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3ª Promotoria de Justiça de Caldas Novas Gabinete do Promotor de Justiça

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE CALDAS NOVAS – GOIÁS.

1ª VARA

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio da Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude de Caldas Novas (GO), pelo Promotor de Justiça que esta subscreve, com fundamento nos artigos 127 e 129, inciso III da Constituição Federal de 1988, na Lei nº 7.347/85 e na Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA, pelo rito sumário e com PEDIDO DE LIMINAR,

em face do MUNICÍPIO DE CALDAS NOVAS(GO), pessoa jurídica de direito público, sediada na Av. Orcalino Santos, n◦ 283, Centro, nesta Cidade, que deverá ser citado por intermédio de seu representante legal, consoante art. 12, inciso II, do Código de Processo Civil pelo que expõe e

Av. C, s/n◦, Setor Itaguaí III, Caldas Novas (GO)Fone: (0xx64) 3454-6666Fax: (0xx64) 3454-6667


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requer o seguinte:1- DOS FATOS

A violação dos direitos básicos e fundamentais das crianças e adolescentes tem sido constantemente, observada no nosso país. A realidade fática hoje verificada demonstra, claramente, que os próprios Poderes Públicos, que, a princípio, deveriam adotar medidas urgentes e prioritárias para garantir a sobrevivência digna dos nossos jovens, desrespeitam o Estatuto da Criança e do Adolescente, proporcionando aos jovens em peculiar condição de pessoa em desenvolvimento situações que ofendem o princípio da dignidade humana.

Conforme consta nos autos do Procedimento Administrativo n◦ 02/2011, da 3ª Promotoria de Justiça de Caldas Novas (GO), as quais passam a fazer parte integrante desta petição, a Administração Pública de Caldas Novas está contribuindo, de forma incontestável e decisiva, para a violação dos direitos fundamentais das crianças deste município, na medida em que oferece às mesmas péssimas condições na estrutura física e precária higienização no local que está instalado o Centro Municipal de Educação Infantil Celina Palmerston.

O Município de Caldas Novas tem se mostrado absolutamente incapaz ao longo de gestões administrativas passadas e presente de compreender a importância da educação no processo formador do cidadão, deixando criminosamente de implementar os investimentos devidos na manutenção e no desenvolvimento do ensino.

A situação detectada no referido estabelecimento vem sendo objeto de atenção por parte do Ministério Público, já tendo sido informada a Secretaria da



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Saúde do Estado de Goiás e ao Corpo de Bombeiros Militar. Conforme levantamento feito por

perícia técnica, realizada em 1° de março de 2011, a situação é caótica, pois, segundo a vistoria realizada pelos setores próprios do Corpo de Bombeiros Militar, o tenebroso quadro é o seguinte:

“Não foi informado à data de construção da edificação; verificou-se que as instalações do CMEI Celina Palmerston não têm projetos analisados pelo CBMGO; o sistema elétrico apresenta algumas irregularidades que comprometem a segurança (fotos 2-6, 24 e 25); a estrutura está danificada, ou compromete a segurança, em alguns pontos (fotos 16-21, 35 e 36); o sistema de combate a incêndio, embora possua quantidade de extintores suficiente para atender as instalações, pode melhorar sua distribuição e sinalização (fotos 32-34); central de GLP oferece riscos de inflamabilidade, não possui extintor de uso exclusivo, nem grade frontal de proteção, nem mesmo placas de advertência (fotos 7-10); playground com brinquedos enferrujados e oferecendo riscos de acidentes; fornecimento de água potável realizado por caminhões pipas em caixas d’água colocadas no chão em altura acessível às crianças (23-28); acondicionamento de materiais e alimentos diversos de forma



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inadequada (29-31, 37-41); insegurança contra invasões e/ou adentramento indesejado (fotos 7-12, 16, 18, 23, 24 e 36).

