5 - aspectos relevantes na gestão pública

50

Upload: danielle-sharon

Post on 28-Oct-2015

28 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ

Aspectos Relevantes na Gestão Pública 5

Composição do PlenoConselheiro Presidente: Francisco de Paula Rocha Aguiar

Conselheiro Vice-Presidente: José Marcelo FeitosaConselheiro Corregedor: Hélio Parente de Vasconcelos Filho

Conselheiro Artur Silva FilhoConselheiro Ernesto Saboia de Figueiredo Junior

Conselheiro Manoel Beserra VerasConselheiro Pedro Ângelo Sales Figueiredo

AuditoresDavid Santos Matos

Fernando Antonio Costa Lima Uchôa JúniorManassés Pedrosa Cavalcante

Composição da ProcuradoriaProcuradora Geral de Contas Leilyanne Brandão Feitosa

Procurador de Contas Júlio César Rôla SaraivaProcuradora de Contas Cláudia Patrícia Rodrigues Alves Cristino

Diretor GeralJuraci Muniz Junior

Assessoria de ImprensaFrancisco Eunivaldo Pires Pereira

Assessoria JurídicaBruno Caminha Scarano

ControladoriaLuiz Mario Vieira

OuvidoriaTelma Maria Escóssio Melo

SecretariaFernando Antônio Diogo de Siqueira Cruz

Diretoria de Administração e FinançasVirgílio Freire do Nascimento Filho

Diretoria de FiscalizaçãoZivaldo Rodrigues Loureiro Junior

Diretoria de Tecnologia e InformaçãoAdalberto Ribeiro da Silva Júnior

Diretoria de Assistência Técnica e PlanejamentoDanielle Nascimento Jucá

Escola de Contas e GestãoSandra Valéria de Morais Santos

Aspectos Relevantes na Gestão Pública 5

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Fortaleza

2013

Caderno

Direção GeralConselheiro José Marcelo Feitosa

ElaboraçãoFernando Antônio da Justa

Revisão OrtográficaMárcia de Oliveira Nunes

Projeto GráficoRoberto SantosMikael Baima

Editoração EletrônicaKahic Rocha

Mikael Baima

IlustraçãoFernando Antônio da Justa

Guabiras

SupervisãoEscola de Contas e Gestão - ECOGE

Ceará. Tribunal de Contas dos Municípios do Estado. Aspectos relevantes na gestão pública. / Tribunal de Contas dos Municí-

pios do Estado do Ceará. - Fortaleza: TCM-CE, 2013. 48p. Série: TCM cidadania e controle social: Caderno 5

1. Administração Pública Municipal. 2. Gestão pública. 3. Controle Externo. I. Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará. II. Título

C387

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do CearáAv. Gal. Afonso Albuquerque Lima, 130 Cambeba,

Cep: 60.822-32 Fortaleza – Ceará PABX: (85) 3218-14-13 FAX: (85) 3218-12-12

SUMÁRIOApresentação ...............................................................................................................................71 Estrutura Administrativa ............................................................................................................9

1.1 Modelos de Estrutura Administrativa ..................................................................................111.1.1 Estrutura Linear ou Militar ..........................................................................................111.1.2 Estrutura Funcional .....................................................................................................131.1.3 Estrutura Linha-Staff ....................................................................................................14

1.2 Níveis de atividade em uma estrutura administrativa ..........................................................161.2.1 Nível de aconselhamento. ...........................................................................................161.2.2 Nível de administração geral .......................................................................................161.2.3 Nível de administração específica ................................................................................171.2.4 Nível de desconcentração administrativa ....................................................................17

2 Arrecadação de Receitas Municipais ........................................................................................182.1 Receitas no Município .........................................................................................................182.2 Contabilização das receitas .................................................................................................192.3 Origens das receitas. ...........................................................................................................19

2.3.1 Diretamente arrecadada .............................................................................................192.3.2 Receitas Originárias .....................................................................................................222.3.3 Receitas de Transferências. ..........................................................................................22

2.4 Renúncia de Receitas ..........................................................................................................232.5 Dívida Ativa ........................................................................................................................24

3 Sistema de Controle Interno ..................................................................................................... 25

4 Prestações de Contas ............................................................................................................... 364.1 Prestação de Contas de Governo .........................................................................................384.2 Prestação de Contas de Gestão ...........................................................................................42

Apresentação

O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará criou o Programa TCM Cidadania e Controle Social. O propósito é fornecer subsídios aos cidadãos para que exerçam, de forma mais efetiva e direciona-da, o controle social da gestão pública no âmbito das administrações municipais.

A principal ferramenta é a capacitação dos agentes municipais permitindo que estejam atentos e preparados para a correta aplicação dos recursos que administram, na condução ética da gestão e na obri-gação de prestar contas, bem como na observância das demandas de interesse coletivo.

É com essa perspectiva que entregamos uma série composta de 06 cadernos que trazem temas de relevância e considerados como boas práticas de gestão pública, tais como: Transparência e Controle Social, Educação, Saúde, Assistência Social, Criança e Adolescência e Meio Ambiente (Plano Diretor), Arre-cadação de Tributos Municipais, Consórcios Públicos e Convênios, Controle Interno e Prestação de Contas, Estrutura Administrativa, Impactos Ambientais, Obras Públicas e Atos de Pessoal.

Por fim, esperamos que este material possa ser utilizado para disseminação do conhecimento e engajamento da sociedade civil no uso dos mecanismos de controle social.

Conselheiro Francisco de Paula Rocha Aguiar

Presidente

9

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Este caderno tem o objetivo de estimular a ação do gerenciamento dos recursos públicos e apresen-tar informações sobre a estrutura administrativa, arrecadação de receitas municipais, sistema de con-trole Interno e prestação de contas com a finalidade de contribuir para alcançar uma disseminação de conhecimentos para todos os usuários deste instrumento.

Assim sendo, passa-se a comentar cada um dos tópicos.

1 Estrutura Administrativa

Para comentar sobre estrutura administrativa, entende-se que além de serem apresentadas algu-mas especificidades acerca do tema, faz-se necessário distinguí-la do que seja estrutura orçamentária, pois comumente são bastante confundidas e até mesmo estas denominações são utilizadas equivocadamente.

Diante do exposto, pode-se dizer que a estrutura orçamentária se refere à disposição dos órgãos, entidade ou agrupamento de serviços que o Orçamento contempla dotações específicas para a realiza-ção dos programas.

Enquanto que a estrutura administrativa do Município, refere-se à composição e funcionamento de todos os setores que irão desempenhar as funções, através de agentes públicos (pessoas físicas), sendo definida em lei municipal específica.

O(a) Prefeito(a) eleito(a) com a intenção de atuar em uma organização buscando a melhoria dos serviços a serem prestados a coletividade, bem como definir as responsabilidades de cada área, deverá tomar ciência da Lei de Estrutura Administrativa Municipal, a qual não permitindo uma estrutura compa-tível para desempenhar o plano de seu governo, deverá elaborar um projeto de lei a ser encaminhado à Câmara Municipal para fazer a adequação necessária.

Portanto, a continuidade administrativa é uma condição fundamental para a boa governança. Essa continuidade se materializa pela manutenção de programas iniciados pelo Governo anterior e com a cau-tela em reestruturar o comando do Poder Executivo a ser exercido pelo Prefeito(a) eleito(a).

A estrutura administrativa deve intervir na realidade da coletividade por meio de ações diretas sob a forma de produção de bens e serviços, ou ainda por meio da regulamentação das atividades.

Na descrição da estrutura administrativa é relevante agrupar os serviços e as atividades exercidas no setor público considerando as características e peculiaridades de cada Ente Municipal como também as atividades afins para se obter uma adequada estrutura administrativa.

Também devem ser contempladas na Lei de Estrutura Administrativa do Município quais as respon-sabilidades e autoridades que cada representante de área possui, podendo inclusive indicar os caminhos de comunicações a serem seguidos pelas diversas unidades administrativas.

10

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Não existe uma estrutura administrativa que possa ser considerada padrão, haja vista que esta será definida mediante as funções a ser criadas, estritamente associadas às necessidades locais, a fim de que não ocorra o risco de serem criados órgãos desnecessários, já que irão desenvolver programas e/ou projetos especiais e temporários, ou mesmo deixarem de ser criados órgãos que terão de desenvolver atividades contínuas e permanentes.

Para a elaboração de uma estrutura administrativa municipal ideal é necessário que sejam levados em consideração 04 (quatro) fatores importantíssimos com seus respectivos sistemas, que serão capazes de causarem alterações ao longo da gestão caso não tenham sido devidamente observados. São eles:

• Fator humano – sistema de responsabilidade;

• Fator ambiente externo – sistema de autoridade;

• Fator objetivos e estratégias – sistema de decisões; e

• Fator tecnológico – sistema de comunicação.

11

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Graficamente estes fatores podem assim serem evidenciados:

A estrutura administrativa pode ser apresentada de maneira diferente, dependendo das funções exercidas pelos respectivos órgãos e do relacionamento hierárquico e funcional entre eles, e não de acordo com a estratégia adotada, o que seria mais correta.

Não existe um modelo ideal de estrutura administrativa; o importante é que ela funcione de manei-ra eficaz, atingindo os objetivos e cumprindo a missão da entidade.

São modelos de estrutura administrativa tradicionais básicos: a Linear ou Militar, a funcional e a Linha-Staff, que se passa a demonstrar.

1.1 Modelos de estrutura administrativa

1.1.1 Estrutura Linear ou Militar

É uma estrutura mais simples e a mais remota, baseada na organização dos antigos exércitos e na organização eclesiástica dos tempos medievais, tendo como característica uma única unidade de chefia como fonte de autoridade. Portanto, uma chefia rígida no comando. Ou seja, cada superior tem autorida-de única e absoluta sobre seus subordinados.

12

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Neste modelo todos os órgãos são estruturados sob uma única linha de subordinação. Há centrali-zação das decisões. As linhas formais de comunicação, geralmente com fluxo descendente. Cada unidade de trabalho executa tarefas especificas e bem definidas.

