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    CAPTULO 4

    CLIMA

    Luiz Gonsaga de Carvalho

    Marcelo Silva de OliveiraMarcelo de Carvalho Alves

    Rubens Leite Vianello

    Gilberto C. Sediyama

    Pedro Castro Neto

    Antonio Augusto Aguilar Dantas

    4.1 APRESENTAO

    O zoneamento climtico de extrema importncia para subsidiar a implantao e planejamento

    de diversas reas de desenvolvimento scio-econmico e ecolgico de uma regio (VIANELLO & ALVES,

    1991). A delimitao das regies climaticamente homogneas permite, no s estabelecer os indicadores

    do potencial do meio fsico e bitico para a regio em estudo, mas tambm, juntamente com as delimi-taes das reas homogneas sob o ponto de vista scio-econmico, contribui para o desenvolvimento

    sustentvel da regio.

    Embora mudanas climticas ocorram em mdio e longo prazo, o zoneamento climtico deve ser

    reavaliado e atualizado constantemente visando obter maiores informaes sobre as condies climticas

    e, sobretudo, proporcionar maior adequao dos investimentos scio-econmicos na regio. H necessi-

    dade, portanto, de aquisio e criao de banco de dados mais completos e consistentes, principalmente

    pela ampliao da rede meteorolgica atravs de instalaes de estaes de observaes meteorolgicas

    distribudas em todo o Estado.

    Em estudos climticos, o balano hdrico climatolgico (BHC) normal de um local ou regio

    considerado um dos melhores referenciais para a caracterizao climtica.

    O BHC, segundo Thornthwaite e Mather (1955), descrito detalhadamente por VIANELLO & AL-VES (1991), fornece informaes da disponibilidade hdrica local ou regional, pelo clculo da decincia

    hdrica (Def), excesso hdrico (Exc), retirada e reposio de gua no solo. Para a sua elaborao, efetua-

    se o balano entre entradas e sadas de gua no sistema solo-planta levando em conta a capacidade de

    armazenamento de gua pelo solo.

    Para os clculos do BHC, alm da necessidade de informar geogracamente o local por meio de

    suas coordenadas geogrcas, so tambm necessrios, para todos os meses do ano, dados de uma

    srie longa dos elementos climticos sendo, muito comum, utilizar dados normais, ou seja, dados publica-

    dos nas Normais Climatolgicas. Normais Climatolgicas se referem aos dados mdios de 30 anos. Para

    maior padronizao das informaes, a Organizao Meteorolgica Mundial (OMM) estabeleceu que as

    primeiras normais climatolgicas se referissem aos dados mdios de 1901 a 1930, a segunda de 1931

    a 1960, a terceira e mais atual, de 1961 a 1990, e assim por diante. Assim, para o desenvolvimento do

    BHC, os dados normais necessrios so os valores mensais de precipitao pluvial e temperatura mdia.

    A partir da, a evapotranspirao potencial (ETP) pode ser estimada pelo mtodo de Thornthwaite. Se-

    gundo a metodologia do BHC proposta por Thornthwaite e Mather (1955), a evapotranspirao potencial

    estimada em funo somente da temperatura mdia normal de acordo com o mtodo proposto pelo

    prprio Thornthwaite (PEREIRA et al., 1997).

    Quando a elaborao do BHC tem nalidade puramente climatolgica recomenda-se utilizar a

    capacidade de armazenamento de gua no solo equivalente a 100 ou 125 mm, como valor mdio para

    a maioria das plantas cultivadas.

    Complementando o BHC, Thornthwaite props uma classicao climtica utilizando ndices cal-

    culados a partir de parmetros do prprio balano hdrico, ou seja, de valores anuais da evapotranspira-

    o potencial (ETP), excesso hdrico (Exc) e decincia hdrica (Def), conforme apresentados a seguir.

    Ressalta-se que, na equao 4.1, o parmetro Ia (ndice de aridez) no est sendo ponderado por umfator multiplicador igual a 0,6, pois este fator era utilizado quando se calculava o ndice de umidade a par-

    tir dos parmetros do balano hdrico climatolgico proposto originalmente por Thornthwaite em 1948.

