu deus principal. É conhecido que quatro hanifs famosos foram contemporâneos de Muhammad e três deles professavam formas de Cristianismo e havia grupos de cristãos próximos a Meca, os Nestorianos e os Cristãos Cóptas. Mas também havia acampamentos de judeus muito próximo dali e zoroastristas persas. Todos monoteístas.

Em 615 d.C. Muhammad sentiu-se chamado para pregar publicamente. Chegou a convencer um pequeno grupo, mas os líderes tribais os expulsaram. Muhammad continuou a pregar e reuniu os crentes em 15 de junho de 622. Iniciando, assim, a Hégira, a era muçulmana, que define o início do calendário islâmico. Seguiu-se uma série de batalhas e em 632 ele tomou o controle de Meca. E nesse mesmo ano Muhammad morre de febre e Abu Bakr que era seu parceiro de viagem e amigo assume o seu lugar como seu sucessor. E toda a Arábia foi unificada em torno do Islã. Contudo, mais tarde, acontece uma divisão por causa do Califa (que significa sucessor). A maioria formou o Islã Sunni (sunita) e os demais formaram o Islã Shia (xiita).

O credo é monoteísta e está centrado na revelação a Maomé. Alá não é um nome pessoal, mas um substantivo que designa a palavra Deus. Havia entre os deuses da antiga Arábia um que era deus do céu, e sua designação se relaciona com o substantivo hebraico “El”. Muhammad (Maomé) atacou o politeísmo árabe, ele queria uma teocracia sob um único Deus. A declaração de fé do Islã: “Não há Deus senão Alá, e Maomé é seu Profeta”. Maomé pregava sobre o juízo final. Ele desejava que com esse conhecimento do futuro os árabes assumissem as responsabilidades sobre seus atos, pois a idéia do juízo cria um senso moral de dever que é fundamental para a vida em sociedade. Os árabes costumam repetir no chamado às preces “Alá hu Akbar”, Deus é Maior. Ou seja: Não se pode comparar Deus a qualquer coisa, Ele é maior, as pretensões humanas são menores e devemos nos lembrar disso! O homem

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nada merece, não pode invocar direitos em relação ao julgamento de Deus. O melhor mesmo é se submeter à vontade Dele! A palavra “Islã” significa submissão.

A revelação é outro ponto importante no credo. O muçulmano crê que Deus falou por meio de Muhammad. A linha de profetas seria Adão, Abraão, Moisés, Davi, Jesus e Maomé. Ele é o último dessa linhagem. É que a princípio ele acreditava ser parte da comunidade judaico-cristã. Mas os judeus não aceitavam a interpretação que ele fazia das Escrituras, apontavam seus erros de hermenêutica. Maomé não acolheu que suas revelações tivessem erro, cria que elas vinham de Deus, então chegou à conclusão que os judeus e os cristãos é que deviam ter distorcido o significado original das Escrituras.

Quanto à oração, o Islã requer que o fiel faça suas preces cinco vezes por dia. Para orar é necessário estar limpo, purificado em água corrente. Mas há ocasiões em que basta apenas lavar as mãos e o rosto. A maioria das orações são fórmulas fixas, um ritual que exige palavras e gestos bem definidos. A oração da sura 1 tem seu exórdio que diz: “Louvado seja Deus, Senhor do Universo”, O Caridoso, o compassivo, Soberano do Dia do Juízo! Só a Ti adoramos, e só a Ti recorremos em busca de ajuda. Guia-nos pelo caminho direito, O caminho daqueles a quem Tu favoreceste, Não daqueles que incorreram na Tua ira, Não daqueles que se desviaram”. As cinco orações diárias podem ser pronunciadas em qualquer lugar. Os muçulmanos levam um tapetinho ou esteira para se ajoelharem e rezar e seus gestos sempre se dirigem à localização de Meca. Quem comparece à mesquita devem estar vestidos de forma respeitosa, tirar os sapatos antes de entrar e acompanhar os movimentos de quem preside as orações. O líder das orações fica de frente para Meca e de costas para a congregação. Em geral os homens são os que oram, pois a s mulheres ficam numa galeria ou escondidas atrás de uma cortina bem ao fundo. Como não há sacerdócio organizado (não existem mais califas), qualquer homem pode ser o dirigente (imã) das preces. Em geral um funcionário da mesquita, que tenha boa educação teológica é o imã e também o pregador dos sermões.

