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4. GESTÃO DAS ÁGUAS NO MEIO URBANO

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4. GESTÃO DAS ÁGUAS NO MEIO URBANO

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A água é um recurso renovável. Mas as grandes concentrações humanas industrializadas podem poluir e exaurir córregos e rios. Por isso, a gestão adequada deste recurso é vital para a sustentabilidade, não só da cidade, mas de todos os que compartilham de uma mesma bacia hidrográfica.

A gestão das águas no meio urbano é um ponto fundamental da transição para cidades mais sustentáveis. A água é um recurso renovável, graças a um sistema no qual ela circula ininterruptamente, há pelo menos 3,8 bilhões de anos em nosso planeta. A radiação emitida pelo Sol levanta, na forma de vapor, volumes colossais de água dos oceanos, rios e lagos. Uma vez exposta à pressão atmosférica, o vapor esfria e cai em forma de chuva pela força da gravidade. E o movimento recomeça. A isso damos o nome de ciclo hidrológico, formado por seis fases: evaporação, transpiração, condensação, precipitação, infiltração, percolação e drenagem. Mas a movimentação da água na hidrosfera não ocorre na mesma proporção em todos os lugares. Depende das características climáticas, geográficas e da intervenção humana – como impermeabilização do solo, desmatamento, transposições de rios, dentre outras. A disponibilidade da água também é desigual. O Brasil é sempre apresentado como um país com fartura de água. Seus rios, lagos e aquíferos concentram mais de 11% de toda a água doce da Terra. É um privilégio para um território que abriga menos de 3% da população mundial. Porém, na verdade, o Brasil é um mosaico de regiões de escassez e abundância: os rios de maior vazão estão na região Norte, onde há menor concentração populacional, e os rios das regiões Sul e Sudeste, onde está a maior parcela da população, não são tão caudalosos. Além disso, eles apresentam trechos degradados e de águas poluídas. No Brasil da abundância, a água é um artigo de luxo para habitantes de muitas cidades e regiões metropolitanas, como Campinas e o Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo.

O homem sempre dependeu e necessitou da água para todas as suas atividades. Mas, a partir do século XIX, o consumo de água aumentou substancialmente. A indústria e a agropecuária intensiva se tornaram importantes consumidores e a urbanização exauriu vários cursos d’água.

O Brasil é rico em recursos hídricos, mas a poluição pode comprometer a disponibilidade de água e a sustenta-bilidade urbana.

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CADERNO DO PROFESSOR62 XXV PRÊMIO JOVEM CIENTISTA

O mapa abaixo apresenta o estresse hídrico global e as projeções de escassez para 2025, com o aumento da população global.

Estresse hídrico – Situação em 1995 e projeção para 2025

Situação em 1995 Projeção para 2025

Porcentual de água consumida em relação ao total de água disponívelMais de 40% De 40% a 20% De 20% a 10% Menos de 10%

Fonte: http://maps.grida.no/go/graphic/increased-global-water-stress#metainfo

O homem sempre buscou os rios como ponto estratégico para organizar suas cidades. Mas, no passado, populações pouco numerosas produziam resíduos em pouca quantidade que, lançados nos rios, logo eram diluídos ou levados pelas águas. A autodepuração dava conta deles. Nos bairros e nas cidades mais antigos ainda há fontes ao redor das quais eram criados praças, chafarizes, parques e áreas de lazer. Com o tempo, essa relação se modificou.

Com a migração do campo para as cidades e com a industrialização, aumentaram as demandas e as descargas de resíduos e poluentes. A autodepuração já não era suficiente. Os rios e os córregos começaram a ser vistos como um problema dentro das cidades, como canais de transmissão de doenças. As águas urbanas viraram depósitos de dejetos líquidos e sólidos, comprometendo a saúde da população.

As obras e serviços de coleta e tratamento de resíduos, esgotos domésticos e industriais não acompanharam as descargas. Pior, devido à pavimentação das ruas e à concentração de construções, o espaço urbano se impermeabilizou, potencializando as enxurradas, as enchentes e o assoreamento dos rios.