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    Portanto a equao 4.1 vlida para o balano hdrico climatolgico que foi mais tarde aperfeioado

    segundo Thornthwaite e Mather (1955) o qual utilizado no presente estudo.

    ndice de umidade de Thornthwaite (Iu):

    (4.1)

    em que, o ndice hdrico (Ih) e ndice de aridez (Ia), so calculados respectivamente por:

    (4.2)

    (4.3)

    Com base no ndice de umidade (Iu), Thornthwaite (1974) e sob uma reviso de especialistasocorrida na ndia em 1980 (ICRISAT, 1980) foram denidos os seguintes tipos climticos (Tabela 4.1):

    Tabela 4.1 - Tipos climticos segundo Thornthwaite (1974) e Icrisat (1980), baseados no ndice de umidade (Iu)

    gerado a partir dos parmetros do BHC de Thornthwaite e Mather (1955)

    Tipo de Clima Iu

    A Supermido Iu 100

    B4

    mido 80 Iu < 100

    B3

    mido 60 Iu < 80

    B2

    mido 40 Iu < 60

    B1 mido 20 Iu < 40

    C2

    Submido 0 Iu < 20

    C1

    Submido seco -33,3 Iu < 0

    D Semi-rido -66,7 Iu < -33,3

    E rido -100 Iu < -66,7

    4.2 ABORDAGEM METODOLGICA

    4.2.1. Base de dados

    Para efeito do presente trabalho, foram utilizados dados mensais dos elementos climticos de

    39 Estaes Climatolgicas Principais pertencentes rede nacional de observaes meteorolgicas de

    superfcie do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), sendo estas estaes distribudas no territrio

    do Estado de Minas Gerais e estados circunvizinhos (Figura 4.1). Esta base de dados est presente nas

    Normais Climatolgicas (1961-1990) (BRASIL, 1992) publicada pelo prprio INMET. Somente a estas

    estaes que foi possvel acrescentar o vento, elemento climtico que no consta nas Normais Cli-

    matolgicas, justicando a escassez de informaes pontuais. Assim, com o acrscimo do vento a esta

    base de dados torna-se possvel efetuarem clculos das estimativas de evapotranspirao potencial por

    diversos mtodos.

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    Figura 4.1 - Localizao das 39 Estaes Climatolgicas Principais do INMET utilizadas para calcular o ndice deumidade de Thornthwaite (1948) no Estado de Minas Gerais.

    4.2.2 Clculo do indicador climtico

    Tendo em vista que o mtodo de Penman-Monteith-FAO (ALLEN et al.,1998), considerado in-

    ternacionalmente o de melhor acurcia na estimativa da evapotranspirao potencial1, esta foi, portanto,

    estimada pelo referido mtodo em substituio ao mtodo de Thornthwaite, originalmente proposto na

    elaborao do BHC pelo prprio Thornthwaite (1948).

    Uma vez elaborado o banco de dados mensais de precipitao pluvial e evapotranspirao poten-

    cial estimada por Penman-Monteith-FAO (PM-FAO), procedeu-se a elaborao do BHC segundo Thorn-

    thwaite e Mather (1955) para todas as localidades (estaes do INMET, Figura 4.1) do contexto deste

    zoneamento para efeito de interpolao dos ndices climticos. A capacidade de gua disponvel adotadano solo foi de 100 mm, sendo a mais usual para efeito de estudos climatolgicos.

    Aps a gerao do BHC de cada localidade, tomou-se os totais anuais da evapotranspirao po-

    tencial (ETP), decincia hdrica (Def) e excesso hdrico (Exc) para os clculos dos ndices de umidade

    (Iu), segundo Thornthwaite (equaes 4.1, 4.2 e 4.3). Desta forma, foram gerados os ndices de umidade

    para cada localidade.

    O esquema de todas as operaes envolvidas para os clculos dos ndices de umidade de Thorn-

    thwaite (Iu) para cada localidade apresentado na Figura 4.2.

    1 Ressalta-se que a evapotranspirao de referncia (ETo), estimada pelo mtodo Penman-Monteith-FAO cou denominada, para os propsitos deste

    trabalho, de evapotranspirao potencial por ser o atual estudo de natureza climatolgica.

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    EC

    ETP - PM-FAO BHC

    Def

    Ih

    Exc

    Ia Iu

    P

    Figura 4.2 - Fluxograma do procedimento de obteno dos ndices de umidade de Thornthwaite (Iu) de cada locali-

    dade para o zoneamento climtico.

