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Tese guia da Articulação de Esquerda Sindical Setor Petróleo II Congresso do Sindipetro-BA Salvador, 18 e 19 de Maio de 2013

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Tese guia da Articulação de Esquerda Sindical

Setor Petróleo

II Congresso do Sindipetro-BA

Salvador, 18 e 19 de Maio de 2013

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No momento atual da crise econômica mundial, é de suma importância que a categoria petroleira se situe quanto a sua condição política, para que

possa estabelecer-se e reconhecer-se dentro do processo da luta de classes. No Brasil e, ainda com maior intensidade, no resto do mundo começam a se

desenhar políticas cada vez mais desfavoráveis à luta do trabalhador. Nos EUA, Europa e outros países, o que se busca é resgatar e manter vivo, ainda que moribundo, o sistema financeiro. No Brasil, apesar de não possuirmos o

mesmo problema, inicia-se uma cruzada capitalista contra o mercado de trabalho, em evidente aquecimento, e os salários. A histeria capitalista se dá

pelo fato de que, antes acostumados ao rentismo e às altíssimas margens de lucro, veem parte de suas riquezas transferidas para a classe trabalhadora, falsamente apelidada de "nova classe média". Essa indignação burguesa é

fomentada e difundida pelos grandes meios de comunicação, ora travestida de moralismo, ora de eficiência, através dos tão propalados "choques de gestão".

Um dos principais pontos de ataque dessa elite indignada é justamente a Petrobrás, devido a seu caráter estratégico, e por esta se configurar como um

dos grandes pólos da estratégia de desenvolvimento democrático popular. Diante dessa ofensiva do capital, é necessário que os trabalhadores adotem uma posição mais combativa, de modo a reafirmar sua posição por um país

soberano, desenvolvido, socialista e democrático. Por isso, conclamamos:

"Petroleiros, À Esquerda!"

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1. Análise de conjuntura 1.1. O capitalismo pós-crise do subprime 1.2. Estados Unidos, um “império” em decadência 1.3. Europa em naufrágio no mar neoliberal. 1.4. Oriente Médio e África, o acirramento dos conflitos. 1.5. Ásia, pólo da nova geopolítica. 1.6. América Latina, Uma esperança 1.7. Brasil: Mudar para seguir mudando

1.7.1. O Sindipetro-BA 1.7.1.1. O processo de desunificação.

2. Propostas Organizativas

2.1. OLT como princípio organizativo do sindicato. 2.2. Democratização da gestão da máquina sindical.

2.2.1. Direção colegiada. 2.2.2. Orçamento participativo. 2.2.3. Portal da transparência. 2.2.4. Consulta a documentos do sindicato. 2.2.5. Eleição para o conselho de ética.

2.3. Eleições participativas e transparentes. 2.4. Fim do imposto sindical 2.5. Formação política

2.5.1. Eventos formativos 2.5.2. Formação intensiva

2.6. Formação de massas 2.6.1. Assembléias. 2.6.2. Paralisações. 2.6.3. Movimentos grevistas. 2.6.4. Periódicos.

2.7. Mobilização contínua, o papel das reuniões setoriais. 2.8. Participação da juventude, a renovação enquanto política sindical. 2.9. Participação dos trabalhadores nas decisões da empresa, o

processo de construção da administração direta. 2.10. Fortalecimento estratégico da categoria petroleira.

2.10.1. Suporte a mandatos parlamentares. 2.10.2. Defesa da primeirização e manutenção as unidades. 2.10.3. A luta pela instalação de novas unidades.

2.10.3.1. Em defesa da construção de uma FAFEN-Itabuna. 2.10.3.2. A disputa pelas bacias de Tucano e São Francisco

3. Pautas Sociais/Econômicas

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1. Análise de conjuntura

1.1. O capitalismo pós-crise do subprime.

Passamos por um momento onde o mundo se encontra sob tripla influência: uma profunda crise do capitalismo, a deterioração da hegemonia dos Estados Unidos e a emergência de novos centros de poder. Uma situação de instabilidade, marcada por profundos conflitos sociais, crises políticas agudas e conflitos militares cada vez mais perigosos.

A atual crise não afeta da mesma forma a todos os países, regiões, ramos produtivos e setores sociais. Mas é uma crise global, que atinge todos os níveis, com impactos financeiros, comerciais, produtivos, energéticos, alimentares, ambientais, sociais, políticos, ideológicos e militares.

Não se trata, pois, apenas de uma crise do pensamento neoliberal, das políticas neoliberais e da especulação financeira. É tudo isso, dentro do contexto de uma crise de acumulação, similar às crises de 1930 e 1970.

Não é possível vislumbrar uma saída de curto prazo. E tampouco está claro qual será o desenrolar da crise no médio e longo prazo, uma vez que este está sendo construído aqui e agora pelos conflitos entre as forças políticas e sociais de cada Estado, e da disputa entre Estados e blocos em escala planetária.

Pode ser que, como em outros momentos, o capitalismo sobreviva a sua própria crise, ainda que a imenso custo social. Mas também é possível que surjam sociedades socialistas, assim como diversas formas alternativas de capitalismo. E sempre existe o risco de que as forças capitalistas, na luta por manter o sistema de opressão e exploração, ameacem a sobrevivência da humanidade.

Portanto, vivemos e atuamos em um momento histórico de muitos perigos, muitas possibilidades, mas também de muitas esperanças, sentimento que predomina na América Latina, onde a esquerda e as forças progressistas governam numerosos países há mais de uma década, ampliando a democracia, o bem estar social, a soberania nacional e a integração do continente.

É evidente o contraste entre a política implementada pelos países da América Latina e pelos Estados Unidos e Europa, onde prevalecem os interesses da plutocracia financeira e imperialista.

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1.2. Estados Unidos, um "império" em decadência.

Os Estados Unidos segue com seu esforço para recuperar a hegemonia global, sem a qual a sua economia não se sustenta.

Entre sua posse em 2009 e o início de 2013 o presidente Obama atuou em diversas frentes: resgate do setor financeiro, desvalorização do dólar, acordos regionais de livre comércio, busca da autonomia energética, ajuste nas políticas de segurança e desestabilização de governos adversários.

Estas e outras iniciativas, incluindo a “Aliança Transpacífica”, a “Aliança Transatlântica EEUU-UE de comércio e investimento”, o suporte ao chamado “Arco do Pacífico”, devem ser compreendidas tendo como pano de fundo o fato de que estudos do seu "Conselho Nacional sobre tendências globais" apontam que até 2030 a economia da Ásia será maior que a dos Estados Unidos e Europa somada e reconhece que a era da hegemonia estadunidense está chegando ao fim.

A classe dominante americana parece adotar a orientação de um notório periódico financeiro, que considera melhor atuar agora, enquanto representamos metade da economia e ainda tem o poder de definir os padrões globais, porque em cinco anos pode ser tarde demais.

No primeiro governo Obama se deu um dos maiores dispêndios nacionais de ajuda a bancos e ao setor privado para tentar conter a crise, que, juntamente com o déficit causado pela política de segurança dos EUA e as invasões, quase colocou o país no limite de endividamento permitido pela legislação.

Ao mesmo tempo em que mantém a plutocracia financeira, o governo Obama busca estimular a economia através da desvalorização da moeda, através da liberação de recursos pelo FED(banco central estadunidense) a ser investido em títulos de outros países, fortalecendo suas moedas perante o dólar, Isto prejudica a exportação desses países, pois suas mercadorias se tornam mais caras em dólar.

Paralelamente ao lançamento dessa grande operação de dumping, os EUA privilegiam acordos regionais de livre comércio. Além dos já consolidados com países da região como Chile, Peru, Colômbia, América Centra e a própria NAFTA, mais antigo, buscam viabilizar a “Aliança Transpacífica” e “Aliança Transatlântica EEUU-Europa para comércio e investimento”.

Independente dos detalhes de cada um desses acordos, é importante perceber seu objetivo estratégico: desarticular os projetos nacionais e blocos nacionais soberanos, assim como confrontar os BRICS.

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Articulado a essas ações, os EUA buscam a autonomia energética, que parece próxima, devido a uma série de fatores, dentre os quais a inversão da curva de importação/exportação de petróleo e gás estadunidense, e a ampliação da exploração do gás de xisto e do óleo das areias betuminosas do Canadá.

Articula-se com toda esta operação a revisão da estratégia militar, que passa a ter a região da Ásia/Pacífico como foco de sua atenção. É importante ter a clareza de que todas essas iniciativas possuem um propósito explícito: recuperar a hegemonia econômica e política dos EUA.

Considerando a história dos EUA, não existe surpresa no fato de que esta meta seja perseguida mediante expedientes predominantemente militares. Como também não há surpresa que tenham que cicatrizar suas fraturas internas, o que passa hoje pela resolução das questões referentes à imigração.

Enquanto os EUA buscam recuperar a liderança, na Europa ocorre a desarticulação do que se imaginou ser um possível bloco concorrente.

1.3. Europa em naufrágio no mar neoliberal.

Na Europa, diante da crise, sua classe dominante promove o desmantelamento do “pacto social” constituído após a Segunda Guerra Mundial. Este pacto se baseava, entre outros, em dois componentes fundamentais: o Estado de Bem-estar Social e as negociações coletivas entre sindicatos e empresas.

O desmantelamento deste pacto, que foi financiado em larga escala pela exploração imperialista de outras regiões no mundo, tem como propósito reduzir os salários dos trabalhadores europeus, seja pra custear o resgate do sistema financeiro, seja para garantir a rentabilidade dos investimentos produtivos.

Desde 2007, o roteiro é mais ou menos o mesmo: um enorme montante de dinheiro é gasto para socorrer o sistema financeiro, renúncias fiscais são concedidas para supostamente estimular a atividade produtiva, é aplicada uma política de austeridade fiscal para que sejam assegurados os juros devidos ao sistema financeiros, e são cortados os recursos que deveriam ser destinados a investimentos estatais, custear o sistema de seguridade social, serviços públicos e salários do funcionalismo; além da redução da capacidade de consumo das massas populares.

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A redução dos gastos do governo está levando à extinção de direitos sociais, assim como a reformas das legislações trabalhistas em alguns países, tomando como exemplo a Espanha, que começa a permitir negociações de redução de salários diretamente entre empregador e cada trabalhador individualmente.

A consequência de tudo isso, pela ótica econômica, é um crescimento medíocre na União Europeia, EUA e Japão; e em alguns casos recessão e crise aguda, como no caso da Grécia, Espanha, Portugal, Itália e Chipre.

Mesmo do ponto de vista do capitalismo, a adoção das medidas de austeridade não é a única opção. Em outras regiões do mundo prevalece uma política capitalista distinta, baseada em investimentos produtivos e sustentação do mercado interno. Se não fossem essas políticas, a recessão mundial seria ainda mais profunda.

