392.485.868-30 adi 5794 27/06/2018 - 21:06:50 · ressalte-se que essa previsão constitucional tem...
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Exma. Sra. Ministra-Presidente do Supremo Tribunal Federal:
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte
Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos, CONTTMAF,
entidade de grau superior de representação de categorias
profissionais, reconhecida pelo Decreto 48.262 de 03 de junho de
1960, com registro e atuação nos termos da legislação pátria (anexos
3 u 7), CNPJ 03.636.156/0001-51, com sede no Edifício Venâncio V,
grupos 501 u 503, SDS, Brasília, Distrito Federal, CEP 70.393-900,
correio eletrônico [email protected], pelos Procuradores in
fine (anexo 1), cumpre exercer a presente
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
(com pedido de medida liminar)
com vistas à declaração de inconstitucionalidade parcial da
Lei.13.467 de 13 de julho de 2017, no que concerne à nova
redação dada aos artigos 545, 578, 582, 583, 587 e 602 da
Consolidação das Leis do Trabalho, pelas razões de fato e de
Direito que passa a aduzir:
Do dispositivo legal guerreado:
1. A Lei em comento altera a Consolidação das Leis do
Trabalho- CLT, aprovada pelo Decreto-Lei 5.452 de 1º. de maio de
1943, bem como as Leis 6.019/1974, 8.036/1990,e 8.212/1991, “ a
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fim de adequar a legislação laboral às novas relações de trabalho”. O
artigo primeiro da Lei em epígrafe enuncia no que concerne à
contribuição sindical, antes conhecida pela locução “imposto
sindical”:
“Art. 1o A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
“Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de
pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente
autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este
notificados.
..........................................................................” (NR)
“Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes
das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais
representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de
contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida
neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.” (NR)
“Art. 579. O desconto da contribuição sindical está
condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem
de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma
profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria
ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591
desta Consolidação.” (NR)
“Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de
pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a
contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e
expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.
..........................................................................” (NR)
“Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referente aos
empregados e trabalhadores avulsos será efetuado no mês de abril de cada
ano, e o relativo aos agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais
liberais realizar-se-á no mês de fevereiro, observada a exigência de
autorização prévia e expressa prevista no art. 579 desta Consolidação.
..........................................................................” (NR)
“Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimento da
contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de cada ano, ou,
para os que venham a se estabelecer após o referido mês, na ocasião em
que requererem às repartições o registro ou a licença para o exercício da
respectiva atividade.” (NR)
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“Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês
destinado ao desconto da contribuição sindical e que venham a autorizar
prévia e expressamente o recolhimento serão descontados no primeiro mês
subsequente ao do reinício do trabalho”
Histórico
2. O antigo “imposto sindical” foi instituído pelo art. 138
da Charta Brasilis de 1937 1; regulamentado pelo Decreto-Lei 1.402
de 1939 2 e pelo Decreto-Lei 2.337 em 19403 , passou a constar do
texto original da Consolidação das Leis do Trabalho em 1943, vindo a
receber a denominação de contribuição sindical ex vi do Decreto-
Lei 27 de 14 de novembro de 1966 4. A Constituição de 1967 no §1º,
art.159 5 - reverberado no §1º do art. 166 da Emenda Constitucional
1 CRB de 1937-Art 138 - A associação profissional ou sindical é livre. Somente, porém, o sindicato
regularmente reconhecido pelo Estado tem o direito de representação legal dos que
participarem da categoria de produção para que foi constituído, e de
defender-lhes os direitos perante o Estado e as outras associações profissionais, estipular contratos
coletivos de trabalho obrigatórios para todos os seus associados, impor-
lhes contribuições e exercer em relação a eles funções delegadas de
Poder Público.
2 DL 1. 402 de 1939- Art. 3o.São prerrogativas dos sindicatos: [...]
f) impor contribuições a todos aqueles que participam das profissões ou
categorias representadas 3 Decreto-Lei 2.337 em 1940 Art. 1º As contribuições devidas aos sindicatos pelos que participem
das categorias econômicas ou profissionais representadas pelas referidas entidades, consoante as alíneas a do
art. 38 e f do art. 3º do decreto-lei nº 1.402, de 5 de julho de 1939 (2), serão, sob a denominação de
"imposto sindical", pagas e arrecadadas pela forma estabelecida neste decreto-lei.
Art. 2º O imposto sindical é devido, por todos aqueles que participarem de uma determinada categoria
econômica ou profissional, em favor da associação profissional legalmente reconhecida como sindicato
representativo da mesma categoria. 4 Decreto- Lei 27 de 14 de novembro de 1966 Art 1º Fica acrescido à Lei número 5.172,
de 25 de outubro de 1966, o seguinte artigo, que terá o número 218, passando o atual art. 218 a constituir o art.
