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UNIVERSIDADE DO PORTO TÍTULO_ A aprendizagem colaborativa no contexto do ensino-aprendizagem de português língua estrangeira AUTOR Tânia Sofia Monteiro Rodrigues da Graça 2.º Ano FLUP 2016 TÍTULO_ A aprendizagem colaborativa no contexto do ensino- aprendizagem de português língua estrangeira AUTOR: Tânia Sofia Monteiro Rodrigues da Graça DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA À FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO EM Mestrado em Português Língua Segunda /Língua Estrangeira Mestrado em Português Língua Segunda /Língua Estrangeira Ano 2016

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UNIVERSIDADE DO PORTO

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Graça

2.º

Ano

FLUP

2016

TÍTULO_ A aprendizagem colaborativa no contexto do ensino-

aprendizagem de português língua estrangeira

AUTOR: Tânia Sofia Monteiro Rodrigues da Graça

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA

À FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO EM Mestrado em

Português Língua Segunda /Língua Estrangeira

Mestrado

em Português

Língua Segunda

/Língua

Estrangeira

Ano 2016

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Tânia Sofia Monteiro Rodrigues da Graça

A aprendizagem colaborativa no contexto do ensino-aprendizagem de

português língua estrangeira

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Português Língua Segunda /Língua

Estrangeira orientada pela Professora Doutora Ângela Carvalho

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Junho de 2016

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A aprendizagem colaborativa no contexto do ensino-

aprendizagem de português língua estrangeira

Tânia Sofia Monteiro Rodrigues da Graça

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Português Língua Segunda /Língua

Estrangeira orientada pela Professora Doutora Ângela Carvalho

Membros do Júri

Professora Doutora Isabel Margarida Ribeiro de Oliveira Duarte

Faculdade de Letras- Universidade do Porto

Professora Doutora Mónica Barros Lorenzo

Faculdade de Letras- Universidade do Porto

Professora Doutora Ângela Cristina Ferreira de Carvalho

Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Classificação obtida: 15 valores

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Dedicatória

Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida.

A minha mãe, Maria Antónia, que sempre levou uma vida dura, mas nunca deixou de lutar para

que os meus sonhos fosse uma realidade. Graças a essa mulher incansável cheguei onde estou.

Às minhas irmãs Ceazy Pires, Kelly Pires e Zailly Pires, por me terem acompanhado em toda

essa trajetória, dando força, coragem, carinho, amizade e muita confiança.

Ao Odair Gomes, que além de irmão, é como um pai para mim. Sem ele nada tinha começado

e as minhas conquistas não seriam alcançadas.

Ao meu pai, que por motivos de doença nunca participou nas minhas vitórias, mas que não

deixa de me amar.

Por fim, dedico este trabalho ao meu namorado, Manuel Dias, pelo amor e pela paciência que

demostrou ao longo deste percurso.

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Sumário

Dedicatória……………………………………………………………………………….5

Agradecimentos……………………………………………………………………....….7

Resumo…………………………………………………………………………………. 8

Abstract………………………………………………….……………………………… 9

Resum………………………………………………………………………..……..…. 10

Índice de figuras .............................................................................................................. 11

Índice de tabelas .............................................................................................................. 12

Índice de gráficos............................................................................................................. 13

Lista de abreviaturas e siglas ........................................................................................... 14

Introdução ........................................................................................................................ 15

Capítulo 1- O Português em Cabo Verde ........................................................................ 18

Capítulo 2 - Enquadramento teórico e conceptual………...………………………........25

2.1 Definição da aprendizagem colaborativa .............................................................. 25

2.2 Aprendizagem colaborativa versus aprendizagem cooperativa ............................ 29

Capítulo 3- Aprendizagem tradicional versus aprendizagem colaborativa ………........32

3.1 Diferenças entre aprendizagem tradicional e aprendizagem colaborativa ............ 32

3.2 Vantagens e desvantagens da aprendizagem colaborativa .................................... 35

Capítulo 4 - Implementação da aprendizagem colaborativa ........................................... 40

4.1 O papel do professor .......................................................................................... 40

4.2 O papel do aluno ................................................................................................ 42

Capítulo 5 - Enquadramento prático……………………………………........................46

5.1 Contextualização do estágio ................................................................................. 46

5.1.1 Característica do público-alvo....................................................................... 47

5.2 Aprendizagem colaborativa segundo o Quadro Europeu Comum de Referência 56

5.3 Características dos aprendentes adultos ................................................................ 59

5.4 O processo de aprendizagem colaborativa ............................................................ 62

Conclusão ........................................................................................................................ 79

Referências bibliográficas ............................................................................................... 81

Anexos ............................................................................................................................. 86

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a deus pela força e pela coragem, por nunca me ter

deixado desistir.

De um modo especial, agradeço à minha orientadora, Professora Doutora Ângela

Carvalho, docente da Universidade do Porto, pelo acompanhamento durante este

trabalho, pela oportunidade que me ofereceu de, com ela, aprender um pouco do seu vasto

conhecimento, que comigo partilhou com humildade em cada momento. Obrigada pelas

palavras de ânimo e motivação.

Cumpre-me deixar aqui um especial obrigada: à Professora Doutora Isabel Duarte,

coordenadora do Mestrado, pelo seu profissionalismo, disponibilidade e apoio durante

esses dois anos. De um modo geral, a todos os professores que se cruzaram no meu

caminho e contribuíram para que este trabalho fosse uma realidade.

Ao programa Erasmus Mundus, que me ofereceu esta magnífica oportunidade. À

Doutora Carla Augusto, a Doutora Ana Paiva e a todos os outros elementos do programa,

pela disponibilidade e amabilidade que sempre demonstraram.

Agradeço à minha mãe, Maria Antónia, às minhas irmãs e o meu irmão, por tudo.

A todos os meus amigos um obrigado, em especial a todos àqueles que sempre confiaram

nas minhas potencialidades e que me incentivaram nos momentos de maior desalento.

Não conseguiria indicar o nome de todos, mas seria impossível não mencionar o nome de

Gilson Alves, Marly Gonçalves e da Zedna Gomes, pelo apoio incondicional, a amizade

constante e as palavras de incentivo.

Aos colegas e amigos do MPLS/LE da FLUP, pelas agradáveis lembranças e

experiências partilhadas que ficarão eternamente guardada na minha memória.

A todos os alunos de PLE, pela forma como nos acolheram e colaboraram

connosco.

De uma maneira geral, a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, fizeram

parte desta minha caminhada, inclusive aos que criaram obstáculos ao longo deste

percurso. Agradeço-lhes, pois, esses contratempos serviram-me de estímulo para

continuar sempre em frente.

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Resumo

Urge adequar o processo ensino-aprendizagem ao mundo globalizado em que vivemos

atualmente, de modo a que se possam atingir não só metas de aprendizagem como

também de cidadania.

Neste contexto, este relatório pretende demostrar que a aprendizagem colaborativa pode

ser um instrumento profícuo para fazer face aos desafios educacionais atuais.

Este trabalho surge no âmbito do Estágio Pedagógico do Mestrado em Português Língua

Segunda / Língua Estrangeira e o seu objetivo principal é testar a validade da

aprendizagem colaborativa no contexto de ensino-aprendizagem de português língua

estrangeira, uma vez que se parte da hipótese de que esta forma de aprendizagem possa

promover competências cruciais para formar cidadãos mais aptos para a vida em

sociedade.

Palavras-chave: Aprendizagem colaborativa; centralidade do aluno; ensino-

aprendizagem de português língua estrangeira.

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Abstract

It is necessary to adapt the teaching and learning process to the globalised world that we

live in now, so that we can attain not only goals for learning, but for citizenship too.

In this context, this thesis demonstrates that collaborative learning can be a beneficial tool

in order to face the educational challenges of today.

This work stems from the Masters Placement in Teaching Portuguese as a Foreign/Second

Language. Its principal objective is to validate collaborative learning in terms of the

teaching and learning of Portuguese as a foreign language, starting from the hypothesis

that this type of learning can promote crucial competencies to create citizens who are

more prepared for life in society.

Key-words: Collaborative learning; Focus on the student; Teaching and learning of

Portuguese as a Foreign Language.

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Resum

É urgente adequá process d’ ensin-aprendizagem ness mund globlizod ondê k nô t vivê

grinhecim, d menera k nô t podê tingi non sô meta d’ aprendizagem com tembé d’

cidadania.

Ness context, ess relatório t’ pretende demosntrá quê aprendizagem colaborativa pod ser

um instrumento útil p enfrentá es dséfio d’agora.

Ess é um troboi d’ stágio pdagógico d’ mestrad n português segund línga / línga s’trenger.

S’ principal objetiv ê testá velided d’ aprendizagem colaborativa n context d’ ensin-

aprendizagem d’ português línga s´ trenger, um vez q no t perti d’ hipótese quê ess ê um

forma d’ aprendizagem é q podê promove comptênça importante p formá gente mes

preporod quê p vida n sociedad.

Palavra-chave: Aprendizagem colaborativa; centrelided d’ aluno; ensin-aprendizagem

d’ português línga s´strenger.

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Índice de figuras

Figura 1- Esquema do Modelo da Andragogia 60

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Índice de tabelas

Tabela 1- Número de alunos dos dois semestres 47

Tabela 2- Nacionalidades dos alunos do 1º semestre 48

Tabela 3- Sexo dos alunos do 1º semestre 49

Tabela 4- Habilitações literárias dos alunos do 1º semestre 49

Tabela 5- Línguas maternas dos alunos do 1º semestre 50

Tabela 6- Línguas estrangeiras dos alunos do 1º semestre 51

Tabela 7- Nacionalidades dos alunos do 2º semestre 52

Tabela 8- Sexo dos alunos do 2º semestre 52

Tabela 9- Habilitações literárias dos alunos do 2º semestre 53

Tabela 10- Línguas maternas dos alunos do 2º semestre 54

Tabela 11- Línguas estrangeiras dos alunos do 2º semestre 54

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Índice de gráficos

Gráfico 1- Alunos do 2º semestre distribuído por níveis 48

Gráfico 2- Idade dos alunos do 1º semestre 49

Gráfico 3- Idade dos alunos do 2º semestre 53

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Lista de abreviaturas e siglas

CAPE- Curso Anual de Português para Estrangeiros

CV- Cabo Verde

ELBT- Ensino de Línguas Baseado em Tarefas

FLUP- Faculdade de Letras da Universidade do Porto

LCV- Língua Cabo-verdiana

LE- Língua(s) Estrangeira(s)

LM- Língua(s) Maternas(s)

LP- Língua Portuguesa

LS- Língua(s) Segunda(s)

MPLS/LE- Mestrado em Português Língua Segunda/ Língua Estrangeira

PALOP- Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

PLE- Português Língua Estrangeira

PLNM- Português Língua Não Materna

PLS- Português Língua Segunda

QECR- Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas

UNESCO- United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

ZDP- Zona de Desenvolvimento Proximal

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Introdução

O acesso ao conhecimento e, em especial, à rede informatizada, desafia o docente

a procurar nova metodologia para atender às exigências da sociedade (Behrens, 2000 p.

