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INTRODUÇÃO Este trabalho tem como função desenvolver a temática Idade Média de uma forma ao mesmo tempo simples e complexa. Agora vamos entender o que foi a Idade Média. A passagem da Antiguidade para Idade Média é marcada, como todas as etapas de transição, pela convivência de elementos do período anterior e pelo estabelecimento de novas práticas culturais, sociais, políticas e econômicas. Uma construção retrospectiva tende a demonstrar essas continuidades e transformações. No entanto para os seres humanos que viveram naquele período, as mudanças não eram tão claras. Sem qualquer noção de que estavam vivenciando uma fase de transição histórica (o que só foi estabelecido depois de muitos anos pelos historiadores), os homens e as mulheres, ao final do século V e inicio do século VI, preocupavam-se mesmo com suas existências, incorporando qualquer novidade que aparecesse ou qualquer prática conhecida que lhes fosse de alguma serventia. Assim, em dez séculos, muitos dos costumes e práticas da Antiguidade ganharam outros significados; vários elementos daquela época também desapareceram para darem lugar a outros. No século XV, como se a humanidade tivesse vivido um intervalo de 1000 anos, em que nada teria acontecido, os homens auto-intitulados “modernos” passaram a chamar aquele período de Idade Média ou Idade das Trevas (fase de atraso, obscurantismo). Isto porque julgavam ter sido aquele um período de pouco desenvolvimento cultural, econômico, social. Contudo, o nosso exame cuidadoso permite compreender a importância da Idade Média para o nosso presente. Didaticamente pode-se dividir a Idade Média em Alta Idade Média e Baixa Idade Média. A Alta Idade Média se estende dos séculos V ao X. Na Europa Ocidental, as invasões bárbaras, em áreas do antigo Império Romano, aprofundou a 7

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como função desenvolver a temática Idade Média de uma

forma ao mesmo tempo simples e complexa. Agora vamos entender o que foi a

Idade Média.

A passagem da Antiguidade para Idade Média é marcada, como todas as

etapas de transição, pela convivência de elementos do período anterior e pelo

estabelecimento de novas práticas culturais, sociais, políticas e econômicas. Uma

construção retrospectiva tende a demonstrar essas continuidades e transformações.

No entanto para os seres humanos que viveram naquele período, as mudanças não

eram tão claras. Sem qualquer noção de que estavam vivenciando uma fase de

transição histórica (o que só foi estabelecido depois de muitos anos pelos

historiadores), os homens e as mulheres, ao final do século V e inicio do século VI,

preocupavam-se mesmo com suas existências, incorporando qualquer novidade que

aparecesse ou qualquer prática conhecida que lhes fosse de alguma serventia.

Assim, em dez séculos, muitos dos costumes e práticas da Antiguidade

ganharam outros significados; vários elementos daquela época também

desapareceram para darem lugar a outros. No século XV, como se a humanidade

tivesse vivido um intervalo de 1000 anos, em que nada teria acontecido, os homens

auto-intitulados “modernos” passaram a chamar aquele período de Idade Média ou

Idade das Trevas (fase de atraso, obscurantismo). Isto porque julgavam ter sido

aquele um período de pouco desenvolvimento cultural, econômico, social. Contudo,

o nosso exame cuidadoso permite compreender a importância da Idade Média para

o nosso presente.

Didaticamente pode-se dividir a Idade Média em Alta Idade Média e Baixa

Idade Média.

A Alta Idade Média se estende dos séculos V ao X. Na Europa Ocidental, as

invasões bárbaras, em áreas do antigo Império Romano, aprofundou a 7

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fragmentação política territorial, originado os feudos. A atividade agrária torno-se

importantíssima, registrando-se a decadência das atividade comerciais e urbanas.

Por sua vez, no Oriente próximo, desenvolveram-se duas grandes civilizações: a

bizantina e a mulçumana.

A Baixa Idade Média, entre os séculos XI e XV, é caracterizada pelo

crescimento urbano e comercial na Europa Ocidental, pelas Cruzadas, pela crise do

feudalismo, da Igreja e do clero. Na Baixa Idade Média inicia-se a centralização

monárquica, com a formação dos Estados Nacionais, a burguesia se desenvolve e

mundo bizantino entra em crise.

As transformações ocorridas durante a primeira parte da Alta Idade Média

foram fundamentais para a integração de diferentes povos e culturas que marcaram

profundamente a Europa. As causas principais daquelas transformações foram às

invasões bárbaras, responsáveis por mudanças significativas na ordem sócio-

política do antigo Império Romano, incluindo o fim da estrutura política centralizada,

e o fortalecimento institucional da Igreja Católica.

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1-Invasões Bárbaras

O império Romano, gigantesco em suas extensões territoriais, tinha por

vizinhos os chamados povos bárbaros, ou seja, grupos que inicialmente não

possuíam os mesmos hábitos, não falavam a mesma língua, nem professavam as

mesmas crenças. Ao norte do Império, por exemplo, habitavam as floretas das

Germânia, do leste do rio Reno ao norte do rio Danúbio, povos germânicos

seminômades com organização tribal e agrária, além de sabidamente guerreiros.

Esses povos incluíam os vândalos, godos, alamanos, suecos, lombardos, francos,

dentre outros. Os chefes tribais eram os senhores da guerra e as decisões eram

tomadas por uma assembléia da qual participavam os homens livres e guerreiros,

sendo que o seu direito era consuetudinário, ou seja, baseado nas tradições.

A presença de bárbaros no Império Romano foi um processo que ocorreu

gradualmente, iniciando muito antes das invasões, à medida que eles penetravam

no território do Império e passavam a ser utilizados em trabalho agrícola e também a

integrar o exército. Com o aprofundamento da crise do Império Romano (altos

custos para sua manutenção, elevação de preços e a alteração da forma de trabalho

com a gradativa substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho dos colonos),

integrantes dessas tribos adentraram pacificamente as fronteiras romanas.

Muitos bárbaros foram contratados como mercenários para lutar no exército

romano, chegando a alguns deles ocupar lugar de destaque nas tropas romanas.

Outros conseguiram tratados com Roma, entraram pacificamente no Império como

aliados e viviam como agricultores, artesãos em bronze, visto serem estas suas

principais ocupações. Nesse processo de crescente presença dos bárbaros dentro

das fronteiras romanas eles foram incorporando costumes e tradições romanas e

também deixando as suas no Império, tanto pela prática do casamento, como pela

presença significativa dentro dos exércitos e por uma influência sobre a língua latina.

Mas essa integralização pacifica foi radicalmente transformada pela pressão

invasora dos hunos, grupo tribal guerreiro originário da Ásia central, que após

dominar a China volto-se em direção a Europa do Norte. Com o crescimento da

pressão dos hunos sobre os germânicos, as invasões no território romano foram se

multiplicando.

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2- Feudalismo

A sociedade medieval, entre os séculos IX e XIV, foi organizada em torno dos

feudos. Para compreender esse processo de organização devemos ter em vista dois

movimentos contraditórios. Primeiro, que os feudos não se desenvolveram de forma

uniforme em toda a Europa medieval e o segundo, é que ao falamos o poder

descentralizado na estrutura feudal, não podemos imaginar que as praticas de

organização da sociedade do trabalho do período fossem totalmente diversificados,

pois havia elementos em comum como a forte presença da Igreja em toda aquela

sociedade. Também devemos ressaltar que o sistema feudal foi gestado a partir das

estruturas dos mundos romanos e germânicos, desde o processo das invasões

bárbaras e do fim do Império Romano.

As relações nas sociedades feudais:

- Relações econômicas.

A economia era baseada na produção agrícola e com características

próximas da auto-suficiência. Cada unidade produtiva era chamada de senhorio e

visava satisfazer as necessidades de seu próprio consumo, já que a produtividade

era baixa.

Porém nem todos os produtos eram produzidos nos feudos, como, por

exemplo, o sal. Ou seja, havia comércio, mesmo que incipiente e irregular, de

determinados produtos. A mão-de-obra mais importante era o servo, que está

vinculado à terra. Em menor número o trabalho livre e o escravo.

Os senhorios eram divididos em três partes e em todos eram o servo que

trabalhava:

Primeira parte: reservas senhorias (domínio) – parte exclusiva do senhor feudal,

cultivadas pelos servos, que eram obrigados a trabalhar durante três dias da

semana nas terras do senhor feudal. Esse trabalho obrigatório era chamado de

corvéia.

Segunda parte: manso servil – faixa de terra concedida ao servo para que ele

cultivasse e obtivesse o seu sustento. Também nessa faixa de terra o servo tinha

que pagar tributos como a talha (uma parte de sua produção), a mão-morta, para 10

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que os filhos pudessem receber as terras após a morte do pai, e até mesmo taxa par

realizar o casamento. Um outro tributo era chamado banalidades, pago pelo uso de

instalações do senhor.

Terceira parte: terras comunais – compostas com pastos e bosques, que era o uso

comum do senhor e do servo. Estás áreas era utilizadas para a alimentação de

animais nas pastagens e delas eram extraídas madeiras.

- Relações sociais e políticas

As relações sociais e políticas eram caracterizadas por uma sociedade de

ordens, na qual prevalecia uma organização estamental, isto é, com função vitalícia

e hereditária, definidas pelo critério do nascimento. As três ordens tinham funções

especificas nessa sociedade:

.O clero (os que rezavam) era formado pelos membros da Igreja que tinha todo o

poder espiritual.

.A nobreza (os que lutam) era formada por guerreiros e donos de terras e tinha o

poder político e jurídico.

.Servos, trabalhadores livres e escravos eram os que trabalhavam, eles tinham

funções relativas à produção.

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3- O cristianismo

Enquanto o declínio do Império Romano se acentuava, uma nova constituição

foi se consolidando e aumentando a sua influência dentro do mundo romano, a

Igreja cristã. A Igreja no século IV procurava se sistematizar e fortalecer sua

presença num mundo que passava por grandes transformações.

Inicialmente, a organização da Igreja visava apenas fortalecer a presença do

cristianismo e garantir a propagação de sua fé. Acreditava-se que, com isso, se

poderia evitar a perseguição aos cristãos feita pelo próprio Império. Neste período,

muitos fiéis foram martirizados, ou seja, morreram em defesa de suas crenças.

Entre o século I e o século IV alternaram-se períodos de perseguição e de

indiferença ou tolerância aos seguidores do cristianismo. Pedro, o líder dos

apóstolos escolhidos por Cristo, e Paulo, que de perseguidor dos cristãos se tornou

um dos grades propagadores da nova fé, foram executados.

Os vínculos entre os cristãos eram o batismo (aceitação da fé), a crença na

morte e ressurreição de Cristo e a Eucaristia, momento no qual se reproduz pelo pão

e vinho a última ceia de Cristo e seus apóstolos.

No século IV, iniciou-se uma aproximação entre a Igreja e o poder político,

quando o cristianismo passou a ser religião oficial do Império Romano. A formação

do clero começou a ser sistematizada a partir da doutrina pregada pelos primeiros

padres da Igreja, conhecida como patrística. Entre as questões estavam à

incumbência dos religiosos e a forma de praticar a religião. Aos poucos, a Igreja foi

consolidando os seus ensinamentos e definindo os seus dogmas, ou seja, os

princípios religiosos que deviam ser professados por seus fiéis. Por outro lado,

ficaram também estabelecidas às heresias, como eram chamadas todas as teses ou

praticas que contradisseram os dogmas.