A diferença de políticas entre o eixo “anglo-saxão” e de outra parte o bloco liderado pelos BRICS é a expressão de uma competição entre modelos distintos de desenvolvimento capitalista, ao mesmo tempo que confirma um fato muito discutido: o desenvolvimento desigual e pouco combinado do capitalismo, que alarga o fosso e as diferenças entre os países centrais e, especialmente, as potências emergentes, denominados BRICS.

Ainda que exista elementos de cooperação entre os dois blocos citados, e sem prejuízo do debate sobre o papel exercido pela China, deve ficar claro que os países desenvolvidos, liderados pelos EUA, querem impor uma derrota aos BRICS e reafirmar a hegemonia imperialista e neoliberal na África, Oriente Médio e América Latina.

Por isso aumentam os conflitos, inclusive com ameaças nucleares, assim como guerras cambiais e comerciais, que incidem negativamente nas outras economias. Também por isso os programas de austeridade fiscal europeus não afetam a indústria bélica. E, por fim, temos a incapacidade das Nações Unidas por em prática suas resoluções quando elas são relativamente contrárias aos interesses estadunidenses.

Os acontecimentos nos EUA, Europa e Japão são uma opção política determinada pela hegemonia da plutocracia financeira nos países imperialistas. Cabe lembrar que os ocupantes de postos chaves na economia, tal qual Banco Central Europeu e Secretaria do Tesouro Americano, entre outros, são oriundos do sistema financeiro privado, alguns inclusive trabalharam para bancos como Lehman Brothers, um dos responsáveis pela eclosão da crise financeira.

Os bancos e fundos de investimento pretendem obter os ganhos esperados das especulações e empréstimos realizados, sem se importar que

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isso ocorra as custas da quebra dos países que se encontram em maior dificuldade e da pobreza de seus habitantes. E contam com o apoio fundamental de autoridades vinculadas ao sistema financeiro para que isso corra.

Uma prova pouco mencionada de que outra política é possível é o caso da Islândia, que foi o primeiro país europeu a entrar em crise devido à insolvência do seu sistema financeiro, causada pela especulação desenfreada dos principais bancos do país.

O resgate do sistema financeiro da Islândia não ocorreu e alguns de seus bancos quebraram. A população se opôs a salva-los com recursos públicos, inclusive porque o volume necessário seria equivalente a quatro vezes o PIB islandês. Assim, o país não se submeteu, em troca de empréstimo, às condições impostas pelo FMI, e a economia islandesa já voltou à normalidade. Fala-se inclusive no julgamento dos banqueiros.

Por outro lado, nos países do Sul da Europa, na Irlanda e agora no Chipre, a receita adotada é a da privatização, demissão de funcionários públicos, redução de salários do quadro do funcionalismo que permanecer, redução de valores de aposentadorias e outros direitos sociais como o seguro desemprego.

Mesmo em países que não estão submetidos às condições impostas pela “Troika” (FMI, BCE e Comissão Europeia) há restrições orçamentarias que reduziram drasticamente a capacidade do Estado de conduzir a economia, assim como afetaram a qualidade das políticas sociais.

O fato concreto é que levará anos para que os países agora em crise voltem aos seus níveis de desenvolvimento de 2009 e, neste meio tempo, o desemprego cresceu e ultrapassou a marca dos 11%, em média, nos países da OCDE e, entre os jovens é pelo menos o dobro.

Um dos poucos países europeus onde o nível de desemprego encontra-se em níveis baixos, ainda que com um crescente número de trabalhadores temporários e com salários abaixo do mínimo, é a Alemanha.

Além de ser o país mais industrializado e competitivo da Europa, Alemanha tem um governo que promove, por meio da Comissão Europeia, a política de austeridade, principalmente aos países que devedores dos bancos alemães.

A chanceler Angela Merkel caminha para vencer as eleições parlamentares de outubro de 2013, pois conseguiu ganhar a maioria em favor das políticas de austeridade.

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Porém a Alemanha também sofre com a crescente deterioração dos serviços sociais, além de sofrer os impactos culturais e subjetivos que a crise social dissemina por toda a Europa: frustração e angústia, deterioração dos laços sociais, desconfiança generalizada e em particular em relação ao “outro”(migrantes, minorias), predisposição a messianismos autoritários etc.

A crise produziu um efeito sobre a política europeia que até agora tem favorecido principalmente a direita, que se aproveita do argumento simplista de que “os gastos não podem ser superiores à receita”, ao impor as medidas de austeridade como alternativa aos impopulares aumentos de impostos. Mas também é forte a insatisfação popular com as políticas implementadas pelos governos de direita, que como na Espanha e Inglaterra tem grandes dificuldades para manter suas maiorias parlamentares.

Muitos partidos social democratas aderiram à ladainha “austeritária” e, em várias situações, como na Grécia, Espanha e Portugal, foram eles que inauguraram as medidas de ajuste estrutural. Foram punidos pelos eleitores e, em vários países, a alternância entre partidos que compartilham o discurso único produz dois fenômenos: crescimento da extrema direita e o rechaço à política.

O segundo fenômeno se faz visível na aceitação de “governos técnicos”, o crescimento da abstenção de votos e a porcentagem de votos dados a antipolíticos como, por exemplo, o partido do humorista Beppe Grillo nas eleições italianas recentes.

Além da política de austeridade e da ausência de alternativas viáveis à esquerda, também contribuem para o fenômeno de rechaço à política diversos casos de corrupção, como o da recente denúncia de propinas pagas por empresas contratadas pelo governo a integrantes do Partido Popular na Espanha, incluindo o atual Primeiro Ministro.

O movimento sindical e social, em todos os países afetados pela austeridade, reagem com fortes mobilizações e greves gerais, ainda que insuficientes para alterar os rumos da política atual.

A juventude e grupos sociais diversos também tem produzido manifestações importantes, como os “indignados”, “Occupy Wall Street”, entre outros.

Porém esses movimentos terminam se esvaziando depois de algum tempo, devido a muitas razões, entre as quais o rechaço à atividade política partidária e eleitoral, e também à pouca criatividade dos partidos de esquerda para vincular-se a eles.

O desafio das esquerdas é apresentar alternativas programáticas, manter as mobilizações sociais e construir alternativas eleitorais. Neste

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contexto, a Grécia mostra uma situação alentadora: ali, forças de esquerda apresentam uma alternativa com mobilização social e força eleitoral. E polarizam tanto com a direita quanto com a extrema direita.

A Grécia é uma exceção. Considerando como um todo, a Europa está imersa em uma situação de dificuldade estratégica e conflito interno, que a empurra para cumprir um papel subalterno frente aos Estados Unidos no seu confronto com os BRICS, América Latina e com os países que não aceitam a hegemonia do eixo liderado pelos EUA.

1.4. Oriente Médio e África, o acirramento dos conflitos.

A África e o Oriente Médio constituem um dos cenários de conflito entre os blocos geopolíticos. Este é um dos motivos pelos quais EUA e Europa reagiram tão rapidamente aos episódios conhecidos como “Primavera Árabe”, intervindo na Líbia, Mali e na Síria, além de preparar um ataque contra o Irã.

É por isso também que, mesmo depois de 20 anos da Declaração de independência da República Árabe Saharaui Democrática, não acabou a dominação colonial exercida pelo Marrocos.

É por isto, igualmente, que Israel segue sendo um aliado importante dos EUA no Oriente Médio, e o maior captador de ajuda externa, neutralizando a importantíssima conquista que foi o reconhecimento da Palestina como Estado observador na ONU.

Os países imperialistas, em particular EUA e França, assim como Israel e Arábia Saudita, querem destruir o que chamam ignorantemente de “Eixo Xiita” (Irã, Síria, Hamás e Hezbolá), por representar a oposição mais intransigente quanto às intervenções estrangeiras no Oriente Médio.

1.5. Ásia, pólo da nova geopolítica.

Os acontecimentos na península coreana também devem ser visto sob o pano de fundo do confronto entre blocos.

Tanto na Coréia do Sul quanto no Japão, as forças de direita têm ganho mais espaço.

O Partido Liberal Democrático(PLD), que governava o Japão desde o fim da Segunda Guerra Mundial e perdeu as eleições para o Partido Democrata

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em 2009, votou ao governo em 2012 graças à incapacidade deste último de lidar com a crise, além de não cumprir promessas eleitorais como, por exemplo, fechar a base naval estadunidense em Okinawa, além da má atuação frente ao desastre da usina nuclear de Fukushima.

Isso significa, econômica e socialmente, o retorno de políticas neoliberais ortodoxas, mas também significa a elevação do tom belicista do governo japonês, já que o PLD reivindica o direito de reorganizar as Forças Armadas que foram desativadas após a Segunda Guerra.

Esta retórica agora tem se amplificado diante da explosão do terceiro artefato nuclear pela Coréia do Norte, Soma-se a isso o fato de que afirma-se que este país está próximo de controlar a tecnologia de lançamento de mísseis de longa distância, capazes de carregar ogivas atômicas.

Por sua vez, há atrito entre Japão e China devido a disputa do território compreendido pela ilha de Senkaku(em japonês) ou Diaouyu(em chinês), o que faz ampliar a tensão no extremo oriente.

A China, por sua vez, dá sinais de que enfrentará esta disputa geopolítica através do fortalecimento dos BRICS.

É importante, por isso, que as decisões adotadas em março na cidade de Durban sejam estudadas, assim como a situação em cada país dos BRICS. Sem pretender que sejam um bloco homogêneo, está claro que cumprirão um papel importante na situação mundial.

Ademais, a China está decidida a fortalecer seu mercado interno em detrimento do crescimento econômico com prioridade na exportação, o que implicou numa desaceleração do crescimento do seu PIB em 2012 para aproximadamente 7%, que ainda assim é um dos mais altos do mundo.

Essa situação descrita acima, em especial a contraofensiva dos EUA e aliados, exige uma reação rápida, eficaz e conjunta, dos movimentos sociais, partidos e governos de esquerda, no sentido de acelerar os processos de integração regional, neutralizar a operação Arco do Pacífico, ajudar nas negociações de paz entre governo e FARC na Colômbia, fortalecer a institucionalidade política de nossos governos, além de prestar solidariedade a forças de esquerda que empreendem lutas sociais e participam de processos eleitorais.

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1.6. América Latina avança na luta contra o imperialismo

Dois projetos se enfrentam na América Latina e Caribe. Um é subordinado aos interesses externos à região e tem como símbolos a ALCA, NAFTA, os tratados de livre comércio e o, agora denominado, Arco do Pacífico. Outro é baseado nos interesses regionais e tem como símbolos a CELAC, a UNASUL, a ALBA e o MERCOSUL.

O projeto integracionista tem uma longa história no continente. Em sua etapa mais recente, tem relação direta com o ciclo de governo progressistas e de esquerda que se iniciou com a eleição de Hugo Chávez, em 1998.