Iniciou-se então um processo incentivado pelo poder público e apoiado pela população de canalizar os cursos d’água e aterrar as nascentes e as várzeas a fim de

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63CAPÍTULO 4 GESTÃO DAS ÁGUAS NO MEIO URBANO

“evitar problemas”. Em muitas cidades, sobre os aterros foram construídas avenidas – chamadas de marginais – para dar acesso a grandes construções ou, nos locais de menor valorização imobiliária, a favelas e loteamentos irregulares. A reversão desse quadro é urgente, pois a situação atual dos cursos d’água urbanos acarreta tragédias e calamidades públicas, com a ocorrência de enchentes e secas. Um estudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) sobre vítimas de deslizamentos indica 1.606 mortes entre os de anos 1998 e 2006. Contudo, esse número cresceu bastante com os desastres ocorridos em Santa Catarina e no Piauí, em 2009; no Rio de Janeiro, em Alagoas e em Pernambuco, em 2010; e na região serrana fluminense, em 2011. Somente neste último evento foram registrados mais de 1000 óbitos.

É comum o lançamento de esgotos sem tratamento algum e a deposição de grandes volumes de entulho e lixo nos rios, arroios e igarapés. Isso não só compromete a qualidade das águas como chega a interferir em seu fluxo.

A gestão das águas no espaço urbano, portanto, deve voltar a valorizar os recursos hídricos vitais, incentivando políticas públicas que reequilibrem e tornem sustentável a relação da população com os cursos d’água e as chuvas. E isso significa promover mudanças de comportamento e valorizar o manejo adequado e integrado dos diversos tipos de resíduos e das águas, não só no trecho urbano, mas também rio abaixo e rio acima.

As construções irregulares às margens dos rios roubam o espaço natural de acomo-dação das cheias e oferecem alto risco à população.

EM RESUMO

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU, de 2006, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso adequado e a um preço aceitável à água potável. Perto de 2,5 bilhões não dispõem de qualquer tipo de saneamento. São 8 milhões de mortos por ano por doenças de veiculação hídrica, dos quais 50% são crianças.

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Controle do despejo de resíduos em mananciais de água doceEm 2000, os representantes de 191 países fixaram oito metas para 2015 – conhecidas como Metas do Milênio – com o objetivo de reduzir a pobreza e a fome, promover a igualdade entre os sexos, erradicar diversas doenças e promover o desenvolvimento sustentável. Uma delas é reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável e sem esgoto sanitário adequado. Em termos mundiais, no entanto, poderá haver aumento – e não decréscimo – do número de pessoas sujeitas à falta de água para beber e sem acesso ao saneamento básico. Já no Brasil, talvez a meta do acesso à água seja cumprida, mas não a de tratamento dos esgotos.

Outro fato importante é que as estações de tratamento de água e de esgotos são projetadas para lidar com a contaminação microbiana e com excesso de nutrientes. Mas atualmente há uma grande variedade de substâncias químicas solúveis que chegam à água bruta, além daquelas que se fixam nos sedimentos – como os metais pesados zinco, cádmio, mercúrio, chumbo e outros –, sem que sejam retiradas pelas estações de tratamento (de água ou de esgotos). Pesquisas recentes indicam o alto risco para todos os seres vivos (incluindo humanos) dos compostos que interferem no ciclo hormonal, chamados disruptores endócrinos. No Brasil, tais poluentes são especialmente perigosos, pois grande parte dos esgotos vai in natura para o meio hídrico, e essas águas são utilizadas para abastecer populações à jusante (ALMEIDA, 2005; GUISELLI, 2006 e SODRE et al, 2007).

Depois do lixo e esgoto domésticos, a poluição difusa é o maior problema de resíduos a ser solucionado nos centros urbanos. Há muita dificuldade de controle

O despejo de esgotos não tra-tados ou apenas com tratamento

primário nos rios é uma

das principais causas de

disseminação de doenças

de veiculação hídrica.

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dos contaminantes, como poeira e desgaste de pneus, lixo lançado na via pública (como embalagens e bitucas de cigarro), uso de agrotóxicos em paisagismo, lançamento de dejetos de todo tipo no sistema de águas pluviais (também chamado de drenagem, pelo qual escoam as águas de chuva ou de rua, por gravidade). Este sistema é feito para receber apenas água, mas muitas vezes são transformados em canais de despejo de produtos de limpeza doméstica a tintas, solventes e restos de produtos diversos. Em área de mananciais, o cuidado que os moradores e os órgãos de fiscalização devem tomar é muito maior.

