3ª promotoria de justiÇa de ilhÉus excelentÍssimo senhor juiz de … · 2020. 6. 4. · página...
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3ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ILHÉUS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DE ILHÉUS.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, representado
pelo Órgão de Execução que a esta subscreve, no uso de suas atribuições
constitucionais, ex vi art. 129, inciso III da Constituição Federal de 1988, e
amparo legal, com fulcro na Lei da Ação Civil Pública nº 7.347/1985, bem
como, nos dispositivos do novo Código de Processo Civil, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência ajuizar a presente AÇÃO
CIVIL PÚBLICA com requerimento de tutela de urgência em face do
MUNICÍPIO DE ILHÉUS, pessoa jurídica de direito público interno
inscrita no CNPJ nº 13.672.597/0001-62, como sede na Avenida Brasil, s/nº,
Centro, município de Ilhéus, Estado da Bahia, representado pelo seu
prefeito Mário Alexandre Correa de Sousa, pelos fatos e fundamentos de
direito adiante transcritos.
1. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA.
Em 11 de março de 2020, o diretor-geral da Organização Mundial
da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que a COVID-
19, doença causada pelo novo coronavírus, é agora caracterizada como
uma pandemia. Desde 30 de janeiro deste ano, contudo, a OMS já havia
declarado o surto do novo coronavírus como uma Emergência de Saúde
Pública de Importância Internacional (ESPII) – o mais alto nível de alerta da
Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional.
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Em atenção à declarada ESPII, o Ministério da Saúde, em
04/02/2020, por intermédio da Portaria nº 188/GM/MS, na mesma linha
declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), e,
em 06/02/2020, a Presidência da República sancionou a Lei n. 13.979/2020,
dispondo sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável
pelo surto de 2019.
No dia 20/03/2020, a Portaria MS nº 454/2020, declarou, em todo
o território nacional, o estado de transmissão comunitária do novo
coronavírus (COVID-19).
A doença infecciosa causada pelo novo vírus, que já dispensa
maiores comentários tendo em vista a massificação do assunto pela mídia
mundial, causa problemas respiratórios semelhantes à gripe e sintomas
como tosse, febre e, em casos mais graves, dificuldade para respirar e até a
morte. Estima-se que cerca 5% dos casos demandarão tratamento em
Unidade de Terapia Intensiva. Seu alto potencial de transmissibilidade é
responsável pelo crescimento exponencial de casos, o que vem colapsando
o sistema de saúde de diversos países.
Até 02/06/2020 o Brasil somava 555.383 casos confirmados de
COVID-19 e, lamentavelmente, 31.199 mortes. Já o estado da Bahia, em tal
data, possuía 21.430 casos confirmados de COVID-19 e 736 óbitos. Por sua
vez o Município de Ilhéus tem atualmente 623 casos confirmados e 33 vidas
já foram perdidas, conforme boletim epidemiológico divulgado pela
Secretaria Estadual de Saúde.
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2. DO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA NO MUNICÍPIO DE ILHÉUS.
O Município de Ilhéus-BA, inicialmente adotando postura
preventiva, na esteira de toda orientação internacional e baseado nas
experiências dos países que já padeceram severamente as consequências
da pandemia, promoveu uma série de medidas tendentes a diminuir a
circulação da população.
Nesse sentido foi editado o Decreto Municipal nº 020 de 22 de
março de 2020 o qual suspendeu as atividades comerciais e de
estabelecimentos financeiros – à exceção daqueles considerados essenciais
–, determinou a interrupção da circulação de transporte coletivo, estipulou
restrições na rede hoteleira, bem como a suspensão de atividades de cunho
religioso, sendo sucessivamente prorrogado.
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Por sua vez, o Decreto Municipal nº 021 de 25 de março de 2020
declarou estado de calamidade pública no Município de Ilhéus enquanto o
Decreto nº 030 de 25 de abril de 2020 determinou a obrigatoriedade do uso
de máscara facial além de outras medidas de combate ao Covid-19, tais
como o funcionamento em dias intercalados de estabelecimentos
considerados essenciais bem como restrições no trânsito.
