3 - definicao de tipo e genero textual
TRANSCRIPT
Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTERCurso: Comunicação social – JornalismoMatéria: gêneros jornalísticosAluno: Ezequiel Schukes Quister
Definição de tipo e gênero textual.
Desde Platão a discussão sobre tipificações, gêneros e classificações já
se estabeleciam entre os filósofos e sofistas (professores da época). Para eles,
a pluralidade de ações exigia que se agrupassem suas formas mais análogas,
ordenando-as com vistas ao estudo de suas formas. No trecho abaixo, o
diálogo entre Sócrates e Teeteto deixa claro que, apesar das formas
diversificadas dos discursos, certa analogia entre eles garantia a possibilidade
de sua organização por gêneros, como a persuação, por exemplo.
Sócrates — Os discursos do foro, dasassembléias populares, a arte da conversação,englobaremos numa só classe, a que daremos o nomede arte da persuasão.
Em outro diálogo Sócrates continuam a estabelecer uma analogia entre
os diversos discursos com objetivo de avaliar suas propriedades de
organização. Porém, no trecho específico fica claro que a organização informal
também é uma generalização: é o caso da palavra “contenda”.
Sóctrates — Quando o debate consta dedigressões a respeito do justo e do injusto, recebe oqualificativo de forense ou judicial.Porém quando é realizado entreparticulares e cortado em pedacinhos, por meio deperguntas e respostas, não temos o costume de dar-lheo nome de contenda?Teeteto — Não há outro.
(Platão – O Sofista)
Então, generalizar não pode ser entendido como o simples ato de
organizar? Partimos de uma generalização com o objetivo de verificar, analisar.
Depois depois de avaliamos suas partes, já divididas, reorganizamo-las,
sintetizamo-las e enumeramos as conclusões. (método cartesiano). Portanto, a
generalização consiste no agrupamento, com logicidade, visando seu
entendimento.
Já a tipificação, consiste no processo de destrinchar, à partir de uma
generalização, os elementos de um texto ou de tudo aquilo que se pretende
analisar. O objetivo neste caso pode ter função estética ou mesmo uma análise
microscópica. Portanto, o principal conceito que devemos ter em mente é
aquele citado por Pedro Celso de Campos, em sua obra Gêneros do
Jornalismo e Técnicas de Entrevista: “o fundamental é jamais abrir mão dos
ideais e de um jornalismo criativo, ético, sério e totalmente voltado para o
serviço ao receptor. Este é o melhor de todos os gêneros: o jornalismo de
serviço”.
Academicamente o estudo de gêneros tem suas funções pragmáticas. A
preleção com o intuito de mostrar ao estudante suas características e os tipos
textuais tem validade, porém, como argumentou Campos, jamais o jornalismo
deve perder a função social do servir. Segundo Alceu Amoroso Lima, citado por
Juliana Regina Pretto, “a objetividade é um traço natural do jornalismo como
gênero e determina as características intrínsecas do estilo jornalístico”. O autor
afirma que um jornalista tem que ser preciso em seu estilo para não correr o
risco de situar-se fora do jornalismo e cair no conto, na ficção. Notemos que
este argumento procura deixar bem claro as diferenciações entre a ficção e
não-ficção, porém, não encontra guarida se pensarmos mais a fundo no
jornalismo literário, conhecido como gênero diversional, que segundo Jose
Marques de Melo, consiste em um gênero de caráter emocional.
As contradições em relação ao estudo de gênero dizem respeito, em
maioria dos casos, numa problemática ligada à nomenclatura, ou na dificuldade
em se estabelecer o que é o quê, em um universo de discursos que se
modificam ao sabor das correntes. Como classificar um texto do Twitter, por
exemplo? É um gênero ou tipo textual? O tempo, os estudos e as mudanças
sociais vão se encarregar de trazer novos gêneros, novos tipos, novas
possibilidades.