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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENG 312 TRABALHO DE PROJETOS MECÂNICOS RELATÓRIO DE PROJETOS DE MÁQUINAS COM ABORDAGEM EM MANUTENIBILIDADE: ESTUDO DE VENTILADORES DOMÉSTICOS Autores: FABÍOLA CAIRES SAMPAIO GUILHERME BLANCO IGOR MORENO SANTOS PAULO CESAR MOREIRA ARGÔLO Professor orientador: ROBERTO CÉSAR FERNANDES SACRAMENTO SALVADOR Junho/2011

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Page 1: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENG 312 – TRABALHO DE PROJETOS MECÂNICOS

RELATÓRIO DE PROJETOS DE MÁQUINAS COM

ABORDAGEM EM MANUTENIBILIDADE: ESTUDO DE

VENTILADORES DOMÉSTICOS

Autores:

FABÍOLA CAIRES SAMPAIO

GUILHERME BLANCO

IGOR MORENO SANTOS

PAULO CESAR MOREIRA ARGÔLO

Professor orientador: ROBERTO CÉSAR FERNANDES SACRAMENTO

SALVADOR

Junho/2011

Page 2: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENG 312 – TRABALHO DE PROJETOS MECÂNICOS

RELATÓRIO DE PROJETOS DE MÁQUINAS COM

ABORDAGEM EM MANUTENIBILIDADE: ESTUDO DE

VENTILADORES DOMÉSTICOS

Estudo de caso proposto pelo

professor Roberto Cesar Fernandes

Sacramento para a disciplina Eng 312

- Projetos de Máquinas.

Autores:

FABÍOLA CAIRES SAMPAIO

GUILHERME BLANCO

IGOR MORENO SANTOS

PAULO CESAR MOREIRA ARGÔLO

Professor orientador: ROBERTO CESAR FERNANDES SACRAMENTO

Curso: ENGENHARIA MECÂNICA

SALVADOR

Junho/2011

Page 3: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Resumo

O conceito de manutenibilidade está associado à facilidade que um determinado

produto ou sistema possui de receber manutenção. Quanto maior a facilidade, precisão,

segurança e economia na execução de ações de manutenção, melhor é a característica de

manutenibilidade de um determinado produto. Através deste trabalho, foi possível

observar na prática a complexidade e custos envolvidos na manutenção dos

equipamentos presentes no dia-a-dia das pessoas. Neste caso, foi realizado o estudo em

ventiladores domésticos, por serem equipamentos comuns e passíveis de realização de

um bom estudo de manutenibilidade. A partir daí, foi possível concluir o relatório

comparando dois ventiladores de dois fabricantes principais, utilizando, para isso,

indicadores primários e secundários de manutenibilidade.

Palavras chave: Manutenibilidade, Projetos Mecânicos, Ventiladores.

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Abstract

The concept of maintainability is associated with the facility that some product

or system has to receive maintenance. How bigger is the facility, precision, security and

economy in the actions of maintenance, better is the feature of maintainability of some

product. Through this exercise, was possible to look at in practice the complexity and

the prices involved in the maintenance of the equipments existing in the routine of the

people. In this case, was did a study in domestic fans, because they are equipments

simple and subject to achievement of a good study of maintainability. Then, was

possible to complete this report comparing two fans of two different main

manufacturers, using, for this, primary and secondary indicators of maintainability.

Key words: Maintainability, Mechanical Design, Fans.

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Lista de Abreviaturas

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Índice

1 Introdução ............................................................................................................................9

2 Objetivo ..............................................................................................................................12

3 Metodologia .......................................................................................................................13

4 Caracterização do sistema ..................................................................................................15

4.1 Histórico .....................................................................................................................15

4.2 Tipos de ventiladores .................................................................................................16

4.3 Modelos escolhidos ....................................................................................................18

4.4 Funcionamento do ventilador de mesa ......................................................................19

5 Processo de Manutenção do Sistema Escolhido ................................................................25

5.1 Etapas do processo .....................................................................................................25

5.2 Principais falhas dos sistemas em estudo ...................................................................27

6 Equipamentos de Manutenção ..........................................................................................30

6.1 Chave de fenda ..........................................................................................................30

6.2 Multímetro ................................................................................................................30

6.3 Alicate .........................................................................................................................31

7 Avaliação de Manutenibilidade ..........................................................................................33

7.1 Resultado das Visitas às Assistências ..........................................................................33

7.2 Análise de Manutenibilidade ......................................................................................34

8 Referências .........................................................................................................................36

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Índice de Figuras

Figura 1-Ventilador Centrífugo ...................................................................................................17

Figura 2 - Ventilador axial...........................................................................................................17

Figura 3 - Ventilador de parede ..................................................................................................17

Figura 4 - Ventilador de teto ......................................................................................................17

Figura 5 -Ventilador de Mesa .....................................................................................................18

Figura 6 - Ventilador de cchão....................................................................................................18

Figura 7 - Ventilador Arno VE30 - Série Alívio ............................................................................18

Figura 8 - Ventilador Mallory Boreal ..........................................................................................18

Figura 9 - Partes básicas do ventilador tipo mesa ......................................................................19

Figura 10 - Foto do bloco motor sem carcaça, indicando a localização do estator ....................20

Figura 11 - Foto do estator .........................................................................................................20

Figura 12 - Rotor ........................................................................................................................21

Figura 13- Foto do bloco motor sem carcaça, mostrando o detalhe do eixo, do rotor e do cabo

de ligação. ..................................................................................................................................21

Figura 14 - Mancal de deslizamento ...........................................................................................22

Figura 15 - Caixa de engrenagens no detalhe .............................................................................22

Figura 16 - Componentes da caixa de engrenagem....................................................................23

Figura 17 - Pino de acionamento ................................................................................................23

Figura 18 - Chave de fenda .........................................................................................................30

Figura 19 - Multímetro (a) de mostrador analógico; (b) de mostrador eletrônico .....................31

Figura 20 - Alicate.......................................................................................................................31

Page 8: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Especificações dos Modelos Escolhidos .....................................................................13

Tabela 2 - Especificações dos Modelos Escolhidos .....................................................................18

Tabela 3 - Principais defeitos nos ventiladores em estudo acusados pelas assistências técnicas

...................................................................................................................................................27