Apesar da pluralidade, os governos progressistas e de esquerda da América Latina possuem inimigos em comum, assim como possuem propósitos comuns. O combate à herança colonial, que apesar de tudo permanece nas Malvinas, Porto Rico, em algumas nações caribenhas e na Guiana francesa, assim como o racismo e a discriminação contra os povos nativos e afrodescendentes; o combate histórico ao desenvolvimentismo conservador, que proporcionou crescimento, porém com dependência, desigualdade e restrições à democracia; o combate ao imperialismo e o neoliberalismo, cuja influencia segue presente em nosso continente e em todo o mundo, ameaçando a democracia, o bem-estar, a soberania e inclusive a sobrevivência da humanidade.

A esquerda segue, cada um a cada forma e ao seu tempo, as vias do crescimento com igualdade, justiça social, democracia, soberania, integração e em muitos casos buscando construir uma sociedade socialista.

É importante sintetizar os êxitos das forças pró-mudança na região: retomada da soberania e independência nacional; ênfase em opções focadas no desenvolvimento, crescimento e redistribuição; democratização da economia; diminuição da pobreza e da desigualdade; aprofundamento da democracia e criação de novos espaços de participação popular; participação dos cidadãos na gestão pública; atendimento dos direitos básicos da população; estabilidade política; implantação de mecanismos de gestão pública eficientes e inovadores, a seguridade social e a luta contra a violência; soluções para os problemas urbanos.

O ciclo progressista e de esquerda iniciado em 1998 na América Latina tem força porque não é único nem uniforme, e se desenvolve sobre distintas formações históricas e sociais, com forças que tem horizontes estratégicos diferenciados, ainda que de esquerda, além de possuir níveis de acumulação distintas. Por isso foi possível à esquerda vencer em países com diferentes histórias, culturas e estruturas sociais e políticas. Porém, esta pluralidade de

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estratégias nacionais deve combinar, cada vez mais, com uma estratégia continental baseada na integração regional e com a definição de características comuns nos modelos alternativos em curso.

Sem integração, que fortalece nosso rumo em comum, de projetos nacionais que convergem, os programas da esquerda não terão sucesso e não resistirão à oposição, sabotagem, cercos e ataques dos inimigos internos e externos.

Por isso, é importante para a esquerda latina que façamos um balanço da etapa atual do processo de integração regional, seus avanços e dificuldades, inclusive os retrocessos. Em especial, observar o Mercosul, a UNASUL, a ALBA, a CELAC, assim como as iniciativas para contê-los ou mesmo sabotá-los, como os golpes de Honduras e Paraguai, a Aliança do Pacífico, etc.

A Aliança do Pacífico foi formalizada em abril de 2011 em Lima, por iniciativa do então presidente Alan Garcia, já ao final do mandato, supostamente com o objetivo de aprofundar a integração comercial entre Perú, Chile, Colômbia e México, países que possuem tratados de livre comércio com os EUA. O Arco do Pacífico está em sintonia com o projeto de Obama da criação de uma área de reafirmação do poder estadunidense no Pacífico.

Além desse ponto, a esquerda latina deve analisar, ainda, os impactos da crise internacional sobre a região.

A recessão europeia, o baixo crescimento estadunidense e a redução do crescimento chinês tiveram impactos moderados na economia latino-americana, perceptíveis principalmente no comércio da região, uma vez que, segundo a CEPAL, as exportações latino-americanas se expandiram apenas 1,6% em 2012, contra um índice de 23,9% em 2011.

Da mesma forma, a estimativa de crescimento médio do PIB do continente em 2012 será de 3,6%, contra 4,3% em 2011. Não obstante, o desemprego caiu, sobretudo entre as mulheres, e os salários aumentaram, ainda que os empregos gerados sejam em sua maioria de baixa qualidade e haja incerteza sobre o comportamento da economia em 2013, em função da continuidade da crise e das medidas protecionistas adotadas pelos países desenvolvidos.

Os países desenvolvidos prosseguem com a desvalorização das suas moedas, e, consequentemente, aumentam a pressão pela valorização monetária da América Latina e seus efeitos prejudiciais sobre as exportações do continente. Será fundamental adotar medidas mais eficazes para proteger a economia da região, sobretudo a base indústria, ameaçada por tendências da reprimarização, em maior ou menor grau, em nossos países.

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Há sinais inquietantes de desnacionalização da indústria e de desindustrialização de países da região ou de transformações importantes em sua base industrial, pois a redução dos mercados consumidores dos países desenvolvidos em função da crise dificulta o desempenho dos produtores latino-americanos, e as empresas que tem origem no hemisfério norte estão competindo agressivamente por espaço no mercado da América Latina.

Entretanto, é necessário dizer que o crescimento dos níveis de emprego, fruto sobretudo do fortalecimento dos mercados internos em nosso continente, da implementação de politicas sociais relevantes e do fortalecimento do papel do Estado, tem preservado uma política alternativa ao neoliberalismo em vários países da América Latina por mais de uma década e com apoio da maioria da população.

O certo é que as vitórias eleitorais da direita, até este momento, tem ocorrido em países cujos governos não fazem parte da onda iniciada em 1998. Nos casos do Paraguai e Honduras, a direita se utilizou de golpes para retornar ao governo.

É importante também que se realize um balanço da contribuição de Hugo Chávez para o processo de mudança da região. Não se trata apenas de uma obrigação formal. A verdade é que os EUA, seus aliados europeus e também na nossa região acreditam que a morte de Chávez abriu uma brecha por onde eles poderiam penetrar e desestabilizar o processo venezuelano e, com isso, afetar o conjunto da esquerda regional. Exemplo disso foi a movimentação golpista e desestabilizadora da direita venezuelana logo após a eleição do presidente Nicolás Maduro, tudo com respaldo dos EUA e União Europeia, que cinicamente não reconheceram as eleições limpas e democráticas, como atestaram os inúmeros observadores internacionais. Da mesma forma, farão de tudo para sabotar o recém-empossado governo, assim como a herança ideológica, programa teórico e cultural de Chávez.

Deve ser destacada, também, a importância das negociações FARC-governo Santos. Os últimos processos de paz na Colômbia tem um denominador comum: cada fracasso foi seguido por ondas de violência crescentes. E é este denominador comum que deve prevalecer no horizonte do atual processo de paz na Colômbia, visto que um novo fracasso mergulharia o país num novo ciclo de violência fratricida.

Na conjuntura atual não ha dúvidas de que um fracasso do processo de paz será seguido de uma escalada da guerra. A diferença dos anos oitenta, quando se fala que existiam inimigos ocultos da paz, no momento atual os inimigos da paz negociada trabalham de maneira aberta e ativa para sabotar as negociações em Havana.

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As declarações da extrema direita colombiana, liderada por Uribe, tem estigmatizado o atual processo de paz e, sobretudo, tem anunciado que, se ganhar as próximas eleições presidenciais, a política de paz será substituída pela política da guerra.

É importante ressaltar que na conjuntura atual, um fracasso da política de paz na Colômbia comprometeria seriamente a estabilidade da região, principalmente no norte da América do Sul e na zona do Caribe. A guerra colombiana, assim como o projeto socialista bolivariano venezuelano e também a disputa das Malvinas argentinas, hoje mais que nunca não podem ser vistos como problemas nacionais, e sim assumidas dentro do contexto regional.

A guerra da Colômbia é a guerra na América Latina, a paz da Colômbia é a paz da América Latina. Evitar uma nova espiral de violência na Colômbia e um clima bélico na região é um compromisso histórico para o cojunto da esquerda colombiana, latinoamericana e caribenha.

A paz na Colômbia ajudará a reduzir a presença militar do imperialismo estadunidense na região. Este também é um dos motivos para que se mantenha a luta para que não exista nenhuma colônia na América Latina.

Nesse sentido, em janeiro de 2013, em Santiago do Chile, a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (CELAC) externou seu franco apoio a um Porto Rico livre, independente e soberano. Se soma a essa luta o Foro de São Paulo, endossando a declaração emitida pela CELAC, como também parte importante da própria comunidade internacional.

Também neste sentido, em 26 de março deste ano, a Argentina voltou a levar às Nações Unidas sua reclamação histórica a respeito das Malvinas, ato que contou com respaldo "unânime" da América Latina para exigir ao Reino Unido que negocie sobre a soberania das Ilhas. No entanto, os britânicos rechaçaram os ofícios do Secretário Geral da ONU. O chanceler argentino, Héctor Timerman, solicitou ao secretário geral da ONU que encaminhasse novamente os pedidos às autoridades britânicas, no entanto, Ban Ki-moon confirmou que o Reino Unido rechaçou a mediação oferecida, no que pese as mais de 40 resoluções das Nações Unidas no sentido de que os dois países negociem um acordo pacífico e definitivo sobre a soberania das Malvinas.

A luta contra as colônias, contra o colonialismo e contra o imperialismo tem uma de suas mais intensas expressões na defesa de Cuba. O bloqueio comercial, econômico e financeiro dos EUA contra Cuba, imposto em outubro de 1960, é hoje condenado pela maioria dos países do globo, que votaram majoritariamente na Assembleia Geral da ONU pela condenação do bloqueio (188 países condenando o bloqueio, 3 votos contra a condenação e 2 abstenções) exigindo a necessidade de suspensão do mesmo e que cessem

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todas as medidas de ação coercitiva que não se baseiam na Carta das Nações Unidas.

Além disso, é exigido também dos Estados Unidos a libertação dos cinco heróis cubanos detidos em seu território, que se tratam de homens que lutaram para defender sua pátria dos planos terroristas gestados nos EUA e que tem ceifado vidas de inocentes por mais 50 anos, desde o início da Revolução Cubana.

Um dos desafios da esquerda latina para combater com êxito o imperialismo é participar da organização e luta do povo estadunidense. É importante distinguir o povo americano, que é nosso aliado, do governo, que é o principal responsável pela instabilidade econômica, política, social e militar que vive o planeta. Ao povo dos EUA devemos expressar nossa solidariedade pelas suas lutas por justiça social, contra a opressão e pelos direitos fundamentais.

Por fim, é necessário expressar nossa solidariedade aos milhões de imigrantes residentes nos Estados Unidos, muitos deles provenientes da América Latina e Caribe, em sua justa luta por direitos humanos, sociais e econômicos, a quem devemos apoiar sob o lema: "TODOS OS DIREITOS A TODOS E TODAS MIGRANTES E SUAS FAMÍLIAS".

1.7. Brasil: mudar para seguir mudando

Um mundo, e uma América Latina, cada vez mais conturbados e instáveis contribuem em grande medida para que estes traços se manifestem também na conjuntura brasileira.

Neste contexto, tomando a luta politica como uma expressão da luta de classes, é fundamental começar nossa análise pelos múltiplos movimentos que a burguesia brasileira faz no sentido de nos impor uma derrota.

