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NEWS Edição 68 Ano V l I 10 de junho de 2017 Informativo de Dança exclusivo do IBT e Espaço VIRALAPA Mensagem doEditor LEIA NESTA EDIÇÃO Este Informativo é distribuído gratuitamente por meio eletrônico. Para recebê-lo, atualize seu-email na secretaria do Espaço VIRALAPA. Esta e todas as edições passadas podem ser acessadas no www.tangoporsisolo.com.br ou www.viralapa.com.br 6 Caros Amigos Tangueros 4 PERCY RODRIGUES 2 SELMA SENA Narrativa da tanguera e empreendedora falan- do sobre sua trajetória no tango, como aluna, como praticante e como organizadora de milon- gas e eventos na cidade de Niterói SANDRA SANTOS Entrevista o empresário e organizador de milongas, o portenho Daniel Rezk MMMESQUEU Com sua incrível criatividade, percorre os bailes da vida, expressando o lúdico, o real e o virtual Nesta edição, divulgamos o ta- lento e o espírito empreendedor de Selma Sena, veterana participante das ativi- dades tangueras do Rio de Ja- neiro, organizadora da Milonga do MAC, em Niterói, que atrai número expressivo de frequen- tadores da Cidade, do País e do Exterior. Sandra Santos, de volta de mais uma viagem a Buenos Aires, nos brinda com mais uma excelente entrevista, desta feita com o em- presário e organizador de milon- gas na capital portenha, Daniel Rezk. Desfrutamos de mais uma peça criativa de Marcondes Mesqueu, simulando cenário lúdico para os bailes, nos quais acontecem episódios reais, verossimeis e vir- tuais. Enviem seus comentários e su- gestões para o editor geral, [email protected]

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Edição 68 Ano V l I 10 de junho de 2017

Informativo de Dança exclusivo do IBT e Espaço VIRALAPAMensagemdoEditor LEIA NESTA EDIÇÃO

Este Informativo é distribuído gratuitamente por meio eletrônico. Para recebê-lo, atualize seu-email na secretaria do Espaço VIRALAPA. Esta e todas as edições passadas podem ser acessadas

no www.tangoporsisolo.com.br ou www.viralapa.com.br

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Caros AmigosTangueros

4

PERCY RODRIGUES

2SELMA SENA

Narrativa da tanguera e empreendedora falan-do sobre sua trajetória no tango, como aluna, como praticante e como organizadora de milon-gas e eventos na cidade

de Niterói

SANDRA SANTOS

Entrevista o empresário e organizador de milongas,

o portenho Daniel Rezk

MMMESQUEUCom sua incrível criatividade,

percorre os bailes da vida, expressando o lúdico, o real e

o virtual

Nesta edição, divulgamos o ta-lento e o espírito empreendedor de Selma Sena, veterana participante das ativi-dades tangueras do Rio de Ja-neiro, organizadora da Milonga do MAC, em Niterói, que atrai número expressivo de frequen-tadores da Cidade, do País e do Exterior.

Sandra Santos, de volta de mais uma viagem a Buenos Aires, nos brinda com mais uma excelente entrevista, desta feita com o em-presário e organizador de milon-gas na capital portenha, Daniel Rezk.

Desfrutamos de mais uma peça criativa de Marcondes Mesqueu, simulando cenário lúdico para os bailes, nos quais acontecem episódios reais, verossimeis e vir-tuais.