    No uxograma da Figura 4.2, tem-se que,

    EC elementos climticos mensais: temperaturas mdia, mxima e mnima (oC); umidade relati-

    va (%); presso atmosfrica (mb); vento (m s-1) e insolao (h);

    P precipitao pluvial mensal (mm);

    ETP - PM-FAO evapotranspirao potencial estimada pelo mtodo de Penman-Monteith-FAO

    (mm);

    BHC balano hdrico climatolgico;

    Def decincia hdrica anual (mm);Exc excesso hdrico anual (mm);

    Ia ndice de aridez;

    Ih ndice hdrico;

    Iu ndice de umidade de Thornthwaite.

    4.2.3 Mtodo de espacializao dos ndices de umidade

    Antes de optar pela metodologia de espacializao apresentada no contexto deste trabalho, foram

    testadas e avaliadas alternativas, incluindo estimativas de temperaturas e evapotranspirao potencial para

    outras localidades do Estado que continham dados de Estaes Pluviomtricas da Agncia Nacional de

    guas (ANA), disponveis na internet (www.ana.gov.br). Contudo, ao utilizar somente a base de dados das39 estaes do INMET aplicando a tcnica da co-krigagem (ISAAKS & SRIVASTAVA, 1989) ao indicador

    climtico adotado, ou seja, ao ndice de umidade (Iu), procurando trabalhar com dados reais e eliminan-

    do estimativas de temperaturas e evapotranspirao potencial, notou-se pelos resultados dos parmetros

    geoestatsticos e pela correspondncia geogrca do Estado melhores resultados, razo pela qual se optou

    por esta tcnica de interpolao. Para tanto, com o propsito de melhorar a qualidade da interpolao dos

    dados e aumentar a resoluo espacial das estimativas, utilizou-se uma base de dados de altitude, latitude

    e longitude, composta pelo Modelo Digital de Elevao (MDE) da superfcie terrestre com resoluo espacial

    de 90 m (NASA, 2005). O MDE foi reclassicado para a resoluo espacial de 1 km, compondo malhas

    retangulares de 1 km2. Adicionou-se a esta malha no interior de Minas Gerais, os valores de altitude, latitu-

    de e longitude referente s estaes do INMET. Em seguida, aplicou-se a tcnica da co-krigagem (ISAAKS

    & SRIVASTAVA, 1989), para espacializar o ndice de umidade (Iu). A anlise de correlao de Pearson foiutilizada para vericar as relaes lineares entre as variveis estudadas de modo a justicar o uso da co-

    krigagem como mtodo de interpolao.

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    Alm do anteriormente mencionado, optou-se pela tcnica da co-krigagem para explorar a inun-

    cia conhecida da altitude, latitude e longitude na variao dos elementos climticos (SEDIYAMA & MELLO

    JNIOR, 1998).

    4.2.4 Programas computacionais utilizados

    Os clculos iniciais referentes ao BHC, at gerarem os ndices de umidades, foram processados

    em planilha eletrnica. Posteriormente, a base de dados composta por estes ndices foi importada para o

    programa ArcGis 9.1, onde se procedeu s anlises Geoestatsticas gerando os semivariogramas, ajuste

    de modelos e a realizao da interpolao por co-krigagem. Para validar os mtodos de interpolao e

    realizar o clculo das estatsticas descritivas e anlise de correlao de Pearson utilizou-se o programa

    SAS v. 8.1 e Sisvar.

    4.3 RESULTADOS

    Na Tabela 4.2 apresentado um extrato da planilha dos clculos efetuados onde se tem alm das

    localidades com as respectivas coordenadas geogrcas, os dados observados mdios anuais de tempe-ratura (T) e precipitao pluvial acumulada (P), assim como os resultados anuais para evapotranspirao

    potencial (ETP), decincia hdrica (Def), excesso hdrico (Exc), o ndice hdrico (Ih), o ndice de aridez (Ia)

    e por m o ndice de umidade de Thornthwaite (Iu). Os trs ltimos so adimensionais.