Tabela 4 - Empresas fabricantes dos ferramentais utilizados na manutenção de ventiladores .32

Tabela 5 - Classificação da gravidade das falhas ........................................................................34

Tabela 6 - Peso dos indicadores na manutenibilidade ...............................................................36

Tabela 7 - Critério utilizado para atribuição das notas ...............................................................36

Tabela 8 - Avaliação de manutenibilidade ..................................................................................36

Page 9: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

1 Introdução

“A missão do engenheiro é encontrar soluções para problemas técnicos. Para tanto ele

se baseia em conhecimentos das ciências naturais e da engenharia e leva em conta as

condicionantes materiais, tecnológicas e econômicas, bem como restrições legais,

ambientais e aquelas impostas pelo ser humano.” ²

“Ao considerarmos as diferenças entre os engenheiros, cientistas e matemáticos [...]

vemos que a engenharia relaciona-se também com a invenção. De fato, o processo de

desenvolvimento de algo novo e criativo está no âmago da profissão de Engenharia. Em

uma visão ampla, o projeto mecânico é o processo sistemático de criação de um produto

ou sistema que satisfaz uma das necessidades técnicas da sociedade. [...] Embora um

engenheiro mecânico possa especializar- se em outros campos, geralmente suas

atividades cotidianas se concentram em atividades de projeto.” ¹

“De acordo com a norma ISO 10.006 (Diretrizes de qualidade de gerenciamento de

projetos), projeto é „ um processo único, consistindo de um grupo de atividades

coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance

de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e

recursos.” ³

Requisitos importantes que devem ser levados em conta na elaboração de um projeto

mecânico são: confiabilidade, ergonomia, segurança, baixo custo, fabricabilidade,

durabilidade, manutenibilidade, entre outros.

“A manutenibilidade tem se tornado cada vez mais importante devido ao alarmante

custo de operação e suporte de sistemas e equipamentos. Por exemplo, cada ano a

indústria estadunidense gastar mais de U$ 300 bilhões em manutenção e operação de

suas plantas [...]. Portanto, alguns dos objetivos de aplicar os princípios de engenharia

de manutenibilidade em sistemas e equipamentos são reduzir o custo da manutenção

projetada e o tempo durante as modificações de projeto direcionadas em simplificações

da manutenção.”4

“Sistemas técnicos e produtos, como instalações, máquinas, dispositivos e subconjuntos

capazes de uma função pelo uso estão sujeitos a desgaste ou abrasão, à diminuição da

duração da sua vida útil, à variação das características do material em função do tempo,

p.ex., fragilização e fenômenos similares. [...] Após um determinado tempo de uso e de

parada, a condição real não corresponde mais à condição de projeto. Muitas vezes, o

desvio em relação ao estado nominal não é diretamente perceptível e pode levar a

falhas, interrupções das operações e outros riscos. Devido a essas circunstâncias, o

desempenho da função, a economia e a segurança podem ser seriamente prejudicados.

Paradas súbitas atrapalham o funcionamento normal e sua eliminação não planejada é

dispendiosa. [...]

A manutenção como medida previdente e preventiva cresceu em importância diante de

sistemas, instalações e máquinas cada vez maiores e mais complexos. O projetista

influencia significativamente a realização e o transcurso pela solução básica

Page 10: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

selecionada, bem como pela configuração dos detalhes. Assim, [...] ele confere ao

produto manutenibilidade. [...]

Na seleção das soluções deve-se preferir variantes que, concomitantemente, favorecem

uma manutenção simples, p. ex., ausência de manutenção, substituição fácil,

componentes de igual expectativa de vida. Na configuração deve-se ficar atento a fim de

garantir boa acessibilidade e pouco trabalho para montagem e desmontagem. Porém, os

serviços de manutenção não poderão levar a situação que coloque em risco a segurança.

[...]

Providências de projeto que devem ser consideradas já na etapa preliminar e que podem

reduzir o trabalho de manutenção e inspeção:

dar preferência às soluções autocompensadores e auto-ajustáveis,

objetivar um projeto simples e com poucos componentes,

utilizar componentes padronizados,

favorecer acesso fácil,

favorecer desmontagem simples,

empregar um sistema construtivo modular,

utilizar poucas e sempre as mesmas ferramentas.

Para tanto, as instruções de manutenção, inspeção e reparo deverão ser elaboradas e

acompanhar o produto; os pontos para manutenção e inspeção deverão ser claramente

marcados. Para isso fornecem ajuda: DIN 31052: estrutura de instruções para

manutenção e DIN 31054: definição dos tempos e estrutura de sistema de tempo. “²

Dada a importância da manutenibilidade de máquinas e sua influência no projeto

mecânico, fazer uma avaliação da manutenibilidade de um produto, aplicando conceitos

teóricos na prática torna-se fundamental, fazendo com que o estudante se familiarize

com os conceitos que envolvem a manutenibilidade e compreenda como projetar

atendendo aos requisitos que essa propriedade demanda.

Para trazer esse estudo o mais próximo da realidade dos estudantes, foi escolhido para

abordar no presente trabalho um aparelho de uso comum em residências, de simples

operação e cujo funcionamento é facilmente compreendido: o ventilador.

O ventilador tem fundamental importância na qualidade de vida de pessoas que moram

em localidades quentes, sendo uma opção menos custosa para refrigeração, comparados

aos ar condicionados. Os preços de ventiladores variam de 50 a 200 reais, enquanto que

os preços de ar condicionados variam de 600 a 1800 reais. Por esses motivos, os

ventiladores são produtos altamente utilizados e com aquecimento global seu consumo

deve aumentar. No verão de 2011 houve grande crescimento na venda de ventiladores

no Brasil, comparado aos anos anteriores. Na rede Extra – do grupo Pão de Açúcar, o

crescimento foi de 25%, já na rede Wal-Mart foi 70% e na rede Carrefour 75%%. 5

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No âmbito da disciplina ENG312- Projetos Mecânicos, ofertada pelo Departamento de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da UFBA, o presente trabalho apresenta m

estudo sobre a avaliação da manutenibilidade em aparelhos de ventilação doméstica do

tipo mesa de modelos e marcas populares.