Com base no art.11 da Lei Estadual 15.802/06, foram solicitados que sejam providenciados os Projetos Técnicos elaborados de acordo com estabelecido no item 5.1.1 da Norma Técnica n. 01/2007 e Nota Aplicativa n. 02/2009, ambos do CBMGO.

Nota-se que o sistema elétrico predial do CMEI precisa de avaliação e reparos técnicos gerenciados por engenheiro elétrico, eliminando todas as emendas e fios soltos, precisando uma tomada para cada aparelho, produzindo ao fim um laudo técnico informando as características e condições do sistema elétrico;

A estrutura predial apresenta rachaduras na parede externa do pátio coberto. As calçadas que circundam o prédio estão danificadas. Algumas tampas da rede de esgoto estão danificadas e em alguns pontos denotam extravasamento de material, ocasião em que foram solicitados os reparos necessários, incluindo-se a limpeza das calçadas (cobertas de vegetação) no intuito de evitar proliferação de insetos e animais peçonhentos;

Manter o extintor de H20 (10L) no local onde se encontra. O extintor de



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PQ (6 Kg) que está na parede externa da cozinha deve ser reinstalado e sinalizado ao lado da porta (lado de fora). O extintor de PQ (6 Kg) que está instalado perto da porta do banheiro feminino deve ser retirado deste local, reinstalado e sinalizado nas proximidades da Central de GLP;

A Central de GLP não acompanha a legislação adequada para sua instalação. Não possui extintores de uso exclusivo. Não possui placas de advertência, nem grade de proteção. Na forma em que se encontra oferece risco a todos que transitam nas suas proximidades;

O playground não pertence ao terreno do CMEI, porém é utilizado pelas professoras para recreação das crianças. Ao lado dos brinquedos, a menos de cinco metros, tem uma cisterna. Os brinquedos estão enferrujados e podem proporcionar acidentes, como queda, cortes, contusões. No caso de cortes existe a possibilidade a contaminação por Clostridium tetani, bactéria geradora do tétano, caso a criança ferida não esteja imunizada. Sendo assim, foi requerida a inutilização do playground, ante a construção de outro com requisitos de segurança ministrados por profissional qualificado;

Construção de muros, ou instalado alambrado nos limites do Centro



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Educacional para evitar situações indesejadas ligadas à invasão, haja vista que crianças já foram vistas tomando banho nas caixas d’água em finais de semana, dadas as facilidades de entrarem no terreno da escola, que é cercado de arame liso”.

Além disso, a unidade apresenta

péssimas condições de higienização, conforme levantamento feito em 18 de abril de 2009, porém, as inadequadas condições sanitárias do ambiente é objeto de outro procedimento judicial deflagrado pelo Ministério Público, que visa sanar essas deficiências em todas as unidades de ensino de Caldas Novas.

O panorama fático sob análise demonstra ser insustentável, de sorte a exigir pronta e imediata tutela jurisdicional.

A ausência de política estatal capaz de

equacionar, em curto prazo, o problema implica em contínua ofensa aos direitos daqueles que necessitam da unidade de ensino em questão, salientando que a indefinição quanto à solução do caso vem se arrastando desde os idos de 2.009, mas estranhamente a parte ré, tem se mantido apática ante ao grave problema que outrora reconheceu existir.

O Município de Caldas Novas insiste em

desrespeitar os direitos de um elevado número de crianças, não possuindo estrutura física digna, além de uma higienização adequada no CMEI Celina Palmerston, logo não resta alternativa ao MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS senão ingressar com a presente Ação Civil Pública, visando a obstrução, imediata, destas violações, e a solução definitiva do problema no âmbito de jurisdição



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dessa Justiça da Infância e da Juventude, no que tange ao oferecimento de estrutura física pelo requerido, posto que a questão atinente a higienização é objeto de outra lide (conforme dito em linhas volvidas).

