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Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER Curso: Comunicação social – Jornalismo Matéria: gêneros jornalísticos Aluno: Ezequiel Schukes Quister Definição de tipo e gênero textual. Desde Platão a discussão sobre tipificações, gêneros e classificações já se estabeleciam entre os filósofos e sofistas (professores da época). Para eles, a pluralidade de ações exigia que se agrupassem suas formas mais análogas, ordenando-as com vistas ao estudo de suas formas. No trecho abaixo, o diálogo entre Sócrates e Teeteto deixa claro que, apesar das formas diversificadas dos discursos, certa analogia entre eles garantia a possibilidade de sua organização por gêneros, como a persuação, por exemplo. Sócrates — Os discursos do foro, das assembléias populares, a arte da conversação, englobaremos numa só classe, a que daremos o nome de arte da persuasão. Em outro diálogo Sócrates continuam a estabelecer uma analogia entre os diversos discursos com objetivo de avaliar suas propriedades de organização. Porém, no trecho específico fica claro que a organização informal também é uma generalização: é o caso da palavra “contenda”. Sóctrates — Quando o debate consta de digressões a respeito do justo e do injusto, recebe o qualificativo de forense ou judicial.

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Page 1: 3 - Definicao de Tipo e Genero Textual

Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTERCurso: Comunicação social – JornalismoMatéria: gêneros jornalísticosAluno: Ezequiel Schukes Quister

Definição de tipo e gênero textual.

Desde Platão a discussão sobre tipificações, gêneros e classificações já

se estabeleciam entre os filósofos e sofistas (professores da época). Para eles,

a pluralidade de ações exigia que se agrupassem suas formas mais análogas,

ordenando-as com vistas ao estudo de suas formas. No trecho abaixo, o

diálogo entre Sócrates e Teeteto deixa claro que, apesar das formas

diversificadas dos discursos, certa analogia entre eles garantia a possibilidade

de sua organização por gêneros, como a persuação, por exemplo.

Sócrates — Os discursos do foro, dasassembléias populares, a arte da conversação,englobaremos numa só classe, a que daremos o nomede arte da persuasão.

Em outro diálogo Sócrates continuam a estabelecer uma analogia entre

os diversos discursos com objetivo de avaliar suas propriedades de

organização. Porém, no trecho específico fica claro que a organização informal

também é uma generalização: é o caso da palavra “contenda”.

Sóctrates — Quando o debate consta dedigressões a respeito do justo e do injusto, recebe oqualificativo de forense ou judicial.Porém quando é realizado entreparticulares e cortado em pedacinhos, por meio deperguntas e respostas, não temos o costume de dar-lheo nome de contenda?Teeteto — Não há outro.

(Platão – O Sofista)

Então, generalizar não pode ser entendido como o simples ato de

organizar? Partimos de uma generalização com o objetivo de verificar, analisar.

Depois depois de avaliamos suas partes, já divididas, reorganizamo-las,

sintetizamo-las e enumeramos as conclusões. (método cartesiano). Portanto, a

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generalização consiste no agrupamento, com logicidade, visando seu

entendimento.

Já a tipificação, consiste no processo de destrinchar, à partir de uma

generalização, os elementos de um texto ou de tudo aquilo que se pretende

analisar. O objetivo neste caso pode ter função estética ou mesmo uma análise

microscópica. Portanto, o principal conceito que devemos ter em mente é

aquele citado por Pedro Celso de Campos, em sua obra Gêneros do

Jornalismo e Técnicas de Entrevista: “o fundamental é jamais abrir mão dos

ideais e de um jornalismo criativo, ético, sério e totalmente voltado para o

serviço ao receptor. Este é o melhor de todos os gêneros: o jornalismo de

serviço”.

Academicamente o estudo de gêneros tem suas funções pragmáticas. A

preleção com o intuito de mostrar ao estudante suas características e os tipos

textuais tem validade, porém, como argumentou Campos, jamais o jornalismo

deve perder a função social do servir. Segundo Alceu Amoroso Lima, citado por

Juliana Regina Pretto, “a objetividade é um traço natural do jornalismo como

gênero e determina as características intrínsecas do estilo jornalístico”. O autor

afirma que um jornalista tem que ser preciso em seu estilo para não correr o

risco de situar-se fora do jornalismo e cair no conto, na ficção. Notemos que

este argumento procura deixar bem claro as diferenciações entre a ficção e

não-ficção, porém, não encontra guarida se pensarmos mais a fundo no

jornalismo literário, conhecido como gênero diversional, que segundo Jose

Marques de Melo, consiste em um gênero de caráter emocional.

As contradições em relação ao estudo de gênero dizem respeito, em

maioria dos casos, numa problemática ligada à nomenclatura, ou na dificuldade

em se estabelecer o que é o quê, em um universo de discursos que se

modificam ao sabor das correntes. Como classificar um texto do Twitter, por

exemplo? É um gênero ou tipo textual? O tempo, os estudos e as mudanças

sociais vão se encarregar de trazer novos gêneros, novos tipos, novas

possibilidades.