Algumas práticas são fundamentais para o Islã: a Caridade como dever, que é uma taxa sobre a riqueza e a propriedade. Está fixada em 1/40 (2,5%). Maomé dizia que essa taxa deve ser tirada dos ricos e dada aos pobres. O Jejum deve acontecer no mês do Ramadan, o nono mês do ano lunar. Entre o nascer do sol e o pôr-do-sol é proibido comer, beber, fumar ou ter relações sexuais. Mas à noite podem se alimentar. A Peregrinação a Meca deve acontecer pelo menos uma vez na vida para todo muçulmano adulto que dispõe de meios para fazer a viagem, pois em Meca se encontra o santuário sagrado mais antigo do Islã. Lá existe uma pedra negra que é considerada o centro do mundo. Os mortos são enterrados também voltados para Meca.

Unidade IV – Seitas Contemporâneas

1. Adventistas do sétimo dia; Testemunhas de Jeová; Mórmons.

Três grupos religiosos merecem destaque por seu grande crescimento na sociedade contemporânea. O primeiro e o segundo se caracterizam por doutrinas criativas que contrariam o consenso doutrinário das igrejas evangélicas, o último tem como destaque o fato de afirmar doutrinas politeístas numa sociedade de maioria

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monoteísta. Estamos falando do Adventismo, dos Testemunhas de Jeová, e da Igreja dos Santos dos Últimos Dias (SUD).

Adventismo é o grupo religioso que tem como principal representante a Igreja Adventista do 7º Dia. Eles guardam o sábado, ao invés do domingo, como dia de dedicação a Deus e para justificar-se se dão ao trabalho de tecer uma série de argumentos com base na lei cerimonial judaica. Sobre o sábado disse com gravidade a profetiza oficial do movimento adventista: “O sábado será a pedra de toque da lealdade: pois é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando sobrevier aos homens a prova final, traçar-se-á a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não o servem” (‘O Conflito dos Séculos’, pág. 611, Ellen Gold White. Casa Publicadora Brasileira. 1971). Também são divulgadores de um estilo de vida saudável baseado na alimentação natural. À semelhança dos muçulmanos são contra a carne de porco e a ingestão de bebidas alcoólicas.

Crendo no dom de profecias, os adventistas tem sua base doutrinária na Bíblia e ainda também nas revelações de sua profeta preferida, a senhora Ellen Gold White (1827-1915). O Adventismo diz: “Nos tempos antigos, Deus falou aos homens pela boca de seus servos e apóstolos. Nestes dias Ele lhes fala por meio dos Testemunhos do seu Espírito. Não houve ainda um tempo em que mais seriamente falasse ao seu povo a respeito de sua vontade e da conduta que este deve ter” (Testemunhos Seletos. vol. II. pág. 276, 2ª edição, 1956). De forma semelhante o fundador da seita dos Mórmons também se apresentou para novas revelações com base no espírito de profecia. Disse ele: “Se qualquer pessoa me perguntar se eu sou um profeta, não o negarei, já que estaria mentindo se o fizesse; pois, segundo João, o testemunho de Jesus é o espírito de profecia. Portanto, se declaro ser testemunha ou mestre, e não tenho o espírito de profecia, que é o testemunho de Jesus, sou uma falsa testemunha; porém, se sou um mestre ou testemunha verdadeira, devo ter o espírito de profecia, e isso é o que constitui um profeta” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith , pág. 263). Sem qualquer rodeio o Adventismo declara: “Ao passo que, apesar de nós desprezarmos o pensamento dos pioneiros, nós aceitamos como regra de fé a Revelação – Velho Testamento; Novo Testamento e Espírito de Profecia” (A Sacudidura e os 144.000, pág. 117). Ainda mais: “Os livros do ‘Espírito de Profecia’ e também os ‘Testemunhos’, devem ser introduzidos em toda família observadora do sábado; e os irmãos devem conhecer-lhes o valor e ser impelidos a lê-los” (Testemunhos Seletos. vol. II, pág. 291).

Ellen G. White escreveu 53 livros que possuem grande autoridade entre os adventistas. O livro ‘Passos Até Cristo’ já foi traduzido para 78 línguas e já vendeu mais de 5 milhões de exemplares! A autoridade de seus escritos é tão grande que as revistas da Escola Sabatina (os estudos doutrinários dos adventistas) tem os comentários feitos com transcrições dos livros da Sra. White. Nem mesmo os escritores bíblicos desfrutam desse espaço nas revistas! Ela diz de si mesma: “Minha missão abrange a obra de um profeta, mas não termina aí” (Orientação Profética no Movimento Adventista, pág. 106). E ainda mais: “Disse o meu anjo assistente: Ai de quem mover um bloco ou mexer num alfinete dessas mensagens. A verdadeira compreensão dessas mensagens é de vital importância. O destino das almas depende da maneira em que forem elas recebidas” (Primeiros Escritos, pág. 258). Os adventistas compartilham com os cristãos a crença no Juízo Universal de Deus, mas, eles dão muita importância ao quando da volta de Cristo. E quanto ao destino eterno dos pecadores são aniquilacionistas, não crêem em penas eternas. No mundo todo os adventistas somam 5 milhões de pessoas!