Objetivando este mesmo desiderato, reduzir a circulação de
pessoas, o Governo do Estado expediu o Decreto nº 19.722 em 22 de maio
de 2020, o qual antecipou os feriados de São João (24 de junho) e
Independência da Bahia (02 de julho) para os dias 25 e 26 de maio de
20020, tendo o Município de Ilhéus, na esteira de tal ato normativo, também
antecipado o feriado de Nossa Senhora da Vitória, padroeira da cidade, para
o dia 27 de maio de 2020.
Há que se ressaltar que esta Promotoria de Justiça, visando o
acompanhamento das medidas de enfrentamento ao COVID-19 adotadas
pelo município de Ilhéus, instaurou o Procedimento Administrativo de nº
IDEA 001.9.47999/2020, no bojo do qual, em 06 de maio de 2020, tendo em
vista informações extraoficiais atestando a pretensão do ente municipal de
flexibilizar as medidas restritivas acima mencionadas, expediu a
Recomendação Administrativa de nº 02/2020 “para que não fosse
autorizado o funcionamento das atividades não essenciais, sem prévia
apresentação de justificativa técnica fundamentada, embasada em
evidências científicas e análises sobre as informações estratégicas em
saúde do Município”.
Dando início a concretização do projeto de retomada das
atividades não essenciais acima aludida, o Município de Ilhéus, por
intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, apresentou no dia
25 de maio de 2020 um Plano para Reabertura Gradual do Comércio não
essencial da cidade.
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Na sequência, por meio da sua Secretaria de Saúde e
supostamente em atendimento a Recomendação Ministerial acima citada, o
ente municipal forneceu a esta Promotoria no dia 31/05/2020 documento
denominado “Estudo Técnico Flexibilização das Atividades Comerciais
no município de Ilhéus”
Por fim, o Município de Ilhéus publicou no seu Diário Oficial, em
01 de junho de 2020, o Decreto nº 042 de 01 de junho de 2020 que dispõe,
conforme aduz, “sobre o Plano para reabertura do comércio de Ilhéus,
de forma consciente, no âmbito do município de Ilhéus, e dá outras
providências”, o qual estipula em seu art. 29 que “fica autorizado o início da
flexibilização do comércio, com as atividades relacionadas na fase 2 (zona
branca) do Plano para Reabertura do Comércio de Ilhéus, constante do
Anexo II, a partir do dia 03 de junho de 2020”.
Acrescente-se que dando mostras do efetivo abandono da postura
preventiva que adotava anteriormente no enfrentamento da epidemia, o
Município já havia publicado o Decreto nº 037 de 23 de maio de 2020 que,
em seu art. 2º, autorizou “o funcionamento dos templos de qualquer
culto, a partir do dia 30 de maio de 2020 (sábado) (…)”.
3. DO ESTUDO TÉCNICO APRESENTADO PELO MUNICÍPIO.
Conforme narrado no tópico anterior, visando o atendimento
de Recomendação Administrativa expedida por este Órgão Ministerial, o
Município de Ilhéus, antes de editar o Decreto nº 042 de 01 de junho de
2020 que autorizou a reabertura do comércio não essencial da cidade,
por intermédio da sua Secretaria de Saúde, apresentou documentação
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denominada “estudo técnico”, com 50 páginas, tendo este em sua parte
conclusiva apontado a existência de um cenário epidemiológico
supostamente favorável a retomada gradual do comércio não essencial na
cidade.
As informações de cunho técnico epidemiológico
apresentadas foram as seguintes:
- realização de capacitação dos profissionais de saúde da
rede municipal para enfrentamento do COVID-19 (fl. 10);
- estatística acerca da evolução da taxa de distanciamento
social do município, entre os dias 21/05 (44,5%) e 26/05 (47,5%), tendo sido
mencionado que o melhor percentual se deu no dia 24/05 (53,8%) (fl. 12).
- boletim epidemiológico do dia 27 de maio de 2020, do qual
constam: 465 casos confirmados; 307 casos curados; 31 pacientes em leitos
de UTI e 29 óbitos (fl. 13).