    Os resultados nais representados pelos mapas atendem ao termo de referncia que norteou as

    atividades do ZEE, onde o espao fsico territorial o determinado pelas reas de abrangncia das Re-

    gionais do COPAM, sendo estas: Regional Sul, Regional do Tringulo Mineiro e Alto Paranaba, Regional

    do Leste Mineiro, Regional do Alto So Francisco, Regional Central, Regional da Zona da Mata, Regional

    Noroeste, Regional Norte e Regional do Vale do Jequitinhonha.

    Denido o mtodo da interpolao (co-krigagem), o zoneamento climtico com base no ndice de

    umidade de Thornthwaite apresentado na Figura 4.7 de acordo com a classicao de Thornthwaite

    (Tabela 4.1), vericando as zonas com caractersticas climticas homogneas. Semelhantemente, a Fi -gura 4.8 mostra o mapa de interpolao do ndice de umidade, porm representado em campo contnuo,

    onde possvel identicar o ndice de umidade de forma pontual, ou seja, por malhas retangulares de 1

    km2, para a qual cou denida a resoluo. Subsidiando a discusso so acrescentados os mapas de tem-

    peratura mdia anual e precipitao total anual para todo o Estado de Minas Gerais, (Figuras 4.3 a 4.6).

    De acordo com a Figura 4.7, so vericadas todas as classicaes climticas conforme a pro -

    posio de Thornthwaite, podendo, alm das classes dos ndices de umidades mostrados na Tabela 4.1,

    caracterizar o clima conforme as descries seguintes:

    D Semi-rido: com intervalo do ndice de umidade entre 66,7 e 33,3, pode-se caracterizar

    por serem regies com baixos ndices de chuvas, normalmente com mdia anual abaixo de 850 mm, as-

    sociados com elevadas taxas de evapotranspirao, referenciando-se pelas temperaturas mais altas com

    mdias anuais superando 25 oC, o que condiciona a um clima semi-rido.

    C1 Submido seco: com intervalo do ndice de umidade entre 33,3 e 0 so vericados ndicesde chuvas acumuladas, em mdia durante o ano, na ordem de 850 a 1100 mm. Possui temperaturas

    mdias anuais relativamente mais baixas com relao ao clima semi-rido compreendendo uma faixa que

    pode variar de 21 a 25 oC, que levam a demanda de evapotranspirao relativamente menor, a qual, por

    sua vez, gera ndices de umidade pouco maiores.

    C2

    Submido: nesta classe o intervalo do ndice de umidade est compreendido entre 0 e 20.

    Quanto ao ndice pluviomtrico anual so vericados valores em torno de 1100 a 1400 mm e, por sua

    vez a temperatura mdia anual gira em torno de 22,0oC condicionando regies transitrias entre os

    climas mais secos para aqueles caracterizados como midos. Contudo, tal como em regies onde so

    encontrados os climas com caractersticas como aos anteriores (Semi-rido e Submido seco), so ne-

    cessrias atenes especiais pelos usurios e gestores pblicos dos recursos naturais nestas regies que

    normalmente se reetem na disponibilidade dos recursos hdricos naturais principalmente quando se tratada atividade agropecuria.

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    Tabela 4.2 - Extrato da planilha de clculos para gerao do indicador climtico representado pelo ndice de umida-

    de de Thornthwaite (1948)

    CidadeLatitude

    (dec)

    Longitu-

    de

    (dec)

    Altitude

    (m)

    T

    (oC)

    P

    (mm)

    ETP

    (mm)

    Def

    (mm)