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2 Objetivo

O presente trabalho tem como finalidade realizar uma avaliação do projeto de

ventiladores no que diz respeito à manutenibilidade. Foram escolhidos para avaliação

dois ventiladores de mesa de marca e modelos mais utilizados, afim de analisá-los

comparativamente no que diz respeito aos fatores que influenciam na sua manutenção.

A partir dessa analise, será possível saber qual aparelho possui um melhor índice de

manutenibilidade e como que cada fator contribui para essa avaliação. Com esses

resultados, é então possível levantar sugestões para o melhoramento do projeto no que

tange a manutenibilidade.

Page 13: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

3 Metodologia

Inicialmente foi escolhido o ventilador VE30 da série Alívio fabricado pela ARNO para

fazer o estudo. O motivo da escolha desse modelo específico decorre da facilidade de

acesso e, conseqüentemente, aquisição de informações, devido a uma doação do

aparelho feita para o estudo. Em seguida, procurou-se no mercado outro ventilador de

marca diferente que reunisse as mesmas características que o modelo inicialmente

escolhido. A tabela a seguir traz informações sobre mais outros 4 equipamentos

semelhantes da mesma categoria, de marcas diferentes.

Tabela 1 - Especificações dos Modelos Escolhidos

Através das informações encontradas na tabela, foi escolhido o ventilador Boreal da

Mallory por se assemelhar mais com o modelo VE30 da Arno. Com os dois modelos de

marcas populares escolhidos, foram efetuadas visitas a assistências técnicas. Em cada

assistência foi preenchido um questionário com o objetivo de obter as seguintes

informações:

• Principais defeitos apresentados em cada modelo.

• A gravidade dos defeitos informados.

• As principais causas das falhas.

• Os componentes afetados pelo defeito.

• O procedimento de manutenção adotado.

• O tempo médio de realização do serviço.

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• Se há algum treinamento recebido pelos funcionários e como ele é realizado.

• A faixa de custo do serviço.

Com as informações fornecidas pelos técnicos, foi possível evidenciar as principais

falhas que ocorrem nos ventiladores, as que mais danificam o conjunto total do

equipamento, as mais críticas e entender como é o funcionamento do objeto de estudo,

percebendo diferenças entre as marcas distintas, tanto na qualidade das peças, quanto no

número de componentes utilizados. Com essas informações em mãos foi possível dar

início ao estudo de manutenibilidade uma vez que o processo de manutenção estava

sendo desvendado desde a sua entrega à assistência técnica até o "check-out" e

devolução ao cliente.

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4 Caracterização do sistema

Os ventiladores são máquinas que, por meio da rotação de um rotor provido de pás

adequadamente distribuídas e acionado por um motor, permitem transformar a energia

mecânica do rotor em formas de energia potencial de pressão e de energia cinética.

Graças à energia adquirida, o ar torna-se capaz de vencer as resistências oferecidas pelo

sistema de distribuição e fazer a movimentação requerida.

A utilização é ampla. Há uma variedade de aplicações domésticas, comerciais e

industriais. Embora os ventiladores possam ser utilizados com qualquer gás, na prática o

ar está quase sempre presente, seja na forma natural como climatização e ventilação,

seja misturado com outros gases, como na exaustão de fornos e sistemas de controle da

poluição. Teoricamente, um ventilador pode ser considerado um compressor de ar. Mas

a distinção ocorre porque, sendo baixas as pressões de saída, os aspectos

termodinâmicos da compressão podem ser desprezados sem grandes erros e a análise

pode ser feita apenas com a equação de Bernoulli.

O fluxo de ar gerado pelo ventilador evapora o suor presente em nossa pele, causando

uma sensação de ar refrescante. Quanto maior a evaporação, maior é a sensação de que

o ambiente está sendo resfriado. Essa sensação é na verdade uma ilusão, pois enquanto a

evaporação do suor resfria o corpo, o ventilador aquece o ar do meio com o

funcionamento do seu motor, isso acontece pelo fato de parte da energia elétrica ser

perdida em forma de energia térmica.

4.1 Histórico

A revolução industrial no final do século XIX introduziu os primeiros

ventiladores, que eram movidos por rodas d'água, fixando pás de madeira ou metal a

eixos usados nas máquinas. O primeiro ventilador que realmente funcionava foi

construído por Omar-Rajeen Jumala em 1832. Ele chamou seu invento, um ventilador

centrífugo, de "bomba de ar". Ventiladores centrífugos foram testados com sucesso em

minas de carvão em fábricas entre os anos de 1832 e 1834. Quando Thomas Edison e

Nikola tesla apresentaram a energia elétrica ao público, período entre o final do século

XIX e início do século XX, o ventilador de uso pessoal foi apresentado. Entre os anos

de 1882 e 1886 em Nova Orleans, Schuyler Skaats Wheeler inventou o primeiro

ventilador movido a energia elétrica. Este invento foi comercializado inicialmente pela

empresa americana Crocker & Curtis, uma empresa de motores elétricos. Em 1882,

Philip Diehl inventou o ventilador de teto. Em meados do século 20, já eram bastante

comuns ventiladores movidos a álcool, óleo, ou querosene.

Os primeiros ventiladores foram fabricados nos Estados Unidos entre o final da

década de 1890 e início da década de 1920 como eletrodomésticos. Eles tinham pás

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feitas em latão e, mesmo sendo muito bem construídos internamente, não ofereciam

nenhuma proteção contra a passagem de dedos, mãos ou braços através das pás, pois

não possuíam nenhum tipo de gaiola de proteção envolvendo as pás. Muitas crianças

tiveram mãos e dedos bastante feridos pelos ventiladores.

Na década de 1920, os avanços industriais permitiram a produção em massa de

aço em diferentes formas, reduzindo o preço dos ventiladores e permitindo que mais

pessoas pudessem possuir um em casa. Com a chegada dos sistemas de ar condicionado

central, na década de 1960, muitas empresas fabricantes de ventiladores interromperam

a produção acreditando que o negócio não tinha mais espaço.

