510-1648-1-pb.pdf

10
Ensino da História e Cultura Afro- Brasileira e Africana: professores paranaenses falando sobre a implementação da lei nas aulas de matemática Josiane de Fátima Kolodzieiski 1 GD5 História da Matemática e Cultura Resumo O Brasil é um país de grande miscigenação e pluralidade cultural e tem como predominância, segundo os últimos dados do censo realizado pelo IBGE em 2010, pessoas que se declararam pardos ou negros. No campo político, depois de muitas lutas, os movimentos sociais negros conseguiram que em 9 de janeiro de 2003, o Presidente da República sancionasse a implementação da Lei 10.639/03 que trata da obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro- Brasileira e Africana para ser desenvolvidas por instituições públicas e privadas em todo o país, que deverá contemplar atividades nas diversas disciplinas do currículo, com a finalidade de conhecer e valorizar a cultura de quem construiu um Brasil, juntamente com os imigrantes que aqui chegaram. Nesta perspectiva a presente pesquisa visa descrever como se constituiu historicamente a implementação da Lei 10.639/03 (que completou dez anos em janeiro de 2013) e como o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem se concretizado nos espaços escolares, em particular na disciplina de matemática. A coleta de dados será feita através de documentos oficiais e de depoimentos dos professores que atuam em diversas instâncias da Secretaria de Estado da Educação (SEED) no Paraná. As entrevistas serão conduzidas na perspectiva da História Oral temática e o resultado do trabalho se constituirá como fonte para novas pesquisas sobre o tema. Palavras-chaves: Educação Matemática - Políticas públicas. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Ensino aprendizagem. Introdução Pluralidade Cultural e Educação Matemática A população brasileira se constitui por muitos imigrantes oriundos de vários países, com diferentes etnias, o que coloca os indivíduos de grupos diferenciados em contato um com o outro, e isso, muitas vezes, leva as pessoas - por não entender a cultura do outro a desenvolver atitudes de preconceito e discriminação que permeiem essas relações entre os grupos. Para viver a democracia na forma mais legítima é necessário que os indivíduos na sociedade aprendam a respeitar as diferentes culturas que formam seu país, e o âmbito escolar é um dos locais para o conhecimento e a aprendizagem sobre essa diversidade 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática, Universidade Federal do Paraná, email: [email protected]. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna.

Upload: kellyo-de-oliveira-lima

Post on 16-Aug-2015

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Ensino da Histria e Cultura Afro- Brasileira e Africana: professores paranaenses falando sobre a implementao da lei nas aulas de matemtica Josiane de Ftima Kolodzieiski 1

GD5 Histria da Matemtica e Cultura Resumo OBrasilumpasdegrandemiscigenaoepluralidadeculturaletemcomopredominncia,segundoos ltimosdadosdocensorealizadopeloIBGEem2010,pessoasquesedeclararampardosounegros.No campopoltico,depoisdemuitaslutas,osmovimentossociaisnegrosconseguiramqueem9dejaneirode 2003, o Presidente da Repblica sancionasse a implementao da Lei 10.639/03 que trata da obrigatoriedade do ensino da Histria e Cultura Afro- Brasileira e Africana paraser desenvolvidas por instituies pblicas e privadasemtodoopas,quedevercontemplaratividadesnasdiversasdisciplinasdocurrculo,coma finalidade de conhecer e valorizar a cultura de quem construiu um Brasil, juntamente com os imigrantes que aquichegaram.Nestaperspectivaapresentepesquisavisadescrevercomoseconstituiuhistoricamentea implementao da Lei 10.639/03 (que completou dez anos em janeiro