3. grécia antiga

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Ética

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  • PANORAMA HISTRICO

  • O PROBLEMA TERICO DA TICAQue condies possibilitam a ao moral? Critrios do que moral ou imoral para o homem?1) Liberdade: se o homem no livre no se pode falar de moralidade2) Conhecimento ou conscincia: para ser livre, uma ao supe que se conhea o que se faz3) Que a liberdade seja guiada por uma norma. A que norma deve se sujeitar a liberdade? Essa a questo do critrio supremo da moralidade que divide os filsofos em duas direes...

  • Como se formou a Histria da tica?Desde a antiguidade o homem busca a maneira correta de determinar e justificar suas aes.

    A conduta do homem no escapou ateno dos gregos e desenvolveram sistemas ticos.

  • As duas formas fundamentais de teoria tica1. ticas teleolgicas (telos fim / logos discurso) tica do bem ou do valor ou do fim: primeiro se estabelece o Bem para a conduta e, depois, o que se deve (que conduz ao bem).2. ticas deontolgicas (deon o que devido) hedonismo, utilitarismo, eudemonismo e tica dos valores tica do dever: a ao tica deve estar de acordo com a norma (que substitui a linguagem dos valores) Primeiro se estabelece o que certo sob a forma de deveres (a lei moral), e o bem definido em funo do correto.Estoicismo e formalismo kantiano

  • A TICA GREGA1. Os sofistas e Protgoras3. Aristteles2. Scrates e Plato4. ticas do perodo helenista

  • Pergunta que guiava os filsofos morais da antiguidade clssica no era o que devo fazer?, mas qual a vida melhor para o homem?

  • Noes FundamentaisEudaimonia felicidade

    Arete - virtude Vida feliz: vida segundo a virtude

  • 1. Os sofistas e ProtgorasDos pr-socrticos aos sofistas Desinteresse pela cosmologia: ceticismo quanto as possibilidades de respostas. Interesse centrado no homem: sofistas (Atenas sc. V a.C.) a tica, a poltica, a retrica, o conhecimento, a linguagem, a arte, a religio, a educao os sofistas se declaravam mestres de virtude e diziam ser capazes de, mediante pagamento, ensinar a sabedoria necessria para se tornar cidado e bom chefe de famlia

  • Causas do deslocamento do eixo da filosofia:a) Relativismo: discusso sobre o carter relativo da verdade e do bemb) AtesmoDos deuses no posso saber se existem ou se no existem (Protgoras) c) Lei do mais forteos que podem impor-se pela fora no tm necessidade alguma de justificao (os atenienses aos espartanos)

  • PROTGORASS. V a.C.Obras: Sobre a verdade, Sobre os deuses e as Antilogias ou Contradies nada pode ser conhecido com segurana - relativismo o homem a medida de todas as coisas - nega critrios objetivos para distinguir a verdade do erro, o bem do mal Dos deuses no posso saber se existem ou se no existem, nem que forma tm. Com efeito, so muitas as dificuldades que obstaculizam este conhecimento, como a impossibilidade de recorrer experincia sensvel, e a brevidade da vida. (do relativismo ao agnosticismo)

  • Como saber o que nos convm sem saber quem somos?

    SCRATESDeus a medida de todas as coisas

    PLATO

  • SCRATESAtenas de 469 ao 399 a.C. protagonista da primeira grande tentativa de apelar razo para sondar o fundo da condio humana a palavra deixa de ser instrumento de manipulao e recupera seu valor tico a servio da comunicao da verdade. a verdade deve ser buscada na intimidade da alma. O conhece-te a ti mesmo do frontispcio do templo de Delfos convida a superar a miopia dos sentidos para descer no profundo do prprio esprito e descobrir nele a verdade permanente. o dilogo libera a verdade das opinies e a esclarece.

  • O mtodo:

    Mayeutica

    A arte de dar a luz verdade por meio do dilogo inteligente.

  • O centro da tica: conceito de virtude que se alcana por meio do conhecimento: para agir bem preciso conhecer o bem, age-se mal por ignorncia, por julgar o mau como bom (intelectualismo moral)

    Imperativo socrtico: conhece-te a ti mesmo.