Os setores fundamentais da burguesia, que puderam conviver, ainda que sempre protestando e sabotando, com diminuição do desemprego (e redução do exército industrial de reserva) e aumentos salariais (destacadamente o do salário mínimo) durante determinado tempo, não estão dispostos a permitir que se consolide de maneira permanente um novo patamar nas relações econômicas e sociais do país, pois isto implicaria num horizonte de redução de suas taxas de lucro.

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Noutras palavras, as frações dirigentes da burguesia não estão dispostas a permitir que se instale, aqui, no Brasil, algo nem mesmo similar ao Estado de bem-estar social construído na Europa do pós-Segunda Guerra.

De um ponto de vista mais global, não estão dispostos a assistir sem reação a continuidade de um governo de esquerda (ainda que moderado) no Brasil, principalmente quando este se constitui em ponto de apoio fundamental para a continuidade do processo de integração e avanços sociais protagonizados por vários países da América Latina desde 1998, com a eleição de Chávez na Venezuela.

E sua reação se articula nos campos econômico, politico, social e cultural, numa bem estruturada operação com conotações cada vez mais agressivas e ousadas.

Os traços principais desta “ofensiva burguesa” são: uma mudança da conduta do grande capital frente ao governo Dilma, as concessões do governo frente a estas pressões, a postura crescentemente anti-petista dos partidos da “base aliada”, a escalada de ataques diretos ao PT por parte da mídia e de setores do aparelho de Estado, destacadamente do Judiciário.

No campo econômico, os chamados rentistas, tanto os que pertencem à sua fração financeira, quanto os das frações industriais e comerciais, se esforçam, através de velhas e novas manobras especulativas, em transformar uma pretensa “explosão inflacionária” em motivo para pressionar pela elevação dos juros.

Economistas renomados receitam desemprego e redução dos investimentos como forma insubstituível para barrar a inflação. E incentivam a burguesia a refugar a realização de investimentos, mesmo em obras de infraestrutura financiadas com dinheiro público. A não ser que as taxas de rentabilidade, as margens ou, falando mais rudemente, os lucros, não forem maiores.

Falar em investimento de risco na indústria se tornou assunto proibido não só no sistema financeiro, mas também na própria fração industrial da burguesia.

Neste sentido, é motivo de extrema preocupação o movimento do Comitê de Politica Econômica (Copom), que em sua última reunião de abril, decidiu pela elevação da taxa Selic, numa situação em que a presidenta Dilma corretamente se manifestara, em viagem à África do Sul no final de março, no sentido de que não se deveria sacrificar o crescimento para combater a inflação.

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Imediatamente, parcelas crescentes do mercado financeiro, em orquestrada operação de mídia, passaram a acusar o Banco Central de leniência no combate à inflação e “perda de autonomia”.

Acusando o golpe, ao elevar a taxa Selic, o Banco Central capitulou à pressão do grande capital, adotando como instrumento de combate à inflação um instrumento que parte do pressuposto de que haveria excesso de demanda em relação à oferta.

Sério equivoco num quadro em que saímos de um muito baixo crescimento de 0,9% no ano passado, depois de um fraco crescimento de 2,7% em 2011, índices abaixo do crescimento médio mundial.

Os primeiros indicadores para este ano apontam para um crescimento de 3%, ainda distante dos anos 2004/2008, em que a economia cresceu em média 4,8% ao ano.

Não é consistente o argumento de que estaríamos vivendo um excesso de demanda face à oferta. Os defensores desta tese argumentam com o que tem ocorrido com o setor de serviços, cuja inflação nos últimos 12 meses atingiu 8,4%.

Ocorre que este setor, que quase não sofre concorrência externa, reajusta os preços de acordo com a demanda, que de fato, neste setor, cresceu acompanhando o fortalecimento do novo setor da classe trabalhadora que pôde aumentar seu consumo devido às politicas de transferência de renda e aumentos salariais, principalmente do salário mínimo.

No entanto, o setor de serviços representa apenas 25% do IPCA. Para os bens comercializáveis, que influem em metade do IPCA, há, ao contrário, excesso de oferta em relação à demanda, seja pela elevada ociosidade das empresas, seja pela oferta internacional, muitas vezes superior à doméstica. De conjunto, a tese do excesso de demanda não se sustenta.

Ao contrário, há argumentos de sobra que apontam para uma tendência ao arrefecimento da inflação nos próximos meses, sem que seja necessário lançar mão de aumento dos juros: uma queda geral dos preços das commodities, reflexo da redução do ritmo do crescimento mundial; tendência de queda dos preços dos alimentos, que foram responsáveis por 76% da inflação deste ano, mas começam a cair, conforme o IGP-10 medido em meados de abril; a politica governamental de segurar o câmbio, apesar do fluxo cambial fortemente negativo, como forma de manter baratos os produtos importados.

Por outro lado, o Brasil reconquistou a liderança do maior juro nominal do mundo, juntamente com a Índia. No juro real, descontada a inflação, o Brasil também lidera o ranking mundial, posição que tende a se complicar se o Banco

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Central der continuidade à politica de elevação da taxa Selic, num quadro em que a maioria dos Bancos Centrais do mundo opera de estabilidade ou redução dos juros devido à fraca atividade econômica.

Parece claro que a burguesia aposta no “fantasma da inflação” para solapar um daqueles que devem ser os pilares centrais do governo Dilma nos anos 2013-2014, qual seja, uma retomada robusta das taxas de crescimento, com elevação dos salários e manutenção das baixas taxas de desemprego.

Em parte por causa dos efeitos da crise, em parte porque a burguesia não tolera a combinação de salários altos e desemprego baixo, está ocorrendo uma mudança na postura do grande capital frente ao governo federal encabeçado pelo PT.

Estão deixando de existir aquelas condições excepcionais que permitiram a um governo de centro-esquerda, liderado por Lula, melhorar a vida dos pobres e ao mesmo tempo garantir grandes lucros aos ricos.

Do ponto de vista da luta de classes, o caminho trilhado pelo governo Dilma até agora oscilou entre a disposição de enfrentar o capital financeiro, que aplaudimos apesar de considerarmos insuficiente o que foi feito, e as sucessivas concessões ao grande capital em geral, via concessões, desonerações, subsídios e flexibilizações na legislação trabalhista e social.

Concessões feitas em parte porque não se percebeu a natureza integrada do grande capital financeiro, nem tampouco sua disposição política de impedir a consolidação de um novo patamar nas relações entre capital e trabalho no Brasil.

Por exemplo, o governo aposta fortemente em uma política de “desonerações” de produtos como forma de induzir uma redução de custos e preços, mas os empresários se aproveitam da desoneração para aumentar suas margens de lucro, não repassando os descontos aos consumidores.

Ademais, a renúncia fiscal que implicam as desonerações acaba incidindo em perda de potência do governo federal para bancar uma elevação da sua própria taxa de investimento e aprofundamento das politicas sociais, principalmente de saúde e educação, além de implicarem em riscos á previdência social.

É cada vez mais claro que o conjunto de concessões políticas e econômicas feitas pelo governo, aliadas à queda da taxa de juros, não resultaram numa retomada do investimento privado nos últimos anos.

O grande capital parece organizar uma “greve de investimentos” como instrumento para pressionar o governo a ainda maiores concessões, que não apenas manteriam sua taxa de lucro em níveis “neoliberais”, mas

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principalmente impediriam a consolidação de um estado de bem-estar social no Brasil.

Por outro lado, no campo propriamente político, a burguesia trata de ancorar suas apostas no campo da economia a várias iniciativas ligadas ao amplo espectro partidário ao seu dispor.

O PSDB e seus aliados próximos seguem sendo o principal representante partidário do grande capital, constituindo-se em alternativa renovada com a candidatura de Aécio Neves, deixando de lado qualquer veleidade de adotar um discurso popular e assumindo claramente o projeto direitista e reacionário de reinstalar o neoliberalismo completo no país.

Mas, na contingência de levar a eleição de 2014 ao segundo turno como única alternativa de impor uma derrota ao PT, a burguesia trata de articular alternativas competitivas.

A Rede-Sustentabilidade de Marina, ancorada em financiamentos do grande empresariado, se propõem a cumprir em escala ampliada o papel que cumpriu em 2010, disputando um voto potencialmente petista nos setores médios das regiões metropolitanas.

Expressões políticas da direita, manobram de forma a melhor se posicionar para a disputa eleitoral de 2014, como é o caso do ex-PPS, recém transformado em MD, flertando tanto com o PSDB como com as possíveis “alternativas” surgidas de dissidências da atual “base governista”.

Neste particular, as movimentações do PSB são cada vez mais explicitas e ousadas, postulando-se como algo novo, diferente do que denominam lulopetismo. Com o horário eleitoral gratuito de abril, o PSB deu um passo à frente na articulação da candidatura presidencial de Eduardo Campos, assumindo-se como alternativa capaz de “fazer mais”, por sinal o mesmo mote tucano na disputa de 2010.

No Congresso se afirma cada vez mais uma maioria, supostamente governista, que não aceita realizar qualquer reforma democrática, que abre espaço para correntes conservadoras assumirem postos de relevo, e que cobra caro a aprovação de qualquer projeto governamental. E no judiciário consolida-se a criminalização da política, com a tendência dos tribunais substituírem o legislativo como órgãos de última instância legal.

A formalização da investigação policial e judicial contra o ex-presidente Lula é apenas a ponta de um iceberg que tem como objetivo estratégico destruir a influência petista sobre o governo e sobre as camadas pobres e médias da sociedade.

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Um olhar um pouco mais atento sobre esses movimentos demonstram que eles estão articulados, seja por infiltrações de flanco, seja por ataques diretos ao núcleo da política governamental.

Em contrapartida, o PT e o governo parecem continuar tratando tais movimentos como conjunturais, ou táticos, sem levar em conta sua natureza estratégica, o que pode se revelar um erro fatal na disputa eleitoral de 2014.

1.7.1. Sindipetro-Ba

O Sindipetro-BA chega ao seu segundo ano de fundação com uma série de desafios. Disputas internas, desmobilização de unidades dentro de sua base e suspensão do mandato de diretores legitimamente eleitos estão entre os problemas a serem enfrentados pelos trabalhadores e pela direção. É importante para o sindicato e para a organização dos trabalhadores que a disputa de forças acarrete na proposição de políticas que aproximem a diretoria do conjunto dos trabalhadores e façam com que estes se sintam representados, seja nas idéias, seja na ação. Os petroleiros da Bahia formam uma categoria de trabalhadores que participam de atividades econômicas distintas, da extração ao refino, do transporte à geração de energia, assim como atividades administrativas e financeiras. Portanto, para que esse conjunto se sinta plenamente representado, a representação sindical deve ter uma liberdade de pensamento e as ações devem ser realizadas levando em conta as peculiaridades de cada local. É importante também que os dirigentes participem mais das discussões na base, seja através das setoriais, seja por outras mobilizações. É através dessas discussões que haverá a confiança necessária para a luta.