Em 1998, Walter K. Boyed, inventou o HVLS, ventilador de grande volume de

ar a baixas velocidades. A invenção teve origem quando Boyed foi solicitado a criar um

sistema que resfriasse o local de cria de gado leiteiro, pois quando a temperatura está

elevada a produção de leite cai significativamente. Utilizando as leis da física e

mecânica dos fluidos, Boyed desenvolveu um ventilador que incorporava 10 pás de

alumínio e tinha quase dois metros e meio de diâmetro. Diferente dos ventiladores de

teto que se movem bem rápido, este ventilador gigante movia-se lentamente. Devido

seu grande diâmetro, o ventilador movia uma grande coluna de ar para baixo sempre

misturando o ar fresco com o ar aquecido de dentro dos celeiros. A invenção também

resfriava o ambiente sem levantar poeira nem causar nenhum tipo de estresse no gado

leiteiro.

Após muitos testes, Boyed percebeu que seu HVLS era muito mais eficiente

energeticamente do que 50 ventiladores de alta velocidade. Atualmente, os ventiladores

de teto HVLS são usados na indústria e em cenários comerciais, incluindo galpões,

locais de manufatura e shoppings centers, pois ajudam a diminuir os custos com

resfriamento.

No século XX, os ventiladores se tornaram utilitários. Hoje os ventiladores

fazem parte da vida de todos, em todos os cantos do mundo. O design básico dos

ventiladores elétricos não mudou significativamente desde o início da década de 1890, e

mesmo sendo, em muitos casos, substituído por um sistema de ar condicionado, ainda é

um eletrodoméstico muito comum e presente em muitos lares.

4.2 Tipos de ventiladores

Este aparelho pode ser de distintos tipos, considerando o sentido de fluxo de ar em

relação ao ambiente ventilado: sopradores (se há injeção de ar no ambiente)

ou exaustores (se há retirada de ar do ambiente).

Existem basicamente dois tipos de ventiladores, cuja escolha depende basicamente da

aplicação: os centrífugos (fig. 1) e os axiais (fig. 2).

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Figura 1-Ventilador Centrífugo

Figura 2 - Ventilador axial

Nos ventiladores centrífugos o ar entra na caixa ou voluta, paralelamente ao eixo do

motor e é descarregado perpendicularmente à direção de entrada do ar. Já nos axiais, o

rotor se assemelha a uma hélice, o ar entra e sai do ventilador paralelamente ao eixo

deste. Os axiais são indicados para maiores vazões e menores pressões e correspondem

aos modelos domésticos geral, sendo, portanto, o tipo abordado neste trabalho.

Além disso, os ventiladores axiais podem encontrar-se em diversos tamanhos e

formatos, podendo ser fixados no solo (através de pedestais), na mesa, na parede ou no

teto, conforme ilustra as figuras 3 a 6.

Figura 3 - Ventilador de parede

Figura 4 - Ventilador de teto

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Figura 5 -Ventilador de Mesa

Figura 6 - Ventilador de cchão

4.3 Modelos escolhidos

Os ventiladores escolhidos para estudo foram os ventiladores domésticos tipo mesa das

marcas/modelos: Arno/VE30 (fig. 1) e Mallory/Boreal (fig. 2).

Figura 7 - Ventilador Arno VE30 - Série Alívio

Figura 8 - Ventilador Mallory Boreal

A tabela 1 detalha as especificações de cada ventilador escolhido:

Tabela 2 - Especificações dos Modelos Escolhidos

Marca Arno Mallory

Modelo VE30 BOREAL

Tipo Mesa Mesa

Potência 55 55

Nº de Velocidades 3 3

Diâmetro da hélice 30 30

Nº de pás 3 3

Oscilante Sim Sim

Inclinação ajustável Sim Sim

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Altura ajustável Não Não

Dimensões aproximadas do produto -

(AxLxP) cm 55,5x38x27,8 53x36x24

Peso aproximado do produto - kg 1,9 1,8

Como se pode observar, foram escolhidos ventiladores do mesmo tipo e de modelos

equivalentes para que a análise comparativa da manutenibilidade seja mais eficiente.

4.4 Funcionamento do ventilador de mesa

O ventilador de mesa é basicamente composto por um motor elétrico ligado

diretamente, através de um eixo, a uma hélice que provoca o movimento rotatório

necessário para deslocar o ar. Além disso, existe também um mecanismo de

engrenagens que utiliza o movimento do eixo para causar um deslocamento horizontal

angular oscilatório do ventilador. Dessa maneira, os componentes básicos do ventilador

tipo mesa estão indicados na figura abaixo e em seguida serão detalhados.

Figura 9 - Partes básicas do ventilador tipo mesa

1. Grade frontal

2. Hélice aerodinâmica

3. Seletor de velocidade

4. Grade traseira

5. Botão de acionamento de oscilação horizontal

6. Bloco motor

7. Trava para regulagem da inclinação – para cima e para baixo

8. Base de apoio

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Bloco Motor (fig.9) – O bloco motor é composto pelo estator, pelo rotor e pela

caixa de engrenagens.

Estator (figs. 10 e 11) – É o componente responsável pela criação do campo

magnético através do qual a corrente elétrica gera o torque necessário para provocar o

movimento. Localiza-se no bloco motor.

Figura 10 - Foto do bloco motor sem carcaça, indicando a localização do estator

Figura 11 - Foto do estator

Rotor (figs. 12 e 13) - Através do torque gerado no estator, este componente

move-se rotatoriamente acionando o eixo a ele acoplado. Localiza-se no bloco motor e,

junto com o estator, constitui o motor.

Page 21: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Figura 12 - Rotor

Eixo (fig. 13) – É responsável por transferir o movimento do rotor às hélices e

acionar o mecanismo que provoca o deslocamento angular oscilatório.

Figura 13- Foto do bloco motor sem carcaça, mostrando o detalhe do eixo, do rotor e do cabo de ligação.

Mancais de deslizamento (fig. 14)– Utilizados para alinhar o eixo, o rotor e a

hélice e suportar as cargas axiais e radiais do conjunto. É acoplado ao eixo através de

uma bucha.

Eixo

Rotor

Cabo de Ligação

Page 22: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Figura 14 - Mancal de deslizamento

Hélice (fig. 9) - Utiliza a energia transferida pelo eixo para causar o movimento

principal do equipamento, gerando um fluxo de ar através de suas pás.

Caixa de engrenagens (figs. 15 e 16) - Compõem o mecanismo que provoca o

deslocamento angular oscilatório. Existem três engrenagens no sistema, sendo que a

primeira (motriz) transmite o movimento rotatório do parafuso sem-fim da extremidade

do eixo. Quando o pino de acionamento está acoplado, o movimento é transmitido da

engrenagem motriz para a segunda engrenagem (intermediária). A engrenagem

intermediária, por sua vez aciona a terceira engrenagem (movida) O movimento

rotatório da terceira engrenagem é transformado em movimento angular através de uma

manivela.

