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4A COMUNIDADE JORNAL NIPPO-BRASIL | 12 a 18 de outubro de 2005 TRABALHO NO JAPÃO Casarão do Chá, em Mogi, ganha cara nova até 2008 DIA-A-DIA • Vale comemora 50 anos no mercado japonês Quatro meses depois da visita do presidente Lula ao Japão, o presidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Roger Agnelli, voltou a anunciar contratos com empresas japonesas. Na missão presidencial no final de maio, a Vale foi a companhia que mais lu- crou, depois da Petrobras, ao fechar acordos de US$ 800 milhões. Agora,Agnelli visitou Tóquio para comemorar o 50º aniversário do primeiro carregamento de minério de ferro enviado àquele país. Na ocasião, a companhia anunciou contratos de venda de 275 mi- lhões de toneladas de minério, até 2017, para os japoneses. • Petrobras quer mais parceria com nipônicos A Petrobras está analisando propostas de tradings japonesas para financiar a segunda etapa do desenvolvimento do campo de Jubarte, uma reserva estimada em 600 milhões de barris na bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A informação foi dada pelo presi- dente da estatal, José Sérgio Gabrielli. A agência Reuters havia an- tecipado que a estatal negociava com astradings Mitsui,Mitsubishi e Sumitomo. Os investimentos podem chegar a US$ 3 bilhões. • Consulado faz doação à Apae de Batatais O Consulado Geral do Japão em São Paulo assinou o contra- to de doação de R$ 166.258 à Apae de Batatais no dia 5 de outu- bro. A verba faz parte do Programa de Assistência a Projetos Co- munitários e Garantia da Segurança do Ser Humano do governo japonês. Participaram da cerimônia o presidente da Apae, José Donizeti Villar, e o cônsul-geral Masuo Nishibayashi. Fundada em 1970, a Apae de Batatais é uma instituição de apoio à pessoa portadora de deficiência e é freqüentada por cerca de 1,3 mil pessoas com necessidades especiais da cidade e região. • Título de Cidadão Mogiano a Masashi Mori A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes aprovou projeto que outorga o título de Cidadão Mogiano ao prefeito do município de Toyama, Japão, Masashi Mori, pelos relevantes serviços prestados ao município. O diploma será entregue em sessão na Câmara, no dia 25 de outubro. A autoria do projeto é do vereador Mauro Araú- jo (PSDB). A indicação partiu do prefeito Junji Abe (PSDB). Daiki e DON Consultoria: benefícios exclusivos ao dekassegui Redação NB A parceria firmada entre a empreiteira japonesa Daiki e a agên- cia DON Consultoria permite que brasileiros interessados em tra- balhar no Japão encontrem muitas oportunidades de emprego nas províncias de Hiroshima e Yamaguchi. “A nossa empreiteira foi fundada em 1996, e a matriz está localizada em Hiroshima, por isso temos muitos contatos na região. Desde o começo do ano, venho atuando no Brasil. Aqui, eu mesmo faço a entrevista com o funci- onário e explico a ele como é o perfil da empreiteira e em quais fábricas ele poderá trabalhar” , conta Kiyoshi Sassaki, representante e entrevistador da Daiki no Brasil. O trabalho em conjunto das duas empresas possibilita que o descendente chegue no Japão já com emprego garantido, uma vez que a Daiki faz colocações diretas com as fábricas. Segundo Sassaki, a empreiteira garante vagas de trabalho em estaleiros (fábrica de embarcações), autopeças e em uma com- panhia de madeira que é considerada a maior fábrica desse segmento no Japão. Hoje, a Daiki trabalha com mais de 800 brasileiros no Ja- pão e realiza contratações de homens e mulheres, inclusive casais com filhos pequenos. “Muitas firmas evitam contratar funcionários com filhos, mas os nossos funcionários podem ficar tranqüilos, porque na região existem creches brasileiras e japonesas que educam e cuidam das crianças enquanto os pais trabalham” , informou Sassaki. Além de toda a assistência básica oferecida aos brasileiros, como buscar no aeroporto,levar nos apartamentos semimobiliados,auxiliar na retirada dos documentos de identidade na prefeitura local e tam- bém na abertura da conta bancária, a Daiki ainda oferece outros be- nefícios ao dekassegui que,geralmente,só são garantidos aos funcio- nários japoneses.