1.7.1.1. O processo de desunificação

O processo de desunificação que resultou na criação no Sindipetro foi bastante conturbado. A categoria petroleira sentia um arrefecimento da luta e creditava parte desse arrefecimento à unificação com os químicos. O processo de unificação ocorrera mais de uma década atrás, e ambas as categorias não enxergavam avanços naquela estrutura. A dificuldade em disputar uma base tão heterogênea fazia com que as direções se mantivessem, gestão após gestão. Ao longo do tempo, o processo interno de ruptura entre as forças que dirigiam o sindicato criou um cenário onde se abriu a possibilidade de haver disputa entre duas chapas oriundas da diretoria, uma formada pela FI, hoje Articulação de Esquerda, junto aos químicos do Reencantar, hoje CSD. A outra

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chapa era formada pela Articulação Sindical, CTB e CSD(ligado à DS). A chapa 1, formada pela FI e Reencantar defendia a manutenção do sindicato unificado por ramo econômico, conforme preveem as resoluções da CUT. Já a chapa 2, defendia a desunificação do sindicato. As eleições passaram por uma série de eventos, gerando um segundo e um terceiro turno. Entre estes últimos, foi realizado um acordo entre forças que já garantiam a desunificação, conforme aprovada em congresso. Esse acordo previa também que as eleições seriam contadas em separado por categoria, e que as direções dessas categorias seriam nomeadas por eleições proporcionais. Desta forma o terceiro turno correu de forma um pouco mais tranquila, diminuindo os tumultos que fizeram com que chegasse a esse ponto, tal qual obstruções de urnas ou sumiço de listas de votação. Apesar da desunificação já estar selada, a defesa da unificação pela chapa 1 fez com que a votação diminuísse o resultado final dentro da categoria petroleira. Desta forma, conseguiu obter maioria entre os petroleiros ativos, porém, com o resultado da votação dos petroleiros aposentados, obtendo 40% dos votos. Assim, a diretoria do Sindipetro-BA foi empossada com a composição de 32 membros da chapa 1 e 48 membros da chapa 2. O processo de defesa da desunificação proposto pela chapa 2 se mostra incoerente, já que, mesmo depois de desunificado, o sindicato se mantém filiado à Confederação Nacional dos Químicos, demonstrando a importância de se manter os laços, como defendido pela chapa 1.

2. Propostas políticas

2.1. A OLT como princípio organizativo do sindicato.

É vital para uma reconstrução plena do Sindipetro-BA que ele tenha uma formatação diferenciada, que atenda às necessidades e demandas de todo o conjunto dos trabalhadores. A Organização no Local de Trabalho deve se constituir enquanto princípio político e organizativo no sindicato. É nos locais de trabalho onde ocorre o ápice da luta de classe, a relação direta entre opressores e oprimidos. As comissões de fábrica se constituem numa grande arma da luta dos trabalhadores. Se organizando localmente, os trabalhadores conseguem avanços pontuais, que são importantes na rotina dos trabalhadores, e ao mesmo tempo provocam uma politização que favorece a luta dos trabalhadores. As organizações no local de trabalho estabelecem uma conexão direta entre a base e o sindicato, incentivando a participação e a mobilização dos trabalhadores. Porém, para que estas comissões tenham efetividade, devem possuir autonomia para convocar assembleias locais e realizar suas próprias deliberações, levando-as ao sindicato para que se dê prosseguimento às ações de apoio. Cabe ao sindicato a tarefa central de

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articular as ações e deliberações conjuntas, assim como fornecer apoio material e político. A direção da OLT é o elo entre a base e a direção do sindicato, sendo responsável pelas convocações de assembleias e repasse dos informes. A escolha dos representantes das bases se daria em eleição proporcional, garantindo a pluralidade de pensamento e opinião dos membros da OLT. Conjuntamente, essas OLTs formariam a comissão de base. A partir desta forma de organização, é possível reduzir o número de dirigentes na administração da estrutura central do sindicato, necessitando apenas de uma secretaria executiva e suplência, cabendo à comissão de base função equivalente à plenária do sistema diretivo. Desta forma, é possível manter uma estrutura democrática e com um contato próximo com a base, além de permitir o surgimento de um número muito maior de quadros e consequentemente a construção de um sindicato mais forte e representativo.

Propostas:

• Prever no estatuto a existência das OLTs. • Criação, no estatuto, da Comissão de base, formada pelos

dirigentes das OLTs. • Número de membros de cada OLT se daria de acordo com o

número de votos computados na sua respectiva base. • Bases com menos de 20 votos computados, 1 representante.

Bases com mais de 20 votos computados e menos de 50 votos, 3 representantes. Bases acima de 50 votos, 4 representantes + 1 representante a cada 100 votos(acima de 150votos, 5 representantes; acima de 250 votos, 6 representantes e assim por diante.)

• Representantes das OLTs escolhidos proporcionalmente aos votos de cada chapa.

• Autonomia das OLTs para convocar assembleias e reuniões locais e encaminhar ao sindicato.

2.2. Democratização da gestão da máquina sindical.

A democratização e acesso dos trabalhadores às discussões e decisões internas devem ser tratados como prioridade da categoria. A participação da categoria é de suma para o fortalecimento do nosso sindicato enquanto entidade representativa da categoria. A proximidade da categoria ajuda a legitimar as decisões e ações do sindicato fazendo com que elas sejam mais efetivas. Dentre as propostas para que haja uma maior democratização da gestão da máquina sindical, estão:

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2.2.1. Direção colegiada

Para que haja a descentralização do poder, defendemos a mudança do modelo de coordenação geral (nada mais que um presidencialismo disfarçado), onde um bom número de decisões e deliberações são feitas pelo coordenador, para o modelo de direção colegiada, onde todas as decisões política tem de ser tomada por um colegiado de dirigentes. Desta forma, a emissão de documentos, representação do sindicato em eventos e negociações seriam decididos pelo grupo, escolhendo o dirigente representante conforme os critérios de necessidade e representatividade mais adequados a cada situação. Além disso, é importante que os pagamentos realizados pelo sindicato passem por um controle de um maior número de diretores, sendo emitido pela tesouraria, assinado pela secretaria geral e liberado através da ciência da emissão do cheque pela secretaria responsável, sendo obrigatório o arquivamento da guia de pagamento pela tesouraria. Desta forma a utilização de recursos do sindicato terá o conhecimento de um maior número de diretores e um maior controle.

Propostas:

• Retirada da coordenação geral da secretaria executiva • Transferência de parte das responsabilidades do coordenador

geral para o secretário geral • Representação do sindicato em eventos e negociações decididos

por um colegiado. • Assinaturas de ordens de pagamento deverão ser realizadas pela

secretaria geral e da tesouraria, com a ciência da secretaria responsável pela utilização desta, conforme definido em orçamento participativo.

2.2.2. Orçamento participativo

É importante que além da apresentação dos gastos anuais, seja decidido bianualmente pela categoria a divisão dos recursos pelas secretarias do sindicato, através de votação no congresso anual da categoria. O orçamento participativo é um mecanismo de controle popular sobre os recursos do sindicato, e depende diretamente da participação da categoria para que seja respeitado e cumprido. Através das plenárias de construção do orçamento, os filiados teriam acesso às finanças do sindicato, conhecendo a situação financeira e promovendo as alterações necessárias para o bom funcionamento do sindicato no período entre a votação de um orçamento geral e outro.

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Propostas:

• Votação do orçamento geral bianualmente durante o congresso da categoria

• Plenárias orçamentárias semestrais para avaliação e modificação dos orçamentos aprovados.

2.2.3. Portal da Transparência

Diante das novas tecnologias de comunicação, a utilização dos recursos do sindicato deve ser atualizada periodicamente, de forma clara e transparente e deixadas à disposição para consulta pela categoria. A utilização de portais é altamente difundida em todo o mundo como forma de disponibilizar documentos, gastos e receitas de entidades. Permitindo todo filiado tenha acesso aos gastos do sindicato, evidencia para a categoria a lisura dos processos internos, além do uso dos recursos conforme os objetivos previstos.

Proposta:

• Criação de portal da transparência do Sindipetro BA, com lançamento semanal de gastos do sindicato.

2.2.4. Consulta a documentos do sindicato

É flagrante a falta de transparência do sindicato quanto à emissão de seus documentos. A categoria não sabe dizer, por exemplo, quais são os diretores liberados pelo sindicato, e o mecanismo utilizado por cada um deles para sua liberação. Outro exemplo é que mesmo com a solicitação exaustiva do regimento interno, muitos diretores do sindicato não tiveram acesso ao documento, elementar para uma participação qualificada dos diretores. Essa situação pode ser modificada, fazendo com que a categoria tenha acesso aos documentos, e que haja a devida graduação de sigilo destes permitindo estratificar sua exibição conforme a necessidade de divulgação do documento. Juntamente com o portal da transparência, a ferramenta de consulta a documentos do sindicato traria uma maior capacidade da categoria acompanhar e fiscalizar.

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Propostas:

• Criação, junto ao portal da transparência, de um portal de consulta a documentos do sindicato.

• Separação dos documentos conforme o grau de sigilo: o 1 – Aberto ao público o 2 – Aberto aos filiados o 3 – Apenas para a direção do sindicato, aberto aos filiados

após 6 meses

2.2.5. Eleição para o conselho de ética.

O conselho de ética é um órgão importante do sindicato, com a missão de avaliar a conduta da direção e encaminhar ações de fiscalização e punição necessárias. Porém, o conselho de ética não pode se tornar um espaço de demonstração de poder e “retificação” das ações da minoria pela maioria. Para evitar que isto aconteça, o conselho de ética, assim como o conselho fiscal, deve ser eleito na base, buscando assim uma maior lisura de suas decisões e o mínimo de interferência política nas decisões de um órgão com tais poderes.

Proposta:

• Eleição direta dos membros do conselho de ética.

2.3. Eleições participativas e transparentes.

A eleição que formou a atual direção do Sindipetro-BA foi uma eleição extremamente conturbada. Denúncias de violência e fraude por ambas as chapas fizeram com que a categoria se sentisse ainda mais descrente da instituição sindical. O bloqueio da saída de urnas, e denúncias de desaparecimento de listas, inclusive a destruição de algumas delas, foram fatores que tornaram a eleição obscura. Tais acontecimentos devem ser energicamente rechaçados pela categoria e combatidos pelos participantes das chapas que irão concorrer à eleição. O processo eleitoral deve trazer a categoria para decidir e se sentir parte ativa do processo, não podendo ser essa credibilidade minada por denúncias e malfeitos por parte da comissão eleitoral. Tais orientações trariam uma maior confiança da categoria e legitimidade ao processo, aproximando a categoria e o sindicato.

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Propostas:

• Utilização de urnas eletrônicas do TRE na votação • Mesários das eleições devem pertencer à categoria, podendo as

chapas indicar apenas fiscais externos.