Figura 15 - Caixa de engrenagens no detalhe

Manivela

Sem-fim Pino de

acionamento

Engrenagem

motriz

Engrenagem

movida

Page 23: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Figura 16 - Componentes da caixa de engrenagem

Pino de acionamento (fig. 17) – Responsável por transferir o movimento da

engrenagem motriz à movida. Este componente opera em duas posições de forma que

ele pode estar acoplado ou desacoplado da engrenagem movida, ativando ou

desativando, respectivamente, o mecanismo de movimento oscilatório angular.

Figura 17 - Pino de acionamento

Manivela (fig. 15) – É ligada à base do ventilador em uma extremidade e à

engrenagem movida na outra proporcionando o movimento oscilatório angular.

Cabo de ligação (fig. 13) – Responsável por transmitir a energia elétrica da rede

ao estator.

Pino de

acionamento

Engrenagem

Movida

Engrenagem

Intermediária

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Estrutura de proteção (fig. 9) – Composta pela grade frontal e traseira, funciona

como um item de segurança tanto para que o equipamento não seja danificado (proteger

a hélice do meio externo), como também um item de segurança para o usuário.

Carcaça – Envolve todo o conjunto de motor elétrico, eixo e engrenagens,

isolando-os do meio externo.

Trava para regulagem da inclinação (fig. 9) – Permite a regulagem do ângulo na

vertical da cabeça do ventilador, através de seu desatarrachamento.

O princípio de operação do ventilador é relativamente simples. O sistema tem sua

potência fornecida através de um motor elétrico que gira a hélice utilizando um eixo

como elemento de transferência de movimento. Essa rotação da hélice provoca uma

sucção de ar na parte traseira do ventilador e uma descarga na dianteira, dessa forma

produzindo um fluxo de ar. Esse fluxo de ar é fruto do ângulo entre a hélice e o plano

frontal do ventilador associado à rotação do motor. Sem esse ângulo da hélice não

haveria fluxo e quanto maior a velocidade de rotação do motor, maior é a quantidade de

ar deslocada.

O motor elétrico é ajustado a uma determinada velocidade, regulada pelo operador. A

hélice, ligada ao motor, começa a girar deslocando a massa de ar, criando o fluxo. O

movimento do motor aciona a caixa de engrenagens na parte traseira do ventilador que

em conjunto com uma manivela provoca o movimento oscilatório angular da cabeça do

ventilador. Isso ocorre por que uma rosca presente no final do eixo se comporta como

um parafuso sem fim quando submetida ao movimento rotatório, acionando uma coroa

(motriz), que transmite a rotação para a outra engrenagem (movida). A engrenagem

movida é presa a uma manivela, que é a responsável pelo movimento oscilatório angular

da cabeça do ventilador.

Page 25: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

5 Processo de Manutenção do Sistema Escolhido

O ventilador doméstico de mesa é um aparelho de baixo custo e assim também é sua

manutenção, comparado com os demais eletrodomésticos devido a sua simplicidade.

Por isso, seus usuários não têm a preocupação em fazer a manutenção preventiva. Nas

assistências técnicas visitadas, todos os serviços realizados em ventiladores foram de

manutenção corretiva.

5.1 Etapas do processo

O processo de manutenção feito nas assistências técnicas são semelhantes, podendo ser

resumidos em um fluxograma de 9 etapas básicas:

ORÇAMENTO

DESMONTAGEM CHECK-IN PRÉ

DIAGNÓSTICO

DIAGNÓSTICO INTERVENÇÃO

TESTE

MONTAGEM

CHECK-OUT

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As etapas são detalhadas a seguir:

Check-in: O cliente chega na loja e relata os problemas observados no aparelho. Essa

etapa dura no máximo 5 min.

Pré diagnóstico: Baseado nas informações dadas pelo cliente, o funcionário identifica

qual a possível falha e quais suas possíveis causas. Como as informações do cliente nem

sempre são confiáveis, pois muitos clientes são leigos, esse não pode ser considerado

um diagnóstico propriamente dito. Assim, as informações do cliente servem como base

para o funcionário direcionar quais os componentes ele irá avaliar no diagnóstico. Essa

etapa dura no máximo 5 min e é simultânea ao check-in

Desmontagem: A desmontagem do aparelho é necessária para que a intervenção seja

feita. Para alguns defeitos o diagnóstico é possível sem a desmontagem, mas, como a

maioria dos defeitos são internos, geralmente é preciso desmontar o aparelho. Esse

procedimento dura em média de 2 a 3 min.

Diagnóstico: O diagnóstico propriamente dito é uma ratificação ou retificação do pré-

diagnóstico. O funcionário examina os componentes baseado nas informações do

cliente, verifica se as informações procedem, identifica qual é a falha e quais as

possíveis causas. Esse procedimento dura em média 5 min.

Orçamento: De posse da identificação da falha e suas possíveis causas é possível fazer o

orçamento do serviço de manutenção. O orçamento é feito em média em 3 min.

Intervenção: Na maioria das vezes, a etapa de intervenção no processo de manutenção

dos ventiladores constitui apenas na substituição do componente defeituoso. Essa etapa,

junto com o diagnóstico é a mais demorada, durando em média de 3 a 7 min, a depender

do defeito. Para defeitos mais complicados, essa etapa pode ser repetida várias vezes,

prolongando sua duração.

Teste: O equipamento é testado para verificar se a intervenção foi bem sucedida. Caso

não seja, a intervenção deve ser feita mais uma vez de maneira mais detalhada até que o

equipamento funcione de maneira correta. Essa etapa dura no máximo 1 min

Montagem: A depender de quais componentes tenham sido afetados, a montagem pode

ser feita antes ou depois de o equipamento ser testado. Para grande parte dos defeitos, a

montagem não precisa ser efetuada completamente para testar o aparelho. Essa etapa

dura em média 3 min.

Check-out: Entrega do ventilador para o cliente com o serviço de manutenção realizado.