Por fim, quando tratamos das instalações físicas, referimo-nos ao ambiente físico escolar, composto pelo espaço educativo, pelo mobiliário e pelo equipamento escolar. A falta de infra-estrutura, a inexistência de projetos arquitetônicos adequados e viáveis até mesmo a utilização de instalações inadequadas dos prédios escolares são problemas reais enfrentados na unidade de ensino em questão. 2. DO DIREITO 2.1. – Do Rito Sumário

Conforme dispõe o artigo 5º, § 3º da Lei Federal nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a ação judi-cial intentada por qualquer cidadão, grupo de cidadãos, as-sociação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministé-rio Público, nos casos de não oferecimento do ensino obri-gatório pelo Poder Público ou de sua oferta irregular, será de rito sumário.

“Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo. podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação co-munitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Po-der Público para exigi-lo.Omissis§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para



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peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Fede-ral, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente”.

Trata-se de aplicação das normas proces-suais previstas nos artigos 275 e seguintes do Código de Processo Civil, independentemente de qualquer outra regu-lamentação, por força do disposto no artigo 275, inciso II, letra “g”, que garante a observância do procedimento su-mário nas causas, qualquer que seja o valor, nos demais casos previstos em lei, como a hipótese vertente.

Em função disso, e em obediência ao dis-posto no art. 276, do CPC, o autor apresentará nesta peça o rol de testemunhas e os quesitos para perícia.

2.2. – Da legitimidade ativa do Ministério Público

Em face do disposto nos artigo 127, caput, da Constituição Federal, incumbe ao Ministério Público pro-mover a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº. 8.069/90, em seu artigo 208, inciso III, re-gistra que se regem pelas disposições daquela Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade.

O mesmo dispositivo legal, em seu pará-grafo único, registra que as hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses indivi-duais ou coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei.



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Pronunciamentos da jurisprudência refe-rendam integralmente a legitimidade do Ministério Público para questões como esta posta em debate.

Veja-se sobre o tema, dentre outras deci-sões:

“MINISTÉRIO PÚBLICO - Legitimidade de parte ativa - Defesa da ordem jurídica, so-bretudo no que diz respeito aos direitos bá-sicos do cidadão - Recurso provido. Não se deve negar ao Ministério Público a legitimi-dade ativa ad causam, na defesa do cum-primento das normas constitucionais, sob o argumento da independência entre os Poderes. São independentes, enquanto praticam atos administrativos de compe-tência interna corporis. Não são indepen-dentes para, a seu talante, desobedecerem à Carta Política, às leis e, sob tal pálio, per-manecerem, cada uma seu lado, imune à reparação das ilegalidades.” (TJSP, Apel. 201.109-1, Rel. Villa da Costa, 04.02.94).

A Egrégia Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao apreciar a Apelação n.º 63.969.0/2-00, da Comarca de Assis, proferiu decisão con-forme ementa que segue:

“MENOR – Apelação – Ação Civil Pública para compelir o Município à abertura de matrículas na rede de ensino infantil a to-das as crianças de zero a seis anos de ida-de, sem exceção – Legitimidade do Minis-tério Público reconhecida – Dever estatal com a educação – Competência municipal



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para o atendimento em creches e pré-esco-las das crianças de zero a seis anos – Ne-cessidade que se equivale à obrigatorieda-de – Sentença de procedência mantida – Recurso improvido.” (Rel. Des. Fonseca Ta-vares, j. 23/11/00, v.u.).

2.3. – Da competência da Justiça da Infância e da Juventu-de

Não suscita dúvida a competência absolu-ta para processo e julgamento da causa pela Justiça da In-fância e da Juventude, não sendo razoável pretextar-se que vigora a competência do juízo especializado em causas em que figurem como parte a Fazenda Pública, sendo esta in-questionável.

