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Page 1: 41024 -Paulo Bernardo e Sousa

EElliitteess ee MMoovviimmeennttooss SSoocciiaaiiss

Apontamentos de: Paulo Bernardo e Sousa E-mail: [email protected] Data: 12 de Novembro de 2010 Livro: Nota:

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3665 – Elites e Movimentos Sociais

Descrição Pág. (Manual)

Pag. 2 de 19

1. A Questão da Elite 011 O tema 011 Os factores da mudança 013 O conceito de elite: a visão da águia 016 Um homem tranquilo: conceito de classe política e de fórmula política 024 As questões da organização: Robert Michels 025 Há uma elite do poder? Wright Mills e seus continuadores 027 A ideia nova de Aloys Schumpeter 030 Um pouco de bom senso: Raymond Aron 032 As visões liberais: Dahl e os outros 034 Tipologias das elites políticas 036 A transformação da elite política 041 As outras elites influentes 045 A acção das elites 053 2. Elites e Movimentos 071 Dos movimentos sociais: em busca de um conceito 071 As cinco dimensões de análise dos movimentos 078 A visão de sociedade 079 Os recursos 080 A organização do movimento 081 Uma tendência para a acção 082 Os resultados 084 Tipologias dos movimentos 085 A migração de ideias nos movimentos sociais 089 Os movimentos tocam-se e tomam empréstimos 092 Movimentos e elites 095 As funções dos movimentos 097 Elites e movimentos 100 Movimentos sociais e sociologia 103 3. Movimentos Sociais 115 Uma nota metodológica 115 Os movimentos de libertação nacional 117 A descolonização 123 Modelos e dependência 126 O movimento comunista internacional ou a busca da utopia 129 O movimento feminista 133 O primeiro combate feminista: o sufragismo 138 O avanço global do sufragismo 142 O feminismo socialista 146 As últimas tendências 152 Os novos movimentos sociais 153

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1. A Questão da Elite 3

Carlyle (séc. XIX) entende que na acção de mudança o factor individual é invulgar.

A mudança social é um facto Imperceptível – “As sociedades chocam febres

revolucionárias”. 3

Os factores da mudança

Os principais factores de mudança social são as Elites, os Heróis, os Movimentos

Sociais e a Pressão Externa. 3

O conceito de elite: a visão da águia

Uma elite política é uma minoria que ocupa os órgãos do poder

Elite política, de acordo com o pensamento de Pareto:

• Elite mais importante em termos de mudança social.

• Combate político para a conquista e/ou manutenção do poder.

• Decisões mais importantes.

• Duas facções hierárquicas (governante e não-governante).

• Importância das campanhas eleitorais para a conquista de votos e mobilização

de massas.

• Categorias ou “Derivações”

Resíduos Favoráveis à Mudança Resíduos Favoráveis à Conservação

ou instinto das combinações, tipo

raposa, constituído por homens:

� Versáteis;

� Especuladores;

� Ambiciosos;

� Pouco enraizados;

� Internacionalistas;

� Sensíveis a acordos;

� Pouco interessados no uso da

força.

ou resistência dos agregados, tipo leão,

constituído por homens:

� Fortes Convicções;

� Poupados, só jogam pelo seguro;

� Patriotas;

� Enraizados;

� Nacionalistas, com conceitos de Honra

e Fidelidade;

� Uso da força;

3

Uma das obras de Pareto intitula-se “Os Sistemas Socialistas”

Um homem tranquilo: conceito de classe política e de fórmula política

Noção de “classe dominante” – A. Mosca. A sociedade é dirigida por um grupo

qualificado “classe política dirigente”, cujas características são um núcleo duro

dominante e periferia dependente. A massa é a destinatária das decisões dos

dirigentes. 3

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As questões da organização: Robert Michels

Organização e oligarquia associam-se, na chamada lei de ferro da oligarquia.

Assim, a necessidade de fundar e estatuir uma organização impõe modelos

hierárquicos que logo garantem a profissionalização de uma elite dirigente

residente, passando uma minoria a dirigir a maioria. Pelo que “o segredo de

dominação da minoria sobre a maioria é a organização”.

3

Há uma elite do poder? Wright Mills e seus continuadores

O autor da expressão “elite do poder” foi Wright Mills.