Para chegar ao estabelecimento dos dogmas, a Igreja reuniu os bispos em

encontros chamados de concílios. Alguns dos grupos de hereges mais conhecido

foram os arianos (que negaram a divindade de Cristo) e os montanistas (que eram

contrários à riqueza da Igreja e pregavam a rápida vinda de Cristo para julgar o

mundo). Uma das mudanças pela qual passou a Igreja foi a afirmação do poder

centralizador do bispo de Roma. Com o passar do tempo bispo de Roma ganhou 12

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prestígio suficiente para ter a primazia sobre todos os outros bispos e tornando-se o

chefe da igreja, adotando o título de papa e considerando-se o sucessor de São

Pedro.

Durante o papado de Gregório I, o Grande (590-604), houve a ampliação do

poder papal e a propagação do cristianismo para outra áreas, como as habitadas

pelos anglo-saxões, além da aliança com o Império Franco.

4-A divisão da Igreja

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Com a consolidação do poder do papa aumentaram a rivalidade com a Igreja

oriental. Desde o inicio da Idade Média, as divergências entre a Igreja do Ocidente e

a Igreja Bizantina (nome dado pela sede na cidade grega de Bizâncio, depois

Constantinopla, atualmente Istambul) eram grandes, tendo se agravado em torno do

problema da liderança sobre o mundo cristão. O papa e bispo de Constantinopla

(patriarca) disputavam a condição de chefe sobre todos os cristãos. A separação

entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Grega tornou-se, então,

inevitável. Em 1054 ocorreu a divisão que ficou conhecida como Cisma do Oriente.

Se a causa da separação foi essencialmente política, já que o líder ocidental e

o oriental se prendinha a autoridades supremas do Cristo, questões doutrinárias

também contribuíram para o cisma e para a manutenção da separação das duas

Igrejas. Discordâncias acerca de interpretações sobre manifestações do Espírito

Santo, sobre a legitimidade ou não do uso de imagens nos templos, sobre a

importância e o tipo de culto a ser prestado à virgem Maria e interpretações em torno

da ressurreição também contribuíram para a ocorrência da separação.

Outro aspecto importante diz respeito às relações que se estabeleceram entre

as duas Igrejas e os poderes temporais. Enquanto a Igreja Católica Romana

procurou construir sólidos mecanismos de influências sobre os líderes temporais, ao

mesmo tempo em que já se consolidara com principal força espiritual no Ocidente,

como vimos a partir de seus vínculos com o Império Franco, a Igreja cristã Oriental

era subordinada ao Império Bizantino, inclusive em questões doutrinárias.

O imperador de Bizâncio acumulava as funções de chefe da Igreja e do

Estado, união que recebeu o nome de cesaropapismo, e que também deve ser

incluído das causas das constantes divergências entre as duas Igrejas que

culminaram no Cisma de 1054.

5- O Império Bizantino14

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Império Bizantino é a denominação dada à parte oriental do Império Romano,

quando esse foi dividido em dois ao final do século IV. As turbulências vividas pelo

Império do Ocidente, com sede em Roma, pelas crises decorrentes das invasões

germânicas, não atingiram a porção oriental.

O termo bizantino refere-se a um vasto domínio sobre as regiões da Grécia,

Egito, Síria, Palestina, Mesopotâmia e Ásia Menor. Ao se erguer a partir das

tradições das sociedades da antiguidade, o Império Romano do Oriente incorporou a

tradição especulativa dos gregos e da cultura helênica. O grego era sua língua

oficial.

A localização geográfica de sua capital Constantinopla, hoje cidade de

Istambul, favoreceu a interligação entre as várias áreas que compunham o Império

Bizantino. Localizada no Estreito de Bósforo, era a principal ligação entre a Ásia e a

Europa. O domínio de Constantinopla significava o controle da passagem do mar

Negro ao Mar Egeu e ao Mediterrâneo, favorecendo o comércio.

O comércio era um dos pilares da economia bizantina. De áreas mais

distantes do oriente vinham produtos como pedras preciosas, sedas e especiarias.

As principais cidades bizantinas tinham uma produção artesanal de vidros, tecidos e

prata, que era vendida na Europa ocidental.

A produção agrícola baseava-se na grande propriedade e na mão-de-obra

escrava. O poder político estava concentrado nas mãos do imperador, que contava

com o apoio fundamental da Igreja.

5.1- O código de Justiniano e o cesaropapismo

Apesar de separada do Ocidente desde 395, o Império Bizantino só passou a

ter vida própria com aquele que foi seu maior e mais importante imperador,

Justiniano (527-565).

Entre os legados de Justiniano está à elaboração de um código adequado a

organização política do Império. O código (Corpus Juris Civilis) era composto de

quatro partes:

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- As antigas leis, reunidas sobre o nome de Codex Justinianus (uma revisão de

todas as leis promulgadas desde o século II);

- As Novellae (Novelas), que continham a legislação de Justiniano;

- Os comentários feitos por juristas (Digesto);

- E as Institutiones, um compêndio para os estudantes que discutia os pressupostos

dos pensamentos jurídicos.

Justiniano também se dedicava aos estudos teológicos e buscou fortalecer

seu poder como representante divino. O Império tinha feições centralistas desde a

sua origem (com Constantino) e a aproximação com a Igreja foi fundamental.

Pela intimidade com o governo, tão cristão como ela própria, a Igreja

fortificou-se e enriqueceu. Ainda que o patriarca, nome dado ao líder da Igreja

bizantina, tivesse grade importância ele não podia resolver as questões do Estado.

O imperador, pó sua vez, tinha o poder de decisão mesmo na questão de fé,

independentemente das doutrinas do papa de Roma. Ao reunir os poderes temporal

e espiritual em suas mãos, o Imperador bizantino iniciou uma pratica que ficou

conhecida como cesaropapismo.

6- Os mosteiros e a preservação da cultura

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Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval, os monges eram

arrancados ao minguado conforto dos seus colchões de palha e ásperos cobertores

pelos sineiros, que os despertavam às 2 horas da madrugada. Momentos depois,

dirigiam-se apressadamente, ao longo dos frios corredores de pedra, para o primeiro

dos seis serviços diários na enorme igreja (havia uma em cada mosteiro), cujo altar,

esplendoroso na sua ornamentação de ouro e prata, resplandecia a luz de centenas

de velas. Esperava-os um dia igual a todos os outros, com uma rotina invariável de

quatro horas de serviços religiosos, outras quatro de meditação individual e seis de

trabalhos braçais nos campos ou nas oficinas. As horas de oração e de trabalho

eram entremeadas com períodos de meditação; os monges deitavam-se geralmente

pelas 6.30 horas da tarde. Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição

diária, sem carne; no Inverno, havia uma segunda refeição para ajudá-los a resistir

ao frio. Era esta a vida segundo a Regra de S. Bento, estabelecida no século VI por

Bento de Núrsia, o italiano fundador da Ordem dos Beneditinos, canonizado mais

tarde. S. Bento prescrevia para os monges uma vida de pobreza, castidade e

obediência, sob a orientação monástica de um abade, cuja palavra era lei. Luís, o

Piedoso, imperador carolíngio entre 814 e 840, encorajou os monges a adotaram a

Regra de S. Bento. E, por volta de 1000, a regra seguida praticamente em todos os

mosteiros da Europa Ocidental inspirava-se na dos Beneditinos, tal como muitos dos

edifícios se baseavam no "modelo" delineado para o Mosteiro de St. Gallen, na

Suíça, em 820. A Regra de S. Bento foi formulada quando este era abade de Monte

Cassino (no Sul de Itália), abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos

grandes mosteiros do Mundo. Bento foi o seu primeiro abade, e foi ele quem

estabeleceu o modelo de auto-suficiência advogado pelas primitivas regras

monásticas dependência total dos próprios campos e oficinas — que orientou

durante séculos os mosteiros da cristandade ocidental. Em todos os antigos

mosteiros beneditinos, a vida era totalmente comunitária. A rotina diária centrava-se

naquilo a que S. Bento chamava "trabalho de Deus", demorados ofícios de

complexidade crescente. Tudo o resto era secundário. O trabalho manual que a

regra estipulava existia não só para fornecer aos frades alimentação e vestuário e

satisfazer-lhes outras necessidades, como também para evitar a sua ociosidade e

lhes alimentar a alma mediante a disciplina do corpo. Posteriormente, quando as

abadias enriqueceram, sobretudo através de doações de fiéis devotos, os

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dormitórios comunitários foram substituídos por celas individuais; e foram

contratados trabalhadores para cuidarem dos campos, o que permitiu a muitos

monges dedicarem-se a outras atividades, nomeadamente o estudo, graças ao qual

a Ordem de S. Bento viria a ser tão justamente célebre. Nos seus jardins murados,

os monges cultivavam ervas medicinais; num dado momento— ninguém sabe

quando —, ocorreu-lhes a idéia de adicionar algumas ervas a aguardente,

inventando assim o licor beneditino. Pode parecer estranha esta associação da vida

monástica com o luxo das bebidas alcoólicas, mas o vinho foi sempre uma bebida

permitida aos Beneditinos. Ligava bem com as suas refeições simples, constituídas

essencialmente por pão, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos

primeiros séculos, posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos

consumidos aves de capoeira e de caça, uma vez que o fundador não as

mencionara expressamente entre as vitualhas proibidas. Em todas as refeições,

porém, reinava o silêncio. Bento, obviamente, conhecia a natureza humana. Embora

os monges fossem obrigados a levantar-se muito cedo, aconselhava-os a

"encorajarem-se uns aos outros com indulgência e a atenderem às desculpas dos

dorminhocos" e autorizava a sesta durante o Verão. Além disso, o primeiro salmo do

dia devia ser recitado lentamente, a fim de permitir que os retardatários apanhassem

os companheiros. Recomendava-se o silêncio, mas em termos de "espírito de

taciturnidade", e não de completa mudez; de fato, existia uma sala especial, com

uma lareira acesa no Inverno, onde os monges conversavam. Igual consideração

para com os monges se verificava no fornecimento do vestuário, simples mias limpo,

que incluía uma muda do hábito e da túnica interior. S. Bento não desejava imitar o

ascetismo extremo das sociedades monásticas do Egito ou da Síria. No entanto, os

banhos, exceto para os doentes, eram desaconselhados como luxo exagerado. De

acordo com a sua imutável rotina, os Beneditinos viviam e trabalhavam em

obediência absoluta ao seu abade. Eram eles que o elegiam, mas a partir de então a

sua autoridade era total e vitalícia. Era o abade quem deliberava sobre a faceta

privilegiada do mosteiro — se este deveria primar pela santidade austera, pela

cozinha ou pela erudição. No interior das suas paredes maciças, que nenhum cristão

ousaria atacar, os mosteiros possuíam bibliotecas nas quais se conservou intacta

grande parte da herança literária da Antiguidade durante os séculos em que a

Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas. Na realidade, a segurança,

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tanto econômica como física, que os mosteiros ofereciam às respectivas irmandades

deve ter constituído um dos seus principais atrativos. Séculos após século, tanto os

Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a

fome, a guerra ou o desamparo. E reconfortava-os sempre a idéia de que, no fim,

tinham maiores probabilidades de salvação do que os camponeses ou os cavaleiros,

que viviam apegados às coisas mundanas.