219: Art. 218. As disposições desta lei, notadamente as dos arts. 17, 74, § 2º e 77, parágrafo único, bem como a
do art. 54 da Lei nº 5.025, de 10 de junho de 1966, não excluem a incidência e a exigibilidade. : I - da
"contribuição sindical", denominação que passa a ter o impôsto sindical de que tratam os
arts. 578 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho, sem prejuízo do disposto no art. 16 da Lei nº 4.589,
de 11 de dezembro de 1964; 5 CRB -1967 Art 159 - É livre a associação profissional ou sindical; a sua constituição, a representação legal
nas convenções coletivas de trabalho e o exercício de funções delegadas de Poder Público serão regulados em lei.
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de 1969- preservou como poder-dever sindical o múnus da
representação de toda a categoria, independente de laço associativo
de seus integrantes, acrescendo ao tributo instituído na norma
infraconstitucional, a possibilidade de impor-lhes outras contribuições
nos termos da CLT.
Gravame ao artigo 146 da Constituição
3. De tal forma, o antigo imposto sindical que em 1966
recebeu a denominação de contribuição sindical foi recepcionado e
insculpido no Ordenamento Constitucional Tributário de 1988 no
gênero de contribuição parafiscal, elencada no art. 149 6, na espécie
“ de interesse das categorias profissionais e econômicas”, a latere das
ditas contribuições “sociais” ou “de seguridade social” (INSS, PIS,
PASEP e outras) e das “de intervenção no domínio econômico”.
4. A Constituição da República de 1967 guindou o Código
Tributário Nacional (Lei 5.172/66) ao status de Lei Complementar ao
consigná-lo como instrumento necessário e exclusivo a reger as
normas gerais de Direito Tributário. Aequo modo, a alínea “a” do
inciso III do art.146 7 do ordenamento constitucional vigente
preceitua caber à lei complementar a instituição de tributos
parafiscais, suas definições, espécies, bases de cálculo, fatos
geradores e contribuintes que devem ser processados em sede de lei
complementar com as limitações constitucionais elencadas no
art.150.
§ 1º - Entre as funções delegadas a que se refere este artigo, compreende-se a de arrecadar, na forma da lei,
contribuições para o custeio da atividade dos órgãos sindicais e profissionais e para a
execução de programas de interesse das categorias por eles representadas. 6 CRB de 1988-Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação
nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art.
195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. 7 CRB-1988- Art. 146. Cabe à lei complementar:
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição,
a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes
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5. Nesta marcha, bem cai a lanço o competente escólio do
Ministro Alexandre de Morais:
A Constituição Federal reservou à lei complementar as
matérias básicas de integração do Sistema Tributário Nacional. Em
especial, o inciso II, do art. 146, estabelece competir à lei
complementar regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar. Ressalte-se que essa previsão constitucional tem duas
grandes características: a possibilidade de ampliação das restrições já
previstas no texto constitucional e a impossibilidade de suprimir ou
restringir as competências tributárias constitucionalmente deferidas”
(MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 1.717).
6. Dúvidas não pendem em nenhum ramo do Direito quanto
à natureza da contribuição sindical (antigo imposto sindical), i.e.,
tributo da espécie “de interesse das categorias profissionais”, inserido
no gênero das contribuições parafiscais. Neste sentido, bem cai a
lanço o registro à página 7/26 do Acórdão da Repercussão Geral no
Recurso Extraordinário com Agravo 1.018.459-Paraná da Relatoria do
Ministro Gilmar Mendes com menção a outros insignes Ministros desta
Suprema Corte, litteris:
REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459 PARANÁ RELATOR: MIN. GILMAR MENDES RECTE.( S ) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, DE
MÁQUINAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE COMPONENTES E PARTES PARA VEÍCULOS AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA ADV.( A / S ) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA RECDO.( A / S ) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROC.( A / S)(ES ) : PROCURADOR -GERAL DA REPÚBLICA [...]