2.4. Fim do imposto sindical

No ano de 2012 a CUT lançou uma grande campanha defendendo o fim do imposto sindical. O Sindipetro-BA, filiado à CUT, também participou da campanha. O fim do imposto sindical é defendido pela CUT desde o princípio, e sempre foi visto como um mecanismo de manutenção de sindicatos cartoriais, que utilizam o imposto para manter estruturas que não representam o trabalhador e servem apenas para captação desses recursos. Defender o fim do imposto sindical é defender um sindicalismo que não depende da burocracia perante o governo e do patrão, mas da filiação e da participação dos seus associados. O imposto sindical deve ser substituído por taxas negociais aprovadas em assembleias, e possibilitando a categoria que tenha esse recurso restituído caso seja de seu interesse.

Propostas:

• Intensificar campanha pelo fim do imposto sindical. • Enquanto não houver mudança na lei que rege o imposto sindical,

disponibilizar a restituição dos valores aos associados. • Realizar campanha para que os trabalhadores não solicitem

restituição do imposto.

2.5. Formação política

O processo de formação política é uma das colunas centrais da organização dos trabalhadores. Bombardeados diariamente pelo aparato de comunicação capitalista, muitas vezes os trabalhadores não tem acesso ao posicionamento e opinião formulada fora dos grandes círculos empresariais e de interesse da classe trabalhadora. Através do estudo das teses, resoluções, dos documentos históricos e análises de conjuntura os trabalhadores conseguem ter uma percepção muito mais apurada da luta de classes. Com isso, se fortalece no imaginário dos trabalhadores a construção de um horizonte programático socialista. O processo de formação é especialmente importante para os diretores sindicais, que tem tarefa de elaborar estratégias e táticas para que se atinjam os objetivos da luta dos trabalhadores. É importante

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que os diretores tenham essa capacidade de elaboração, tão essencial para aqueles que representam toda uma categoria. O poder do dirigente está na confiança que a categoria lhe deposita, e é necessário que este tenha capacidade de decisão e argumentação.

2.5.1. Eventos formativos

Com vistas a manter uma formação política contínua e fortalecimento de uma cultura operária, é importante que o sindicato mantenha eventos formativos periódicos, tanto na sua sede como também nas subsedes. Através de debates programáticos, apresentação de vídeos, grupos de leitura e palestras. Os eventos formativos devem ocorrer no máximo mensalmente, criando não só um espaço de formação da categoria como também uma cultura de participação em eventos ligados à luta dos trabalhadores. Vídeos sobre o capitalismo, a luta pelo socialismo, meio ambiente, segurança industrial, movimentos sociais e sobre outros assuntos devem contribuir de forma didática para suscitar o debate sobre os rumos da luta sindical e da organização dos trabalhadores.

2.5.2. Formação intensiva

Além dos eventos formativos, de caráter mais lúdico/didático, o sindicato deve promover também jornadas de formação intensiva, visando manter uma política de formação e renovação do quadro de dirigentes. Com cargas horárias superiores às 24 horas, as formações intensivas ajudam o militante a aprofundar o estudo das lutas sociais e compreender melhor o papel do dirigente nesse processo. As formações intensivas devem fornecer subsídios para que os dirigentes tenham capacidade analítica, como também de ação, para que possam formular estratégias e táticas para o avanço dos trabalhadores. Para que esses cursos de formação não sejam um espaço de doutrinamento e sim de conhecimento e conscientização política, deve-se buscar formar uma grade onde haja a participação de diversas correntes e pensamentos, porém sempre focados na estratégia maior: a luta do trabalhador por uma sociedade mais justa, onde não exista opressão.

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Propostas:

• Criação dos cine-debates, espaço de formação da categoria, a serem realizados periodicamente, apresentando vídeos sobre os diversos assuntos de interesse na formação do trabalhador.

• Criação de grupos de leitura solidária, com troca de livros e discussões sobre livros específicos.

• Realização de cursos de formação intensivos, de carga horária superior a 24 horas-aula, com a participação dos diretores e militantes de base que desejem se aprofundar nos estudos sobre a luta de classes.

2.6. Formação de massas

Além da formação militante, é necessário também atentar para a formação de massas. A discussão política realizada em momentos de mobilização deve sempre possuir o caráter de conscientização das bases, além de um chamado à participação. O sindicato tem de ser responsável pela criação de uma cultura de solidariedade, conscientização e mobilização. A adesão massiva de trabalhadores é o que traz à categoria a legitimidade e o apoio necessário às ações de enfrentamento. Portanto, é nesse momento onde devem ser introduzidas as principais ideias-força do movimento do trabalhador.

2.6.1. Assembleias.

As assembleias são instrumentos de decisão coletiva da categoria e onde são confrontadas as diferentes propostas e ideias. O espaço da assembleia deve ser democrático e contemplar a diversidade da categoria. O espaço à exposição de ideias, propostas, encaminhamentos deve ser aberto e incentivado à sua utilização. A realização de manobras que visem censurar ou vetar a participação de qualquer trabalhador deve ser devidamente rechaçada. A livre participação e manifestação devem ser respeitadas, inclusive a não participação. Porém, as decisões ficam a cargo daqueles que participaram da assembleia. Novamente é importante frisar: a adesão é o que traz a legitimidade e o apoio necessário às ações de enfrentamento.

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2.6.2. Paralisações.

As paralisações são mobilizações realizadas em protesto, podendo também adquirir caráter de decisão. É importante que as paralisações sejam discutidas e realizadas com apoio e anuência da base dos trabalhadores. A participação da categoria nestes momentos é de vital importância para demonstrar a capacidade de mobilização e a resiliência para o caso de uma intensificação do processo de lutas. O foco neste espaço não deve ser o do confronto de ideias e sim o enfrentamento a um inimigo comum e a afirmação de ideais. A não participação da categoria neste tipo de processo significa uma derrota no enfrentamento.

2.6.3. Movimentos grevistas.

O movimento grevista é resultante de um processo de acúmulo de tensões, devido a recorrentes impasses em negociações. A greve deve possuir um caráter de assembleia permanente, assim como de paralisação. É primordial para a efetividade dos movimentos grevistas a instituição de um comando grevista, com o intuito de coordenar e articular as ações grevistas. A greve implica da quebra da relação entre empregado-patrão, e como tal, deve ser convocada por tempo indeterminado, até que se chegue a uma solução do processo de tensão. As greves podem tanto ter um aspecto paredista, onde a produção é parada através da não entrada e não realização dos trabalhos, como o de ocupação, onde os trabalhadores assumem a produção. É importante que o comando grevista realize as movimentações de acordo com a avaliação da conjuntura na qual está inserida. O comando deve conquistar a confiança da categoria para que suas ações demonstrem a força necessária para pressionar a empresa.

2.6.4. Periódicos

É importante que o sindicato possua um periódico não só de caráter informativo, como também um de caráter formativo, que traga além das demandas, debates. Análises de conjuntura, proposições e projetos devem ser amplamente divulgados e debatidos com a categoria para que haja uma maior formação de consciência política acerca da atuação sindical e o movimento dos trabalhadores. É necessário que o socialismo, o fim da exploração do homem

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pelo homem, seja esmiuçado, para que os trabalhadores compreendam o processo político e possam ir além dos clichês apresentados pela grande mídia. Para combater o pensamento capitalista que se mantêm sistematicamente em evidência, é necessário haver um contraponto, que, mesmo não possuindo o mesmo alcance e periodicidade, é preciso também haver um debate sistemático sobre o socialismo e a estratégia a ser adotada.

Propostas:

• As manifestações acima devem também constituir possuir um aspecto de formação de massas, indo além do atual conceito, limitado, de que estes são apenas espaços de manifestação.

2.7. Mobilização contínua, o papel das reuniões setoriais.

A luta dos trabalhadores deve ser fortalecida dia a dia para que tenha efetividade. A construção desta luta deve se dar mediante um processo de acúmulo de forças para realização de enfrentamentos em momentos chave. O acúmulo de forças advém da organização gradativa da categoria em torno de um ideal, programa ou apenas questões pontuais. É importante que o sindicato e os trabalhadores mantenham-se sempre organizados, criando pequenos espaços informais de discussão onde os trabalhadores coloquem em discussão suas opiniões, necessidades e desejos. O dirigente sindical deve assumir como compromisso político a realização de reuniões setoriais, tanto para ouvir a sua base, como também expor suas opiniões e teses. O distanciamento da direção sindical de sua base é um fator de insatisfação enorme entre os trabalhadores e isto deve ser combatido. A dispersão de forças ocasionada por esse distanciamento enfraquece a organização dos trabalhadores e faz com que haja também um crescimento de ideais conservadores na classe trabalhadora. A reunião setorial é uma importante ferramenta para evitar essa dispersão de forças e essencial para o empoderamento dos trabalhadores e sua participação a luta.

Propostas:

• Realização de reuniões setoriais constantes. • Setorial como espaço de discussão informal de caráter

informativo e formativo.

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• Estimular participação dos trabalhadores através da discussão de problemas pontuais.

• Estimular a luta política pela base, sem elementos burocráticos.

2.8. Participação da juventude, a renovação enquanto política sindical.

É facilmente perceptível no sindicato a dificuldade de dialogar com os novos trabalhadores. Constituídos na direção enquanto grande minoria, o número de trabalhadores jovens vem se ampliando cada vez mais nos quadros da empresa. Além disso, o longo período sem contratações fez com que a empresa tenha trabalhadores com bastante tempo de casa(mais de vinte anos) e trabalhadores com pouco tempo de casa(menos de dez anos), entre estes, um grande vácuo que fez com que boa parte da cultura de luta da categoria fosse perdida. Soma-se a esse fato o arrefecimento da luta que ocorreu no período de governo iniciado com a eleição do presidente Lula. Neste período, apesar das conquistas, houve pouca formação de lideranças, e os novos trabalhadores não foram incentivados a lutar como fora em outros momentos. É importante que a participação do jovem seja incentivada, para que haja renovação de quadros e, consequentemente, a continuidade da política do trabalhador. Mas incentivar a participação do jovem não é apenas utilizá-lo como tarefeiro, é importante que a opinião da juventude seja levada em conta na formulação das propostas e posicionamentos a serem adotadas. A luta pela emancipação do jovem passa por compreender que eles também têm condições de analisar e orientar os processos políticos. É importante que ao participar, o jovem não apenas seja influenciado pelas ideias vigentes, como também as influencie. De nada adianta trazer o novo, e mantê-lo sempre atrelado aos pensamentos anteriores. Além das ideias, é importante que os jovens tenham a participação equivalente à sua presença na categoria, trazendo maior representatividade aos seus posicionamentos.

Proposta:

• As chapas concorrentes à eleição devem ser constituídas por no mínimo 30% de jovens.

• Participação em jornadas de luta da juventude e incentivo à participação dos jovens da categoria nestes eventos.

• Fortalecer uma pauta de longo prazo com políticas específicas para a juventude.