de 2013) e como o ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem se concretizado nos espaos escolares, em particular na disciplina de matemtica.Acoletadedadosserfeitaatravsdedocumentosoficiaisededepoimentosdosprofessores queatuamemdiversasinstnciasdaSecretariadeEstadodaEducao(SEED)noParan.Asentrevistas sero conduzidas na perspectiva da Histria Oral temtica e o resultado do trabalho se constituir como fonte para novas pesquisas sobre o tema. Palavras-chaves:EducaoMatemtica-Polticaspblicas.HistriaeCulturaAfro-Brasileirae Africana. Ensino aprendizagem. Introduo Pluralidade Cultural e Educao Matemtica Apopulaobrasileiraseconstituipormuitosimigrantesoriundosdevriospases,com diferentes etnias, o que coloca os indivduos de grupos diferenciados em contato um com o outro,eisso,muitasvezes,levaaspessoas-pornoentenderaculturadooutroa desenvolver atitudes de preconceito e discriminao que permeiem essas relaes entre os grupos. Para viver a democracia na forma mais legtima necessrio que os indivduos na sociedadeaprendamarespeitarasdiferentesculturasqueformamseupas,eombito escolarumdoslocaisparaoconhecimentoeaaprendizagemsobreessadiversidade

1MestrandadoProgramadePs-GraduaoemEducaoemCinciaseemMatemtica,Universidade Federal do Paran, email: [email protected]. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna. cultural. Pelo conhecimento os indivduos aprendem o respeitar os direitos de igualdade do seusemelhante,aprendemavalorizarasdiferentesculturasqueformamasociedadedo pas e podem superar o preconceito que resultado da ignorncia.NestesentidoDias(2011)argumentaacercadequaldeveseropapelsocialdaescolana formaodosindivduoseavalorizaodasdiferentesculturasCabeescolaconstituir elementosquepossamrompercomoimaginrionegativosobreosdiferentesgrupos tnicos, que reitera a suposta culpa atribuda a estes pela discriminao e pela desigualdade social.Referindo-se tambm ao espao escolar Rosa (2008), apresenta em sua discusso referindo-seaestecomoumlugarondeseencontramindivduoscomcaractersticas prprias e diferentes um do outro, no qual a educao e a cultura se produzem em meio a estas caractersticas. Aescolaofereceumlugarinstitucionalparaummtodo,emconvvio.Ondese desenvolvaumaposturaintencionaldeinquietaoedepensamentocrtico. Usandoaheranadetonsefundamentoseducativosquesederamesedo, ancestralmente,emambientesno-escolares,formandoumaposturaintegral.E que, chegados escola, parecem carecer deexplcitainteno edejustificativa, decompreender ainstituioem queesto eo carter darepresentao sociale poltica que lhes envolve, que organiza o arranjo entre a cultura que chega e a escolaquerecebe.[...]AEducaodependedaconvivnciasocial.Do encontro. Da co-laborao, do acon-tecer. ( ROSA, 2008, p. 126-129) Otemaqueretrataapluralidadeculturalexpressaaimportnciadesevalorizaros diferentesgrupossociaisqueestopresentesnoBrasil,asuaetniaecultura,favorecendo ao educando o conhecimento sobre grande a miscigenao do Pas que at por vez ou outra exclui e descrimina o individuo da sociedade, um pas complexo s vezes contraditrio, um pasesuasmultifaces.Aabordagemdessatemticatrazorientaescomafinalidadede entenderadiversidadetnicaecultural,noqualoBrasilestinserido,entendendoas relaesdedesigualdades,deformapossibilitarconhecerasvriasetniaseculturas, aprendendoavalorizaressasdiferenas,poisavalorizaodesseselementosnoquer dizerquesetenhaqueaderirformadeviverdooutro,esimaprenderarespeitara maneira em que o outro se expressa, o modo de representar a sua cultura, os seus costumes sem descrimin-lo. Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais da Pluralidade Cultural: Aafirmaodadiversidadetraofundamentalnaconstruodeumaidentidade nacional que se pe e repe permanentemente, tendo a tica como elemento definidor das relaes sociais e interpessoais. (BRASIL, 1997, p. 121). Entretantoimportantesalientaraquiqueadesigualdadeaqueserefereotemaversasobrediversidadesculturais,enodesigualdadesocioeconmica(que,todavia,no ignoradaumavezqueasculturasseconstroememmeiosdesigualdadessociaise socioeconmicas),assimcomofatoqueasingularidadedessasdiferenasculturais geradaaolongodahistrianoprocessodeconstruodasociedade,conformeadecada grupo social. E as produes culturais no ocorrem fora deste contexto, mas sem em meio aessadesigualdadequeseinterligacomasrelaesdepodereexploraodosfatores sociais, econmicos e polticos. Sendo que tanto a discriminao como as desigualdades sociais, promovem de certa forma atofatdicaexclusosocial,poisambassoexcludenteseimpossibilitamaos indivduos o acesso as produes culturais. Santana(2010)emsuateseretrataanecessidadedeaproximaroeducandododiferente paraaformaosocialecultural,sendoquetangenosomenteaumaououtrareado, mas se amplia a todas as demais reas conhecimento: [...]faz-senecessriaumaconscinciasocialeculturalbaseadanumaanlise temporal da realidade brasileira, em que se garantam condies para que o aluno reconheaasiprpriocomoumanecessidadebsicadesobrevivncia,eao outro, como um diferente, na construo de sua prpria realidade, conhecendo e interagindocomsuaprpriaculturaeinterculturalidades.[...]essecicloentre ensinar e aprender um empreendimento coletivo de vrias mos e vem tentando construir em diversos mbitos das instituies sociais umaprtica metodolgica que aproxime as diferenas culturais abrangendo todas as reas do conhecimento cientfico como estratgia de combate ao preconceito e discriminao cultural. (SANTANA, 2010, p. 60-61). Eamatemticacomocinciafazpartedacriaohumanaecadapovo,cadacivilizao criouasuaprpriamaneiradecontar,medir,eensinarosseusdescendentesessacincia denominada de exata. Ao olharmos para o passado ancestral de cada povo e compararmos com a matemtica da atualidade poderemos ver o quanto esta se transformou ao longo dos tempos.Assimcomoasdemaiscincias,amatemticafazpartedeconhecimentoeda aprendizagemdosindivduosaolongodavidaescolar,assimelatambmpodeser ensinadaparaalmdosnmeros,frmulasedemonstraesetambmelemento importanteparacomporaaprendizagemdadiversidadedecultura.Usaramatemtica como um aliado e ruptura de paradigmas que promovam o conhecimento das culturas, pois todoindivduoqueviveemsociedadeprodutordecultura,nestecontextoSilva argumenta quando diz que : OusodaMatemticacomoinstrumentocapazdeauxiliarnaconstruoda conscincia crtica do indivduo, necessria s lutas pelas transformaes sociais, umdeles;ocompromissoealutapeloreconhecimentodosvalores socioculturais,dastcnicasedasprticasdasminoriasrepresentamoutro orientador relevante; e o compromisso com a educao transformadora, na busca deumasociedadejustaeigualitria,tambmtemsidodeimportnciacrucial.( SILVA, 2008, p. 71). Oconhecimentomatemtico,asabstraeseconjecturasqueoindivduoelaboraparaa construodossaberesestointimamenteligadascomocontextosocialnoqualestese encontra.Comoasconstantesmudanasdasociedadeeanecessidadedeintroduziras diversidadesgeraramanecessidadedeumareflexo,nosentidodetrazerparaombito escolarumensinoquepossibilitasseavalorizaodasrazesafricanasea interdisciplinaridade contribuindo para a formao do cidado.Nadisciplinadematemticamuitosprofessorestmdificuldadesrelacionaramatemtica com a histria e cultura africana e de inserir essa temtica em sala de aula, pois estes no tiveramemsuaformaoacadmicadisciplinasrelacionadasnessestemas,que fornecessemsubsdiosnecessriosparasetrabalharcomoassuntoemquesto.Dao interesseporconhecercomoesteensinovemsendodesenvolvido,ecomoseconstituiua implementao da Lei 10.639/03 nos espaos escolares do Estado do Paran na disciplina dematemtica.Indaga-seainda:comoqueosprofessoresdematemticaestofazendo