Ao invés de se considerar as elites políticas como sendo o topo das elites sociais,

Wright Mills explicou que em certas circunstâncias forma-se uma elite nacional que

integra as famílias de diversos círculos de poder, a saber, a elite militar e a elite

financeira, que conjunturalmente assumem a predominância, relegando os

chamados políticos profissionais para um segundo plano, i.e., para o plano da

execução dos mandatos das elites de topo. Assim, os centros de decisão deixam

de ser visíveis passando, de acordo com John Keneth Galbraith e Noam Chomski,

aquele complexo de decisão tecnocrática a promover a mudança social, a

investigação através do controlo dos governos e das mudanças que considerasse

nocivas. Assim, se ensaia o conceito de plutocracia.

3

A ideia nova de Aloys Schumpeter

Aloys Schumpeter (1883-1950) observou que o empresário entregue a si próprio

mantinha o sistema capitalista, pelo que urge a reorganização do Capitalismo e

que a elite económica não deve participar na política

3

Um pouco de bom senso: Raymond Aron

• A “elite dividida”, de característica matricial europeia, revela-se pela formação

na elite política de facções que se opõem. Sendo que tal se repete nas elites

económicas, ideológicas, enfim em todas as elites sociais.

• A “elite unificada”, cuja matriz totalitária se evidencia, é uma situação que se

pode verificar actualmente em Cuba e no Vietname, onde os meios de

produção são totalmente controlados por uma elite, que só se renova através de

lutas e purgas internas.

As visões liberais: Dahl e os outros

Esta visão assenta no princípio da repartição do poder, visto as forças ou elites que

se bloqueiam mutuamente. Pelo que o grupo de poder para realizar as suas

finalidades deve obter a cooperação de outros grupos, pelo funcionamento de

mecanismos conversores da democracia em poliarquia (sistema político onde

diversos poderes jogam para alcançar os seus objectivos e onde todos são

necessários uns aos outros numa trama em constante mudança).

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Tipologias das elites políticas

Elite unificada

Centro Coordenador exclusivo (a elite social encontra-se subordinada a uma elite política poderosamente dotada, seja como Partido único, o Exército ou uma Igreja

• Obediência a Credo; • Ortodoxia; • Poder emanado de um estrato restrito; • Inexistência de Contra-Elite; • Recursos Sociais na posse do Centro Coordenador;

• Repressão ou liquidação de dissidências; • Vorazes disputas internas pelo poder; • Gigantesco aparelho burocrático; • Elite renovada por selecção cooptativa; • Estrutura conservadora; • Base na força repressora; • Elite nepótica.

Oligarquia gerontocráti-ca que se encontra na China, na ex-URSS.

Elite tendencialmente unificada

Centro Coordenador

• Obediência a Credo; • Ortodoxia; • Poder emanado de um estrato restrito, todavia capaz de conviver com outras fontes de influência;

• Existência de Elites em sectores não-políticos;

• Grande parte dos Recursos Sociais na posse do Centro Coordenador;

• Repressão ou liquidação de dissidências; • Ampla Mobilidade Vertical dos quadros da Classe Dominante;

• Elite renovada por selecção cooptativa; • Estrutura dominada por uma Elite Dominante (Militar ou Financeira).

Polónia até à queda do Pacto de Varsóvia. A Jugoslávia do General Tito. O Chile de Pinochet. O Japão de Meiji. Portugal de Salazar. A Itália fascista. A Espanha franquista.

Elite Fragmentada

Grupos de Elite Política altamente competitivos e pouco sensíveis a uma Coordenação una ou num quadro de competição

• Elites e Contra-Elites detentoras de forças armadas próprias, o que constrange a estabilidade de gestão de poder;

• Conflitualidade aberta entre elites que incluem elites militares e contra-elites, bem como dentro do núcleo das elites;

• Elites sociais diminutas e inexpressivas;

Países do Terceiro Mundo

Elite consensualmente dividida

Partidocracia

• Elite política governante profissional civil; • Elite política não-governante; • Contra-Elite preconizadora de outro regime político;

• Elite não-política diversificada e distribuída pelas principais funções da sociedade, onde decorrem conflitos pela oposição de interesses entre organizações sectoriais;

• Circulação do poder pela institucionalização do voto visando a sanção dos governantes;

• Divisão ideológica e doutrinas sócio-políticas, consubstanciada em organizações competitivas;

• Uso do marketing pela facção da elite, com vista à captação do voto popular

Ocidente desenvolvido

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A transformação da elite política 3