    Exc

    (mm)Ih Ia Iu

    Aimors -19,48 -41,07 82,74 24,6 1163 1252 236 147 11,7 18,9 -7,1

    Araua -16,87 -42,07 284,39 24,4 842 1176 353 19 1,6 30,0 -28,4

    Arax -19,57 -46,93 1003,87 20,4 1574 1115 139 598 53,7 12,4 41,2

    Bambu -20,00 -45,98 661,27 20,7 1425 1034 97 488 47,2 9,4 37,8

    Barbacena -21,25 -43,77 1126,00 18,0 1437 939 60 558 59,5 6,4 53,1

    BH -19,93 -43,93 850,02 21,1 1490 1151 216 555 48,3 18,8 29,5

    Caparo -20,52 -41,87 843,18 18,8 1339 1011 60 387 38,3 5,9 32,4

    Capinpolis -18,68 -49,57 620,60 23,0 1528 1226 219 521 42,5 17,8 24,6

    Caratinga -19,80 -42,15 609,05 21,2 1194 1058 88 224 21,2 8,3 12,9C. Mato

    Dentro-19,03 -43,43 652,00 20,8 1520 1009 108 619 61,3 10,7 50,6

    Diamantina -18,25 -43,60 1296,12 18,1 1405 1076 175 504 46,9 16,2 30,6

    Espinosa -14,92 -42,85 569,84 24,1 749 1574 767 -57 -3,6 48,7 -52,3Gov. Vala-

    dares -18,85 -41,93 277,45 24,5 1114 1050 145 209 19,9 13,8 6,1Ibirit -20,02 -44,05 814,54 20,5 1479 1063 157 573 53,9 14,8 39,2

    Itamarandiba -17,85 -42,85 1097,00 20,1 1083 1005 200 278 27,7 19,9 7,7

    Joo Pinheiro -17,70 -46,17 760,36 22,5 1439 1255 333 517 41,2 26,5 14,7

    Juiz de Fora -21,77 -43,35 939,96 19,3 1644 913 45 776 85,0 4,9 80,1

    Lavras -21,23 -45,00 918,84 19,5 1529 1063 92 559 52,6 8,7 43,9

    Machado -21,67 -45,92 873,35 19,6 1592 1007 31 616 61,2 3,1 58,2

    Monte Azul -15,08 -42,75 603,63 24,0 827 1452 625 0 0,0 43,0 -43,0Montes

    Claros-16,72 -43,87 646,29 22,4 1082 1336 442 188 14,1 33,1 -19,0

    Paracatu -17,22 -46,87 711,40 22,6 1439 1159 242 523 45,1 20,9 24,2Patos de

    Minas-18,60 -46,52 940,28 21,1 1474 1187 266 553 46,6 22,4 24,2

    Pedra Azul -16,00 -41,28 648,91 22,1 848 1219 391 20 1,6 32,1 -30,5Pompu -19,22 -45,00 690,91 22,1 1228 1097 188 319 29,1 17,1 12,0

    So Loureno -22,10 -45,02 900,32 19,1 1567 1005 15 577 57,5 1,5 56,0

    Sete Lagoas -19,47 -44,25 732,00 20,9 1328 1178 257 407 34,6 21,8 12,8

    Telo Otoni -17,85 -41,52 356,38 22,4 1059 1011 118 166 16,4 11,6 4,8

    Uberaba -19,75 -47,92 742,90 21,9 1589 1196 163 556 46,5 13,7 32,8

    Viosa -20,75 -42,85 689,73 19,4 1222 990 104 335 33,8 10,5 23,4Carinhanha-

    BA-14,17 -43,92 440,10 25,0 813 1563 750 0 0,0 48,0 -48,0

    Guaratinga-

    BA-16,73 -39,73 323,75 23,3 1247 1086 3 164 15,1 0,3 14,8

    C. Itapem.-

    ES-20,85 -41,10 77,53 23,7 1062 1167 130 25 2,1 11,1 -9,0

    Itaperuna-RJ -21,20 -41,88 123,59 23,5 1176 1118 92 150 13,4 8,2 5,2

    C. Jordo-SP -22,73 -45,58 1578,81 13,4 1785 796 0 989 124,3 0,0 124,3Franca-SP -20,55 -47,43 1026,20 17,9 1624 973 86 736 75,7 8,8 66,9

    S. Carlos-SP -22,02 -47,88 856,00 19,6 1495 1104 113 505 45,7 10,3 35,5

    Braslia-DF -15,78 -47,93 1159,54 21,2 1553 1273 313 592 46,5 24,5 22,0

    S. Simo-SP -21,48 -47,55 617,39 21,7 1491 1166 107 433 37,1 9,2 27,9

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    B1

    mido: a primeira classe com caractersticas de clima mido, cujo intervalo do ndice de

    umidade varia entre 20 e 40. Neste caso, o padro de chuvas acumulada durante o ano, varia em torno

    de 1400 a 1700 mm, com mdia aproximada de 1500 mm. A temperatura mdia anual chega a oscilar

    de 18 a 23oC, levando a decincia hdrica anual em valores bastante variveis, pois a demanda de eva-

    potranspirao assim a caracteriza. Para as regies onde se vericam este tipo climtico, atividades que

    dependem estritamente dos recursos naturais, tal como a agricultura, podem se emergir sem grandes

    investimentos.