Page 27: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

5.2 Principais falhas dos sistemas em estudo

Todas as falhas verificadas nas entrevistas com as assistências técnicas estão listadas no

anexo 2. Na tabela abaixo estão listadas as principais falhas que serão detalhadas em

seguida.

Tabela 3 - Principais defeitos nos ventiladores em estudo acusados pelas assistências técnicas

Item Falha Causa Gravidade Reparo Custo

(R$)

Tempo

(Min)

1

Ruído durante

o

funcionamento

Folgas entre a parte

lateral do estator e o

restante do corpo do

motor causam

vibração, gerando o

barulho.

Média Substituição

do estator 45 45

2

Quebra do

suporte de

articulação

Quedas ou qualquer

tipo de choque no

aparelho.

Alta Substituição

do suporte 20 15

3

Travamento do

motor durante

o

funcionamento

Problema na bobina Alta Substituição

do motor 20 35

4 Queima do

fusível

Queda de energia

quando plugado ou

uso em tensão

indevida (mal uso)

Alta Substituição

do fusível 20 18

5

Não

funcionamento

do motor

Devido ao desgaste

do estator e do

conjunto de buchas

em torno do eixo, o

motor começa a

apresentar

problemas de

vibração até o ponto

em que deixa de

funcionar.

Alta

Substituição

do estator. Há

casos em que

é possível

apenas uma

limpeza e

lubrificação

das peças do

motor

30 30

6

Interrupção na

transmissão de

corrente para o

aparelho

Folga do cabo de

alimentação, devido

a uma má fixação

ou por alguma

queda sofrida pelo

ventilador.

Alta

Emenda do

cabo ou

substituição.

10 18

7

Não

funcionamento do motor

Queima do motor

por

superaqucimento,

devido ao uso

Alta Substituição

do motor 25 40

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prolongado

8

Interrupção do

movimento

oscilatório

horizontal

Uma das

engrenagens

responsáveis pelo

movimento sai do

conjunto.

Baixa

Substituição

da

engrenagem

20 20

1- O ruído ocorre durante o funcionamento do ventilador, independente da velocidade

da hélice, e incomoda bastante quem estiver no mesmo ambiente que o ventilador. Ele é

provocado por folgas entre a parte lateral do estator do motor (fig. 1) e o restante do

corpo do motor. Devido a essa folga, há muita vibração entre o estator que é feito de

plástico e o resto do corpo do motor feito de metal, causando o barulho e grande

desgaste da peça feita de plástico. Os principais componentes afetados são as buchas do

motor e o eixo que gira a hélice. Por se tratar de um desgaste dos elementos, o

procedimento de manutenção adotado é a troca destes por peças novas, mas de mesmo

material, resolvendo o problema momentaneamente até que ocorra o desgaste

novamente.

2 – O suporte de articulação, que fica localizado na junção entre a parte móvel do

ventilador e o seu suporte, frequentemente apresenta quebra. Sem o suporte de

articulação, o ventilador fica partido em duas peças e não pode ser usado. A principal

causa da falha é que o suporte feito de plástico não é resistente o suficiente para

aguentar impactos no caso de quedas ou qualquer tipo de choque. As versões anteriores

do modelo possuíam uma bucha metálica que dava suporte à peça plástica aumentando

sua resistência, porém a bucha foi removida nos modelos atuais. O serviço de

manutenção consiste na troca da peça que falhou por uma idêntica, pois atualmente só

há no mercado peças sem a bucha metálica.

3 - O motor trava repentinamente durante o funcionamento. Isso acontece por um

problema na bobina e o principal componente afetado é o próprio motor que para de

funcionar. Na serviço de manutenção, o motor é substituído por um novo idêntico ao

danificado.

4 - Fusível queima com bastante frequência. O problema é provocado quando há uma

queda de energia e o ventilador não é removido da tomada. Pode também ocorrer

queima do fusível se o usuário conectar a tomada numa rede com tensão diferente

daquela para a qual o aparelho foi projetada. Nenhum componente é afetado, pois o

fusível protege os outros componentes.

5 – Esse defeito é um agravamento da falha 1. Devido ao desgaste, o motor começa a

apresentar problemas de vibração até o ponto em que deixa de funcionar. Como apenas

o estator lateral do motor é feito de plástico, o motor não é perdido. O serviço consiste

na troca das peças plásticas por outras novas de mesmo material, o que permite que o

problema volte a ocorrer mesmo havendo substituição da peça. Há casos em que é

Page 29: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

possível apenas uma limpeza e lubrificação das peças do motor, o que ocasiona um

desgaste menor com o passar do tempo até que a peça necessite ser trocada.

6 - Rompimento do cabo de alimentação do motor no ventilador. O problema aparece,

pela simples folga do cabo ligado ao motor que por não estar bem fixado se solta ou

aparece por algum choque do ventilador e o cabo é partido. O serviço é realizado

através da emenda do cabo ou substituição por um novo a depender do estado em que se

encontra o cabo.

7 - O motor não liga mais. Alguns dos ventiladores superaquecem depois de passar

muito tempo ligado, e isso queima o motor. Nas ocasiões em que isso ocorreu, apenas o

motor foi danificado, tendo que ser substituído por um novo, mas idêntico, havendo

possibilidade de o defeito acontecer novamente. Esse defeito é menos freqüente.

8 - O movimento oscilatório deixa de funcionar devido a uma falha na caixa de

engrenagem. Essa falha ocorre quando uma das engrenagens desconjuga da outra, não

transmitindo o movimento. Geralmente isso ocorre devido ao mal uso do usuário,

quando ele aciona com muita força o botão de acionamento de oscilação horizontal.

Esse defeito não impede o funcionamento do ventilador, por isso, muitas vezes os

usuários não procuram a assistência técnica para consertar o aparelho.

Page 30: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

6 Equipamentos de Manutenção

As ferramentas utilizadas para a manutenção de um ventilador qualquer, de maneira

geral, são geralmente as mesmas. Tais ferramentas são relativamente simples e de fácil

manuseio, devido ao fato de o ventilador ser um aparelho simples. Dentre elas pode-se

citar a chave de fenda, multímetro e alicate. Essas ferramentas estão detalhadas a seguir

e posteriormente há uma tabela com os fabricantes dessas ferramentas.