“A nossa empreiteira segue a legislação trabalhista do Japão e garante férias remuneradas aos descendentes. Em outras firmas, 99% oferecem esse benefício apenas aos japoneses que são contratados.Após seis meses de trabalho,o funcionário tem direito a dez dias de folga remunerada, que se chama yûkyû. Esses dias são usados para casos de necessidade, quando a pessoa não está se sen- tindo bem ou precisa ir ao médico. Mas os brasileiros que trabalham durante dois anos seguidos podem utilizar os dias acumulados para voltar para o Brasil, como se fossem férias remuneradas” , explica o re- presentante da Daiki. mportante marco da imigra- ção japonesa em Mogi das Cruzes, a 50 km de São Pau- lo, o Casarão do Chá está em re- forma. Os trabalhos foram inici- ados recentemente, após o envio de R$ 216 mil do Ministério da Cultura, verba que já havia sido solicitada em 2003, ocasião da apresentação do projeto Restau- ração Global do Casarão Chá. A idéia é que as reformas estejam finalizadas até junho de 2008, para integrar as festivida- des do centenário da imigração japonesa. O projeto de restaura- ção foi dividido em três etapas. A primeira, com remoção de paredes e de parte do telhado, além da troca de madeiras, já começou e deve terminar, a prin- cípio, até março do ano que vem. Na segunda etapa, entra a carpintaria, um trabalho mais técnico e que contará com a aju- da do japonês Tetsuya Nakao, que chega ao Brasil já na segun- da quinzena de outubro. Ele já esteve por aqui em abril, quan- do pôde analisar in-loco o em- preendimento. A terceira fase será, literalmente, da colocação de novo piso e acabamento fi- nal das reformas. A idéia é que as reformas sejam finalizadas a tempo de integrar as festividades do centenário da imigração japonesa Helder Horikawa/NB Mogi das Cruzes Essa será a terceira restaura- ção do Casarão do Chá, desde o princípio dos anos 90. A última ocorreu há quatro anos e gerou gastos de R$ 68 mil. “Foram ape- nas algumas reparações simples, que não exigiram muito no aspec- to financeiro. Agora, o trabalho será diferente. Só que precisamos de mais verba para terminarmos da forma como prevê o projeto de restauração global”, argumenta Akinori Nakatani, presidente da Associação Casarão do Chá. A verba enviada pelo Minis- tério da Cultura refere-se a 80% do orçamento previsto nas refor- mas. A luta agora é conseguir os 20% restantes, algo em torno de R$ 54 mil. O Ministério já foi consultado novamente. Uma reunião com o prefeito de Mogi, Junji Abe (PSDB), está para ser agendada, por intermédio do vereador Pedro Komura (PSC), para que a própria prefeitura as- suma o que ainda falta. Uma so- licitação já havia sido encami- nhada ao Executivo em agosto último. De acordo com Nakatani, o vice-prefeito Marco Aurélio Bertaioli (PFL) antecipou o as- sunto também com o vice-go- vernador Cláudio Lembo, que preside a Comissão Estadual do Centenário da Imigração Japo- nesa. Lembo, segundo o presi- dente da Associação do Casarão do Chá, prontificou-se a ajudar. Amami faz dois anos com planos de expansão SOLIDARIEDADE Fundada em 28 de janeiro de 1959, como forma de assistir aos imigrantes japoneses que chega- vam ou se encontravam no País, a Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo (Enkyo), que ganhou essa denominação a partir de 1972, está ampliando seus traba- lhos para além da comunidade nikkei. Na verdade, a notícia não é nova assim, a começar pela cri- ação do Hospital Nipo-Brasileiro em 1988. Mas, há duas semanas, a entidade comemorou o segundo aniversário do Centro de Ação Social Enkyo – Unidade Amami, que faz um trabalho com crianças carentes no bairro de Vila Carrão, na zona leste da capital paulista. E já há planos de expansão, que deve ter início já em 2006. De fato, poucas pessoas conhe- cem o trabalho realizado na Amami. Por isso mesmo, o suces- so do projeto, que teve início com o piloto em 27 de setembro de 2003, coordenado por Chieko Yoza, mereceu um brinde especi- al. Daquele piloto com três deze- nas de crianças, hoje a casa, depois de assinar um convênio com a Se- cretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo, por intermédio da subprefeitura da Vila Carrão, atende 94 de 12 esco- las públicas da região. O número de crianças já ultra- passou o limite de 84 previsto no Helder Horikawa/NB São Paulo convênio com a subprefeitura, que tem o apoio especial do subprefeito Vicente de Paula Marques de Oli- veira e de Gilberto Dalmaso, co- ordenador de Assistência Social e Desenvolvimento. Todas freqüen- tam a casa diariamente. Há dois meses, teve início um trabalho si- milar com senhoras da terceira ida- de uma vez por semana. Hoje, elas já são 12 e podem aumentar ainda mais. “Podemos chegar até 20. Mais do que isso acho difícil, até pela limitação do espaço físico, já que as atendemos simultaneamen- te com as crianças”, explica Kazuko Tomita Utino, a nova co- ordenadora da Amami. Fazer parte da Amami exige al- guns pré-requisitos. Os principais são estar estudando e ter entre 6 e 15 anos incompletos. A situação de vulnerabilidade social também é le- vada em conta. “Ali, o que muitas precisam é de atenção, carinho e