O artigo 148, inciso IV do Estatuto da Criança e do Adolescente, que é Lei Federal (nº. 8.069, de 13 de julho de 1990), estabelece que:

“Art. 148. A Justiça da Infância e da Juven-tude é competente para:(...)IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observa-do o disposto no art. 209;”

O artigo 209, por seu turno, dispõe que:

“Art. 209. As ações previstas neste Capítu-lo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omis-são, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvada a com-petência da Justiça Federal e a competên-



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cia originária dos Tribunais Superiores.”

Vale dizer, apenas a competência da Justi-ça Federal e dos Tribunais Superiores prefere a da Infância e da Juventude. Nada ficou registrado quanto à competên-cia da Vara da Fazenda Pública, que não goza da mesma qualidade daquela atribuída por Lei Federal à da Infância e Juventude.

2.4. – Do Mérito

O direito fundamental à educação é tema afeto a inúmeros diplomas legais em todas as órbitas da Federação. Além de objeto da Constituição Federal, de leis nacionais como a que estabelece diretrizes e bases para a educação (Lei Federal nº. 9.394/96) e do próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal nº. 8.069/90). Além disso, é alvo de disciplina nas Cartas estaduais e nas leis de organização interna dos municípios.

Antes mesmo daquele dispositivo específi-co, a própria Constituição Federal já consagrara a educação como direito social fundamental, dispondo sobre ela, den-tre outros, nos seguintes artigos:

“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternida-de e à infância, a assistência aos desam-parados, na forma desta Constituição.”(...)“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário



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às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”

“Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.”

“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovi-da e incentivada com a colaboração da so-ciedade, visando ao pleno desenvolvimen-to da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o tra-balho.”

“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:VII - garantia de padrão de qualidade.”

“Art. 208. O dever do Estado com a educa-ção será efetivado mediante a garantia de:VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material di-dáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 2º O não-oferecimento do ensino obriga-tório pelo Poder Público, ou sua oferta irre-gular, importa responsabilidade da autori-dade competente.”

“Art. 211. A União, os Estados, o Distrito



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Federal e os Municípios organizarão em re-gime de colaboração seus sistemas de en-sino.§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a ga-rantir equalização de oportunidades edu-cacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.(...)§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamen-te no ensino fundamental e na educação infantil.§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atua-rão prioritariamente no ensino fundamen-tal e médio.”

“Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cin-co por cento, no mínimo, da receita resul-tante de impostos, compreendida a prove-niente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

O artigo 227 da Constituição Federal de 1988 prevê que o Estado, em conjunto com a família e a sociedade, tem o dever de assegurar, com absoluta prioridade, a observância dos direitos das crianças e dos adolescentes, garantindo-lhes o bem estar e a segurança necessária para o pleno desenvolvimento. Vejamos:

“Art. 227. É dever da família, da sociedade



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e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

O mandamento constitucional direcionou,

sem dúvida alguma, o legislador do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), o qual elaborou diversos dispositivos que fundamentam a pretensão do Ministério Público e garantem à criança e ao adolescente a salvaguarda dos seus direitos, inegavelmente desrespeitados pela Prefeitura Municipal de Caldas Novas, com a falta de estrutura física adequada e segura no CMEI Celina Palmerston.

O artigo 7º do ECA regulamenta o direito à vida e à saúde das crianças e adolescentes:

“Art. 7º. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”

O requerido não está preocupado com o

“desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”, das crianças de 0 a 6 anos idade matriculadas no CMEI Celina Palmerston. Não providencia a implementação do direito à educação e à segurança desse importante público, demonstrando preocupante



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desinteresse pela questão aqui levantada.

A criança, tida pela legislação brasileira, como um ser em desenvolvimento, físico e mental, deve ser respeitada, merecendo tratamento digno, a ponto da Lei nº 8.069/90 estabelecer que “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.” (artigo 18).

E mais especificamente, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece:

“Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:(...)I – direito de ser respeitado por seus educadores; (g.n.).

