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Sociedade das Cincias Antigas

Martinesismo, Willermosismo, Martinismo e Franco Maonariapor

Papus

Traduzido do original Francs: Martinsisme, Willermosisme, Martinisme et Franco-Maonnerie Editado por Lucien Chamuel em 1899 Contendo um resumo da histria da Franco-Maonaria at 1899 e uma anlise nova de todos os graus do Escocismo, ilustrado com inmeros quadros sintticos. Os profanos no vos lero, a no ser que sejais claro ou obscuro, prolixo ou sinttico. Somente os HOMENS DE DESEJO iro ler os vossos escritos e aproveitaro vossa luz. Dai-lhes essa luz to pura e revelada quanto possvel.

Louis Claude de Saint-Martin

INTRODUOMuitos erros foram cometidos em relao ao Movimento Martinista; muitas calnias foram proferidas contra seus fundadores e suas doutrinas, o que torna necessrio elucidar alguns pontos de sua histria, esclarecendo os objetivos deste movimento, estabelecendo a diferena entre ele e os propsitos das diversas sociedades que se ligam a um simbolismo qualquer. Para que todo membro da Ordem e todo pesquisador consciencioso possa destruir definitivamente tais calnias, iremos expor de modo imparcial os diferentes aspectos que o Movimento Martinista conheceu, e que podem enquadrar-se em quatro grandes perodos: a-) O Martinesismo de Martinez de Pasqually; b-) O Willermosismo de Jean-Baptiste Willermoz; c-) O Martinismo de Louis Claude de Saint-Martin; d-) O Martinismo contemporneo (fim do sculo XIX).

CAPTULO 1 OS ILUMINADOS, SWEDENBORG, MARTINEZ E WILLERMOZ1. OS ILUMINADOS CRISTOS 1.1 A ROSA-CRUZ impossvel compreender a essncia do Martinismo de todas as pocas, se antes no estabelecermos a diferena fundamental existente entre uma Sociedade de Iluminados e a Maonaria. Uma Sociedade de Iluminados liga-se ao Invisvel por um ou por vrios de seus chefes. Seu princpio de existncia tem sua origem em um plano supra-humano; toda sua organizao administrativa se faz de cima para baixo. Os membros da fraternidade obedecem a seus chefes, obrigao que se torna ainda mais importante medida que os membros entram no crculo interior. A Maonaria no est ligada ao Invisvel por nenhum vnculo. Seu princpio de existncia tem sua origem em seus membros e em nada mais. Toda sua organizao administrativa se faz de baixo para cima, com selees sucessivas por eleio. Infere-se disso que esta ltima forma de fraternidade nada pode produzir para fortificar sua existncia a no ser cartas constitutivas e papis administrativos, comuns a toda sociedade profana; enquanto as Ordens de Iluminados baseiam-se, sempre, no Princpio do Invisvel que as dirige. A vida privada, as obras pblicas e o carter dos chefes da maioria das fraternidades de Iluminados demonstram que esse Princpio Invisvel pertence ao plano Divino, sem relao alguma com Sat ou com outros demnios, como insinuam os clrigos, assustados com o progresso dessas sociedades.

A Fraternidade de Iluminados mais conhecida, anterior a Swedenborg, a nica da qual se pode falar no mundo profano, a dos Irmos Iluminados da Rosa-Cruz, cuja constituio e chave sero dadas dentro de alguns anos. Foram os membros dessa fraternidade que decidiram criar sociedades simblicas, encarregadas de conservar os rudimentos da Iniciao Hermtica, dando nascimento aos diversos ritos da Franco-Maonaria. No se pode estabelecer nenhuma confuso entre o Iluminismo, centro superior de estudos Hermticos, com a Maonaria, centro inferior de conservao, reservado aos debutantes. Somente entrando nas Fraternidades de Iluminados, podem os Franco-Maons obter o conhecimento prtico desta Luz, quando ento sobem de grau em grau. 1.2 SWEDENBORG Atravs dos esforos constantes dos Irmos Iluminados da Rosa-Cruz, o Invisvel concedeu um impulso considervel Humanidade, atravs da iluminao de Swedenborg, o clebre sbio sueco. A misso de realizao de Swedenborg consistiu basicamente na constituio de uma cavalaria laica do Cristo, encarregada de defender a idia crist, dentro de sua pureza primitiva, e de atenuar, no Invisvel, os deplorveis efeitos das corrupes, das especulaes de fortuna e de todos os processos caros ao Prncipe deste Mundo, realizados pelos Jesutas, sob as cores do Cristianismo. Swedenborg dividiu sua obra de realizao em trs sees: - Seo de ensinamento, constituda por seus livros e pelo relato de suas vises; - Seo religiosa, constituda pela aplicao ritualstica de seus ensinamentos; - Seo encarregada da tradio simblica e da prtica, constituda pelos graus iniciticos do Rito Swedenborgeano. Esta ltima seo nos interessa mais particularmente no momento. Ela foi dividida em trs sees secundrias: a primeira era elementar e manica; a segunda preparava o recipiendrio para o Iluminismo; a terceira era ativa. A primeira seo compreendia os graus de Aprendiz, Companheiro, Mestre e Mestre Eleito; na segunda tnhamos os graus de Aprendiz Cohen (ou Mestre Eleito Iluminado), Companheiro Cohen e Mestre Cohen; na terceira, os graus de Mestre Cohen (destinado realizao elementar, ou Aprendiz RosaCruz), Cavaleiro Rosa-Cruz Comendador, Rosa-Cruz Iluminado ou Kadosh (Mestre Grande Arquiteto). Observa-se que os escritores manicos, entre outros, Ragon, no tiveram sobre o Iluminismo seno informaes de segunda mo e no puderam fornecer os dados que hoje apresentamos, nem ver a chave da passagem de uma seo outra, pelo desdobramento do grau superior de cada seo. Observa-se, alm disso, que o nico verdadeiro criador dos altos graus foi Swedenborg, que esses graus ligam-se exclusivamente ao Iluminismo e foram diretamente hierarquizados e constitudos por Seres Invisveis. Mais tarde, falsos maons procuraram apropriar-se dos graus do Iluminismo e no conseguiram seno expor sua ignorncia. Com efeito, posse do grau de Irmo Iluminado da Rosa-Cruz no consiste na propriedade de um pergaminho ou de uma faixa sobre o peito; prova-se somente pela aquisio de poderes espirituais ativos, que o pergaminho e a faixa apenas podem indicar. Ora, entre os iniciados de Swedenborg, houve um a quem o Invisvel prestou assistncia particular e incessante, um homem dotado de grandes faculdades de realizao em todos os planos. Esse homem,

Martinez de Pasqually, recebeu a iniciao do Mestre em Londres, sendo encarregado de difundi-la na Frana. 2. OS ILUMINADOS 2.1 O MARTINESISMO Foi graas s cartas de Martinez de Pasqually que pudemos fixar a ortografia exata de seu nome, [1] estropiado at ento pelos crticos ; foi ainda graas aos arquivos que possumos e ao apoio constante do Invisvel, que logramos demonstrar que Martinez no teve jamais a idia de transportar a Maonaria aos princpios essenciais, que sempre desprezou, como bom Iluminado que foi. Martinez passou metade de sua vida combatendo os nefastos efeitos da propaganda sem f desses pedantes de lojas, desses pseudo-venerveis que, abandonando o caminho a eles fixado pelos Superiores Incgnitos, quiseram tornar-se plos no Universo e substituir a ao do Cristo pelas suas e os conselhos do Invisvel pelos resultados dos escrutnios emanados da multido. Em que consistia o Martinesismo? Na aquisio pela pureza corporal, anmica e espiritual, dos poderes que permitem ao homem entrar em relao com os Seres Invisveis, denominados anjos pela Igreja, chegando no somente a sua reintegrao pessoal, mas tambm reintegrao de todos os discpulos de vontade. Martinez fazia vir sala de reunies todos os que lhe pediam a luz. Traava os crculos ritualsticos, escrevia as palavras sagradas, recitava suas oraes com humildade e fervor, agindo sempre em nome do Cristo, como testemunharam todos aqueles que assistiram s suas operaes, como testemunham ainda todos os seus escritos. Ento, os seres invisveis apareciam, resplandecentes de luz. Agiam e falavam, ministravam ensinamentos elevados e instigavam orao e ao recolhimento; tudo isso ocorria sem mdiuns adormecidos, sem xtase, sem alucinaes doentias. Quando a operao terminava, os Seres Invisveis tendo sido embora, Martinez dava as seus discpulos os modo de chegarem por si mesmos produo dos mesmos resultados. Somente quando os discpulos obtinham sozinhos a assistncia real do Invisvel que Martinez lhes outorgava o grau de Rosa-Cruz, como mostram suas cartas, com evidncia. A iniciao de Willermoz, que durou mais de dez anos, a de Louis Claude de Saint-Martin e da de outros, mostram-nos que o Martinesismo foi consagrado a outros objetivos, alm da prtica da Maonaria Simblica. Basta no ser admitido no prtico de um centro real de Iluminismo, para confundir os discursos dos venerveis com os trabalhos ativos dos Rosa-Cruzes Martinistas. Martinez quis inovar to pouco que conservou integralmente os nomes dados aos graus pelos Invisveis e transmitidos por Swedenborg. Seria justo, ento, utilizarmos a denominao de Swedenborgismo [2] adaptado em vez do Martinesismo . Martinez considerava a Franco-Maonaria uma escola de instruo elementar e inferior, como prova se Mestre Cohen que diz: Fui recebido Mestre Cohen, passando do tringulo aos crculos. Isto quer dizer, traduzindo os smbolos: Fui recebido Mestre Iluminado, passando da Franco-Maonaria prtica do Iluminismo. Pergunta-se igualmente ao Aprendiz Cohen: Quais so as diferentes palavras, sinais e toques convencionais dos Eleitos Maons Apcrifos? E ele responde: Para o Aprendiz, Jakin, a palavra de passe Tubalcain; para o Companheiro, Booz, a palavra Schiboleth; para o Mestre,

Macbenac, a palavra Giblin. Era necessrio possuir pelo menos sete dos graus da Maonaria ordinria para tornar-se Cohen. A leitura mesmo superficial dos catecismos clara a esse respeito. Martinez procurava desenvolver cada um dos membros de sua ordem pelo trabalho pessoal, deixando-lhes toda a liberdade e toda a responsabilidade por seus atos. Ele selecionava com o maior cuidado seus iniciados, conferindo os graus somente a uma real aristocracia da inteligncia. Os iniciados, uma vez recrutados, reuniam-se para trabalhar em conjunto; essas reunies eram feitas em pocas astrolgicas determinadas. Assim se constituiu uma cavalaria de Cristo, cavalaria laica, tolerante e que se afastava das prticas habituais dos diversos cleros. Procurava individual da reintegrao pelo Cristo, trabalho em grupo, unio de esforos espirituais para ajudar os principiantes: tal foi, em resumo, o papel do Martinesismo. Essa Ordem recrutava seus discpulos diretamente junto aos profanos, como foi o caso de Saint-Martin, ou, mais habitualmente, entre os homens j titulares de altos graus manicos. Em 1574, Martinez encontrava-se em presena: 1 da Franco-Maonaria oriunda da Inglaterra, constituindo a Grande Loja Inglesa da Frana (aps 1743), que deveria, em breve, tornar-se a Grande Loja da Frana (1756), dando lugar s intrigas do mestre de dana Lacorne. Essa maonaria era absolutamente elementar e constituda apenas dos trs graus azuis (Aprendiz, Companheiro e Mestre); era sem pretenses e formava um excelente centro de seleo. 2 - Paralelamente a essa Loja Inglesa, existia sob o nome de Captulo de Clermont um grupo praticando o sistema templrio, que Ramsay acrescentou em 1728 Maonaria, com os graus designados Escocs, Novio, Cavaleiro do Templo, etc. Uma curta explicao aqui necessria: um dos representantes mais ativos da iniciao templria foi Fenelon. Em seus estudos sobre Cabala, entrou em relaes com vrios [3] Cabalistas e Hermetistas. Aps sua luta com Bosuet, Fenelon foi forado a fugir do mundo e a exilarse quando preparou, com o maior cuidado, um plano de ao que deveria mais tarde proporcionar-lhe a revanche. O cavaleiro de Ramsay foi cuidadosamente iniciado por Fenelon e encarregado de executar esse plano com o apoio dos Templrios, que obteriam ao mesmo tempo sua vingana. O cavaleiro de Beneville estabeleceu em 1754 o Captulo de Clermont, com seus graus templrios. Ele perseguia um objetivo poltico e uma revoluo sangrenta que Martinez no podia aprovar, como nenhum outro cavaleiro do Cristo aprovaria. Assim como Martinez, todos os discpulos de sua ordem entre os quais Saint-Martin e Willermoz, combateram energicamente esse rito templrio, que alcanou parte de seus fins em 1789 e em 1793, quando mandou guilhotinar a maioria dos chefes Martinistas. Mas no nos antecipemos. 3 - Alm dessas duas correntes, havia outros representantes do Iluminismo na Frana. Citemos, em primeiro lugar, Dom Pernety, tradutor da obra O Cu e o Inferno de Swedenborg, fundador do sistema dos Iluminados de Avignon (1766) e importante personagem na constituio dos Filaletes (1773). necessrio ligar ao mesmo centro a obra de Benedict de Chastenier, que lanou em Londres em 1767 as bases de seu rito Iluminados Tesofos, que brilhou particularmente a partir de 1783. O Iluminismo criou vrios grupos interligados por objetivos comuns e por Mestres Invisveis oriundos da mesma fonte, que se reuniram posteriormente no plano fsico. De Martinez de Pasqually vem a obra mais fecunda nesse sentido, pois foi a ele que o cu deu poderes ativos, lembrados por seus discpulos com admirao e respeito.