2).

Contudo, de acordo com Tavares e Alarcão (1985):

Nós professores, os práticos da educação, temos uma enorme

tendência para querer exigir dos teóricos da educação receitas para nós

executarmos na sala de aula. E daí uma ânsia em saber qual a melhor teoria

de aprendizagem. Qual se deve pôr em prática na sala de aula? Quando não

conseguimos obter respostas para estas inquietações muito louváveis, então

acusamos os teóricos de que se entretêm a brincar com teorias que nada têm

a ver com a prática de ensino (1985, p.105).

Deste modo, cabe à escola adequar e adaptar novas posturas, novas estratégias e

novas maneiras de ensinar, ultrapassando assim as metodologias que não atendem às

necessidades e expetativas dos alunos e da sociedade no geral.

Assim sendo, para dar resposta ao ensino atual e incutir uma metodologia

inovadora, estruturei este relatório, que se insere no âmbito, do MPLS/LE, debruçando-

me sobre a problematização do seguinte tema: A aprendizagem colaborativa no contexto

do ensino-aprendizagem de PLE. Este estudo baseia-se no trabalho desenvolvido durante

o Estágio Pedagógico decorrido na FLUP, em duas turmas de PLE1 do CAPE durante o

ano letivo de 2015/2016 e tem como intuito responder à seguinte pergunta: até que ponto

o trabalho colaborativo contribui para a aprendizagem do PLE?

1Durante este trabalho optei por referir o termo “Português Língua Estrangeira” (PLE) como um conceito

genérico, usado nos cursos da FLUP, deste modo não irei discutir a problemática dos conceitos como LE /

LS por não ser o foco do trabalho.

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A escolha deste tema deve-se a três motivos.

Primeiramente por no decorrer do meu percurso académico em Cabo Verde (CV),

vivenciar uma aprendizagem do Português, como língua oficial, língua de prestígio, um

pouco individualista. Neste sentido apercebi-me de que seria importante debruçar-me

sobre um tema que teria aplicabilidade prática em CV, numa tentativa de melhorar as

estratégias de ensino-aprendizagem do português, bem como no âmbito de outras

disciplinas.

O segundo motivo resulta da minha experiência no 1º ano do mestrado nas aulas

supervisionadas antes de iniciar o Estágio Pedagógico. Essa experiência fez com que me

apercebesse de algumas dinâmicas que caraterizam a sala de aula de PLE, havendo um

que me chamou especial atenção: a grande diversidade dos aprendentes. Devido à grande

heterogeneidade, particularmente a nível cultural, a turma demostrava um ambiente de

aprendizagem muito individualizado e faltava o envolvimento dos alunos nas tarefas.

Além disso, no 1º semestre do 2º ano do curso de mestrado, durante o estágio, o perfil dos

aprendentes da turma de nível A2.2, maioritariamente asiáticos, motivou-me imenso a

encetar este percurso. Neste contexto surge a necessidade de encontrar uma estratégia de

ensino viável que estimule nos aprendentes a interação, interajuda, trabalho em equipa,

partilha, diálogo entre pares.

E o terceiro motivo é a centralidade do aluno, em que o foco central deve ser

orientado no sentido de dar resposta às suas necessidades e os seus interesses de

aprendizagem levando-os a perceber que podem dar direção à sua própria aprendizagem.

Assim, satisfazer as necessidades reais dos alunos, permitem fortalecer elementos que

venham a contribuir para a sua formação e, consequentemente, para o seu

desenvolvimento.

Face ao exposto, passo a enunciar os objetivos fundamentais deste trabalho cuja

finalidade primeira é a de demonstrar a possibilidade de uma intervenção de

aprendizagem colaborativa proporcionar a melhoria do ensino-aprendizagem:

a) Dar a conhecer o contexto linguístico cabo-verdiano,

b) Identificar os pressupostos teóricos da aprendizagem colaborativa,

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c) Levar para a sala de aula conteúdos significativos, que favorecem o

desenvolvimento da proficiência do estudante de PLE no nível A2, a partir do

trabalho colaborativo.

d) Testar a aprendizagem colaborativa no contexto de ensino de PLE.

e) Elaborar um documento que possa contribuir para uma melhoria do processo de

ensino-aprendizagem do português em CV.

Assim, o presente trabalho construído e desenvolvido em torno da questão

apresentada, é de carater teórico-prático e está dividido em cinco capítulos. Inicia-se com

uma introdução, contando no final com uma conclusão, a apresentação da bibliografia e

dos anexos referidos ao longo do trabalho.

No primeiro capítulo, fiz a contextualização do português em CV. No segundo

encontra-se o enquadramento teórico e conceptual, definindo a aprendizagem

colaborativa e distinguindo-a da cooperativa. No terceiro capítulo, diferenciei a

aprendizagem tradicional e a aprendizagem colaborativa e apresentei as vantagens e as

desvantagens da aprendizagem colaborativa. No quarto capítulo, debrucei-me sobre o

papel do professor na implementação da aprendizagem colaborativa e o papel do aluno

nesse contexto. E por fim, no quinto e último capítulo, fiz o enquadramento prático, que

consiste em fazer a contextualização do Estágio Pedagógico, a caracterização do público-

alvo, o lugar da aprendizagem colaborativa no QECR, a descrição das características dos

aprendentes adultos e descrição do processo de aprendizagem colaborativa nas aulas do

Estágio Pedagógico.

É ainda de referir que para a realização do trabalho usei diferentes meios, no qual

fiz um levantamento bibliográfico, visando a fundamentação teórica que suporta as

considerações deste estudo, lecionei seis aulas de duas horas cada e apliquei um inquérito

por questionário no final das quatros aulas do 1º semestre.

A totalidade dos alunos que compõem a amostra deste estudo pertenciam ao nível

A2 (elementar), de acordo com o QECR e foram estudantes a realizarem o CAPE (1º e 2º

Semestres - 2015/2016, na FLUP).

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Capítulo 1 - O Português em Cabo Verde

Em CV, a situação linguística caracteriza-se pela presença de duas línguas: a

língua cabo-verdiana (o crioulo) e a língua portuguesa (o português)2. Enquanto a língua

cabo-verdiana (LCV) é a língua materna (LM) da maioria da população, suporte

privilegiado da identidade nacional, com muito peso na música, na comunicação oral,

usada no quotidiano das pessoas, a língua portuguesa (LP) é a língua oficial, utilizada no

ensino, em situações formais, na administração e nos meios de comunicação social.

A LCV distribui-se por dois grupos de ilhas do arquipélago: o de Barlavento

(Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boavista) e o de Sotavento (Maio,

Santiago, Fogo e Brava). É de referenciar que existe um único crioulo (LCV) em Cabo

Verde, o qual se atualiza em diferentes variantes dialetais. Mas, além da variação de ilha

para ilha, há variações dentro da mesma ilha e, mesmo que os cabo-verdianos se entendam

entre si, existem tipos de crioulo falados em algumas ilhas que são de difícil compreensão

para falantes das outras.

Embora atualmente a LP seja a usada em contextos formais no arquipélago,

tornou-se um hábito haver programas de rádio e televisão, em LCV. Alguns políticos

adotam a LCV no parlamento e ainda na literatura há um acervo considerável de obras.

A ausência de uma política de ensino voltada para a LCV e a situação de diglossia

vigente no arquipélago são fatores que dificultam o processo de aprendizagem da LP.

A situação é de diglossia em vez de bilinguismo, porque a comunidade cabo-

verdiana utiliza duas línguas distintas, com registos linguísticos diferenciados na mesma

área geográfica, no qual cada uma é frequentemente vocacionada para um uso concreto

dependendo da situação comunicativa: o de maior prestígio é geralmente usada em

circunstâncias mais formais (LP), enquanto o outro, de menor prestígio social, fica restrito

a ambientes informais e no cotidiano das pessoas (LCV).

Apresentava-se uma população bilingue se acontecesse como Crosjen (1992) fez

referência. Para este autor, uma pessoa bilíngue é alguém que precisa ou usa duas ou mais

2 Segue a norma europeia.

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línguas diariamente. Por outras palavras, um real bilinguismo exige ainda que a língua

primeira e segunda sejam complementares, possuindo ambas um estatuto social e

funcional útil e prestigiante, o que em CV não acontece. Daí afirmar que a situação

vigente é de diglossia.

A situação real de CV, de acordo com Almada (1998), é de diglossia. Isto é porque

todos os cabo-verdianos são proficientes a nível do oral na sua língua materna, mas grande

parte não o é em português. Para se falar num real bilinguismo todos teriam que ser,

necessariamente, proficientes tanto em língua portuguesa como em língua cabo-verdiana,

nas quatro capacidades: produção oral e escrita e compreensão oral e escrita. Apenas uma

parte ínfima da população detém essas quatro capacidades nas duas línguas. Contudo,

todos são capazes de compreender o português, mesmo os analfabetos (Almada, 1998

apud Freire, 2007, p. 53).

Num contexto de línguas em contacto, como o caso de C V, definir LM, LS e LE

é relevante. Esses conceitos possuem várias definições e são suscetíveis de múltiplas

interpretações.

Das várias definições surgidas em torno do conceito de LM3, optei por referir que

ela é a língua que o ser humano adquire na infância, a partir do convívio com os pais,

restantes membros da família e pessoas relacionadas.

Ançã (1999) dá-nos a seguinte definição de LS: uma língua de natureza não

materna, mas com um estatuto particular: ou é reconhecida como oficial ou ainda, com

certos privilégios, sendo essa língua, uma das línguas oficiais do país (Ançã, 1999 apud

Freire, 2007, p. 75). E relativamente a LE, ela é um idioma que não serve necessariamente

à comunicação e, a partir disso, não é fundamental para a integração.

Continuando, segundo Duarte (1977, p. 6), “o português não é a língua materna

dos cabo-verdianos e, portanto, torna-se difícil ensiná-la.” Como tal, os cabo-verdianos

apresentam várias dificuldades quando começam a aprendê-la. Isto porque a LP acaba

por ser uma língua pouco utilizada nas relações que não possuem um carácter oficial. As

crianças começam a estudar esta língua por volta dos 6, 7 anos de idade, aprendem a

3 http://www.sala.org.br/index.php/l/206-lingua-materna -acesso às 22:44 no dia 16/06/2016

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escrever sem terem o domínio do oral e o facto de as duas línguas serem muito próximas

leva a que por vezes se sobreponham (Duarte, 1977).

Como é natural, os cabo-verdianos usam, no seu quotidiano, a LCV. Esta realidade

é tão profunda e generalizada a ponto de se constituir numa condicionante do ensino e da

aprendizagem da LP no arquipélago. Em consequência disto, muitas crianças cabo-

verdianas enfrentam enormes dificuldades ao longo do percurso escolar na aprendizagem

da L2, porque a única língua que a criança domina é a LCV, que foi adquirida de forma

natural durante a infância, antes de entrar no ensino primário. Este fenómeno podia ser

aproveitado como ponte para a aprendizagem da LP, mas é literalmente ignorado.