- gráfico que apontaria estabilização dos casos ativos,
evidenciando proporcionalidade entre o número de novos pacientes
infectados e o quantitativo de pacientes curados (fl. 15);
- existência de um maior quantitativo de pacientes curados
do que o número de casos ativos (fl. 16);
- ao descrever a sua estrutura atual de leitos para
atendimento de pacientes COVID-19 o município asseverou contar com 31
leitos de UTI adulto (11 deles no Hospital de Ilhéus e 20 no Hospital
Regional Costa do Cacau) mais 29 leitos de enfermaria (11 deles no Hospital
de Ilhéus e 18 no Hospital Regional Costa do Cacau) (fls. 20/21);
- em complementação a tais leitos, asseverou ainda existir
um Centro de Triagem dotado de 3 salas para atendimento clínico, 10 leitos
de enfermaria na sala amarela e 10 leitos de enfermaria na sala vermelha
com disponibilidade de 03 ventiladores mecânicos (fl. 19);
- aduziu que o Estado da Bahia estaria em vias de
contratualizar, ainda na primeira semana de junho/2020, outros 05 leitos de
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UTI no Hospital de Ilhéus, 10 leitos de UTI no Hospital Vida Memorial e 09
leitos de UTI no Hospital Regional Costa do Cacau (fl.21);
- gráfico do percentual de evolução semanal da taxa de
infecção do qual se constataria um decréscimo (fl. 27);
- gráficos da taxa diária de infecção relativos a 3ª (2,8%), 4ª
(2,3%) e 5ª (3,1%) semana de maio/2020 (fls. 28/29).
- informação no sentido de que pela sua capacidade
instalada, a taxa diária de infecção pode oscilar em segurança entre 2,5 % e
3,6%, acrescentando que abaixo dos 2,5 % ocorreria um achatamento
demasiado da curva e acima de 3,6% a curva de crescimento estaria fora do
padrão ideal (fl. 32);
- projeções de cenários para os próximos 200 dias, com ou
sem supressão de fluxo, oscilando entre 16.138 e 27.906 casos (fl. 35).
- descrição de medidas de cunho sanitário e epidemiológico
a serem adotadas (fls. 37/45).
- citação de ações realizadas pelo município voltadas ao
combate à pandemia (fls. 46/48).
4) DA REAL SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE ILHÉUS.
Conforme adiante será evidenciado, os atuais indicadores
de assistência do Município não tem o condão de permitir, nesse momento,
uma retomada segura das atividades econômicas não essenciais, existindo
indisfarçável risco do colapso do seu sistema de saúde, devendo ser
ressaltado que o maior entrave atualmente se refere a lotação dos leitos de
UTI do município destinados ao tratamento dos pacientes acometidos de
COVID-19.
Nesse sentido, nota-se que em seu estudo o município
informou a existência de 31 leitos de tal categoria, 11 no Hospital de Ilhéus e
20 no Hospital Costa do Cacau.
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Com o intuito de verificar a taxa de ocupação de tais leitos
esta Promotoria foi em busca dos boletins epidemiológicos que vem sendo
publicizados diariamente pelo município de Ilhéus por meio da sua página na
rede social Instagram, prefeiturailheusba.
Tais boletins evidenciam que entre os dias 21/05/2020 e
02/06/2020 a taxa de ocupação dos 31 leitos de UTI Covid-19 foi SEMPRE
de 100%, a exceção do dia 31/05/2020 quando estiveram ocupados
“apenas” 27 leitos.
De forma intuitiva é possível concluir que se nesse momento
um cidadão ilheense apresentar quadro de insuficiência respiratória aguda
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grave com necessidade de internamento em leito de UTI, ficará sem acesso
ao serviço de saúde, correndo sério risco de óbito.
Vale ressaltar que o último boletim epidemiológico divulgado,
no dia 02/06/2020, indicou o óbito de 05 novos pacientes apenas nas últimas
24 horas, perfazendo um total de 34 mortes, circunstância essa que de plano
desperta dúvida se tais óbitos teriam sido causados justamente pela
inacessibilidade aos leitos de UTI, diante da máxima lotação acima citada.
Outrossim, conforme vem sendo largamente difundido pelas
secretarias de saúde de estados e municípios, o tempo de permanência em
UTI de um paciente COVID-19 tem sido superior ao daqueles que padecem
de outras moléstias, oscilando entre 14 e 20 dias, circunstância essa que
acaba por retardar a liberação dos leitos para novos pacientes.
Outro dado que indubitavelmente está relacionado a integral
ocupação de leitos de UTI acima citada e que não pode ser menosprezada
quando da análise dos pedidos deduzidos nestes autos, se refere a taxa de
letalidade verificada no município de Ilhéus. Neste sentido, conforme o
boletim epidemiológico divulgado hoje, 02/06/2020, pela SESAB, referido
percentual seria de 5,3%, número esse que coloca Ilhéus entre os 05
municípios do Estado onde o vírus é mais mortal, a frente inclusive da sua
vizinha Itabuna.