essainclusodemaneiraqueprivilegiecontedosmatemticoseumaaprendizagem significativa? A Finalidade da Pesquisa Algumas etapas da pesquisa so: Analisar como seconstituiu a implementao daLei 10639/03 que trata de incluiroensinodaHistriaeCulturaAfro-BrasileiraeAfricana, ministrados no mbito de todo o currculo escolar em especial como esta se deu na disciplina matemtica no Estado do Paran. Conhecerosobstculosenfrentadospeloseducadoresdeincluirotema aliadas a matemtica, como as estratgias que favoreceram a aprendizagem dos conceitos e procedimentos matemticos nesta incluso. Investigaraspossibilidadesdeensinoaprendizagemquesurgiram ensinando uma matemtica para alm dos contedos programticos, fazendo uma abordagem interdisciplinar relacionando o ensino da Histria e Cultura Afro-BrasileiraeAfricanaaomesmotempoabordandocontedos matemticos. EstetrabalhodepesquisatambmsejustificapelofatodequeoParanfoiumdos primeiros na implementao da lei aps sua promulgao e sano, procurando mostrar de como se foi construindo essa trajetria durante esses anos de maneira que contemple a Lei 10.639/03, como essas atividades foram sendo desenvolvidas relacionando a matemtica e oensinodeHistriaeCulturaAfro-BrasileiraeAfricana,deformaquecontribua significativamente para o ensino aprendizagem da matemtica, possibilitando tambm uma compreenso do contexto da Histria da Cultura Africana.Fundamentao Terica Depois de muitas lutas os movimentos sociais negros conseguiram que em 9 de janeiro de 2003, que o Presidente da Repblica sancionasse a implementao da Lei 10.639/2203 que trata da obrigatoriedade de incluir o tema de ensino da Histria e Cultura Afro- Brasileira e Africanaparaserdesenvolvidasporinstituiespblicaseprivadasemtodoopas,que dever contemplar atividades interdisciplinares pelas diversas disciplinas do currculo, com afinalidadedeconhecerevalorizaraculturadequemconstruiuumBrasil,juntamente com os imigrantes que aqui chegaram. OdecretodeLei10.639/03quetratadainserodoscontedosdeHistriaeCultura Afro-Brasileira nos currculos escolares diz no seu: Art26-A.Nosestabelecimentosdeensinofundamentalemdio,oficiaise particulares,torne-seobrigatriooensinosobreHistriaeCulturaAfro-Brasileira.[...]2oscontedosreferentesHistriaeCulturaAfro-Brasileira seroministradosnombitoescolardetodoocurrculoescolar[...]. (PARAN, 2008, p. 5). AsDiretrizesCurricularesNacionais,aDeliberao04/06,dizemseuartigotrazemem seu contexto em seu artigo 2 que: OProjetoPoltico-Pedaggicodasinstituiesdeensinodevergarantirquea organizaodoscontedosdetodasasdisciplinasdamatrizcurricular contemple, obrigatoriamente,ao longo do ano letivo, aHistriaeCulturaAfro-BrasileiraeAfricananaperspectivadeproporcionaraosalunosumaeducao compatvelcomumasociedadedemocrtica,multiculturalepluritnica. (PARAN, 2006, p. 7). Dessaformarelevantequeasinstituiesdeensinopromovamatividadesquetratem sobre a pluralidade cultural e queestas sejam parte integrante docurrculo, pois atravs docurrculoqueseconfiguramoselementosdossaberes,competncias,sucessoeat mesmo o fracasso.Silva (2010), ao fazer suas consideraes sobre o currculo aborda a relao existente entre cultura,conhecimentoeconstruodasidentidadesecomoasrelaesculturaisesociais se interligam e da importncia destas fazerem parte do currculo, pois a cada dia surgem na sociedade novas analogias culturais e sociais, o mundo em que se vive encontra sempre em transformaes,emumtempoondeosmenosprivilegiadossoexploradospelasmassas dopoder,emtempoondesevaexclusoeexploraodealgunsembenefcioauma minoria.Emumtempoondesevampliadaaspossibilidades,emtempodesupremacia dos indivduos frente a algumas situaes.SegundoSilva(2010)aculturavaialmdomododevidaeseuscostumes,ela fundamentalmente,prticadesignificaodeformaqueelapassacompreenderomundo social, de formaa transform-lo. E a