Segundo Pareto a debilidade uma minoria estritamente fundada na herança e na

cooptação torna o grupo dirigente permeável, o que segundo Mosca potencia a

renovação através da transformação das instituições em democráticas. Diz Pareto

que “a queda [daqueles] resulta da acumulação nos estratos superiores de

elementos de qualidade inferior, [...], enquanto que nos estratos inferiores os

elementos de qualidade superior possuidores dos resíduos adequados ao exercício

do governo e que estão dispostos a utilizar até a força”, preparam a

transformação/alteração da elite política. Contudo este é o quadro de ruptura

total, por processo revolucionário. 3

Contudo, sempre que a elite estável preconiza ventos de mudança, num

movimento de defesa caracteriza-se por ser aberta na periferia. 3

As grandes linhas de transformação verificam-se pela variação das diferentes

tipologias de elite:

Elite

unificada

• Colapso da administração burocrática e a cisão da organização

coordenadora central, que poderá induzir à afirmação da elite

militar. O que promove a criação de uma elite tendencialmente

unificada. Ou

• Colapso da administração burocrática e a cisão da organização

coordenadora central, que poderá induzir na criação de uma elite

fragmentada, disposta ao combate e insensível aos consensos

Elite

tendencia

lmente

unificada

• Insensível à existência de outras forças sociais, pode derivar para

uma outra elite unificada sob outro centro coordenador, sendo

que a força da elite militar é esbatida, sendo que as contra-elites

vão forçar a existência de elite fragmentada o que culminará

numa elite consensualmente dividida.

Elite

Fragment

ada

• Condições para a emergência de uma contra-elite, que por força

da necessidade um centro coordenador e da necessidade

aglutinadora das outras elites, predispõe-se a ser de matriz militar.

Elite

consensu

almente

dividida

• A degradação da partidocracia potencia-se o surgimento de

uma contra-elite que ocupará o espaço socio-político por

profissionais. Todavia, caso esta contra-elite não consiga

desmarcar-se de uma ideia de usurpação do poder avizinha-se

uma unificação das elites sob a batuta militar.

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As outras elites influentes

Segundo Max Weber, os três tipos de legitimação de poder são o poder tradicional;

o poder burocrático-racional; o poder cuja fundamentação assenta no carisma do

dirigente.

As Elites Tradicionais fundamentam o seu poder em crenças remotas e inserem em

estruturas sociais simples, i.e., culturas não técnicas. Como exemplo temos os chefes

tribais, os dirigentes da Antiguidade (desde os Faraós aos Imperadores Romanos e

às monarquias medievais), os dirigentes étnicos.

As Elites Carismáticas foram definidas por Max Weber (“Economia e Sociedade”),

como detendo autoridade assente em características especiais que detém. Como

exemplo temos a ex URSS, que produziu um conjunto de lideranças altamente

depuradas por uma voraz selecção interna.

As Elites Simbólicas fundamentam o seu poder em representar para a sociedade um

modo de agir.

As Elites Ideológicas, são integradas pelos intelectuais capazes de formularem

postulados e ideias capazes de reforçar e/ou destruir um sistema político, através de

um conjunto de mecanismos:

• Relação entre a fórmula política e a elite - Escalas;

• Estilos educativos parentais;

• Técnicas gerais: métodos directos (observação e questionários); psicanálise

(método indirecto);

• Técnicas projectivas: visuais; lúdicas e gráficas.

• Núcleo essencial do discurso político do grupo. Interessa que funcione. Não

interessa a verdade. “Marketing” político.

Para Ettore Albertoni (1987), na estrutura pós-moderna o tema das elites políticas

tornou-se insignificante e aceitável

A acção das elites

Funções que competem às elites políticas:

• Tomada de decisão em última instância, quer em resposta, quer por iniciativa

política;

• Definição das situações;

• Criação de modelos comportamentais.

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A função das elites ideológicas por António Gramsci (1976) – Relação entre

ideologia e utopia:

• Preparar uma nova ideologia.

• Função deletéria.

• Infiltração e uso dos meios de comunicação de massa para alterar a cultura

dominante

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2. Elites e Movimentos

Dos movimentos sociais: em busca de um conceito 3

O primeiro autor a assinalar o papel das multidões na História da Humanidade foi

Gustave Le Bon. 3

Os movimentos sociais orientados para normas focam-se em fins estreitos Tendo

aqui especial relevância os movimentos laborais. 3

Os últimos cinquenta anos do século passado podem ser classificados como era dos

movimentos sociais. Sendo de destacar o conceito de massa de movimento social,

pois ao primeiro são conferidas características como a falta de organização, a

motivação efémera e acção irracional por contágio capaz de ser destrutiva, sendo

que o segundo constitui-se segundo objectivos definidos, cuja realização tem uma

agenda predefinida e estão confinados à estrutura e hierarquia de uma

organização.