    Intelectualismo equilibrado pelo papel da vontade que responsvel por uma virtude : o autodomnio. Intelectualismo moral

  • Fundamento dos valores moraisNatureza humana: os valores morais expressam o verdadeiro bem da pessoa. So constantes como a natureza

    Transcendncia: a racionalidade do cosmos o leva a admitir um Logos universal que fala ao homem por meio de sua conscincia moral

    Deus a medida de todas as coisas

  • Todos os discpulos sentamos sua falta porque era o melhor na virtude. Era piedoso, pois em tudo agia de acordo com o pensamento dos deuses; justo, pois foi o mais til aos que lhe trataram; moderado, j que nunca preferiu o cmodo ao bom; prudente, porque no se equivocou julgando o bom e o mau; capaz de juzo, de conselho e de repreenso para com os que se equivocavam. E por tudo isso era considerado o melhor e mais feliz dos homens (Ditos memorveis de Scrates, Xenofonte)

  • Em sntese,para Scrates: O conhecimento necessrio para uma vida virtuosa.

    A sabedoria no consiste em saber tudo, mas em dar-se conta de quo imenso o que no se sabe e manter-se no impulso investigando e aprendendo sempre.

  • EnfimO auto-conhecimento a base da moral;O conhece-te a ti mesmo uma forma de dotar de sentido tico a conduta;

  • PLATO427 a.C. Continuador da herana intelectual socrtica Linhas fundamentais da tica platnica: o controle da prpria conduta superando a animalidade; como integrar os interesses individuais num projeto comum que torne possvel a convivncia social? como alcanar a felicidade? Mito do cavalo alado resumo das linhas fundamentais de sua ticaalegoria da alma humana: a nobreza e o esforo (cavalo branco), a paixo irracional (corcel negro), e o condutor a razo que controla e d o ritmo s duas foras antagnicas.

  • Auriga Racional PRUDNCIA(fronesis)cavalo negro Alma concupiscvelTEMPERANA(sofrosyne) Cavalo brancoAlma irascvelFORTALEZA(andria)JUSTIA - Dikayosine

  • ARISTTELESEstagira (Macednia) em 384 a.C. No saber filosfico h trs tipos de cinciaTeorticasvisam o conhecimento puro2) Poiticastendem produo de algo (produo poiesis)3) Prticastm como objeto a ao humana (ao praxis) tica, poltica e economia

  • tica e felicidade (eudaimnica) 28-04-2015 tica sistematizada na tica a Nicmaco Toda ao humana busca sempre algum bem quase todos chamam felicidade (eudaimonia) ao mximo bem que possam conseguir, mas reconhecem que ningum sabe exatamente em que consiste: prazer (os simples), honra (os polticos), riquezas a felicidade deve estar relacionada com o que o homem : animal, racional e social. O homem excelente sintetiza trs formas de vida: a biolgica, a social e a intelectual Sendo especfico do homem a racionalidade, o bem prprio do homem a atividade da alma segundo virtudes e, se mltiplas so as virtudes, segundo a melhor e a mais perfeita dotado de inteligncia, o homem espectador da verdade, e, como a mais alta verdade a divindade, sua contemplao constituir a mais bela e feliz das ocupaes

  • 28-04-2015Qual a virtude mais perfeita do esprito? (tica a Nicmaco)Identifica 3 componentes do esprito humano: Paixes (ira, dio, amizade, medo, etc)Boas: virtudes Ms: vciosComo distinguir entre vcios e virtudes? Doutrina do justo meio in medio virtus Potncias (capacidades de sentir as paixes) Disposies (hbitos: definem atitudes diante das paixes) Virtude: disposio constante, adquirida pelo exerccio, para identificar o justo meio entre dois extremos, um por excesso outro por defeito, em relao a cada uma das paixes do esprito humano.

  • 28-04-2015ENTENDENTO A JUSTA MEDIDA -Justa medida+MEDO ------------ CORAGEM ------------ TEMERIDADEAVAREZA ---- LIBERALIDADE ---- PRODIGALIDADEINSENSIBILIDADE TEMPERANA INTEMPERANAPESSIMISMO --- OTIMISMO ------ INGENUIDADE

    o excesso e o defeito destroem a virtude, e o termo mdio a conserva

  • 28-04-2015Termo mdio No o mesmo para todos, mas relativo s pessoasExemplifica: se para uma pessoa muito comer dez, e pouco comer dois, o correto ser comer seis, porm seis ser pouco para um atleta, e muito para aquele que se inicia nos exerccios corporais. Portanto, todo conhecedor evita o excesso e o defeito, e busca o termo mdio e o prefere; porm no o termo mdio da coisa, mas o relativo a ns

  • 28-04-2015Seguindo o pensamento de Scrates e Plato, Aristteles enquadra a conduta tica nas quatro virtudes que realizam perfeitamente os quatro modos gerais do agir humano: a determinao prtica do bem (prudncia), sua realizao na sociedade (justia), a firmeza para defend-lo ou conquist-lo (fortaleza) e a moderao para no confundi-lo com o prazer (temperana).