compreensão”, afirma Kazuko. Lá, as crianças têm noções de informá- tica, participam de aulas de artesa- nato e de cidadania, além de uma série de práticas esportivas. Desde agosto último, também recebem orientações de prevenção às dro- gas, em acordo firmado com a Se- cretaria de Segurança Pública. Por conta da grande procura, os atendimentos na Amami pas- saram a se dar em dois períodos. Um grupo fica das 8 às 12 horas, com direito a café-da-manhã e al- moço. O outro entra às 13 e sai às 17 horas, também com direito a uma refeição e um lanche da tar- de. O repasse da subprefeitura, de R$ 8,4 mil por mês, supre a ali- mentação. O resto dos gastos é complementado com uma contri- buição mensal de R$ 20 mil do Hospital Nipo-Brasileiro, também administrado pelo Enkyo. Os planos de expansão da Uni- dade Amami são simples. A idéia é criar uma área esportiva no pavi- mento superior da sede. O projeto não tem um orçamento fechado, mas deve ser realizado no ano que vem. “Depois da assistência aos imigrantes, aos idosos e dos traba- lhos na área de saúde, essa é nossa primeira experiência atuando soci- almente com as crianças. E, depois de dois anos, vimos que é possível executar o trabalho”, afirma Ignácio Tadayoshi Moriguchi, vice-presidente do Enkyo e presi- dente da Comissão de Centro de Ação Social da entidade. O prédio onde está a Amami na Vila Carrão foi doado pela As- sociação Amami do Brasil em 2002, uma entidade criada por imigrantes da pequena ilha de Amami, na província de Ka- goshima, há mais de 25 anos. O nome, como diz a coordenadora Kazuko, foi mantido em home- nagem aos seus doadores. Além do Nipo Brasileiro e da Amami, o Enkyo administra o Am- bulatório Médico na Liberdade, o Centro de Reabilitação Social em Guarulhos (Yassurague Home), a Casa de Reabilitação em Santos (Kossei Home), a Casa de Repou- so Suzano (Ipelândia Home), a Casa de Repouso Akebono em Guarulhos, e o Recanto de Repou- so (Sakura Home), em Campos do Jordão. Além disso, uma equipe do Enkyo mantém a Assistência Médica Móvel, atendendo nikkeis em todo o País. Choci Miyagui recebe o título de Cidadão Paulistano na Câmara RECONHECIMENTO No dia 14 de outubro, du- rante sessão no Plenário da Câmara Municipal de São Pau- lo, Choci Miyagui, ex-presi- dente da Associação Okinawa do Brasil, será homenageado com o título de Cidadão Pau- listano. A indicação foi propos- ta originalmente pelo ex-vere- ador Jorge Taba. “Embora te- nha sido o primeiro a fazer a indicação, Taba não teve tem- po de assistir sua aprovação. Então, resolvi reiterar sua su- gestão, pois Miyagui merece a homenagem”, diz o vereador Ushitaro Kamia (PFL). Na opinião do vereador, Miyagui sempre foi um ho- mem ativo na comunidade. “Ele defendeu o exercício da cidada- nia no Japão e no Brasil, inde- pendente da sua condição de imigrante. Na Associação Oki- nawa, incentivou a cultura típi- ca da província, que possui tra- ços singulares em relação à milenar cultura japonesa”, conta. O título de Cidadão Paulista- no é concedido somente a perso- nalidades nacionais ou estrangei- ras radicadas no Brasil e trans- forma-se em decreto após ser vo- tado em Plenário, como determi- na o regimento interno da Câma- ra. Para a indicação ser aprova- da, são necessários, no mínimo, 37 votos dos 55 vereadores que compõem a Casa. Miyagui nasceu no dia 16 de julho de 1930, em Yaeyama, na província de Okinawa. Aos 28 anos, decidiu interromper seus estudos na Faculdade de Ciênci- as Políticas e Econômicas para tentar a sorte no Brasil. Por aqui, residiu na cidade de Tupã, onde trabalhou nas lavouras de café. Em 1960, Miyagui recebeu convite para trabalhar em uma feira livre, alfaiataria, restaurante e pastelaria. Acabou por montar um restaurante e ganhou a con- cessão para o comércio de um box no Mercado Municipal. Eliane Ogata/NB São Paulo I O assunto poderia ser levado ao conhecimento do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Localizado no bairro Cocu- era, nas proximidades do km 10 da estrada que liga Mogi a Salesópolis, o Casarão do Chá foi criado em 1942, por intermé- dio da Sociedade Katakura Go- mei Gaisha. A obra, construída por Kunikazu Ueno utilizando pilares de eucaliptos e paredes de taipa (argila com feno), foi tombada em 1984 pelo Conse- lho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artís- tico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e o Institu- to do Patrimônio Histórico e Ar- tístico Nacional (Iphan). PASSADO - Criado em 1942, o Casarão foi tombado pelo Conselho do Patrimônio Histórico em 1984 AJUDA - Unidade Amami atende hoje 94 crianças carentes da Vila Carrão Arquivo NB Erick Nélson/RH Fotografias