A representação desta estrutura administrativa fica assim demonstrada:

Em decorrência da centralização da autoridade no topo da Entidade, este modelo de estrutura administrativa apresenta uma conformação tipicamente piramidal, pois à medida que se sobe na escala hierárquica, diminui o número de unidades ou posições em cada nível.

13

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Vantagens da utilização deste modelo:

• Autoridade única;

• Facilita a unidade de mando e disciplina (disciplina rígida);

• Fácil transmissão de ordens e recebimento de informações;

• Definição clara dos deveres, responsabilidades e autoridades.

Desvantagens da utilização deste modelo:

• Tendência à burocracia;

• Centralização das tomadas de decisões, tornando-as em algumas vezes intempestivas;

• Estabilidade e constância das relações formais podem levar à rigidez e à inflexibilidade da organização;

• Diminui o poder de controle técnico;

• Comando único e direto, com menor cooperação das pessoas;

• Comunicação demorada e com distorções (congestionamento das linhas de comunicações);

• Sobrecarrega a direção e as chefias (Chefes excepcionais);

• Chefias generalistas, não tendo condições de se especializar em coisa alguma;

• Não favorece o espírito de cooperação e equipe.

1.1.2 Estrutura Funcional

É uma estrutura que aplica o princípio da especialização das funções. Citam alguns doutrinadores que os registros mais antigos desta estrutura referem-se aos chefes de tribos ou outros segmentos asse-melhados que reunidos aconselhavam os soberanos na direção da nação.

Dentre as características marcantes desta estrutura, pode-se destacar que a autoridade é dividida, baseando-se na especialização e no conhecimento e não somente na hierarquia e no comando. Ou seja, os subordinados se reportam a cada um dos superiores especialista no assunto tratado.

Outra característica desta estrutura relaciona-se com a maior rapidez de comunicação, já que é efetuada diretamente entre o subordinado e o superior imediato, pois a eles foram delegadas decisões de comando, haja vista possuírem conhecimento necessário para melhor implementar ações eficazes.

14

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

A representação da estrutura funcional fica assim evidenciada:

Vantagens da utilização deste modelo:

• Tomadas de decisões mais tempestivas;

• Máxima especialização nos diversos órgãos ou cargos de direção;

• Desempenho de atividades com maior profundidade em face da especialização;

• Melhor supervisão técnica;

• Comunicação direta e mais rápida, sem a presença de níveis intermediários;

• Redução de distorções de informações e resultados.

Desvantagens da utilização deste modelo:

• Diluição de autoridade de comando, da exigência de obediência e disciplina;

• Como pode receber orientação de diversos níveis hierárquicos dentro de cada especificidade, o su-bordinado pode ter problema de distribuição de autoridade, principalmente quando ocorrer orien-tações contraditórias;

• Possibilidade de o subordinado buscar orientação do especialista menos indicado para a solução de seu problema.

1.1.3 Estrutura Linha-Staff

É um modelo de estrutura do tipo misto, em que a(s) unidade(s) diretiva(s) conta(m) com unidades especiais (órgão de staff) para fornecer assessoria e recomendações.

A(s) unidade(s) diretiva(s) ou de linha dedica(m)-se exclusivamente as funções básicas da Entidade, e seus dirigentes têm responsabilidade e autoridade perante as atribuições relacionadas com a opera-

15

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

cionalização das atividades principais da organização; enquanto que às unidades de staff competem à prestação de serviços especializados e de consultoria técnica, como planejamento, controle, assessoria jurídica, influenciando indiretamente no trabalho realizado pelos órgãos de linha.

Ressalte-se que em estrutura desta natureza, o(s) órgão(s) de staff devem ser independentes, atu-ando com liberdade de opinião, portanto, apresentando sugestões e recomendações que julgarem ne-cessárias ao bom e eficaz desenvolvimento dos trabalhos.

È imperioso destacar que os órgãos de staff não possuem autoridade sobre os executores das ati-vidades, cabendo a estes recomendar os aspectos observados aos dirigentes dos setores envolvidos, a fim de que estes providenciem as devidas decisões cabíveis.

A representação da estrutura linha-Staff fica assim representada:

Vantagens da utilização deste modelo:

• Agregar conhecimento novo e especializado a Entidade;

• Facilita a utilização de especialistas;

• Possibilita a concentração de problemas específicos nos órgão de staff;

• Favorecer a execução do trabalho das unidades de linha;

• Promover maior eficiência dos recursos públicos.

Desvantagens da utilização deste modelo:

• Não são facilmente aceitas as funções exercidas pela unidade staff, criando dificuldades de coorde-nação interna;

16

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

• Os membros dos órgãos staff não aceitam com facilidade as limitações dos cargos que lhe são perti-nentes e tendem a exercer atividades próprias dos órgãos de linha;

• Os órgãos de execução reagem contra sugestões da assessoria;

• As sugestões, às vezes, confundem-se com as ordens ou entram em conflitos com estas.

• Conflitos entre o assessor de staff e os responsáveis pelos órgãos de linha, uma vez que estes desen-volvem sentimentos de que os assessores pretendem tomar parcelas de sua autoridade;

• O assessor não assume responsabilidade imediata pelos resultados e planos que apresenta com sugestão ou recomendação;

• A assessoria eleva os custos da entidade.

1.2 Níveis de atividade em uma estrutura administrativa

Em uma estrutura administrativa podem ser enfocados quatro níveis de atividades, são eles:

• nível de aconselhamento;

• nível de administração geral;

• nível de administração específica;

• nível de desconcentração administrativa.

Passa-se então a evidenciar estes níveis de atividades com relação a estrutura de um Ente Público Municipal.

1.2.1 Nível de aconselhamento.

Tem a finalidade de auxiliar o Chefe do Poder Executivo no processo decisório.

1. Assessoria de Gabinete: Auxilia e representa o(a) Prefeito(a) Municipal em suas atribuições legais e atividades oficiais, assim como em suas funções administrativas, políticas, sociais, de cerimonial, de relações públicas, culturais, desportivas, de comunicação e divulgação, etc.

2. Assessoria Jurídica: Cabe à assistência jurídica do(a) Prefeito(a) a emissão de pareceres, a defesa dos direitos e interesses do Município, a elaboração de contratos, projetos de lei e estudos de natu-reza jurídica com vistas à atualização da legislação municipal.

3. Assessoria de Planejamento: Orienta o(a) Prefeito(a) Municipal nas áreas de planejamento e orça-mentação, com vista a possibilitar uma adequada execução orçamentária, efetuando levantamentos e estudos acerca das receitas e despesas a serem previstas e fixadas nos instrumentos de planejamento.

4. Controladoria ou Auditoria: Auxilia o(a) Prefeito(a) Municipal na verificação da legalidade e legiti-midade dos procedimentos realizados, bem como na avaliação dos resultados, quanto à economici-dade, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira e patrimonial.

1.2.2 Nível de administração geral.

Executam as tarefas de apoio administrativo financeiro, visando auxiliar as demais áreas a fim de atingirem os seus objetivos.

17

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

1. Secretaria de Administração: Centraliza as atividades relacionadas com o sistema de pessoas, ma-terial, administração de bens patrimoniais, correspondências, elaboração de atos, preparação de processos, lavratura de contratos, registro e publicação de leis, decretos, portarias, assentamento dos atos e fatos relacionados com a vida funcional dos servidores e outras atividades afins.

2. Secretaria da Fazenda: Compete a ela realizar os programas financeiros, os controles financeiros, o pro-cesso contábil da receita e da despesa, a aplicação das leis fiscais e todas as atividades relativas a lança-mentos de tributos e arrecadação das rendas municipais, fiscalização dos contribuintes, recebimento.

1.2.3 Nível de administração específica.

São os que desenvolvem as atividades fim do setor público municipal, como por exemplo: os servi-ços de construção e conservação de obras públicas municipais, aprovação e licenciamento do parcelamen-to do solo urbano e das edificações particulares, desenvolvimento das atividades na área de educação, saúde, cultura e recreação.

1. Secretaria de Obras: Compete o planejamento territorial, elaborar programas, projetos e executar obras de infraestrututra e serviços públicos nos meios urbanos e rurais como: arborização, ilumina-ção, trânsito, transporte coletivo, abastecimento, cemitérios, construção e conservação de prédios públicos, elaborar e executar projetos especiais na área de moradias populares, bem como executar outras tarefas afins.

2. Secretaria de Educação: Compete executar a política, projetos e programas educacionais, elaborar planos educacionais para o atendimento e aprimoramento das necessidades básicas do ensino no âmbito municipal.

3. Secretaria de Cultura: Compete executar a política, projetos e programas culturais, a fim de pro-mover ações que projete o Município na programação do ciclo de eventos turísticos; incentive os munícipes na formação cultural local, bem como manter as tradições existentes.

4. Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo: Compete coordenar programas e projetos para o de-senvolvimento e o incremento de atividades industriais, comerciais e turísticas no município, pro-mover atividades voltadas para o fortalecimento do turismo local e regional, estimular a realização de eventos e promoções turísticas de caráter cívico, folclórico e popular.

5. Secretaria da Saúde: Desenvolver planos e programas voltados para a melhoria da qualidade de vida da população em geral, especialmente da comunidade carente, erradicar as doenças endêmi-cas através de programas de educação e orientação nas áreas da saúde pública e higiene pessoal e da família.

6. Outras Secretarias: A implementação de outras secretarias irá depender das características e pecu-liaridades de cada município. Ex.: Secretária. de Meio Ambiente, Secretaria de Agricultura.

1.2.4 Nível de desconcentração administrativa.

Cabe a ela a execução de atividades que, por delegação do Chefe do Executivo, devam ser desenvol-vidas nas áreas dos distritos pelas subprefeituras.