Enviem seus comentários e su-gestões para o editor geral, [email protected]

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Expediente

Instituto Brasileiro do Tango Presidente: Paulo Araujo

EspaçoVIRALAPA Diretor Geral: Paulo Araujo

Sede própria: Avenida Gomes Freire, 663, sobreloja, Lapa, Rio de

JaneiroCEP 20230-014 - Tel. 21-3970 2457

[email protected]

VIRALAPA News Conselho Editorial

Ana Maria de Sá Marcondes Mesqueu

Paulo Araujo Percy Rodrigues Sandra Santos

Editor Geral Percy Rodrigues

Tel. 21-99634 9736

[email protected]

SELMA SENA, natural da cidade de Três Corações – MG, mudou-se para Niterói em 1974. É cirurgiã-dentista de formação acadêmica, artista plástica e “tangueira de ley”. Em 2002, estando em pleno desenvolvimento do estudo e prática das artes plás-ticas, além do trabalho diário em seu consultório odontológico, sentiu necessidade de fazer algo mais como lazer. Foi então que optou pela dança. Como desde muito pequena ouvia seu amado pai escutando Tangos pelo rádio e presenciava sua mãe se arru-mar lindamente para “sair para dançar” (sim, seus pais dançavam), decidiu que esse seria o estilo eleito para aprender porque já gostava desde a mais tenra idade e a música lhe trazia boas recordações

Texto e fotos SELMA SENA Edição PERCY RODRIGUES

Foi, então, que lhe informaram que, na cidade do Rio de Janeiro, eram mi-nistradas aulas em Botafogo, no conhecido “Café Xangô”, pelo respeita-díssimo e capacitado professor Paulo Araujo. Então, Selma o procurou e começou a fazer aulas em grupo e privada. Naquele salão de piso quadriculado em preto e branco, que ficou marcado para sempre com carinho em sua memória, deu timidamente os primeiros passos embalada pelo divino som dessa música envolvente e apoiada pelo “abraço” seguro e intenso do seu querido mestre que, com o tempo se tornou muito mais que um amigo, um irmão: Paulo Araujo. Nesse mesmo espaço, conheceu aquele que seria seu segundo mestre, agre-gando-lhe mais conhecimentos, sabedoria e sentimento, André Carvalho, com o qual também fez, por longo tempo, aulas em grupo e privadas. Ali, então, ganhou mais um mestre, mais um amigo, mais um irmão. E, assim, seguiu sua “caminhada tanguera” com esses dois grandes mestres, agregan-do outros mais, porque sabia que “ Cada um lhe daria uma pérola, caberia a ela mesma montar o seu próprio colar”. Estando apenas no seu primeiro mês de aulas (outubro de 2002), eis que seu querido mestre Paulo Araujo organiza uma viagem para Buenos Aires, berço do Tango, e a convida. Ela então lhe diz: - “Estou no primeiro mês de aulas. Vale a pena eu ir?“ . Paulo, com sua peculiar sabedoria lhe responde: - “Vá! E depois me diga se valeu ou não”. “El tiempo no era tiempo en aquel lugar. Un solo gozo era ver las parejas bailar. Cada giro en mi cabeza fué una história. Buenos Aires con su magia se metió en mi memória”. O tempo não era tempo naquele lugar. Era uma alegria ver os casais dançando. Cada giro em minha cabeça foi uma história. Buenos Aires, com sua magia, ficou em minha memória. Ela foi...E como valeu! Sua paixão por essa dança, por esse ritmo, por essa cultura crescia a cada dia mais. Voltou por inúmeras vezes a “ cidade mágica”, fazendo aulas com mestres do tango argentino, dentre eles Jorge Firpo, Gustavo Chidichi-mo, Pedro “El Indio“, Benavente, Graciela González, e outros, frequentando milongas diariamente, vivendo sua cultura,“respirando BuenosAires”.