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4A COMUNIDADE JORNAL NIPPO-BRASIL | 12 a 18 de outubro de 2005

TRABALHO NO JAPÃO

Casarão do Chá, em Mogi,ganha cara nova até 2008

DIA-A-DIA• Vale comemora 50 anos no mercado japonês

Quatro meses depois da visita do presidente Lula ao Japão, opresidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Roger Agnelli,voltou a anunciar contratos com empresas japonesas. Na missãopresidencial no final de maio, a Vale foi a companhia que mais lu-crou, depois da Petrobras, ao fechar acordos de US$ 800 milhões.Agora, Agnelli visitou Tóquio para comemorar o 50º aniversário doprimeiro carregamento de minério de ferro enviado àquele país.Na ocasião, a companhia anunciou contratos de venda de 275 mi-lhões de toneladas de minério, até 2017, para os japoneses.

• Petrobras quer mais parceria com nipônicosA Petrobras está analisando propostas de tradings japonesas

para financiar a segunda etapa do desenvolvimento do campo deJubarte, uma reserva estimada em 600 milhões de barris na baciade Campos, no Rio de Janeiro. A informação foi dada pelo presi-dente da estatal, José Sérgio Gabrielli. A agência Reuters havia an-tecipado que a estatal negociava com astradings Mitsui, Mitsubishie Sumitomo. Os investimentos podem chegar a US$ 3 bilhões.

• Consulado faz doação à Apae de BatataisO Consulado Geral do Japão em São Paulo assinou o contra-

to de doação de R$ 166.258 à Apae de Batatais no dia 5 de outu-bro. A verba faz parte do Programa de Assistência a Projetos Co-munitários e Garantia da Segurança do Ser Humano do governojaponês. Participaram da cerimônia o presidente da Apae, JoséDonizeti Villar, e o cônsul-geral Masuo Nishibayashi. Fundada em1970, a Apae de Batatais é uma instituição de apoio à pessoaportadora de deficiência e é freqüentada por cerca de 1,3 milpessoas com necessidades especiais da cidade e região.

• Título de Cidadão Mogiano a Masashi MoriA Câmara Municipal de Mogi das Cruzes aprovou projeto que

outorga o título de Cidadão Mogiano ao prefeito do município deToyama, Japão, Masashi Mori, pelos relevantes serviços prestadosao município. O diploma será entregue em sessão na Câmara, nodia 25 de outubro. A autoria do projeto é do vereador Mauro Araú-jo (PSDB). A indicação partiu do prefeito Junji Abe (PSDB).