Movimento Social é:

Nolan e

Lenski,

um grupo com ligações flexíveis, que pretende a mudança da

sociedade.

Cohen (1980) um grupo de indivíduos está envolvido num esforço organizado,

seja para mudar, seja para manter alguns elementos da

sociedade global.

Horton e Hunt uma colectividade agindo com certa continuidade, para

promover ou resistir à mudança na sociedade ou no grupo de

que faz parte.

Fairchild acção ou agitação concentrada, com algum grau de

continuidade, que um grupo plena ou vagamente organizado,

unido por aspirações mais ou menos concretas, segue segundo

um plano traçado e orientando-se para uma mudança das

formas ou instituições da sociedade existente ou para um

contra-ataque em defesa dessas instituições.

John Markoff um desafio aberto, colectivo, sustentado, aos modos

dominantes de fazer as coisas.

Giddens

(1998)

uma tentativa colectiva para desenvolver um interesse comum

fora da esfera das instituições reconhecidas.

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Nesta constante síntese entre as elites e os movimentos sociais, é notório que a visão

hegeliana parece mais confortável, que a definição de Giddens de movimentos

sociais.

Assim, quer da parte das elites, quer dos movimentos sociais, seja por recurso à

absorção, eliminação de uns pelos outros ou seja pela negociação/concessão,

parece que de uma forma ou de outra – mesmo aqueles que parecem não deter

uma agenda política – são actores que pretendem o controlo dos “bem-desejados”

recursos públicos, seja numa perspectiva ampla de poder, seja pela prossecução

de um determinado fim, pelo que mesmo numa análise estritamente

jurídica/determinista das organizações não parece que os movimentos visem “uma

tentativa colectiva para desenvolver um interesse comum fora da esfera das

instituições reconhecidas”. Antes pelo contrário, como fenómeno político

eventualmente não persistente/duradoiro poderão utilizar mecanismos mais ou

menos assistémicos, mais ou menos legais, mais ou menos reconhecidos,

revolucionários/renovadores, reaccionários/conservadores. Ainda assim, tal

construto não os classifica como estranhos no processo político.

Se tal fosse aceitável, como se poderia considerar a evolução desenhada em

Inglaterra, pelos movimentos sindicais, no sentido da criação do Partido Trabalhista

(todas as “regras do jogo”, foram utilizadas, desde a concessão à absorção, com

vista à eliminação), tal como as diversas iniciativas feministas, que apesar de só

tardiamente incorporarem o perfil e a forma de movimento, hoje configuram-se

inegáveis as concessões políticas provocadas. Estes são dois exemplos que por

serem emblemáticos realçam o carácter sistémico das acções dos movimentos.

Sendo que de tão sistémicos que são, podem potenciar – e nalguns casos

provocam – um equilíbrio ambivalente entre elites e movimentos, sendo que os

segundos num determinado momento fundaram-se em antítese às primeiras, mas

não tardou que as renovassem e substituíssem na arena política. Não será também

ao acaso nem pela sua dimensão marginal, a corrente instrumentalização, o

domínio e até fundação de movimentos sociais pelas elites com vista ao controlo

por parte destas das iniciativas populares tomadas ou vindouras. Sendo os

movimentos em alguns casos autênticas agências (Sindicatos para os Partidos do

Centro-Esquerda, em Portugal, Mormons para os Conservadores no EUA, …), ou

braços armados (Sin Fein para o IRA, …)

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As cinco dimensões de análise dos movimentos

Os Movimentos Fundam-se na:

A visão de sociedade • Ideologia que visa a necessidade de corrigir ou

até substituir a sociedade;

• Existência de utopias clássicas e modernas, mais

ou menos reconhecidas, que propõem

sociedade alternativas;

• Necessidade preservar uma certa identidade,

seja nacional, ideológica, racial, comunitária,

religiosa ou linguística.

Os recursos • Quantidade de recursos de que dispõem para a

prossecução dos seus desígnios;

• Necessidades de em associação ao seu ideário

projectarem formulários de procura de apoio e

financiamento – seja pela legal ou ilegalmente.