Do ponto de vista administrativo, o Martinesismo seguir exatamente os graus de Swedenborg, como podemos constatar pela simples leitura da carta de Martinez de 16 de junho de 1760. Com efeito, o grau de Mestre Grande Arquiteto resume os trs graus da terceira seo. Sob a autoridade de um Tribunal Soberano constituram-se Lojas e Grupos no interior da Frana, cujo nascimento e evoluo poderemos constatar pela leitura das cartas de Martinez, por ns publicadas. 2.2 O WILLERMOSISMO Dos discpulos de Pasqually, dois merecem particularmente nossa ateno pelas obras que realizaram: Jean Baptiste Willermoz, de Lyon, e Louis Claude de Saint-Martin. Inicialmente iremos nos ocupar do primeiro. Willermoz, negociante Lions, era maom quando comeou sua correspondncia inicitica com Martinez de Pasqually. Habituado hierarquia manica, aos grupos e s Lojas, concentrou sua obra de realizao no sentido do trabalho em grupo. Tendeu, pois, a constituir Lojas de Iluminados; enquanto Saint-Martin dirigiu seus esforos para o trabalho individual. A obra capital de Willermoz foi a organizao de congressos manicos, os Conventos, permitindo aos Martinistas desmascarar previamente a obra fatal dos Templrios e apresentar o Martinismo sob seu real aspecto de universalismo integral e imparcial da Cincia Hermtica. Quando foi iniciado por Martinez, Willermoz era venervel da loja A Perfeita Amizade de Lyon, cargo que ocupou entre 1752 e 1763. Essa loja filiava-se Grande Loja da Frana. Em 1760, uma primeira seleo foi realizada e todos os membros portadores do grau de Mestre constituram uma grande Loja de Mestres de Lyon tendo Willermoz como Gro-Mestre. Em 1765, nova seleo foi realizada atravs da criao do Captulo de Cavaleiros da guia Negra, colocados sob a direo do Dr. Jacques Willermoz, irmo mais moo de Jean-Baptiste. Ao mesmo tempo, este abandonou a presidncia da Loja ordinria e da loja de Mestres, em favor do Ir\ Sellonf, para colocar-se na chefia da Loja dos Elus Cohens, formada com os melhores elementos do Captulo. Sellonf, Jacques Willermoz e Jean Baptiste formaram um Conselho Secreto, tendo os irmos de Lyon sob tutela. Abordemos agora a natureza dos trabalhos realizados na Loja dos Cohens, falando mais tarde dos conventos realizados. Constata-se nos documentos depositados no Supremo Conselho da Ordem Martinista, vindos diretamente de Willermoz, que as reunies, reservadas aos membros portadores do ttulo de Iluminado, eram consagradas orao coletiva e s operaes, permitindo a comunicao direta com o Invisvel. Possumos todos os detalhes relativos maneira de fazer essa comunicao; mas esses rituais devem ficar reservados exclusivamente ao Comit Diretor do Supremo Conselho. Podemos revelar, contudo, lanando grandes luzes sobre muitos pontos, que os iniciados davam o nome de Filsofo Desconhecido ao ser invisvel com o qual se comunicavam. Foi ele quem ditou, em parte, o livro Dos Erros e da Verdade de Saint-Martin, que somente adotou esse pseudnimo mais tarde, por ordem superior. Provamos essa afirmao em nosso volume consagrado a Saint-Martin. A mais alta espiritualidade, a mais intensa submisso s vontades do Cu, as mais ardentes oraes a Nosso Senhor Jesus Cristo jamais deixaram de preceder, de acompanhar e de encerrar as reunies [4] presididas por Willermoz . Apesar disso, se os clrigos ainda desejam ver um diabo peludo e cornudo em toda influncia invisvel e se esto dispostos a confundir tudo o que for supra-terrestre com influncias inferiores, s poderemos lamentar uma posio desse tipo, que possibilita toda espcie de mistificao e de zombaria. O Willermosismo, assim como o Martinesismo e o Martinismo, sempre foi cristo e jamais clerical. Ele d a Csar o que de Csar e ao Cristo o que de Cristo; jamais vende o

Cristo a Csar. O Agente ou Filsofo Desconhecido ditou 166 cadernos de instruo, possibilitando a Saint-Martin copiar os principais. Dentre esses manuscritos, cerca de 80 foram destrudos nos primeiros meses de 1790 pelo prprio Agente, para evitar que cassem em mos de enviados de Robespierre, que se esforou para obt-los. 2.3 - OS CONVENTOS Em 12 de agosto de 1778, Willermoz anunciou o Convento de Gaules, realizado em Lyon entre 25 e 27 de dezembro do mesmo ano. Esse convento tinha como objetivo apurar o sistema escocs e destruir todos os maus germens introduzidos no sistema pelos Templrios. Sob a influncia dos Iluminados de todo o Pas, saiu dessa reunio a primeira condenao do plano de vingana sangrenta, preparado em silncio dentro de certas lojas. O resultado dos trabalhos desse convento est contido no Novo Cdigo das Lojas Retificadas da Frana, mantido em nossos arquivos e publicado em 1779. Para se compreender o grande esforo realizado no sentido da unio dos maons, necessrio lembrar que o mundo manico estava em plena anarquia. O Grande Oriente da Frana fora fundado em 1772 graas usurpao da Grande Loja por Lacorne e seus seguidores, dirigidos ocultamente pelos Templrios. Estes, aps terem estabelecido o Captulo de Clermont, foram transformados em 1760 em Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente; em 1762, em Cavaleiros do Oriente, entrando, finalmente, no Grande Oriente atravs de Lacorne. Graas sua influncia, o sistema de lojas foi profundamente modificado; em todos os lugares o regime parlamentar, realizando eleies de seus oficiais, substituiu a antiga unidade e autoridade hierrquica. Com a desordem causada em todas as partes por essa revoluo, os Martinistas intervieram para trazer a todos a reconciliao. Eis a razo desse primeiro convento de 1778 e de seus esforos para impedir as dilapidaes financeiras que se faziam em toda a parte. Encorajado por esse primeiro sucesso, Willermoz convocou, a partir do dia 9 de setembro de 1780, [5] todas as grandes lojas escocesas da Europa ao Convento de Wilhemsbad, perto de Hanau . O Convento de Wilhemsbad foi aberto em uma tera-feira, no dia 16 de julho de 1782, sob a presidncia de Ferdinand de Brunswick, um dos chefes do Iluminismo Internacional. Desse convento saiu a Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa de Jerusalm e uma nova condenao do sistema Templrio. Como se observa, o Willermosismo tendeu sempre ao agrupamento de fraternidades iniciticas, constituio de coletividades de iniciados dirigidas por centros ativos religados ao Iluminismo. No tem razo quem pensa que Willermoz tenha abandonado as idias de seus mestres; pensar isso conhecer mal seu carter elevado. Sempre at a morte, quis estabelecer a Maonaria sobre bases slidas, dando como objetivo a seus membros a prtica da virtude e da caridade; mas sempre procurou fazer das lojas e dos captulos centros de seleo para os grupos de Iluminados. A primeira parte de sua obra era clara, a segunda oculta; por isso que as pessoas mal informadas podem no ver Willermoz sob sua verdadeira personalidade. Aps a tormenta revolucionria, tendo seu irmo Jacques Willermoz sido guilhotinado, com todos os seus iniciados, havendo ele prprio escapado por milagre da mesma sorte, foi ainda ele quem reconstituiu na Frana a Franco-Maonaria espiritualista, graas aos rituais que pde salvar do desastre.

Tal foi a obra deste Martinista, a quem consagraremos um volume, to logo quanto possvel, se Deus o permitir.

CAPTULO ii SAINT-MARTIN, MARTINISMO E FRANCO-MAONARIA1. LOUIS CLAUDE DE SAINT-MARTIN E O MARTINISMO Embora no se conhecesse a ortografia correta do nome de Martinez de Pasqually e a profundidade da obra real de Willermoz, antes da publicao das cartas de Pasqually, muito se escreveu sobre SaintMartin; muitas inexatides foram publicadas em relao sua obra. As crticas, as anlises, as suposies e tambm as calnias feitas sua obra baseiam-se to somente nos livros e nas cartas esotricas do Filsofo Desconhecido. Sua correspondncia de Iniciado, endereada a seu colega Willermoz, mostra os inmeros erros cometidos pelos crticos e, em particular, por Matter. verdade que no se pode obter muita informao com base nos documentos atualmente conhecidos, sobretudo quando no se tem nenhuma luz sobre as chaves que d o Iluminismo a esse respeito. Antes de publicar essas cartas, esperaremos que novas imprecises sejam produzidas em relao ao grande realizador Martinista, para destruir de uma s vez todas as ingenuidades e todas as lendas. Willermoz foi encarregado do agrupamento de elementos Martinistas e de ao na Frana; Saint-Martin recebeu a misso de criar a iniciao individual e de exercer sua ao to longe quanto possvel. A esse respeito, permitiram-lhe estudar integralmente os ensinamentos do Agente Desconhecido. Possumos nos arquivos da Ordem muitos cadernos copiados e anotados pelo punho de Saint-Martin. Como dissemos h pouco, o livro Dos Erros e da Verdade originou-se, em grande parte, do Invisvel. Por esse motivo, provocou grande emoo no centros iniciticos desde seu aparecimento, fato que os crticos procuram com muita dificuldade explicar. Esse aspecto, assim como outros, sero esclarecidos quando necessrio. Alm dos estudos ligados ao Iluminismo, comeados junto a Martinez e desenvolvidos com Willermoz, Louis Claude de Saint-Martin ocupou-se ativamente da Alquimia. Ele possua em Lyon um laboratrio organizado para esse fim. Mas deixemos esses detalhes que pretendemos aprofundar mais tarde; ocupemo-nos to somente do aspecto de sua obra que nos interessa aqui. Tendo estendido seu raio de ao, Saint-Martin foi obrigado a fazer certas reformas dentro do Martinesismo. Os autores clssicos de Maonaria deram o nome do grande realizador sua adaptao e designaram sob o nome de Martinismo o movimento proveniente de Louis Claude de Saint-Martin. muito divertido ver certos crticos, que nos abstemos de qualificar, esforarem-se em fazer acreditar que Saint-Martin jamais fundou qualquer ordem. necessrio realmente considerar os leitores bastante mal informados para ousar sustentar ingenuamente tal absurdo. A Ordem de Saint-Martin foi introduzida na Rssia sob o reino da Grande Catarina, sendo to difundida ao ponto de ser mencionada em uma pea de teatro encenada na corte. Ordem de Saint-Martin que se ligam as iniciaes individuais, referidas nas memrias da baronesa de Oberkierch. O autor clssico da Franco-Maonaria, o positivista Ragon, que no simpatizava com os ritos dos Iluminados, descreve nas pginas 167 e 168 de sua Ortodoxia Manica as mudanas operadas por Saint-Martin para constituir o [6] Martinismo .