No que tange ao número absoluto de óbitos já verificados a
situação de Ilhéus também assusta bastante na medida em que suas 34
vidas ceifadas só não são superiores no Estado da Bahia aos números
verificados em Salvador e em Itabuna.
Outro aspecto que desperta grande temor após ser
analisado diz respeito ao número de casos ativos no município, ou seja, a
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diferença entre o total de infectados e a soma dos pacientes curados e os
que foram a óbito.
Conforme o boletim epidemiológico divulgado hoje,
02/06/2020, pela Secretaria Estadual de Saúde, Ilhéus contaria com 248
doentes ativos, número esse que a coloca na 5ª posição em toda a Bahia,
atrás de Salvador, Itabuna, Feira de Santana e Lauro de Freitas.
Vale ressaltar que o dado estatístico dos casos ativos
passou a constar do boletim epidemiológico diário da SESAB apenas a partir
do dia 28 de maio de 2020, sendo certo que desde então tais números só
fizeram crescer na cidade de Ilhéus, contrariando assim a informação
lançada pelo município em seu Estudo que atestou uma estabilidade entre o
nº de novos infectados e o nº de pacientes curados.
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Nesse sentido, conforme se coteja os citados boletins
epidemiológicos, no dia 28/05/2020 eram 171 pacientes ativos, no dia
29/05/20 eram 176, no dia 30/05/2020 eram 182, no dia 31/05/2020 eram
212, no dia 1º/06/2020 eram 218 e nesta data, 02/06/2020, conforme já
citado acima, são 248 pacientes ativos
Outro aspecto que precisa ser analisado e que atesta
cabalmente o descontrole da epidemia no município diz respeito a taxa de
crescimento diário do número de infectados. Com efeito, por meio de
consulta aos Boletins Epidemiológicos da SESAB, fazendo-se uma análise
das últimas 05 semanas, obtemos os dados abaixo:
1) Na semana compreendida entre 28/04/2020 (193 casos
confirmados) e 05/05/2020 (256 casos confirmados) observa-se um
incremento de 63 novos casos perfazendo uma taxa de crescimento médio
diário de 4,66%.
2) Na semana compreendida entre 05/05/2020 (256 casos
confirmados) e 12/05/2020 (326 casos confirmados) observa-se um
incremento de 70 novos casos perfazendo uma taxa de crescimento médio
diário de 3,90%.
3) Na semana compreendida entre 12/05/2020 (326 casos
confirmados) e 19/05/2020 (393 casos confirmados) observa-se um
incremento de 67 novos casos perfazendo uma taxa de crescimento médio
diário de 2,93%.
4) Na semana compreendida entre 19/05/2020 (393 casos
confirmados) e 26/05/2020 (460 casos confirmados) observa-se um
incremento de 67 novos casos perfazendo uma taxa de crescimento médio
diário de 2,43%.
5) Na semana compreendida entre 26/05/2020 (460 casos
confirmados) e 02/06/2020 (623 casos confirmados) observa-se um
incremento de 163 novos casos perfazendo uma taxa de crescimento diário
de 5,06%.
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Tais dados evidenciam que a partir da segunda semana do
mês de maio a taxa de crescimento diário do município de fato passou a
apresentar uma queda sensível, contudo, na última semana do mês ocorreu
uma verdadeira explosão em tal curva de crescimento, evidenciando de
forma indiscutível que o município está no pico da epidemia com clara
tendência de piora no seu cenário epidemiológico.
Cumpre dizer também que a taxa mínima de isolamento
social aceitável deve estar acima de 50% (cinquenta por cento) e a desejável
para conter a disseminação do vírus seria de 70% (setenta por cento),
entretanto, conforme o próprio estudo apresentado pelo Município, entre
21/05 e 26/05/2020, somente em 24/05 a taxa ficou em 53,8% (cinquenta e
três vírgula oito por cento), enquanto nos demais dias tal índice permaneceu
sempre abaixo de 50% (cinquenta por cento).