1. Subprefeituras: Às subprefeituras compete a administração dos distritos, segundo a orientação do prefeito. Nos municípios de pequeno porte, cabe ressaltar que poderão unir vários órgãos num só, enxugando assim os custos da administração. Ex.: administração de pessoal, materiais, apoio buro-crático de correspondência, expediente e arquivo.

18

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

2. Terceirização: É a contratação de empresas, por parte da prefeitura, para realização de serviços que não fazem parte de sua atividade principal, como por exemplo: coleta de lixo, construção de estra-das, transporte público, recebimento de impostos e taxas.

2 Arrecadação de Receitas Municipais.

Neste tópico busca-se fornecer suporte aos administradores municipais com relação aos procedi-mentos e aos controles que podem ser utilizados acerca das informações dos ingressos financeiros que é de competência do município arrecadar.

Na maioria dos municípios cearenses a responsabilidade da administração financeira é centrali-zada na secretaria das finanças, ou secretaria da fazenda, ou ainda como alguns denominam no fundo geral, importante é que esta responsabilidade tenha sido previamente definida na Lei da Estrutura Admi-nistrativa do município.

Portanto, compete a este Gestor financeiro não só autorizar e realizar pagamento das despesas, mas também acompanhar e interferir na arrecadação das receitas, que será o foco deste tópico.

Com esta última função, cabe a responsabilidade de:

• acompanhar a elaboração dos estudos e levantamentos das previsões das receitas que irão compor o projeto de lei orçamentária;

• preservar a legislação tributária atualizada;

• observar atentamente para o registro correto e integral dos contribuintes de cada imposto;

• manter as alíquotas dos impostos devidamente atualizadas;

• motivar a participação dos munícipes no cumprimento do pagamento dos impostos;

• proceder uma fiscalização mais efetiva sobre a arrecadação tributária.

Para iniciar os comentários pertinentes aos tributos municipais, acha-se conveniente fazer uma bre-ve apresentação acerca das receitas públicas municipais.

2.1 Receitas no Município

Pode-se dizer que receita é o conjunto de recebimentos de recursos financeiros auferidos pelo poder públicos sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no Passivo, de que o Ente Público necessita para:

• cumprir suas funções básicas;

• implementar os seus programas sociais;

• atender aos anseios e às demandas da sociedade; e

• realizar investimentos para aumentar o seu patrimônio.

A Secretaria do Tesouro Nacional – STN, através da Portaria n.º 340/2006 conceitua como receita pública somente os ingressos de caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Público para alocação e co-bertura das despesas públicas. Dessa forma são todas as entradas de recursos Orçamentários.

19

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Diante do exposto, é evidente que a origem da receita é proveniente de todos créditos de qualquer natureza que o Governo tem o direito de receber em virtude da Constituição, de leis, de contratos ou de quaisquer outros títulos.

Também fica claro que os recursos ingressados destinam-se ao atendimento das despesas públicas com o custeio das atividades gerais ou específicas e para a execução dos programas de trabalho formula-dos para o exercício financeiro vigente.

2.2 Contabilização das receitas

Embora o foco abordado neste trabalho não seja o aspecto contábil, necessário se faz registrar e reforçar aos Gestores financeiros que após a vigência das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, o enfoque dado à escrituração contábil é o Patrimônio, passando então as receitas pú-blicas serem reconhecidas e integrarem ao patrimônio público no momento em que ocorrer o direito de seu ingresso, ou mesmo o recebimento real do quantum monetário, haja vista que as escriturações de tais fatos irão provocar alteração na situação patrimonial do Ente Governamental, obedecendo assim o princípio contábil da competência, previsto no art. 9° da Resolução do Conselho Federal de Contabilida-de n.° 750/1993.

2.3 Origens das receitas.

A origem das receitas públicas está relacionada com o fato gerador que proporciona o ingresso de recursos ao Erário. Dessa forma, e tendo um olhar para a esfera municipal, destaca-se que as receitas governamentais podem ser arrecadadas da seguinte maneira:

2.3.1 Diretamente arrecadada.

As receitas arrecadadas desta forma correspondem aos ingressos de origem tributária, ou seja, são as que derivam da prevalência do Estado sobre o Patrimônio da Sociedade (Particular), caracterizando-se por sua exigência coercitiva e compulsória em função de sua soberania. Portanto, a responsabilidade pela arrecadação cabe diretamente ao município. São elas:

• Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU: incide sobre a propriedade, o domínio útil ou a posse de edificações e terrenos urbanos, devendo ser recolhido anualmente pela pessoa (contribuinte) que desfruta economicamente do patrimônio imobiliário urbano.

Sua alíquota e metodologia de cálculo variam de acordo com cada município, portanto, a matéria deve se encontrar disciplinada no Código Tributário Municipal.

Devem ser utilizadas alíquotas progressivas, bem como com valores diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel conforme determinação da Constituição Federal, a fim de coibir a utilização de áreas normalmente sujeitas aos benefícios da urbanização com fins especulativos imobiliários.

A matéria deverá ser atualizada no código tributário no que se refere ao valor da alíquota (considerando a capacidade contributiva dos contribuintes), bem como o dimensionamento da zona urbana, que deve ser definida em lei municipal.

20

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

O Gestor financeiro deve ter uma atenção especial para o cadastro dos imóveis, o qual é necessário estar devidamente atualizado contendo as informações acerca do valor venal do imóvel, que será levan-tado tomando como referência os seguintes itens:

• localização do imóvel;

• dimensões e áreas envolvidas; e

• características das edificações.

Este registro cadastral é de fundamental importância e deve ser organizado de forma a permitir que a administração efetue a atualização dos valores de forma simples e tempestiva.

Outro ponto que merece destaque quanto à atualização do cadastro dos imóveis, é que as cidades estão constantemente crescendo, portanto, se modificando com novas áreas sendo loteadas e imóveis sendo construídos, fatores que repercutem na arrecadação própria municipal, sendo necessário o desenvolvimento de meios de fiscalização eficazes para se obter uma situação real da base de cálculo deste imposto.

• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS: incide sobre a prestação, por pessoa física ou jurídica, de serviços de qualquer natureza definidos no código tributário municipal ou lei específi-ca versando acerca da matéria, recolhido pelo prestador de serviço.

Sua alíquota e metodologia de cálculo variam de acordo com cada município, portanto, deve se encontrar disciplinada nos instrumentos legais retrocitados.

Tendo em vista que a incidência deste imposto recai sobre a prestação de serviços, e o setor ter-ciário muitas vezes possui relevância nos municípios cearenses, a administração municipal deve manter atualizado um cadastro das mais variadas atividades que se encontram listadas na legislação reguladora deste imposto, para servir de informação da fiscalização a ser exercida nesta área, com o intuito de acom-panhar a correta arrecadação desta receita.

A matéria deverá ser atualizada no código tributário no que se refere ao valor da alíquota (considerando a capacidade contributiva dos proprietários), bem como a lista dos serviços prestados.

Ressalte-se que o lançamento deste imposto é escriturado pelo próprio contribuinte, já a forma e o prazo do recolhimento da quantia devida deve ser disciplinada no instrumento regulador, lembrando que pode ser mensal, anual ou outro que a administração achar mais conveniente.

A eficiência da arrecadação deste imposto consiste em uma fiscalização adequada, contando com a participação efetiva de um corpo de fiscais competentes, honestos e comprometidos, tendo em vista que as ações a serem realizadas são de natureza contínua e sistemática.

Para o sucesso das fiscalizações recomenda-se que sejam realizadas ações pelo menos em três frentes, quais sejam:

− junto aos maiores contribuintes (empreiteiras, prestadores de serviços de transportes intermu-nicipal, bancos, etc.);

− junto às associações de classe (comerciários, contabilistas, corretores de imóveis, engenheiros etc);

− junto ao Instituto Nacional de Seguro Social.

21

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

• Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI “inter vivos”: incide sobre a transferência de bens imóveis, sob quaisquer títulos, proveniente de ato oneroso, recolhido aos cofres públicos pelo comprador do imóvel.

A base de cálculo deste imposto é o valor venal do imóvel. Sua alíquota e metodologia de cálculo variam de acordo com cada município, portanto, deve se encontrar disciplinada em instrumentos legais.

A máquina administrativa municipal não possui em seus arquivos informações capazes de proce-der a um controle sobre o fato gerador deste imposto, uma vez que as transações imobiliárias ocorrem de acordo com a vontade dos agentes de mercado (vendedor e comprador), sendo o lançamento deste imposto realizado somente quando tomar conhecimento da transação.

Diante do exposto, deverá a Administração Pública ter um controle mais efetivo sobre o fato gerador deste imposto, razão pela qual necessitará desenvolver procedimentos que busquem informações disponíveis nos cartórios de registros de imóveis, para que efetue o lançamento desse tributo, ou mesmo, através de lei que institua a obrigatoriedade de estes estabelecimentos prestarem as informações necessárias ao setor público responsável pela inscrição da receita.

A fiscalização da arrecadação do ITBI tem um inter-relacionamento com a cobrança do IPTU, pois com a mudança da propriedade deve ter a atualização do cadastro imobiliário, peça de suma importância para a base de cálculo do imposto predial, como já foi mencionado anteriormente.

• Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF: incide sobre os pagamentos dos rendimentos, a qual-quer título, devidos aos servidores e prestadores de serviços de todos os órgãos da estrutura ad-ministrativa do Poder Executivo Municipal, bem como das remunerações pagas aos servidores, prestadores de serviços e membros do Poder Legislativo Municipal, como prescreve o inciso I do art. 158 da Constituição Federal.

• Taxas: são instituídas por leis e cobradas pela Administração Pública em razão do poder de polícia e pela produção e oferecimento de serviços públicos específicos e divisíveis prestados ao contri-buinte ou posta à sua disposição.

As taxas não podem ser confundidas com tarifas ou preços públicos. Enquanto a taxa é criada por lei, a tarifa é fixada por ato do Prefeito, prévia e unilateralmente, para as utilidades e serviços prestados pelo Município, seu pagamento está vinculado ao consumo do serviço.