Sabemos que esses crticos no merecem ser levados a srio, principalmente por Saint-Martin ter desprezado a Franco-Maonaria positivista, fato que nunca perdoaram. O mesmo fez Martinez, que relegou a Maonaria a seu verdadeiro papel de escola elementar e de centro de instruo simblica inferior. Em suma, quando desejam negar fatos histricos, ridicularizam. Aquele que os crticos universitrios denominavam Tesofo de Amboise foi um realizador bastante [7] prtico, sob uma aparncia mstica. Empregou assim como Weishaupt, a iniciao individual. Foi graas a esse procedimento que a Ordem obteve facilidade de adaptao e de extenso, que muitos ritos manicos invejam. Saint-Martin foi no dedicado difuso da Cavalaria Crist de Martinez que violentos ataques foram endereados contra sua obra, sua personalidade e sua vida. Seria necessrio um volume inteiro para rebater essas crticas; limitar-nos-emos dentro deste curto estudo a indicar a [8] verdadeira essncia do Martinismo da poca de Saint-Martin, servindo-nos documentos j impressos . 1.1 LIGAO DE SAINT-MARTIN COM OS ENSINAMENTOS DE MARTINES DE PASQUALLY Meu primeiro mestre, a quem eu fazia perguntas semelhantes em minha juventude, respondia-me que se aos sessenta anos eu tivesse atingido o termo, no deveria lamentar. Ora, tenho apenas cinqenta anos! Procurai ver que as melhores coisas aprendem-se e no se ensinam, e sabereis mais que os doutores. Nossa primeira escola tem coisas preciosas. Eu mesmo fui levado a acreditar que Pasqually, de quem me falais (o qual, necessrio vos dizer, era nosso mestre) tinha a chave ativa de tudo aquilo que nosso [9] caro B... expe em suas teorias, mas no nos considerava aptos para receber verdades to elevadas. Ele possua, tambm os pontos que nosso amigo B... no conheceu ou no quis mostrar, tais como a resipiscncia do ser perverso, para a qual o primeiro homem teria sido encarregado de trabalhar; idia que me parece ainda ser digna do plano universal, mas sobre o qual, entretanto, ainda no tenho nenhuma demonstrao positiva, exceto pela inteligncia. Quanto Sofia e ao Rei do mundo, ele nada nos revelou; deixou-nos nas noes elementares do mundo e do demnio. Mas no afirmarei que ele no tenha tido conhecimento de tudo isso; estou persuadido que acabaramos por chegar a esse conhecimento, se o tivssemos conservado por mais tempo. Resulta de tudo isso que h um excelente casamento a se fazer entre a doutrina de nossa primeira escola e a de nosso amigo B... sobre isso que trabalho; confesso-vos francamente que considero os dois esposos to bem feitos um para o outro que no encontro nada de mais completo: assim, aprendamos deles tudo o que pudermos, eu vos ajudarei da melhor maneira possvel. 1.2 A INICIAO MARTINISTA, SEU CARTER A nica iniciao que prego e que procuro com todo o ardor de minha alma aquela que nos permite entrar no corao de Deus e fazer entrar o corao de Deus em ns, para a fazer um casamento indissolvel, transformando-nos no amigo, irmo e esposa do Divino Reparador. No existe outro mistrio para chegar-se a essa santa iniciao a no ser este: penetrar cada vez mais nas profundezas de nosso ser at aflorar a viva e vivificante raiz; porque, ento, todos os frutos que deveremos portar, segundo nossa espcie, iro se produzir naturalmente em ns e fora de ns, como aqueles que vemos nascer em nossas rvores terrestres, porque so aderentes sua raiz particular e porque no cessam de sugar seu sumo. A - FOGO, SOFRIMENTO

Quando sofremos por nossas prprias obras, falsas e infectas, o fogo corrosivo e queima; e, entretanto ele deve ser menos do que aquele que serve de fonte a essas obras falsas. Tambm tenho dito, mais por sentimento do que por luz (no livro O homem de Desejo), que a penitncia mais doce do que o pecado. Quando sofremos pelos outros homens, o fogo ainda mais vizinho do leo e da luz; mesmo que ele nos rasgue a alma e nos inunde de lgrimas, no passaremos por essas provas em delas retirar deliciosas consolaes e as mais nutritivas substncias. B - CARTER ESSENCIALMENTE CRISTO DO MARTINISMO Os clrigos sempre se esforaram em conservar s para si a possibilidade de comunicao com o plano Divino. A partir dessa pretenso, todo contato que no vem por seu intermdio atribui-se a Sat ou a outros demnios. Caluniaram ao ponto de pretender que os Martinistas no eram cristos, no servindo ao Cristo, mas a um demnio qualquer, disfarado sob esse nome. Eis a resposta de Saint-Martin a essas acusaes: Acrescento que os elementos mistos foram o meio de que se serviu o Cristo para vir at ns; enquanto devemos quebrar e atravessar esses elementos para chegar at ele; assim, enquanto repousarmos sobre esses elementos, estaremos atrasados. Entretanto, como acredito falar a um homem sensato, calmo e discreto, no esconderei que na escola onde passei h mais de vinte e cinco anos as comunicaes de todo o tipo eram numerosas e freqentes; e eu tive a minha parte como muitos outros. Nesses trabalhos, todos os sinais indicativos do Reparador estavam compreendidos. Ora, no ignorais que o Reparador e a Causa Ativa so a mesma coisa.

vuvhAcredito que a palavra comunicou-se sempre, diretamente e sem intermedirio, desde o comeo das coisas. Ela falou diretamente a Ado, a seus filhos e sucessores, a No, a Abrao, a Moiss, aos Profetas, etc., at o tempo de Jesus Cristo. Ela falou pelo grande nome e queria tanto transmiti-lo, diretamente, que segundo a lei levita o grande sacerdote encerrava-se sozinho no Santo dos Santos para pronunci-lo; e, segundo algumas tradies, ele possua campainhas na barra de seu balandrau para ocultar sua voz aos que permaneciam nos recintos vizinhos.

vuavhQuando o Cristo veio, tornou a pronncia dessa palavra ainda mais central ou mais interior, uma vez que o grande nome que essas quatro letras exprimem a exploso quaternria ou o sinal crucial de toda vida. Jesus Cristo, transportando do alto o c dos hebreus, ou a letra S, juntou o santo ternrio ao grande nome quaternrio deve encontrar em ns sua prpria fonte nas ordenaes antigas, com mais forte razo o nome do Cristo deve tambm esperar dele, exclusivamente, toda eficcia e toda luz. Tambm, ele nos disse para nos encerrarmos em nosso quarto quando desejssemos orar; ao passo que, na antiga lei, era absolutamente necessrio ir ao Templo de Jerusalm para adorar; e aqui, vos envio os pequenos tratados de vosso amigo sobre a penitncia, a santa orao, o verdadeiro abandono, [10] intitulados: Der Weg zu Christ (O caminho de Cristo); ai vereis, passo a passo, que se todos os costumes humanos no desaparecerem, e se possvel que qualquer coisa nos seja transmitida, verdadeiramente, se o esprito no se criar em ns, como criasse eternamente no princpio da natureza universal, onde se encontra permanentemente a imagem de onde adquirimos nossa origem e que serviu de exemplo a Mensebwerdung. Sem dvida, h uma grande virtude ligada a essa verdadeira pronncia,

to central quanto oral, deste grande nome e daquele de Jesus Cristo que como a flor. A vibrao de nosso ar elementar uma coisa bem secundria na operao pela qual esses nomes tornam sensveis aquilo que no o foi. A virtude deles de fazer hoje e a todo momento o que fizeram no comeo de todas as coisas para lhes dar a origem; e como produziram toda coisa antes que o ar existisse, sem dvida que ainda esto abaixo do ar, quando desempenham as mesmas funes; no impossvel a esta Divina palavra se fazer escutar mesmo por um surdo e em lugar privado de ar, pois no ser difcil luz espiritual tornar-se sensvel a nossos olhos mesmo fsicos, pelo menos no ficaramos cegos e ofuscados no mais tenebroso calabouo. Quando os homens fazem sair as palavras fora de seu verdadeiro lugar, livrando-as por ignorncia, imprudncia ou impiedade, s regies exteriores ou disposio dos homens de torrente, elas conservam sempre, sem dvida, sua virtude, mas da retiram muito de si prprias, porque no se acomodam por combinaes humanas; tambm, esses tesouros to respeitveis no fizeram outra coisa seno provar a escria, passando pela mo dos homens; sem contar que no cessaram de serem substitudos pelos ingredientes nulos ou perigosos, que, produzindo enormes efeitos, acabaram por encher o mundo inteiro de dolos, porque ele o templo do Deus verdadeiro, que o centro da palavra. Ao terminar estas citaes, salientemos que a Ordem recebeu de Saint-Martin o pantculo e o nome mstico do Cristo, h w c h y, que ornamenta todos os documentos oficiais do Martinismo. necessrio a m f de um clrigo para pretender que esse nome sagrado relaciona-se com outro diferente de Jesus Cristo, o Divino Verbo Criador. Antonini em seu livro Doutrina do mal afirma que o Schim hebraico sataniza todas as palavras onde entra; isso demonstra o seu conhecimento insuficiente de Simbolismo. C - O MARTINISMO CRISTO, MAS SEU ESPRITO ANTICLERICAL Esto a ignorncia e a hipocrisia dos padres entre as causas principais dos males que afligiram a Europa h sculos. No falo da pretendida transmisso da Igreja de Roma, que em minha opinio nada transmite como Igreja, embora alguns de seus membros possam transmitir algo algumas vezes, seja por virtude pessoal, pela f de seu rebanho ou por vontade particular do bem. D - A PRTICA, OS SERES ASTRAIS Como todo Iluminado, Saint-Martin soube insistir sobre o perigo das comunicaes com os seres astrais, como prova a correspondncia entre os dois amigos: No poderamos denominar os trs reinos que vossa escola designava natu-ral, espiritual e Divino, natural, astral e Divino? Todas essas manifestaes que vm aps a iniciao, no seriam do reino astral? Uma vez tendo colocado os ps nesse domnio, no se entraria em sociedade com os seres que a habitam, cuja maior parte, se me for permitido, em assunto dessa natureza, servir-me de uma expresso trivial, m companhia? No se entra em contato com seres que podem atormentar, at ao excesso, o operador que vive nessa multido, ao ponto de suscitar-lhe o desespero e de inspirar-lhe o suicdio, como testemunharam Schoroper e o Conde de Cagliostro! Sem dvida que tero os iniciados os meios mais ou menos eficazes para se protegerem das vises; mas, em geral, parece-me que essa situao, que est fora da ordem estabelecida pela Providncia, pode ter antes conseqncias mais funestas do que favorveis ao nosso progresso espiritual.