Indubitável que no caso da pandemia do Covid-19, o que se
busca é “achatar a curva”, isto é, manter a taxa de infecção baixa o
suficiente para que os hospitais não sejam sobrecarregados. Diante de um
cenário como o atual, no qual a taxa de infecção apresenta uma subida
vertiginosa, não pode o agente público, e, no caso concreto, o Prefeito de
Ilhéus, expor toda a sociedade a risco, ao autorizar a retomada das
atividades não essenciais.
Indisfarçável que a reabertura do comércio no município é
uma atitude temerária e precipitada, porquanto foi baseada em um estudo
técnico duvidoso – que apresenta números que colidem frontalmente com os
dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde e que não levou em
consideração inúmeros fatores importantes.
Portanto, tendo em vista os 100% de ocupação dos leitos de
UTI, a curva crescente do número de casos ativos, a elevada taxa de
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letalidade do coronavírus no município, a subida vertiginosa da taxa de
infecção diária verificada nos últimos 07 dias, bem como insatisfatória taxa
de isolamento social informada pelo próprio ente municipal, impõem-se a
manutenção das medidas de distanciamento social recomendadas pela
Organização Mundial de Saúde, sendo completamente inoportuna qualquer
atitude que enseje o abrandamento destas, especialmente a autorização da
retomada de atividades comerciais não essenciais.
Por fim, nesta data chegou as mãos deste subscritor análise
gráfica elaborada pelo professor Zolacir Trindade de Oliveira Junior, físico e
docente na UESC, através da qual o mesmo ratifica as conclusões acima
lançadas, asseverando que Ilhéus atravessa fase exponencial no número de
casos de infecção por COVID-19, ressaltando ainda o equívoco do estudo
apresentado pela Secretaria Municipal de Saúde, já que reflete uma
realidade inexistente, bem como a irresponsabilidade da retomada das
atividades comerciais nesse momento da pandemia. Tais gráficos podem ser
observados abaixo:
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Há que se mencionar também a recente divulgação de uma
Nota de Posicionamento elaborada pela REDE comVIDA Sul da Bahia,
colegiado formado por representantes de universidades, estabelecimentos
de ensino e ONG´s da região, através da qual tal entidade de forma técnica,
calcada em dados científicos, chama a atenção da sociedade para os
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potenciais riscos decorrentes do Decreto 42/2020 com a retomada do
comércio não essencial na cidade.
5) DA DISCORDÂNCIA EXPRESSA MANIFESTADA PELA AUTORIDADE
SANITÁRIA ESTADUAL.
Somando-se a toda fundamentação acima lançada, há que
se ressaltar o posicionamento do Estado da Bahia acerca da eminente
reabertura do comércio de Ilhéus. Em entrevista veiculada no dia 02/06/2020
no programa jornalístico Jornal da Manhã, na TV Santa Cruz, afiliada da
Rede Globo, o Secretário Estadual de Saúde, de forma categórica, afirmou
ser inadmissível que municípios com número elevado de casos reabram o
comércio nesse momento pois o Estado atingirá o platô da doença “durante
o São João” e que este platô deve durar, ainda, “de duas a três semanas”1.
Diante de tal posicionamento este subscritor oficiou nesta
data a SUVISA – Superintendência de Vigilância e Proteção à Saúde, órgão
vinculado a SESAB, dando-lhe ciência formal quanto a tencionada retomada
das atividades econômicas não essenciais no município, tendo nos sido
encaminhada missiva assinada pela sua Superintendente, Sra. Rivia Barros,
por meio da qual a mesma assevera que o município apresenta 266 casos
ativos, com crescimento de 10% apenas nas últimas 24 horas e de 22% nos
últimos cinco dias, concluindo ao final que diante de tal cenário a pretendida
reabertura não seria recomendável.
6. DO DIREITO.
A saúde recebeu da Constituição da República ampla
proteção, que se inicia logo no artigo 1º, que elege como fundamento da
República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana, seguido do
1 Entrevista veiculada no programa Jornal da Manhã, da TV Bahia, em data de
02/06/2020.
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artigo 3º, que constitui como objetivo da República a promoção do bem de
todos.
Por sua vez, o artigo 5º, relativo aos direitos e garantias
fundamentais, assegura a inviolabilidade do direito à vida e, já no dispositivo
seguinte (artigo 6º), o direto à saúde é qualificado como direito fundamental
social, de aplicação imediata (artigo 5º, § 1º).
De modo mais específico, o art. 196 da Carta Magna assim
dispõe:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para a sua
promoção, proteção e recuperação”.