    B2

    mido: este tipo climtico situa-se na classe entre 40 e 60 para o ndice de umidade. Veri-

    ca-se que a temperatura e precipitao total acumulada, mdias anuais, so da ordem de 19,0 a 20oC

    e 1500 a 1600 mm, respectivamente. Por sua vez a evapotranspirao potencial segue valores relativa-

    mente mais baixos, com decincia hdrica anual no solo agrcola da ordem de 87 mm. As regies onde

    so vericadas estas condies climticas j possuem caractersticas marcantes de desenvolvimento

    scio-econmico devido melhoria das condies naturais auto-sustentveis.

    B3

    mido: o intervalo da classe para este tipo climtico de 60 a 80, cujo ndice de chuvas

    anual chega a superar a 1600 mm, podendo a temperatura mdia anual ser inferior a 18,0 oC. O clima

    assim caracterizado fornece de maneira geral condies favorveis a diversos empreendimentos, tor-

    nando as regies, do ponto de vista dos recursos naturais, pouco restritivas ao desenvolvimento auto-

    sustentvel.B

    4 mido: Neste caso, o clima possui caractersticas notrias de umidade mais elevada associa-

    da com nveis de temperatura mais baixas, sofrendo inuncias de regies serranas. O intervalo para o

    ndice de umidade corresponde de 80 a 100. O ndice pluviomtrico supera 1700 mm e as temperaturas

    amenas favorecem menor demanda de evapotranspirao, o que condiciona valores do ndice de umidade

    de Thornthwaite mais elevados. A prtica da agricultura irrigada bastante restrita nestas regies, pois

    as condies climticas favorecem a agricultura sem necessariamente ter que utilizar-se desta tecnolo-

    gia. Alm disso, estas condies climticas favorecem melhoria na disponibilidade dos recursos hdricos

    naturais, o que, entre outros fatores, condicionam o maior desenvolvimento para as regies que se

    enquadram neste tipo climtico.

    A Supermido: os ndices climticos superam o valor numrico 100, possuindo temperaturas

    mdias anuais inferiores a 14o

    C e, apresentando precipitaes mdias acumuladas superiores a 1750mm. So climas que apresentam baixa demanda de evapotranspirao em virtude dos valores relativa-

    mente baixos para a temperatura. Por conseguinte, traduzem em decincias hdricas baixas, elevando

    os ndices de umidade. Quase sempre, so regies que sofrem forte inuncia de altitudes mais elevadas,

    como o caso do sul do Estado, devido inuncia da Serra da Mantiqueira. Para atividades agrcolas, na

    maioria das reas ocorrem restries trmicas para muitas culturas, onde o risco de ocorrncia de geadas

    agronmicas so bastante freqentes, o que se torna fator limitante. Por outro lado, algumas potencia-

    lidades para o desenvolvimento regional podem ser destacadas como vericada em certas localidades

    para a indstria txtil de malhas principalmente para o vesturio de inverno. A paisagem natural oferece

    excelentes condies para atividades ecotursticas.

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    Figura 4.3 - Mapa das classes de temperatura mdia anual (oC) para o Estado de Minas Gerais.

    Figura 4.4 - Mapa representado como campo contnuo de temperatura mdia anual (oC) para o Estado de Minas

    Gerais.

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    Figura 4.5 - Mapa das classes de precipitao pluvial total mdia anual (mm) para o Estado de Minas Gerais.

    Figura 4.6 - Mapa representado como campo contnuo de precipitao pluvial total mdia anual (mm) para o Estado

    de Minas Gerais.

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    Figura 4.7 - Zoneamento climtico com base no ndice de umidade de Thornthwaite (Iu) para o Estado de Minas

    Gerais.

    Figura 4.8 - Zoneamento climtico representado como campo contnuo com base no ndice de umidade de Thorn-

    thwaite (Iu) para o Estado de Minas Gerais.

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    A seguir so apresentadas detalhadamente, para as regionais estudadas, as respectivas descri-

    es das classes climticas segundo a classicao de Thornthwaite.

    4.3.1 Classifcao climtica por regionais do COPAM segundo o indicador climtico de Thornthwaite

    So apresentadas as classicaes climticas por regionais do COPAM, segundo o critrio preco-

    nizado por Thornthwaite (1948) e que so denidas de acordo com as classes da Tabela 4.1.