SELMA SENA - Tanguera e Empreendedora

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Em 2004 conhece um milonguero de "pura cepa", o argentino Tony “El Tu-cumano”, e tem com ele um relacio-namento sério. Sendo ele professor de Tango e mi-longa, começou a ministrar aulas em Niterói. Foi então que, para ajudá-lo a tornar-se conhecido e ao mesmo tempo possibilitar a vivência dessa magnífica dança e cultura para os ni-teroienses, Selma Sena começa a or-ganizar uma Milonga (baile de Tan-go) no ano de 2007. E, então, nasce a milonga RINCÓN PORTEÑO, rea-lizada, a princípio, no Espaço Papel Crepon, em Icaraí- Niterói.Um belo dia, Selma Sena tendo ou-vido falar de um restaurante recém inaugurado no subsolo do MAC – Museu de Arte Contemporânea de Niterói, uma belíssima obra do arqui-teto Oscar Niemeyer, decidiu visitar o local. Ao descer as escadarias e se deparar com o magnífico salão, de uma energia indescritível “vê” (sim, teve uma visão) um baile de Tango acontecendo ali, naquele momento. Sem entender bem o porquê e ainda torpe com tal visão, entrou no salão, sentou-se, tentando conter tal emo-ção e perguntou pela dona do local. A recepcionista foi então chamá-la. E quando ela chegou (uma menina , grávida, que depois se identificou como filha da proprietária), Selma Sena lhe propôs fazer ali um baile de Tango. Ela ficou de falar com a mãe e dar uma resposta. Pediu que vol-tasse em uma semana.Uma semana depois Selma voltou e lhe pediram para ir até o escritó-rio. No caminho havia uma moça

arrumando um arranjo de flores e lhe disse ao vê-la passar “Quer dizer então que vamos ter baile de Tango aqui!”... a resposta estava dada. Tal moça era nada mais nada menos que a dona do Bistrô MAC. E, então, começou uma grande par-ceria que perdura há quase 10 anos. Ali nascia também uma grande ami-zade, pautada em respeito, honestida-de, carinho , muito trabalho e união. A milonga RINCÓN PORTEÑO , por vontade do fiel público, foi rebatizada por ele e passou a ser conhecida como MILONGA DO MAC.O Tango então “cresceu” a olhos vistos e é cada vez mais amado pe-los niteroienses, e sempre conta com o apoio dos tangueros cariocas e de pessoas de outros estados e países. A “família tanguera” está grande e a Milonga do MAC sempre está com os braços abertos para quem quer que seja chegar e ser feliz.A “pareja de vida” entre Tony e Sel-ma terminou há alguns anos, mas a Milonga , como uma filha querida, segue , porque seu objetivo maior é divulgar essa dança, essa cultura, esse “sentimento que se baila”, e, sobretudo, fazer com que as pessoas sejam mais felizes.Nesses quase 10 anos de existência, já passaram por ali grandes nomes que abrilhantaram e fizeram daquele piso um “chão de estrelas” encantando a todos (o público também sempre é um lindo show a parte). São eles : Os internacionais :John Hernan Raigoza, Rui Saíto, Ale-jandro Berón, Sol Cerquides, Claudio Villagra, Pedro “El Indio” Benavente, Estefania “La gitana” Becker, “Los V i l l a g r a ” , dentre ou-tros...Os brasileiros André Sam-paio, Alice Vasques, He-lena Fernan-dez, Valdeci de Souza , Cristina Ra-mos, Máyra Gabriel, Már-

cio Carreiro e Companhia EsTAN-GOstoso, Vinicius Villiger , Flávia Teixeira, Os Irmãos Arlotta, Joe Ferreira, Cecília Zalazar, Laure Quiquempois, Luciano Bastos, Marcos Caires, Olívia Teixeira, Marco Salomão, Rogério Mendon-ça, dentre outros. A Milonga do MAC acontece tra-dicionalmente no quarto domingo do mês (excepcionalmente poden-do acontecer em outro dia devido a alguma grande oportunidade). Não é realizada com frequência em todos os meses. O mês de eleição é sempre anunciado com antecedência pela or-ganizadora e esperado com ansiedade pelos frequentadores porque todos tem certeza da qualidade do evento. Selma Sena também organiza wor-kshops de Tango em Niterói e no Rio de Janeiro, como já o fez para gran-des dançarinos internacionais como: John Hernan Raigoza ( Colômbia – Campeão Mundial de Tango Cenário de 2009 pelo CITA- Buenos Aires e campeão Mundial de Salsa Caleña ), Rui Saito – (Japão – Campeã de Tango Salão pelo CITA 2013- Buenos Aires)Sol Cerquides – (Argentina – bailarina da casa de Tango Esquina de Gardel e bailarina de fama internacional mo-rando atualmente e administrando au-las e shows por toda europa), Alejan-dro Beron – (Argentina- Trabalhou na empresa Argentin Tango. Atualmente trabalha por toda a Europa), Sebastian Arrúa – (Argentina – Trabalha na em-presa TANGO. Frequentou a Escuela de Danzas Nely Ramicone), dentre outros.VIDA LONGA AOS MILONGUE-ROS...deseja Selma Sena.