7- Reformas religiosas

A Reforma do século XVI foi precedida por várias manifestações contrárias ao

monopólio da Igreja sobre a religiosidade e contra o comportamento imoral do clero:

as heresias medievais, a Querela das Investiduras, o Cisma do Oriente e os

movimentos reformadores. Os principais precursores da Reforma foram John

Wycliffe e Jan Huss. Wycliffe nasceu, viveu e estudou na Inglaterra no século XIV

onde desenvolveu uma "teoria da comunidade invisível dos eleitos" e defendeu

também a devolução dos bens eclesiásticos ao poder temporal, encarnado pelo

soberano. Em 1381 defendeu em público a insurreição camponesa. Jan Huss

nasceu em 1373 na Boêmia onde estudou, ordenou-se e adquiriu grande

popularidade com seus sermões, marcados pela influência de Wycliffe, carregados

de críticas aos abusos eclesiásticos. Suas críticas foram radicalizadas na obra De

ecclesia (Sobre a Igreja). Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado em

1415.

7.1-Martinho Lutero

Nasceu em 1483 na cidade de Eisleben. Iniciou os estudos de direito em 1505

e os abandonou no mesmo ano, trocando-o pela vida religiosa, sem o apoio do pai.

Tornou-se monge e depois padre. Apesar de dedicado à Igreja, sempre esteve

atormentado por duas grandes dúvidas: o poder da salvação atribuído a lugares

santos e posteriormente a venda de indulgências. No inverno de 1510 - 11 foi a

Roma em missão de sua ordem e visitou lugares sacros; em um deles, para que

uma alma se libertasse do purgatório, teve que recitar um pai nosso em latim a cada

degrau da escada sagrada. Professor na Universidade de Wittenberg, fundada por

Frederico da Saxônia, aprofundou seus estudos bíblicos e passou a acreditar que a

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Salvação não dependia do que as pessoas fizessem , mas daquilo em que

acreditassem. Já não considerava Deus como um contador com quem devia

barganhar, ou um juiz severo a ser aplacado com boas ações. Cristo viera para

salvar os pecadores, a salvação não seria alcançada com esforços insignificantes

mas com a fé no próprio Deus. Assim muitos dos princípios da Igreja pareceram

irrelevantes e blasfemos à Lutero. Especialmente suspeitos eram: a noção de que

Deus recompensa um cristão na proporção das orações, peregrinações ou

contribuições; o culto dos santos e de suas relíquias e a venda de Indulgências. A

venda de indulgências pode ser considerada como a gota d'água para o movimento

reformador. No interior do Sacro Império, o pregador Johann Tetzel era o

responsável pela venda do perdão; para ele não era preciso o arrependimento do

comprador das indulgências para que elas fossem eficazes. Oficialmente Tetzel

estava levantando fundos para a reconstrução da Basílica de São Pedro, em Roma,

mas ao mesmo tempo estava a serviço do arcebispo de Mainz, endividado junto ao

banco de Fugger. Esse foi o momento em que Lutero percebe que as críticas

internas à Igreja não surtiriam efeito, aliás, críticas que eram feitas antes de 1517,

quando publicou as "95 teses", tornando suas críticas publicas e tornando-se uma

ameaça à Igreja de Roma Para Lutero a salvação era uma questão de FÉ e portanto

dependia de cada fiel; a Igreja não era necessária, mas útil à salvação, sendo que

as Escrituras Sagradas eram a única fonte de fé. Lutero preservou apenas dois

sacramentos: o batismo e a comunhão, acreditando que na eucaristia havia a

presença real de cristo, porém sem transubstanciação. O culto foi simplificado, com

a instrução e comunhão, substituindo o latim pelo alemão.

7.2-Lutero e seu Tempo

Início do século XVI. O Sacro Império abrange principalmente os Estados

Germânicos, divididos em grandes Principados. Em seu interior predomina o

trabalho servil na terra ao mesmo tempo em que algumas cidades vivem de um

comércio próspero. Apesar do termo "Império", a situação esta longe da existência

de um poder absolutista, ao contrário do que ocorre em Portugal e na Espanha. Em

1519, assumiu o trono Carlos V, que era rei dos Países Baixos desde 1515 e rei da

Espanha desde 1516. Pretendendo unificar seus vastos domínios e a instaurar uma

monarquia universal católica, o Imperador foi obrigado a enfrentar os príncipes

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germânicos, contrários a centralização do poder. As disputas políticas envolvendo a

tendência centralizadora do imperador e os interesses dos príncipes foi uma

constante desde a formação do Sacro Império. Esta situação de disputa política foi

aproveitada por Lutero, que atraiu os Príncipes para suas idéias reformistas, na

medida em que o imperador era católico, e por sua vez pretendia utilizar o apoio da

Igreja Católica para reforçar sua autoridade. Parcela significativa da burguesia

também apoiou as teorias de Lutero, que reforçava o individualismo.

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8- Cruzadas

Eram expedições militares empreendidas pelos cristãos e legitimada pela

Igreja, que concediam a seus participantes supostas recompensas espirituais. Como

por exemplo, a indulgência, o perdão por todos os pecados.

O pondo de partida para a organização das cruzadas foi o apelo feito pelo

papa Urbano II durante o Concilio de Clermont, reunião de bispos realizada na

França em 1095. O papa conclamou esforços para libertar a cidade de Jerusalém,

nas mãos dos “infiéis” que não reconheciam Jesus Cristo como salvador. Os cristãos

costumavam fazer peregrinações a Jerusalém para visitar o local onde Cristo,

segundo a tradição cristã, foi sepultado e ressuscitou. Os mulçumanos estavam

dificultando as peregrinações.

A partir de um argumento religioso, nobres e populares começaram a

organizar um movimento para “libertar” Jerusalém. Mas, ao lado da religião,

existiram outros grades motivos para as Cruzadas.

Os comerciantes das cidades de Gênova e Veneza, que praticamente

monopolizaram o comércio no Mediterrâneo, viram nas Cruzadas uma forma de

retomar o controle total da região, expulsando os árabes, cuja presença prejudicava

os negócios das cidades italianas. Por outro lado, comerciantes de outras regiões

européias, que sempre tiveram acesso muito limitado às valiosas mercadorias do

Oriente Próximo, viram nas Cruzadas uma possibilidade de acesso a uma rota

comercial bastante promissora.

Oito Cruzadas Oficiais partiram da Europa entre os anos de 1096 e 1270. A

primeira Cruzada foi formada pela nobreza francesa e normanda e ficou conhecida

como a Cruzada dos Barões (1096-1099). Após tomar a cidade de Antioquia, o

grupo abriu caminho para chegar a Jerusalém e tomá-la dos turcos.

Após a retomada de Jerusalém pelos turcos, no século XII, a cidade nunca

mais fora recuperada pelos cristãos. Das Cruzadas realizadas posteriormente,

destacam-se a terceira, denominada Cruzada do Reis (1189-1192), que teve

participação de Filipe Augusto (França), Ricardo Coração de Leão (Inglaterra) e

Frederico Barba-Roxa (Sacro Império Germânico), e a quarta Cruzada, que foi um

duro golpe sobre o Império Bizantino, pois foi desviada (o objetivo da Cruzada não 22

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saquear Bizâncio, mas sim tomar a Terra Santa) e os cristãos romanos, liderados

pelos comerciantes venezianos, atacaram e saquearam Constantinopla, sede da

Igreja ortodoxa.

O espírito cruzadista não ficou restrito a nobreza guerreira. Após o papa fazer

o apelo em Clermont, uma multidão de pobres abandonou suas regiões; insuflados

pela pregação de Pedro, o Eremita, juntaram-se numa macha até Jerusalém. Essa

Cruzada, chamada Cruzada dos Mendigos, após passar por Constantinopla e

ingressar no território turco, foi dizimada.

A última Cruzada foi realizada em 1270. De modo geral as Cruzadas

fracassaram quanto aos seus objetivos, mas alcançaram alguns resultados que

alteraram os rumos da sociedade medieval.

Resultados mais importantes conseguidos pelas Cruzadas:

-Acelerou a crise do feudalismo, pois com o desaparecimento de milhares de nobres

e o empobrecimento de outros, isso fez favorecer a centralização política por parte

dos reis;

-Provocou a decadência do Império Bizantino, pelo fato de os bizantinos não terem

conseguido recuperar seus antigos domínios, nem as rotas comerciais

Mediterrâneas, que passaram ao controle dos ocidentais;

-Reabertura do Mediterrâneo, pois com a presença dos venezianos no Mediterrâneo

possibilitou o Renascimento comercial e urbano, acelerando as troca comerciais

entre orientais e ocidentais;

-As Cruzadas possibilitaram aos os ocidentais o contato com importantes

conhecimentos produzidos pelos mulçumanos, no campo da matemática, da

medicina e da astronomia. Porém, a maior parte desses conhecimentos só foi

incorporado pelo Ocidente a partir da ocupação moura na península ibérica.

8.1-Primeira Cruzada (Cruzada dos Barões)

A primeira Cruzada ficou marcada pelo simples fato de ter havido a

reconquista da cidade de Jerusalém pelos cristãos. Com isso desde 1076, os

muçulmanos haviam conquistado a cidade sagrada e, por meio de proteção militar,

23

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dificultavam a peregrinação dos cristãos que queriam conhecer um dos mais

importantes locais por onde Jesus Cristo passou. Utilizando cruzes vermelhas, que

sinalizariam a motivação religiosa do conflito, os participantes da Primeira Cruzada

iniciaram sua batalha sitiando várias cidades até alcançar o seu destino final.

Contando com sérias dificuldades em prosseguir a jornada, os cruzados passaram

por várias privações. Alguns chegaram a beber da própria urina e do sangue de

animais devido à falta de água potável. Em 1097, um contingente de 10000 pessoas

estava em Constantinopla, prontas para o avanço até Jerusalém. Divididos em

pequenos exércitos, os cruzados conquistaram as cidades de Nicéia e Antioquia.

Logo depois, os exércitos avançaram sobre Jerusalém e provocaram um grande

massacre contra os muçulmanos que ali habitavam. Depois da conquista, Godofredo

de Bulhão foi eleito chefe do Reino de Jerusalém. Com sua morte, em 1100, ele foi

sucedido por seu irmão, Balduíno de Bolonha.