Para melhor entender a controvérsia, é imperioso distinguir a
contribuição sindical, prevista na Constituição (art. 8º, parte
final do inciso IV) e instituída por lei (art. 578 da CLT), em
prol dos interesses das categorias profissionais, com caráter
tributário (logo obrigatório) da denominada contribuição
assistencial, também conhecida como taxa assistencial. Esta última
é destinada a custear as atividades assistenciais do sindicato,
principalmente no curso de negociações coletivas, e não tem natureza
tributária. A questão encontra-se, inclusive, pacificada pela
jurisprudência deste Supremo Tribunal, no sentido de que somente a
contribuição sindical prevista especificamente na CLT, por ter caráter
tributário, é exigível de toda a categoria, independentemente de
filiação. Nesse sentido, registro os seguintes precedentes:”
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7. Em que pesem as elevadas discussões travadas neste
Egrégio Tribunal, máxime no julgamento do RE 377.457 PR da
Relatoria do Ministro Gilmar Mendes - no qual o insigne Professor
Paulo de Barros Carvalho exerceu com brilhantismo o múnus
advocatício- nem há como se aplicar à presente quaestio posita,
o permissivo veiculado no inciso I, art.195 do Estatuto do
Poder8, aliás, em boa hora mencionado pelo Ministro Celso Mello em
seu voto à fl. 1858 do retromencionado Recurso Extraordinário.
Gravame ao § 6º., art. 150 da Constituição:
8. Ainda que não cuidasse matéria regulada por Lei
Complementar, não se poderia descurar que o dispositivo guerreado
foi veiculado em lei geral configurando evidente testilha com o §6º.
do art. 150 da Charta do Brasil9 a exigir, explicitamente, a
especificidade, o que demandaria a elaboração de lei tributária
específica e exclusiva para tal escopo.
9. Contudo, resta patente que no que na presente
quaestio os dispositivos guerreados trazem a eiva da
inconstitucionalidade formal também pelo fato de que, ao
perfilhar o rito da lei ordinária em sua elaboração, restou
descurado o procedimento legislativo adequado, i.e., o da lei
complementar para estabelecer a exclusão de um crédito de
natureza tributária.
8 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:{..] 9 CRB 1988-Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:[...]
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou
remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei
específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
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Gravame a outros direitos e garantias fundamentais
10. Não só: escoimadas as motivações de ordem ideológica
que, não raro, distorcem o raciocínio jurídico (Rechtsverdrehung),
a aplicação dos dispositivos impugnados, resultariam, igualmente, em
inconstitucionalidade orgânica por malferir Direitos e Garantias
Fundamentais insculpidos no Diploma Fundante.
11. O jus postulandi, máxime em sede laboral, é- e sempre
foi- lana caprina. Ainda assim, teoricamente só existe em primeiro
grau de jurisdição eis que nos demais exige- se a defesa técnica. O
Estado Brasileiro não dispõe de Defensoria Pública do
Trabalho sendo que a Lei 5.584/7010 -no que não foi revogada pela
Lei ora guerreada- ordena que os trabalhadores carentes sejam
assistidos pelo sindicato da categoria do trabalhador.
12. Registre-se que a retrocitada Lei estabelece no art. 18
(cf. nota de rodapé acima) ser dever do Sindicato assistir, também,
o trabalhador que não seja associado, cominando punição aos
Diretores das entidades que não comprovem sua carência financeira
às penas cominadas na alínea “a” do artigo 553 da Consolidação das
Leis do Trabalho, alínea e artigos que não foram revogados pela Lei
que reforma a CLT.
10 Lei 5.584/70 Da Assistência Judiciária Art 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950,
será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.
§ 1º A assistência é devida a todo aquêle que perceber salário igual ou inferior ao dôbro do mínimo legal,
ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica
não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Art 17. Quando, nas respectivas comarcas, não houver Juntas de Conciliação e Julgamento ou não existir
Sindicato da categoria profissional do trabalhador, é atribuído aos Promotores Públicos ou Defensores Públicos o
encargo de prestar assistência judiciária prevista nesta lei.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo, a importância proveniente da condenação nas despesas
processuais será recolhida ao Tesouro do respectivo Estado.
Art 18. A assistência judiciária, nos têrmos da presente lei, será prestada ao trabalhador ainda que não seja
associado do respectivo Sindicato.
Art 19. Os diretores de Sindicatos que, sem comprovado motivo de ordem financeira, deixarem de dar
cumprimento às disposições desta lei ficarão sujeitos à penalidade prevista no art. 553, alínea a da
Consolidação das Leis do Trabalho.
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13. Vale dizer, milhões de trabalhadores carentes (a grande
maioria da população economicamente ativa) restará sem assistência
judiciária integral e gratuita. A menos que o paquidérmico Estado
Brasileiro se disponha a contratar milhares de defensores
públicos ou rábulas para atender os mais de seis e meio
milhões de trabalhadores que acorrem à Justiça a cada ano –
cf. p. 167/188 constante do portal “ Justiça em números- 2017 ”11 da
lavra do Conselho Nacional de Justiça - a lei perpetrará um enorme
retrocesso social.