1.3 SAINT-MARTIN E CAGLIOSTRO A citao acima demonstra a desconfiana que o Iluminismo francs tinha em relao ao enviado dos irmos Templrios da Alemanha. Ningum melhor do que Saint-Martin para julgar a realidade de certos fatos produzidos por Cagliostro, alguns de influncia positiva, outros, que se manifestavam juntos com detestveis entidades, que no deixavam de apossar-se do esprito e das almas dos assistentes. A - CAGLIOSTRO Apesar da objeo de seu estado moral, descobri que seu mestre operava pela palavra e que tinha transmitido a seus discpulos o conhecimento para operar da mesma maneira durante sua ausncia. Um exemplo marcante desse tipo, que fiquei sabendo h alguns anos, foi o da consagrao da loja manica egpcia de Lyon em 26 de julho de 1756, segundo seu calculo que me parece errado. Os trabalhos duraram trs dias, as oraes cinqenta e quatro horas; havia 27 membros reunidos. Enquanto os membros oravam para o Eterno manifestar sua aprovao atravs de um sinal visvel, estando o mestre no meio de suas cerimnias, o Reparador apareceu, abenoado os membros da assemblia. Ele desceu diante de uma nuvem azul, que servia de veculo a essa apario; pouco a pouco elevou-se ainda sobre essa nuvem que, desde o momento da descida do cu terra, tinha adquirido uma aparncia to deslumbradora que uma jovem presente, C., no pde suportar o esplendor da luz que dele emanava. Os dois grandes profetas e o legislador de Israel deram-lhe sinais de aprovao e de bondade. Quem poderia, com alguma plausibilidade, colocar em dvida o fervor e a piedade de vinte e sete membros? Entretanto, quem foi o criador da loja e o ordenador, embora ausente das cerimnias? Cagliostro! Essa nica palavra suficiente para fazer ver que o erro e as formas emprestadas podem ser a conseqncia da boa f e das intenes religiosas de vinte e sete membros reunidos. 2. MARTINISMO E MATERIALISMO A obra perigosa de Cagliostro no foi a nica que Saint-Martin procurou combater. Ele tambm concentrou todos os seus esforos para lutar contra o progresso dos Filsofos, que se esforavam em precipitar a Revoluo espalhando por toda a Europa os princpios dos atesmo e do materialismo. [11] Foram ainda os Templrios que manejaram esse movi-mento perfeitamente organizado, como nos indicam os trechos extrados de Kirchberger. A incredulidade formou atualmente um clube muito bem organizado. uma grande rvore que faz sombra em uma parte considervel da Alemanha, que porta muitos maus frutos e que projeta suas razes at Sua. Os adversrios da religio crist tm suas afiliaes, seus observadores e sua correspondncia muito bem montada; para cada departamento, tem um provincial que dirige os agentes subalternos; tm os principais jornais alemes sob controle, que constituem a leitura favorita do clero, que no gosta mais de estudar; nossos jornais censuram artigos, aos quais do sua verso e criticam os demais; se um escritor quer combater esse despotismo, enfrentar uma enorme dificuldade para encontrar um editor que queira encarregar-se de seu manuscrito. Eis o mtodo para a parte literria; mas tm muitos outros para consolidar seu poderio e enfraquecer aqueles que sustentam a boa causa. Se h uma vaga de instruo pblica qualquer, ou se existe um senhor um senhor com necessidade de um instrutor para seus filhos, eles tm trs ou quatro personagens prontos que apresentam-se ao mesmo tempo por canais diferentes; dessa maneira, esto quase sempre certos de vencer. Eis como freqentada da Alemanha, e para onde enviamos nossos jovens para estudar.

Intrigam tambm para colocar seus protegidos nos gabinetes dos ministros da corte alem; tm tambm seus apadrinhados dentro dos conselhos dos prncipes e em outros lugares. Um segundo mtodo que empregam aquele de Basilio... a calnia. Esse mtodo torna-se para eles cada vez mais fcil, na medida em que a maior parte dos eclesisticos protestantes so, infelizmente, os seus agentes mais zelosos; como essa classe tem mil maneiras de penetrao em todos os lugares, podem espalhar os rumores que causam efeito, antes que se tenha tido conhecimento da coisa e tempo de se defender. Essa coalizo monstruosa custou trinta e cinco anos de trabalho a seu chefe, que um velho homem de letras de Berlim, e, ao mesmo tempo, um dos livreiros mais clebres da Alemanha. Ele redige desde 1765 o primeiro jornal desse pas; chama-se Frederic Nicolai. Essa Biblioteca Germnica foi tambm amparada por seus agentes pelo esprito da Gazeta Literria de Viena, que muito bem feito e que circula em todos os pases onde a lngua alem falada. Nicolai influencia ainda o jornal de Berlim e o Museu Alemo, dois veculos muito acreditados. A organizao poltica e as sociedades afiliadas foram estabelecidas quando os jornais inocularam suficientemente seu veneno. Eles marcharam lentamente, mas com passo seguro. Atualmente seu progresso to assustador e sua influncia to grande, que no existe mais nenhum esforo que possa resistir-lhes; somente a Providncia tem o poder de nos libertar dessa peste. No incio, a marcha dos Nicolaistas foi muito silenciosa; associavam as melhores cabeas da Alemanha sua Biblioteca Universal; os artigos cientficos eram admirveis; os temas de obras teolgicas ocupavam sempre uma parte considervel de cada volume. Esses temas eram compostos com tanta sabedoria, que nossos professores da Sua os recomendavam em seus discursos pblicos a nossos jovens eclesisticos. Mas, pouco a pouco, eles expeliam seu veneno, embora com bastante cautela. Esse veneno foi reforado com endereo certo. Mas, por fim, tiraram a mscara e, em dois de seus jornais afiliados, esses celerados ousaram comparar nosso Divino Mestre ao clebre impostor trtaro Dalai Lama (Veja o artigo da Dalai Lama em Moreri). Esses horrores circularam em nossa terra, sem que ningum em toda Sua desse o menor sinal de descontentamento. Ento, em 1790, escrevi em uma gazeta poltica, qual estava anexa uma folha onde se escrevia tudo; despertei a indignao pblica contra esses iluminadores, Aufklarer, ou esclarecedores, como se denominavam. Enfatizei sobre a atrocidade e a profunda asneira dessa blasfmia. Neste momento, essa gente faz ainda menos mal por seus escritos do que por suas afiliaes, por suas intrigas e por suas infiltraes nos postos; de sorte que a maior parte de nosso clero, na Sua, corrompida moralmente at o miolo dos ossos. Fao, por minha parte, tudo o que posso pelo menos para retardar a marcha dessa gente. Algumas vezes obtive sucesso, em outros casos os meus esforos foram impotentes, porque so muito adestrados e porque seu nmero chama-se legio. 3. SAINT-MARTIN E A FRANCO-MAONARIA O Willermosismo apoiava-se na Maonaria, para o recrutamento de seus quadros inferiores; este no foi o critrio do movimento individual de Saint-Martin, que s procurava a qualidade, sem jamais se preocupar com o nmero; ele sempre teve um desprezo misturado com piedade pelas pequenas intrigas, compls e pelas mesquinharias das lojas manicas. Certos maons, para os quais uma pequena faixa representa erudio, acreditavam que Saint-Martin professava por seu mestre e sua obra o mesmo desprendimento que pelas lojas inferiores. Isto um erro derivado da confuso existente entre o Iluminismo e a Maonaria. Para demonstrar a que ingnuos erros podem chegar todos aqueles que portam julgamentos sem documentao sria, iremos transcrever abaixo um pequeno extrato da correspondncia de Saint-Martin, relativa a esta questo:

Eu rogo (a nosso Ir \ ) de apresentar e de admitir a demisso de meu cargo na ordem interior, de fazer-me o favor de riscar meu nome de todos os registros e listas manicas onde eu possa ter sido inscrito aps 1785; minhas ocupaes no me permitem seguir doravante essa carreira; no me fatigarei em dar maiores detalhes das razes que me determinam. Ele bem sabe que tirando meu nome de todos os registros nada far de errado, pois no lhe sirvo para nada; ele sabe, alm disso, que meu esprito jamais a esteve inscrito; ora, na verdade no estamos ligados a no ser formalmente. Ficaremos ligados para sempre, eu o espero, como Cohens e permaneceremos da mesma forma pela [12] Iniciao .... Esta citao instrutiva de diversas maneiras. Inicialmente, mostramos que Saint-Martin s foi inscrito em um registro manico em 1785 e que somente em 1790 separou-se desse meio. Assim como todos os iluminados franceses, recusou-se participar da reunio organizada pelos Filaletes em 15 de fevereiro de 1785. No somente os iluminados franceses, mas tambm Mesmes, delegado de um centro de Iluminismo alemo, e todos os membros do Rito Escocs Filosfico, recusaram participar dessa reunio, onde Cagliostro foi obrigado a provar suas afirmaes. Saint-Martin colocou a Franco-Maonaria no seu devido lugar e jamais deixou de fazer inmeras iniciaes individuais. Um de seus discpulos, Gilbert, foi mais tarde discpulo de Fabre dOlivet. Outro de seus discpulos diretos, Chaptal, foi av de Delaage, de modo que podemos seguir historicamente, na Frana, os traos da Ordem Martinista sem nenhuma interrupo. Uma das obras do Cavaleiro Arson mostra-nos uma organizao de sbios Martinistas em pleno funcionamento em janeiro de 1818, isto , [13] aps a morte de Saint-Martin. 4. OPINIES SOBRE O MARTINISMO O nmero de Franco-Maons Martinistas que se opuseram ao progresso da anarquia excede bastante o nmero daqueles que a favoreceram. Em 1789, o venervel de uma Loja Martinista de Dauphine, sabendo que salteadores uniram-se a cultivadores enganados por falsas ordens do rei, para pilhar e incendiar as casas de nobres na campanha, enviou, por intermdio do poder civil de que estava investido, todos os reforos possveis para dar fim a esses estragos. Tentou comunicar aos demais seu zelo pela manuteno do direito de propriedade. No se limitou em contribuir com as ordens severas que foram dadas contra os incendirios e os ladres; conduziu pessoalmente a fora armada, combateu com [14] ela, mostrando a bravura de suas aes e a pureza de seus princpios. 4.1 OPINIO DE JOSEPH DE MAISTRE Durante quarenta anos, pelo menos, Joseph de Maistre esteve entre os Marti-nistas e outros msticos; penetrou seu esprito, suas teorias e seus projetos. Seu julgamento , pois, de grande peso. Sem dvida, [15] ele os censura por odiarem a autoridade, por filiarem-se s opinies origenistas; mas teria protestado se esses msticos cristos que conhecia a fundo, ti-vessem sido algumas vezes satanistas ou luciferianos. muito deplorvel que na Frana te-nham existido laicos e mesmo padres to ignorantes do carter do [16] Martinismo para confundir-lhe com a monstruosidade absurda das seitas modernas.

No se deve confundir os iluminados alemes, discpulos de Weishaupt, niveladores encarniados, com o discpulo virtuoso de Saint-Martin, que no professa somente o cristianismo, mas que s trabalha [17] para elevar-se s mais sublimes alturas desta lei Divina. Esses homens de desejo pretendem poder elevar-se de grau em grau at aos conhecimentos sublimes dos primeiros cristos. 4.2 BALZAC E OS MARTINISTAS A curiosa citao a seguir mostra que Balzac teria certamente recebido, em reunio de iniciao, a filiao real da Ordem Martinista. A teologia mstica abrangia o conjunto das revelaes Divinas e a explicao dos mistrios. Esse ramo da antiga teologia permaneceu secreto entre ns. Jacob Boheme, Swedenborg, Martinez de Pasqually, Saint-Martin, Molinos, Senhoras de Guyon, Bourignou e Krudener, a grande seita dos Extticos, dos Iluminados, em diversas pocas conservaram dignamente as doutrinas desta cincia, cujo [18] objetivo tem qualquer coisa de assustador e de gigantesco. 5. UNIO DOS MARTINISTAS E DOS ROSA-CRUZES A tendncia desses ltimos Rosa-Cruzes de fundir a teoria cabalstica da emanao com as doutrinas do cristianismo, tendncia que prepara o caminho unio dos Rosa-Cruzes com os Martinistas e os [19] Iluminados.