8.2 – Segunda Cruzada

Devemos levar em consideração a morte do rei de Jerusalém (Foulques I),

que ocorreu em novembro de 1143, com isso quem assumiria seria seu

filho Balduíno III. Mas, havia um problema ele era menor de idade com isso sua mãe

Melisanda de Bolonha (1143-1152) assumiu o poder. Oatabaque Zangi aproveitou

esta menoridade para atacar e capturar Edessa, capital do condado franco deste

nome em dezembro de 1144. Zangi, tendo sido assassinado pouco tempo depois,

o antigo conde de Edessa, Jocelino II conseguiu, com a conivência da população

armênia, retomar a cidade, em Outubro de 1146, mas o sucessor do atabaque

de Alepo, o seu filho Nur ed-Din, acorreu à frente das suas forças e conquistou

definitivamente Edessa, em 3 de Novembro de 1146. O conde Jocelino conseguiu

escapar, mas população armênia foi severamente castigada pela sua lealdade para

com os francos. A cidade, que era de fato uma colônia armênia, passou a ser uma

cidade predominantemente turca, já que a população armênia foi massacrada ou

obrigada a emigrar. Na continuação da luta contra os principados francos, Nur ed-

Din capturou, no ano seguinte, o castelo de Artésia ao príncipe de Antioquia. Dos

quatro estados francos do Médio Oriente só restavam três. Os muçulmanos, em vias

de criarem um estado forte na Síria, conseguiam pela primeira vez fazer frente à

conquista da Terra Santa pelos Francos, e obrigar a recuar os estados francos para

24

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a zona costeira. Estes graves acontecimentos na Terra Santa provocaram a

proclamação da Segunda Cruzada pelo Papa Eugênio III, por meio de uma Bula que

dirige à nobreza francesa e a Luís VII. Em fim o que se pode entender sobre a

Segunda Cruzada é que foi uma expedição bélica dos cristãos do ocidente,

proclamada pelo papa Eugênio III em resposta à conquista de Edessa aos

cristãos pelo governador muçulmano Zangi em 1144. Pregada pelo carismático São

Bernardo de Claraval, ocorreu entre 1147 e 1149 e foi à primeira cruzada liderada

por monarcas europeus: Luís VII de França, Leonor da Aquitânia e Conrado III da

Germânia. Os cruzados não reconquistaram Edessa nem nenhuma outra praça e

deixaram o Reino de Jerusalém em uma posição política mais fraca na região,

detalhe muito importante é que ao atacar a cidade-estado independente

de Damasco que pontualmente se aliava aos ocidentais contra outros líderes

muçulmanos mais poderosos, ajudaram à unificação do mundo islâmico

do Levante sob o apelo à jihad. Isto acabaria por trazer enorme poder a líderes

como Nur ad-Din e Saladino, culminando com a conquista de Jerusalém por este

último em 1187. A única vitória para os guerreiros cristãos nesta cruzada faria parte

do movimento da Reconquista da Península Ibérica, e dever-se-ia à participação de

uma frota na conquista de Lisboa em 1147, sob a solicitação de D. Afonso

Henriques.

8.3-Terceira Cruzada (Cruzada dos Reis)

Podemos entender a Terceira Cruzada como uma reação cristã

à conquista de Jerusalém pelo líder muçulmano Saladino em 1187. A expedição

teve como principais condutores os reis da Inglaterra e da França, respectivamente

Ricardo I (Ricardo Coração de Leão) e Filipe Augusto, além do imperador do Sacro

Império Romano-Germânico, Federico Barba Ruiva (traduzido por alguns

como Barba-Roxa), o que a levou a ser popularmente conhecida como a Cruzada

dos Reis. Embora tenha reunido inicialmente um grande exército, ela se revelou um

fracasso no seu objetivo principal. Apesar de não conseguir o principal objetivo da

Terceira Cruzada que era a reconquista de Jerusalém, Ricardo ganhou prestígio e

respeito dos povos cristão e muçulmano, o mesmo acontecendo com Saladino,

transformado em herói no Oriente e em exemplo de cavalaria medieval na Europa.

8.4- Quarta Cruzada

25

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A Quarta Cruzada foi pregada pelo papa Inocêncio III entre 1202 e 1204, os

interesses da Igreja Católica seriam desviados pelo duque de Veneza Enrico

Dandolo. A comitiva para a Quarta Cruzada era liderada por Balduíno IX, Conde de

Flandres e o Marquês de Montferrant. Eles estavam com algumas dificuldades de

pagar a extrema quantia exigida por Veneza para a travessia dos barcos e

locomoção do Exército para o Egito. Aproveitando-se da situação, Dandolo propôs

uma incursão até a cidade de Zara, onde hoje fica a Croácia, para tomá-la dos

húngaros. Os mercadores de Veneza tinham grande interesse pelo território porque

facilitava as transições comerciais com outras nações através da liberação do Mar

Mediterrâneo. Além de Zara, os venezianos invadiram Constantinopla em 1203, que

na época estava sob domínio do Império Bizantino. Lá, o Imperador Isaac II fora

destituído do poder por seu irmão Aleixo III, fazendo com que o príncipe peça auxílio

aos cruzados para dominarem o território. Com o aval de Inocêncio III, os

venezianos dominam Constantinopla e criam novos impostos. Apesar de mostrar-se

contrário às invasões em Zara, o papa apóia a tomada de Constantinopla para tentar

uma reaproximação com a Igreja Ortodoxa, que de fato não se concretizou. Veneza

também mantinha relações conflituosas com Constantinopla. Em 1182, os

mercadores venezianos foram massacrados graças a interesses comerciais

regionais. A invasão liderada por Dandolo, de certa forma, também era um ato de

vingança patrocinado pela Cruzada. A tomada de Constantinopla marcou a presença

do Império Latino, servindo de ponte entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Morto.

8.5- Quinta Cruzada

Com o Quarto Concílio de Latrão o papa Inocêncio III propôs uma nova

Cruzada. Dessa fez utilizou-se uma técnica inovadora, por mais que Jerusalém

fosse o alvo dos cruzados, eles decidiram atacar primeiro a cidade de Cairo, no

Egito. Frederico II, que estava à frente da comitiva, deparou-se com um conflito

interno entre os sultões do Egito e Damasco. Conquistaram uma pequena fortaleza

e receberam reforço papal com a chegada do autoritário cardeal Pelágio. Em 1219,

com um acordo de paz, os muçulmanos propõem a entrega de Jerusalém aos

cristãos com a condição de que eles se retirem do Egito. O cardeal Pelágio nega a

oferta alegando que os egípcios não resistiriam ao ataque dos cruzados com a

chegada de Frederico II. Depois da demorada reorganização da Cruzada novamente

26

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até o Egito, em 1221 os cristãos avançaram até Cairo. Porém, após a recusa das

ofertas dos muçulmanos, depararam com uma emboscada em que estariam

completamente cercados e sem acesso à comida. Para a retirada completa dos

cristãos, os egípcios fizeram uma nova proposta, deixaria eles se retirarem com vida

caso aceitassem a imposição de uma trégua por oito anos de paz. Sem a chegada

das tropas de Frederico II, os cruzados tiveram que se retirar da cidade. Visto como

o personagem central do fracasso da Quinta Cruzada, Frederico II foi excomungado

da Igreja pelo papa Gregório IX.

8.6- Sexta Cruzada

Destacamos que a Sexta Cruzada foi lançada pelo imperador do Sacro

Império, Frederico II, no ano de 1227. Não obteve o êxito esperado e marcou-se por

um dos fatos mais interessantes, seu propagador foi excomungado pelo Papa por

duas vezes. Frederico II era o herdeiro do trono de Jerusalém e desejava tomar

posse de seus direitos em Chipre e Jerusalém-Acre, convocou então uma Cruzada

para o ano de 1227. Entretanto Frederico II era partidário do diálogo com os

muçulmanos em lugar de se resolver as questões por via de guerras. No mesmo ano

de 1227 o sultão do Egito enviou uma comitiva de paz para conversar com o

imperador do Sacro Império, adepto do diálogo, resolveu aguardá-la mesmo tendo já

sua frota partida para o Oriente. O Papa Gregório IX não ficou satisfeito com o

comportamento de Frederico II e o atraso que causara no avanço da Cruzada e

então, pela primeira vez, o excomungou. A excomunhão traria graves

consequências para a autoridade de Frederico II e principalmente para o desenrolar

da Cruzada. Esta só partiu no verão do ano seguinte, em 1228, mas os reis cristãos

resolveram não apoiar o excomungado líder da nova Cruzada. Frederico II tinha a

esperança de ser bem sucedido no empreendimento que liderava, almejando livrar-

se da excomunhão recebida. Todavia o Papa Gregório IX resolveu convocar outra

Cruzada, mas desta vez o ataque cairia sobre as possessões de Frederico II na

Península Itálica. Enquanto Frederico II avançava rumo ao Oriente seu exército

diminuía gradativamente. A ocorrência da excomunhão fez com que muitos

integrantes da Cruzada desistissem de acompanhá-la e tivessem hostilidade com o

movimento. O pequeno exército que sobrou para combater no Oriente foi auxiliado

pelos cavaleiros teutônicos. Quando finalmente chegou ao Oriente, Frederico II agiu

27

Page 22: 43800007-Idade-Media-02

de acordo com sua convicção, trocando a guerra pelo diálogo. Mais uma vez o Papa

reprovou a atitude do imperador e tornou a excomungá-lo. A religião islâmica atraia

especialmente Frederico II, os muçulmanos o receberam em seus territórios

admirados com tamanho conhecimento da cultura islâmica que o imperador cristão

possuía. Tal fato foi fundamental para que realmente houvesse diálogo entre

cristãos e muçulmanos e principalmente para se estabelecer um acordo. Utilizando

da diplomacia e aproveitando-se das desavenças entre os sultões do Egito e de

Damasco, foi firmado um tratado, especialmente com Malik el-Kamil do Egito,

estabelecendo a soberania cristã nos territórios de Acre, Jafa, Sidon, Nazaré, Belém

e Jerusalém por um período de dez anos. O Tratado de Jafa, como ficou conhecido,

foi assinado em 1229 reconhecendo a soberania dos cristãos por um vasto território

que lhes concedia acesso ao mar. Enquanto isso, os muçulmanos tinham seu direito

de culto respeitado na cidade sagrada. Frederico II foi finalmente coroado rei de

Jerusalém, do qual era herdeiro. Mas o relacionamento com a Igreja Católica não

estava nada bom, por duas vezes já havia sido excomungado e não tinha apoio do

mundo cristão. Com medo de perder o trono na Germânia e em Nápoles por conta

da Cruzada convocada pelo Papa Gregório IX para atacar seus domínios, Frederico

preferiu retornar à Europa para tentar mantê-los. Ao regressar, procurou retomar as

ligações com Roma em 1230. Enquanto isso, no Oriente os cristãos mantinham a

soberania no território mesmo com o rei não presente, todavia em 1244 foram

atacados em Gaza e terminaram por perder os Santos Lugares.

8.7-Sétima cruzada

A Sétima Cruzada foi comandada pelo rei francês Luís IX, o objetivo era

alcançar o Egito. Após algumas investidas o exército de cruzados conseguiu vitórias

importantes e o domínio de alguns territórios, mas a prisão do líder francês fez com

que tudo se perdesse. A Sexta Cruzada conseguiu estabelecer um tratado de paz

com os muçulmanos na Terra Santa. O líder nessa ocasião era Frederico II, herdeiro

do trono de Jerusalém, que embora cristão, admirava muito a cultura islâmica. Pelo

seu interesse diferenciado, preferiu dialogar com os muçulmanos a guerrear, mas

mesmo tendo conseguido estabelecer um tratado de paz que garantia soberania dos

cristãos na Terra Santa por dez anos, o Papa Gregório IX ficou insatisfeito por não

ter combatido os muçulmanos e o excomungou. O tratado de paz vigorou a partir de

28

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1229 pelo tempo que foi previsto, mas quando chegaram ao fim os embates

retornaram. Uma fraca expedição militar cristã foi liderada por Ricardo de Cornualha

e Teobaldo IV de Champanhe visando garantir a situação que havia. Mas em 1244

os muçulmanos reconquistaram todas as terras no Oriente, isto fez com que o Papa

Inocêncio IV abrisse o Concílio de Lyon no mesmo ano para se debater novas

alternativas de reforçar a presença cristã nos lugares considerados sagrados. Em tal

ocasião, o rei francês, Luis IX, se apresentou para liderar os cristãos em mais um

Levante contra os muçulmanos. A nova Cruzada só partiu três anos depois,

entretanto Luís IX conseguiu reunir um admirável exército que contava com a força

de 35.000 homens. Enquanto os mongóis causavam perturbações no Oriente, o

monarca francês se aproveitou da oportunidade para sair de Aigues-Mortes em 1248

e chegar até o Egito. No mesmo ano fez uma escala com seu exército em Chipre

para por fim atacar o Egito. No ano seguinte, em 1249, o exército de cruzados

comandado por Luís IX recuperou a região de Damietta, a qual utilizaria mais tarde

como base militar para promover a conquista da Palestina. Em 1250, por pouco, o

rei francês não conseguiu conquistar o Cairo. Os cristãos foram surpreendidos por

uma inundação do Nilo, a partir da qual os muçulmanos aproveitaram para se

apoderar das provisões alimentares dos cruzados, gerando fome e doenças como o

escorbuto entre os cristãos. A conseqüência dessa derrota foi muito negativa, o

exército sucumbiu a várias doenças, sendo que especialmente o tifo foi responsável

por dizimá-lo. Sem o grandioso exército que organizara, Luís IX preferiu bater em

retirada, mas também não conseguiu o fazer da forma desejada. Ainda no mesmo

ano o monarca francês foi tomado como prisioneiro em Mansurá pelos muçulmanos.