6.1 Chave de fenda

São ferramentas de metal com cabo isolante (geralmente plástico ou acrílico). Possui

ponta estreita e chata e possibilita ao operador fixar e remover parafusos. Para isto,

encaixa-se a chave na fenda do parafuso e gira-se a mesma.

São as ferramentas mais utilizadas na manutenção de ventiladores. (fig. 14)

Figura 18 - Chave de fenda

6.2 Multímetro

É um aparelho capaz de medir algumas grandezas elétricas, tais como corrente e tensão.

Pode ser de mostrador analógico ou eletrônico.

A sua função na manutenção de ventiladores é a de analisar a passagem de corrente nos

pontos onde se deseja conhecer (fig. 15)

Page 31: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Figura 19 - Multímetro (a) de mostrador analógico; (b) de mostrador eletrônico

6.3 Alicate

São ferramentas articuladas que servem para multiplicar a força aplicada pelo operador

sobre um determinado objeto. Esse aumento da força é explicado com base no princípio

de alavanca, ou seja, aumentando-se o braço de alavanca (distância entre o ponto em

que se deseja aplicar a força e o ponto onde realmente se exerce a mesma), é necessária

a aplicação de uma carga menor para obter mesmos resultados.

Os alicates podem ser dos tipos de corte, de pressão e universal.Os alicates de corte

possuem a função básica de cortar. Os de pressão são usados para fixar peças e

desapertar parafusos danificados, por exemplo. Os universais são capazes de pressionar

e cortar.

No caso da manutenção de ventiladores,os alicates têm a função de fixar peças para

auxiliar na remoção de parafusos, por exemplo (fig. 16)

Figura 20 - Alicate

Page 32: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Tabela 4 - Empresas fabricantes dos ferramentais utilizados na manutenção de ventiladores

Empresa/

tipo

equipamento

Chave de

Fenda Alicate Multímetro

Tramontina X X

Sunwa X

Timrich X X

Componel X X X

Brasfort X X X

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7 Avaliação de Manutenibilidade

A manutenibilidade de dois modelos foi avaliada e posteriormente seus resultados

foram comparados buscando encontrar o ventilador com melhor manutenibilidade.

Ambos os modelos escolhidos possuem 9 assistências técnicas autorizadas em Salvador

que estão listadas no anexo 3.

O primeiro modelo, o VE30 da Arno (fig. 7) possui um motor de 55 Watts de potência,

três velocidades de funcionamento, uma hélice com diâmetro de 30 cm, 55 cm de altura

e pesa 1,9 kg.

O modelo fabricado pela Mallory, o Mesa Boreal (fig. 8), foi escolhido por ter

características semelhares ao primeiro modelo. Ele também possui um motor

fornecendo 55 Watts de potência, os mesmo 30 cm de diâmetro da hélice, três

velocidades de funcionamento, sendo um pouco mais baixo e ligeiramente mais leve,

com 53 cm de altura e 1,8 kg.

7.1 Resultado das Visitas às Assistências

O objetivo das visitas realizadas a 4 assistências técnicas na cidade de Salvador, era

levantar as principais falhas que ocorrem nos dois eletrodomésticos de marcas distintas.

Era necessário levantar os componentes afetados por uma determinada falha com o

intuito de perceber se uma pequena falha, muitas vezes negligenciada, estava causando

um grande estrago no equipamento. Em cada uma das assistências buscou-se obter as

seguintes informações sobre as falhas:

Causa

Reparo executado

Custo do reparo

Tempo de reparo

Gravidade

Um relatório detalhado com informações das visitas realizadas encontra-se em anexo

nesse documento.

O parâmetro utilizado para avaliar a gravidade da falha, foi a classificação das

consequências causadas por esta falha. A avaliação foi classificada em alta, média e

baixa de modo que danos que apresentassem consequências insignificantes seriam

considerados de gravidade baixa, os danos que causassem algum tipo de avaria maior

que a baixa seria classificada média, passando para alta quando o dano fosse maior.

Essa classificação na forma de avaliação pode ser vista na tabela a seguir de maneira

mais detalhada.

Page 34: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

Tabela 5 - Classificação da gravidade das falhas

A tabela abaixo traz os resultados de forma simplificada de acordo com os critérios

estabelecidos, apresentando a análise de cada uma das falhas identificadas.

7.2 Análise de Manutenibilidade

Manutenibilidade é um atributo que caracteriza a maior ou menor facilidade de realizar

as atividades de manutenção. Os fatores e causas determinantes da manutenibilidade

têm relação com o projeto, mas também tem vinculação com questões como erros de

operação e falta de sobressalentes, entre outros. Uma parte das causas da baixa

manutenibilidade está nas deficiências de projeto que dificultam a execução do processo

de manutenção. A utilização de técnicas de engenharia reversa permite obter

informações do projeto para estudar a manutenibilidade da máquina. (Sacramento,

2010)

Quanto maior a manutenibilidade, menor será o custo na hora de realizar um serviço de

manutenção devido a facilidade com a qual o serviço é executado. As empresas além de

preocuparem com a qualidade de seus produtos na hora do projeto, também devem estar

preocupadas com a manutenibilidade do seu equipamento. Se o produto apresentar

alguma falha e a manutenibilidade dele for baixa, o preço do conserto pode beirar o

preço de um equipamento novo e o cliente desiste daquela marca e parte para outra que

oferece esse benefício. Com isso podemos ver que manutenibilidade toma grande

importância no projeto e deve receber devida atenção quando a empresa está

preocupada com a imagem de sua marca e a satisfação de seus clientes.

Este conceito de manutenibilidade também se encontra atrelado ao da confiabilidade.

Isso é simples de perceber, pois se uma maquina apresenta maior facilidade de execução

durante a manutenção, ela pode ser considerada mais confiável mostrando menor

chance de falhar.

Nesse contexto, percebe-se a necessidade de indicadores para a avaliação da

manutenibilidade. Esses indicadores irão julgar cada etapa do processo de manutenção e

a eles é dado uma nota que varia de 0 a 10, sendo 0 nenhuma contribuição com a

manutenibilidade e 10 total contribuição com a manutenibilidade. Essa nota associada a

pesos ligados à importância de que cada parte toma no processo define a

CLASSE DA FALHA DESCRIÇÃO

BAIXANão prova perda do desempenho do equipamento e não pode

causar nenhum dano ao usuário ou equipamento

MÉDIA

Diminui o desempenho do equipamento, mas não impede de

fncionar parcilamente. Pode causar futuros danos mais sérios,

porém não causa dano ao usuário.