E continua, em seu artigo 197:
“São de relevância pública as ações e serviços de saúde,
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”.
Cabe aqui ressaltar que o Ministério Público é uma
instituição democrática, incumbida de zelar pela proteção dos direitos
transindividuais, bem como individuais indisponíveis, além de fomentar a
implementação e o respeito a direitos fundamentais, dentre os quais o direito
ao livre exercício da atividade econômica se insere.
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Com efeito, o art. 170, parágrafo único, da Constituição da
República estabelece o livre exercício da atividade econômica, “salvo nos
casos previstos em lei”:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:
(...)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de
qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos
em lei.
No caso concreto, todavia, estamos diante de um estado de
calamidade pública decretado em âmbito nacional. O Estado da Bahia,
assim como o Município de Ilhéus, já decretou estado de emergência na
saúde e materializou determinações e recomendações exemplificativas,
todas possuindo o mesmo espírito e finalidade: evitar a aglomeração de
pessoas.
Em um contexto de emergência pública e de calamidade
pública, o Poder Público se depara com situações limítrofes que o conduzem
a um exercício de ponderação de direitos.
As unidades da federação, respeitados seus espectros de
atribuições, são responsáveis por implementar e fiscalizar a execução de
medidas voltadas à superação da crise.
No presente caso, há uma nítida tensão entre o direito
fundamental social à saúde, gravemente ameaçado pela rápida propagação
do novo coronavírus, acaso medidas de isolamento social não sejam
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adotadas, e o direito ao livre exercício da atividade econômica, o qual
repercute ainda nas questões de emprego e renda.
A ponderação de princípios constitucionais, como cediço,
demanda a aplicação dos vetores proporcionalidade/razoabilidade no caso
concreto.
Assim, ante os fatos apresentados, e a sólida demonstração
de que a aglomeração de pessoas irá aumentar, ainda mais, a velocidade de
propagação do novo coronavírus, o que, fatalmente, ocasionará o colapso
do sistema de saúde, inegável que o direito ao exercício da atividade
econômica poderá ser relativizado no caso concreto por meio de sua
suspensão, apenas temporária, em prol de um bem maior e comum: a saúde
pública, a redução do número de óbitos, a dignidade humana, garantia de
que o sistema público e privado de saúde sobreviva e tenha condições de
atender não só os casos de COVID-19, mas a todos que necessitem utilizar
o sistema de saúde.
Ressalte-se ademais que, antevendo a crise econômica que
advirá da pandemia, a União e o Estado da Bahia já vêm implementando
medidas de cunho social visando minimizar seus efeitos pelo menos em
relação aos mais vulneráveis. Entre tais providências assistenciais estão a
majoração do bolsa família para mulheres chefe de família, fornecimento de
alimentação escolar, mesmo adquirida com o PNAE (Lei n. 13.987/2020), e o
auxílio emergencial destinado a trabalhadores informais,
microempreendedores individuais, autônomos e desempregados (Decreto n.
10.316/2020).
Em relação às empresas, também já se verificam algumas
iniciativas tendentes a minimizar os efeitos da crise, como a dilação de prazo
para pagamento de parcelas de financiamento junto à Caixa Econômica
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Federal2 e o Decreto Estadual n. 19.619/2020, que prorroga os prazos de
recolhimento do ICMS apurado e devido, no âmbito do Simples Nacional, por
microempresas e empresas de pequeno porte optante, inclusive por
Microempreendedor Individual – MEI.
Pela argumentação despendida, objetiva a presente
demanda a condenação do Município de Ilhéus em uma obrigação de fazer,
consistente na determinação de suspensão do funcionamento de
estabelecimentos comerciais de bens e serviços não essenciais, bem como
fiscalizar a execução das medidas constritivas valendo-se de todas as
providências inerentes ao poder de polícia.
Outrossim, diversos municípios do Estado da Bahia, a
exemplo de Feira de Santana, Juazeiro, Itabuna e Salvador vêm mantendo a
estratégia de Distanciamento Social Ampliado, com a determinação de
suspensão de serviços não essenciais diante do incremento no número de
casos da nova doença.
Ressalte-se que o que se pretende com a presente ação não
é o fechamento dos estabelecimentos sem prazo determinado ou por tempo
previamente estabelecido, quiçá condicionado ao final da pandemia.