CAPTULO III O MARTINISMO CONTEMPORNEOA Frana no Invisvel a filha mais velha da Europa, devendo, por conseguin-te, manter em seu seio o centro da iniciao. Mas, a maioria das lojas manicas francesas afastaram-se da iniciao, atendo-se aos compromissos malficos da poltica, descendo de grau em grau at tornarem-se centros ativos de atesmo e de materialismo. Tendo abandonado o estudo dos smbolos, que estavam encarregados de transmitir s geraes futuras, e tendo feito, sob protesto de anticlericalismo, uma guerra incessante a toda crena e a todo ideal, os Franco-Maons franceses tornaram-se logo indignos de serem contados entre os membros da grande famlia manica universal. Foi ento que os mestres do Invisvel dirigiram a grande reao idealista e forneceram ao Martinismo os meios para adquirir considervel expanso. Assim como Martinez havia adaptado o Swedenborgismo ao meio no qual deveria agir, assim como Saint-Martin e Willermoz tinham tambm feito as alteraes indispensveis, igualmente o Martinismo contemporneo adaptou-se a seu meio e sua poca, conservando Ordem seu carter tradicional e seu esprito primitivo. Essa adaptao consistiu sobretudo na unio ntima dos sistemas de Saint-Martin e de Willermoz. Os iniciadores livres. criando discretamente outros Iniciadores e desenvolvendo a Ordem pela ao

individual, caracterizavam o sistema de Saint-Martin. Os grupos de Iniciados e Iniciadores, regidos por um centro nico e constitudos hierarquicamente, caracterizavam o Willermosismo. Eis porque o Martinismo contemporneo constituiu seu Supremo Conselho, mantendo Iniciadores Livres, assessorando-se de Delegados Gerais, Delegados Especiais, administrando lojas e grupos espalhados atualmente em toda a Europa e Amrica. No solicitando a seus membros nenhuma cotizao, nem direitos de entrada, no exigindo nenhum tributo regular de suas lojas ao Supremo Conselho, o Martinismo ficou fiel a seu esprito e s suas origens, fazendo da pobreza material sua primeira regra. Desse modo, pde evitar as irritantes questes de dinheiro, causa dos desastres de certos ritos manicos contemporneos; assim, tambm, pde exigir de seus membros um trabalho intelectual elevado, criando escolas, distribuindo seus graus exclusivamente atravs de exame, abrindo suas portas a todos os que justificarem uma riqueza intelectual ou moral, afastando os ociosos e pedantes que pensam ser algum apenas tendo dinheiro. O Martinismo ignora a excluso de membros pelo no pagamento de cotizao, desconhece o tronco de solidariedade. Apenas seus chefes so chamados a justificar seu ttulo, participando, segundo seus graus, do desenvolvimento geral da Ordem. 1. FILIAO MARTINISTA: SAINT-MARTIN, CHAPTAL E DELAAGE [20]

A organizao Martinista em grupos proporcionou-lhe grande dinamismo; ela foi efetuada por um modesto ocultista, fiel conservao da tradio inicitica do Espiritualismo, caracterizada pela Trindade, e defesa do Cristo fora de qualquer seita. So essas as caractersticas do Incgnito a quem foi confiado o depsito sagrado: Henri Delaage, que preferiu ficar fiel sua iniciao do que fundar uma nova seita no tradicional como fez Rivail (Allan Kardec). Delaage manteve o respeito ao segredo, nada revelando, a ponto de no falar da origem de sua iniciao em seus livros. Somente aos ntimos falava de corao aberto do Martinismo, cuja tradio lhe foi transmitida atravs de seu av, o Senhor de Chaptal, iniciado pelo prprio Louis Claude de SaintMartin. A carta que transcrevemos a seguir justificar esse ponto. 2. SOCIEDADE ASTRONMICA DA FRANA Paris, 19 de janeiro de 1899 Ao Sr. Dr. ENCAUSSE Meu querido Doutor, No vejo nenhum inconveniente em vos repetir por escrito o que j vos disse de viva voz, a respeito de Henri Delaage. Encontrei-me freqentemente com ele, entre 1860 e 1870. Lembro que falava seguido de seu av (o ministro Chaptal) e de Saint-Martin (o Filsofo Desconhecido), que Chaptal conhecia particularmente. Delaage ocupou-se, juntamente com o Sr. Matter, da doutrina na Livraria Acadmica Didier, onde o encontrei algumas vezes. Queria receber, meu caro Doutor, a expresso de meus melhores sentimentos. FLAMARION Transcrevemos, agora, duas citaes bem caractersticas de Delaage, em relao origem de sua

iniciao pessoal. [21] Somos homem de tradio e unimo-nos calorosamente s sublimes instituies do Cristianismo. A tradio, ou o conhecimento profundo de Deus, do Homem e da Natureza, sumamente necessrio a todos os povos. O Homem, que a recebeu pela Iniciao e que procura manter-lhe o vu, para torn-la visvel a todos os olhos, palpvel a todas as mos, deve preocupar-se em escolher smbolos, alegorias e mitos que se relacionem com os bons costumes, a natureza e os conhecimentos do povo a quem aspira dotar com os benefcios preciosos da Verdade. Sem isso, a revelao nada transmitiria inteligncia e ao corao. Eis que o que capaz de por algum na parvoce e faz-lo um perfeito cretino, so os smbolos colocados sua disposio, quando no lhes compreende o sentido; pois, quando se ordena inteligncia de conservar na memria coisas incompreensveis, impem-se, inevitavelmente, ao esprito [22] a ordem de suicidar-se. Afirmamos que no comeo do mundo o pecado tinha animalizado o homem, envelopado sua alma com rgos mortais e materiais, colocando-a em relao com as criaturas mortais da terra, mas limitadssimas para permitir-lhe estar como antes da Queda, em relao direta com Deus. Dai a razo da luta do Iniciado com os elementos da Natureza, revoltados contra o homem cado: a terra, que triunfa, penetrando em seu seio; a gua, atravessando-a; o fogo, passando por ele; o ar, permanecendo nele, impassivelmente suspenso; deriva tambm da o combate com a carne pelo jejum e pela castidade, [23] para asujeit-la; enfim, o renascimento da alma potncia e luz da vida. Alguns meses antes de sua morte, Delaage quis passar a algum a semente que lhe tinham confiado, mas [24] dela no esperava nenhum fruto. Pobre depsito, constitudo por duas letras e alguns pontos, resumo dessa doutrina inicitica que iluminou as obras de Delaage. Mas o Invisvel estava presente e foi ele quem se encarregou de religar as obras sua real origem e de permitir a Delaage confiar sua semente a uma terra onde ela poderia se desenvolver. As primeiras iniciaes pessoais, sem outro ritual que essa transmisso oral de duas letras e de dois pontos, tiveram lugar entre 1884 e 1885, na rua Rochechouart (em Paris). De l, passaram rua de Strasbourg, onde os primeiros grupos foram criados. A primeira loja foi constituda na rua Pigalle, onde Arthur Arnould foi iniciado, comeando a senda que o afastaria definitivamente do materialismo. Essa Loja foi em seguida transferida para um apartamento da rua Tour dAuvergne, onde as reunies de iniciao foram freqentemente e frutuosas sob o ponto de vista intelectual. Os cadernos surgiram entre 1887-1890 e foi mais ou menos nessa poca que Stanislas de Guaita pronunciou seu belo discurso de iniciao. A partir desse momento o progresso foi bastante rpido. O grupo Esotrico e a Livraria do Maravilhoso, to bem criada por um bacharel em direito, membro fundador da loja, Lucien Chamuel, foram fundados em 1891. O Supremo Conselho da Ordem Martinista foi constitudo, como um local reservado s reunies e s iniciaes, primeiro na rua Trevise n 29, aps na rua Bleue e, finalmente na rua Savoie. Em seguida, a Ordem constituiu seus delegados e suas lojas, inicialmente na Frana e nas diversas partes da Europa; mais tarde na Amrica, no Egito e na sia. Tudo isso foi obtido sem que jamais um Martinista pagasse uma quotizao qualquer, sem que jamais

uma loja tivesse fornecido um tributo regular ao Supremo Conselho. Os fundadores consagraram todos os seus ganhos sua obra e o Cu lhes recompensou dignamente pelos seus esforos. O que diferencia particularmente a iniciao de Martinez o aparecimento do ternrio desde o primeiro grau dos Cohens. H trs colunas de cores diferentes, dominadas por uma grande luz. Esse ternrio, unificado pelo quaternrio, desenvolve-se harmonicamente nos demais graus. No segundo grau, a histria da Queda e da Reintegrao apresentada ao discpulo. Os graus seguintes servem para afirmar essa Reconciliao da criatura com seu Criador. Todos esses detalhes so necessrios, porque os Cadernos Martinistas contemporneos foram impressos em 1887. Somente oito anos mais tarde foi que o Supremo Conselho tomou conhecimento dos antigos catecismos das lojas lionesas, demonstrando a integralidade da Tradio desde Martinez de Pasqually. 3. CARACTERSTICAS DO MARTINISMO CONTEMPORNEO Derivando diretamente do Iluminismo Cristo, o Martinismo acabou adotando seus prprios princpios. Eis porque as nomeaes so feitas de cima para baixo: o Presidente da Ordem nomeia o Comit Diretor, este designa os membros do Supremo Conselho, os De-legados Gerais e administra os negcios correntes. Os Delegados Gerais nomeiam os chefes das lojas, os quais designam seus oficiais e so mestres de suas lojas. Todas as funes so inspecionadas diretamente pelo Supremo Conselho, atravs de seus inspetores principais e de seus inspetores secretos. Eis a sntese desta organizao que pde, sem dinheiro, adquirir considervel extenso e resistir at o presente todas as tentativas de desmoralizao, lanadas sucessivamente por diversas confisses e, sobretudo, pelo clericalismo ativo. A Ordem sobreviveu a tudo, mesmo s calnias lanadas contra seus membros, considerados enviados dos Jesutas, subordinados ao Inferno ou magos negros. Os Chefes sempre foram prevenidos em relao a essas intrigas e aconselhados sobre a maneira de evit-las. O sucesso da Ordem vem confirmar a alta origem das instrues recebidas. atravs dos membros do Supremo Conselho que o Martinismo liga-se ao Iluminismo Cristo. A Ordem em seu conjunto antes de tudo uma escola de cavalaria moral, que se esfora em desenvolver a espiritualidade de seus membros, pelo estudo do Mundo Invisvel e de suas Leis, pelo exerccio do devotamento e da assistncia intelectual e pela criao em cada esprito de uma f cada vez mais slida, baseada na observao e na cincia. O Martinismo constitui uma cavalaria da Altrusmo, oposta liga egosta dos apetites materiais, uma escola onde se aprende a dar ao dinheiro o seu justo valor, no o considerando como influxo Divino; , finalmente, um centro onde se aprende a permanecer impassvel diante dos turbilhes positivos ou negativos que subvertem a Sociedade! Formando o ncleo real desta universalidade viva, que far um dia o casamento da Cincia sem diviso com a F sem atributos, o Martinismo esfora-se em tornar-se digno de seu nome, criando escolas superiores de cincias metafsicas e fisiognicas, desdenhosamente separadas do ensino clssico, sob pretexto de serem ocultas. Os exames institudos nessas escolas abrangem: o simbolismo de todas as tradies e de todas as iniciaes; as chaves hebraicas e os primeiros elementos da lngua snscrita, permitindo aos Martinistas aprovados nos exames explicar sua tradio a muitos Franco-Maons dos altos graus e mostrar que os descendentes dos Iluminados permaneceram dignos de sua origem. Tal o carter do Martinismo. Compreende-se que impossvel encontr-lo integralmente em cada um dos membros da Ordem, pois cada iniciado representa uma adaptao particular dos objetivos gerais. Mas esta poca de ceticismo, de adorao da fortuna material e do atesmo tem grande necessidade de uma reao francamente crist, ligada sobretudo cincia e independente de todos os cleros, sejam catlicos ou protestantes. Em todos os pases onde penetrou, o Martinismo salvou da dvida, do