É imperioso registrar, que de conformidade com o art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal, cons-titui um dos requisitos essenciais para uma gestão fiscal responsável a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos municipais.

Estabelece, outrossim, o parágrafo único do artigo anteriormente transcrito, que fica vedada a rea-lização de transferências voluntárias (convênios) para o Ente Federativo que não observe o que determina o dispositivo antes mencionado.

Os procedimentos citados devem ser perseguidos pelos administradores públicos a fim de evitar a evasão e sonegação de impostos e taxas municipais. Além do mais, sempre é bom lembrar, o descaso e a

22

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

negligência na arrecadação de tributos são omissões caracterizadas como ato de improbidade adminis-trativa prevista no inciso X do art. 10 da Lei n.º 8.429/92.

2.3.2 Receitas Originárias.

As receitas originarias são aquelas obtidas pela exploração do ativo do Poder Público, portanto, do seu próprio patrimônio, por meio da venda de bens ou serviços, atuando assim na mesma condição de um particular, não havendo, pois, obrigatoriedade de seu pagamento. Tendo em vista comporem as re-ceitas próprias dos municípios, compete ao administrador público zelar pelo eficaz controle e arrecadação destas receitas. São elas:

• Receitas de Contribuições: correspondem ao montante da arrecadação de receita de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico (CIDE) e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. Ressalte-se que as contribui-ções sociais municipais são as inerentes às contribuições previdenciárias para o regime próprio de previdência dos servidores públicos municipais;

• Receitas Patrimoniais: são as receitas provenientes do arrendamento dos bens móveis, imóveis e in-tangíveis do Município, bem como das rendas oriundas de dividendos e participações de sociedades de economia mista, de rendas de capitais e de produtos de outras operações. Incluem-se, aqui, os aluguéis, arrendamentos, juros e correção monetária de títulos de renda e investimentos financeiros;

• Receitas agropecuárias: resulta da ação direta da Entidade na exploração de atividades agropecu-árias, tais como a venda de produtos agrícolas e pecuários;

• Receitas Industriais: são as provenientes do exercício de atividades industriais exercidas pelo Ente Público, tais como a indústria extrativa mineral, a indústria de transformação, a indústria gráfica, e a produção de energia elétrica;

• Receitas de serviços: são originárias da contraprestação dos serviços prestados pela Entidade Pú-blica, por intermédio de suas repartições. Tais como Serviços de água e esgoto, serviços de comuni-cação, serviços de transporte, fornecimento de editais, inscrição em concurso.

2.3.3 Receitas de Transferências.

Os Municípios também contam com uma parcela significativa de arrecadação de receitas transferidas de outras esferas de Governo (União e Estado), sejam elas por força de mandamentos constitucionais ou legais.

Das receitas de transferências, destaca-se somente aquelas que contribuem com um volume bas-tante relevante no montante dos ingressos recebidos. São elas:

• Fundo de Participação dos Municípios – FPM: previsto na alínea “b” do inciso I do art. 159 da Cons-tituição Federal, corresponde à entrega pela União aos Municípios de 22,5% (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento) sobre o produto da arrecadação dos produtos industrializados e da arreca-dação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza (deduzida a parcela do Imposto de renda retida na fonte pelos Municípios);

• Cota-Parte do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS: estabelecido no inciso IV do art. 158 da Constituição Federal, correspondendo à entrega pelo Estado do Ceará aos Muni-cípios de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação;

23

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

• Cota-Parte do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA: regulado no inciso III do art. 158 da Constituição Federal, correspondendo à entrega pelo Estado do Ceará aos Municípios de 50% (cinquenta por cento) do produto da arrecadação do imposto sobre a propriedade de veícu-los automotores licenciados em seus territórios;

• Cota-Parte do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR: disciplinado no inciso II do art. 158 da Constituição Federal, correspondendo à entrega pela União aos Municípios de 50% (cinquen-ta por cento) do produto da arrecadação do imposto sobre a propriedade territorial rural, relativa-mente aos imóveis neles situados;

• Convênios: são instrumentos disciplinadores (acordos firmados) de transferências de recursos pú-blicos entre órgãos públicos das diversas esferas de Governo (União – Estados – Municípios) ou en-tre órgãos públicos e privados tendo como finalidade a realização de programas do Governo ou de programas por este aprovado, sempre com interesses comuns dos participantes, no campo social, educacional de pesquisa, etc. Sua operacionalização se dá quando ocorre a transferência de nume-rário do órgão repassador ao recebedor, delegando a este a responsabilidade de execução das ativi-dades conveniadas em face de dificuldades de realizar determinadas tarefas em razão da distância do local em que estas serão desenvolvidas.

2.4 Renúncia de Receitas.

Renúncia de receita é a desistência voluntária e expressa do Ente Federativo, gerando benefícios que correspondem a tratamento diferenciado a contribuintes, que importem em diminuição da receita pública.

Esta matéria encontra-se regulamentada na Lei de Responsabilidade Fiscal em seu art.14, incisos I e II e §§ 1º, 2º e 3º.

Os dispositivos supracitados estabelecem condições restritivas para concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita.

Renúncia de receita compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributo ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renún-cia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na Lei de Diretrizes Orçamentá-rias e a pelo menos uma das seguintes condições:

• demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da Lei Orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da Lei de Diretrizes Orçamentárias; e

• estar acompanhada de medidas de compensação, no período acima referido, por meio do aumen-to de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

24

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

2.5 Dívida Ativa.

Merece ainda ser destacada dentro do tópico das receitas municipais, a arrecadação da Dívida Ati-va, haja vista que ela compõe uma fatia de ingressos públicos que na grande maioria dos municípios cearenses não vêm sendo arrecadados de forma eficiente, às vezes chegando a causar prejuízos ao Patri-mônio Público quando ocorrem os casos de prescrição.

Constituem Dívida Ativa o conjunto de créditos da fazenda pública, lançados, mas não recebidos no exercício próprio, e que foram inscritos visando à cobrança em anos seguintes, por meio administrativo ou judicial (através de execução fiscal).

Esta se divide em dois tipos: Tributária, que é o crédito do Erário Público proveniente das obrigações de natureza tributária, ou seja, dos impostos, das taxas e da contribuição de melhoria e a não Tributária, referente aos demais créditos exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento.

Será registrada a Inscrição da Dívida Ativa por meio de Notificação (Ato Administrativo), emitido pelo Órgão Competente, após serem apuradas a liquidez, certeza e exigibilidade dos Créditos em razão do transcurso do prazo (vencimento), a fim de que seja providenciado o pagamento pelo contribuinte.

Representam, portanto, Direitos a Receber para o Ente Público. (ingresso financeiro que ainda não ocorreu).

Corresponde ao valor principal, acrescido do montante dos encargos previstos na legislação es-pecífica do respectivo crédito até a data do ato de Inscrição, conforme prevê o § 40 do art. 39 da Lei n.° 4.320/64 (atualização monetária, multa e juros de mora).

A Inscrição da Dívida Ativa posiciona-se como ato de controle administrativo da legalidade.

Após a devida inscrição, deve ocorrer a consequente Liquidação do Direito, com o Recebimento da quantia (Cobrança), que de conformidade com a Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público pode ser efetuada em dinheiro ou em bens, aplicando o que dispõe o art. 708 do Código de Processo Civil e o Capítulo V do Código Civil.

A Decadência ou caducidade da Dívida Ativa corresponde à perda do direito da Fazenda Pública de fazer a inscrição da Dívida, a fim de constituir o Crédito. Inexiste interrupção ou suspensão do período decadencial.

O Período se finda em 5 (cinco) anos, contados do 1º dia do ano seguinte em que o lançamento poderia ter se efetuado ou da data de sua anulação (art. 173 CTN).

A Prescrição da Dívida Ativa representa a perda da possibilidade da Fazenda Pública reaver os seus Créditos, direitos, entrando com um processo de execução contra o sujeito passivo, a qual pode ser inter-rompida (Parágrafo único art. 174 CTN) e suspendida (art. 151 CTN).

A prescrição do direito ocorre em 05 (cinco) anos do lançamento da Dívida, (art. 174 CTN), entre-tanto, o Prazo Prescricional ocorre após o Prazo Decadencial (10 anos após o fato gerador).

Portanto, a Administração Pública deve estar atenta para o período de prescrição da Dívida Ativa, evitando que, a cada período, um grupo de devedores seja beneficiado com a extinção do crédito devido.

A entidade deve publicar anualmente a relação dos devedores, bem como não deve conceder remissão da dívida ativa, pois isto constitui uma punição autêntica àqueles que cumpriram o seu dever, recolhendo os tributos em dia.

25

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

A Ação de Execução Fiscal deve ser proposta no prazo de 180 dias conforme dispõe o § 3º do art. 2º da Lei n.º 6.830/80, contados da data da inscrição do débito na Dívida Ativa;

O Executado será citado para no prazo de 5 (cinco) dias pagar a Dívida ou garantir a execução (arts. 8º e 9º da Lei n.º 6.830/80);

Não sendo recebido o valor correspondente ao crédito lançado, e tendo havido a prescrição do di-reito, resta à contabilidade providenciar o cancelamento da inscrição da Dívida Ativa, conseqüentemente ocorrerá diminuição no Resultado Patrimonial.

O art. 13 da LRF enfatizou que medidas devem ser tomadas para combater a evasão e a sonegação das ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa.

3 Sistema de Controle Interno

À proporção que se organiza, a Administração Pública tem a necessidade de verificar se os objetivos estão sendo atingidos com ou sem efetividade, e se os recursos estão sendo auferidos em toda a sua plenitude.

Surge então a função do controle na Administração Pública, possibilitando a transparência dos atos governamentais e demonstrando as áreas para as quais foram destinados os recursos provenientes das receitas municipais.

Diante do exposto, pode-se dizer que o sistema de controle interno é o conjunto de métodos e procedimentos que asseguram a verificação do cumprimento dos objetivos e metas da Administração Pública, obedecendo aos princípios fundamentais para ela estabelecidos na Constituição Federal, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Assim sendo, pode-se destacar que os objetivos do controle interno visam garantir a não ocorrên-cia de erros potenciais por meio de ações e práticas que possam eliminar as possíveis causas de desvio da normalidade.