14. Por décadas, até o advento do neoliberalismo nos anos 90
do século passado, a Corte Superior admitiu a constitucionalidade da
dita contribuição assistencial do mesmo matiz genético dos entes
corporativos de fiscalização profissional (CREA, CRM, OAB); com o
corte abrupto da contribuição sindical, as entidades não terão
recursos para assistir os não-associados, i.e., se estas não vierem a
fenecer antes de se adaptarem às novas regras. Nem há como impor
o ônus aos entes sindicais sem lhes prover o ressarcimento
necessário.
15. Destarte, a Lei em comento faz tábula rasa dos comandos
insculpidos no art. 5º. da Carta do Brasil máxime no que concerne
ao (a) acesso à Justiça(XXXV), (b) o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes (LV), (c) assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos
(LXXIV) ; idem no que tange à educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados (art.6º), com a inviabilização dos preceitos estatuídos
no art. 7º., inviabilizando a manutenção antes que a melhoria de sua
condição social.
11 Fonte http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2017/09/904f097f215cf19a2838166729516b79.pdf
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Gravame ao Princípio da Proporcionalidade
16. Com fincas no ordenamento tedesco, o Princípio da
Proporcionalidade (Grunsatz der Verhältnismässigkeit) e seus
corolários revelam-se fiéis e indispensáveis guardiães do Estado
Democrático de Direito. Nossa Suprema Corte não hesita em decliná-
los em diversos julgados sendo que alguns de seus Insignes e
renomados Julgadores já editaram obras didáticas sobre o tema.
17. “O Estado não pode legislar abusivamente. A
atividade legislativa está necessariamente sujeita à rígida
observância da diretriz fundamental que, encontrando suporte
teórico no Princípio da Proporcionalidade, veda os excessos
normativos e as prescrições irrazoáveis do Poder Público”,
prelecionou o decano desta Corte, o Ministro Celso de Mello ao relatar
a ADI 1.407/DF.
18. O abuso se caracteriza pelo desvio ou pelo excesso de
poder; na aferição da constitucionalidade das leis, o Princípio da
Proporcionalidade impõe a subsunção do Legislador a seus corolários:
(a) A aptidão ou idoneidade (Geeignetheit) que traduz a
adequação do meio ao fim almejado, i.e., o interesse público, com a
vedação do arbítrio.
(b) A necessidade ou exigência (Erforderlichkeit) a
requerer o meio menos gravoso para atingir determinado objetivo.
(c) A ponderação (Abwägung) com que a medida deve
sopesar aos direitos, interesses e bens envolvidos 12
12 Tradução livre peloo Patrono do texto “Der Verhältnismäßigkeitsgrundsatz” da lavra do , Prof.Dr. Ulrich Jan
Schröder :“die Maßnahme muss unter Abwägung der betroffenen Rechte, Güter und Interessen angemessen
sein” “https://www.jura.uni-frankfurt.de/58685452/Grundsatz-der-Verhaeltnismaessigkeit.pdf
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19. Destarte, no caso dos dispositivos legais ora guerreados,
o Legislador laborou no mesmo maquiavelismo de que o Ministro
francês Turgot lançou mão em 1776 (com funestas consequências) à guisa
de “beneficiar os trabalhadores”, liberando-os do “vultoso”
desembolso de R$ 0,8765 ( oitenta e oito centavos) por dia,
i.e. R$ (937/ 30) = R$ 31,23 por ano ou R$ 31,23/360d= R$
0,8675 / dia ( a grande maioria percebe um salário mínimo ou
menos) para tungá-los , imediatamente, nos Direitos
Fundamentais acima elencados.
Cui prodest?
20. A quem aproveita a “vantagem” precária e efêmera da
economia de míseros centavos? Aos liberais que postulam o
enxugamento da máquina pública? Não, a menos que fosse possível
derrogar elidir objetivo de construir uma “sociedade livre justa e
solidária”13 eis que sem advogado não há Justiça. Ou, como
alternativa, que optem, por inflar a máquina pública admitindo a
contratação de milhares de novos defensores públicos.
21. Muito menos aos trabalhadores e aos empregadores
sérios. Interessaria, talvez, aos teóricos e aos nefelibatas que
por habitualmente descurarem a realidade brasileira perfilham,
de pronto, teses e soluções exógenas sem atentar a seu completo
malogro em países de estágio de desenvolvimento semelhante ao
nosso. A vida é muito mais rica e complexa que a melhor das
teorias.14
13 CRB 1988- Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
14 . Reflexão de Cleverson Merlin Clève in “ Afiscalização abstrata da Constitucionalidade no Direito
Brasileiro..2ª Ed,São Paulo: Ver dos Tribunais p.255.