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2.9. Participação dos trabalhadores nas decisões da empresa, o processo de construção da administração direta.

Uma questão importante da luta pelo socialismo é a propriedade social dos meios de produção e a democratização das decisões no poder. É fácil notar que mesmo após a chegada do partido dos trabalhadores ao governo central no Brasil, pouco mudou na Petrobrás o fluxo de decisões. Essas decisões continuam sendo tomadas de cima pra baixo, sem um mínimo de consulta aos trabalhadores, em geral feitas por iluminados aficionados por números, mas que pouco se importam com a realidade. No início do governo Lula, foi gestado um processo interessante de participação dos trabalhadores nas decisões da empresa, chamado “Fórum Pensar Petrobrás”. Uma iniciativa muito interessante que trazia a gestão da empresa para perto dos trabalhadores, com estes apontando seus anseios e sua visão estratégica da empresa. Infelizmente, após o fórum apontar aqueles dirigentes que iriam tomar as rédeas de tal processo, o fórum foi implodido, se configurando como uma espécie de golpe contra-revolucionário em relação aos trabalhadores da Petrobrás. Neste processo, diversos dirigentes e ex-dirigentes sindicais foram nomeados para a gestão da empresa. Porém, em vez de manter-se o controle das políticas e das decisões, estes dirigentes voltaram-se apenas para a gestão da empresa, deixando de lado a participação dos trabalhadores. No processo de luta pelo socialismo, é importante que os trabalhadores sejam os responsáveis pela gestão da empresa, conhecendo suas atividades, planejando e executando as diretrizes estratégicas definidas pela categoria. Para isso, é necessário que se utilize a gestão da empresa como ferramenta de transferência do conhecimento de gestão para os trabalhadores, para que esses também detenham o “saber-fazer”(know-how). É importante que as diretrizes e os gestores da empresa sejam definidos de forma democrática e submetidos a avaliação contínua para que não se afastem dos propósitos inicialmente definidos. Tomar a gestão da empresa para os trabalhadores é preciso, para que se afaste qualquer possibilidade de ataque aos seus princípios estratégicos de abastecimento e fortalecimento do mercado interno.

2.10. Fortalecimento estratégico da categoria petroleira

A luta pelo fortalecimento estratégico da categoria é necessária para que o sindicato tenha poder político e possa, enquanto representante dos trabalhadores, encaminhar demandas aos diferentes níveis de fóruns decisórios da sociedade. Com uma categoria forte e organizada, podemos pressionar a empresa, os governos e ajudar outros movimentos sociais. Para

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tanto, antes de tudo, é necessário lutarmos pela ampliação da categoria e organizá-la de forma a perceber a sua organização. Os petroleiros da Bahia, enquanto categoria, têm hoje representantes em diversas esferas de poder, somos o único estado que possui um deputado federal advindo da categoria, temos também um deputado estadual e vereadores, todos cargos eleitos com a participação dos petroleiros. Isso denota uma grande capacidade de organização e intervenção da categoria, mesmo nos ambientes institucionais, além de uma identidade enquanto trabalhador petroleiro. É importante para o conjunto dos trabalhadores que a direção sindical organize esta força social e utilize-a em favor dos trabalhadores. A todo o momento os representantes executivos e legislativos são duramente pressionados pela classe capitalista, enquanto vemos nossos representantes, eleitos pelos trabalhadores e com a confiança destes, não serem pressionados pela categoria e muitas vezes inclusive abandonando-a, apenas submetendo seu mandato a grupelhos políticos com mais preocupações com suas questões individuais do que as questões coletivas da categoria. Por isso, para o fortalecimento estratégico da categoria, devemos sim fortalecer nossa presença nos meios institucionais, assim como lutar pelo crescimento da base social do sindicato.

2.10.1. Suporte a mandatos parlamentares

É de extrema importância para a categoria petroleira a presença de representantes institucionais nos diversos polos de poder, seja câmara de vereadores, câmaras de deputados e inclusive outras instâncias. Para tanto, o representante deve se legitimar enquanto representante, mas tem que se consolidar também enquanto parte da categoria. Em muitos momentos, ao entrar para o ramo institucional, os “representantes” dos petroleiros se descolam totalmente da sua vida enquanto trabalhador, assumindo apenas a posição de parlamentar. Infelizmente, a inserção no poder institucional, enquanto representante do Estado, passa a se sobrepor ao poder social, de representante de toda uma categoria. A falta de pertencimento faz com que esses parlamentares se distanciem da base, só aparecendo de 4 em 4 anos para tentar colher os votos. Porém, a categoria já se encontra calejada em relação a tais atitudes, e como protesto, já ameaça inclusive não votar nem mesmo no Partido dos Trabalhadores, que sempre teve forte influência junto a categoria petroleira, devido aos descontentamentos e a decepção com os rumos que os companheiros que assumiram a luta institucional vem tomando. É importante para o sindicato que retome as rédeas do processo, incentivando a participação institucional da categoria petroleira, mas mostrando também que para que um trabalhador se torne representante da categoria, deve assumir compromissos com relação a sua atuação nestes espaços de poder. Outro

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detalhe, não menos importante, é que os cargos institucionais não podem ser utilizados como meio de melhoria de vida pessoal, cabendo aos eleitos assumir a posição de manter uma renda e condição de vida compatível com o restante da categoria. Além disso, o mandato parlamentar deve assumir o compromisso da total transparência com relação a seus assessores, ajudas de custo e outras questões de estrutura de mandato.

• Incentivar a participação de diretores e membros da categoria em eleições parlamentares de forma a aumentar a participação da categoria nos espaços institucionais de poder.

• Estabelecer a pauta dos trabalhadores para que estes representantes defendam ativamente em seus mandatos.

• Garantir a liberação dos diretores que consigam se eleger em tais cargos, ou petroleiros que assumam cargo de assessoria, evidenciando o pertencimento à categoria petroleira. Deve ser necessário também cobrar certas atitudes para que esta liberação seja garantida:

o Doação do salário de parlamentar/assessor para o sindicato, cabendo ao eleito manter apenas o salário garantido pela liberação, mantendo assim um nível de vida equivalente ao do restante da categoria.

o Prestação de contas em relação aos assessores, detalhando sua remuneração e sua função política dentro do mandato.

o Prestação de contas em relação ao uso das ajudas de custo do parlamentar.

o Prestação de contas periódicas com relação às ações tomadas pelo parlamentar para que seja explicitado o apoio às pautas definidas pelos trabalhadores.

2.10.2. Defesa da primeirização e manutenção as unidades.

Constitui-se como um ponto importantíssimo da pauta estratégica dos trabalhadores a defesa da primeirização e a manutenção das unidades já existentes. Para o fortalecimento estratégico da categoria, o contingente de trabalhadores é fator um dos fatores chave, além da sua organização. Quanto ao fator organização, fora os métodos, é muito difícil de avançar dentro da categoria petroleira. A categoria já possui uma alta taxa de sindicalização, comparando-se a outras categorias, devido à identidade que o petroleiro tem enquanto trabalhador. Portanto, não é através de uma melhor organização que conseguiremos ampliar o contingente de petroleiros ligados ao sindicato. Assim como é necessidade ampliarmos o contingente de trabalhadores, é necessário

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também lutar contra qualquer tentativa de redução do mesmo, como desmobilizações e as novas tentativas de “desinvestimento”, desenterradas nessa nova gestão da empresa.

É necessário à categoria petroleira da Bahia que se organize e lute pela manutenção das unidades aqui existentes, não permitindo que se reduza o quadro de trabalhadores e consequentemente o esvaziamento da instituição. Dentro do quadro atual, um dos pontos mais importantes a se questionar, é o fato de que para cada trabalhador próprio, existe um sem-número de contratados, muitas vezes realizando atividade igual, porém com seus direitos precarizados. Assumir a luta pela primeirização é, ao mesmo tempo, assumir a luta contra a precarização do trabalho e a luta pela ampliação da categoria.

É inaceitável que a empresa possua a quantidade de trabalhadores contratados que tem em atividades de tanta importância, como controle e acompanhamento de gestão, fiscalização de contratos, inspeção de equipamentos, planejamento e execução da manutenção, inclusive a de rotina, elaboração de projetos e tantos outros. Um exemplo de total incoerência ocorre nas atividades de inspeção, chanceladas com os “Serviços próprios de inspeção de equipamentos”, em muitos lugares o que se vê é uma contratação de mão de obra terceirizada desenfreada, com fraquíssima presença de trabalhadores próprios. Além disso, é importante que os trabalhadores se mobilizem contra o desmantelamento que está havendo na empresa, principalmente no Nordeste do país, devido às fortes pressões do mercado para que se mantenham apenas os ativos de altíssima rentabilidade. Tudo isso desobedece à premissa de que o principal objetivo da Petrobrás é o abastecimento do país, que é um dos suportes à luta da nação pela sua soberania e independência energética. A desativação de diversos ativos da empresa pode fazer com que muitas economias locais entrem em colapso, a exemplo do Rio Grande do Norte, Sergipe e a própria Bahia. É preciso denunciar todas as estratégias que estão sendo montadas para que a Petrobrás deixe de ser uma empresa comprometida com o seu país e passe a comprometer-se com o capital internacional. À luta!

Propostas:

• Impulsionar e fortalecer as campanhas pelo fortalecimento da exploração e produção em campos terrestres e pela retomada do investimento em abastecimento, principalmente no Nordeste.

• Defender de forma intransigente uma política de primeirização e valorização dos seus quadros.

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2.10.3. A luta pela instalação de novas unidades.

É importante também que os petroleiros compreendam a geopolítica do setor de petróleo e as questões políticas do país, para que possam cobrar, de forma qualificada, a instalação de novas unidades, fortalecendo nossa estrutura produtiva. Os trabalhadores devem buscar informações sobre as necessidades do país, para que desta forma proponham o crescimento da força produtiva da empresa, sempre atendendo à estratégia de abastecimento do mercado interno. Devem se espalhar pela categoria propostas de instalação de unidades diversas, buscando atender as necessidades do país e dos seus cidadãos.

2.10.3.1. Em defesa da construção de uma FAFEN-Itabuna.

Dentro da proposta de luta por novas unidades na Petrobrás, se destaca a possibilidade da construção de uma FAFEN(Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados) na região de Itabuna. Isto se dá pelo fato de que a região agora reúne os elementos de infra estrutura necessários a sua instalação. A região possui a matéria prima necessária para a fabricação de fertilizantes nitrogenados, que é o gás natural, hoje disponível através do GASENE. Além disso, a construção da Ferrovia da Integração Oeste-Leste, pela VALEC, garante o acesso a um mercado promissor que é a região conhecida como MAPITOBA, envolvendo parte do Maranhão, Piauí, Tocantins e o oeste da Bahia, considerada a última fronteira agrícola do país. A ferrovia foi construída pensando basicamente na exportação de produtos agrícolas e minerais. A introdução de um novo produto a ser transportado garante a sua rentabilidade, principalmente se levado em conta que o transporte se dará da costa para o interior do país, um sentido no qual está previsto a subutilização da ferrovia. Além disso, a fabricação de fertilizantes é estratégica para a produção agrícola e, como tal, para a segurança alimentar do país. O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores agrícolas do globo, é também um importador de fertilizantes, ficando a sua produção/produtividade a mercê de grupos internacionais. A construção da FAFEN na região de Itabuna além de atender à demanda estratégica da produção agrícola brasileira, impulsionaria a constituição de um contingente operário naquela região, o que é fortaleceria a presença da categoria petroleira no estado.