O ideal seria que as crianças começassem a aprender o português por volta dos 3

ou 4 anos, na idade de jardim de infância. Não sendo possível aprendê-lo nessa idade, que

pelo menos ao entrarem para a escola primária conhecessem os rudimentos da língua oral

(Duarte, 1977).

Mas é de referir que as únicas formas de contacto da LP que as crianças cabo-

verdianas têm antes de entrarem na escolarização são os meios de comunicação4 como a

rádio e a televisão que são emitidos nessa língua. Porém, cabe à escola a responsabilidade

de introduzir o primeiro contacto oficial com a língua de escolarização.

Aliás, estudiosos como Poth (1979) e Veiga (1982), bem como organizações

internacionais como a UNESCO (1961) notaram reiteradas vezes a importância e a

pertinência da alfabetização da criança na sua LM de forma a facilitar o desenvolvimento

da inteligência, das aptidões, da criatividade que a criança possui naturalmente (Miranda,

2013). Pois, na LM, qualquer criança é capaz de exteriorizar sentimentos e manifestar

interesses melhor que em qualquer outra língua remata Poth (1979, p.112), referido por

Freire (2007, p. 20).

Também não se pode ignorar que no contexto cabo-verdiano a aprendizagem da

LP constitui uma tarefa complexa que desatende às necessidades e interesses dos

aprendentes. Esta é ensinada como se fosse LM, o que dificulta a sua aprendizagem, ou

seja, privilegia-se uma abordagem própria da LM que coloca o aprendente em pé de

4Existem, porém crianças que não têm contacto com tais meios de comunicação devido à falta de acesso.

Ainda, atualmente poucos são os que possuem acesso a internet.

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igualdade com aquele que adquiriu a língua de forma natural ou em contexto de imersão

linguística, o que não é o nosso caso, exigindo-se que o aluno faça tábua rasa da sua

própria LM (Pinto, 2011).

O estatuto ostentado pela LP obriga a que professores e alunos se comuniquem

nessa língua nas suas tarefas escolares e, em consequência disso, devem aprendê-la e

dominá-la para melhor a utilizar em diferentes situações de comunicação. Assim, Costa

(2006) sustenta que “não se deve aprender a língua portuguesa em Cabo Verde como se

fosse uma LM, pois a sua aprendizagem como tal constitui dificuldades inerentes ao

próprio indivíduo, refletindo nas outras aprendizagens que, por sua vez, dependem da

proficiência que o aluno apresenta em português” (2006, p.103). Ainda refere que isto,

leva a que haja entraves não só da própria língua em si, como também dos conteúdos das

outras disciplinas de uma forma geral, pois a criança habituada à sua LM não está

preparada para aprender uma língua que não conhece naquela idade.

Portanto, as estratégias utilizadas pelos professores não são apropriadas à situação

linguística do país e, por conseguinte, o seu reflexo na aprendizagem dos alunos é muito

significativo e eles acumulam lacunas à medida que avançam ao longo dos anos escolares.

Por isso, em termos de aproveitamento, os aprendentes mantêm uma média mais

baixa a língua portuguesa, porque os professores das restantes disciplinas também não se

importam, geralmente, com os erros e as dificuldades de comunicação. Por isso é sempre

necessário atentar ao ensino desta língua com um duplo objetivo: melhorar a competência

em LP e os resultados escolares nas outras disciplinas.

Ainda, no que toca ao contexto de sala de aula, o tempo de uso da LP é reduzido

e constata-se que os alunos falam português com o professor, mas com os colegas ao lado

usam-se a LCV. Muitas vezes, também os professores se dirigem aos alunos na LCV. Isto

acontece com frequência, normalmente no ensino primário, quando o professor verifica

que a sua mensagem não foi compreendida. Por vezes é usado no ensino secundário, o

que já não acontece no ensino universitário. Dentro de ambos os recintos escolares o

habitual é utilizar a LP, mas fora da aula, a conversação com os professores, os alunos,

os funcionários, dá-se na LCV. Pode haver, ainda, professores a comunicar na LP, mas é

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caso raro, porém entre os alunos é impossível vê-los a comunicar em LP no recinto escolar

ou fora dele.

Há outras situações que mostram essa peculiaridade no cotidiano das pessoas,

como por exemplo o do relato de um jogo de futebol e a telenovela que ocorrem em

português e a população discute e comenta na LCV (Miranda, 2013).

Para demostrar mais de perto o que já foi exposto e a real situação vigente em CV,

Pinto (2011) realizou um estudo onde estabeleceu uma ponderação sobre o Ensino de

Línguas Baseado em Tarefas (ELBT) e a abordagem com foco na forma, relatando a

importância que têm atualmente na aprendizagem de uma LS e a possibilidade de uma

aprendizagem eficiente e eficaz da LP em CV. Ele desenvolveu um estudo experimental

junto de três professores do 7º ano, durante um mês, em três escolas da cidade da Praia

(cidade capital de CV). Os professores que participaram no estudo denotam consciência

de que habitualmente seguem uma metodologia que não corresponde aos interesses dos

alunos, que não produz o efeito pretendido na aprendizagem da língua. Como é exposto

por um dos professores, eles não têm conhecimentos científico-didáticos que lhes

possibilitam ultrapassar este problema e avançar sozinhos para novas metodologias mais

adequadas. Consequentemente mantém-se a tónica no ensino, nos conteúdos a ensinar, e

as necessidades dos alunos, as suas características socioculturais, interesses e motivações,

continuam relegados para segundo plano (Pinto, 2011).

Para além desses aspetos que dificultam uma aprendizagem mais eficiente e eficaz

da língua, Pinto (2011) elencou outros fatores mencionados pelos professores que

contribuem para uma desadequação metodológica:

Prendem-se com a inexistência de materiais didáticos apropriados ao

ensino de L2 e com a existência de um único manual para o 7.º e 8.º ano.

Dado não haver outros recursos disponíveis que permitam aos professores

variar as suas estratégias, verifica-se um uso ilimitado do manual que parece

ser um dos principais problemas: conteúdos descontextualizados, leituras

sem prazer, gramática normativa, não uso de outras linguagens e pouco, ou

nenhum, espaço para a realidade dos alunos (Pinto, 2001, p.35).

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Uma forma de modificar esta situação passa pela implementação de novas

estratégias de ensino, que sejam variadas, promotoras de aprendizagem e que se adequem

a um ensino da LS. As turmas numerosas e a resistência dos próprios professores a novas

estratégias do ensino da LP constituem obstáculos a uma aprendizagem mais eficaz

(Pinto, 2011).

Tal como defende o QECR deve se“ basear o ensino e a aprendizagem das línguas

nas necessidades, motivações, características e recursos dos aprendentes” (Conselho da

Europa, 200, pp. 21-22).

Também importa referir que se o crioulo não fosse banido nas escolas, as crianças

poderiam ter um maior aproveitamento escolar e um melhor desempenho na

aprendizagem da LP e de outros idiomas. Aliás, o QECR (2001) corrobora esta ideia ao

defender que os conhecimentos que o aprendente tem da sua LM lhe permitem aprender

com maior facilidade outras línguas.

Por isso é que, a meu ver, sem sombra de dúvida, o sucesso do ensino da LP em

CV passa pela oficialização e introdução da LCV no sistema de ensino. E essa

oficialização da LCV será um simples reconhecimento do direito de todos os cabo-

verdianos se exprimirem (oralmente e por escrito) na sua língua. Este possibilidade daria

liberdade a cada um para utilizar a LCV e a LP, permitindo-nos ler e escrever as nossas

emoções, os nossos sentimentos, as nossas saudades, alegrias e tristezas, duma maneira

mais peculiar e assim deixar-se-a de “torturar” as pessoas, “obrigando-as” a terem que

falar português, mesmo quando, francamente, não o dominam e nem se sentem à vontade

para o fazer (como tantas vezes acontece, sobretudo nas cerimónias e atos públicos, como,

por exemplo, no casamento).

E, mais uma vez, concordo com Bizarro e Moreira (2010) quando afirmam que

“coartar um indivíduo da aprendizagem da sua língua é, assim, cerceá-lo de um dos

aspetos mais marcantes da sua humanidade, percebendo-se que, quanto melhor aprender

e souber utilizar a sua língua e a sua cultura, melhor se assumirá e melhor desempenhará

o seu papel (crítico e atuante dentro da sociedade) em que cresce e se desenvolve” (2010,

p.42).

Em síntese, para melhorar o ensino-aprendizagem da LP, como já havia referido,

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na minha perspetiva, passa-se pela oficialização da LCV5, escolha de estratégia de ensino-

aprendizagem que se combinam em função das necessidades dos indivíduos, realização

de ações de formação que contribuam para a atualização científica e pedagógica dos

professores no domínio em questão e construção e experimentação de materiais didáticos

ajustados e suficientes, quer para os alunos, quer para os professores. Neste contexto creio

que a aprendizagem colaborativa, que se definirá no capítulo seguinte, poderia

desempenhar um papel importante. Fazendo isso, consequentemente, se minimizariam as

dificuldades e se maximizaria o sucesso do ensino no país.

5 Atualmente há uma certa resistência em utilizar o crioulo como língua oficial, porque as pessoas não o

estudaram e não o aprenderam, mas é preciso ver que é necessário ensiná-lo e estudá-lo para podermos

utilizá-lo, assim como acontece com outras línguas. Um outro problema de oficialização pretende-se com

a escolha da variante (variante da ilha de Santiago ou da ilha de São Vicente).

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Capítulo 2. – Enquadramento teórico e conceptual

2.1 Definição da aprendizagem colaborativa

Para compreender melhor o tema do trabalho que ora se apresenta, importa definir

o conceito em questão, segundo um referencial teórico que nos auxilie à compreensão do

que é a aprendizagem colaborativa.

Das várias definições e interpretações do conceito, Dillenbourg (1999), salienta que

“collaborative learning is a situation in which two or more people learn or attempt to learn

something together” (1999, p.1). De acordo com o autor, esse conceito pode ser

interpretado de várias maneiras: o número de sujeitos pode sofrer grande variação,

podendo ser duas ou milhares de pessoas; “aprender algo” também é um conceito muito

amplo, pois pode significar o acompanhamento de um curso ou ainda a participação em

diversas atividades; o aprender “em conjunto” pode ser interpretado de diversas maneiras,

como situações de aprendizagem presenciais ou virtuais. Assim sendo, esta prática pode

assumir múltiplas facetas, podendo haver dinâmicas e resultados de aprendizagem

diferentes para cada contexto específico.

Segundo Torres e Irala (s/d), numa visão mais ampla do que significa aprender

colaborativamente, espera-se que ocorra a aprendizagem como efeito colateral de uma

interação entre pares que trabalham em sistema de interdependência na resolução de

problemas ou na realização de uma tarefa proposta pelo professor, levando deste modo a

uma aprendizagem mais eficiente, em vez de competitiva e isolada. E ainda parte da ideia

de uma construção coletiva, na busca de novos conhecimentos, que por sua vez advêm da

interação entre os indivíduos. Desta forma, nesta abordagem há uma maior

responsabilidade individual; nota-se também uma interdependência positiva, de forma

que os aprendentes sintam que ninguém terá sucesso, a não ser que todos o tenham. Fase

a isto acredito que com esta abordagem, a aprendizagem é vista de forma dinâmica,

criativa, ativa e encorajadora.