desespero e do suicdio muitas almas; trouxe compreenso do Cristo muitos espritos que as manipulaes clericais e seu objetivo de baixo interesse material, isto , de adorao de Csar, tinham distanciado de toda f. Aps ter feito isso, no importa se caluniem, difamem ou excomunguem o Martinismo ou seus chefes. A Luz atravessa os vidros mesmo imundos e ilumina todas as trevas fsicas, morais e intelectuais. 4. OS ADVERSRIOS DO MARTINISMO E SUAS OBJEES Apesar dos fracos recursos materiais, os progressos da Ordem Martinista foram rpidos e considerveis. Mas seu sucesso originou trs tipos de adversrios: 1 - os materialistas ateus, representantes do Grande Oriente da Frana; 2 - os clrigos; 3 - as sociedades e indivduos que combatem o Cristo e procuram diminuir sua obra, aberta ou ocultamente. A partir da surgem inmeras objees, mal-entendidos e calnias que devem ser denunciados a fim de permitir aos membros da Ordem destru-las. 4.1 OS MATERIALISTAS Os Materialistas, aps terem acusado os Martinistas de Jesutas, alienados, - sonhadores de outra era que nada podem fazer no sculo da luz e da razo - ficaram admirados pelo rpido progresso dessa Ordem e procuraram copiar a organizao dos Grupos Martinistas sem bons resultados; imaginaram formar grupos de jovens ateus ligados ao sistema eleitoral do Grande Oriente. Foi ento que se ativeram ao problema financeiro. Uma Ordem que avana muito rapidamente deveria tornar-se muito onerosa a seus fundadores. Com quanto seus membros contribuem mensalmente? Nada... Quanto custam os diplomas dos Delegados? Nada... Quem paga as despesas de impresso, de correio, de secretaria e dos diplomas, necessrias a movimentao de tal organismo? Os chefes. Estes no podero, pois, serem acusados de obterem lucro com um movimento ao qual consagraram a maior parte de suas rendas. Entretanto, as pessoas prticas acabaram por se persuadirem que os Martinistas so pelo menos muito convencidos. 4.2 OS CLRIGOS Os ataques dos clrigos so mais desleais e mais diretos. Abandonando toda questo material, atem-se aos esprito. Apesar de todas as afirmaes e evidncias contrrias, lhes impossvel admitir que os ocultistas (e ns em particular) no consagrem ao diabo algum culto secreto. Por conseguinte, os Martinistas devem ocultar seu objeto; todos aqueles que ousam defender o Cristo, mantendo em seu devido lugar o clero que o vende todos os dias ao mercador do templo, livram-se, segundo esses bons clrigos, s mais terrveis evocaes de Sat e de seus mais ilustres demnios. muito difcil convencer escritores clericais que o clero e Deus possam agir independentemente um do outro; que podemos perfeitamente admitir a bondade de Deus e a cobia material do clero (que age dizendo ser em seu nome), sem confundir-lhes um instante. Segundo eles, atacar um inquisidor atacar a Deus. Os Martinistas querem ser Cristos, livres de toda dependncia clerical; as acusaes de satanismo lhes faro balanar os ombros, pedindo perdo ao Cu para aqueles que os caluniam injustamente. Ouviremos novamente a esse respeito a grande farsa de Lo Taxil sobre o tema dos ocultistas diablicos? Veremos sob seu verdadeiro aspecto essa bizarra sociedade secreta do Labarum, cujos dignatrios nos so conhecidos? Ouviremos quanto Taxil deve estar disposto a montar uma nova mistificao baseada na maonaria feminina? No seria melhor tolerar o insulto, a calnia, o descrdito, sem responder de outra maneira a no se pelo perdo e pelo esquecimento?

Cada novo ataque, sendo injusto e vil no fica jamais sem recompensa e vale ao Martinismo um novo sucesso. Eis a verdadeira manipulao das leis ocultas e o verdadeiro uso das faculdades espirituais do homem. Quando acusamos os escritores clericais de enganar o pblico ingnuo, que aceita suas afrontas, e de empregar processos polmicos, indignos do autor de respeito, poder-se-ia acreditar que existe de nossa parte certa animosidade e tendncia ao exagero. Para evitar essa dvida, iremos submeter ao prprio leitor alguns desses processos, para seu julgamento. Escolheremos a ltima deslealdade cometida. O autor ficar certamente muito feliz por ser apresentado ao pblico. Chama-se Antonini, professor do Instituto Catlico de Paris, e seu livro intitula-se A Doutrina do Mal. Nessa obra, fala-se muito de Sat, de Lcifer, do Diabo e se culto secreto. Entretanto, falta a esse autor a veia do excelente Taxil; ele , ademais insosso e sem imaginao. No temos mais esse bom Bitru, de quem Taxil extraiu parte do apndice para oferec-lo aos Jesutas, que o aceitaram com reconhecimento. Fica bem entendido que os ocultistas (benzei-vos), e em particular vosso servidor, passam uma parte de seu tempo em companhia do Diabo, fazendo anagramas, dos quais o Sr. Antonini tem bastante dificuldade em encontrar a chave. Mas vejamos uma pequena amostra dessa prosa: Aulnaye, Eliphas Levi, Desbarolles, Stanislas de Guaita, para no citar mais do que esses iniciados, reconhecem que luz Astral significa LUZ DA TERRA, chamada as-tral porque a terra um astro. Sobre o que fundamentada to estranha alegao? A declara-o dos iniciados passa geralmente desapercebida, ou ento, faz rir. E, entretanto, constitui a confisso mais grave e mais conclusiva de seu ensinamento. Denominam a terra um astro porque engloba A GRANDE ESTRELA CA-DA DOS CUS, como o Apocalipse denomina Lcifer o arcanjo portador da luz e precipita-do no FOGO central da terra, por ter [25] querido igualar-se a Deus. Analisemos essas passagens: 4.3 LUZ ASTRAL SIGNIFICA LUZ DA TERRA Antonini, tendo grande dificuldade em citar as palavras exatas de seus autores, no procurou justificar a presente citao com uma referncia real, porque ela simplesmente idiota. Ele sai do embarao inventando a citao, permitindo-lhe dizer as extravagncias seguintes: A Terra contm uma estrela! Oh! meus professores de Astronomia! Onde est este Sol, pois uma estrela um sol; se creio em meu amigo e mestre Flamarion, onde est esse Sol, cado sobre a terra, eis que deve ser bem maior que ela, onde est esse monstro Sol que no se v mais?... Esse Sol, meus amigos, um arcanjo; esse arcanjo Lcifer e Lcifer est no fogo central da Terra, e a Terra no explodiu ao receber esse novo Sol em seu seio! Eis como os Ocultistas confessam que so satanistas! Isso muito simples e essa a base da argumentao de Antonini. No podemos mais ser amveis. 4.4 OS ADVERSRIOS DO CRISTO Os Clrigos acusam, pois, os Martinistas de evocar Sat ou algum outro demnio em suas reunies secretas, que jamais existiram a no ser em sua imaginao. Outras sociedades que pretendem estudar o Ocultismo e desenvolver as faculdades latentes no homem, sem crer, de resto, na existncia do diabo, hipocritamente fazem circular cartas acusando os Martinistas de praticar Magia Negra.

Ora, a prtica da Magia Negra consiste em fazer o mal consciente e covardemente; nada mais distanciado do objetivo e dos processos essencialmente cristos do Martinismo de todos os tempos. Os Martinistas no praticam magia, nem a branca, e muito menos a negra. Estudam, oram e perdoam as injrias da melhor maneira possvel. Os Rosa-Cruzes sempre combateram os feiticeiros, aproveitadores da ignorncia e do ceticismo popular, para exercerem seus poderes sobre vtimas inocentes, prevenindo abertamente a todos aqueles a quem tinham dado o batismo da luz. Esse trabalho foi sempre oculto, realizado atravs da prece. Os Martinistas, como os Rosa-Cruzes, sempre defenderam a verdade, agindo sem subterfgios, publicando seus atos e suas decises. Pelo contrrio, aqueles que difamam na sombra, ocultando-se quando se vm descobertos, escrevendo circulares hipcritas e caluniando sorrateiramente os Martinistas, temendo sua lealdade, no merecem seno a piedade e o perdo. Vendo as faculdades latentes manifestadas atravs desses processos, somos levados a mostrar a esses homens que a Magia Negra comea pela difamao annima, to geradora de larvas no plano mental quanto a baixa feitiaria do campons iletrado no plano astral. 5. LUGARES ONDE O SUPREMO CONSELHO DA ORDEM MARTINISTA OFICIALMENTE [26] REPRESENTADO POR SEUS DELEGADOS GERAIS E SUAS LOJAS. A sede do Supremo Conselho da Ordem Martinista encontra-se em Paris, com trs lojas (Hermanubis, Esfinge e Voluspa). A Frana dividida em 14 delegaes, cujos delegados tm sua sede nas seguintes [27] cidades: N 1 (Chartres), Beauvais; N 2 (Lille), Abbeville; N 3 (Caen), Le Havre; N 4 (Nancy), Chlons-sur-Marne; N 5 (Rennes), Nantes; N 6 (Poitiers), La Roche -sur-Yon; N 7 (Bordeaux), Pau; N 8 (Tolouse), Cahors; N 9 (Montpellier), Perpignan; N10 (Marseille), Nice e Algerie; N11 (Lyon), Roanne; N12 (Dijon), Troyes; N13 (Clermont-Ferrand), Tulle; N14 (Grenoble), Valence. Cada uma dessas delegaes dirige lojas ou grupos. Pases Itlia Sucia Alemanha Sua Inglaterra Nmero de delegaes Geral especial 1 1 1 3 1 3 1 1 1 -

Blgica Espanha Holanda Dinamarca ustria/Hungria Rssia Romnia Egito Tunsia Senegal Cuba Indochina Haiti Amrica do Norte Amrica do Sul e Amrica Central

1 1 1 1 1 1 1 1 1 -

2 1 1 2 1 3 1 1 1

Soberano Delegado Geral, Grande Conselho e Delegaes Especiais em todos os Estados. Delegados Gerais e Delegaes Especiais, para a Repblica Argentina e Guatemala

Para evitar qualquer indiscrio, suprimimos o nome da cidade onde se encontra a sede das diversas delegaes no exterior. 6. RGOS DA ORDEM MARTINISTA Possumos uma revista mensal de cem pginas: Linitiation, editada em Paris. o rgo oficial da [28] Ordem Martinista. Editamos igualmente um jornal semanal de oito pginas in-4: Le Voile dIsis e um boletim mensal autografado e reservado aos Delegados: Psiqu. No exterior, a Ordem Martinista dispe, atravs de seus Delegados, de rgos especiais nos seguintes idiomas: ingls, alemo, espanhol, checoslovaco e sueco. 7. AFILIAES DA ORDEM MARTINISTA A Ordem Martinista afiliada aos seguintes rgos e ordens: - Unio Idealista Universal (Internacional); - Ordem Cabalstica da Rosa-Cruz (Frana); - Grupo Independente de Estudos Esotricos (Frana); - Ordem dos Iluminados (Alemanha); - Sociedade Alqumica da Frana (Frana); - Universidade Livre de Altos Estudos (Fac. de Cincias Hermt.) - (Frana); - Babistas (Egito, Prsia, Sria); - Sociedades Chinesas (Em negociao em 1891).

[1]PAPUS. MARTINEZ DE PASQUALLY. Paris, 1895, in-18.

[2] dito nos mistrios do rito de Swedenborg que o homem, uma vez reintegrado por uma vida santa e exemplar em sua dignidade primitiva, uma vez tendo recuperado seus direitos primitivos, atravs de trabalhos teis, aproxima-se ento de seu Criador, conhecendo uma via nova, especulativa, animada pelo sopro Divino: ele iniciado Elu Cohen: nas instrues que recebe, aprende as Cincias Ocultas em todas suas partes, que lhe fazem conhecer os segredos da Natureza, a alta Qumica, a Ontologia e a Astronomia. (REVHELLINE, 2 vol.,p. 434, citado por RAGON, Orthodoxie Maonnique.)

[3]

Bispo francs (1627-1704), orador de grande reputao. Preceptor do prncipe herdeiro sob Luis XVI. Combateu os protestantes e condenou o Quietismo de Fenelon. Este, arcebispo de Cambraia (1651-1715), por suas crticas ao rei da Frana, foi obrigado a submeter-se e a retirar-se em seu arcebispado. O Quietismo foi uma doutrina mstica combatida pela Igreja. Apoiava-se nas obras do padre espanhol Molinos e ensinava que a perfeio crist obtida pelo amor de Deus e pela anulao da vontade individual (sic!).

