3ºfase_modernista_ou_pos-modernismo

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Modernismo no Brasil Terceira Fase

Prof.:Mercedes Corra Sampaio Goulart

AutoresA terceira fase do modernismo brasileiro conhecida como a fase de reflexo e da universalidade temtica. Veja os principais representantes dessa 3 fase do modernismo:

3 Fase (1945 em diante) REFLEXO Guimares Rosa Clarice Lispector Joo Cabral de Melo Neto

Destacam-se nesse perodo: Guimares Rosa, Clarice Lispector, na prosa e Joo Cabral de Melo Neto, na poesia. A partir das novas contribuies da Lingustica, da atrao pelo mstico e do introspectivo os autores dessa gerao 45 instauraram novos caminhos na Literatura Brasileira. Nessa fase, o texto literrio deixa de ser apenas a representao da realidade e adquiri um valor em si mesmo.

Veja a imagem do primeiro e grande representante da terceira gerao modernista:

Guimares Rosa foi um grande estudioso, principalmente de lnguas. Alguns estudiosos de sua obra afirmam que ele aprendeu sozinho o russo e o alemo. Essa paixo por lnguas se reflete em quase todos os seus textos. Ele faleceu trs dias depois de ter tomado posse na Academia Brasileira de Letras.

Veja as principais caractersticas de sua obra:* REGIONALISMO *UNIVERSALISMO * CRIAO Lingustica

Assim como outros autores, Guimares utiliza a relao do homem com a paisagem rida do serto mineiro como matria prima de seus textos. Entretanto seu regionalismo apresenta um novo significado extrapola os limites da realidade brasileira, atingindo o plano universal. Como dizia o prprio autor, o serto o mundo. Tanto que podemos interpret-lo de vrias maneiras: como realidade geogrfica, social, poltica e at mesmo numa dimenso metafsica.

Outra caracterstica fundamental de Guimares Rosa o seu poder inovador, sua habilidade em trabalhar e inventar palavras. Seus textos so repletos de neologismos (neo= novo, logismo vem de logos que significa palavra), ou seja, neologismos so palavras novas. Dizem que Guimares sempre andava com um caderninho no bolso anotando palavras e expresses caractersticas do falar do povo brasileiro e a partir delas criava outras tantas. Veja alguns exemplos de seus famosos neologismos: desafogaru cigarrando justinhamente ssezinho ossoso retrovo agarrante bisbrisa desfalar Outra caracterstica o seu poder de fuso dos gneros literrios. Guimares Rosa no ficou preso a um nico gnero. Segundo a crtica Literria, ele e Clarice Lispector conseguiram desromancizar o romance, aproximando-o da poesia.

Veja o que o prprio autor diz sobre a sua obra: No, no sou romancista; sou um contista de contos crticos. Meus romances e ciclos de romances so na realidade contos nos quais se unem a fico potica e a realidade. Sei que da pode facilmente nascer um filho ilegtimo, mas justamente o autor deve ter um aparelho de controle: sua cabea. Escrevo, e creio que este o meu aparelho de controle: o idioma portugus, tal como usamos no Brasil; entretanto, no fundo, enquanto vou escrevendo, extraio de muitos outros idiomas. Disso resultam meus livros, escritos em um idioma prprio, meu, e pode-se deduzir da que no me submeto tirania da gramtica e dos dicionrios dos outros. A gramtica e a chamada filologia, cincia lingustica, foram inventadas pelos inimigos da poesia. Guimares Rosa

Veja a capa de Sagarana, seu primeiro livro:

Sagarana um livro composto por nove contos escritos moda das fbulas. Note que o prprio ttulo do livro tambm um neologismo criado pelo autor. A palavra saga, de origem germnica, significa um canto heroico, uma lenda, e rana, de origem indgena, significa maneira de, espcie de.