Algumas medidas simples podem ser adotadas para proteger os corpos d’água desse tipo de poluição. Porém, esses males devem ser combatidos na fonte, ou seja, deve haver redução na produção e despejo de lixo e resíduos, aliada à coleta diária de lixo em toda a cidade; coleta seletiva; manutenção periódica de equipamentos e materiais para evitar vazamentos e acidentes; varrição de ruas para minimizar o entupimento de bocas de lobo, instalação de cestos de lixo; poços de absorção com depressão para retenção da poluição difusa; escadarias hidráulicas com retenção de poluentes; e educação ambiental para alertar a população sobre sua contribuição na conservação dos recursos naturais e do meio ambiente urbano.

A gestão das águas está pautada na integração entre os sistemas de drenagem, abastecimento de águas, esgotamento sanitário, limpeza urbana, gestão de resíduos, uso do solo e legislação ambiental. Quando existe uma articulação entre as políticas e os programas desenvolvidos é possível gerenciar o uso das águas nos espaços urbanos; utilizar técnicas adequadas na proteção dos mananciais de água; promover programas de educação e conscientização para a preservação e o uso racional das águas, além de incentivos e fiscalização.

Alguns casos brasileiros são considerados exemplares em nível mundial, justamente por terem superado barreiras e adotado boas práticas de gestão. Em Porto Alegre (RS), o serviço de abastecimento de água e coleta de esgotos foi reformado com eficiência e

No Brasil, uma das Metas do Mi-lênio talvez seja cumprida até 2015: a de redu-zir pela metade a parcela da população sem acesso à água potável.

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CADERNO DO PROFESSOR66 XXV PRÊMIO JOVEM CIENTISTA

transparência, tendo diminuído a inadimplência dos usuários e aumentado a receita da empresa pública por meio da cobrança de preços justos e de uma gestão com autonomia política e financeira. Também foi notável o investimento em redução de perdas. Em Brasilía (DF), o destaque é para o sistema condominial de atendimento a bairros periféricos e de baixa renda. Com participação das comunidades envolvidas, foi possível atender a quarteirões ou grupos de residências em lugar de domicílios individuais. O serviço considera a melhor alternativa para a topografia local e as condições de escoamento, reduzindo muito a extensão das tubulações.

Exceções à parte, quando analisamos o saneamento básico no Brasil observamos que não ocorre a integração de todos os serviços. A distribuição de água é quase universal, porém ainda temos grande deficiência na coleta de esgotos e no manejo de águas pluviais. É importante ressaltar, ainda, que os dados de acesso providos aqui referem-se apenas à existência do serviço em cada região, sem considerar a extensão das redes, o número de domicílios atendidos ou a qualidade do serviço.

Municípios brasileiros com rede de água e serviços de saneamento básico – 2008

GRANDES REGIÕES

MUNICÍPIOS

Total

Com algum serviço de saneamento básico

Tipo de serviço

Rede geral de distribuição

de água

Rede coletora

de esgoto

Manejo de resíduos

sólidos

Manejo de águas pluviais

Brasil 5.564 5.531 3.069 5.562 5.256

Norte 449 442 60 449 403

Nordeste 1.793 1.772 819 1.792 1.615

Sudeste 1.668 1.668 1.586 1.667 1.643

Sul 1.188 1.185 472 1.188 1.172

Centro-Oeste 466 464 132 466 423

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Nota: O município pode apresentar mais de um tipo de serviço de saneamento básico.

Em alguns estados, a situação é especialmente preocupante. Até o fim de 2009, o Amapá apresentava o menor porcentual de domicílios com ligação à rede geral de

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esgotos (que transporta os dejetos para estações de tratamento, impedindo que sejam despejados in natura em rios e córregos), com apenas 1,3% de residências com acesso à rede ou com fossas sépticas conectadas a um desaguadouro geral. No Piauí e no Pará, a situação é similar.