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22. A venda na bacia d´almas de direitos fundamentais,
certamente atende ao interesse aos políticos de todos os matizes
partidários que queiram escapar à parcela de culpa de haverem
lançado, volente aut nolente, o País no atual estágio de miséria moral
e física, ou aqueles que sejam incapazes de assumir, com coragem e
honestidade, seus posicionamentos.
“A Constituição, sem prejuízo de sua vocação
prospectiva e transformadora, deve conter-se em limites
de razoabilidade no regramento das relações de que
cuida, para não comprometer o seu caráter de
instrumento normativo da REALIDADE SOCIAL” 15
23. Ex positis, a CONTTMAF requer:
AA) In limine, com fulcro no art. 11 da Lei 9.868/99, a
suspensão da eficácia dos dispositivos impugnados eis que a vigência
da Lei ora guerreada se inicia no dia 11 de novembro de 2017, até o
julgamento definitivo por esta Suprema Corte; a medida se justifica
eis que presentes o fumus boni júris declinado nos argumentos
expendidos, de maneira exemplificativa mas não exauriente, no curso
do presente instrumento.
24. A supressão abrupta de recursos dos Entes Sindicais
inviabiliza a assistência jurídica a seus representados, máxime
os não- associados, que esdruxulamente passariam a drenar recursos
custeados pelos associados institucionalizando a prática do
enriquecimento sem causa (rectius, “empobrecimento sem causa”,
principalmente - mas não só - dos associados que bancariam, de
modo exclusivo as Entidades): a milhões de trabalhadores seria
15 BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas:limites e possibilidades da
Constituição brasileira. 4ª Ed. ampl. e atual.- Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 89.
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sonegado o Direito Fundamental de Acesso à Justiça estampado
nos incisos XXXV e LXXIV , art. 5º de nossa Charta.
25. A dita “economia” ou a mera vendetta travestida- revela-
se por demais gravosa a toda a nacionalidade, não só pela gigantesca
ampliação dos desembolsos do Estado com instalações, funcionários
e Defensores Públicos para prover a assistência jurídica estatal aos
necessitados; maior dano, porém advém de que sua implantação
demandaria grande lapso de tempo no qual os cidadãos restariam
tolhidos, também, dos Direitos Laborais e da Cidadania estatuídos
nos artigos, 5º, 6º, 7º e 8º do Diploma Fundante. Daí o periculum
in mora.
BB) A final
26. Requer seja julgada procedente a pretensão autoral,
mediante (a) a suspensão liminar da eficácia bem como (b) a
declaração definitiva de inconstitucionalidade dos dispositivos
da Lei que concernem aos indigitados artigos da CLT com sua retirada
do ordenamento jurídico pátrio por se revelarem incompatíveis com
os Comandos Constitucionais a imporem a ponderação axiológica dos
Princípios que a norteiam.
27. Ainda, a prévia oitiva da Exma. Sra. Procuradora Geral da
República, a citação do Exmo. Sr. Advogado Geral da União bem
como a requisição de informações ao Exmo. Sr. Presidente do
Congresso Nacional.
28. Aduna os seguintes anexos cuja autenticidade declara sob
as penas de lei:
Anexo 1: Procuração;
Anexo 2: Substabelecimento;
Impr
esso
por
: 392
.485
.868
-30
ADI 5
794
Em: 2
7/06
/201
8 - 2
1:06
:50
13
13
Anexo 3: Estatuto da CONTTMAF;
Anexo 4: Ata de posse da Diretoria;
Anexo 5: Cartão do CNPJ;
Anexo 6: Cadastro de Entidade Sindical junto ao Ministério do Trabalho e
Emprego;
Anexo 7: Alteração nominal da CONTTMAF publicada no Diário Oficial.
29. Declina o endereço da sede da Entidade em Brasília, Edifício
Venâncio V, grupos 501 u 503, SDS, Brasília, Distrito Federal, CEP
70.393-900, correio eletrônico [email protected], para onde
requer sejam enviadas as comunicações dos atos processuais em
nome do Procurador in fine.
30. Dá a causa o valor simbólico de R$ 1.000,00 (hum mil
Reais) ante seu inestimável valor.
Brasília, 10 de outubro de 2017.
Edson Martins Areias Ulisses Borges de Resende
OAB-RJ 94 105 OAB-DF 4595
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: 392
.485
.868
-30
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