Veja o ndice de Primeiras Estrias, outro importante livro desse autor:

Esse ndice ilustrativo, feito por Lus Jardim, foi ideia do prprio Guimares. Cada sequencia de desenho sintetiza o enredo das 21 estrias que formam o livro. Essas estrias foram retiradas de fatos corriqueiros, de situaes fantsticas ou engraadas, numa aproximao com as estrias narradas pelos contadores de causos muito comuns no serto mineiro.

Entre os principais contos de Primeiras Estrias, destacamse: A terceira margem do rio, O espelho e A menina de l. Mas somente a partir de 1956, ano de publicao da sua obra- prima, que o autor alcana a notoriedade.

Veja a capa de Grande Serto: Veredas:

Grande Serto: Veredas foi traduzido para muitas lnguas, sendo muito vendido em vrios pases. E considerado a expresso mxima do regionalismo universalista de Literatura Brasileira.

O romance Grande Serto: Veredas construdo a partir da narrativa de Riobaldo, um ex-jaguno, que questiona a existncia do diabo. O narrador conta a histria de sua vida, marcada por vinganas, disputas e mortes. O espao fsico o serto. Entre as personagens destacam-se o prprio Riobaldo e o valente Diadorin. Depois de muitas idas e vindas, no final da histria Riobaldo descobre que na realidade Diadorin, por quem sempre nutriu um forte sentimento, era uma mulher.

Clarice Lispector aprofunda-se num caminho j percorrido por outros autores no incio do movimento modernista, a literatura de carter introspectivo e intimista. Clarice sempre foi muito mstica e supersticiosa, tanto que em 1976, representou o Brasil num Congresso de Bruxaria, na Colmbia.

Clarice Lispector dedicou-se prosa de sondagem psicolgica, anlise das angstias e crises existenciais, ou seja, dedicou se anlise do mundo interior de suas personagens. Clarice rompeu com a linearidade da estrutura do romance, seus textos baseiamse no fluxo de conscincia (na expresso direta dos estados mentais), na memria. Tempo, espao, comeo, meio e fim deixaram de ser importantes. Segundo a prpria autora o importante a repercusso do fato no indivduo e no o fato em si. Outra caracterstica de Clarice Lispector o frequente uso do monlogo interior, tcnica em que o narrador conversa consigo mesmo, como se estivesse divagando. Entre seus livros mais conhecidos esto: Perto do Corao Selvagem, Laos de Famlia e A Hora da Estrela, ltimo livro publicado em vida.

Veja a imagem de Joo Cabral de Melo Neto, outra importante figura dessa gerao:

Embora frequentemente estudado como um poeta da gerao de 45, Joo Cabral de Melo Neto apresenta caractersticas bem diversas dos escritores dessa fase. Guiado pelo raciocnio lgico, voltou-se para a concretude, para a anlise objetiva da realidade.

Joo Cabral de Melo apresentava uma grande preocupao com a construo formal de seus textos, procurando eliminar tudo o que fosse suprfluo. Caracterizou-se pela linguagem direta e precisa, contrria ao subjetivismo. Para ele os poemas no eram fruto de inspirao, mas de construo. Da ser conhecido como o engenheiro das palavras. Joo Cabral de Melo Neto conquistou notoriedade internacional graas ao longo poema Morte e Vida Severina um auto de natal pernambucano, que em 1969, foi encenado por um grupo de jovens atores do TUCA, Teatro da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. Morte e Vida Severina narra a histria de um retirante pernambucano que deixa sua terra castiga pela seca e parte em busca de uma vida melhor, mas ao longo de suas andanas s encontra a fome, a misria e a morte.

Veja alguns fragmentos da grande obra-prima desse autor: Morte e vida Severina O retirante explica ao leitor quem e a que vai.

_ O meu nome Severino, no tenho outro de pia. Como h muitos Severinos, que santo de romaria, deram ento de me chamar Severino de Maria; como h muitos Severinos com mes chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias (...)

Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabea grande que a custo que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais tambm porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia ( de fraqueza e de doena que a morte Severina ataca em qualquer idade, e at gente no nascida )(...)Joo Cabral de Melo Neto