Doenças relacionadas com a águaA ausência de um sistema abrangente de coleta e tratamento de esgotos resulta em corpos d´água poluídos, que se tornam fontes de doenças para a população. Os principais agentes causadores das doenças veiculadas pela água são os protozoários (amebíase e giardíase), as bactérias (leptospirose, cólera, febres tifóide e paratifóide) e os vírus (hepatite infecciosa). Outras são transmitidas diretamente por organismos vetores ou indiretamente pelos hospedeiros que se desenvolvem na água e carregam os agentes patogênicos (como a esquistossomose, causada pelo verme Schistosoma mansoni, que se aloja no corpo do hospedeiro intermediário, o caramujo do gênero Biomphalaria; a malária, causada pelo protozoário do gênero Plasmodium, que é transmitido pela picada do vetor, o mosquito do gênero Anopheles; e a dengue, causada pelo vírus que é transmitido pela picada do vetor, o mosquito do gênero Aedes).

Para evitar tais problemas, a água destinada ao consumo deve ser sempre convenientemente tratada. Além disso, deve-se evitar qualquer contato com focos de água poluída. É preciso tomar alguns cuidados com a água ao usá-la, como lavar a caixa d’agua a cada seis meses e evitar usar água de córregos. Mas, se tiver que usá-la, deve-se fervê-la e/ou colocá-la em um filtro antes de beber. Os cuidados com a higiene pessoal e com a limpeza da casa também são fundamentais para reduzir o risco doenças transmitidas pela água, como evitar o acúmulo de água parada em vasos, garrafas, pneus ou outros recipientes propícios à proliferação de vetores de doenças.

Lavar e desinfetar caixas d’água, a cada seis meses, é uma das medi-das eficientes de controle de doen-ças de veiculação hídrica.

EM RESUMO

Mais de 80% dos esgotos no Brasil são lançados sem tratamento em rios, lagos e no mar, e 60 milhões de brasileiros não têm acesso ao saneamento básico. Cerca de 3,4 milhões de residências não têm água encanada, o que atinge 15 milhões de brasileiros. Um terço dos municípios com menos de 20 mil habitantes não tem água tratada.

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CADERNO DO PROFESSOR68 XXV PRÊMIO JOVEM CIENTISTA

Bacia hidrográfica como unidade territorial estratégica Tudo e todos estamos em uma bacia hidrográfica. Antes de estar em uma cidade, um município, um estado, um país – que são unidades territoriais administrativas criadas pela sociedade moderna – qualquer pessoa está sempre em um local pertencente a uma bacia hidrográfica.

Bacia hidrográfica é uma área limitada por pontos mais altos do relevo, os chamados divisores de águas, que podem ser morros, serras ou montanhas. A área montanhosa da bacia faz dela um grande vale, e assim, pela gravidade, a água chega ao ponto mais baixo, onde está o rio principal, responsável por seu escoamento, ou lago. Olhando de cima, a bacia hidrográfica de um rio se assemelha a uma folha, sendo que o eixo central da folha é análogo ao rio principal, e as nervuras, seus afluentes, isto é, rios ou córregos menores que correm para o rio principal.

Ao projetar sistemas de abastecimento e distribuição de água, de coleta, afastamento e tratamento dos esgotos, e de drenagem nos ambientes urbanos, sempre se considera a bacia hidrográfica e suas sucessivas subdivisões, as sub-bacias e as microbacias. A bacia hidrográfica possibilita uma visão abrangente e integrada dos problemas, atores, soluções e das escalas local e regional.

Mas, para que a gestão das bacias hidrográficas aconteça, o primeiro aspecto a ser definido é de quem é a água? A Lei das Águas (Lei nº 9.433, de 1997) responde, em seu primeiro fundamento: a água é um bem de domínio público. Ora, assim, todos somos responsáveis pelo uso sustentável deste recurso limitado. E devemos aliar todos os usos de forma a evitar causar danos irreversíveis para o ecossistema ou para as populações que habitem na área da bacia hidrográfica.