    Desta forma, como para os demais componentes deste ZEE, por meio de um zoom, possvel

    obter uma informao de forma pontual detectando peculiaridades geogrcas locais.

    4.3.1.1 Regional Sul

    As caracterizaes climticas do tipo B2e B

    3(tipos climticos midos) so as que predominam em

    grande parte da regional Sul. O clima B2

    ocorre mais ao norte desta regional em continuidade com partes

    da regional do Tringulo Mineiro, Alto So Francisco, Central e Zona da Mata. Fazendo parte desta regio-

    nal, verica-se no extremo sul do Estado os tipos climticos B4

    (mido) e A (Supermido), onde o clima

    sofre inuncia da Serra da Mantiqueira, se referenciando principalmente base de dados da Estao

    Climatolgica do municpio de Campos do Jordo no Estado de So Paulo.

    4.3.1.2 Regional do Tringulo Mineiro e Alto Paranaba

    Nesta regional, em extenso territorial um pouco superior, h a ocorrncia do clima caracterizado

    como B1

    (mido). Em segundo na ordem de extenso territorial, aparece o tipo climtico classicado

    como B2

    (mido), concentrando-se mais ao centro desta regional delimitando-se com as regionais do

    Alto So Francisco e Sul. H a ocorrncia tambm do tipo climtico C2

    (Submido) em estreita faixa a

    nordeste desta regional e ainda uma pequena rea do clima tipo B3

    (mido) ao extremo sudeste desta

    regional.

    4.3.1.3 Regional Leste

    Nesta regional, abrangendo de norte a sul e do centro a leste limitando-se com os estados do Esp-

    rito Santo e Bahia, ocorre o clima tipo C1

    (Submido seco). Mais ao centro em faixa indo do sul ao norte

    desta regional, predomina o tipo climtico C2

    (Submido) e tambm em reas isoladas ao norte, leste

    e sul. A oeste/sudoeste, confrontando com a regional Central do Estado e a do Vale do Jequitinhonha,

    verica-se a ocorrncia do clima caracterizado como B1

    (mido).

    4.3.1.4 Regional do Alto So Francisco

    Nesta regional, do sul para o norte vericam-se os tipos climticos B2

    (mido), B1

    (mido) e C2

    (Submido), sendo o tipo B1

    o que ocorre em maior extenso territorial. O tipo B3

    (mido), tambm

    vericado a sudoeste nesta regional fazendo divisa com as regionais do Tringulo Mineiro e Sul.

    4.3.1.5 RegionalCentral

    De forma semelhante regional do Alto So Francisco, na regional Central, do sul para o norte

    so predominantes os tipos climticos B2

    (mido), B1

    (mido) e C2

    (Submido).

    4.3.1.6 Regional Zona da Mata

    Nesta regional, seguindo de sudoeste a nordeste, ocorrem pequenas reas com o tipo climtico B4

    (mido), seguindo com o tipo B3(mido) e depois com a caracterizao climtica B

    2(mido) abrangendo

    faixa central da regional indo da divisa com a regional Central at a divisa com o Estado do Rio de Janeiro.Seguindo o mesmo sentido anterior e atingindo maior extenso territorial, predomina o tipo climtico B

    1

    (mido), limitando-se com as regionais Central, Leste e Estados do Esprito Santo e Rio de Janeiro. Em

    reas isoladas e em menor extenso, fazendo divisa com os Estados do Rio de Janeiro e Esprito Santo e

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    regional Leste de Minas Gerais, ocorre o tipo C2

    (Submido). Por m em transio com a regional Leste,

    comea a ocorrer uma pequena rea do tipo C1

    (Submido seco).

    4.3.1.7 Regional Noroeste

    De norte a sul nesta regional, abrangendo extensa rea central, predomina o tipo climtico C2(Su-

    bmido). A oeste, fazendo divisa com o Estado de Gois ocorre uma faixa de tipo climtico B1

    (mido),

    assim como no extremo sul desta regional. Ao norte, nordeste e leste ocorre o tipo climtico classicado

    como C1

    (Submido seco).