A negociação pela libertação do rei fez regredir todas as conquistas de sua

expedição no Oriente foi pago um volumoso resgate no valor de 800 mil peças de

ouro e o território de Damietta foi devolvido aos muçulmanos em maio de 1250.

Enquanto esteve preso, o irmão de Luís IX, Roberto de Artois, tentou reconquistá-lo

por via do combate, mas foi derrotado por sua imprudência. Após a liberação de Luís

IX, este seguiu para Palestina, acompanhado por seu irmão, Carlos D’Anjou, lugar

onde permaneceu por quatro anos negociando a liberação de todos os prisioneiros

cristãos e de promover um grande esforço para fortificar as cidades fracas do

Levante. Em tal ano de 1254, Luís IX regressa à Europa e só então recebe a notícia

29

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de que sua mãe, Branca de Castela, regente em sua ausência, havia falecido.

Tempos mais tarde, o rei francês Luís IX foi canonizado como São Luís.

8.8-Oitava Cruzada

O clima de instabilidade entre os cristãos no Oriente Médio na década de

1260 foi à grande justificativa para que o rei francês Luís IX decidisse organizar uma

nova Cruzada, no ano de 1270. No Oriente Médio, genoveses e venezianos

entravam em conflito por interesses comerciais, fazendo com que cristãos

entrassem em guerra entre eles. Contribuía para a situação caótica da região a

invasão dos turcos ao Egito, conhecidos como mamelucos. O império repressor de

Gengis-Khan, na Mongólia, havia pressionado os turcos a expulsarem os otomanos,

fazendo com que eles invadissem o território egípcio e enfrentassem os cristãos. No

dia 2 de julho de 1270, as tropas francesas partem de Aigues-Mortes em direção ao

Oriente Médio, dando início à Oitava Cruzada. Chegaram primeiramente no Egito,

que estava dominado pelo sultão Bibars. Com o objetivo de converter os sultões ao

Cristianismo, os cruzados chegaram a deparar-se na mesma cidade que Maomé,

que disse que iria recebê-los de mãos armadas. Entretanto, mal o combate entre

cristãos e muçulmanos iria se reiniciar, uma peste que assolava a região do Túnis

atacou o exército francês, inclusive chegando a matar o rei Luís IX. Além do rei,

grande parte do exército francês caiu com a peste, incluindo um de seus filhos. O

outro herdeiro, Filipe, o Audaz, tratou de negociar a paz com os sultões e retornou à

França, onde foi coroado rei em 1271. Pela falta de conhecimento do local e pelas

estratégias mal traçadas na tentativa de converter os líderes muçulmanos ao

Cristianismo, a Oitava Cruzada foi, em sua essência, um grande fracasso

empreendido pelos franceses.

8.9- Nona Cruzada (Não é considerada Cruzada oficial)

Pelo curto período de tempo entre elas, a Nona Cruzada é considerada, para

muitos, como parte da Oitava Cruzada, onde o rei francês Luís IX e grande parte de

suas tropas morreram no Oriente Médio em decorrência do alastramento de uma

peste, sem chegar a confrontar os sultões, de religião islâmica. Em 1271, meses

após o fim da Oitava Cruzada, o príncipe inglês Eduardo I mobiliza seus seguidores

até a região do Acre, na Galileia, para reforçar o exército enviado anteriormente, na

tentativa de converter os sultões ao Cristianismo para manter a hegemonia cristã em 30

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Jerusalém, tida como Terra Santa. Acre foi o território almejado porque anos antes,

em 1268, o sultão egípcio Baybars reduziu o Reino de Jerusalém a um pequeno

território situado entre Sidão e Acre. Eduardo chegou lá e tentou amenizar o conflito

entre sultões e cristãos, com o apoio do papa Nicolau II. Vendo o domínio de

Jerusalém, que antes era dos europeus, irem para os ares com a invasão dos

sultões, tornou-se inevitável um conflito entre as tropas de Eduardo I e Baybars.

Com algumas alianças na região, Eduardo conseguiu vencê-lo em 1272. Além de

sofrerem a derrota, os sultões ficaram irritados quando um grupo de soldados

italianos cristãos chegou ao Oriente Médio e dizimou os muçulmanos. O sultão

egípcio AL-Ashraf Jalil jurou vingança e ordenou que pegassem os cristãos de

qualquer forma. Poderoso, o sultão enviou um contingente de 200 mil soldados

muçulmanos até Jerusalém para expulsar os italianos e ingleses que dominaram a

região. Sem forças, os europeus não resistiram e tiveram que se retirar do Oriente

Médio, fazendo com que a influência ocidental em Jerusalém fosse totalmente

dissipada.

8.10- Cruzadas das Crianças (Lenda)

A Cruzada das Crianças, também conhecida como Cruzada dos Inocentes é

um episódio da Idade Média que mistura fantasia e realidade. Ela teria ocorrido

provavelmente no ano de 1212 quando jovens e crianças migraram a partir da

França em direção a Jerusalém. A cruzada tinha por objetivo converter muçulmanos

e tomar de volta a Terra Santa. O evento faz parte de uma série de cruzadas

ocorridas no período. Para justificar as derrotas anteriores, difundiu-se a lenda de

que o Santo Sepulcro só poderia ser conquistado por crianças, pois estas estariam

isentas de pecados, sendo assim protegidas por Deus. Alguns historiadores

sugerem que os cruzados de 1212 não eram apenas crianças, mas milhares de

camponeses, mendigos e doentes. Pessoas à margem da sociedade. Outros

apontam a possibilidade de que as crianças seriam na verdade jovens homens, pois

o próprio conceito de criança era muito diferente do que é hoje. Além disso, a

palavra latina pueri que aparece em relatos pode ter sido mal traduzida. O termo se

refere tanto a ‘homens jovens’ quanto à ‘crianças’. As lendas estão diretamente

ligadas às migrações, acontecimentos comuns no início do século XIII na Europa. A

população crescera bastante e havia muitos camponeses sem terras que viviam em

31

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trânsito ou à beira das estradas. Esse público era suscetível aos pregadores

messiânicos que dominavam a cena religiosa do período. A versão mais popular

começa quando um pastor francês chamado Estevão de Cloyes chega à cidade de

Saint Denis e se junta a religiosos e peregrinos que voltavam do Oriente pregando a

realização de uma nova cruzada. Ele revelou que tivera uma visão na qual Jesus o

convocava a liderar o resgate da Terra Santa, mas avisava que apenas os puros de

coração poderiam realizar a proeza. Milagres foram atribuídos ao jovem e um

renovado fervor religioso se estendeu por toda a Europa. Milhares de crianças

aderiram à causa. Depois de peregrinar em direção ao sul do continente, o jovem

líder teria ordenado ao Mediterrâneo que lhes desse passagem, o milagre, porém,

não aconteceu, e acabaram aceitando a oferta de mercadores que se ofereceram

para levar os cruzados de navio para a Terra Santa. Os jovens que sobreviveram à

viagem, entretanto, tornaram-se prisioneiros sendo vendidos como escravos aos

árabes muçulmanos.

9-Império Bizantino

32

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9.1 – Introdução

No século IV o Império Romano dava sinais claros da queda de seu

poder no ocidente, principalmente em função da invasão dos bárbaros (povos

germânicos) através de suas fronteiras. Diante disso, o Imperador Constantino

transferiu a capital do Império Romano para a cidade oriental de Bizâncio, que

passou a ser chamada de Constantinopla. Esta mudança, ao mesmo tempo em que

significava a queda do poder no ocidente, tinha o seu lado positivo, pois a

localização de Constantinopla, entre o mar Negro e o mar Mármara, facilitava muito

o comércio na região, fato que favoreceu enormemente a restauração da cidade,

transformando-a em uma Nova Roma.

9.2 – Reinado de Justiniano

O auge deste império foi atingido durante o reinado do imperador

Justiniano (527-565), que visava reconquistar o poder que o Império Romano havia

perdido no ocidente. Com este objetivo, ele buscou uma relação pacífica com os

persas, retomou o norte da África, a Itália e a Espanha. Durante seu governo,

Justiniano recuperou grande parte daquele que foi o Império Romano do Ocidente.

9.3 – Religião

A religião foi fundamental para a manutenção do Império Bizantino,

pois as doutrinas dirigidas a esta sociedade eram as mesmas da sociedade romana.

O cristianismo ocupava um lugar de destaque na vida dos bizantinos e podia ser

observado, inclusive, nas mais diferentes manifestações artísticas. As catedrais e os

mosaicos bizantino estão entre as obras de arte e arquitetura mais belos do mundo.

Os monges, além de ganhar muito dinheiro com a venda de ícones,

também tinham forte poder de manipulação sobre sociedade. Entretanto,

incomodado com este poder, o governo proibiu a veneração de imagens, a não ser a

de Jesus Cristo, e decretou pena de morte a todos aqueles que as adorassem. Esta

guerra contra as imagens ficou conhecida como A Questão Iconoclasta.

9.4 – Crise e Tomada de Constantinopla

33

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Após a morte de Justiniano, o Império Bizantino ficou a mercê de

diversas invasões, e, a partir daí, deu-se início a queda de Constantinopla. Com seu

enfraquecimento, o império foi divido entre diferentes realezas feudais.

Constantinopla teve sua queda definitiva no ano de 1453, após ser tomada pelos

turcos, marcando assim o fim da Idade Média.

10 – Reformas Religiosa e Contra-Reforma

34

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10.1 – Introdução

A Reforma Protestante e Contra-Reforma da Igreja fazem parte dos

acontecimentos que marcaram o período de transição do Feudalismo para o

Capitalismo ocorrido na Idade Moderna, com o início datado no século XVI, mas

suas idéias e princípios se deram durante a Idade Média. A expressão Reforma

designa uma série de acontecimentos que romperam a unidade da Igreja Católica,

dando origem ao aparecimento de outras religiões (luteranismo calvinismo,

anglicanismo...). Por Contra-Reforma podemos entender como o movimento da

Igreja Católica na tentativa de deter todo esse processo inovador que pretendia

reavaliar sua doutrina e prática.

10.2 – Início

Desde o renascimento do Sacro Império Romano por Otão I em 962,

os Papas e os Imperadores envolveram-se numa contínua luta pela supremacia.

Este conflito resultou geralmente em vitórias para o partido papal, mas criou um

amargo antagonismo entre Roma e o Império Germânico, o qual aumentou com o

desenvolvimento de um sentimento nacionalista na Alemanha durante os séculos

XIV e XV.