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Sandra [email protected]

DANIEL REZK, argentino, apaixonado pelo tango e empreendedor de milongas

Entrevista

DANIEL REZK é um empresário de Buenos Aires, um homem en-cantado pelo tango. Ele tão sim-paticamente me concedeu uma entrevista no período em que eu estive em Buenos Aires, final de abril, começo de maio de 2017. Perguntei por que do nome Gri-cel? “O Club Gricel recebeu este nome em homenagem a um belís-simo tango de Mariano Moraes e José M. Contursi.” Inspirado pela poética música, o empresário ba-tiza a sua casa de Tango. Contou que promove as milongas Dere-cho Viejo (homenagem a outro tango), há 5 anos às segundas-fei-ras e há 9 anos La Cachila (outro tango), às quintas feiras. Falou que, como tudo no começo, foi difícil, tinha que fazer muita di-vulgação, mas, hoje, as milongas já são bem conhecidas e todas as noites são sucesso de público. Quando perguntado qual o motivo para ele investir sua vida e dedi-car-se às milongas? Ele diz com seu sorriso largo, “foi porque te-nho uma personalidade amistosa e sou muito sociável, gosto de rece-ber as pessoas, os amigos se sen-tem à vontade aqui. Aqueles que frequentam desde que comecei tem suas mesas reservadas. Mas quando eles não veem até as 22 horas, disponibilizo para o públi-co em geral. Mas os amigos têm preferência.” Daniel é o primeiro

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empresário, organizador de mi-longas, a colocar um grande telão no salão para informar os dança-rinos qual a orquestra ou, o can-tor, o tango, que estão dançando. Ele disse que acha necessário as pessoas terem esse tipo de infor-mação além de ouvirem somente as músicas. Eu, particularmente ,acho genial. Ele também nos fa-lou sobre o alto investimento que teve que fazer no começo para isso, mas argumenta que: “Quem vem a minha milonga, vem a mi-nha casa e por isso penso em dar o melhor as pessoas. Procuro dar um serviço de qualidade, invisto em equipamento, seleção das mú-sicas para as tandas e um serviço de bar onde ofereço boas bebidas e comidas.” Quando perguntado sobre a frequência dos estran-geiros em suas milongas, nos diz que se diverte muito porque aparece gente de todos os lugares do mundo. Ele fala inglês, então se comunica com todos, “as ve-zes me sinto na torre de babel”. E quanto ao comportamento dos frequentadores? “Homens e mu-lheres que frequentam esta casa são cavalheiros e damas muito bem comportados socialmente, é o que faz o lugar seguro e res-peitoso. Mesmo porque os que já vieram e não se enquadraram nos moldes da casa não frequen-tam mais.” Também falou de

um assunto que é comum a todas as milongas: “Alguns tangueiros e tanguei-ras que se acham estrelas, acham que não tem que pagar a entrada. Bem, eu dou a entrada aos meus convidados e não porque são estrelas.” Os frequentadores são pessoas que, as vezes saem do tra-balho, dançam um

pouco. quando satisfeitos, voltam para suas casas. Perguntei sobre o arranjo das mesas. Ele dispõe as mesas entremeadas com damas e cavalheiros dos dois lados do salão para que seja possível o cabe-ceio. Coloca nas mesas pessoas que não se conhecem para que tenham a oportuni-dade de se conhecerem. Gostei muito de ouvir dele que “tango é um baile social onde as pessoas se divertem. Ele organiza as tandas em 4 tangos, 3 vals e 3 milon-gas. Todas tandas intercaladas com um cortina, que aliais, nesta noite em que eu estava ele tocou Caetano Veloso e Rober-to Carlos. Foi muito prazeroso estar nesta milonga e ainda mais bailar com Daniel. Caso vá a Buenos Aires, reserve seu lugar pelo contato 15-6724-7359/4803-9100. Ou pelo email:[email protected]