Daiki e DON Consultoria: benefíciosexclusivos ao dekassegui

Redação NB

A parceria firmada entre a empreiteira japonesa Daiki e a agên-cia DON Consultoria permite que brasileiros interessados em tra-balhar no Japão encontrem muitas oportunidades de empregonas províncias de Hiroshima e Yamaguchi. “A nossa empreiteira foifundada em 1996, e a matriz está localizada em Hiroshima, por issotemos muitos contatos na região. Desde o começo do ano, venhoatuando no Brasil. Aqui, eu mesmo faço a entrevista com o funci-onário e explico a ele como é o perfil da empreiteira e em quaisfábricas ele poderá trabalhar”, conta Kiyoshi Sassaki, representantee entrevistador da Daiki no Brasil.

O trabalho em conjunto das duas empresas possibilita queo descendente chegue no Japão já com emprego garantido,uma vez que a Daiki faz colocações diretas com as fábricas.Segundo Sassaki, a empreiteira garante vagas de trabalho emestaleiros (fábrica de embarcações), autopeças e em uma com-panhia de madeira que é considerada a maior fábrica dessesegmento no Japão.

Hoje, a Daiki trabalha com mais de 800 brasileiros no Ja-pão e realiza contratações de homens e mulheres, inclusivecasais com filhos pequenos. “Muitas firmas evitam contratarfuncionários com filhos, mas os nossos funcionários podemficar tranqüilos, porque na região existem creches brasileirase japonesas que educam e cuidam das crianças enquanto ospais trabalham”, informou Sassaki.

Além de toda a assistência básica oferecida aos brasileiros, comobuscar no aeroporto, levar nos apartamentos semimobiliados, auxiliarna retirada dos documentos de identidade na prefeitura local e tam-bém na abertura da conta bancária, a Daiki ainda oferece outros be-nefícios ao dekassegui que, geralmente, só são garantidos aos funcio-nários japoneses. “A nossa empreiteira segue a legislação trabalhistado Japão e garante férias remuneradas aos descendentes. Em outrasfirmas, 99% oferecem esse benefício apenas aos japoneses que sãocontratados. Após seis meses de trabalho, o funcionário tem direito adez dias de folga remunerada, que se chama yûkyû. Esses dias sãousados para casos de necessidade, quando a pessoa não está se sen-tindo bem ou precisa ir ao médico. Mas os brasileiros que trabalhamdurante dois anos seguidos podem utilizar os dias acumulados paravoltar para o Brasil, como se fossem férias remuneradas”, explica o re-presentante da Daiki.

mportante marco da imigra-ção japonesa em Mogi dasCruzes, a 50 km de São Pau-

lo, o Casarão do Chá está em re-forma. Os trabalhos foram inici-ados recentemente, após o enviode R$ 216 mil do Ministério daCultura, verba que já havia sidosolicitada em 2003, ocasião daapresentação do projeto Restau-ração Global do Casarão Chá.

A idéia é que as reformasestejam finalizadas até junho de2008, para integrar as festivida-des do centenário da imigraçãojaponesa. O projeto de restaura-ção foi dividido em três etapas.A primeira, com remoção deparedes e de parte do telhado,além da troca de madeiras, jácomeçou e deve terminar, a prin-cípio, até março do ano que vem.

Na segunda etapa, entra acarpintaria, um trabalho maistécnico e que contará com a aju-da do japonês Tetsuya Nakao,que chega ao Brasil já na segun-da quinzena de outubro. Ele jáesteve por aqui em abril, quan-do pôde analisar in-loco o em-preendimento. A terceira faseserá, literalmente, da colocaçãode novo piso e acabamento fi-nal das reformas.

A idéia é que asreformas sejamfinalizadas a tempo deintegrar as festividadesdo centenário daimigração japonesa

Helder Horikawa/NBMogi das Cruzes

Essa será a terceira restaura-ção do Casarão do Chá, desde oprincípio dos anos 90. A últimaocorreu há quatro anos e gerougastos de R$ 68 mil. “Foram ape-nas algumas reparações simples,que não exigiram muito no aspec-to financeiro. Agora, o trabalhoserá diferente. Só que precisamosde mais verba para terminarmosda forma como prevê o projeto derestauração global”, argumentaAkinori Nakatani, presidente daAssociação Casarão do Chá.