10.3 – História

As raízes da Reforma Protestante podem ser buscadas na Idade

Média, quando ocorreram uma série de tentativas de reformular a religião. O objetivo

desses primeiros reformadores já era adequar o "espírito religioso", às necessidades

e aspirações da sociedade, eliminando os abusos cometidos pelos clérigos, que

acabavam por contribuir para desprestigiar a Igreja aos olhos dos fiéis. Nesses

movimentos chamados de heréticos, podem ser encontradas muitas das idéias que

formarão o essencial do protestantismo na Idade Moderna

A Reforma Católica junto com as grandes modificações que estavam

ocorrendo nesse momento, na Europa Ocidental contribuiu decisivamente para a

formação das primeiras estruturas do mundo capitalista. Um de seus resultados

mais importantes foi a "ruptura da cristandade", fator importante da queda do

prestígio e da autoridade do papa.

35

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O alto clero medieval era intimamente ligado a nobreza feudal. Seus

membros, em geral filhos ou parentes dos senhores feudais, eram mais voltados a

vida prática do que a espiritualidade. Na verdade, a Igreja Católica era um dos

maiores sustentáculos do mundo medieval - era, na verdade, uma grande senhora

feudal.

10.4 – Reformadores

A execução, em 1415, de Jan Hus na fogueira acusado de heresia

levou diretamente às guerras hussitas, uma violenta expressão do nacionalismo

boêmio, suprimido com dificuldade pelas forças aliadas do Sacro Império Romano e

do Papa. Estas guerras foram precursoras da guerra civil religiosa na Alemanha na

época de Lutero.

a) Martinho Lutero – Nasceu em 1483 na cidade de Eisleben na Alemanha, foi padre

e professor de teologia, a ele é creditado o iníco da Reforma Protestante, Lutero

ensinava que a salvação não se consegue apenas com boas ações, mas de um livre

presente de Deus, recebida apenas pela graça através da fé em Jesus como um

redentor do pecado. Escreveu as suas 95 teses em 1517 e sua teologia desafiou a

autoridade papal na Igreja Católica Romana por ensinar que a Bíblia é a única fonte

de conhecimento divinamente revelada e opôs-se ao sacerdotalismo, por considerar

todos os cristãos batizados como um sacerdócio santo. Aqueles que se

identificavam com os ensinamentos de Luther eram chamados luteranos.

b) João Calvino – Teólogo cristão francês, nascido em Noyon, teve uma influência

muito grande durante a Reforma Protestante, uma influência que continua até hoje.

Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu

afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto, gradualmente,

como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser

reconhecido por muitos como "padre". Vítima das perseguições aos protestantes na

França, fugiu para Genebra em 1536, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se

definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece

até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.

11 – Inquisição

11.1 – Introdução36

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A Inquisição... A simples menção desta palavra traz à memória as

imagens mais atrozes; os corações mais fortes e as consciências mais retas

sentem-se atormentados.

11.2 – Inquisição

Tribunal da Igreja Católica Romana, instituído no século XIII para

perseguir, julgar e punir os acusados de heresia - doutrinas ou práticas contrárias às

definidas pela Igreja. A Santa Inquisição é fundada pelo papa Gregório IX (1170?-

1241) em sua bula (carta pontifícia) Excommunicamus, publicada em 1231. No

século IV, quando o cristianismo se torna a religião oficial do Império Romano, os

heréticos passam a ser perseguidos como inimigos do Estado. O termo "Inquisição"

significa inquérito, interrogatório.

11.3 – Inicio

Na Europa, entre os séculos XI e XV, o desenvolvimento cultural e as

reflexões filosóficas e teológicas da época produzem conhecimentos que

contradizem a concepção de mundo defendida até então pelo poder eclesiástico.

Paralelamente surgem movimentos cristãos, como os cátaros, em Albi, e os

valdenses, em Lyon, ambos na França, que pregam a volta do cristianismo às

origens, defendendo a necessidade de a Igreja abandonar suas riquezas. Em

resposta a essas heresias, milhares de albigenses são liquidados entre 1208 e 1229.

Dois anos depois é criada a Inquisição.

11.4 – História

A responsabilidade pelo cumprimento da doutrina religiosa passa dos

bispos aos inquisitores, em geral franciscanos e dominicanos, sob o controle do

papa, já que em muitas ocasiões os bispos intercediam em favor dos hereges. As

punições variam desde a obrigação de fazer uma retratação pública ou uma

peregrinação a um santuário até o confisco de bens e a prisão em cadeia. A pena

mais severa é a prisão perpétua, convertida pelas autoridades civis em execução na

fogueira ou forca em praça pública. Em geral, duas testemunhas constituem prova

suficiente de culpa.

37

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Em 1252, o papa Inocêncio IV aprova o uso da tortura como método

para obter confissão de suspeitos. A condenação para os culpados é lida numa

cerimônia pública no fim do processo, no chamado auto-de-fé. O poder arbitrário da

Inquisição volta-se também contra suspeitos de bruxaria e todo e qualquer grupo

hostil aos interesses do papado.

Aos perseguidos, não lhes era dado o direito de saberem quem os

denunciara, mas em contrapartida, estes podiam dizer os nomes de todos seus

inimigos para averiguação deste tribunal medieval. Com o passar do tempo, esta

forma de julgamento foi ganhando cada vez mais força e tomando conta de países

europeus como: Portugal, França, Itália e Espanha. Contudo, na Inglaterra, não

houve o firmamento destes tribunais.

Nos séculos XIV e XV, os tribunais da Inquisição diminuem suas

atividades e são recriados sob forma de uma Congregação da Inquisição, mais

conhecida como Santo Ofício. Passam a combater os movimentos da Reforma

Protestante e as "heresias" filosóficas e científicas saídas do Renascimento. Vítimas

notórias da Inquisição nesse período são a heroína francesa Joana D'Arc (1412-

1431), executada por se declarar mensageira de Deus e usar roupas masculinas, e

o italiano Giordano Bruno (1548-1600), considerado pai da filosofia moderna,

condenado por concepções intelectuais contrárias às aceitas pela Igreja.

Processado pela Inquisição, o astrônomo italiano Galileu Galilei prefere negar

publicamente a Teoria Heliocêntrica desenvolvida por Nicolau Copérnico e trocar a

pena de morte pela de prisão perpétua. Após nova investigação iniciada em 1979, o

papa João Paulo II reconhece, em 1992, o erro da Igreja no caso de Galileu. As

mulheres também sofreram nesta época e foram alvos constantes. Os inquisidores

consideravam bruxaria todas as práticas que envolviam a cura através de chás ou

remédios feitos de ervas ou outras substâncias. As "bruxas medievais" que nada

mais eram do que conhecedoras do poder de cura das plantas também receberam

um tratamento violento e cruel.

Este movimento se tornava cada vez mais poderoso, e este fato, atraía

os interesses políticos. Durante o século XV, o rei e a rainha da Espanha se

aproveitaram desta força para perseguirem os nobres e principalmente os judeus.

38

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No primeiro caso, eles reduziram o poder da nobreza, já no segundo, eles se

aproveitaram deste poder para torturar e matar os judeus, tomando-lhes seus bens.

Durante a esta triste época da história, milhares de pessoas foram

torturadas ou queimadas vivas por acusações que, muitas vezes, eram injustas e

infundadas. Com um poder cada vez maior nas mãos, o Grande Inquisidor chegou a

desafiar reis, nobres, burgueses e outras importantes personalidades da sociedade

da época.

Também houve inquisição protestante, mas nas Igrejas protestantes

não havia uma organização (Tribunal da Inquisição ou Santa Inquisição )

semelhante ao da igreja católica. Podemos citar o caso de João Servet, que

descobriu a circulação e como funcionava o sangue no corpo humano, queimado em

praça pública a mando de João Calvino, o caso de uma Colônia da Baía de

Massachustts, que no final de 1692 cerca de 20 pessoas haviam sido executadas

sob a acusação de bruxaria por ordem da igreja protestante americana, este caso

ocorrido na colônia de Salem, retratado no filme As Bruxas de Salem, são casos

concretos da inquisição protestante.

11.5 – No Brasil

No Brasil, os tribunais chegaram a ser instalados no período colonial,

porém não apresentaram muita força como na Europa. Foram julgados,

principalmente no Nordeste, alguns casos de heresias relacionadas ao

comportamento dos brasileiros, além de perseguir alguns judeus que aqui moravam.

12-Os templários

39

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O sucesso dos Templários esteve vinculado ao das Cruzadas. Quando a

Terra Santa foi perdida, o apoio à Ordem reduziu-se. Rumores acerca da cerimónia

de iniciação secreta dos Templários criaram desconfianças, e o rei Filipe IV de

França profundamente endividado com a Ordem, começou a pressionar o Papa

Clemente V a tomar medidas contra eles. Em 1307, muitos dos membros da Ordem

em França foram detidos e queimados em estacas. Em 1312, o Papa Clemente

dissolveu a Ordem. O súbito desaparecimento da maior parte da infra-estrutura

europeia da Ordem deu origem a especulações e lendas, que mantém o nome dos

Templários vivo até os dias atuais.

12.1-História

A Ordem foi fundada por Hugo de Payens, com o apoio de mais 8 cavaleiros

e do novo rei de Jerusalém de nome Balduíno II, após a Primeira Cruzada em 1118

com a finalidade de proteger os peregrinos que tentassem chegar em Jerusalém,

porém eram vítimas de ladrões, e a Terra Santa dos ataques dos muçulmanos

mantendo os reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.

Oficialmente aprovada pela Igreja Católica por meio do papa Honório II em

torno de 1128, ganhando insenções e privilégios, dentre estes, o lider teria o direito

de se comunicar diretamente com o papa. a Ordem tornou-se uma das favoritas da

caridade em toda a cristandade, e cresceu rapidamente tanto em membros quanto

em poder, estavam entre as mais qualificadas unidades de combate nas Cruzadas e

os membros não-combatentes da Ordem geriam uma vasta infra-estrutura

econômica, inovando em técnicas financeiras que constituíam o embrião de um

sistema bancário, e erguendo muitas fortificações por toda a Europa e a Terra

Santa.

A regra dessa ordem religiosa de monges guerreiros (militar) foi escrita por

São Bernardo. A sua divisa foi extraída do livro dos Salmos: "Non nobis Domine, non

nobis, sed nomine Tuo ad gloriam" (Sl. 115,1) que significa "Não a nós, Senhor, não

a nós, mas ao Vosso nome dai a glória".

O seu crescimento vertiginoso, ao mesmo tempo que ganhava grande

prestígio na Europa, deveu-se ao grande fervor religioso e à sua incrível força militar.

Os Papas guardaram a ordem acolhendo-a sob sua imediata proteção, excluindo

40

Page 35: 43800007-Idade-Media-02

qualquer intervenção de qualquer outra jurisdição fosse ela secular ou episcopal.

Não foram menos importantes também os benefícios temporais que tal Ordem

recebeu dos soberanos da Europa.

As Cruzadas foram guerras proclamadas pelo papa, em nome de Deus, e

travadas como se fossem uma iniciativa do próprio Cristo para a recuperação da

propriedade cristã ou em defesa da Cristandade. A Primeira Cruzada foi pregada

pelo papa Urbano II, no Concílio de Clermont, em 1095. A sua justificativa tinha

como fundamento a recuperação da herança de Cristo, restabelecer o domínio da

Terra Santa e a protecção dos cristãos contra o avanço dos veneradores do Islã.