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2.10.3.2. A disputa pelas bacias de Tucano e São Francisco

Além da FAFEN na região de Itabuna, é importante que seja posto em pauta pela categoria petroleira a disputa pelas bacias de Tucano e do São Francisco. A concessão de ambas as bacias serão leiloadas no 11ª leilão da ANP. Diante das investidas do grande capital com relação à capacidade de absorção de novos campos pela Petrobrás, é importante que a posição política de interesse da companhia nesse ativo seja consolidada. Neste sentido, é importante a mobilização da categoria petroleira, de forma a garantir o controle dessas bacias sob as decisões estratégicas da nação.

Propostas:

• Realizar uma campanha abrangente junto ao governo da Bahia, União e Petrobrás para a viabilização da instalação de uma unidade de Fabricação de Fertilizantes Nitrogenados na região de Itbabuna. Assim como cobrar uma participação efetiva da empresa nos leilões.

3. Pautas Econômicas/sociais

3.1. Reconhecimento dos estudos do DIEESE

O DIEESE é uma instituição de pesquisas econômicas com o foco voltado para o trabalhador. Assim sendo, devemos buscar incessantemente que sejam adotados como padrão os valores propostos por esta instituição.

Propostas:

• O menor salário base da categoria deve ser igual ou maior que o salário mínimo proposto pelo DIEESE.

3.2. 6ª Turma

Configura-se enquanto uma das maiores lutas do movimento sindical a questão da redução da carga horária de trabalho sem redução de salários. Uma questão importante trata-se da luta pela 6ª turma para trabalhadores que trabalham em regime de revezamento de turno ininterrupto.

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Propostas:

• Implantação da 6ª turma para o regime de turno.

3.3. Administrativo de campo com jornada 36h.

É comum no sistema Petrobrás, e principalmente nas unidades da Bahia, que haja grandes deslocamentos dos trabalhadores para chegar ao seu local de trabalho. Esses deslocamentos geram uma série de problemas pessoais na vida dos trabalhadores, além do desgaste físico e psicológico. A redução da carga horária para 36 horas permitiria aos trabalhadores em áreas industriais que obtivessem 2 folgas mensais sem haver a necessidade de compensação diária das mesmas.

Propostas:

• Carga horária semanal de 36 h para trabalhadores em regime administrativo de campo

3.4. Resgate do aposentado

O petroleiro aposentado está abandonado. A Petrobras, nos últimos anos, tem adotado uma política de descarte do aposentado, reduzindo os seus direitos e afastando-o, cada vez mais, do trabalhador da ativa. Com a repactuação, o aposentado passou a ter o seu benefício Petros reajustado apenas pelo IPCA, o que tem lhe causado, ano a ano, a perda do poder aquisitivo. Então, a sua esperança, é ganhar alguma ação na justiça para lhe tirar do sufoco. A maioria recorre a empréstimos nos bancos e na Petros, alguns até ficam presos nas mãos de agiotas.

O trabalhador da ativa, embora tenha o salário, também reajustado pelo IPCA, pelo menos, tem um ganho sobre o complemento da RMNR e um abono que, junto com a PLR, em parte, alivia a situação.

Não dá para quem trabalhou 25,30,35 ou mais anos construindo essa grande empresa, passar o resto da vida passando necessidades, vivendo de empréstimos. O aposentado merece viver com dignidade.

Propomos que a Petrobras, reconhecendo uma vida de dedicação e contribuição, pague ao aposentado um abono anual correspondente a um benefício, no mês de junho.

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Sabemos que isso não vai resolver a situação do aposentado mas, pelo menos, alivia a sua vida financeira. Além disso, pelo lado da empresa, será mais um atrativo para conseguir mão de obra mais qualificada no mercado de trabalho.

Propostas:

• Reajuste salarial para o aposentado, repactuado ou não, igual ao trabalhador da ativa.

• Fim da restrição para o aposentado apresentar seu dependente ou herdeiro na Petros.

• Que o trabalhador possa indicar a sua companheira dependente na AMS, optando pela anterior ou a atual.

• Abono anual aos aposentados e pensionistas da Petros.

3.5. A luta da PL 83

A Justiça reconheceu o direito dos trabalhadores que trabalhavam em 1983 a receberem a PL- Participação nos Lucros da Petrobras. Neste período, 1983, estávamos em plena ditadura militar no nosso país e muitos trabalhadores não entraram com ação judicial com receio de perseguição e retaliação, o que era muito comum na época. Muitos trabalhadores que entraram com esta ação foram chantageados pela Petrobras para a retirarem, pois somente assim,receberiam o PIDV ( Programa de Incentivo à Demissão Voluntária ).

Proposta:

• A FUP, juntamente com todos os sindicatos de petroleiros, deverão realizar uma campanha nacional, com mobilizações, para que a Petrobras pague a todos os trabalhadores que estavam nos seus quadros no ano de 1983 a PL.

3.6. Garantia de estabilidade no emprego.

É Inadmissível que ainda hoje no sistema Petrobrás exista uma série de demissões arbitrárias, muitas vezes em uma situação que não se faz

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necessária uma punição de tal nível. É importante para o trabalhador a garantia da estabilidade e manutenção do emprego, sendo imprescindível que tal garantia esteja expressa em acordo coletivo de trabalho.

3.7. Implementação da convenção 140 da OIT

A convenção 140 da OIT, que trata da licença remunerada para estudos, apesar de ratificada pelo decreto 1.298/94 ainda não é regulamentada no país. As proposições desta norma são descritas em seus três primeiros artigos:

Art. 1 — Na presente Convenção, a expressão ‘licença remunerada para estudos’ significa uma licença concedida a um trabalhador para fins educativos por um determinado período, durante as horas de trabalho, com o pagamento de prestações financeiras adequadas. Art. 2 — Qualquer Membro deverá formular e aplicar uma política que vise à promoção por métodos adaptados às condições e usos nacionais e eventualmente por etapas, da concessão de licença remunerada para estudos com os fins de: a) formação em todos os níveis; b) educação geral, social ou cívica; c) educação sindical. Art. 3 — A política mencionada no artigo anterior deverá ter como finalidade contribuir, de acordo com as diferentes modalidades necessárias para: a) a aquisição, o aperfeiçoamento e a adaptação das qualificações necessárias ao exercício da profissão ou da função assim como a promoção e a segurança do emprego frente ao desenvolvimento científico e técnico e às mudanças econômicas e estruturais; b) a participação competente e ativa dos trabalhadores e de seus representantes na vida da empresa e da comunidade; c) as promoções humanas, sociais e culturais dos trabalhadores; d) de modo geral, a promoção de uma educação e formação permanentes

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adequadas, auxiliando os trabalhadores a se adaptarem às exigências de sua época.

Propostas:

• Licença remunerada para estudos de 20 horas mensais.

3.8. Adicional de área remota

Atualmente só são indenizados pelo fato de trabalhar em área distante à sua residência os trabalhadores dos campos terrestres. Os trabalhadores dos terminais e refinarias são punidos diariamente pelas longas viagens e não obtém nenhuma contrapartida.

Propostas:

• Mudança do adicional de campo remoto para área remota, estendendo-o a outras bases, como terminais e refinarias.

3.9. Por uma PLR máxima e igualitária

Verificamos ano após ano que a empresa vem favorecendo a remuneração dos acionistas em detrimento da remuneração dos trabalhadores, naquilo que tange os seus lucros. Isso ocorre em parte pela falta de um regramento do valor da PLR que seja adequado e atenda às duas partes e também pela falta de diálogo entre a empresa e os representantes dos trabalhadores antes que sejam provisionados os valores da PLR do ano seguinte. Após esta provisão, a empresa alega não ter margem de negociação e impõe aos trabalhadores derrotas sucessivas, ampliando o fosso entre aquilo que queremos (25% dos dividendos aos acionistas) e o que é pago.

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Proposta:

• Convocar a categoria para um seminário de PLR em uma data próxima das AGOs que definem os valores da PLR, de forma a qualificar o debate e preparar mobilizações nacionais para pressionar a diretoria da empresa a reconhecer a importância dos trabalhadores.

• Lutar pela PLR Máxima e igualitária.

3.10. Doação de sangue

Atualmente é previsto pela CLT uma folga anual para quem fizer doação de sangue. Porém, um homem adulto pode doar de 3 a 4 vezes no ano. Como forma de incentivar esta atitude, tão necessária para salvar vidas em casos de emergência, as folgas devem ser garantidas para qualquer número de doações.

Proposta:

• Garantir a folga do trabalhador que doar sangue, quantas vezes for necessário, em vez de apenas uma vez ao ano.

3.11. Doenças raras

Devido à dificuldade de se encontrar serviços médicos e suporte adequados para portadores de doenças raras, os trabalhadores que estão sujeitos a tal, ou que tem um familiar nessa condição, tem seu bem-estar e sua condição financeira comprometida. Essas coisas acontecem: primeiro pelos quadros da doença que sempre são preocupantes, segundo porque necessitam de remédios e tratamentos onerosos. Diante disso, é importante que o tratamento destas doenças tenha caráter especial.

Proposta:

• Estabelecer um grupo critério para classificação de doenças raras.

• Enquadramento de consultas médicas e compra de remédios para tratamento dessas doenças cobertos como grande risco.

3.12. Melhoria no uso dos recursos naturais

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Atualmente, é necessário que se desenvolvam novas tecnologias e práticas que visem a preservação e recuperação dos recursos naturais. É importante que dentro da Petrobras se adotem algumas medidas pequenas, porém que permitirão à empresa dar um salto de qualidade e eficiência. Para tanto é vital que os trabalhadores e seus representantes cobrem atitude da empresa.

Propostas:

• Instalação em todas as unidades de sistema de coleta de água pluvial para uso em descargas, regas de jardim e outras atividades.

• Criar projetos de preaquecimento solar de água das geradoras de vapor.

• Desenvolver em suas unidades projetos de cogeração de energia limpa.

3.13. Equipe de Brigada e contingência

Em muitos locais de trabalho não existe equipe de SMS junto à equipe de operação, ficando todo o combate a cargo dos operadores. É importante que exista uma equipe de apoio especializada para atendimentos a emergência e salvamento.

Propostas:

• Formação de equipes especializadas de atendimento a emergências nos turnos das unidades, com presença de técnicos de segurança.