26

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Encontram-se entre os objetivos específicos a serem atingidos:

• propiciar o estímulo à obediência às normas legais, inclusive instruções normativas, estatutos, regi-mentos internos e outros instrumentos normativos;

• antecipar-se, preventivamente, ao cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas antieco-nômicas e fraudes;

• assegurar exatidão, confiabilidade, integridade e oportunidade às informações contábeis, finan-ceiras, administrativas e operacionais, com vistas à tomada de decisão;

• salvaguardar os ativos financeiros e físicos quanto a sua boa e regular utilização;

• garantir a legitimidade do passivo;

• certificar o cumprimento das diretrizes, planos, normas e procedimentos do órgão ou entidade;

• estimular a eficiência do pessoal, pela vigilância das atividades que desempenham.

O cumprimento das metas administrativas precisa fundamentalmente:

• estar embasadas de forma legal;

• voltar-se para a satisfação do bem comum;

• condicionar-se de acordo com a escala valorativa da sociedade em que a gestão está inserida;

• ser de conhecimento público e desenvolver-se de forma a cumprir os objetivos, utilizando os recursos físicos, humanos e financeiros racionalmente, visando um maior aproveitamento com menor dispêndio.

Ressalte-se que a atuação do controle interno é de natureza preventiva, em razão de manter o gestor público sempre informado:

• da legalidade de todos os atos de administração;

• do cumprimento de todas as diretrizes e metas ou do risco de não conseguir atingi-las, possibilitan-do-lhe a correção de rumos;

• da coerente execução orçamentária e necessária compatibi-lização entre receitas e despesas; e,

• do cumprimento real da função pública de gestor dos negócios da sua municipalidade, que lhe foi confiado pelo eleitor nas urnas.

Caso não exista o sistema de controle interno no Município, conforme prevê o art. 74 c/c o art. 31 da Constituição Federal e o art. 59 da Lei de Responsabilidade Fiscal, recomenda-se ao(à) Prefeito(a) elei-to(a) a implantação deste sistema, para este feito deve:

• compor comissão para estudar o tema, observando o que dispõe a instrução normativa n.° 01/97 TCM-CE;

• elaborar e encaminhar projeto de lei referente à implantação do sistema de controle interno, retra-tando as necessidades de acompanhamento das atividades desenvolvidas e a estrutura do Município;

• regulamentar por intermédio de lei o Sistema de Controle Interno;

• nomear equipe provisória para proceder o controle interno, até a realização de concurso público para preenchimento de vagas para realização desse serviço;

• promover treinamento da equipe responsável pelo controle interno;

27

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

• definir, padronizar e iniciar rotinas das atividades pertinentes ao controle interno (quais, em que nível, frequência, fontes de informação);

• organizar manual de controle interno, contemplando aspectos éticos, técnicos e metodológicos para o planejamento e execução dos trabalhos; e

• fomentar o relacionamento com o controle externo.

É imperioso acrescentar que uma estrutura do sistema de controle interno deve conter os seguin-tes elementos:

• ambiente interno: relaciona-se com o comprometimento da direção da Entidade, demonstrando a forma como a gerência atribui autoridade e responsabilidade, bem como organiza e desenvolve seu pessoal. Outro fator relevante neste elemento, que torna o controle interno efetivo, é o fato das pessoas da organização conhecerem claramente suas atribuições, sabendo os limites de suas autoridades, tendo consciência, competência e comprometimento de FAZER o que é CERTO da MANEIRA CERTA;

• fixação de objetivos: é pré-condição para definir um sistema de controle interno e identificar, avaliar e responder ao risco. Os objetivos podem ser estratégicos (metas de alto nível, alinhadas com a mis-são/visão da organização) e correlatos (operacionais, de comunicação e de conformidade);

• identificação de eventos: refere-se a incidentes ou ocorrências, internas ou externas, que podem afetar a implementação da estratégia ou a realização de objetivos. Riscos são eventos negativos e oportunidades são eventos positivos;

• avaliação de riscos: é a identificação e análise dos riscos relevantes para o alcance dos objetivos e metas da Entidade, com vistas a dar a resposta apropriada. É uma atividade contínua e interativa em todas as Entidades;

• resposta ao risco: a resposta pode ser apresentada da seguinte maneira:

− evitar: suspensão das atividades;

− reduzir: adoção de procedimentos de controle para minimizar a probabilidade e/ou o impacto do risco;

− compartilhar: redução da probabilidade ou do impacto: terceirização de atividades, contratação de seguros, etc.;

− aceitar: não adotar medidas mitigadoras.

• atividades de controle: são as políticas e procedimentos que contribuem para assegurar se: os ob-jetivos estão sendo alcançados; as diretrizes administrativas estão sendo cumpridas; e se estão sendo realizadas as ações necessárias para gerenciar os riscos com vistas à consecução dos obje-tivos da entidade;

• informação e comunicação: uma identificação e comunicação oportunas das informações permi-tem: o cumprimento das responsabilidades; as tomadas de decisões tempestivas; a identificação de práticas fraudulentas, o melhor aproveitamento dos recursos; e maiores ganhos operacionais. As informações devem ser coletadas e comunicadas de forma coerente e tempestiva; e

• monitoramento: objetiva verificar se os Controles Internos são adequados e eficientes, ou seja, se os 8 componentes presentes estão funcionando como planejado: alcance dos objetivos ope-

28

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

racionais; informações dos relatórios e sistemas corporativos confiáveis; e cumprimento de leis, normas e regulamentos.

Portanto, a Administração Pública deverá manter um sistema integrado de controle interno com a finalidade de avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas e do orçamento; de comprovar a legalidade e avaliar resultados quanto à eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira e patrimonial; de exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União e de apoiar o controle externo.

Compete ao responsável pelo controle interno auxiliar aos gestores dos recursos públicos (Chefe do Poder Executivo e Secretários Municipais) no cumprimento efetivo de suas responsabilidades, apoian-do na realização dos programas governamentais e incentivando a discussão sobre os resultados efetivos da gestão dos recursos públicos.

Diante do exposto, é salutar destacar que o papel fundamental do responsável pela auditoria interna é o de avaliar e informar periodicamente sobre as deficiências e a eficácia das estruturas de controle inter-no, bem como sobre os riscos que os pontos fracos geram para a obtenção dos resultados pretendidos das atividades da administração. Portanto, possui uma função importante para a melhoria dos controles internos.

Acrescentes que o controle interno a ser mantido na administração pública deve envolver todas as atividades exercidas pela entidade, sendo de competência e responsabilidade do administrador a implanta-ção, o funcionamento e a manutenção do sistema de controle interno, a fim de que possa registrar, avaliar, diagnosticar e propor melhorias no setor público, orientando assim as pessoas que exercem esse controle.

Portanto, o sucesso ou o fracasso da atuação do sistema de controle interno, que tende a modificar rotinas e procedimentos considerados inadequados, depende, inquestionavelmente, da forma como é conduzido, não podendo ser negligenciado o fato de que são pessoas que agem na execução dos controles e que a área pública tem peculiaridades não encontradas no setor privado, evitando assim que a adminis-tração pública não controle adequadamente os recursos por ela movimentados.

Tendo em vista a Instrução Normativa n.º 01/97 do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará disciplinar que as Prefeituras e demais Entidades Municipais, sujeitas à fiscalização deste Tribunal, incluindo as Câmaras Municipais, estão obrigadas a adotar e manter o Controle Interno, bem como men-ciona em seu art. 2º quais serão os objetos de controles específicos, passa-se então a abordar comentários acerca de cada uma das áreas a serem controladas.

• Área Contábil.

Objetivo: Os trabalhos realizados nessa área visam, propiciar a legitimidade dos atos e fatos que deram origem aos lançamentos, e a formalização da documentação comprobatória, bem como promover a segurança e eficiência dos procedimentos utilizados, possibilitando um nível excelente de transparên-cia das operações praticadas e a correção técnica da escrituração, quando necessária.

Vantagem: Quando ocorre um controle dos trabalhos contábeis ainda na vigência do exercício fi-nanceiro, as falhas porventura verificadas no subsistema orçamentário poderão ser perfeitamente sana-das, fato que, do contrário, ou seja, as defeituações sendo detectadas após o encerramento do ano civil, tornam-se insanáveis, haja vista que o orçamento encerra-se ao término de cada exercício, em razão do princípio orçamentário da anualidade.

29

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− proceder à escrituração regular do Diário e Razão;

− realizar a escrituração simultaneamente dos fatos contábeis ocorridos nos subsistemas orça-mentário, patrimonial e de custos;

− elaborar a escrituração dos atos que no futuro possam trazer modificações no patrimônio no subsistema de compensação;

− efetuar a contabilização com base em documentação idônea;

− verificar se a contabilização é feita tempestivamente;

− atentar para a obediência dos princípios contábeis;

− observar se os diversos setores suprem a Contabilidade com informações para registro e con-frontar registro com informações;

− revisar mensalmente os relatórios emitidos, corrigindo tempestivamente as falhas;

− providenciar a encadernação dos relatórios emitidos, especialmente do Diário e Razão, com os respectivos termos de abertura e encerramento, se o processamento for em folhas soltas.

• Área Financeira.

Objetivo: acompanhar a regularidade e correção dos recebimentos e pagamentos efetuados pelos agentes arrecadadores e pagadores, bem como os saldos de caixa e bancos declarados como existentes e observar o cumprimento das normas internas e legislação sobre a matéria.

Vantagem: Acompanhar os registros dos controles financeiros a fim de evitar possíveis divergências ao confrontar os documentos comprobatórios dos recebimentos e pagamentos com os registros escritu-rados, corrigindo-as.