A organização do

movimento

• Organização melhorada, que segundo Horowitz

promove o controlo e a contenção das massas,

bem como a manutenção do projecto para

além dos primeiros desafios;

• Divisão de tarefas e de funções, logo na

hierarquização dos integrantes.

Uma tendência para a

acção

• Acção através da ocupação de áreas

reservadas, de marchas de protesto, vigílias, dos

media com intervenções mais ou menos

dramatizadas a fim de atrair aqueles e obter

tempos de antena;

• Acção violenta seja cirúrgica (abates selectivos)

ou aleatória.

Os resultados • Apresentação de resultados com vista a análise

de eventual mudança de objectivos;

• Procurar os impactos que as intervenções

desenvolvidas terão nos alvos e nos

destinatários;

• Constante verificação da ideologia face aos

problemas que propõe solucionar.

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Tipologias dos movimentos

Na opinião de Broom e Selznick os movimentos sociais podem ser classificados de

acordo com os seus fins e os seus elementos constituintes ou recursos

Selznick, que estudou os movimentos sociais, apresenta algumas orientações que

aqueles podem seguir:

Meios Orientação Valores Normas de Poder

Poder

• Valores • Normas

Focam-se em fins mais

estreitos

• Socialismo Revolucionário

• Movimentos Terroristas

• Anular proibições

• Conquistar Objectivos

Persuasão

• Propaganda • Educação • Marketing Focam-se em fins estreitos e globais, tentando soluções

de consenso, onde não hajam perdedores e a luta

seja diminuta

• Social Democracia

• Controlo de Natalidade

• Sufragistas • Ambientalistas

Participação

• Recrutamento • Valorativa

Focam-se em fins mais globais

• Comunidades Utópicas

• Seitas

• Movimento Laboral

Os movimentos sociais têm sido estudados desde os anos 60 e 70

Segundo Chazel, o movimento social diz respeito à Ideologia e/ou Organização.

David Aberle (1966) formulou quatro tipos de movimentos:

Características Movimentos

Movimentos

Transformadores

• dirigidos a toda a sociedade • visam mudanças catastróficas • podem recorrer a meios violentos

• Revolucionários • Radicais; • Milenaristas

Movimentos

Reformistas

• dirigidos a toda a sociedade • visam alterar certos aspectos da ordem social

• recorrem a mecanismos de pressão, no sentido de serem criadas leis permissivas

• acção gradualista

• Sectoriais

Movimentos

Redentores

• destinados ao indivíduo • visam a mudança de hábitos do indivíduo pela salvação de almas

• Católicos • Pentecostal • Carismático • new age • self-help

Movimentos

Alternativos

• destinados ao indivíduo • visam a mudança de hábitos do indivíduo, mas não querem uma mudança total

• Alcoólicos Anónimos • para a proibição e/ou liberalização das drogas

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A migração de ideias nos movimentos sociais

• Replicação Estrutural das Circunstâncias Sociais

• Cópia da Organização

• Cópia de Símbolos ou slogans

Os movimentos tocam-se e tomam empréstimos

Os Sociólogos encontraram cinco formas de influência:

• Ideias Gerais

• Formas de Acção

• Tipo de Organização

• Slogans

• Símbolos

Modelo Minimaz de Rapopport

Entre dois contendores muito desiguais existe sempre um ponto em que é possível

negociar, ou seja, encontrar o ponto de equilíbrio por desgaste do mais forte, mas

com fortes perdas do mais fraco. Esse ponto é justamente o momento em que o

grande jogador regista um mínimo de ganhos com um máximo de perdas e o

jogador mais fraco faz um registo de um máximo de perda com um mínimo de

ganhos. Contudo esse mínimo de ganhos, que é um máximo na história da sua

resistência, incomoda o grande jogador, que começa a ter perdas mínimas, o que

o obriga a repensar. Daí surgirá, se o tempo conservar esse equilíbrio difícil, um

tempo favorável à negociação, é o tempo em que os ganhos do maior jogador

custam cada vez mais caro. Este modelo encontrou maior referência na resistência

passiva promovida por Gandhi, contra a Administração inglesa da Índia, que

culminou com a independência daquele território.

Movimentos e elites

Ideia dos “partidos temporários” proposta por Moisei Ostrogorski, mais não era do

que o fomento de movimentos de defesa de interesses efémeros com vista a serem

partidos destinados a evitar a degradação da vida política, tutelada pela

organização partidária instalada e dominante.