Confrontando os dispositivos acima mencionados, com o artigo 54, § 2◦ do ECA, enunciando que “o não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.”, podemos concluir que a segurança na unidade de ensino integra o direito fundamental à educação.

Por fim, apenas para espancar qualquer dúvida, merece destaque o artigo 208, inciso III do ECA, aplicável ao caso concreto:

“Art. 208 - Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por



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ofensas aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não-oferecimento ou oferta irregular(g.n.): (...)III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade.”

2.5 – Do deferimento liminar inaudita altera pars

Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final (artigo 213, § 1º, do Estatuto da Criança do Adolescente, artigo 12 da Lei nº 7.347/85, e artigo 273, § 7º, do Código de Processo Civil), requer-se a Vossa Excelência a CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, SEM PRÉVIA JUSTIFICAÇÃO, posto que, por todo o ângulo que se analise, insustentável a omissão do poder público municipal, com prejuízo irreparável aos direitos já mencionados, cuja prioridade absoluta é expressa no artigo 4º, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

É certo que a postergação da determinação da atuação estatal para o provimento final significará que os direitos das crianças matriculadas no CMEI Celina Palmerston serão sacrificados, uma vez que durante a tramitação do processo o Requerido não se sentirá obrigado ao cumprimento do seu dever de oferecer uma unidade de ensino que não represente risco à incolumidade corporal dos alunos.

Somado a tal fato, o Requerido poderá se valer, no exercício de sua defesa, de todos os meios possíveis, e ainda com o olhar voltado para o benefício que lhe traria o emperramento do feito, tornando inimaginável o momento do provimento final, o que descortina ainda mais o perigo de eventual negativa do deferimento da medida.



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Em outras palavras, a presença do fumus boni juris está evidenciada por meio das inúmeras normas constitucionais e infraconstitucionais que consagram à criança e ao adolescente a proteção integral dos seus direitos com prioridade absoluta, em especial, o respeito incondicional a à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à dignidade e ao respeito.

Dado ao tempo decorrido e a omissão do Município de Caldas Novas, é evidente a ameaça de descumprimento da Constituição Federal e das demais leis infraconstitucionais, sendo também gritante o descaso do Poder Público, que vem ignorando completamente o direito à educação das crianças que estão em situação de risco, devido a precária estrutura física do CMEI Celina Palmerston.

Cabe registrar, ainda, que tais leis, pelo fato de resguardarem direitos fundamentais, possuem aplicação imediata, conforme disposto no artigo 5ª, § 1ª, da Constituição Federal.

Portanto, não se justifica, diante das disposições constitucionais e infraconstitucionais (ECA e Convenção sobre os Direitos da Criança), a omissão do Município em manter uma estrutura física do CMEI Celina Plamerston, dotando-a das condições mínimas necessárias para os fins a que se propõe.

E, nem se alegue falta de verba pública, uma vez que a própria Constituição Federal prescreve o princípio da absoluta prioridade à criança e ao adolescente, para nortear a destinação das verbas públicas.

Com efeito, a efetivação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, em especial, quanto à implementação do direito à vida, à saúde, à



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alimentação, à educação, à dignidade e ao respeito, é obrigação do Poder Público, o qual deve ser cumprido respeitando-se o princípio constitucional cogente da prioridade absoluta em relação à destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e juventude (art. 4º, parágrafo único, alínea “d”, do ECA).

“(...) a tradicional desculpa de ‘falta de verba’ para a criação e manutenção de serviços não poderá mais ser invocada com muita facilidade quando se tratar de atividade ligada, de alguma forma, a crianças e adolescentes. Os responsáveis pelo órgão público questionado deverão comprovar que, na destinação dos recursos disponíveis, ainda que sejam poucos, foi observada a prioridade exigida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente”1.

Resta presente, também, o periculum in mora, visto que falta de estrutura física segura para as crianças matriculadas no CMEI Celina Palmerston retrata uma efetiva e real ameaça aos direitos da infância em Caldas Novas.