Na verdade, na esteira das orientações da Organização
Mundial de Saúde3, do Ministério da Saúde (BE 08), do Grupo de Trabalho
para Ações de Enfrentamento do Coronavírus do Ministério Público do
2 �
https://caixanoticias.caixa.gov.br/noticia/20595/caixa-amplia-servicos-digitais-e-prioriza-
atendimento-social-essencial-nas-agencias
3 �
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6138:covid-
19-oms-atualiza-guia-com-recomendacoes-sobre-uso-de-mascaras&Itemid=812
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3ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ILHÉUS
Estado da Bahia (NT n. 05/2020 – doc. 17) e também da Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão (NT 01/2020 já mencionada), o que se
pretende é obrigar a municipalidade a agir estritamente sob orientação
técnica e cercada das providências necessárias para transição entre os
modelos de distanciamento social, em atenção inclusive aos deveres de
moralidade administrativa e de motivação e publicidade dos atos
administrativos, sob pena inclusive da inobservância desses princípios
caracterizar improbidade administrativa.
7. DA TUTELA DE URGÊNCIA
O artigo 300, caput, e § 2º, do Código de Processo Civil –
Lei 13.105/2015, estatui, in verbis:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. (....)
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente
ou após justificação prévia.
Os dois critérios gerais eleitos pelo legislador para a
concessão da tutela de urgência são, portanto, como dispõe a lei processual,
a probabilidade do direito e o perigo de dano. No caso ora posto sob
apreciação judicial, todos os requisitos exigidos pela lei processual para o
deferimento da tutela de urgência encontram-se reunidos.
A verossimilhança da alegação repousa no retorno da
população às ruas, motivada pela abertura do comércio, com a presença de
aglomeração de pessoas no interior de um espaço fechado, estando estas
sujeitas, consoante dados internacionais amplamente divulgados na mídia, e
expostos na presente peça, ao risco de contágio de uma doença ainda
desconhecida e sem vacina, com amplo potencial disseminatório. A
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aglomeração não é o único inconveniente eis estudos indicam que o vírus
sobrevive por horas, fora do corpo humano, em diversas superfícies,
facilitando dessa forma a transmissão da doença.
Não obstante, quanto ao segundo requisito, este também se
faz presente já que há o fundado receio de ocorrência de danos irreparáveis
à integridade física das pessoas, em especial IDOSOS, PORTADORES DE
DOENÇAS CRÔNICAS E GESTANTES. Tais danos, com certeza, são de
impossível reparação futura.
Por tal razão, merece ser concedida a TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, inexistente qualquer periculum in mora
reverso. De fato, retardar a análise da tutela de urgência quando se está
diante de prova documental suficiente à análise do pleito formulado,
somente resultará em total desprestígio da função jurisdicional do Estado,
por implicar em verdadeira afronta ao princípio do acesso à Justiça,
insculpido no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, diante do risco
atual de sério agravamento da pandemia. Não é outro, aliás, o entendimento
jurisprudencial acerca do tema:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL.
PREVIDENCIÁRIO ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA
TUTELA CONTRA FAZENDA PÚBLICA, INAUDITA ALTERA
PARTE. MANUTENÇÃO.
1. Presentes os pressupostos necessários à concessão do
benefício, cabível o provimento antecipatório.
2. A antecipação da tutela pode ser concedida até mesmo
sem prévia audiência da parte ré.
3. Não se olvida que prova pericial realizada em juízo é
importante na formação do convencimento do juiz, por vezes
essencial, nada impedindo
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que seja realizada, mas a sua ausência, no momento da
antecipação dos efeitos da tutela, não é causa suficiente
para denegar o provimento antecipatório.
4. A tutela imediata se faz necessária não só em virtude do
caráter alimentar do benefício, de sua presumida premência,
mas também em homenagem ao princípio da efetividade da
prestação jurisdicional.
5. A irreversibilidade do provimento, meramente econômica,
não é óbice à antecipação da tutela, em matéria
previdenciária ou assistencial, sempre que a efetiva proteção
dos direitos à vida, à saúde, à previdência ou à assistência
social não puder ser realizada sem a providência
antecipatória. ”
(In Agravo de Instrumento nº 92702/RS (200104010800558),
5ª Turma do TRF da 4ª Região, Rel. Juiz A. A. Ramos de
Oliveira. j. 14.03.2002, DJU 10.04.2002, p. 619.)