  • 28-08-2015A ARTE DA PRUDNCIA O modelo de vida feliz conforme as virtudes no pode ser traduzido num conjunto de normas e deveres, pois o que se deve fazer est relacionado com as circunstncias especficas da vida e ao papel que cada qual exerce na sociedadePrudncia (pro-vidncia): ver previamente e adiantar-se aos acontecimentos, medir as conseqncias antes de agir Virtude difcil, pois o governo mais difcil o governo de si mesmo. Sustenta a razo onde se ajuntam as liberdades, os deveres, as responsabilidades, os sentimentos, os gostos, as afinidades, as manias, as esquisitices, etc.: uma espcie de circo ingovernvel.

  • 28-08-2015Exemplificandoo que convm ao casamento de um servo no o mesmo que convm ao casamento de um filho [...] o bom em sentido absoluto nem sempre coincide com o bom para uma pessoa. Assim, no convm ao corpo sadio que lhe amputem a perna; porm, amputar pode salvar a vida de um ferido [...] os jovens podem ser muito inteligentes, porm no prudentes, porque a prudncia o domnio do particular, ao qual s se chega com a experincia. E o jovem no tem experincia, porque ela se adquire com a idade.Terica e Prtica: conhecimento diretivo que requer estudo, muita experincia, pedido de conselho e reflexo ponderada

  • 28-04-2015VIRTUDE DA JUSTIAAquela disposio do esprito pela qual os homens tendem a realizar coisas justas e pela qual operam justamente e querem as coisas justas Importante para a vida social: Justia legal: agir em conformidade com as leis; Justia comutativa: regula os intercmbios de bens entre os particulares Justia distributiva: distribui entre os cidados os benefcios e os encargos que traz consigo o bem comum Epieikeia equidade, convenincia (corretivo do justo legal)Possibilita corrigir a lei onde ela insuficiente por causa de sua expresso universal

  • 28-04-2015Distingue entre a universalidade de uma justia natural e a contingncia da justia humana: justo o que a lei manda, porm tambm o que a natureza estabelece. Com a diferena: o justo por natureza universal e imutvel, da mesma forma que o fogo queima tanto aqui como na Prsia. No entanto, a justia meramente legal, fundada na utilidade e no acordo, varivel como as medidas de vinho e trigo, que no so iguais em todas as partes.

  • 28-04-2015CONCLUSOVida tica: aquisio de boas disposies mediante a educao; a posse de virtudes indcio de que o indivduo se esforar por agir melhor no basta saberAkrasia: fraqueza de carter que pode levar a ms aesA razo no tem domnio total sobre as paixesNo fim de sua obra pergunta-se para que servem esses raciocnios sobre as virtudes.So suficientes para nos tornar homens de bem?

  • 28-04-2015Constata: a maioria deixa-se arrastar pelas paixes, no obedece razo, mas fora.Que raciocnios poderiam transformar homens assim? Educao do carter desde a adolescncia Uma comunidade ordenada por boas leis: punindo as ms aes podem gerar a aquisio das boas disposiesseria intil saber o que a virtude e no saber como consegui-la, da mesma maneira que no nos conformamos com saber em que consiste a sade, mas sim que queremos estar sadios

  • TICAS DO PERODO HELENISTAFATOR IMPORTANTE: Ambiente: instabilidade poltica e moral devido ao surgimento dos grandes imprios (perda do interesse do indivduo pelos assuntos da polis)

    ESTOICISMOEPICURISMOreduzem a investigao tica pergunta pela felicidade dos indivduos