Todavia, também os movimentos detinham uma estrutura organizativa e como

defendeu Robert Michels essa era uma linha matricial entre movimentos e partidos,

pois é a organização que dá eficácia ao partido, ao grupo, ao movimento (Efeito

Michels).

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Verifica Gaetano Mosca que a organização, porque estrutura hierarquizada, enfim

estratificada acaba por produzir a elite. Segundo Giddens nos movimentos

transformadores e reformistas há uma propensão para o desenvolvimento de

burocracias, que fomentam o surgimento de uma nomenclatura.

Ostrogorski entendeu que a extensão do voto se devia às conquistas operárias, que

emergem de movimentos laborais, que ganharam coesão e caminharam para a

constituição de partidos, como o caso do Partido Trabalhista em Inglaterra. Assim, o

forte movimento sindical entendeu que era necessário um partido, e pelo partido,

líderes operários entraram no Parlamento.

As funções dos movimentos

Teoria Funcionalista – Nenhuma instituição tem em si a sua razão de ser, mas assenta

a sua viabilidade social no seu contributo permanente para a sociedade global, ou

seja, a função que assegura para a continuidade da vida comunitária.

Modus operandi Movimentos

Função de

Mediação

• visa a negociação das

reivindicações junto do poder;

• enquadramento e

doutrinamento dos seus

membros;

• Ecologista

• Sufragistas

Função de

Esclarecimento

• visa a exposição das

reivindicações pela

publicitação

• Sindicalista

Função de

Pressão

• visa alcançar os objectivos

com recurso a violentas

manifestações de rua, a

discretas conversas de

lobbying, a campanhas nos

media ou através da ameaça

física (rapto, guerrilha,

assassinatos selectivos)

• IRA

• ETA

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Elites e movimentos

As opções que restam à elite política governante face aos movimentos sociais são:

• Absorver os movimentos sociais e integrar parte dos seus dirigentes – O caso do

Movimento Solidariedade na Polónia, revela como a elite política integrou parte

dos dirigentes do movimento social;

• Eliminar ou proibir os movimentos sociais;

• Fazer concessões aos movimentos sociais sem integração na elite;

• Ignorar os movimentos sociais. O que pode revelar-se arriscado, fruto dos

constantes erros de avaliação produzidos no domínio da importância e dimensão

dos movimentos ignorados.

Movimentos sociais e sociologia

A expressão “aldeia global” foi consagrada por James Buchanam

Os movimentos sociais mudam o mundo porque modificam as leis e transformam as

estruturas sociais, revelando uma panóplia de protagonistas inesperados: as classes,

os partidos, as organizações, as elites, … .

Novos conceitos em análise pela Sociologia:

• Movimento Feminista – Sociedade patriarcal versus género e poder.

• Revolução Contra-Cultural Americana – Baseada na dicotomia Patrões-

Operários-Empregados versus Sub-Proletários-Intelectuais-Funcionários.

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3. Movimentos Sociais

Classificação por fins Específicos e quanto à sua Natureza

• Movimentos Políticos, que visam alterar relações de poder – Movimento

republicano é um movimento social, que visa uma alteração de regime.

• Movimento Religiosos, que visam difundir uma crença ou combater outra.

• Movimentos Económicos, que visam difundir uma orientação económica.

• Movimentos Sociais, que visam preservar a respectiva identidade cultural e

designam-se por movimentos étnicos.

Os movimentos de libertação nacional

As potências que apoiaram os movimentos de libertação africanos, que surgem a

partir de 1958, foram a U.R.S.S. e os E.U.A., sendo que os movimentos de libertação

além das importantes ajudas de países terceiros agiram diplomaticamente a nível

das organizações internacionais

Sendo que do ponto vista ideológico não será de descurar a influência do

nacionalismo na emergência das jovens nações do século XIX.

O momento histórico, do pós Grande Guerra, em que as populações autóctones

puderam vislumbrar as fragilidades dos seus colonizadores europeus, ora saídos de

um grande conflito, rapidamente produziram movimentos de pendor

independentista e de libertação nacional.

A descolonização

A descolonização perpetrada pelas metrópoles, pelo significado de triunfo dos

movimentos de libertação, fez emergir naqueles territórios novas elites de pendor

político.