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Segundo Smith e Macgregor (1992) “Collaborative learning is an umbrella term for

a variety of educational approaches involving joint intellectual effort by students, or

students and teachers together. Usually, students are working in groups of two or more,

mutually searching for understanding, solutions, or meanings, or creating a product”

(1002,p.1). Este autor ainda deixa claro que na aprendizagem colaborativa o objetivo não

é chegar a um produto, mas sim participar num processo.

De forma muito concisa, Torres (s/d) define a aprendizagem colaborativa noutra

perspetiva, assegurando que:

A aprendizagem colaborativa é um processo ativo que se dá pela

construção colaborativa entre os pares; os papéis do grupo são definidos pelo

próprio grupo; a autoridade é compartilhada; o professor é um facilitador, um

parceiro da comunidade de aprendizagem; ocorre a centralização da

responsabilidade da aprendizagem no aluno e existe a co-responsabilidade pelo

processo de aprendizagem do colega (s/d, p.341).

Este autor ressalta a ideia de que na aprendizagem colaborativa, a atenção não é

centrada somente no momento presente do aluno e na aprendizagem dos conteúdos

ministrados, mas também no seu futuro como cidadão, ao fomentar o desenvolvimento

de habilidades pessoais que podem trazer benefícios sociais e profissionais.

A opinião de Torres, acima referido, vai ao encontro do que Wiersema (2000),

mencionado por Figueiredo (2006) quando defende que: “se os alunos aprenderem a

trabalhar juntos na sala de aula, eles terão a chance de tornarem-se melhores cidadãos,

pois será mais fácil para eles interagir com pessoas que porventura, tenham pontos de

vista diferentes dos seus” (Wiersema, 2000 apud Figueiredo, 2006, p. 23). Portanto,

acredita-se que a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem, a construção

coletiva do conhecimento, que emerge da troca entre pares ou em pequenos grupos, as

suas reflexões e ainda a flexibilização dos papéis no processo de comunicações, leva a

uma maior aceitação da diversidade e da diferença. Permite deste modo o consequente

desenvolvimento da autonomia no processo ensino-aprendizagem e a valorização da

liberdade com responsabilidade da pessoa humana. Ou seja, como refere o QECR

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“permitem, ao indivíduo, o desenvolvimento de uma personalidade mais rica e complexa,

uma maior capacidade de aprendizagem linguística e também uma maior abertura a novas

experiências culturais” (Conselho de Europa 2001, p. 73).

Gaudet et al. (1998), citado por Bassi (2006) contribuem para a delimitação do

conceito em apreço ao referir que “a aprendizagem colaborativa é concebida como uma

forma de organização da aprendizagem que permite a grupos pequenos e heterogêneos de

alunos atingir objetivos comuns de aprendizagem, apoiando-se em uma relação de

interdependência, ou seja com a plena participação de todos no cumprimento de

determinada tarefa” Gaudet et al.1998, apud Bassi, 2006, p.144).

Concordo com a perspetiva de Kessler (1992) e Bruffe (1999), referidos por

Figueiredo (2006) quando sublinham que “a colaboração pressupõe que os alunos

trabalhem juntos para atingir objetivos comuns de aprendizagem” (Kessler, 1992 e

Bruffe, 1999, apud Figueiredo, 2001, p.12). Acrescentam ainda que por meio dela, os

alunos em interação podem dar e receber ideias, promover assistência recíproca para a

realização de uma atividade. Ou seja, os alunos auxiliam-se mutuamente para atingir o

sucesso que é o sucesso da equipa e não de um único aprendente.

Nesta vertente, cabe ressaltar que a aprendizagem colaborativa vai ao encontro da

teoria sociocultural defendida por Vygotsky (1998). De acordo com esta teoria, o homem

é um ser social que por meio da interação aprende com outras pessoas. Sendo assim,

Vygotsky refere que a interação social é essencial para o desenvolvimento cognitivo dos

indivíduos, uma vez que é mediadora desse processo.

A este propósito refira-se a ideia que o autor defende, a ZDP (Zona de

Desenvolvimento Proximal), definida como:

A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma

determinar através da solução independente de problemas, e o nível de

desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob

a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes

(Vygotsky, 1998, p. 112).

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Assim, como observado, na teoria vygotskiana, é importante o auxílio que o

companheiro mais capaz pode oferecer ao menos experiente. O processo de aprendizagem

dá-se através do uso das ferramentas intelectuais, na interação social com outros mais

experientes. Uma dessas ferramentas a que faz referência é a linguagem. A essa luz, a

interação social mais efetiva é aquela na qual ocorre a resolução de um problema em

conjunto sob a orientação do participante mais apto a utilizar as ferramentas intelectuais

adequadas (Vygotsky, 1998).

Embora os autores já referidos utilizem diferentes maneiras para conceptualizar a

aprendizagem colaborativa, é evidente que é por meio da construção conjunta e com a

colaboração dos membros do grupo, que se busca atingir algo ou adquirir novos

conhecimentos, sendo que a base da aprendizagem colaborativa está na interação e troca

entre os alunos. (Leite et al., s/d)

Entretanto, a aprendizagem colaborativa pode ocorrer além das paredes da sala de

aula, podendo ter lugar em meio virtual. A interação pode ser mediada pelo computador

que pode possibilitar oportunidades de socialização para a aprendizagem. Desta feita,

Figueiredo (2006) deixa claro que “a aprendizagem colaborativa não se restringe à sala

de aula, visto que, por meio da internet, as pessoas têm também a possibilidade de

aprender juntas ” (2006, p. 26). Ainda acrescenta que através desses meios rompe-se com

as limitações espaciais e temporais, propiciando a interação entre um grande número de

participantes, o que faz com que a aprendizagem seja favorecida pelas trocas

internacionais e pela colaboração entre os participantes.

No que toca ao ensino-aprendizagem de línguas, a aprendizagem colaborativa

assume uma importante posição, uma vez que a aprendizagem da língua ocorre por meio

do diálogo colaborativo o uso e, neste caso, favorece aos alunos oportunidades de trocar

informações e estratégias de aprendizagem. Os alunos têm a possibilidade de verificar o

que ainda têm de aprender para se expressarem na língua alvo (Figueiredo, 2006).

Contudo, na tentativa de delimitar este conceito, é importante realçar que a

aprendizagem colaborativa muitas vezes se confunde com a aprendizagem cooperativa.

Muitos autores consideram estes conceitos sinónimos, mas outros apresentam posições

que evidenciam as suas diferenças.

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2.2 Aprendizagem colaborativa versus aprendizagem cooperativa

A aprendizagem colaborativa confunde-se muitas vezes com a aprendizagem

cooperativa. As diferenças e semelhanças entre os dois conceitos suscitam uma discussão

ampla e passível de várias interpretações (Torres e Irala, s/d). Referem que esses termos

são aparentemente muito parecidos e até usados como sinónimos, mas há autores que

acreditam que a aprendizagem colaborativa é semelhante, mas distinta da aprendizagem

cooperativa.

Porém, para clarificar a diferença entre cooperar e colaborar é necessário, antes

de mais, falar nas suas origens, como explica Panitz (1996), citado por Freitas e Freitas

(2002). Para este autor as origens da aprendizagem cooperativa encontram-se nos

pensamentos filosóficos do americano John Dewey, que dá significativa importância a

uma aprendizagem de cariz social e ao trabalho desenvolvido em dinâmicas de grupo. Por

outro lado, a aprendizagem colaborativa tem origens inglesas, assumindo o professor um

importante papel, pois cabe-lhe a ele explorar diferentes formas para auxiliar os

aprendentes e criar uma série de tarefas que promovam um papel mais ativo dos alunos

na sua aprendizagem.

Embora ambos os modelos utilizem o trabalho em equipa, a aprendizagem

colaborativa requer o comprometimento mútuo de todos os participantes e um esforço

coordenado para resolver o problema, enquanto que a aprendizagem cooperativa exige

que cada pessoa assuma a responsabilidade por uma secção específica que, em seguida,

será coordenada com as restantes secções.

Na visão de Torres e Irala (s/d) estas duas formas de aprendizagens têm sido

frequentemente defendidas no meio académico atual, pois reconhece-se nessas

metodologias o potencial de promover uma aprendizagem mais ativa por meio do

estímulo: do pensamento crítico; do desenvolvimento de capacidades de interação,

negociação de informações e resolução de problemas e do desenvolvimento da

capacidade de autorregulação do processo de ensino-aprendizagem. Essas formas de

ensinar e aprender, tornam os alunos mais responsáveis pela sua aprendizagem, levando-

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os a assimilar conceitos e a construir conhecimentos de uma maneira mais autónoma.

Como salientou Roschelle e Teasley (1995), mencionado por Schmidt et al. (s/d):

O trabalho cooperativo é realizado por meio da divisão do trabalho

entre os participantes, como uma atividade onde cada pessoa é responsável

por uma porção da solução do problema, ao passo que a colaboração envolve

o empenho mútuo dos participantes em um esforço coordenado para

solucionar juntos os problemas (Roschelle e Teasley, 1995, apud smidt et al.,

s/d, p. 2).

Também Larocque e Faucon (1997) fazem comparações entre a aprendizagem

colaborativa e cooperativa. Segundo eles, a aprendizagem colaborativa é menos

estruturada, o processo é menos definido (os membros do grupo discutem e negociam o

processo) e procura-se interdependência igualitária. Por outro lado, na aprendizagem

cooperativa o processo é geralmente sugerido ou imposto e a estrutura do grupo é

geralmente imposta pelo professor (Schmidt et al., s/d ).

Ainda na tentativa de aprofundar mais os dois conceitos, a reflexão de Panitz

(1996) torna-se pertinente. Segundo este autor a aprendizagem cooperativa é mais diretiva

e controlada pelo professor, isto é, este estipula uma tarefa, e os papéis desempenhados

pelos alunos na realização de tal tarefa são, geralmente, atribuídos por ele. Já numa

perspetiva colaborativa, os alunos escolhem os seus papéis e decidem como irão realizar

a tarefa proposta, pois buscam contribuições de todos os membros. Já Matthews (1995) é

da opinião de que existem aspetos em que a aprendizagem colaborativa e a cooperativa

possuem concordância de pressupostos (Torres e Irala, s/d).

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De um modo geral, atribui-se, portanto, grande importância à interação no uso e

na aprendizagem da língua, considerando o seu papel central na comunicação (Conselho

da Europa, 2001, p. 36).

Para complementar, na minha perspetiva, as principais diferenças entre estas duas

abordagens devem-se ao facto de que na aprendizagem colaborativa o foco está no

processo e ela é centrada no aluno. Já na aprendizagem cooperativa, enfatiza-se o produto

e, como as atividades dos membros do grupo estão geralmente estruturadas à partida, faz-

se crer que ela é centrada na figura do professor. Contudo, apresentam-se algumas

semelhanças pelo facto de o ensino-aprendizagem em ambos os casos envolverem alunos

e professor na construção de saberes.