ALTAImpede que o equipamento funcione. Pode causar sérios danos

(irreversíveis) ao equipamento. Espõe o usuário a riscos.

Page 35: 58315518 Manutenibilidade Em Ventiladores Equipe 5 2011 1

manutenibilidade daquela falha. Os indicadores estão apresentados abaixo com seus

respectivos pesos e estes estão justificados na tabela 6.

Facilidade de acesso (Peso 5) - Possui grande importância para a realização da

manutenção. Muitas vezes uma dificuldade no acesso a determinado

componente crítico, provoca a substituição de uma peça em bom estado ou

mesmo do equipamento como um todo pela impossibilidade de manutenção

apenas da peça que falhou.

Grau de especialização exigido da mão-de-obra (Peso 3) - Se o manutenção

exigir um profissional com alta qualificação, devido à complexidade do serviço,

o custo do serviço se torna mais caro e em alguns casos é mais vantajoso

adquirir um aparelho novo. Quanto maior for o nível de especialização

requerido, menor a nota dada.

Simplicidade ferramental (Peso 3) - Esse indicador avalia se o processo

necessita de um ferramental especial, que muitas vezes são difíceis de ser

obtidos no mercado e possuem preço mais elevado.

Conteúdo do Manual (Peso1) - Avalia se o manual traz todas as informações

necessárias para que o usuário saiba em que condições o produto deve operar e

como manuseá-lo de maneira que ele dure mais sem que haja mal uso.

Especificações técnicas e informações sobre assistências técnicas autorizadas

devem estar presente.

Possibilidade de propagação do defeito (Peso 4) - Em alguns casos, a falha de

algum componente, por menor que seja, pode danificar outras peças e cessar o

funcionamento do equipamento. Já em outros casos, mesmo com mais de um

componente danificado, o aparelho continua a funcionar parcialmente.

Frequência da falha (Peso 4) - Fator de extrema importância, que determina a

confiabilidade do sistema e pode evidenciar sérias deficiências de projeto dos

componentes envolvidos na falha. Em virtude disso, o peso atribuído foi o

máximo da escala adotada, 4. Quanto menor for a nota, mais frequente é o

defeito.

Número de componentes envolvidos no serviço (Peso 5) - Quanto mais

componentes estiverem envolvidos na manutenção do aparelho, mais

ferramentas serão utilizadas, mais tempo será gasto no processo e, em algumas

situações, mais peças em bom estado, deverão ser trocadas. Quanto maior o

número de componentes envolvidos no processo, menor a nota dada.

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Tabela 6 - Peso dos indicadores na manutenibilidade

Fonte: Autor

Para a atribuição das notas de forma a transformar a avaliação qualitativa em

quantitativa foi criado o critério descrito abaixo na tabela 7.

Tabela 7 - Critério utilizado para atribuição das notas

CRITÉRIO NOTA

Ruim 1

Regular 4

Bom 7

Excelente 10

Fonte: Autor

Utilizando os critérios apresentados nas tabelas 6 e 7, foram atribuídos valores aos

índices como mostrados na tabela 8 a seguir.

Tabela 8 - Avaliação de manutenibilidade

INDICADORES PESO NOTA PARCIAL

ARNO VE30 MESA BOREAL

Facilidade de acesso 5 7 10

Grau de especialização exigido da mão de obra 3 10 10

Simplicidade ferramental 3 10 10

Facilidade de diagnóstico 3 7 7

Conteúdo do Manual 1 7 10

Frenquência da falha 4 7 4

Possibilidade de propagação do defeito 4 7 4

Número de componentes envolvidos no serviço 5 4 7

Somatório 28 Σ(PiNi)=199 Σ(PiNi)=208

Nota final 7,1 7,4

7.3 Análise dos resultados

Como pudemos constatar, o modelo Boreal da Mallory obteve desempenho ligeiramente

melhor que o modelo VE30 da Arno em relação à manutenibilidade, sendo que ambos

foram classificados como manutenibilidade boa. Uma observação feita por um

entrevistado em uma das visitas às assistências, foi que o ventilador da Arno é um

produto superior ao da Mallory, uma vez que apresenta falhas menos freqüentemente.

Porém, a manutenção do ventilador Mallory é mais simples e barato, pois possui menos

componentes e de manutenção mais fácil.

PESO CLASSIFICAÇÃO

1,0 e 2,0 Pouca influiência na manutenibilidade

3,0 Causa algum tipo de prejuízo na manutenibilidade

4,0 e 5,0 Grande influência na manutenibilidade

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7.4 Proposta de melhoria

A parte lateral do estator, nesses modelos de ventilador, é de plástico e por isso se

desgasta facilmente. Esse fato gera as folgas que são as causas da vibração. Esta, por

sua vez, ao longo do tempo faz com que o motor pare de funcionar adequadamente.

Como proposta de melhoria, sugere-se que a parte lateral do estator seja feita de um

material mais resistente. Isto aumentaria a vida útil da peça, diminuindo a freqüência da

falha.

Em relação a manutenibilidade, o modelo VE30 da Arno pode ser melhorado

simplificando as informações do manual, diminuindo o numero de componentes e

simplificando seus mecanismos de funcionamento. Já o modelo Boreal da Mallory pode

melhorar sua manutenibilidade melhorando a qualidade dos seus componentes,

aumentando a vida útil deles.

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8 Referências

1- Introdução à Engenharia Mecânica. Jonathan Wickert, 2ª Ed, Ed. Thomson 2007

2- Projeto na engenharia. Gerhard Pahl, Wolfgang Beitz, Jörg Feldhusen, Karl-

Heinrich Grote, 6ªed., Ed Edgard Blücher, 2005.

3- Gerenciamento de Projetos. Carlos Magno da Silva Xavier. 1ª Ed. Ed Saraiva.

2006.

4- Maintainability, Maintenance, and Reliability for Engineers. B. S. Dhillon.

2006.

5- R7 Notícias. Vinícius Alburqueque 05/02/2011

6- BLANCHARD, Benjamin. Logistics engineering and management. 4th ed.

Englewwod Cliffs: Prentice Hall, 1992. p. 15.

7-