Esta dupla causa foi comum a todas as outras expedições contra as terras

pertencentes aos reinos de Alá e, desde o princípio, deram-lhes o carácter de

peregrinações

As cruzadas tomaram Antioquia, (1098) Jerusalém, (1099) e estabeleceram o

principado de Antioquia, o condado de Edessa e Trípoli, e o Reino Latino de

Jerusalém, os quais sobreviveram até 1291. A esta seguiram-se a Segunda

Cruzada, (1145-48) e a Terceira, (1188-92) no decorrer da qual, Chipre caiu sob

domínio latino, sendo governada por europeus ocidentais até 1571. A Quarta

Cruzada (1202- 04) desviou-se do seu curso, atacou e saqueou Constantinopla

(Bizâncio), estabelecendo domínio latino na Grécia. A Quinta Cruzada (1217- 21) foi

a primeira do rei Luís IX da França. Contudo, houve também um grande número de

empreendimentos menores (1254 -91), e foram estes que se converteram na forma

mais popular de cruzada.

O poder da Ordem tornou-se tão grande que, em 1139 que o papa Inocêncio

II emitiu um documento declarando que os templários não deviam obediência a

nenhum poder secular ou eclesiástico, apenas ao próprio papa.

Um contemporâneo (Jacques de Vitry) descreve os Templários como "leões

de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges

piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus

amigos".

Levando uma forma de vida austera não tinham medo de morrer para

defender os cristãos que iam em peregrinação a Terra Santa. Como exército nunca

41

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foram muito numerosos aproximadamente não passavam de 400 cavaleiros em

Jerusalém no auge da Ordem, mesmo assim foram conhecidos como o terror dos

maometanos. Quando presos rechaçavam com desprezo a liberdade oferecida a

preço de apostatarem (negação da Fé cristã).

12.2-Considerações finais

A destruição da Ordem do Templo propiciou ao rei francês não apenas os

tesouros imensos da Ordem (que estabelecera o início do sistema bancário), mas

também a eliminação do exército da Igreja, o que o tornava senhor rei absoluto, na

França.

Nos demais países a riqueza da ordem ficou com a Igreja Católica.

Na sua pira, De Molay teria desafiado o rei e o Papa a encontrá-lo novamente

diante do julgamento de Deus antes que aquele ano terminasse - apesar de este

desafio não constar em relatos modernos da sua execução. Felipe o Belo e

Clemente V de fato morreram ainda no ano de 1314. Esta série de eventos formam

a base de "Les Rois Maudits" ("Os Reis Malditos"), uma série de livros históricos de

Maurice Druon. Ironicamente, Luís XVI de França (executado em 1793) era um

descendente de Felipe O Belo e de sua neta, Joana II de Navarra.

Afirma-se ainda que, quando a cabeça do rei caiu na cesta da guilhotina, um

homem não identificado se aproximou, mergulhou a mão no sangue do monarca,

sacudindo-a no ar e gritou: "Jacques de Molay, fostes vingado!"

12.3-Templários: a irmandade de Cristo

Eles foram os monges prediletos de santos e papas. Mas acabaram acusados

de bruxaria e sodomia. Conheça os Cavaleiros do Templo, a sociedade secreta mais

badalada e poderosa da Idade Média

Por Texto Álvaro Oppermann

No dia 18 de março de 1314, Paris amanheceu nervosa. Jacques de Molay,

grão-mestre da Ordem dos Templários, iria para a fogueira. O condenado à morte

pediu duas coisas: que atassem suas mãos juntas ao peito, em posição de oração, e

que estivesse voltado para a Catedral de Notre Dame. No caminho, parou e fitou os

42

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dois homens que o haviam condenado: o rei Filipe, o Belo, e o papa Clemente 5º.

Rogou-lhes uma praga: “Antes que decorra um ano, eu os convoco a comparecer

perante o tribunal de Deus. Malditos!” Depois disso, calou-se e foi queimado vivo.

As chamas que consumiram De Molay também terminaram com uma época,

da qual o grão-mestre foi o derradeiro símbolo: a das grandes sociedades secretas

da Idade Média. Nenhuma foi tão poderosa quanto a Ordem dos Pobres Cavaleiros

de Cristo e do Templo de Salomão – nome completo dos templários. “Enquanto o

clero e a nobreza se engalfinhavam na luta pelo poder, os templários, sem dever

obediência senão ao papa, desfrutavam de uma independência sem par”, diz o

historiador britânico Malcolm Barber, autor de A History of the Order of the Temple

(“Uma História da Ordem do Templo”, inédito no Brasil).

Em 1129, a ordem recebeu aprovação do papa no Concílio de Troyes. Em

1139, veio a consagração definitiva: uma nova bula papal isentava os templários da

obediência às leis locais. Eles ficariam submetidos, dali em diante, somente ao sumo

pontífice. Os Cavaleiros do Templo admitiam excomungados em suas igrejas (o que

era uma senhora blasfêmia para a mentalidade religiosa da época). Certa vez, um

grupo de templários interrompeu, entre risos e com uma revoada de flechas, uma

missa na Basílica de Jerusalém. O padre era de outra ordem, a dos Hospitalários, e

entre as duas havia uma rixa histórica. “Apesar da bravura reconhecida, os

templários muitas vezes foram censurados por seu orgulho e arrogância”, afirma o

historiador francês Alain Demurger no livro Os Templários: Uma Cavalaria Cristã na

Idade Média.

Os Cavaleiros do Templo, também, eram proibidos de se confessar a outros

que não fossem os capelães templários. Igualmente, o livro da Regra – que tinha

sido escrita por ninguém menos que são Bernardo de Claraval – era restrito ao alto

escalão da ordem (leia mais na pág. 27). Os outros tinham de sabê-la de cor. Era

uma forma de preservá-la, caso caísse em mãos erradas. Porém, entre cochichos,

se especulava que a Regra continha artigos secretos cifrados, cuja interpretação

dava posse de conhecimentos esotéricos, como a fonte da juventude ou a

transmutação de metais. Com o crescimento da ordem, os templários não pararam

mais de receber doações, e em pouco tempo estavam administrando uma

gigantesca fortuna espalhada por toda a Europa, composta de peças de ouro, prata,

43

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castelos, fortalezas, moinhos, videiras, pastos e terras aráveis. O grupo emitia cartas

de crédito: o peregrino à Terra Santa depositava uma determinada soma na Europa,

que podia ser resgatada quando chegasse a Jerusalém. “O Templo de Londres foi

chamado de precursor medieval do Banco da Inglaterra”, escreve o historiador

britânico Edward Burman no livro Templários: Os Cavaleiros de Deus. Isso fez

crescer o olho de muitos novos adeptos.

12.4-Mitos e lendas

As histórias mais fantásticas envolvendo os templários

12.4.1-Santo Graal

A Ordem do Templo teria sido fundada pelo Priorado do Sião e guardou o

segredo da filha bastarda de Jesus Cristo. “Isso é uma invenção do anti-semita

Pierre Plantard, em 1956”, afirma o historiador italiano Massimo Introvigne.

12.4.2-Arca Perdida

Os templários supostamente escavaram o Templo de Salomão e encontraram

a Arca da Aliança. E ainda teriam descoberto os segredos dos primeiros maçons. “É

tudo fantasia”, garante o especialista Alain Demurger.

12.4.3-Tesoura do Templo

O Manuscrito Copper, encontrado na região do mar Morto, revelaria a

localização dos tesouros do Templo de Salomão e teria sido descoberto pelos

templários. “É lenda”, diz o historiador Kenneth Zuckerman.

12.4.4-Maldição de Molay

A praga rogada por Jacques de Molay foi fulminante, matando o papa

Clemente 5º e o rei Filipe, o Belo. Segundo algumas fontes, Clemente na verdade

morreu de câncer, enquanto Filipe foi vítima de um derrame cerebral.

12.4.5-Sexta-feira 13

A crença de que a “sexta-feira 13” é um dia de azar teria surgido em 13 de

outubro de 1307, data na qual ocorreu a prisão dos templários na França. Nada a

ver. A primeira menção à “sexta-feira 13” é recente, de 1898. 44

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12.5-Os homens que defenderam Jerusalém em nome de Cristo.

12.5.1-Pader

Os membros combatentes da ordem, apesar de sua formação de monge,

eram quase sempre analfabetos e com pouco conhecimento de teologia ou das

Escrituras. Por isso, as missas, confissões e outras cerimônias religiosas eram

presididas por padres que viviam nos estabelecimentos templários.

12.5.2-Cavaleiro

Geralmente de origem nobre, era o membro da ordem por excelência: tanto

um guerreiro experiente, treinado para combater a cavalo com armadura pesada,

quanto um monge ordenado, com votos de pobreza, obediência e castidade. Os

cavaleiros templários nunca foram mais do que 10% dos integrantes.

12.5.3-Soldado

Os templários também recrutavam soldados leigos, que não eram monges e,

na Terra Santa, podiam até ser cristãos de origem síria. Nenhum deles era obrigado

a seguir os votos de castidade dos cavaleiros – alguns, inclusive, eram casados.

Havia também irmãos leigos que realizavam tarefas domésticas.

12.6-Entre o bem e o mal

A história dos templários está associada a santos e demônios.

12.6.1-Santos

São Bernardo foi o melhor amigo dos templários. Afinal, nos primórdios da

ordem, eram muitos os que achavam que matar infiéis não era algo muito cristão. Ao

publicar a defesa doutrinal do grupo, em 1135, Bernardo convenceu a todos da

necessidade de fazer justiça pela espada. Sobrinho de um membro da ordem, foi

cavaleiro antes de seguir carreira religiosa. Morreu em 1153 e virou santo 20 anos

mais tarde.

12.6.2-Demônios

45

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Um dos símbolos mais enigmáticos associados aos templários é o de

Baphomet. “O nome vem de Maomé”, diz o historiador Malcolm Barber. Seria a

encarnação do Diabo. Para outros estudiosos, contudo, representaria os santos dos

primórdios da Igreja. Na Idade Média, prevaleceu a versão mais sinistra. Os

templários empregariam a figura em seus ritos. Mas tudo não passa de uma lenda,

jamais comprovada.

12.7-Infância Secular

A insígnia da Ordem do Templo – dois cavaleiros dividindo a mesma cela – acabou

sendo usada para difamar os templários, acusados de homossexualidade e outras

práticas mundanas nos anos finais da cavalaria. Na verdade, o emblema

simbolizava humildade: a pobreza não permitiria uma montaria para cada cavaleiro.

12.8-Folha Corrida

Fundação: 1119, em Jerusalém.

Fundador: Hugo de Payns.

Integrantes: aproximadamente 15 mil homens no início do século 13.

Patrimônio: 9 mil propriedades espalhadas pela Europa no século 13 (US$ 160

bilhões em valores atuais*).

Extinção: 3 de abril de 1312.

Na idade média os Templários lutaram para proteger as grandes estradas da

Europa, para que os produtos pudessem novamente se deslocar e a economia

pudesse renascer depois de tanta escuridão. E depois financiaram a construção de

catedrais dando trabalho a muitos pedreiros, marceneiros e carpinteiros.

Trabalhando e ganhando os trabalhadores puderam adquirir a propriedade das

terras que até então eram somente dos grandes condes e príncipes… e ser livres da

escravidão econômica.