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Modelos e dependência

• Sul-Americanização – Protecção e promoção de uma elite económica

autóctone do novo regime, com influência política. Pelo que as elites sociais

vislumbram uma enorme janela de oportunidades, em prejuízo de um

contingente de mal amados que continuam num cenário de sociedade

tradicional no campo, e dos que incorporam o crescimento irracional e

descontrolado das cidades. Este modelo cria um fosso abismal entre ricos e

pobres, sendo que pode ser suportado por sistemas de partido único ou não. A

contestação interna é desenvolvida por movimentos de guerrilha que chegam a

ocupar e a controlar grande parte do território (vide Frente Revolucionário

Armada da Colômbia, o Sendero Luminoso do Peru, a UNITA e a Frente de

Libertação de Cabinda em Angola).

• Dirigismo – Sistema cuja planificação central do Estado em que este tutela todos

os meios de produção, com base num Partido Único.

• Democracia – Sistema possível naquelas antigas colónias, como é o caso de

Cabo Verde, contudo tal deve-se à existência de uma população qualificada

com instrução escolar.

O movimento comunista internacional ou a busca da utopia

O Kominform (Bureau de Informação, que coordenava a política e a propaganda

dos partidos comunistas dos países da Cortina de Ferro), que serviu o interesse

internacional da URSS foi instituído por Estaline.

No Congresso de Haia, em 1872, Bakunine opôs-se a Marx e foi expulso.

Principais Motivos pelo falhanço do movimento comunista

• Abolição da propriedade privada;

• Centralização e burocratização sem paralelo;

• Atraso económico;

• Colapso e implosão do regime

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O movimento feminista

Contributo de Betty Friedman (anos 60) para a causa do feminismo – Feminismo

francês:

• Partindo da dicotomia masculino/feminino declara a alteridade absoluta da

mulher.

• Recurso à Psicanálise, explorando o inconsciente como meio de reconstrução de

uma identidade exclusivamente feminina. Annie Leclerc; Hélène Cixous e Luce

Irigary. - Movimento feminista francês “Psicanálise e Política”, anos 70.

• O conceito de “massas” compreende a acção planeada e por contágio como

características

O primeiro combate feminista: o sufragismo

O avanço global do sufragismo

A conquista do direito feminino ao voto ocorreu no caso :

• neozelandês, em 1893;

• australiano, em 1902;

• holandês e russo, em 1917

• luxemburguês, canadiano e inglês em 1918;

• americano em 1919, o presidente Wilson levou a Câmara dos Representantes a

aprovar a 19ª. Emenda da Constituição Norte-Americana, sendo que esta só foi

válida para todos os EUA, após a ratificação do 36º. Estado, o Tennessee, em

1920;

• alemão, austríaco, checoslovaco e polaco, após a I Guerra;

• português em 1931;

• italiano e francês, após a II Guerra;

• suíço, em 1971.

Em 1952, as Nações Unidas aprovaram a Convenção sobre os Direitos Políticos da

Mulher, que induz os membros a permitirem a participação das mulheres em actos

eleitorais.

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O feminismo socialista

• Autores misóginos: Byron, Freíd, Sartre e Valéry

• Engels equiparou a dominação do homem sobre a mulher à dominação de

classe. Fê-lo na obra “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”.

• A obra “Le Deuxième Sexe” foi publicada em 1949

• As Nações Unidas adoptaram a “Declaração sobre a Eliminação da Violência

Contra as Mulheres”, em 1973 e 1993

As últimas tendências

• Ocupação de lugares de relevo pelas mulheres feministas, tanto em partidos

políticos, como nos aparelhos de Estado;

• Estatuto académico paras as questões feministas, sendo de notar particular

influência em áreas como a Antropologia, a Psicologia e a História;

• Participação das mulheres em processos condenatórios da existência de armas

nucleares, da pensa de morte ou em ideologias ambientalistas;

• Eco-feminismo;

• Reconhecimento do direito à diferença, que se extrapolou para outras minorias

sociais: portadores de HIV/SIDA, homossexuais, … .

Os novos movimentos sociais

Movimentos da anti-globalização e o Terrorismo

A revista Foreign Policy (2001) apontou no movimento anti-globalização como

principais falsas premissas:

• A destruição do meio ambiente pela globalização;

• A irreversibilidade da globalização.

O movimento anti-globalização persegue os seguintes objectivos:

• O Desenvolvimento Sustentado

• Interactividade Institucional.