A verba enviada pelo Minis-tério da Cultura refere-se a 80%do orçamento previsto nas refor-mas. A luta agora é conseguir os20% restantes, algo em torno deR$ 54 mil. O Ministério já foi

consultado novamente. Umareunião com o prefeito de Mogi,Junji Abe (PSDB), está para seragendada, por intermédio dovereador Pedro Komura (PSC),para que a própria prefeitura as-suma o que ainda falta. Uma so-licitação já havia sido encami-nhada ao Executivo em agostoúltimo.

De acordo com Nakatani, ovice-prefeito Marco AurélioBertaioli (PFL) antecipou o as-sunto também com o vice-go-vernador Cláudio Lembo, quepreside a Comissão Estadual doCentenário da Imigração Japo-nesa. Lembo, segundo o presi-dente da Associação do Casarãodo Chá, prontificou-se a ajudar.

Amami faz dois anos com planos de expansão SOLIDARIEDADE

Fundada em 28 de janeiro de1959, como forma de assistir aosimigrantes japoneses que chega-vam ou se encontravam no País,a Beneficência Nipo-Brasileira deSão Paulo (Enkyo), que ganhouessa denominação a partir de1972, está ampliando seus traba-lhos para além da comunidadenikkei. Na verdade, a notícia nãoé nova assim, a começar pela cri-ação do Hospital Nipo-Brasileiroem 1988. Mas, há duas semanas,a entidade comemorou o segundoaniversário do Centro de AçãoSocial Enkyo – Unidade Amami,que faz um trabalho com criançascarentes no bairro de Vila Carrão,na zona leste da capital paulista.E já há planos de expansão, quedeve ter início já em 2006.

De fato, poucas pessoas conhe-cem o trabalho realizado naAmami. Por isso mesmo, o suces-so do projeto, que teve início como piloto em 27 de setembro de2003, coordenado por ChiekoYoza, mereceu um brinde especi-al. Daquele piloto com três deze-nas de crianças, hoje a casa, depoisde assinar um convênio com a Se-cretaria Municipal de AssistênciaSocial da Prefeitura de São Paulo,por intermédio da subprefeitura daVila Carrão, atende 94 de 12 esco-las públicas da região.

O número de crianças já ultra-passou o limite de 84 previsto no

Helder Horikawa/NBSão Paulo

convênio com a subprefeitura, quetem o apoio especial do subprefeitoVicente de Paula Marques de Oli-veira e de Gilberto Dalmaso, co-ordenador de Assistência Social eDesenvolvimento. Todas freqüen-tam a casa diariamente. Há doismeses, teve início um trabalho si-milar com senhoras da terceira ida-de uma vez por semana. Hoje, elasjá são 12 e podem aumentar aindamais. “Podemos chegar até 20.Mais do que isso acho difícil, atépela limitação do espaço físico, jáque as atendemos simultaneamen-te com as crianças”, explicaKazuko Tomita Utino, a nova co-ordenadora da Amami.

Fazer parte da Amami exige al-guns pré-requisitos. Os principaissão estar estudando e ter entre 6 e15 anos incompletos. A situação devulnerabilidade social também é le-vada em conta. “Ali, o que muitasprecisam é de atenção, carinho e

compreensão”, afirma Kazuko. Lá,as crianças têm noções de informá-tica, participam de aulas de artesa-nato e de cidadania, além de umasérie de práticas esportivas. Desdeagosto último, também recebemorientações de prevenção às dro-gas, em acordo firmado com a Se-cretaria de Segurança Pública.

Por conta da grande procura,os atendimentos na Amami pas-saram a se dar em dois períodos.Um grupo fica das 8 às 12 horas,com direito a café-da-manhã e al-moço. O outro entra às 13 e sai às17 horas, também com direito auma refeição e um lanche da tar-de. O repasse da subprefeitura, deR$ 8,4 mil por mês, supre a ali-mentação. O resto dos gastos écomplementado com uma contri-buição mensal de R$ 20 mil doHospital Nipo-Brasileiro, tambémadministrado pelo Enkyo.