46

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13-A crise do feudalismo

O crescimento demográfico, observado na Europa a partir do século X,

modificou o modelo auto-suficiente dos feudos. Entre os séculos XI e XIII a

população européia mais que dobrou. O aumento das populações impulsionou o

crescimento das lavouras e a dinamização das atividades comerciais. No entanto,

essas transformações não foram suficientes para suprir a demanda alimentar

daquela época. Nesse período, várias áreas florestais foram utilizadas para o

aumento das regiões cultiváveis. A discrepância entre a capacidade produtiva e a

demanda de consumo retraiu as atividades comerciais e a dieta alimentar das

populações se empobreceu bastante. Em condições tão adversas, o risco de

epidemias se transformou em um grave fator de risco. No século XIV, a peste negra

se espalhou entre as populações causando uma grande onda de mortes que ceifou,

aproximadamente, um terço da Europa. No século XV, o contingente populacional

europeu atingia a casa dos 35 milhões de habitantes. A falta de mão-de-obra

disponível reforçou a rigidez anteriormente observada nas relações entre senhores e

servos. Temendo perder os seus servos, os senhores feudais criavam novas

obrigações que reforçassem o vínculo dos camponeses com a terra. Além disso, o

pagamento das obrigações sofreu uma notória mudança com a reintrodução de

moedas na economia da época. Os senhores feudais preferiam receber parte das

obrigações com moedas que, posteriormente viessem a ser utilizadas na aquisição

de mercadorias e outros gêneros agrícolas comercializados em feiras. Os

camponeses, nessa época, responderam ao aumento de suas obrigações com uma

onda de violentos protestos acontecidos ao longo do século XIV. As chamadas

jacqueries foram uma série de revoltas camponesas que se desenvolveram em

diferentes pontos da Europa. Entre 1323 e 1328, os camponeses da região de

Flandres organizaram uma grande revolta; no ano de 1358 uma nova revolta

explodia na França; e, em 1381, na Inglaterra. Passadas as instabilidades do século

XIV, o contingente populacional cresceu juntamente com a produção agrícola e as

atividades comerciais. Em contrapartida, a melhoria dos índices sociais e

econômicos seguiu-se de novos problemas a serem superados pelas sociedades

européias. A produção agrícola dos feudos não conseguia abastecer os centros

urbanos e os centros comerciais não conseguiam escoar as mercadorias

confeccionadas. Ao mesmo tempo, o comércio vivia grandes entraves com o

47

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monopólio exercido pelos árabes e pelas cidades italianas. As rotas comerciais e

feiras por eles controladas inseriam um grande número de intermediários,

encarecendo o valor das mercadorias vindas do Oriente. Como se não bastassem

os altos preços, a falta de moedas impedia a dinamização das atividades comerciais

do período. Nesse contexto, somente a busca de novos mercados de produção e

consumo poderiam amenizar tamanhas dificuldades. Foi assim que, nos séculos XV

e XVI, a expansão marítimo-comercial se desenvolveu.

48

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14-A Guerra dos Cem Anos

Do ponto de vista histórico, podemos ver que a Guerra dos Cem Anos foi um

evento que marcou o processo de formação das monarquias nacionais inglesa e

francesa. Não por acaso, vemos que esse conflito girou em torno dos territórios

e impostos que eram tão necessários ao fortalecimento de qualquer monarquia

daquela época. Sendo assim, vemos que tal evento manifesta significativamente a

centralização política que se desenvolveu nos fins da Idade Média. Iniciada em

1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente

de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o rei britânico Eduardo III, neto do

monarca francês Felipe, O Belo (1285 – 1314), reivindicou o direito de unificar as

coroas inglesa e francesa. Dessa forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e

colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político,

principalmente da região de Flandres. Nessa época, os comerciantes de Flandres

apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos

com a Inglaterra. Por conta desse apoio, os ingleses venceram as primeiras batalhas

e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. Até aquele

instante, observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses, era possível

apostar na queda da monarquia francesa. Contudo, a decorrência da Peste Negra

impôs uma pausa aos dois lados da guerra. As batalhas só foram retomadas em

1356, quando a Inglaterra conquistou novas regiões e contou com apoio de alguns

nobres franceses. No ano de 1360, a França se viu obrigada a assinar o Tratado de

Brétigny. Pelo documento, a Inglaterra oficializava o seu domínio sobre parte da

França e recuperava alguns territórios inicialmente tomados pelos franceses. A ruína

causada pela guerra provocou grandes problemas aos camponeses franceses. A

falta de recursos, os pesados tributos e as fracas colheitas motivaram as chamadas

jacqueries. Nesse instante, apesar dos episódios de violência contra a nobreza, os

exércitos da França reorganizaram suas forças militares. Realizando a utilização de

exércitos mercenários, o rei Carlos V conseguiu reaver uma parcela dos territórios

perdidos para a Inglaterra. Nas últimas décadas do século XIV, os conflitos tiveram

uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da

Inglaterra. Apesar da falta de guerra, uma paz definitiva não havia sido protocolada

entre os ingleses e franceses. No ano de 1415, o rei britânico Henrique V retomou a

guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Mais do que isso,

49

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através do Tratado de Troyes, ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem

da monarquia francesa. Em 1422, a morte de Carlos VI da França e de Henrique V

da Inglaterra fizeram com que o trono francês ficasse sob a regência da irmã de

Carlos VI, então casada com o rei Henrique V da Inglaterra. Nesse meio tempo, os

camponeses da França se mostraram extremamente insatisfeitos com a dominação

estrangeira promovida pela Inglaterra. Foi nesse contexto de mobilização popular

que a emblemática figura de Joana D’Arc apareceu. Alegando ter sido designada por

Deus para dar fim ao controle inglês, a camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas

e populações locais. Aproveitando do momento, o rei Carlos VII mobilizou tropas e

passou a engrossar e liderar os exércitos que mais uma vez se digladiaram contra a

Inglaterra. Nesse instante, temendo o fortalecimento de uma liderança popular, os

nobres franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos. No ano de

1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria. Mesmo com a

entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção

norte do país. Em 1453, um tratado de paz que encerrava a Guerra dos Cem Anos

foi assinado. Por um lado, a guerra foi importante para se firmar o ideal de nação

entre os franceses. Por outro, abriu caminho para que novas disputas alterassem a

situação da monarquia inglesa.

50

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CONCLUSÃO

“Idade das Trevas” foi o termo adotado pelos humanistas do século XVII,

aonde generalizaram toda a civilização da Europa do século IV ao século XV como

um tempo de ruína e flagelo. Esta ideologia de obscuridade das trevas é resultado

de fatos e acontecimentos negativos ocorridos no longo período da Idade Média, tais

como, as guerras, as invasões bárbaras, as crises da agricultura, as epidemias, a

imposição da Igreja, a inquisição em relação aos hereges, a centralização da

economia restrita aos feudos, as desigualdades sociais, dentre outros aspectos. A

Idade Média foi marcado pela fome, pobreza, miséria, doenças. Também era a

sociedade estamental, na qual não havia mobilização social, ou seja, quem nascia

pobre, morria pobre. Assim, a sorte estava lançada conforme a família que se

nascia. Não havia oportunidade de o pobre mudar de classe, “era pobre porque

nasceu pobre, porque era à vontade” de Deus. As criações do medievo (de

aproximadamente dez séculos) atingiram um alto número, dentre elas estão: os

moinhos, a charrua, a pólvora, a plaina, o tecido, o arco triangular, os algarismos

arábicos, a anestesia, o anno domini, a árvore genealógica, os bancos, os botões, a

bússola, o carnaval, o carrinho de mão, as cartas de jogo, o cavalo como força

motriz, o garfo, gatos como animais domésticos, a hora de sessenta minutos, a

lareira, os livros, o macarrão, a marca d’água, o óculos, os nomes das notas

musicais, o papai Noel, o papel, a prensa de tipos móveis, o purgatório, as roupas

de baixo, o tarô, as universidades, os vidros coloridos, o xadrez, o zero, o relógio, as

cidades, as moedas, as feiras, a cavalaria, os castelos, as cruzadas, o leme, o

astrolábio, as ferraduras, a roda d’ água, o poço artesiano, o estilo gótico(...), entre

várias outras coisas, sendo que alguns dos itens inovadores já existiam na

antiguidade, só que não eram utilizados por falta de conhecimentos e técnicas.

Assim o grande comércio e o demasiado aumento demográfico foram o motor da

expansão econômica monetária, a moeda tornava-se cada vez mais necessária para

efetuar pagamentos e trocas, sendo que esse crescimento da economia monetária

destacar as relações entre as cruzadas, o crescimento econômico do século XI e a 51

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expansão das cidades, que estão relacionadas de tal forma aonde cada fato vai

surgindo e resultando de um outro. A Europa Ocidental medieval era rica em

madeira, que permitiu um grande número de exportações de carvalho (madeira de

luxo na época) para o mundo muçulmano. Surge aí o descobrimento e a utilização

do ferro, que foi usado na maioria das vezes para a produção de ferramentas e para

o armamento militar. No século XIII foram criadas ferramentas de ferro para

trabalhar toda essa abundância de madeira, como por exemplo machados, trados e

serras. O ferro foi utilizado também anteriormente para inovar na agricultura, com a

criação da enxó (enxada). O grande avanço sobre a madeira ocorreu quando foi

substituída por pedras nas construções, em especial no desenvolvimento dos

castelos. As novas fontes de energia do século XIII trouxeram um certo nível de

desenvolvimento para a Europa medieval. Os moinhos inovaram muito, dentre eles

estão: os moinhos de cânhamo (papel), moinhos curtidores, moinhos de tecidos,

moinhos de cerveja e moinhos de amolação. Outra grande fonte de energia foi à

criação anteriormente da atrelagem (XI) que pôs os animais como boi e cavalo a

trabalharem nas lavouras. Os navios eram construções simplificadas e limitadas,

existiam poucos nas frotas ocidentais. Em meados do século XIII foi introduzido o

leme, que tornou os navios mais fáceis de serem conduzidos. As navegações

intensificaram-se no inverno devido à criação da bússola (XIII-1280). Os avanços

tecnológicos de maior significância no campo “industrial” foram: a criação da pólvora

e das armas de fogo (XIII), que revolucionaram as guerras; o vidro (XIII) aparece

como indústria, pois já era conhecido na antiguidade, mas não era trabalhado,

trouxe o desenvolvimento para cristandade, onde era utilizado para formar os vitrais;

a indústria têxtil surge para fabricar os vestuários, geralmente os técnicos e os

inventores da idade média foram os artesãos. Um grande progresso comercial

acontece com o surgimento do câmbio, a troca de moedas. Tudo isto demonstra que

a Idade Média teve sim muita importância para o desenvolvimento do homem.

REFERÊNCIAS

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Le Goff, Jacques, Uma longa Idade Média (Editora: Record);

Le Goff, Jacques, Em busca da Idade Média (Editora: Civilização brasileira);

Gilson, Etienne, A Filosofia na Idade Média (Editora: Wmf Martins Fontes);

Demurger, Alain, Os Templários - Uma Cavalaria Cristã na Idade Média (Editora:

Difel);

Zumthor, Paul, Falando de Idade Média (Editora: Perspectiva);

Flori, Jean, A Cavalaria - A Origem dos Nobres Guerreiros da Idade Média (Editora:

Madras);

Kimble, G. H. T.,A Geografia na Idade Média (Editora: Imprensa Oficial de São

Paulo);

Franco Jr, Hilario, A Idade Média: Nascimento do Ocidente (Editora: Brasiliense);

Da Silva, Marcelo Cândido, A Realeza Cristã na Alta Idade Média (Editora: Alameda

Casa Editorial);

D'haucourt, Genevieve, A Vida na Idade Média (Editora: Martins Fontes).

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