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Outro grupo também interessante são os Testemunhas de Jeová. Não possuem um credo porque afirmam tirar diretamente da Bíblia as suas doutrinas. Sua ênfase está no unicismo teísta, pois não acreditam na doutrina cristã da Trindade Divina. E insistem que o nome de Deus é “Jeová”. O nome Testemunhas de Jeová vem de Isaías 43.10. Dizem que o Filho de Deus foi a primeira criação divina, retirando assim a deidade de Cristo. Também são contra a afirmação cristã sobre Deus Espírito Santo, pois o tem apenas como uma energia ou força ativa. O que mais importa para um adepto Testemunha de Jeová é difundir sua doutrina através da literatura que vendem ou doam, pois assim conquistam o favor de Deus.

Como vieram de uma divisão do Adventismo também conservaram a doutrina do aniquilacionismo da alma humana pecadora. Pregam que a única esperança para a humanidade é o reino de Deus na terra, não no céu que é privilégio de apenas 144 mil pessoas escolhidas desde o início da seita. Esse número já está completo, agora só resta lugar no Paraíso Terrestre mesmo! Das doutrinas curiosas duas se destacam: a proibição ao serviço militar e a negação da transfusão de sangue caso haja necessidades médicas. São cerca de 3 milhões de Testemunhas de Jeová no mundo!

Os Mórmons, ou Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (ou SUD como costumam se referir) tem o norte-americano Joseph Smith (1805-1844) como seu fundador. Ele disse que em 1820 teve uma revelação de Deus Pai e de Jesus Cristo recomendando que não entrasse em nenhuma igreja,pois todas tinham se desviado da verdade! Depois, em 1823, o anjo Moroni lhe apareceu e completou a revelação lhe dizendo de um lugar secreto onde havia umas placas de ouro. Ele diz que pode contemplá-las quatro anos depois! Junto com elas ele encontrou uma espécie de óculos de pedra especial que lhe permitia enxergar os manuscritos antigos como se estivessem escrito em seu idioma! Assim ele pode traduzir as placas douradas. Em 1830 ele publica essa tradução e a chama de ‘O Livro de Mórmon’. Esse livro é a base de sua nova religião. O livro diz sobre os antigos indígenas dos Estados Unidos que teriam recebido uma visita de Jesus Cristo ressuscitado! Seriam uma civilização com uma rica história e guerras épicas. Depois teriam sido exterminados. Mas nunca se achou vestígios desse legado rico e abundante das histórias do livro de Smith. Foi em 1830 que Smith e seus seguidores criaram a igreja e teve rápido crescimento. Fixaram-se em Salt Lake, Utah, edificando Salt Lake City. Quando Utah se tornou Estado da federação americana os mórmons tiveram que abrir mão do privilégio da poligamia, para enquadrar-se às leis americanas. Hoje há cerca de 5 milhões de mórmons no mundo!

Entre seus livros sagrados estão o Livro de Mórmon, A Pérola de Grande Valor, Doutrinas e Convênios. Também utilizam a Bíblia, mas com reservas. Dizem que “O Pai tem um corpo de carne e osso tão palpável como o do homem”. Dizem crer em Jesus como um homem que foi exaltado à posição de Deus e não como Deus que se fez homem. Praticam o batismo pelos mortos e para isso pesquisam genealogias com muita precisão. São bem hierárquicos na sua liderança. No topo estão o presidente e seus conselheiros (a Primeira Presidência), depois vem o Conselho dos Doze Apóstolos e abaixo o Primeiro Quorum dos Setenta. No nível local temos a congregação liderada por um Bispo e dois Conselheiros. Não há pastores com sustento financeiro, mas os membros do sexo masculino são investidos do sacerdócio (de Arão ou de Melquisedeque).

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REFERÊNCIAS

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MASSENZIO, Marcello. A História das Religiões na Cultura Moderna. 1ª ed. – São Paulo: Hedra, 2005.

O’DONNELL, Kevin. Conhecendo as Religiões do Mundo. São Paulo: Edições Rosari, 2007.

RINALDI, Natanael & ROMEIRO, Paulo. Desmascarando as Seitas. 7ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

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