identidadeassim como a cultura no um elemento finalizado,esimobjetodeumaincessanteconstruo.Deformaqueadiferenacultural no se estabelece de forma isolada e autnoma, mas sim est relacionada com os processos deexcluso,devigilncia,defronteiras,deestratgias,dediviso.Noqualasdiferenas queseestabelecemnososimtricaseestointimamenteligadasasrelaesdepoder. Elaresultadodeumprocessodeconstruo,eocurrculocomoformasignificantese interligaaformaodasidentidadessociais,emmeioaoprocessoderepresentao,do incluiredeexcluir,dasrelaesdepoder,ondeseformaasidentidadessociaisque dividem a sociedade. Etrazeressasquestesdapluralidadeculturalcomoformadeconhecimentocoma finalidadedemudanadaatualconjunturadedesigualdadessociaisentreapopulao negraebranca,visandoextinguiropreconceitoaindaexistente,sendoqueumadas melhoresformasdeextirparcomessetipodepreconceitoatravsdatrocade conhecimentosentreospovos.OensinodeHistriaeCulturaAfro-BrasileiraeAfricana comintuitodevalorizaodonegro,dasuahistriaecultura,assimcomoseestudame valorizam as demais culturas asiticas e europeias. E sobre este ponto de vista que a matemtica deve atuar como um meio para contribuir para a mudana. E como diz D' Ambrosio: Amatemticaimpscomfortepresenaemtodasasreasdoconhecimentoe emtodasasaesdomundomoderno.Suapresenanofuturosercertamente intensificada, mas no da forma praticada hoje. Ser sem dvida, parte integrante dos instrumentos comunicativos, analticos e materiais. A aquisio dinmica da Matemticaintegradanossaberesefazeresdofuturodependendodeoferecer aos alunos experincias enriquecedoras. Cabe ao professor do futuro idealizador, organizador e facilitar essas experincias (D'Ambrosio, 2005, p. 46). AssriesfinaisdoEnsinoFundamentalnaabordagemdaorigemdossistemasde numerao, os nmeros, contagem, medida, o professor ao ensinar contempla muitas vezes ahistriaeculturadascivilizaesegpcia,romana,maiaeentreoutras.Dessamesma maneiraquandoosalunosiniciamaaprendizagemdecontagemseaprendeumpoucode histria,assimtambmsepoderelacionarahistriaeaculturaafricanavalorizandoa culturadesteecontribuindoparaamudanadasociedadeatravsdoestudodas curiosidades, das diferenas, da reflexo, da histria e da cultura africana.Nesse sentido as Orientaes e Aes para a Educao das Relaes tnico-Raciais (2006), declaram que: Amatemticafazpartedacultura,portantodeveserumaprendizadoem contextosituado do particular ao universal. Para a populao negra, em especial, necessrio tornar o ensino da Matemtica vivo, respeitando a cultura local com base na histria e cultura dos povos, quando e como vivem, como comem, como se vestem, como rezam, como resolvem as questes cotidianas que envolvem os conhecimentos matemticos ( p. 194). Nestesentido,aabordagemdapesquisatercomobasedecomoseconstituiua implantaodaleiquetratadaobrigatoriedadedoensinodaHistriaeCulturaAfro- BrasileiraeAfricanaporessesdezanosaliadoaoscontedosmatemticos,esuas contribuiesparaumaaprendizagemsignificativaquecontribuaparaoensinotantoda matemtica como para o ensino da Cultura e Histria Africana. Metodologia Este trabalho de pesquisa tem por objetivo criar fontes mediantes o uso da metodologia da HistriaOral,tendocomotemadeinvestigaoomodocomoseconstituiua implementaodaHistriaeCulturaAfro-BrasileiraeAfricananosespaosescolaresda rede estadual de ensino, seus obstculose contribuies ao aliar um tema que diz respeito sdiversidadescomamatemtica.Nestesentidoapesquisavisaconheceras contribuies,comrefernciaosobjetivospropostosdeincluiroensinodeHistriae Cultura Afro- Brasileira e Africana nos estabelecimentos de ensino e como este se deu na disciplina de matemtica. O Desenvolvimento da pesquisa e a Histria Oral como perspectiva A histria oral como metodologia de trabalho, segundo Portelli (2010), possibilita construir