  • 1. EPICUROa) Felicidade e controle do prazer Precursor: Aristipo de Cirene (s. IV a.C.) - o bem supremo o prazer, porm no podemos permitir que nos domine tica: Ope-se a Plato e a Aristteles porque concebe a felicidade como prazer. Felicidade = prazer sensvel. Individual (desvinculado da polis) Porm, renunciamos a muitos prazeres quando deles provm um transtorno maior. Epicuro (Samos 341 a.C.) Cartas: a Meneceu, Herdoto e Ptocles

  • Epicuro passa de certo hedonismo a certo ascetismo, reconhecendo na atrao do prazer uma amarra incompatvel com a felicidade, com uma felicidade que ele concebe precisamente como ausncia de vnculos, independncia fsica e anmica, serenidade completa. Quando dizemos que o prazer o bem soberano, no falamos dos prazeres dos pervertidos e dos crpulas, como pretendem alguns ignorantes que nos atacam e desfiguram nosso pensamento. Falamos da ausncia de sofrimento para o corpo e da ausncia de inquietude para a alma. Porque no so as bebedeiras, nem os banquetes contnuos, nem o prazer com jovenzinhos ou com mulheres, nem os peixes e as carnes com que se enchem as mesas suntuosas, os que proporcionam uma vida feliz: antes, a razo, buscando sem cessar os motivos legtimos de escolha ou de rejeio, e afastando as opinies que enchem a alma de inquietao. (Carta a Meneceu)

  • Distingue trs grandes famlias de prazeres: a) Naturais necessrios (conservao da vida: comer quando se tem fome, beber quando se tem sede, repousar quando se est cansado): satisfazer b) Naturais desnecessrios (variaes suprfluas dos prazeres naturais: comer bem, beber licores refinados, vestir com ostentao, etc.): limitar c) Os que no so nem naturais nem necessrios (nascidos da vaidade humana: desejo de riquezas, de poder, de honras, etc.): esquivar-se

  • b) Felicidade e liberdadeEntende a liberdade como um exerccio de autogoverno ou autarquia que apresenta duas faces ausncia da dor corporal (aponia) Uma considerao correta dos desejos a que pe tudo o que escolhemos e rejeitamos em funo da sade do corpo e a tranqilidade do esprito: nisso consiste a vida feliz. (Carta a Meneceu) eliminao da intranqilidade de esprito (ataraxia)

  • 2. ESTOICISMO Fundador: Zeno Atenas (s. IV a.C.) Figuras influentes: Posidnio, Sneca, Epiteto e o imperador Marco Aurlio Ideia central: uma concepo cosmolgica que afirma que uma Razo Csmica (Lei Universal) qual tudo est submetido: o destino, a fatalidade Racionalidade misteriosa que se impe sobre a vontade dos deuses e dos homens.Tudo acontece fatalmente como tinha de acontecer.

  • Consequncias: Resignao do homem diante do destinoPROPOSTA TICA: sbio aquele que, sabendo que toda felicidade depende do destino, procura garantir sua paz interior atingindo a insensibilidade diante do sofrimento e diante das opinies dos outros. A tica estica recomenda libertar-se das paixes e dos medos, ser indiferentes diante da dor e do prazer. Os que procuram agir contra a ordem eterna devem pagar seu erro por tentar faz-lo

  • Imperturbabilidade: nico caminho da felicidade Jamais consideres feliz a algum que dependa da felicidade, pois o gozo que entrou voltar a sair. (Sneca)(Digenes)DISTINGUIR: Liberdade interior: de- pende de nsMundo exterior: fora do nosso alcance e aoO sbio estico o que consegue conquistar os bens internos e desprezar os externos Digenes

  • Desenvolvimentos da tica grega Forte influncia em toda a reflexo filosfica posterior, especialmente Aristteles Plasmou-se grande parte dos conceitos e das ideias da histria da tica A idia estica de uma lei natural universal favoreceu a idia de um direito unitrio no Imprio Romano Plato e Aristteles elaboraram noes e categorias que integram a estrutura teortica da tica. Remontar filosofia grega no tem valor documentrio, mas propriamente teortico

  • Propostas atuais: ticas da virtude que insistem mais na importncia das qualidades do carter do que sobre a importncia exclusiva dos princpios ou dos deveres, no cumprimento de uma vida moral satisfatriaA pergunta fundamental da tica seria no o que devo fazer?, mas que tipo de pessoa quero ser? Cf. Alasdair MacIntyre, Depois da virtude