[4]Conheci muitos Martinistas, tanto em Lyon como em diferentes cidades das provncias meridionais. Longe de parecerem ligados s opinies dos filsofos modernos, demonstravam desprezo por seus princpios. Sua imaginao, exaltada pela obscuridade dos escritos de seu patriarca, deixava-os expos-tos a todo gnero de credulidade. Embora muitos fossem distinguidos por talentos e conhecimentos, ti-nham o esprito amide ocupado com fantasmas e prodgios. No se limitavam a seguir os preceitos da religio dominante; mas livravamse s prticas de devoo em uso na classe menos instruda. Em ge-ral, seus costumes eram bastante regulares. Constatava-se grande mudana de conduta naqueles que, antes de adotar as opinies dos Martinistas, tinham vivido na dissipao e na procura dos prazeres. (NEUNIER. Influncia dos Iluminados na Revoluo. Paris, 1822, In-8, p. 157).

[5] [6]

RAGON. Ortodoxia Manica, p. 162 .

Ficamos surpresos por ver o judicioso autor da Histria da Fundao do Grande Oriente da Frana ter o prazer de diminuir O Escocismo reformado de Saint-Martin, no qual s encontra supersties ridculas e crenas absurdas. No ignoramos que a maior parte das cpias existentes desse rito esto bastante alteradas, podendo induzir ao erro o homem mais instrudo, mas, assinalemos: 1 que grandes luzes e o talento de escrever asseguram a Saint-Martin um lugar distinguido entre os Sectrios parti-culares; 2 que foi pelo menos uma empresa louvvel, ultrapassando o crculo estreito desse labirinto e pelo orgulho; 3 que a filiao dos graus de Saint-Martin apresenta, aparentemente, um sistema bas-tante coerente, um conjunto que pode conduzir facilmente todo o iniciado na arte real. Finalmente, cada grau em particular supe um conhecimento profundo da Bblia, que ningum possua melhor do que ele prprio dos textos originais, conhecimento bastante raro entre os maons. Poder-se-ia talvez apenas censurar-lhe de ser muito preso aos detalhes. (DE LAULNAYE. Le Thuilleur Gneral).

[7]Veja Cartas Caton Zwach, de 16.2.1781.

[8]Iremos nos servir, para essas citaes, da correspondncia entre Louis Claude de Saint-Martin e o Baro de Kirchberger.

[9]Saint-Martin refere-se a Jacob Boheme.

[10]BOHEME, Jacob. Le Chemin pour aller a Christ. Rennes, Ed. AWAC Bretagne, 1978.

[11]Esses Templrios que, segundo Papus, organizaram um movimento subversivo que culminou com a Revoluo Francesa, s tem o nome dos antigos Templrios, construtores do Templo Mstico de Salomo. Os primeiros originaram-se do Sistema Escocs institudo por Ramsay em 1728, cuja base era poltica e cujo ensinamento tendia a fazer de cada irmo um vingador da Ordem do Templo (Cf. item 2.3, adiante). Os antigos Templrios originavam-se da Ordem do Templo, fundada em Jerusalm em 1118 por Hugues Payens e Geoffroi de Saint-Omer e sete Cavaleiros, sob a espada do 67 sucessor de So Joo, o Evangelista. Exteriormente, tinham

como objetivo proteger os peregrinos que se dirigiam ao Santo Sepulcro de Jerusalm; ocultamente, o objetivo era obter a Iluminao, como toda ordem inicitica digna desse nome. (N.T.)

[12] [13]

Carta indita de Saint-Martin a Willermoz, endereada de Strasbourg, com data de 4 de julho de 1790 (Arquivos do Supremo Conselho da Ordem Martinista, na Frana). J.B. Willermoz faleceu em 20 de maio de 1824. (N.T.)

[14]J.J. MOUNIER, Op. Cit.,p. 159.

[15]Partidrio da doutrina de Orgenes, nascido na Alexandria no Sculo II. Apologista que interpretava a Bblia pelo mtodo alegrico. Sua doutrina foi condenada pela Igreja. (N.T.)

[16]SATURNINUS. Joseph de Maistre e os Martinistas. Revue LInitiation, vol. 39, n7.

[17]JOSEPH DE MAISTRE, les Soires ... (XI Entretien), citado por Saturninus.

[18]BALZAC. Les Proscrits.

[19]KIESWETTER, Carl. Histoire de lOrdre de la Rose-Croix (Arquivos da Ordem).

[20]So encontrados no livro lAppel lHumanit, do Cavaleiro Arson, documentos positivos sobre a existncia da Ordem Martinista em 1818. Constata-se que nessa poca, a Ordem funcionava em Paris e lutava contra os Templrios e seus agentes.

[21]

DELAAGE, H. Doctrine des Socits Secrtes. Paris, 1852, p.7.

[22]DELAAGE, H. Doctrine des Socits Secrtes. Paris, 1852, p. 16.

[23]DELAAGE, H. Doctrine des Socits Secrtes. Paris, 1852, p. 158

[24]Trata-se do prprio Papus. (N. T.)

[25]ANTONINI. Doutrina do Mal, p. 16.

[26]Trata-se da organizao da Ordem Martinista do tempo de Papus. (N.T.)

[27]A sede central da Delegao est indicada entre parntesis e uma das sedes secundrias logo aps. Inmeros Delegados Especiais tm suas sedes em outras cidades.

[28]

A Revista LInitiation, fundada por Papus em 1888, foi recolocada em circulao a partir de 1953 por Philippe Encausse, filho de Papus. Substituda Cadernos de Documentao Esotrica Tradicional, esse revista, de mais ou menos 60 pginas, circula trimestralmente e o rgo da Ordem Martinista na Frana. Para toda informao no que diz respeito a assinatura e aquisio de exemplares j publicados, dirigir-se ao Dr. Philippe Encause, ou ao Sr. Michel Leger, no seguinte endereo: 5, Rue Victor Considrant, 75014 Paris, Frana. (N.T.)

Sociedade das Cincias AntigasCAPTULO IV A FRANCO-MAONARIA1. MARTINISMO E FRANCO-MAONARIA Os escritores que se ocuparam do Martinismo, sobre tudo os clrigos, confundiram muitas vezes com uma m f voluntria o Martinismo com a Franco-Maonaria. O Martinismo, no exigindo nenhum juramento de obedincia passiva de seus membros e no lhes impondo nenhum dogma (muito menos o dogma materialista ou clerical) deixa-lhes inteiramente livres em suas aes; ele independente da Franco-Maonaria como ordem, tal como praticada atualmente na Frana. Como toda a ordem de iluminados, o Martinismo d acesso, em algumas reunies, a Franco-Maons instrudos (sobretudo a membros do Rito Escocs) quando possuem pelo menos o grau 18 (Rosa-Cruz); mas essas relaes limitam-se a uma simples questo de delicadeza. Os Martinistas contemporneos no agem de maneira diversa nas mesmas circunstncias, como agiram seus antepassados dos Conventos de Gaules e de Wilhemsbadt. Portanto o nome cabalstico do Cristo e o reconhecimento do Verbo Criador na mente, em todos os seus atos, o Martinismo s pode manter relaes com potncias manicas que trabalhem segundo a constituio dos Rosa-Cruzes Iluminados, que fundaram a Franco-Maonaria. todo rito que subtrai Deus de suas pranchas e transforma, sem referncias tradicionais, o simbolismo que lhe confiaram, no existe mais para os Martinistas, assim como tambm para todos os iniciados de um centro real e srio. Eis porque o Grande Oriente da Frana, que est distanciado da verdadeira e universal FrancoMaonaria, no deve ser confundido com o Martinismo, como os clrigos procuram fazer. Isso nos induz a expor a situao atual dos diferentes ritos da Franco-Maonaria francesa, traando sua histria. A Franco-Maonaria compreende, na Frana, trs Ritos: 1 - O Grande Oriente da Frana, o mais potente, na Frana, pelo nmero de lojas e de membros, rito materialista e ateu pelo esprito e pela ao, causa real da decadncia momentnea de nosso Pas; 2 - O Rito Escocs, dividido em duas sees: a) O Supremo Conselho e suas Lojas, que admite os Altos Graus Manicos; b) A Grande Loja Simblica Escocesa, Federao de Antigas Lojas Escocesas, que no admite Altos Graus. Em 1897, um acordo estabelecido entre essas duas sees deu nascimento Grande Loja da Frana. Carter desse rito: espiritualismo ecltico. por este rito que a Frana liga-se aos ritos de outros pases. 3 - O Rito de Misraim, decadente, caiu no ridculo por no ter nem vinte membros para constituir suas lojas, seu captulo e seu arepago.

Retomemos rapidamente a histria de cada rito: 2. A FRANCO-MAONARIA DESDE SUA CRIAO AT 1789 2.1 O GRANDE ORIENTE E SUAS ORIGENS O Grande Oriente da Frana nasceu de uma insurreio de alguns de seus membros contra as constituies e a hierarquia tradicionais da Franco-Maonaria. Algumas linhas de explicao so aqui necessrias. A Franco-Maonaria foi fundada na Inglaterra por homens que faziam parte de uma das potentes fraternidades secretas do Ocidente: a Confraria dos Rosa-Cruzes. Esses homens, sobretudo Ashmole, tiveram a idia de criar um centro de propaganda onde pudessem formar, sem que se soubesse abertamente, membros instrudos para a Rosa-Cruz. Assim, as primeiras lojas manicas foram mistas e compostas por obreiros reais e por obreiros da inteligncia (livres maons). Os primeiros trabalhos de Ashomole datam de 1646; mas foi somente em 1717 que a Grande Loja de Londres foi constituda. Foi essa Loja quem forneceu as cartas regulares s Lojas francesas de Dunkerque (1721), Paris (1725), Bordeaux (1732) etc... As lojas de Paris multiplicaram-se rapidamente, nomearam um Gro-Mestre para a Frana, o Duque DAntin (1738 a 1743), sob influncia do qual foi idealizada e publicada a Enciclopdia, como veremos adiante. Eis a origem real da revoluo realizada inicialmente no plano intelectual, passando aps ao plano formal. Em 1743, o Conde de Clermont sucedeu ao Duque dAntin como Gro-Mestre e tomou a direo da Grande Loja Inglesa da Frana. Esse conde de Clermont, muito negligente para ocupar-se seriamente dessa sociedade, nomeou substituto um mestre de dana, Lacorne, indivduo intrigante e de costumes deplorveis. Esse Lacorne fez entrar nas lojas grande quantidade de indivduos de sua espcie, o que originou a ciso entre a loja constituda por Lacorne (Grande Loja Lacorne) e os antigos membros que formavam a Grande Loja da Frana (1756). Aps uma tentativa de reconciliao entre as duas faces rivais (1758), o escndalo tornou-se to grande que a polcia interveio e fechou as lojas de Paris. Lacorne e seus adeptos aproveitando-se desse acontecimento, obtiveram o apoio do Duque de [1] Luxemburgo (15 de junho de 1761). Fortes por esse apoio, conseguiram entrar na Grande Loja de onde tinham sido banidos. Fizeram nomear uma comisso de controle, cujos membros foram previamente comprados. Ao mesmo tempo, os irmos do Rito Templrio (Conselho dos Imperadores) associaram-se em segredo s intrigas dos comissrios e, em 24 de dezembro de 1772, um verdadeiro golpe de estado manico foi dado pela supresso da inamovibilidade dos presidentes das Lojas e pelo estabelecimento do regime representativo. Revoltados vitoriosos fundaram, desse modo, o Grande Oriente da Frana. Um maon contemporneo pode escrever: No demais dizer que a revoluo [2] manica de 1773 foi a precursora e o estopim da Revoluo de 1789. O que se faz necessrio enfatizar a ao secreta dos irmos do Rito Templrio. Foram eles os verdadeiros fomentadores das revolues; os demais no passaram de dceis agentes. Assim, o leitor poder compreender nossa afirmao: O Grande Oriente nasceu de uma insurreio. Retornemos sobre dois pontos: a) A Enciclopdia (Revoluo Intelectual); b) A Histria do Grande Oriente de 1773 a 1789.