Se a água é um bem de domínio público, todas as pessoas que moram na área de uma bacia hidrográfica também devem ser consultadas sobre cada ação que impacte a quantidade e a qualidade da água. Assim, a Lei das Águas propõe um processo inovador para a construção do planejamento hídrico e para execução das tarefas de gestão das águas, incluindo a participação de representantes dos principais interessados na gestão das águas em uma bacia hidrográfica.Tais tarefas, que antes estavam restritas aos órgãos gestores tradicionais e às agências de controle ambiental, passam a ser responsabilidade compartilhada. E o fórum para esses debates participativos se dá no chamado Comitê de Bacia Hidrográfica. Dentre as atribuições do comitê estão:

promover o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos e articular a atuação de entidades;

Vista de cima, uma bacia

hidrográfica se assemelha a uma

folha, com seu eixo central no lu-

gar do rio princi-pal e as nervuras fazendo as vezes

de nascentes e afluentes.

rio principal

afluentes

nascentes

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arbitrar os conflitos relacionados aos recursos hídricos;

aprovar e acompanhar a execução de ações previstas no âmbito da bacia hidrográfica.

Dentro da cidade é preciso identificar a rede hídrica e sua área de drenagem, delimitando-se as microbacias. Somente desta forma poderemos entender a condição da água na área onde vivemos e fazer sua gestão.

Quando há vegetação nas margens, o rio recebe águas mais limpas, parte das chuvas penetra no solo e há espaço para as cheias naturais (no alto).Numa cidade impermeabiliza-da, o leito do rio fica assoreado, o escorrimento superficial das chuvas é maior e não há espaço para as cheias, que se tornam enchentes.

GEOMETRIA DO ESCOAMENTO

Limite mínimoLimite da áreade inundação

Limite da áreade inundação

Limite mínimo

EM RESUMO

A bacia hidrográfica deve sempre ser considerada quando se projetam sistemas de abastecimento e distribuição de água, de coleta e tratamento dos esgotos, e de drenagem nos ambientes urbanos. De acordo com a Lei de Águas, no Brasil a gestão da bacia hidrográfica deve ser discutida em Comitês de Bacia, com a participação dos usuários.

O desenvolvimento de planos de ação por microbacia é uma das formas mais participativas e adequadas de fazer políticas de recuperação da qualidade ambiental. Essa abordagem supera a visão higienista dos séculos passados, cuja solução principal era o afastamento da água, com a canalização dos córregos e o aterramento de nascentes. Hoje, em todos os continentes, novas visões para o tratamento da água no meio urbano visam ao seu manejo sustentável. Os projetos contemporâneos procuram reter e armazenar as águas da chuva, para retardar as inundações sazonais (picos de vazão) e promover a infiltração da água no solo. Tanto em países ricos como em emergentes, multiplicam-se as obras de descanalização de córregos, com a finalidade de “renaturalizar” o espaço urbano.

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CADERNO DO PROFESSOR70 XXV PRÊMIO JOVEM CIENTISTA

Preservação de rios e matas ciliaresEm volta do canal dos rios existe uma vegetação natural chamada “ciliar”, “ribeirinha” ou “ripária”. Nessa vegetação estão incluídas as plantas terrestres e as plantas aquáticas. A vegetação ciliar está intimamente ligada ao rio, funcionando como uma barreira de proteção de suas margens. A mata ciliar protege o solo e o relevo; favorece o manejo da água dentro da bacia hidrográfica; evita o assoreamento do canal; reduz a chegada de produtos químicos provenientes da lavoura ou das atividades urbanas; além de manter a fauna (aves, peixes, pequenos mamíferos), com o fornecimento de alimentos e sombra. Para os pequenos cursos de água, as copas das árvores atuam na estabilidade térmica do ambiente, reduzindo a temperatura da água e ajudando a preservar seu ecossistema natural.

O Código Florestal (Lei nº 4.771/65, modificado por uma série de Medidas Provisórias e pela Lei nº 7.803/89) considera área de preservação permanente (APP) as matas e demais formas de vegetação natural localizadas ao longo de rios e nascentes, em faixa marginal com largura mínima de 30 metros e máxima de 500 metros (de acordo com a largura do rio), como mostra a figura a seguir.