    4.3.1.8 Regional Norte

    Ao extremo norte desta regional e do Estado de Minas Gerais verica-se a ocorrncia do tipo

    climtico D (Semi-rido). Em maior extenso territorial, em toda esta regional, indo de oeste a leste,

    predomina o tipo climtico C1

    (Submido seco). Ao longo da faixa sul desta regional, nota-se a ocorrn-

    cia de clima C2

    (Submido) e em trs pequenas reas isoladas no extremo sul ocorre o tipo climtico B1

    (mido).

    4.3.1.9 Regional Vale do Jequitinhonha

    uma regio de grande diversidade climtica sofrendo inuncia geogrca do Serra do Espinha-

    o at o Baixo Jequitinhonha em divisa com o Estado da Bahia. Mais ao sul desta regional encontra-se o

    tipo climtico B2(mido). Logo acima, abrangendo a regio do municpio de Diamantina, verica-se o tipo

    B1(mido), seguindo com o clima C

    2(Submido) em propores de reas semelhantes. Da regio central

    a nordeste desta regional predomina o tipo caracterizado como clima C1

    (Submido seco) abrangendo

    cerca de 50 % ou mais em rea total nesta regional. E, ainda, no extremo nordeste, nota-se a ocorrncia

    do clima D (Semi-rido), envolvendo municpios como Almenara, Jacinto, Jordnia e Salto da Divisa. Nas

    imediaes dos municpios de Itaobim, Itinga e Medina, em rea menor de ocorrncia, tambm verica-se

    esta ltima condio climtica (clima D -Semi-rido).

    4.4 GLOSSRIO

    Evapotranspirao transferncia de gua do sistema solo-planta para a atmosfera por evapora-

    o direta da gua e transpirao das plantas.

    Evapotranspirao potencial (ETp) evapotranspirao em extensa rea com vegetao densa,

    rasteira, de crescimento ativo, cobrindo toda a superfcie (grama batatais) e sob condies de solo sem

    restrio hdrica. Conceito introduzido por Thornthwaite em 1948 sendo mais apropriado para estudos

    climatolgicos.

    Evapotranspirao de referncia (ETo) conceito introduzido por Doorenbos e Pruitt (1977) eadotado pela FAO - Food and Agriculture Organization, em substituio ao conceito de evapotranspirao

    potencial, sendo a ETo utilizada como referncia para obter a evapotranspirao de uma cultura agrcola

    qualquer para efeitos de manejo de irrigao. Nesse conceito a grama foi substituda por uma cultura

    hipottica (ALLEN et al., 1998).

    Normais Climatolgicas mdia de srie de 30 (trinta) anos de elementos meteorolgicos dirios,

    sendo as ltimas normais correspondente ao perodo de 1961-1990.

    4.5 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration - Guidelines for computingcrop water requirements. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO,

    1998. 300p. (FAO Irrigation and Drainage Paper, 56).

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    BRASIL. Ministrio da Agricultura e Reforma Agrria. Secretaria Nacional de Irrigao. Departamento

    Nacional de Meteorologia. Normais climatolgicas (1961-1990). Braslia: 1992. 84p.

    DOORENBOS, J.; PRUITT, W.O. Crop water requirements. Rome: Food and Agriculture Organization of

    the United Nations - FAO, 1977. 144p. (FAO Irrigation and Drainage Paper, 24).

    ICRISAT International Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics. Climatic Classication: A

    Consultants Meeting, 14-16, April, 1980, ICRISAT Center, Patancheru, A.P. 502324, ndia, 1980.

    153 p.

    ISAAKS, E. H.; SRIVASTAVA, R. M. Applied geostatistics. New York: Oxford University Press, 1989.

    561p.

    NASA, Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) 2000. Land Information Worldwide Mapping, LLC.

    Raster, 1:50000.2005.

    PEREIRA, A.R.; VILLA NOVA, N.A.; SEDIYAMA. G.C. Evapo(transpi)rao. Piracicaba: FEALQ, 1997.

    183p.

    SEDIYAMA, G.; MELLO Jr., J. C. Modelos para estimativas das temperaturas normais mensais mdias,

    mximas, mnimas e anual no estado de Minas Gerais. Revista Engenharia na Agricultura. Viosa, v.6,

    n.1, p.57-61, 1998.

    VIANELLO, R.L.; ALVES, A.R. Meteorologia bsica e aplicaes. Viosa: Imprensa Universitria/UFV,

    1991. 449p.

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