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Capítulo 3. – Aprendizagem tradicional versus aprendizagem

colaborativa

3.1 Diferenças entre a aprendizagem tradicional e aprendizagem colaborativa

Como acabei de mencionar no capítulo anterior, no ambiente colaborativo as

ações são tomadas em conjunto, há valorização de metodologias interativas, o

conhecimento é contruído coletivamente, o aluno participa ativamente no seu processo

de aprendizagem, com o objetivo de adquirir conhecimentos. Daí nesta abordagem não

existir um detentor do saber, todos os envolvidos aprendem através de partilha, procura,

compreensão e interpretação de informações sobre assuntos determinados.

Freire (1996) criticou o ensino tradicional quando discursou sobre o ensino

“bancário”, comentando que este tipo de ensino limita a capacidade de aprendizagem do

aluno e a sua criatividade, visto que o aluno irá funcionar como um banco onde o

professor deposita os conhecimentos e este limita-se apenas a escutar, memorizar e a

repetir. Assim, percebemos que esta abordagem difere da aprendizagem colaborativa.

Sendo assim, Rego (1995) destaca as principais diferenças entre a aprendizagem

tradicional e a aprendizagem colaborativa. Para o autor, a aprendizagem tradicional

resume-se à sala de aula e face à autoridade do professor o aluno é “uma garrafa a encher”,

o processo é reativo e passivo, enfatiza o produto, a aprendizagem acontece em solidão e

muitas vezes, graças à memorização dos conhecimentos, enquanto que na aprendizagem

colaborativa, o ambiente é de aprendizagem, o professor é um orientador, o aluno é “uma

lâmpada a iluminar”, o processo é proactivo e investigativo, enfatiza o processo, a

aprendizagem acontece em grupo e dá-se a transformação do conhecimento.

Através da perceção de Rego (1995) pode-se ver que na conceção tradicional de

aprendizagem somente o professor possui saberes, os alunos limitam-se a receber

conhecimentos de forma passiva, a relação professor-aluno é marcada pelo autoritarismo,

a aprendizagem é baseada na receção e memorização dos conteúdos e a visão educacional

é individualizada não facilitando trabalhos colaborativos. Por outro lado, na conceção

colaborativa, o aluno é o centro da aprendizagem, sendo que o professor é um orientador

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do processo, o procedimento é mais dinâmico, os alunos passam a trabalhar em grupo de

maneira investigativa e ativa e demonstram ainda mais envolvimento no processo de

ensino aprendizagem.

Neste sentido faz-se crer que a aprendizagem colaborativa rejeita o autoritarismo,

aplicado na aprendizagem tradicional, levando os alunos a tornarem-se membros das suas

próprias comunidades de conhecimento, estimulando deste modo a participação ativa dos

mesmos nas suas aprendizagens. Além do mais, este processo dinâmico e ativo,

aprendizagem colaborativa, leva alunos a aprender com alunos, professor a aprender com

alunos, alunos a aprender com o professor, ou seja, divulga a ideia de que a aprendizagem

ocorre de forma eficaz mediante o envolvimento de todos no processo. Deste modo,

Kinsella e Sherak (1998), referidos por Figueiredo (2006, p. 26), alertam-se para o facto

de um sistema educacional em que o saber e o controlo das atividades em sala de aula

estão centradas na figura do professor pode fazer com que os alunos não se entusiasmem

com a ideia de trabalhar em grupo, pois estariam acostumados a aceitar tudo o que vem

do professor como uma verdade incontestável, não confiando no que os colegas teriam a

dizer-lhes.

Neste contexto, torna-se fundamental a afirmação de Freire (1996) a propósito da

reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem, quando assegura que “ensinar não é

transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua

construção” (1996, p. 52). Relativamente a esta explicação, Schmidt et al (s/d)

consideram que este aspeto se impõe como uma das principais críticas que o referido

autor tece à educação tradicional. O autor refere-se claramente ao ensino tradicional, no

qual o professor detém o conhecimento, transfere-o aos alunos e estes devem

posteriormente reproduzi-lo.

Avançando na diferenciação entre a aprendizagem colaborativa e a aprendizagem

tradicional, podemos igualmente apoiar-nos em Fox (1997), referido por Carvalho e Steil

(2012), quando descreve que “no processo de aprendizagem tradicional o aluno deve ser

capaz de memorizar, compreender, digerir, armazenar e reproduzir os conhecimentos

transmitidos pelo professor” (Fox, 1997, apud Carvalho e Steil, 2012, p.3).

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A propósito da aprendizagem colaborativa Hiltz (1998) menciona que existem

estudos que demonstram que as estratégias colaborativas de aprendizagem aumentam o

envolvimento dos estudantes no curso e o empenho no processo de aprendizagem, e que

os métodos colaborativos são mais efetivos do que os métodos tradicionais na promoção

da aprendizagem e do sucesso dos estudantes.

À vista de tudo o que já foi apresentado pode-se igualmente verificar que, se

defendemos que a aprendizagem é uma procura constante de conhecimento, então o ponto

central do processo de ensino-aprendizagem passa a ser a atividade do aluno enquanto

responsável pela sua aprendizagem, deixando, assim, de ser passivo face ao ensino do

professor. Por esta razão damos uma grande importância à aprendizagem colaborativa,

dado que, na aprendizagem colaborativa se considera que o processo é reflexivo,

autónomo e dinâmico.

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3.2 Vantagens e desvantagens da aprendizagem colaborativa

De acordo com a opinião de Araújo (2012), a colaboração é hoje entendida como

a chave para o sucesso de qualquer organização e pode ser uma mais-valia para a

educação no século XXI. Aliás, em educação, a colaboração é fundamental para apoiar a

aprendizagem dos alunos e para melhorar a abordagem de conteúdos curriculares. Para

este autor a colaboração assume-se ainda como importante na educação, porque se

considera que o trabalho colaborativo facilita o sucesso das aprendizagens.

Falando mais especificamente das vantagens desta metodologia, Torres e Irala

(s/d) afirmam que no trabalho em colaboração, os alunos assumem na sala de aula a

responsabilidade pela sua própria aprendizagem e desenvolvem habilidades

metacognitivas para monitorizar e dirigir o seu próprio desempenho e conhecimento.

Cada pessoa envolvida na atividade pode ver o problema de uma perspetiva diferente e

esta abordagem fomenta a negociação e gestão de significados e soluções mediante uma

perceção compartilhada.

Na linha de pensamento de Roldão (2007), Araújo (2012) sugere que trabalhar

colaborativamente permite ensinar mais e melhor. No entanto, alerta para o facto de não

ser possível trabalhar sempre de forma colaborativa. Por isso, para que a colaboração seja

eficaz, os professores têm um contributo a dar, isto é, as próprias tarefas de trabalhos

colaborativos devem incluir momentos de trabalho individual para preparar ou aprofundar

o trabalho em coletivo no momento seguinte.

Nesta perspetiva, Valadares e Valaski (2013), referidos por Torres e Irala (s/d),

acrescentam que o elemento crucial de uma participação ativa é a troca de experiências

por meio do diálogo. A interação dialógica entre indivíduos e o intercâmbio de ideias

promove o desenvolvimento cognitivo do sujeito, pois os conhecimentos são socialmente

definidos e o sujeito depende da interação social para a construção e validação dos

conceitos.

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Ainda segundo Morris (1997), a aprendizagem colaborativa pode trazer à tona o

que há de melhor na pessoa e o que ela sabe. Morris acrescenta ainda que o raciocínio

resultante da interação colaborativa será enriquecido pelas diferentes perspetivas e

experiências com que cada um dos participantes contribui para a tarefa. Por certo cada

um dos participantes não pensa exatamente do mesmo modo e essas diferenças de

pensamento podem criar novos conhecimentos por meio do ensino recíproco. Além disso,

afirma ainda que a interação sinérgica entre indivíduos que pensam de modo diferente, a

vivência do processo e a construção de um produto que somente pode ser alcançado com

a contribuição de todos os envolvidos são as principais vantagens da aprendizagem

colaborativa (Torres e Irala, s/d).

Pode-se ainda acrescentar que relativamente à colaboração, o facto de a

responsabilidade pelo processo ser partilhada por todos e de as decisões críticas serem

tomadas conjuntamente ela torna-se uma abordagem útil para além do desenvolvimento

do processo de aprendizagem, promovendo o desenvolvimento das relações interpessoais.

Mencionado por Araújo (2012) Boavida e Ponte (2000) identificam algumas

vantagens importantes no trabalho colaborativo, destacando que:

Serve para unir várias pessoas em torno de um projeto comum, o facto

de haver mais recursos humanos num grupo promove o sucesso daquilo que

o grupo se propõe realizar. O aparecimento de diferentes sinergias, também

abre caminho a uma reflexão e aprendizagem mútuas. E várias sensibilidades

sobre a mesma realidade contribuem para uma interpretação mais abrangente

e mais rica de uma mesma realidade (Boavida e Ponte, 2000, apud Araújo,

2012, p. 24).

Assim, a colaboração tem um grande potencial na renovação dos processos de

ensino aprendizagem, combinando os pontos fortes de vários indivíduos de modo a

influenciar positivamente a aprendizagem dos alunos (Araújo, 2012).

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Ainda, relativamente às conceções de Torres e Irala (s/d), os métodos de

aprendizagem colaborativa apresentam-se, atualmente, oportunos para a constituição de

uma educação inovadora e em sintonia com as novas exigências da sociedade do

conhecimento. Esse tipo de aprendizagem é mais do que uma série de técnicas aplicadas

pelo professor para que ele tenha menos trabalho e coloque maior responsabilidade nos

alunos, tornando o trabalho discente mais árduo. O mesmo autor destaca ainda que a

aprendizagem colaborativa é uma filosofia de ensino. Uma filosofia que acredita que o

trabalhar, o criar, o aprender em grupo faz parte de um novo conjunto de habilidades que

os alunos precisam de aprender para que eles e o mundo onde vivem possam continuar a

existir a longo prazo.

Desta feita, Freitas e Freitas (2003) elencam resultados de pesquisas sobre

aprendizagem colaborativa, onde destacam benefícios em torno desta prática, tais como:

Melhoria das aprendizagens na escola; melhoria das relações

interpessoais; melhoria da autoestima; melhoria das competências no

pensamento crítico; maior capacidade em aceitar as perspetivas dos outros;

maior motivação intrínseca; maior número de atitudes positivas para com as

disciplinas estudadas, a escola, os professores e os colegas; menos problemas

disciplinares, uma vez que mais tentativas de resolução dos problemas de

conflitos pessoais; aquisição das competências necessárias para trabalhar

com os outros e menos tendência para faltar à escola (2003, p. 21).

Porém, apesar de todas as vantagens elencadas no que concerne à aprendizagem

colaborativa, cabe-nos chamar a atenção para o facto de que em campos tão complexos,

como a educação, nenhuma metodologia de ensino-aprendizagem é totalmente eficaz e

vantajosa (Ferreira, 2013).

Tal como Araújo (2012) acredito que se tem estado a debruçar sobre a colaboração

no pressuposto de que ela é sempre positiva, todavia a colaboração também pode ter lado

negativo.