Os planos de expansão da Uni-

dade Amami são simples. A idéiaé criar uma área esportiva no pavi-mento superior da sede. O projetonão tem um orçamento fechado,mas deve ser realizado no ano quevem. “Depois da assistência aosimigrantes, aos idosos e dos traba-lhos na área de saúde, essa é nossaprimeira experiência atuando soci-almente com as crianças. E, depoisde dois anos, vimos que é possívelexecutar o trabalho”, afirmaIgnácio Tadayoshi Moriguchi,vice-presidente do Enkyo e presi-dente da Comissão de Centro deAção Social da entidade.

O prédio onde está a Amamina Vila Carrão foi doado pela As-sociação Amami do Brasil em2002, uma entidade criada porimigrantes da pequena ilha deAmami, na província de Ka-goshima, há mais de 25 anos. Onome, como diz a coordenadoraKazuko, foi mantido em home-nagem aos seus doadores.

Além do Nipo Brasileiro e daAmami, o Enkyo administra o Am-bulatório Médico na Liberdade, oCentro de Reabilitação Social emGuarulhos (Yassurague Home), aCasa de Reabilitação em Santos(Kossei Home), a Casa de Repou-so Suzano (Ipelândia Home), aCasa de Repouso Akebono emGuarulhos, e o Recanto de Repou-so (Sakura Home), em Campos doJordão. Além disso, uma equipedo Enkyo mantém a AssistênciaMédica Móvel, atendendo nikkeisem todo o País.

Choci Miyagui recebe o título deCidadão Paulistano na Câmara

RECONHECIMENTO

No dia 14 de outubro, du-rante sessão no Plenário daCâmara Municipal de São Pau-lo, Choci Miyagui, ex-presi-dente da Associação Okinawado Brasil, será homenageadocom o título de Cidadão Pau-listano. A indicação foi propos-ta originalmente pelo ex-vere-ador Jorge Taba. “Embora te-nha sido o primeiro a fazer aindicação, Taba não teve tem-po de assistir sua aprovação.Então, resolvi reiterar sua su-gestão, pois Miyagui merece ahomenagem”, diz o vereadorUshitaro Kamia (PFL).

Na opinião do vereador,Miyagui sempre foi um ho-mem ativo na comunidade. “Eledefendeu o exercício da cidada-nia no Japão e no Brasil, inde-pendente da sua condição deimigrante. Na Associação Oki-nawa, incentivou a cultura típi-ca da província, que possui tra-

ços singulares em relação à milenarcultura japonesa”, conta.

O título de Cidadão Paulista-no é concedido somente a perso-nalidades nacionais ou estrangei-ras radicadas no Brasil e trans-forma-se em decreto após ser vo-tado em Plenário, como determi-na o regimento interno da Câma-ra. Para a indicação ser aprova-da, são necessários, no mínimo,37 votos dos 55 vereadores quecompõem a Casa.

Miyagui nasceu no dia 16 dejulho de 1930, em Yaeyama, naprovíncia de Okinawa. Aos 28anos, decidiu interromper seusestudos na Faculdade de Ciênci-as Políticas e Econômicas paratentar a sorte no Brasil. Por aqui,residiu na cidade de Tupã, ondetrabalhou nas lavouras de café.

Em 1960, Miyagui recebeuconvite para trabalhar em umafeira livre, alfaiataria, restaurantee pastelaria. Acabou por montarum restaurante e ganhou a con-cessão para o comércio de um boxno Mercado Municipal.

Eliane Ogata/NBSão Paulo

I

O assunto poderia ser levado aoconhecimento do governadorGeraldo Alckmin (PSDB).

Localizado no bairro Cocu-era, nas proximidades do km 10da estrada que liga Mogi aSalesópolis, o Casarão do Cháfoi criado em 1942, por intermé-dio da Sociedade Katakura Go-mei Gaisha. A obra, construídapor Kunikazu Ueno utilizandopilares de eucaliptos e paredesde taipa (argila com feno), foitombada em 1984 pelo Conse-lho de Defesa do PatrimônioHistórico, Arqueológico, Artís-tico e Turístico do Estado de SãoPaulo (Condephaat) e o Institu-to do Patrimônio Histórico e Ar-tístico Nacional (Iphan).

PASSADO - Criado em 1942, o Casarão foi tombado pelo Conselho do Patrimônio Histórico em 1984

AJUDA - Unidade Amami atende hoje 94 crianças carentes da Vila Carrão

Arquivo NB

Erick Nélson/RH Fotografias