ahistriadotempopassadoetraz-laparaotempopresente,constituindonumaprtica significativa para entender os fatos como ocorrem, como o processo de desdobramento das relaes sociais e culturais. A pesquisa ocorrer com as seguintes etapas:- Estudo terico e anlise dos documentos da legislao federal sobre o ensino da Histria e Cultura Afro- Brasileira e Africana na educao bsica; -VerificaodecomooEstadodoParanincentivouaimplementaodaleinasescolas paranaenses,pordocumentosediretrizeselaboradaspeloestadoemespecficocomoest ocorrendo essa insero do tema nas aulas de matemtica; -EntrevistascomprofessoresdeMatemticadaredeestadualdeensinodoParanpara obter os seus discursos sobre como que a lei se efetivou nos espaos escolares e as relaes que estes fizeram envolvendo conhecimento matemtico e a cultura africana. - Transcrio, ou seja, passagem daquilo que foi registrado em forma de gravao para um registro escrito.-Textualizao,queconsistenummelhoramentodotexto,daredaotranscrita,desde com a devida autorizao do entrevistado/e ou colaborador. Alinguagemoral,porsuavez,pressupeainvestigaodashistriasoraisem diferentespocasecontextos,comotransmissorasdeumadeterminadacultura, tendoemvistapreservarereinventarvalores,normasecostumesnointerior daquele grupo social. Da a sua relevncia para a configurao de nossa memria e identidade. (BRASIL, 1997, p.134). Poisatravsdosrelatosdessesprofessoresqueseconhecerarelaoqueestesvm fazendoparaquepossibilitealmdaaprendizagemdamatemticaoensinodeHistriae Cultura Afro- Brasileira e Africana. Referncias ALBUQUERQUE Jr, Durval M. Histria:a arte de inventar o passado. Ensaios de Teoria da Histria. Bauru, SP: Edusc, 2007. BRASIL,SecretariadeEducaoFundamental.ParmetrosCurricularesNacionais. Pluralidade Cultural. Braslia: MEC/SEF, 1997. DAMBROSIO,Ubiratan.Etnomatemtica:Eloentreastradieseamodernidade2. ed. 1 reimp - Belo Horizonte: Autntica, 2005. DIAS, Karina de Arajo. Formao continuada para diversidade tnicoracial - desafios pedaggicosnocampodasaesAfirmativasnaredemunicipaldeensinode Florianpolis.Dissertao(MestradoemEducao)-CentrodeCinciasdaEducao, UniversidadeFederaldeSantaCatarina.2011.Disponvelem: http://portal.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/06_12_2011_11.13.35.e48995af8802f41c18c4208d6fe02ff4.pdf. Acesso em 08/09/3013 PARAN.SecretariadeEstadodaEducao.DepartamentodeEnsinoFundamental. Cadernos Temticos - Histria eCultura Afro-Brasileira e Africana: Educando para as Relaes tnico-Raciais SEED-PR, Curitiba, 2006. PARAN.SecretariadeEstadodaEducao.DepartamentodeEnsinoFundamental. Cadernos Temticos - Histria eCultura Afro-Brasileira e Africana: Educando para as Relaes tnico-Raciais SEED-PR, Curitiba, 2008. PORTELLI, Alessandro. Ensaios de Histria Oral. So Paulo: Letra e Voz, 2010. SANTANA,Jair.Alei10.639/03eoensinodeartesnassriesiniciais:Polticas afirmativas e folclorizao racista. Tese ( Doutorado em Educao) Setor de Educao da UniversidadeFederaldoParan.2010.Disponvelem: http://www.ppge.ufpr.br/teses/D10_santana.pdf . Acesso em 08/03/ 2013. SILVA,TomazTadeuda.OCurrculocomoFeticheApoticaeapolticadotexto curricular. Autntica, 1 ed., 4. reimp.Belo Horizonte - MG, 2010. SILVA, Vanisio Luiz da.A Cultura Negra na Escola: uma perspectiva etnomatemtica. Dissertao(MestradoemEducao)-readeconcentrao:EnsinodeCinciase Matemtica- Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo. 2008. Disponvel em: http://www2.fe.usp.br/~etnomat/teses/Aculturanegranaescolapblica.pdf.Acessoem 08/03/2013. ROSA,AllanSantosda.Imaginrio,CorpoeCaneta.MatrizAfro-Brasileiraem EducaodeJovenseAdultos.Dissertao(MestradoemEducao)-reade concentrao:Cultura,OrganizaoeEducao.FaculdadedeEducaodaUniversidade deSoPaulo.2009.Disponvelem: http://www.edicoestoro.net/attachments/059_Imagin%C3%A1rio,%20Corpo%20e%20Caneta.pdf. Acesso em 07/03/13.