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Deste modo, partindo do que já foi referido pelo autor mencionado, Figueiredo

(2006) confirma que a aprendizagem colaborativa possui os seus pontos menos positivos,

quando afirma o seguinte:

Devemos, também, levar em consideração o fato de que alguns alunos

não se sentem confortáveis ao trabalhar com seus colegas, preferindo

trabalhar sozinhos. Cabe-nos, portanto, estar cientes de que as pessoas são

diferentes e têm estilos de aprendizagem variados, e assim não forçá-las a

participar de uma atividade em grupo, mesmo que, com isso não tenham a

oportunidade de interagir diretamente com os colegas e de beneficiar-se de

troca de conhecimentos advinda dessa interação (2006, p. 25).

Além do mais, posso ainda complementar sugerindo que as atitudes

individualistas, os níveis e ritmos de aprendizagem dos alunos, o não envolvimento de

todos os elementos dos grupos, as discordâncias e conflitos e a consequente diminuição

da responsabilidade individual, constituem dificuldades para a implementação desta

prática.

Para ultrapassar algumas dessas dificuldades, Araújo (2012) tomando em

consideração Novo (2008) explica que o trabalho colaborativo exige que os professores

estejam motivados e para isso é necessária a existência de um ambiente onde as pessoas

estejam dispostas a ajudar-se umas às outras. Do mesmo modo, Araújo (2012) assegura

que “as relações de trabalho baseadas na colaboração têm ainda de ser espontâneas e

voluntárias; os envolvidos têm de sentir vontade e interesse pela partilha e, ao mesmo

tempo, devem estar empenhados na mudança” (2012, p.18).

Assim torna fundamental e necessária a contribuição de Beltrão e Nascimento

(2002) quando evocam a ideia que “estimular a motivação intrínseca, ou seja, levar o

aluno a querer mudar, a querer compreender, a querer evoluir, é permiti-lhe abrir as portas

ao seu desenvolvimento global” (2002, p.8).

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Contudo, Figueiredo (2006) salienta que “apesar de a aprendizagem colaborativa

proporcionar mais interação e co-construção de conhecimento para os alunos, há aqueles

que resistem a sua utilização em sala de aula ” (2006, p. 24). E ainda para o mesmo autor,

um aspeto que pode preocupar alguns professores é o facto de os alunos cometerem erros

ao interagir com os colegas durante a realização de atividades colaborativas e de não

terem, desse modo, oportunidade para corrigi-los.

Perante isto, estou consciente de que como menciona o QECR “é também pela

diversidade das experiências de aprendizagem, desde que não sejam compartimentadas

ou estritamente repetitivas, que o indivíduo aumenta a sua capacidade para aprender”

(Conselho da Europa, 2001, p. 34).

Beltrão e Nascimento (2002), acrescentam ainda que:

[…] Normalmente, os bons alunos escolhem-se uns aos outros, e as

disparidades acentuam-se. Por outro lado, há sempre os que trabalham e os

que que não fazem nada e acabam por ser avaliados todos pela mesma bitola,

o que não é justo. Por fim, há grupos que aproveitam para conversar em vez

de cumprir os objetivos […] (2002, p. 140).

Deste modo e para finalizar a apresentação das vantagens e desvantagens da

aprendizagem colaborativa, em favor dos benefícios da aprendizagem colaborativa nota-

se que esta prática fornece informações sobre diversas circunstâncias, os envolventes

questionam promovendo assim a reflexão, partilham esforços para atingir objetivos

comuns de aprendizagem, desenvolvem a capacidade de comunicação e argumentação,

tornando a aprendizagem mais produtiva do que um trabalho de forma individual. Em

contrapartida, por ser um processo muito aberto, deve haver uma boa orientação do

professor para garantir que os alunos estão a trabalhar e a aprender, porque caso isso não

aconteça, a própria dificuldade de implementação da aprendizagem colaborativa torna-se

uma das principais desvantagens.

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Capítulo 4. – Implementação da aprendizagem colaborativa

4.1 O papel do professor

No sentido de abordar o tema em questão torna-se necessário evidenciar o papel

dos professores na implementação desta prática.

Como tenho vindo a expor, na aprendizagem colaborativa tanto os professores

como os alunos assumem papéis e responsabilidades no que concerne a esta conceção

com o objetivo de melhorar uma vez mais o processo de ensino-aprendizagem.

Assim, em face desta nova realidade, Behrens (2000) destaca que atualmente o

professor deverá ultrapassar o seu papel de autoritário, de dono da verdade, para se tornar

um investigador, um pesquisador do conhecimento crítico e reflexivo. Para o mesmo

autor, o docente inovador tem de ser criativo, articulador e, principalmente, parceiro dos

seus alunos no processo de aprendizagem. Acrescenta ainda que nesta nova visão, o

professor deve mudar o foco de ensinar para reproduzir conhecimento e passar a

preocupar com o aprender e, em especial, o "aprender a aprender", abrindo caminhos

coletivos de procura e investigação para a produção do seu conhecimento e do aluno.

Desta forma, Ferreira (2013) assegura que:

Todos sabemos que um dos principais objetivos do professor é

conduzir os seus alunos à aprendizagem, por isso cabe-lhe a árdua tarefa de

escolher o melhor caminho para atingir este objetivo. Pensar como vai

abordar os conteúdos programáticos, decidir como vai organizar as

atividades, escolher os meios de avaliação ou métodos que vai usar, são

exemplos de variáveis sobre as quais qualquer docente já refletiu e ponderou

(2013, p. 34).

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Efetivamente, ainda, no que concerne a esta prática, Figueiredo (2006) evoca

ideias de vários autores (Tinzmann et al, 1990; Olsen e Kagan, 1992 e Dornyei e

Malderez, 1997) para afirmar que relativamente à aprendizagem colaborativa, o professor

exerce um importante papel de mediador, de colaborador, de provedor e de apoio

cognitivo e afetivo para os alunos, na medida em que medeia o processo de aprendizagem,

em vez de controlá-lo ou de apenas fornecer informações aos aprendentes.

Portanto, nota-se que nesta perspetiva há, por conseguinte, um partilhar de ideias,

de sugestões e de soluções para as tarefas que serão desenvolvidas na aula. Contudo, nesse

tipo de abordagem, o professor não controla nem determina o que os aprendentes farão

durante o trabalho em grupo. Ao contrário, ele tem um papel de mediador da

aprendizagem, o que faz com que os alunos se tornem responsáveis pela melhor maneira

de levar a cabo uma atividade (Figueiredo, 2006).

De acordo com Torres e Irala (s/d), relativamente à prática de aprendizagem

colaborativa, “ao professor não basta apenas colocar, de forma desordenada, os alunos

em grupo, deve sim criar situações de aprendizagem em que possam ocorrer trocas

significativas entre os alunos e entre estes e o professor” (p. 65).

Na aula colaborativa, não é fornecido nenhum tipo de treino formal pelo professor

sobre técnicas de trabalho em grupo, pois o professor assume que os alunos possuem as

habilidades sociais necessárias para os trabalhos em grupo (Torres e Irala, s/d).

Nesta lógica torna-se essencial a afirmação de Bizarro (2008) quando diz que “o

professor deixou de ser a única fonte de saber e o seu papel ajustou-se ao de mediador de

aprendizagens e guia da descoberta de caminhos que a elas conduzam […] ” (2008, p.

84). Assim, os grandes desafios do trabalho do professor no mundo contemporâneo

passam pelo incentivo que será o de melhorar a organização da profissão (Araújo, 2012).

O professor tem de refletir e realinhar a sua prática pedagógica no sentido de criar

possibilidades para instigar a aprendizagem do aluno. Assim sendo, o foco passa da ênfase

do ensinar para o aprender (Beherens, 2000).

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Contudo, Freire (1982) entende que o conhecimento é construído

colaborativamente na relação entre educador e educando e que ambos devem tomar

consciência da situação em que vivem para que a escola se torne um espaço de constante

questionamento e, portanto, de transformação da realidade.

Vejamos pois qual o papel do aluno neste contexto.

4.2 O papel do aluno

No enquadramento da aprendizagem colaborativa, o processo de ensino-

aprendizagem já não está centrado na figura do professor, o aluno desempenha um papel

fundamental no âmbito da aprendizagem, mas para isso:

O aluno precisa ultrapassar o papel de passivo, de escutar, ler, decorar

e de repetidor fiel dos ensinamentos do professor e tomar-se criativo, crítico,

pesquisador e atuante, para produzir conhecimentos. Em parceria,

professores e alunos precisam buscar um processo de auto-organização para

a cessar a informação, analisar, refletir e elaborar com autonomia o

conhecimento. O volume de informações não permite abranger todos os

conteúdos que caracterizam uma área do conhecimento. Portanto, professores

e alunos precisam aprender a aprender como a cessar a informação, aonde

buscá-la e o que fazer com ela (Behrens, 2000, p. 3).

Na prática de trabalho colaborativo o foco está já muito centrado na rentabilização

dos processos através da ativação das potencialidades de cada um que, juntas, se tornam

mais fortes e produzem melhores resultados. Portanto, mais uma vez reforça a ideia da

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enfâse no processo e não nos resultados alcançados (Araújo, 2012).

Assim, Harasim (1989) sugerido por Schmidt et al. (s/d) alega que as teorias de

aprendizagem colaborativa veem o aluno como um participante ativo no processo de

aprendizagem, envolvido na construção do conhecimento por meio de um processo de

discussão e interação com os colegas e professores. Nota-se que neste percurso, os alunos

em parceria com o professor têm de averiguar processos de autoorganização, reflexão e

análise, permitindo deste modo elaborar com autonomia o conhecimento.

Todos os alunos envolvidos num empreendimento colaborativo são

automaticamente responsáveis pelo seu progresso e pelo progresso do seu grupo, num

relacionamento solidário e sem hierarquias (Torres e Irala, s/d). É ainda de referir que na

aprendizagem colaborativa, os alunos têm a oportunidade de aprender com os colegas e

de lhes ensinar (Figueiredo, 2006).

De igual modo, Torre e Irala (s/d) advertem para o facto do esforço conjunto na

resolução de tarefas propostas pelo professor, a troca de conhecimentos e de experiências

realçar a aprendizagem e poder levar a um conhecimento mais duradouro e significativo

do que o obtido por meio da aula tradicional, que pode ser facilmente esquecido depois

da tradicional avaliação escrita.

Relativamente à aprendizagem de línguas, Figueiredo (2006) assegura que os

alunos ao resolverem uma atividade em grupo, podem perceber o que ainda têm de

aprender, podem ainda, desenvolver as suas habilidades sociais e afetivas, por meio da

interação decorrente desse tipo de abordagem, e têm a oportunidade de partilhar

estratégias capazes de favorecer a aprendizagem. O mesmo autor sublinha também que

os alunos nesta prática podem arriscar-se mais, perder o medo de errar, corrigir-se uns

aos outros, expressar-se, o que faz com que testem e produzam a língua que estão a

aprender, de uma forma contextualizada e espontânea, língua essa que se concretiza, se

constrói e é utilizada de acordo com as necessidades comunicativas.