Evitar que o livro Caixa, o Boletim de Tesouraria, os Demonstrativos Mensais, Registro de Controle Bancário e até mesmo o Balanço Geral, elaborado ao término do exercício financeiro, demonstrem valores que não condizem com a realidade.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− elaborar o fluxo de caixa, compatibilizando recebimentos e pagamentos;

− emitir de cópia de cheque;

− evitar recebimento em espécie na Tesouraria (estabelecer prazo para depósito);

− normatizar instrumento de delegação de poderes para assinatura de cheques;

− cheques assinados no mínimo por duas pessoas;

− segregação de definições: * quem recebe não deve escriturar o Livro Caixa; * quem assina não deve fazer conciliação;

− conciliação regular de saldos bancários;

− guarda de talões em local seguro;

− não assinatura de cheques em branco;

− existência de cheques antigos (investigar causa);

30

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

− existência de documentos de adiantamentos ou vales (créditos na contabilidade).

− estreito relacionamento com a Contabilidade para programação de desembolso e registro de receitas;

− existência de cheques pessoais do responsável pela Tesouraria; e

− existência de comprovantes de pagamentos sem data ou data antiga.

• Área da execução da receita.

Objetivo: Visa acompanhar os estágios da receita pública (lançamento, arrecadação e recolhimen-to), sua contabilização e observância da legislação pertinente. Ressalte-se que nesse acompanhamento deve ser incluído todo o ciclo das receitas selecionadas.

Vantagem: Evitar sonegação de receitas públicas por parte dos contribuintes, diminuindo ou mes-mo eliminando a queda de arrecadação, por manter o fluxo no ingresso de recursos financeiros aos cofres públicos municipais, bem como estabelecer mudanças e atualização nos procedimentos e formas de controles que se tornaram obsoletos e não acompanharam a evolução dos fatos econômicos.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− controle e classificação correta das receitas;

− excesso de arrecadação: formas de controle e análise;

− obediência ao regime de caixa para o orçamento;

− obediência ao regime de competência para escrituração da receita;

− emissão de minuta de receita diária (guia de receita ou guia de arrecadação – talão de receita ou DAM);

− controle sobre antecipação de receita orçamentária;

− controle sobre operações de crédito;

− as receitas de aplicações financeiras devem ter controle específicos;

− existência de lei para cobrança e majoração de tributos;

− participação dos impostos próprios na receita total;

− controle sobre rendimentos de aplicações financeiras e classificação da receita;

− confronto de lançamentos com documentos de suporte;

• Área Créditos Orçamentários e Adicionais.

Objetivo: acompanhar a efetiva existência de créditos suficientes para a realização da despesa, a regularização e correção da abertura e utilização dos créditos adicionais e a observância das normas, procedimentos e preceitos legais que regem a execução do orçamento.

Vantagem: Ter o conhecimento do montante disponível de créditos orçamentários e adicionais que poderão ser utilizados, evitando assim a realização de despesas sem créditos.

Caso tenham sido detectadas omissões de lançamentos alusivos à abertura de créditos adicionais e registro de redução da fonte de abertura, anulação de dotação, ou mesmo assentamento com erros de valores nos registros de controle orçamentário, esses só poderão ser sanados se constatados dentro do exercício correspondente.

31

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− acompanhamento da execução orçamentária (saldo das dotações);

− análise das datas e montantes das aberturas de créditos adicionais, para influenciar nos limites da proposta orçamentária do ano seguinte;

− apuração do excesso de arrecadação destinado a fonte de abertura de créditos adicionais;

− Controle na movimentação (abertura e anulação) de dotações, para que não ocorram procedi-mentos desnecessários e antagônicos.

• Área Despesa Pública. Objetivo: acompanhar se na realização dos gastos públicos estão sendo observados os princípios

da legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade, eficiência e eficácia, bem como possibilitar uma maior transparência da utilização dos recursos públicos.

Vantagem: Verificar no menor espaço de tempo possível defeituações ocorridas no processamento dos dispêndios públicos, adotando medidas corretivas a fim de que os gastos públicos percorram a se-quência correta dos estágios da despesa, como também a real finalidade das despesas públicas, que é o atendimento das necessidades da coletividade.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− controle de dotação e respectivo saldo;

− cumprimento dos estágios da despesa;

− verificar se está coberta com comprovante legal;

− delegação de competência para ordenar despesas;

− verificar se o ordenador é quem efetivamente assina o empenho;

− perfeita identificação do ordenador, liquidante e responsável pelo pagamento;

− possibilidade de ocorrência de erro, falha ou fraude;

− Controle de empenhos das modalidades: “estimativa” e “global”; e

− legalidade da remuneração dos agentes políticos.

• Área Pessoal.Objetivo: verificar a situação dos registros existentes acerca de todos os servidores públicos, in-

cluindo os ocupantes de cargos em comissão e os admitidos por tempo determinado;

Acompanhar os gastos com pessoal para que a despesa total com pessoal não ultrapassa a 60% da RCL; bem como constatar a legalidade dos registros referentes às Pensões e Aposentadorias concedidas.

Vantagem: Ter um acompanhamento da vida funcional dos servidores municipais, conhecendo sua lotação, as funções que possuem deficiência e excesso de funcionários, tomando assim medidas saneadoras;

Conhecer e acompanhar tempestivamente o montante de despesa realizada com pessoal, possibi-litando as tomadas de decisões necessárias, como também verificar os gastos indevidos com pensionistas e inativos, cujos processos concedentes não tenham tramitado no TCM.

32

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− implantação do regime jurídico único e do estatuto do servidor público municipal;

− implantação do plano de cargos e salários para todos os servidores;

− controle de admissão/demissão de servidores;

− segregação de funções quanto à admissão/demissão;

− registro funcional individualizado e atualizado;

− cadastro de servidores por órgãos;

− registro da admissão, aposentadoria ou pensão no TCM;

− acompanhamento dos limites de despesa com pessoal;

− controle sobre férias e 13º salário (informação para a contabilidade para realizar o provisionamento).

− avaliação de servidores para promoção;

− apropriação e recolhimento de encargos;

− cadastro separado de contratações temporárias;

− forma de controle de frequência;

− controle sobre convocação de concursados;

− existência e controle de passivos trabalhistas.

• Área Bens Permanentes.

Objetivo: realizar os procedimentos com respeito à incorporação, ao tombamento, à guarda, à baixa e à responsabilidade pelo uso dos bens e, ainda, em relação a sua movimentação, conservação e segurança.

Vantagem: Conhecer e apurar com exatidão o montante dos Bens Permanentes, a fim de que o Balanço Patrimonial da Entidade registre os valores reais dos mesmos.

Conhecidos e tombados todos os bens patrimoniais, o Município poderá designar oficialmente um servidor responsável pelos bens.

Também se encontra dentre as vantagens de um controle interno nesta área o fato de providenciar reparos e restaurações em determinados bens, em que o seu custo está sendo maior do que o benefício proporcionado por ele.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

• Bens Móveis:

− nomeação de comissão para inventariar os bens pertencentes ao Patrimônio;

− ficha individualizada (informatizada);

− controle de localização;

− identificação do setor e do responsável (termo de responsabilidade);

− estado de conservação;

− atualização constante do cadastro;

33

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

− ficha de carga patrimonial preenchida no estágio de liquidação;

− providenciar o tombamento dos bens;

− termo de transferência/cessão;

− controle sobre baixa;

− inventário analítico;

− reavaliação anual fundamentada;

− documentação devidamente organizada;

− verificar documentos de licenciamento da frota;

− verificar seguro total dos veículos e ônibus;

− Estabelecer critérios para vida útil (lei);

− controle sobre a depreciação, amortização e exaustão.

• Bens Imóveis:

− escritura e registro;

− origem e incorporação;

− incorporação dos bens de uso comum do povo;

− ficha individual descritiva (informatizada);

− laudo de avaliação e vistoria periódica;

− reavaliação anual fundamentada;

− registro tempestivo de incorporações e baixas;

− Inventário analítico;

− arquivo organizado com a documentação; e

− possibilidade e/ou eventual receita de arrendamento.

• Bens Semoventes:

− registro e inventário;

− incorporação e baixa (nascimentos e mortes);

− tombamentos por meio de marcações; e

− depreciação e reavaliação.

• Área Veículos e Máquinas.

Objetivo: manter o registro desses bens de forma atualizado e contendo uma correta identificação dos veículos e maquinas, bem como o acompanhamento da manutenção e consumo utilizado pelos mesmos.

Vantagem: conhecer os custos de manutenção dos veículos e máquinas a fim de ter informações disponíveis no momento em que a Alta Direção precise tomar decisões.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− ficha individual de veículos, permitindo comparação de desempenho e análise de desvio;

− ficha individual de máquinas e equipamentos;

34

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

− controle de deslocamento (quilometragem/hora);

− controle de consumo de combustíveis;

− controle de lubrificantes;

− controle de manutenção (peças, oficinas, etc.);

− estabelecer periodicidade de fechamento dos controles para apuração de custos;

− controle em separado dos veículos que efetivamente atendem à educação e à saúde;

− apuração de responsabilidades em caso de acidentes através de processo administrativo;

− controle em separado sobre veículos alugados de terceiros;

− ressarcimento de multas e/ou danos causados;

− veículos equipados com tacógrafo para monitorar o tempo de uso, a distância percorrida e a velocidade que desenvolveu;

− laudo de vistoria de veículos que transportam alunos e pacientes;

− seguro total dos veículos; e

− controle da depreciação dos veículos e das máquinas.

• Área Almoxarifado.

Objetivo: registrar as condições de recebimento, armazenamento, distribuição, controle e segu-rança dos estoques, proporcionando assim uma maior proteção ao patrimônio.

Vantagem: Apurar ou mesmo retificar o montante dos bens armazenados no Almoxarifado, ex-presso em unidade monetária, o que acarretará um aumento dos bens patrimoniais no grupo do Ativo - Balanço Patrimonial e, por conseguinte uma melhoria no saldo patrimonial apresentado, portanto, uma situação real da entidade.