Diferentes tipos de corpos hídricos, e delimitação das APPs, com restrições à ocupação

Nascenteraio 50m

Mata Ciliar30m Mata Ciliar

50m Mata Ciliar100m

Mata Ciliar200m

50m

Lagoa natural

Largura do riomenor que 10m

10-50m

50-200m200-600m

Acima de 600m

Mata Ciliar500m

Especialistas em recursos hídricos apontam que a versão atual do Código Florestal Brasileiro apresenta uma visão simplificadora da questão, ao tratar uniformemente os fundos de vale, que são, na verdade, tão diferentes conforme os biomas, assim como quanto ao grau de integração com as atividades humanas, especialmente nas cidades. Eles defendem que os fundos de vale urbanos precisam ser devidamente

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71CAPÍTULO 4 GESTÃO DAS ÁGUAS NO MEIO URBANO

estudados para a elaboração de projetos de intervenção que tragam maior equilíbrio entre a recuperação e conservação ambiental e a funcionalidade urbana.

Vale observar que o Código Florestal se encontra em discussão no Congresso Nacional e pode ter nova redação ainda em 2011. Embora possa sofrer modificações, o texto-base para mudanças é o proposto pelo deputado Aldo Rebelo. Você pode acompanhar as últimas notícias pelo http://www.mma.gov.br

Aumento da permeabilidade e infiltração das águas pluviais no espaço urbanoUrbanistas e gestores buscam soluções para amenizar os extremos sazonais derivados da impermeabilização do solo urbano e de redes de esgotos incompletas. Na estação das chuvas, toda a água escoa rapidamente para os fundos de vale, provocando enxurradas, erosão e inundações. Não há infiltração nem recarga das reservas de água do solo e do subsolo. Na estação seca, a falta de reservas agrava os efeitos da estiagem; a vazão dos rios e córregos diminui além dos registros históricos e concentra apenas águas servidas e esgotos. Diminui a disponibilidade de oxigênio e ocorrem as mortandades de toda a vida aquática porventura existente.

Balanço hídrico em uma bacia urbana

Interceptaçãovegetal

Escoamentosubterrâneo

Escoamentosubsuperficial

Escoamentosuperficial

EvapotranspiraçãoEvaporação

Escoamentosubsuperficial

Escoamentosubterrâneo

Escoamentosuperficial

Escoamento subsuperficial

Escoamento subterrâneo

Escoamentosuperficial

Evapotranspiração

ÁREA COM VEGETAÇÃO CIDADE IMPERMEABILIZADA CIDADE SUSTENTÁVEL

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CADERNO DO PROFESSOR72 XXV PRÊMIO JOVEM CIENTISTA

Na abordagem por microbacias mencionada anteriormente, vizinhos aprendem a trabalhar em rede, buscando soluções conjuntas para otimizar o fluxo das águas, na superfície e por dentro do solo. A visão integrada ajuda, por exemplo, na construção de jardins, quintais e calçadas permeáveis em série e, portanto, mais eficientes na redução do escoamento superficial das águas pluviais. A este alinhamento de iniciativas individuais podem se somar medidas governamentais, como a construção de um tanque de retenção de água (piscinão) ou a arborização de áreas públicas (pois as plantas retêm a umidade, depois liberada por evapotranspiração).

População e poder público também fazem muito mais e melhor se atuarem de forma integrada no afastamento de esgotos. Nas cidades brasileiras, 80,5% dos moradores contam com saneamento básico, porém, é comum a conexão irregular dos sistemas de escoamento de águas pluviais nas redes de esgotos, por comodidade e economia (mesmo em bairros de alto poder aquisitivo). Na estação chuvosa, a soma das águas pluviais aos esgotos sobrecarrega de tal forma todo o sistema que chega a levantar tampas de bueiros e a estourar canais de coleta originalmente projetados para funcionar apenas com baixa pressão e por gravidade. Nas estações de tratamento não há como armazenar ou tratar tamanho volume. E a alternativa acaba sendo desviar tudo para os rios, sem tratamento.

É necessário aumentar as redes de afastamento e coleta de esgotos e ampliar a capacidade e o número de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), em especial nas regiões Centro-Oeste e Norte. Mas é fundamental, também, contar com os cidadãos para garantir o bom funcionamento de toda a infraestrutura que os atende, assegurar a salubridade do espaço urbano e ainda viabilizar o retorno da biodiversidade aquática nos cursos d’água.