Também, como refere o QECR, “os aprendentes devem também ser levados a

refletir sobre as suas necessidades comunicativas, por ser esse um dos aspetos do

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despertar da consciência da sua aprendizagem e da sua autonomia” (Conselho da Europa,

2001, p. 86).

Assim, os alunos têm a oportunidade de se tornarem mais reflexivos e mais

autónomos, visto que, por intermediário das trocas de informações e de pontos de vista,

e de regulação pelo outro, podem tonar-se auto regulados (Figueiredo, 2006).

Matthews (1996) refere que se chegarmos a uma sala de aula em que a

aprendizagem é centrada no aluno, pode ser difícil localizar o professor, pois este sai da

posição central tradicional, frente aos alunos, para sentar-se com eles, circular pela sala,

discutir com eles sobre o que farão e como farão. Não há imposições de pontos de vista e

o professor pode, assim, perceber as potencialidades dos aprendizes, no que diz respeito

à sua capacidade de gerir as atividades nas quais participam e pelas quais se tornam

responsáveis (Figueiredo, 2006). Esta nova prática, como se pode ver, focaliza uma

aprendizagem com ênfase na autonomia do aluno de forma individual e do próprio grupo,

facilitando deste modo oportunidades de negociar, discutir, argumentar, apresentar os

seus pontos de vista e ouvir os outros. Tornam-se assim responsáveis pela sua

aprendizagem, com já havia dito, e terão oportunidades de colaborar com colegas. Enfim,

neste tipo de aprendizagem, o professor e os alunos tornam-se companheiros e parceiros

em prol de um objetivo comum: a construção do conhecimento.

Assim, reforço que os alunos precisam de aprender a trabalhar juntos, de maneira

colaborativa entre si, e é também fundamental que o professor incentive os alunos a

trabalharem em equipa (Schmidt et al., s/d). Neste contexto como se acaba de ver, o

desafio é que professor e alunos participem num processo conjunto para promover uma

aprendizagem de forma criativa e que se tornem parceiros, usando deste modo a

colaboração e a criatividade para tornar a aprendizagem significativa, transformadora e

enriquecedora. Assim torna-se evidente a afirmação de Freire (1996) “não há docência

sem discência” (1996, p. 12).

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Portanto, a comunicação envolve todo o ser humano cabe aos professores e aos

próprios aprendentes reintegrarem as várias partes num todo saudável e desenvolvido

(Conselho da Europa, 2001).

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Capítulo 5. – Enquadramento prático

5.1 Contextualização do estágio

O Estágio Pedagógico foi levado a cabo no âmbito do curso de MPLS/LE, durante

o ano letivo 2015/2016, na FLUP6, em duas turmas do nível A2 do CAPE. Segundo os

níveis comuns de referência, presentes na escala global, o aluno do nível A2 é capaz de:

Compreender frases isoladas e expressões frequentes relacionadas com áreas

de prioridade imediata (p. ex.: informações pessoais e familiares simples,

compras, meio circundante). É capaz de comunicar em tarefas simples e em

rotinas que exigem apenas uma troca de informação simples e direta sobre

assuntos que lhe são familiares e habituais. Pode descrever de modo simples

a sua formação, o meio circundante e, ainda, referir assuntos relacionados com

necessidades imediatas (Conselho da Europa, 2001, p.49).

Relativamente as unidades letivas produzidas para os alunos das turmas do nível

A2, quatro delas decorreram durante o 1º semestre, entre o mês de novembro de 2015 e o

mês de janeiro de 2016, sendo que as outras duas tiveram lugar do mês de março de 2016

ao mês de abril de 2016, no 2º semestre. Todas as unidades letivas tiveram a duração de

duas horas e ocorreram à segunda e à quarta-feira das 10 e 30 às 12 e 30.

Posto isto, com vista à caracterização da situação pedagógica é importante lembrar

que os estudantes deste curso de mestrado têm de, no seu último ano curricular, realizar

obrigatoriamente um Estágio Pedagógico durante dois semestres, o que corresponde a

seis aulas avaliadas e a possibilidade de realizar uma de preparação (regência 0). Este

segundo ano de Mestrado articula-se com o CAPE que funciona paralelamente na FLUP,

na medida em que as suas turmas acolhem os estagiários do MPLS/LE.

6 É um estabelecimento de ensino superior da universidade do Porto.

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5.1.1 Característica do público-alvo

Embora a amostra em análise seja reduzida, esta representa os estudantes a quem

lecionei durante o estágio. A amostra deste estudo é composta por apenas vinte e sete

estudantes, sendo treze da turma do 1º semestre e catorze do 2º.

O estudo divide-se em dois momentos essenciais: numa primeira fase, ainda

durante as aulas, foram criadas atividades que estimulassem o trabalho colaborativo.

Estas atividades foram pensadas tendo em conta a dimensão cultural da aula de PLE. Falo

de atividades que, para além de estimular o interesse pela língua que estão a aprender,

neste caso concreto o português, possibilitar-lhes-ão também uma oportunidade de

promover uma maior aceitação do trabalho colaborativo.

É importante referir que ambas as turmas constituíam um grupo heterogéneo, no

que diz respeito à idade, à origem, às habilitações literárias, aos interesses pessoais, à

diversidade de experiências de aprendizagem, ao ritmo de aprendizagem e à motivação

para aprender a LP.

Assim, passo a demonstrar a totalidade dos aprendentes com que trabalhei ao longo

do ano letivo referente aos dois semestres.

Níveis de proficiência por semestre Nº de alunos Percentagem

A2.2- 1º semestre 13 48,1

A2- 2º semestre 14 51,9

Tabela 1: Número de alunos dos dois semestres

No estabelecimento de ensino onde se desenvolveu o Estágio pedagógico, como se

pode observar na tabela 1, os alunos do nível A2 do 2º semestre, representam uma

maioria. Assim, no total de vinte e sete alunos, treze (48,1%) encontram-se no 1º semestre

e catorze (51,9 %) no 2º semestre.

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Gráfico 1: Alunos do 2º semestre distribuídos por níveis

Relativamente ao 2º semestre, os alunos da turma dividiam-se em dois níveis (A2.1

e A2.2), sendo que o nível A2.1 era o predominante, representado deste por onze alunos

(78, 6%).

Posto isso, passo a analisar as caraterísticas dos alunos por semestre. As tabelas e

gráficos que se seguem dizem respeito à análise da distribuição das caraterísticas dos

estudantes do 1º semestre da turma do nível A2.2.

País de origem Nº de alunos Percentagem

Alemanha 1 7,7

China 4 30,8

Coreia do Sul 1 7,7

Japão 3 23,1

Reino Unido 1 7,7

Rússia 2 15,4

Suíça 1 7,7

Total 13 100

Tabela 2: Nacionalidades dos alunos do 1º semestre.

De acordo com as nacionalidades dos alunos, no universo de treze alunos, nota-se

que a maioria é de nacionalidade chinesa (quatro alunos), ocupando 30,8 % da totalidade

como se pode ver na tabela 2.

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Sexo Nº de alunos Percentagem

Feminino 9 69.2

Masculino 4 30,8

Total 13 100

Tabela 3: Sexo dos alunos do 1º semestre

Relativamente ao sexo, conforme se pode observar na tabela acima, prevalecem

os indivíduos do sexo feminino. Assim sendo, dos treze alunos, quatro são do sexo

masculino (30,8 %), o que representa a maioria dos aprendentes.

Gráfico 2: Idade dos alunos do 1º semestre

No que tange à distribuição dos alunos por idade, nota-se que eles se encontram

na faixa etária dos 18 aos 37 anos e que os alunos com 21 anos (quatro) são os que mais

se destacam no gráfico, representando 16,7 % da totalidade.

Habilitações literárias Nº de alunos Percentagem

Equivalente ao ensino secundário 6 46,2

Licenciatura 3 23,1

Mestrado 2 15,4

Não indicou 2 15,4

Total 13 100

Tabela 4: Habilitações literárias dos alunos do 1º semestre

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Na turma onde se desenvolveu o estágio no primeiro semestre constatei que seis

dos alunos possuem habilitações literárias equivalentes ao ensino secundário,

representando a maioria com 46,2 % da totalidade.

Línguas Maternas Nº de alunos Percentagem

Alemão 1 7,7

Chinês 4 30,8

Coreano 1 7,7

Hebraico 1 7,7

Inglês 1 7,7

Japonês 3 23,1

Russo 2 15,4

Total 13 100

Tabela 5: Línguas maternas dos alunos do 1º semestre

Em relação à LM dos alunos, registou-se uma maior percentagem do chinês, já

que a maioria é de nacionalidade chinesa, como referi numa tabela anterior. Assim, quatro

alunos falam o chinês (30,8 %).

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Línguas Estrangeiras Nº de alunos Percentagem

Alemão 1 5,6

Espanhol 1 5,6

Francês 1 5,6

Grego 1 5,6

Inglês 11 61,1

Italiano 1 5,6

Romeno 1 5,6

Não indicou 1 5,6

Total 18 100

Tabela 6: Línguas estrangeiras dos alunos do 1º semestre

Em relação às LE, é de referir que onze alunos afirmaram que têm domínio do

inglês (61,1 %), sendo consequentemente a língua mais dominada.

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Relativamente ao 2º semestre passo a apresentar as características dos alunos

País de origem Nº de alunos Percentagem

Alemanha 5 18,5

Canadá 1 3,7

França 3 11,1

Rússia 1 3,7

Polónia 1 3,7

Timor Leste 1 3,7

Turquemenistão 1 3,7

Venezuela 1 3,7

Total 14 100

Tabela7: Nacionalidades dos alunos do 2º semestre

No que se refere às nacionalidades dos alunos do 2º semestre, no universo de

catorze alunos, note-se que cinco são da Alemanha, ocupando 35,7 % da totalidade.

Sexo Nº de alunos Percentagem

Feminino 11 78,6

Masculino 3 21,4

Total 11 100

Tabela 8: o sexo dos alunos do 2º semestre

No que respeita ao sexo dos alunos do 2º semestre, prevalecem os indivíduos do

sexo feminino tal como no 1º semestre. Assim, dos catorze alunos, onze são do sexo

feminino (78,6 %) e três são do sexo masculino (21,4 %).

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Gráfico 3: Idade dos alunos do 2º semestre

Tendo em consideração a distribuição dos alunos por idade, como se pode

observar pelo gráfico, encontram-se na faixa etária dos 24 aos 55 anos de idade, ou seja,

o aluno mais jovem da turma tem 24 anos e o mais velho tem 55 anos de idade.

Habilitações literárias Nº de alunos Percentagem

Equivalente ao ensino secundário 2 14,3

Licenciatura 5 35,7

Mestrado 2 14,3

Doutoramento 1 7,1

Não indicou 4 28,6

Total 14 100

Tabela 9: Habilitações literárias dos alunos do 2º semestre

Quanto às habitações literárias, verifiquei que 35,7 % da totalidade possuem

licenciatura.