2.2 A ENCICLOPDIA Dissemos que os fatos sobre os quais os historiadores baseiam-se foram, na maioria dos casos, conseqncia de aes ocultas. Ora, pensamos que a revoluo no seria possvel se esforos considerveis no tivessem sido feitos precedentemente, para orientar em um novo caminho a intelectualidade da Frana. agindo sobre os espritos cultivados, criadores da opinio, que se prepara a revoluo social. Iremos encontrar, agora, uma prova decisiva sobre esse fato. Em 25 de junho de 1740, o Duque DAntin, Gro-Mestre da Franco-Maonaria da Frana, pronunciou um importante discurso no qual anunciou o grande projeto em curso, como demonstra a seguinte citao: Todos os Gro-Mestres da Alemanha, Inglaterra, Itlia e de outros lugares, exortam todos os sbios e artesos da confraternidade a se unirem para fornecer os materiais de um dicionrio universal das artes liberais e das cincias teis, exceto teologia e poltica. J se comeou a obra em Londres; e pela reunio de nossos confrades, poder-se- conduzi-la perfeio em poucos anos. Amiable e Colfavru, em seus estudos sobre a Franco-Maonaria no sc. XVIII, compreenderam perfeitamente a importncia desse projeto, pois, aps terem falado da Enciclopdia Inglesa de Chambers (Londres 1728), acrescentam: Bem mais prodigiosa foi a obra publicada na Frana, contendo 28 volumes in-flio, sendo 17 com texto de 11 com gravuras, aos quais foram acrescentados, em seguida, cinco volumes suplementares, obra cujo autor principal foi Diderot, secundado por uma pliade de escritores de elite. Mas no lhe bastava ter colaboradores para a boa execuo de sua obra; foi-lhe necessrio potentes protetores. Como poderia ter sido protegido sem a Franco-Maonaria? Alm disso, as datas aqui so demonstrativas: O Duque DAntin pronunciou seu discurso em 1740; sabe-se que, desde 1741 Diderot preparava sua grande empresa. O privilgio indispensvel publicao foi obtido em 1745. O primeiro volume da Enciclopdia apareceu em 1751. Assim a revoluo j se manifestava em duas etapas: a) Revoluo Intelectual, originada da Enciclopdia, com apoio da Franco-Maonaria Francesa, sob a alta impulso do Duque DAntin (1740); b) Revoluo Oculta nas lojas, promovida em grande parte pelos membros do Rito Templrio e executado por um grupo de Franco-Maons expulsos, depois anistiados do Duque de Luxemburgo (1773) e presidncia do Duque de Chartres. A revoluo patente na sociedade, isto , a aplicao sociedade das constituies das lojas no tardou. Retomemos a histria do Grande Oriente no ponto onde a deixamos. Uma vez constituda, a nova potncia manica apelou a todas as lojas para ratificar a nomeao do Duque de Chartres como GroMestre. Ao mesmo tempo (1774), o Grande Oriente instalava-se no antigo noviciado dos Jesutas, rua do Potde-Fer, procedendo expulso das ovelhas sarnentas. Centro e quatro lojas aderiram ao novo estado de coisas; mais tarde, 195 (1776); finalmente, em 1789 havia 629 lojas em atividade. Mas uma foto, em nossa opinio considervel, produziu-se em 1786. Os captulos do Tiro Templrio tornaram-se oficialmente aliados ao Grande Oriente, chegando a fundir-se com ele. Vimos como os irmos desse rito ajudaram na revolta de onde nasceu o Grande Oriente. Passemos a resumir, agora, a histria do Rito Templrio.

2.3 O RITO TEMPLRIO E O ESCOCISMO A Franco-Maonaria, como vimos, foi estabelecida na Inglaterra por membros da Fraternidade dos Rosa-Cruzes, desejosos de constituir um centro de propaganda e recrutamento para sua ordem. A Franco-Maonaria Inglesa possua somente trs graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Em razo disso, a Franco-Maonaria Francesa e o Grande Oriente, seu ramo principal, eram formados por membros possuidores apenas dos trs primeiros graus. Mas, logo determinados homens pretenderam ter recebido uma iniciao superior, de acorde com os mistrios da fraternidade dos Rosa-Cruzes. Os ritos criaram-se concedendo graus superiores ao grau de Mestre, chamados altos graus. O esprito dos ritos dos graus superiores, assim criados, era naturalmente diferente daquele da maonaria propriamente dita. Foi assim que RAMSAY instituiu o Sistema Escocs, cuja base era poltica e cujo [3] ensinamento tendia a fazer de cada irmo um vingador da Ordem do Templo. Eis porque demos o nome de Rito Templrio a essa criao de RAMSAY. As reunies dos irmos detentores de altos graus passaram a denominar-se no mais lojas, mas captulos. Os principais captulos estabelecidos na Frana foram: 1 - O Captulo de Clermont (Paris 1752), de onde saiu o Baro de Hunt, criador da alta maonaria alem ou iluminismo alemo; 2 - Aps o captulo de clermont, nasceu o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente (Paris, 1758), do qual certos membros, separando-se de seus irmos, formaram: 3 - Os Cavaleiros do Oriente (Paris, 1763), cada uma dessas potncias expedia cartas de lojas e os principais irmos (Tshoudy, Boileau, etc. ) criaram ritos especiais no interior da Frana. Em 1782, o Conselho dos Imperadores e os Cavalheiros do Oriente uniram-se para formar o Grande Captulo Geral da Frana, cujos principais membros tinham ajudado na constituio do Grande Oriente por suas intrigas. Assim, tambm vemos em 1786, esses irmos realizarem a fuso do Grande Captulo Geral da Frana. Qual foi o resultado dessa fuso? Os membros do Grande Captulo, bem disciplinados, perseguindo um objetivo preciso e sendo inteligentes, puderam dispor do nmero fornecido pelo Grande Oriente. Compreende-se agora a gnese manica da Revoluo Francesa. A maior parte dos historiadores [4] confunde esses membros do Rito Templrio, verdadeiros inspiradores da revoluo, com os Martinistas. 3. A FRANCO MAONARIA DE 1789 A 1898 3.1 HISTRICO Seguimos a histria do Grande Oriente e do Rito Templrio at 1789; continuemo-la at nossos dias. a) Grande Oriente - O Grande Oriente possui a tradio mais ou menos integral dos trs primeiros graus e aps 1786, detm igualmente a tradio dos graus templrios e de outros graus formando a Maonaria de perfeio com 25 graus, analisada a seguir. Um grande colgio de ritos foi encarregado de conservar essa tradio que permitia realizar os maons sados do Grande Oriente com os do resto do universo.

Em 1804, um acordo foi estabelecido, durante alguns meses, que concedia ao Grande Oriente o poder de conferir os graus 31, 32, 33 por intermdio do Rito Escocs, do qual falaremos adiante. Mas sob pretexto de livrar a Franco-Maonaria das supersties e dos erros do passado, os membros do Grande Oriente, instigados pelos deputados das Lojas do interior, cada qual mais ignorante do valor dos smbolos, transformaram ao gosto da multido eleitoral o legado que lhes tinham confiado e tornaram-se um centro de poltica ativa, professando abertamente o materialismo e o atesmo. Em 1885, a transformao estendeu-se ao Colgio dos Ritos, ainda depositrio de um resto de tradio. O elo que unia a maior parte dos maons franceses ao resto do universo foi definitivamente rompido. No momento em que tinha maior necessidade de estender sua influncia ao exterior, exercer uma vigilncia efetiva na ao das potncias estrangeiras no interior dos centros manicos de outros pases, a Frana estava excluda da comunidade manica internacional por culpa do Grande Oriente. Por ocasio da Exposio Universal de Chicago, quando o presidente do novo Conselho dos Ritos (o mais alto oficial do Grande Oriente) apresentou-se porta das Lojas americanas, foi colocado na rua como um vulgar profano, como na realidade ele era, para os verdadeiros maons. Eis o teor de to grave ato cometido em 1885: Por decreto promulgado em 9 de novembro de 1885, o Grande Oriente da Frana, conforme deciso tomada em 31 de outubro ltimo pela Assemblia Geral da Lojas Simblicas da Obedincia, ordena a dissoluo do Grande Colgio do Ritos e encarrega o Conselho da Ordem de velar por sua reconstituio. O grande chanceler protestou da seguinte maneira, mas em vo: Vs me enviastes uma ampliao do decreto da Assemblia Geral das Lojas Simblicas, com data de 31 de outubro ltimo (1885), pronunciando a dissoluo do Soberano Conselho dos Grandes Inspetores Gerais do Rito Escocs Antigo e Aceito, que sob o ttulo de Grande Colgio dos Ritos, constitui, no seio do Grande Oriente da Frana, o Supremo Conselho para a Frana e Colnias Francesas. Esta deciso, que sob pretexto de reorganizao, derrubou todos os princpios e todas as tradies da Franco-Maonaria Universal, absolutamente ilegal pela incompetncia de todos aqueles que a tomaram.

FERDEUIL(Grande Chanceler do Grande Conselho dos Ritos) Todos os esforos possveis foram feitos no Grande Oriente para ocultar aos irmos que entravem na Ordem a maneira pela qual os membros desse rito so julgados no exterior e tomou-se o cuidado de dizer-lhes que no seriam recebidos em nenhuma parte uma vez sados da Frana ou de qualquer uma de suas colnias. As grandes palavras de razo, superstio esmagada, princpios de liberdade, etc., substituem as tradies da Maonaria Universal. Esses grandes simplrios ficam ainda bem lisonjeados quando um maom de origem estrangeira vem, como visitante, verificar se a separao da Frana e do resto do mundo ainda continua. Recebe-se o visitante com grandes honras, mas este, retornando, esforar-se- em colocar na rua o venervel da loja francesa, se ousar apresentar-se, por seu turno, a uma reunio em seu pas. Assim, o Grande Oriente est destinado a desaparecer, mesmo com sua prosperidade aparente, se no retornar rapidamente a uma melhor compreenso dos interesses reais do Pas.

Terminaremos esta exposio, citando algumas palavras de Albert Pike: O Grande Oriente da Frana [5] esteve sempre nas mos dos trs I: Ignorantes, Imbecis e Intrigantes. 3.2 O ESCOCISMO Em 1786, o Rito Templrio fundiu-se com o Grande Oriente. Esse Rito Templrio era composto de 25 graus; deixando de lado seu objetivo de vingana poltica, era de fato um rito de perfeio, onde os maons ordinrios foram levados a conhecer alguns ensinamentos concernentes tradio cabalstica dos Templrios. Ora, em 1761, isto , antes da fuso com o Grande Oriente, o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente tinha dado a um judeu denominado Morin os poderes necessrios para estabelecer o sistema templrio na Amrica, para onde esse tal Morin deslocou-se. Quando Morin chegou ao seu destino, apressou-se em dar o 25 grau a muitos de seus camaradas, os quais em comum acordo com ele, iniciaram por sua vez inmeros cristos em 1797. Quando os novos iniciados sentiram-se suficientemente fortes colocaram seu iniciador na rua e, separando-se dele, acrescentaram 8 graus hermticos aos 25 j existentes, o elevou o nmero de graus do sistema escocs a 33. Foi assim que fundaram em Charleston, em 1801, um Supremo Conselho que deveria, em seguida, conquistar uma grande influncia. Por que esse nmero de 33 graus? Um antigo maom, possuidor desse grau, Rosen, disse que esse nmero representa o grau de latitude de Charleston, e isso pode ser maliciosamente verdadeiro; pois, como veremos, o nmero de graus pouco importa, desde que o sistema manico seja realmente sinttico. A relao dos presidentes do Rito Escocs da Amrica, desde seu nascimento, a seguinte:

Conta-se entre nomes Grasse-Tilly. Foi ele quem retornou Europa em 1804, trazendo o sistema de 33 graus, com o poder de constituir arepagos. Foi precedido de