Em suma, mister se faz que a medida liminar seja deferida, sob pena de se concretizar o anunciado desrespeito aos direitos fundamentais e graves prejuízos às crianças.

3 – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio de seu representante legal, REQUER:1 Dalmo de Abreu Dalari in “Estatuto da Criança e do Adolescente” – 2ª edição, página 28.



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a) Seja a presente petição recebida, autuada e processada na forma do Rito Sumário (artigo 272 do CPC), conforme preconiza o artigo 5º, § 3º da Lei Federal nº. 9.394/96 e demais legislações pertinente, juntando para tanto os documentos que acompanham essa inicial (Procedimento Administrativo n° 02/2011);

b) SEJA CONCEDIDA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA para obrigar o Município de Caldas Novas, até final julgamento da presente ação, à prestação do serviço público de ensino com instalações físicas seguras, especificamente para, ALTERNADAMENTE:

b.1) Submeter os projetos atinentes às instalações do atual prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston ao Corpo de bombeiros Militar;

b.2) Realizar alterações indicadas pelo Corpo de Bombeiros Militar nas instalações físicas do prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston ou transferir os alunos matriculados na unidade de ensino em questão outro imóvel, em um raio de 500 (quinhentos) metros do atual prédio, que atenda as indicações;

b.3) Submeter os projetos atinentes às instalações elétricas do prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston a técnicos da CELG ou outro órgão estadual com atividade afim;

b.4) Realizar as alterações indicadas pelos técnicos da CELG ou órgão estadual afim na instalações elétricas do prédio em que atualmente funciona CMEI Celina Palmerston ou transferir os alunos matriculados na unidade de ensino em questão outro imóvel, em um raio de 500 (quinhentos) metros do atual prédio, que atenda as indicações;



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b.5) Submeter os projetos atinentes às instalações físicas do prédio em que atualmente funciona CMEI Celina Palmerston, inclusive nos brinquedos do ‘playground’, a técnicos da Agência Goiana de Transporte e Obras - AGETOP ou outro órgão estadual com atividade afim;

b.6) Realizar as alterações indicadas pelos técnicos Agência Goiana de Transporte e Obras - AGETOP ou outro órgão estadual com atividade afim nas instalações físicas do prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston, inclusive nos brinquedos do ‘playground’, ou transferir os alunos matriculados na unidade de ensino em questão outro imóvel, em um raio de 500 (quinhentos) metros do atual prédio, que atenda as indicações;

b.7) Submeter a água fornecida ao CMEI Celina Palmerston a técnicos da Companhia de Saneamento do Estado de Goiás - SANEAGO ou outro órgão estadual com atividade afim;

b.8) Realizar as alterações indicadas pelos técnicos da Companhia de Saneamento do Estado de Goiás – SANEAGO no fornecimento de água ao CMEI Celina Palmerston ou transferir os alunos matriculados na unidade de ensino em questão outro imóvel, em um raio de 500 (quinhentos) metros do atual prédio, que atenda as indicações;

b.9) Submeter a análise da segurança oferecida aos alunos nas instalações do atual prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston a Polícia Militar do Estado de Goiás;

b.10) Realizar alterações indicadas pela



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Polícia Militar do Estado de Goiás nas instalações do prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston ou transferir os alunos matriculados na unidade de ensino em questão outro imóvel, em um raio de 500 (quinhentos) metros do atual prédio, que atenda as indicações.

c) Seja fixada multa diária ao réu, em caso de descumprimento da decisão liminar (Tutela Antecipada) com o valor a ser fixado a critério desse Juízo com observância dos mandamentos legais, a ser suportada pelo próprio patrimônio pessoal do Administrador Municipal, fixando-se prazo razoável para o cumprimento da tutela liminar, nos termos do artigo 213, §§ 1º e 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, pois restou demonstrado a falta de estrutura digna na creche municipal, por omissão do município, situação que induvidosamente lhes causam prejuízos.