Além disso, tendo liberado as águas dos esgotos, poluentes e lixo, resgata-se o valor paisagístico das faixas próximas aos rios, córregos e lagos, propícias ao lazer, descanso e esportes. Nem sempre uma faixa de vegetação fechada é funcional e adequada no espaço urbano. O uso do solo e o tratamento do curso d’água e de suas margens dependem de cada microbacia, de cada local, de cada projeto e sua finalidade: habitação, áreas verdes públicas, equipamentos sociais. É preciso superar a visão de que o melhor uso para os fundos de vale são as avenidas marginais e recuperar a capacidade de convívio com a rede hidrográfica, reconhecendo seus valores funcionais, sanitários, sociais e ambientais de forma integrada no meio urbano.

A drenagem urbana sustentável parte do pressuposto de que é preciso planejar e gerir a cidade (obras públicas e privadas) de forma integrada, em lugar de recorrer à canalização e retificação dos córregos – como se fazia no passado. Nascentes e cursos d’água devem ficar expostos e as áreas permeáveis devem ser ampliadas em todo o espaço urbano, de forma que durante as chuvas seja feita a recarga do subsolo, e a água e a vida retornem aos rios durante o período mais seco.

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73CAPÍTULO 4 GESTÃO DAS ÁGUAS NO MEIO URBANO

A necessária permeabilidade das cidades pode ser obtida com:

contenção temporária das águas pluviais em diferentes escalas – de piscinões a poços nos lotes;

manutenção de áreas verdes e permeáveis – praças, quintais, canteiros de avenidas-públicas ou privadas;

controle das fontes de poluição, inclusive as difusas;

exigência de contenção dos impactos de cada empreendimento dentro de seus limites, para evitar sobrecarga indevida das redes públicas;

disseminação de telhados verdes, reúso das águas de chuva e das servidas, retenção e infiltração nos lotes e nas construções por iniciativa pública ou privada (exigências);

alternativas à construção de avenidas nos fundos de vale e à canalização de córregos;

instalação, nos fundos de vales urbanos, de equipamentos compatíveis com áreas de preservação e parques urbanos, que possam ser inundados periodicamente;

descanalização e renaturalização de fundos de vales urbanos e periurbanos;

planejamento de canaletas gramadas ou ajardinadas para funcionar como pequenos canais de escoamento pluvial desacelerado, com infiltração durante o percurso;

adoção de pavimentos porosos em passeios, estacionamentos, quadras esportivas e ruas de pouco tráfego.

Os ganhos com essas ações são consideráveis. Os picos de enchente são reduzidos, pois quando chove a água demora mais para chegar aos fundos de vale, córregos e rios urbanos; e fica mais fácil fazer a limpeza periódica (do lixo e partículas de assoreamento) do sistema de drenagem – áreas de infiltração, bocas de lobo, lagos, piscinões, córregos e rios – quando são mantidos abertos, visíveis.

EM RESUMO

Não ligar o esgoto da residência à rede de águas pluviais; deixar de jogar produtos químicos nas ruas ou nas bocas de lobo e controlar vazamentos de combustíveis em postos de abastecimento são medidas para evitar a contaminação de águas pluviais. Além disso, é preciso tornar as cidades mais permeáveis e proteger rios com matas ciliares, de modo a melhorar a qualidade da água urbana.

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CADERNO DO PROFESSOR74 XXV PRÊMIO JOVEM CIENTISTA

Uso racional e reúso de águaA urbanização aumenta os pontos críticos no fornecimento de água em muitas metrópoles e nos centros industriais. A água limpa, potável, tratada, livre de contaminantes, já se transforma num bem cada vez mais caro e escasso. Assim, a racionalização do uso da água - com a redução de perdas, a diminuição de volumes de efluentes, e o reúso da água - deve ser incorporada no comportamento cotidiano dos moradores das cidades. Nessa transição da fartura para a escassez, a mudança de hábitos será tão vital quanto a adoção de dispositivos que economizem água ou a instalação de estruturas de coleta e estocagem da água de chuva, ou ainda a concepção de projetos de arquitetura e engenharia inteligentes.