Outro ponto que se pode registrar como vantagem do controle interno nesta área é que caso sejam detectadas irregularidades devido à segregação de funções, o fato poderá ser logo solucionado.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− forma de controle de estoque;

− norma para entrega de materiais;

− se almoxarifado central, deve existir determinação de formas de controle e troca de informa-ções, conciliando regularmente as existências;

− controle sobre produtos de maior consumo e sobre o máximo e o mínimo estoque;

− verificar se as informações sobre a movimentação (entradas/saídas) são regularmente passadas à Contabilidade;

− critérios de avaliação dos itens em estoque no encerramento do exercício;

− controle da validade e acondicionamento dos medicamentos e gêneros alimentícios; e

− informatização do setor.

• Área Reformas e Obras Públicas.

35

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

Objetivo: acompanhar as obras construídas e os serviços de engenharia executados, observando se estes estão dentro da normalidade, tanto no aspecto documental, quanto sobre o aspecto da execução física (cronograma físico-financeiro), detectando as possíveis irregularidades e apontando de imediato as medidas saneadoras.

Vantagem: Solucionar problemas constatados concomitantemente à execução da obra ou serviços de engenharia, evitando assim prejuízos financeiros e proporcionando mais rapidamente o bem-estar da comunidade com a entrega da obra em menor tempo.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− identificar o responsável técnico e se este está habilitado (CREA);

− projeto básico devidamente arquivado;

− planilha de custos;

− laudos de avaliação;

− termo de recebimento da obra;

− fiscalização efetiva pelo responsável técnico;

− execução dentro do cronograma e análise de desvios e/ou descumprimento de prazo;

− controle individualizado por obra e comparação de custos previsto/efetivo e análise de desvios;

− quantidade de material adquirido é compatível com o produto final; e

− a obra executada está de conformidade com o projeto previsto no orçamento. (atende a sociedade?).

• Área Suprimento de Fundos.

Objetivo: examinar a correta aplicação dos recursos entregues a servidores, mediante observância à lei municipal instituidora para realizar dispêndios que não possam subordinar-se ao processo normal da despesa.

Vantagem: Sendo detectada irregularidade no uso dos recursos transferidos a servidores, medidas corretivas devem ser adotadas de imediato, inclusive aquelas que implicarem em devolução de numerá-rios aos cofres públicos municipais.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− instituição por lei e indicação dos casos em que se aplica (Art. 68 da Lei n.º 4.320/64);

− regulamentação:

* casos previstos na lei; * forma de concessão (eventual, periódica etc.); * prazo para prestação de contas; * prazo para tomada de contas; * penalidades;

− empenho na dotação própria;

− despesas miúdas de pronto pagamento;

− restituições;

36

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

− anulação de despesa (no próprio exercício);

− receita orçamentária após o encerramento do exercício, (Decreto Federal n.º 93.872/86).

• Área Doações, Subvenções, Auxílios e Contribuições concedidas.

Objetivo: acompanhar o cumprimento de atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população reconhecidamente carente, cujas ações estão voltadas para as necessidades básicas e de caráter emergencial.

Vantagem: Ao ser constatado desvio de finalidade para os quais os programas assistenciais foram criados, estancam-se imediatamente as transferências, tomando-se medidas corretivas, as quais evitarão prejuízos financeiros ao município e o atendimento a pessoas não necessitadas.

Medidas dessa natureza possibilitam uma maior credibilidade aos serviços públicos e uma maior utilidade dos recursos públicos.

Principais atividades do Controle Interno nesta área:

− verificar a existência de lei autorizativa;

− verificar a existência de cadastro de pessoas carentes;

− verificar se foram utilizados critérios determinantes do índice de carência;

− verificar se as entidades enquadram-se nos critérios previstos para concessão de subvenções;

− verificar se as entidades que recebem subvenções prestam contas dos recursos;

− verificar a existência de procedimento de tomada de contas para as entidades que não tenham prestado contas.

4 Prestações de Contas.

É o processo elaborado e organizado pelo próprio agente responsável ou pelos órgãos de contabili-dade, com a anuência do responsável pela aplicação dos recursos, referente aos atos de gestão orçamen-tária, financeira e patrimonial da Entidade.

Deve ser apresentada pelos responsáveis de documentos que expressem as situações orçamen-tária, financeira e patrimonial ao fim de um exercício financeiro ou período de gestão, demonstrando, assim, como os recursos financeiros do povo foram utilizados, e o conseguinte resultado apurado.

Portanto, esse processo é de iniciativa do agente responsável em relatar os fatos ocorridos em re-lação à sua gestão, ao órgão ou pessoa que de direito é competente para apreciá-lo ou julgá-lo.

37

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

A obrigatoriedade de prestar contas estar prevista no parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal, bem como no parágrafo único do art. 77 da Constituição do Estado do Ceará, os quais determi-nam que prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos, ou pelos quais responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Pode-se dizer que o ato de prestar contas estar relacionado como uma forma de controle efetivada a posteriori da execução orçamentária, financeira e patrimonial que os responsáveis pelos recursos públi-cos estão submetidos a realizar.

Todo o aparato institucional e normativo, estabelecido em normas constitucionais e infraconsti-tucionais a respeito do controle, visa a que se conheçam os atos praticados pelos gestores públicos na utilização dos recursos pertencentes ao povo. Para isso, cria a Constituição a obrigação para esses gestores do oferecimento de suas contas, organizadas e elaboradas conforme as normas de caráter financeiro ema-nadas do Poder Legislativo e subsidiadas pelas normas expedidas pelos órgãos de controle.

A prestação de contas a que estão obrigados os administradores públicos não representa, como disse-mos no início, uma desconfiança em relação às atividades por estes desenvolvidas. Representa, apenas, uma informação que é prestada ao povo, a respeito do modo como seu dinheiro foi utilizado. É o mínimo a que o povo tem direito, no tocante à condução dos seus negócios, por parte dos que dele receberam delegação.

É imperioso destacar que a Prestação de Contas pode ser classificada em:

• Prestação de Contas de Governo; e

• Prestação de Contas de Gestão.

38

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

4.1 Prestação de Contas de Governo.

É elaborada ao final do exercício financeiro, com o objetivo de demonstrar o cumprimento dos dispositivos constitucionais e legais obrigatórios, encaminhada de forma consolidada pelo Chefe do Po-der Executivo de cada esfera de governo ao Poder Legislativo, que após o prazo previsto nas Constituiões Federal e Estaduais, são remetidas aos Tribunais de Contas (União, Estadual, dos Municípios), para que seja realizada a devida análise e emissão de Parecer Prévio, sugerindo ao Poder Legislativo Competente a Aprovação ou Desaprovação das Contas.

Esta Prestação de Contas evidenciará o desempenho da arrecadação dos ingressos em relação à previsão da receita da receita, demonstrando assim o comportamento das arrecadações, a fim de que os Dirigentes Públicos e os Representantes do Povo, Membros do Poder Legislativo, possam, tomar providen-cias quanto à fiscalização e combate à sonegação de entradas de recursos nos Cofres Públicos.

Também demonstra esta Prestação de Contas, quais as despesas realizadas pelo Ente Governamen-tal, destacando, aí, as prioridades no trato da coisa pública, bem como se as fixações de despesas alocadas nos Instrumentos de Planejamento (Orçamento Anual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Plano Plurianual) foram devidamente cumpridas.

39

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

A Constituição Estadual no § 4° do art. 42 prevê que os(as) Prefeitos(as) municipais são obriga-dos(as) a enviar às respectivas Câmaras Municipais as contas anuais consolidadas do Município até o dia 31(trinta e um) de janeiro do ano subsequente, ficando, durante 60 (sessenta) dias, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhe a legitimidade, nos termos da lei e, decorrido este prazo, as contas serão, até o dia 10 (dez) de abril do ano subseqüente, enviadas pela Presidência da Câmara Municipal ao Tribunal de Contas dos Municípios para que este emita o competente parecer prévio.

As Prestações de Contas de Governo deverão ser apreciadas pelos Tribunais de Contas, através de emissão de PARECER PRÉVIO e julgadas pelo respectivo Poder Legislativo

O Parecer Prévio do Tribunal de Contas dos Municípios só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal, que no prazo de 10 (dez) dias após o julgamento comunicará o resultado ao TCM. (§ 2º do Art. 42 da CE, redação dada pela Emenda Constitucional n.º 29 de 30/07/97).

Ressalte-se que as Prestações de Contas de Governo devem ser apresentadas de forma Consolida-da em razão dos princípios da unidade, universalidade e anuidade, conforme estabelece o art. 1.º, pará-grafo único do art. 3º da Instrução Normativa 01/2010 do Tribunal de Contas dos Municípios, e enviada de forma digital a esta Corte de Contas como dispõe o § 1º do art. 4º da mesma Instrução Normativa.

O envio da Prestação de Contas de Governo não libera o envio ao Tribunal de Contas dos Municí-pios do Estado do Ceará das respectivas Prestações de Contas de Gestão dos Ordenadores de Despesas e demais responsáveis por bens e valores públicos (parágrafo único, art. 70 da Constituição Federal; e parágrafo único, art. 77 da Constituição Estadual).

Prazos:

• Art. 42 § 4.º C.E

40

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Prazos:

• Art. 4º § 1.º IN. n.º 01/2010

Peças que devem compor o processo de Prestação de Contas de Governo.