Tango Gricel

No debí pensar jamásen lograr tu corazóny sin embargo te busquéhasta que un día te encontréy con mis besos te aturdísin importarme que eras bue-na...Tu ilusión fue de cristal,se rompió cuando partípues nunca, nunca más vol-ví…Qué amarga fue tu pena!

No te olvides de mí,de tu Gricel,me dijiste al besarel Cristo aquely hoy que vivo enloquecidoporque no te olvidéni te acuerdas de mí...¡Gricel! ¡Gricel!

Me faltó después tu vozy el calor de tu mirary como un loco te busquépero ya nunca te encontréy en otros besos me aturdí…¡Mi vida toda fue un engaño!¿Qué será, Gricel, de mí?Se cumplió la ley de Diosporque sus culpas ya pagoquien te hizo tanto daño.

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BURACO NO SALÃO

Ontem quando cheguei ao baile. Aliás, o baile estava cheio. Gente desconhecida e velhos freqüentadores. A música ótima. Mais uma vez o DJ “arrasou”. Acho que o cara está de amor novo. Que bom gosto nas seqüências! Quase tudo muito bom. Os caçadores de aventuras tinham terreno fértil de todas as idades.Mas...

Tinha um buraco no salão. Uma lacuna na ilusão.Risos, piadas, leves pisadas, olhar, paquerada,...não apagavam a cratera exposta mostrada.Tinha um buraco no salão.

Uma dama queria outra dança, mas o cavalheiro ace-nou com não.

A noite seguia animada, desconfiada, sensual, por ve-zes safada. Pra uns o fim do baile estava próximo, pra outros a aventura nem tinha iniciado. Faltava à ação do álcool ativado.

Tinha um buraco no salão. “Me fiz” detetive. Suavemente procurei.Funcionou.

Ela, a procurada, estava ali. Será que eu fecharia o buraco do salão?

“Nos olhamos”. Ela, mais uma vez, me olhou fingin-do que não olhava. Desviou. “SE VIROU”. Paguei a conta, peguei o buraco do salão e coloquei no bolso da camisa encostado no coração.

Independente de qualquer coisa o baile estava mui-to bom. As pessoas animadíssimas. Desci a escada e fui embora. Enquanto minha audição permitiu levei a música e as risadas.

É muito chato quando se chega ao baile e a primeira coisa que se vê é que tem um

BURACO NO SALÃO

MEDO DE BRUXA

Fui ensinado, desde pequeno, a ter medo de Bruxa. Dizem coisas horrí-veis sobre elas: “Bruxas são perigo-sas . Bagunçam qualquer desavisado aparvalhado.” Ain-da mais se a encontramos num baile. Difícil identificá-las. Elas não têm es-tilo de roupa. Podem estar escondidas em qualquer uma das damas da noite. São educadas. Sabem rir, olhar, dizer sim e não, bebem com moderação, tocam com disfarçada intenção,

... Entram e saem com elegância do jogo armado. Fazem idiotas se senti-rem heróis. São inesquecíveis e ines-gotáveis. Valorizam o pouco com in-tensidade e debocham da vaidade do muito. A Bruxa, nem sempre, sabe o que quer, mas valoriza e defende o que gosta.

Quando convidada para uma dança, oferece em primeiro lugar a mão a espera que o cavaleiro saiba entrar, invadir, ocupar e conquistar/se pren-der ao território. Mesmo com esses e tantos outros perigos, cheguei ao baile,

PROCURO UMA BRUXA.

Marcondes Mesqueu

[email protected]