Um grave problema no Brasil, por exemplo, é a grande perda de água na rede, da ordem de 40%, causada pela falta de manutenção das tubulações e pela prática criminosa de roubo de água (os chamados “gatos”). Isto gera desperdício e compromete a qualidade da água que chega ao consumidor. Além disso, com o aumento do consumo, novas fontes de água devem ser utilizadas, aumentando os impactos ambientais e os custos para o consumidor que paga suas contas.

O investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ajuda a evitar desperdícios e a incentivar o uso racional e reúso de água. Observe no quadro abaixo a comparação entre produtos convencionais e alguns produtos economizadores de água:

Equipamento Convencional

ConsumoEquipamento Economizador

Consumo Economia

Bacia com caixa acoplada 12 litros/descarga Bacia VDR 6 litros/descarga 50%

Ducha (água quente/fria)15 a 20 mca

0,34 litros/segRestritor de vazão

8 litros/min0,13 litros/seg 62%

Torneira de pia- 15 a 20 mca

0,42 litros/segArejador vazão cte

(6 litros/min)0,10 litros/seg 76%

Torneira uso geral/tanque 15 a 20 mca

0,42 litros/seg Restritor de vazão 0,10 litros/seg 76%

Torneira de jardim40 a 50 mca

0,66 litros/segRegulador de

vazão*0,33 litros/seg 50%

Mictório 2 litros/uso Válvula automática 1 litro/seg 50%

* O regulador de vazão permite ao usuário controlar o fluxo da água de acordo com sua necessidade.Fonte: Relatório Mensal 3 Projeto de Pesquisa Escola Politécnica /USP/SABESP - Junho/96 e informações técnicas da Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas).

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75CAPÍTULO 4 GESTÃO DAS ÁGUAS NO MEIO URBANO

Além dos equipamentos e produtos desenvolvidos para reduzir desperdícios, o reúso da água também contribui para economizar na captação e, muitas vezes, nas despesas com o tratamento. Entre as diversas alternativas de aproveitamento da água de reuso, destacam-se:

irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de autoestradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais.

irrigação de campos de cultivo: plantio de forrageiras, plantas de fibras e de grãos, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.

usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento.

recarga de aquíferos: recarga de aquíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de recalques de subsolo.

usos urbanos não potáveis: combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus.

finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca.

usos diversos: aquicultura, construções, controle de poeira, dessedentação de animais.

As medidas de conservação, uso racional e reúso das águas podem criar diferentes oportunidades de redução de desperdícios, melhorando muito o aproveitamento da mesma água ininterruptamente reciclada através dos ciclos hidrológicos. Mesmo se a escala desses ciclos é planetária e seu “motor” é a natureza, cabe ao homem urbano a tarefa de não atrapalhar. Isso quer dizer, em outras palavras, criar, adequar e integrar técnicas, tecnologias e atividades que não interrompam os ciclos hidrológicos, nem contaminem as águas. Só assim podemos garantir recursos hídricos em qualidade e quantidade suficientes, não só para as cidades, como para todos os ecossistemas banhados pelos cursos d’água.

CONSULTE O KIT PEDAGÓGICO

ESTE CAPÍTULO SE COMPLEMENTA COM O ROTEIRO DE TRABALHO 3 E AS FICHAS 2, 8 E 9.

+ PARA SABER MAIS

• Caminho das Águas – Sugestões de atividades temáticas – Parceria Agência Nacional de Águas e Fundação Roberto Marinho – http://www.caminhoaguas.org.br/• Multicurso Água Boa – Programa de formação continuada – Parceria Itaipu Binacional e Fundação Roberto Marinho: http://www.multicursoaguaboa.org.br/• Materiais didáticos: http://www.multicursoaguaboa.org.br/index.php/materiais-didaticos• Uso racional da água – Site com informações úteis – Sabesp: http://www.sabesp.com.br/CalandraWeb/CalandraRedirect/?temp=3&proj=sabesp&pub=T&nome=Uso_Racional_Agua_Generico&db=