d) Seja o Município de Caldas Novas citado na pessoa de seu Representante Legal, o Senhor Prefeito Ney Gonçalves de Sousa (Ney Vitorino), para, querendo, vir responder aos termos da presente ação no prazo legal, sob pena de aplicação dos consectários jurídicos legais da revelia, o que desde já requer, produzindo as provas que porventura possuir, acompanhando-a até final julgamento, facultando ao Oficial de Justiça para a comunicação processual, a permissão estampada no artigo 172, § 2°, do Código de Processo Civil;

e) Seja julgado procedente o pedido constante da presente ação em todos os seus aspectos, confirmando-se a antecipação de tutela, para condenar o Município de Caldas Novas a prestar o serviço público de educação infantil com estrutura física segura no prédio em que está funcionando o Centro Municipal de Ensino Infantil Celina Palmerston, além de proporcionar segurança e saúde as crianças ou transferir os alunos matriculados na



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unidade de ensino em questão outro imóvel, em um raio de 500 (quinhentos) metros do atual prédio, que atenda as exigências indicadas;

f) Seja o Réu condenado, também, ao pagamento das custas e emolumentos processuais, como ônus da sucumbência.

g) Seja reconhecida a isenção do pagamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nos termos do que dispõe o artigo 219, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

h) Seja providenciada a intimação pessoal do Ministério Público do Estado de Goiás, nos termos do que dispõe o artigo 236, § 2º, do Código de Processo Civil.

i) Seja publicado o edital a que se refere o artigo 94, da Lei nº 8.078/90 (CDC), a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes.

Requer e protesta, ainda, provar o alegado por qualquer meio de prova admitida em direito, máxime provas testemunhais, periciais e documentais, e, inclusive pelo depoimento pessoal do réu, pleiteando desde já a juntada dos documentos anexos que fazem parte do conjunto probatório colhido no Procedimento Administrativo, em trâmite nesta Promotoria de Justiça.

Dá-se à presente causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para efeitos fiscais.

Caldas Novas, 16 de agosto de 2011.



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Publius Lentulus Alves da Rocha3ª Promotoria de Justiça de Caldas Novas

(Curadoria da Infância, Juventude e Educação).

Rol de Testemunhas:

1- Aurélia Borba Correia Silva, residente na Rua Manoel Branco de Souza, n◦ 245, Setor Olegário Pinto, nesta cidade;

2- Rômulo Rocha de Oliveira, que pode ser localizado na 4ª CIBM – Quartel das Águas Quentes, nesta cidade;

3- Selma Carolina Mendes, que pode ser localizada na sede da Prefeitura de Caldas Novas;

4- Márcia Regina M. Dias, que pode ser localizada na Coordenação de Fiscalização de Alimentos, na Av. Anhanguera, n◦ 5195, Setor Coimbra, em Goiânia (GO), CEP 74.043-011, fone n◦ 62-3201-4147.

- Quesitos para a perícia:

1- As instalações físicas do prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston atende as especificações do Corpo de Bombeiros Militar (Norma Técnica n◦ 07, de 05/03/2007 e Nota Aplicativa n◦ 02, de 01 de junho de 2009)? Fundamentar.

2- As instalações elétricas do prédio em que atualmente funciona CMEI Celina Palmerston atendem as especificações técnicas pertinentes? Fundamentar.

3) As instalações físicas do prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston, inclusive os brinquedos do ‘playground’, atendem as especificações técnicas pertinentes? Fundamentar.

4) O fornecimento de água ao CMEI Celina Palmerston atendem as especificações técnicas/sanitárias



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pertinentes? Fundamentar.

5) As instalações do prédio em que atualmente funciona o CMEI Celina Palmerston adota as providências adequadas para resguardar segurança do local? Fundamentar.


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