1. ofício de encaminhamento da Prestação de Contas à Câmara Municipal;

2. balanço geral (anexos obrigatórios e auxiliares);

3. cópias de leis e decretos de créditos adicionais;

4. cópias de contratos de operações de crédito e respectivas leis autorizativas;

5. normas que instituiu e regulamenta o órgão central de controle interno;

6. relatório do órgão central do sistema de controle interno do poder executivo;

7. cadastro do contador responsável pela elaboração do balanço geral;

8. quadro demonstrativo da aplicação em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino;

9. demonstrativo das receitas destinadas e despesas realizadas pelo FUNDEB;

10. quadro demonstrativo da aplicação nas Ações e Serviços Públicos de Saúde;

11. relação dos Restos a Pagar inscritos, discriminando os processados e não processados, os pagos e cancelados no exercício, bem como a relação dos Restos a Pagar inscritos em anos anteriores (Não Processados) cujas despesas foram liquidadas no exercício em análise. Em todos os casos devem ser identificados pelas classificações funcional e programática da despesa;

12. relação dos bens de natureza permanente, identificando os móveis, imóveis, industriais e semoven-tes, incorporados e baixados do patrimônio. Quando a baixa decorrer de alienação deve ser identi-ficado o número do processo licitatório e a respectiva lei autorizativa;

13. declaração da dívida ativa inscrita, cobrada e prescrita no exercício;

41

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

14. comprovação da inscrição dos valores de Dívida Ativa não tributária decorrentes de acórdãos exara-dos pelo TCM no exercício em exame;

15. comprovação das medidas adotadas objetivando a cobrança da Dívida Ativa;

16. comprovante da conta “valores” em 31 de dezembro, emitidas pelas respectivas empresas das quais o município detenha ações;

17. balancete consolidado do mês de dezembro;

18. termo de conferência de caixa, conciliações e última folha dos extratos do mês de dezembro;

19. relação dos pagamentos a título de obrigações patronais, identificando os relativos ao regime pró-prio e ao regime geral de previdência;

20. informações cadastrais do Prefeito e Vice-Prefeito, conforme modelo; e

21. cópia da Lei que fixou a remuneração do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários, para o período.

Principais irregularidades encontradas nesta Prestação de Contas:

• Prestação de Contas enviada incompleta;

• Envio intempestivo para o Poder Legislativo;

• Repasses ao Legislativo fora dos limites constitucionais;

• Descumprimento dos limites estabelecidos na LRF;

• Ausência de cópias de Leis e Decretos que autorizaram e abriram os Créditos adicionais;

• Defeituações nas Demonstrações Contábeis;

• Não aplicação dos Percentuais Constitucionais em Educação e Saúde;

• Omissões dos Extratos Bancários e/ou Conciliações do mês de Dezembro;

• Não demonstração dos valores alusivos à Dívida Ativa Inscrita, Arrecadada e Prescrita;

• Ausência da Relação dos Restos a Pagar (inscritos, pagos e cancelados);

• Relação dos Restos a Pagar sem discriminar os Processados dos não Processados;

• Omissão da Relação dos Bens Permanentes;

• Não comprovação da Conta “valores” por meio de documentos hábeis;

• Não repasse das consignações previdenciárias; e

• Excessivo valor nos saldo dos Restos a Pagar.

42

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Apreciação da Prestação de Contas de Governo

4.2 Prestação de Contas de Gestão.

É a Prestação de Contas de todos os Administradores e demais Responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos da Administração Direta e Indireta, inclusive as Fundações e Sociedades instituídas e man-tidas pelo Poder Público, demonstrando os resultados específicos decorrentes de atos administrativos da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e operacional.

Está obrigado a prestar contas de gestão todos os Agentes Políticos ou Administrativos, legalmente habilitados, que assumir obrigações em nome da entidade governamental. Ou seja todos aqueles cujos atos resultem na emissão de empenho, autorizações de pagamentos, adiantamentos ou dispêndios de

43

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

recursos ou que estejam obrigados a prestar em virtude de recebimento com destinação certa, de qual-quer bem ou dinheiro público, e ainda os responsáveis legais das entidades sujeitas à jurisdição do Tribunal de Contas dos Municípios.

Os Prefeitos, sendo ordenadores de despesas públicas, responderão pelos atos administrativos praticados, portanto, terão de apresentar a Prestação de Contas de Gestão destes atos.

No processo de Prestação de Contas de Gestão deverão ser identificado o Responsável e o perío-do a que se referem às contas, portanto, pertinente a uma única Unidade Gestora, durante um exercício financeiro, pode-se ter mais de um Processo de Prestação de Contas de Gestão, basta que neste período de tempo essa Unidade Gestora tenha sido gerenciada por vários Ordenadores de Despesas.

Deve-se ressaltar que de conformidade com o § 1º do Art. 80 do Decreto-Lei n.º 201/67, conside-ra-se Ordenador de Despesa toda e qualquer autoridade de cujos atos resultarem emissão de empenho, autorização de pagamento, suprimento ou dispêndio de recursos da União ou pela qual esta responda.

É representado pela pessoa física que utiliza, arrecada, guarda, gerencia ou administra recursos, bens e valores públicos em cada ente da federação. Enquadram-se também neste conceito aquelas pes-soas que em nome dos entes públicos respondem ou assumem obrigações de natureza pecuniária, como ainda as pessoas físicas que são gestores de quaisquer recursos repassados pelos entes da federação me-diante convênio ou outro instrumento similar.

Esse tipo de Prestação de Contas é composto por informações financeiras, contábeis e gerenciais daqueles que foram diretamente responsáveis pela movimentação de recursos públicos.

As Prestações de Contas de Gestão deverão ser remetidas ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará em obediências aos prazos estabelecidos no art. 2° da Instrução Normativa n.° 03/97 deste Tribunal, conforme se passa a demonstrar:

• Anualmente os gestores deverão remeter ao TCM a Prestação de Contas, com nítida separação das responsabilidades.

• Ocorrendo término de gestão decorrente de extinção da Unidade Administrativa, bem como nos casos de falecimento ou exoneração do gestor, as contas devem ser prestadas no mesmo prazo estabelecido no Art. 2 º da Instrução Normativa n.° 03/97 do TCM.

− Unidades Gestoras da Administração Direta – 120 dias, (incisos I e III).

− Órgãos e Entidades da Administração Indireta - 150 dias, (incisos II e III).

Peças que devem compor o processo de Prestação de Contas de Governo.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E LEGISLATIVO (Art. 4º da IN/TCM n.º 03/97)

1. Ofício de encaminhamento assinado pela autoridade competente, acompanhado da Portaria de nomeação e exoneração, caso tenha ocorrido;

2. relação e cadastro dos responsáveis;

3. balanços: orçamentário, financeiro, patrimonial e demonstração das variações patrimoniais, se tiver unidade contábil descentralizada;

44

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

4. demonstrativo das doações, subvenções, auxílios e contribuições concedidos, pagos ou não;

5. demonstrativo das responsabilidades não regularizadas, com indicação das providências adotadas para regularização;

6. demonstrativo dos adiantamentos concedidos;

7. quadro dos Restos a Pagar inscritos, discriminando os processados, não processados e as classifica-ções funcional e programática, bem como a relação dos Restos a Pagar pagos e os cancelados;

8. relatório do responsável pelo setor contábil;

9. termo de conferência de caixa e conciliações bancárias;

10. cópia da primeira e da última folha dos extratos das contas bancárias relativas ao período de gestão dos responsáveis; e

11. demonstrativo da remuneração dos vereadores, quando no caso da Câmara.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (Autarquias e Fundações Art. 5º da IN/TCM n.º 03/97)

1. Os documentos mencionados nos itens de 1 a 10 referentes aos Órgãos da Administração Direta; e

2. as alterações estatutárias havidas no exercício ou declaração expressa de sua não ocorrência.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (Empresas Públicas e as Sociedades de Econômia Mista Art. 6º da IN/TCM n.º 03/97)

1. Ofício de encaminhamento assinado pela autoridade competente, acompanhado da Portaria de nomeação e exoneração, caso tenha ocorrido;

2. relação e cadastro dos responsáveis;

3. relatório anual da diretoria;

4. balanço patrimonial;

5. demonstração do resultado do exercício;

6. demonstração de lucros ou prejuízos acumulados ou mutação do Patrimônio Líquido;

7. demonstração das origens e aplicações de recursos;

8. atas das assembleias gerais realizadas no exercício;

9. alterações estatutárias havidas no exercício ou declaração expressa de sua não ocorrência;

10. relatório do setor contábil;

11. termo de conferência de caixa e conciliações bancárias; e

12. cópia da primeira e da última folha dos extratos das contas bancárias relativas ao período de gestão dos responsáveis.

45

Aspectos Relevantes na Gestão Pública

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (Fundos Especiais Art. 7º da IN/TCM n.º 03/97)

1. Os documentos mencionados nos itens de 1 a 10 referentes aos Órgãos da Administração Direta;

2. normas que regulam a gestão do Fundo e das alterações ocorridas no exercício, ou declaração ex-pressa de sua não ocorrência; e

3. relatório do Conselho do Fundo Especial caso existente.

Principais irregularidades encontradas nesta Prestação de Contas:

• Prestação de contas enviada incompleta;

• envio intempestivo para o TCM;

• ausência de licitação na aquisição de bens e serviços;

• omissão de contratos;

• contratação de pessoal sem concurso público;

• não repasse das consignações previdenciárias e demais retenções para a prefeitura/fundo geral;

• falhas na elaboração dos Balanços;

• despesas realizadas pelo Legislativo acima do limite constitucional;

• pagamento excessivo de diárias;

• pagamento de encargos em decorrência de atraso no cumprimento de obrigações legais;

• inexistência de controle interno;

• controle interno ineficaz; e

• defeituações na execução de obras públicas.

As Prestações de Contas de Gestão são julgadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios, inclusive as das Mesas das Câmaras Municipais, conforme estabelece o inciso II do art. 78 da Constituição Estadual; o art. 8º da Lei n.º 12.160/93 – Lei Orgânica do Tribunal de Contas dos Municípios e inciso II do art. 5º da Resolução/TCM n.º 08/98 – Regimento Interno desta Corte de Contas.

São julgadas nas Câmaras do Tribunal de Contas, podendo receber os seguintes julgamentos: (inci-sos I, II e III, Art. 13, Lei n.º 12.160/93 – LOTCM; inciso I, Art. 28, Resolução/TCM n.º 08/98 - RI).

• REGULARES

• REGULARES COM RESSALVA

• IRREGULARES

46

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará

Julgamento das Prestações de Contas de Gestão