A urgência na apreciação do presente pleito ressai ainda
mais diante das experiências até então acumuladas em diferentes países, à
exemplo da Itália, onde a flexibilização do isolamento significou morte
acelerada de muitas pessoas e a incapacidade de sequer assegurar luto
digno a familiares e amigos. Qualquer ação tendente a facilitar a transmissão
do novo vírus agora somente será sentida após o decurso de uma ou duas
semanas, quando, diante de um padrão de crescimento exponencial, não
será mais passível de reversão.
Inequívoca, portanto, a admissibilidade jurídica da
concessão da tutela de urgência liminar, ainda que em desfavor de pessoa
jurídica de direito público, o que encontra justificativa plausível face a
singular gravidade do caso em apreciação, no preceito maior contido no art.
5º, inciso XXXV, da Carta Magna, segundo o qual “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”
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Destarte, em face de todo o exposto e com supedâneo no
art. 300, caput e § 2º, do NCPC, e no art. 5º, inciso XXXV, da Carta Magna,
requer o Ministério Público a concessão de TUTELA DE URGÊNCIA
LIMINAR, dispensada a oitiva prévia do representante do Poder Público
Municipal, face à diferenciada URGÊNCIA da medida ora pleiteada, no
seguinte sentido:
a) SUSTAR OS EFEITOS do Decreto Municipal nº 042 de
01 de junho de 2020, com o consequente fechamento dos
estabelecimentos e a suspensão de todas as atividades comerciais
entendidas como não-essenciais, nos termos do Decreto Federal n.
10.282/2020, impondo-se ainda ao Município de Ilhéus obrigação de
fazer consistente em adotar medidas efetivas relacionadas à
fiscalização para garantir o cumprimento da norma proibitiva,
condicionando a reabertura do comércio ao surgimento de um cenário
epidemiológico favorável, com disponibilidade regular dos leitos de UTI
existentes no município, estabilização do número de casos ativos,
diminuição da taxa de letalidade do coronavírus no município, redução
contínua da taxa de infecção diária, bem como aumento da taxa de
isolamento social local;
b) seja fixada multa diária, pessoalmente ao gestor, no
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para o caso de descumprimento da
medida liminar deferida, sem prejuízo da prática do crime de
desobediência e de eventual ato de improbidade administrativa pelo
agente público responsável.
8. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer o Ministério Público do Estado da
Bahia:
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1. a concessão da tutela de urgência antecipada requerida
inaudita altera parte, conforme autorizado pelo art. 12 da Lei
n. 7.347/1985, na forma requerida no capítulo anterior;
2. a citação, na forma dos arts. 334 e seguintes do Código
de Processo Civil, do demandado para apresentar resposta,
querendo, no prazo legal;
3. a produção de todos os meios de prova em Direito
admitidos, em especial a oitiva de testemunhas, a pericial e
a juntada de novos documentos; e
4. ao final, o julgamento procedente da demanda,
confirmando a medida liminar requerida, revogando em
definitivo o Decreto nº 042 de 01 de junho de 2020,
mantendo suspenso o funcionamento das atividades não-
essenciais, condenando ainda o Município de Ilhéus às
seguintes obrigações de fazer:
4.1. promover o fechamento dos estabelecimentos e a
suspensão de todas as atividades entendidas como não-
essenciais, nos termos do Decreto Federal n. 10.282/2020,
enquanto persistir a necessidade de medidas mais
restritivas;
4.2. condicionar a reabertura do comércio não essencial ao
surgimento de um cenário epidemiológico favorável, com
disponibilidade regular dos leitos de UTI existentes no
município, estabilização do número de casos ativos,
diminuição da taxa de letalidade do coronavírus no
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município, redução contínua da taxa de infecção diária, bem
como aumento da taxa de isolamento social local;
4.3. adotar medidas efetivas relacionadas à fiscalização para
garantir o cumprimento das normas proibitivas;
5. a fixação de multa diária e pessoal ao Prefeito Municipal
de Ilhéus no caso de descumprimento das ordens emitidas
por esse Juízo de Direito, no valor de R$10.000,00 (dez mil
reais).
Atribui à demanda o valor de R$1.045,00 (mil e quarenta
e cinco reais).
Ilhéus, 03 de junho de 2020.