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Línguas Maternas Nº de alunos Percentagem

Alemão 5 35,7

Espanhol 1 7,1

Francês 2 14,3

Inglês 2 14,3

Polaco 1 7,1

Tétum 1 7,1

Russo 2 14,3

Total 14 100

Tabela 10: Línguas maternas dos alunos do 2º semestre

Relativamente às línguas maternas dos estudantes, registou-se uma maior

percentagem do alemão, 35,7 %, representando cinco alunos no total.

Línguas Estrangeiras Nº de alunos Percentagem

Alemão 2 7,7

Chinês 1 3,8

Espanhol 3 11,5

Francês 5 19,2

Indonésio 1 3,8

Inglês 11 42,3

Italiano 3 11,5

Total 26 100

Tabela 11: Línguas estrangeiras dos alunos do 2º semestre

Verifica-se que, em relação às LE, a maioria dos alunos domina o inglês (42,3 %),

onze alunos no total, representando a maioria.

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De tudo o que já foi exposto nota-se que este relatório pedagógico trata de

aprendentes adultos e, na maioria do sexo feminino. Assim, no 1º semestre, os alunos de

nacionalidade chinesa representaram a maioria (quatro), porém no 2º semestre

predominaram os aprendentes da Alemanha (cinco).

As habilitações literárias que mais se notaram nos alunos dos dois semestres

foram: o equivalente ao ensino secundário (oito), à licenciatura (oito), quanto à LE, em

ambos os semestres o inglês é a língua que mais dominam (vinte e dois).

Para além das características referidas, acrescento ainda que no 1º semestre as

profissões e ocupações dos aprendentes eram: clérigo (um), jogador de futebol (um),

jornalista (um), médico (um), rececionista (um) e os outros eram estudantes (oito), quanto

no 2º semestre, os alunos eram: biólogo (um), doméstica (duas), estudantes (quatro),

físico (um), professoras (duas), setor administrativo (um), setor imobiliário (um) e os dois

restantes alunos não indicaram qualquer profissão.

Quanto ao domínio da LP, no 1º semestre, mencionaram como principais

dificuldades: compreensão oral (dois), comunicar com falantes nativos (dois),

falar/conversação (quatro), gramática (quatro), ler (um), conjugação dos verbos

irregulares (um), vocabulário (quatro) e um não respondeu, quanto no 2º semestre

referiram que sentiam dificuldades a nível de: compreensão oral (seis), expressão oral

(um), escrita (dois), gramática (três), verbos (dois), pronúncia (quatro) e um não indicou

qualquer dificuldade.

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5.2 Aprendizagem colaborativa segundo o Quadro Europeu Comum de

Referência

O documento, intitulado Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas

(QECR), nasceu como forma de dar corpo às políticas gerais do Conselho da Europa

(2001) para as línguas e atua precisamente como um guia orientador e regulador, no que

diz respeito ao ensino de línguas e às trocas culturais entre os países da Europa. Este

referencial descreve exaustivamente aquilo que os aprendentes de uma língua têm de

aprender para serem capazes de comunicar nessa mesma língua e quais os conhecimentos

e capacidades que têm de desenvolver para serem eficazes na sua atuação (Conselho da

Europa, 2001).

O QECR (Conselho da Europa, 2001) ainda tenciona “promover programas de

pesquisa e de desenvolvimento que visem introduzir, em todos os níveis de ensino,

métodos e materiais mais apropriados, de modo a permitir que diferentes grupos e tipos

de aprendentes adquiram uma proficiência comunicativa adequada às suas necessidades

específicas” (Conselho da Europa, 2001, p. 22).

Deste modo, pode-se ver que o QECR nasceu para encorajar o progresso de uma

prática mais consciente e reflexiva no domínio do ensino-aprendizagem das línguas,

favorecendo deste modo o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida, baseando-

se em paradigmas mais construtivos dos indivíduos. Por este ângulo, promove-se a

aprendizagem de diversas LE, contribuindo deste modo para uma maior estabilidade,

intercompreensão e tolerância, assim como trocas de informações dos indivíduos na

Europa. O QECR ainda contribui para fomentar um processo educativo, levando a que

seja mais planificado, democrático e orientando de forma autónoma e responsável

(Conselho da Europa, 2001).

Assim sendo, como refere o QERC, o Conselho tem como preocupação melhorar

a qualidade da comunicação entre europeus de diferentes contextos linguísticos e

culturais, uma vez que a comunicação conduz a uma maior mobilidade e a um maior

intercâmbio, favorece a compreensão recíproca e reforça a colaboração (Conselho da

Europa, 2001).

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Neste sentido, o QECR registou um conjunto de objetivos políticos no domínio das

línguas vivas, onde objetiva que é importante:

[…] Promover a compreensão e a tolerância recíprocas e o respeito pela

identidade e diversidade cultural através de uma comunicação internacional

mais eficaz; manter e desenvolver a riqueza e a diversidade da vida cultural

europeia através de um conhecimento recíproco e cada vez maior das línguas

nacionais e regionais, incluindo aquelas que são menos ensinadas; responder

às necessidades de uma Europa multilingue e multicultural, desenvolvendo de

forma considerável a capacidade dos europeus comunicarem entre si, para lá

de fronteiras linguísticas e culturais, o que exige um esforço bem alicerçado

ao longo da vida, que deve ser encorajado, visto numa base mais organizada e

financiado em todos os níveis de ensino pelas autoridades competentes; evitar

os perigos que possam resultar da marginalização daqueles que não possuam

as capacidades necessárias para comunicarem numa Europa interativa. ”

(Conselho da Europa, 2001, p.22).

Diante dos objetivos referidos percebe-se que o QECR direciona “a preparação

para a cidadania democrática” (Conselho da Europa, 2001, p.22) que deve estar aliada a

parâmetros de traços de personalidade, atitudes e temperamentos.

Nesta perspetiva, faz ressaltar que relativamente ao uso da língua, o QECR (2001),

é da opinião que, qualquer forma de aprendizagem pode ser descrito do seguinte modo:

O uso de uma língua abrangendo a sua aprendizagem inclui as ações

realizadas pelas pessoas que, como indivíduos e como atores sociais

desenvolvem um conjunto de competências gerais e particularmente,

competências comunicativas em língua.[…] Para tal, ativam as estratégias que

lhes parecem mais apropriadas para o desempenho das tarefas a realizar

(Conselho da Europa, 2001, p.29).

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Neste contexto, urge a necessidade de pronunciar que a competência existencial,

torna-se relevante ao pronunciar que ela:

Pode ser entendida como a soma das características individuais, traços de

personalidade e atitudes que dizem respeito, por exemplo, à visão do

indivíduo sobre si e sobre os outros e à vontade de estabelecer um

relacionamento social com eles. Este tipo de competência não é visto

simplesmente como resultando de características de personalidade imutáveis:

inclui fatores que são o produto de vários tipos de aculturação e que podem

ser modificados (Conselho da Europa, 2001, pp. 32- 33).

Assim, do que foi acima exposto, faz salientar que é importante “promover

métodos de ensino das línguas vivas que reforcem a independência de pensamento,

de juízos críticos e de ação, associada a capacidades sociais e a responsabilidade”

(Conselho de Europa, 2001, p. 22). Ou seja, é relevante levar em conta a competência

de aprendizagem que é crucial uma vez mobiliza a competência existencial, o

conhecimento declarativo e a competência de realização, e apoia-se em

competências de diferentes tipos. Segundo o QECR, a competência de aprendizagem

pode ser concebida como “saber como ou estar disposto a descobrir o outro”, quer o

outro seja outra língua, outra cultura, outras pessoas quer sejam novas áreas do

conhecimento (Conselho da Europa, 2001:33).

Nesta linha, segundo o QECR (Conselho da Europa, 2001), entre as atividades

interativas, menciona por exemplo: conversa informal, discussão informal, discussão

formal, debate, entrevista, negociação, planeamento conjunto entre outros.

De um modo geral, atribui-se, portanto, grande importância à interação no uso

e na aprendizagem da língua, considerando o seu papel central na comunicação (Conselho

da Europa, 2001).

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5.3 Características dos aprendentes adultos

As turmas de PLE da FLUP, todas foram constituídas por aprendentes adultos,

público-alvo deste relatório de Estágio Pedagógico, influenciou o modo como as aulas

foram lecionadas. O facto de o nível de língua ser elementar (A), segundo o QECR

(2001), numa turma de adultos não faz nem deve fazer com que o modo como o professor

leciona se assemelhe a uma aula para adolescentes ou crianças.

Deste modo, dadas as características particulares dos mesmos, requeriam novas

abordagens como forma de contribuir para uma maior responsabilidade no âmbito do seu

processo de ensino-aprendizagem e uma atitude mais ativa.

Assim, o professor que atua face ao público de aprendentes adultos deve aprender

e compreender que eles necessitam que os ajude a entender a importância prática do

assunto a ser estudado, em função das suas necessidades. Além disso, os professores têm

de agir de modo a pôr-se como parte integrante do grupo e não como uma autoridade,

demonstrando assim que estarem abertos à participação junto com os alunos.

Deste modo, no que respeita a educação centrada no aprendente adulto, a

andragogia, Knowles et al. (2005:149) salienta seis princípios: (i) o que os aprendentes

tem de saber (Learners Need to Know); (ii) autoconceito do aprendente (Self Concept of

Learner); (iii) experiências anteriores do aprendente (Prior Experience of the Learner);

(iv) disponibilidade para aprender (Readiness to Learn); (v) orientação para aprender e

(vi) motivação para aprender (Orientation to Learning).

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Figura 1: Esquema do Modelo da Andragogia

[Fonte: Knowles et al., 2005, p. 149]

A figura acima representa o resumo do modelo andragógico dos autores Knowles

et al. (2005). Assim, atendendo aos seis princípios sustentando por Knowles et al.(2005),

Carvalho (2013) e Teixeira (2009) interpretam este modelo:

(i) Learners Need to Know – os aprendente têm necessidade de aprender não apenas

o conteúdo da aprendizagem mas também compreender a finalidade do processo, por

conseguinte, o facilitador da aprendizagem deve ajudar o aprendente a tornar-se

consciente da necessidade de saber – saber.

(ii) Self Concept of Learner – o aprendente adulto é responsável pela sua própria

aprendizagem e suas próprias decisões, desenvolvendo continuamente a sua autonomia

de aprendizagem.

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(iii) Prior Experience of the Learner – o aprendente adulto transporta consigo uma

grande quantidade de experiências prévias, o que o diferencia do aprendente mais jovem

e representa um valioso enriquecimento ao potenciar troca e partilha de experiências com

os demais aprendentes.

(iv) Readiness to Learn – o aprendente tem mais interesse e está mais preparado e

disposto para aprender aquilo de que precisa para enfrentar de forma eficaz em situações

reais da sua própria vida.

(v) Orientation to Learning – o aprendente adulto tem motivação para aprender

desde que perceba que essa aprendizagem tem uma orientação prática baseada na sua vida

real que o ajudará a realizar tarefas e a lidar com problemas e situações surgidas,

fortemente dependente do contexto em que se insere.

(vi) Motivation to Learn – a motivação, quer intrínseca quer extrínseca, é um fator

crucial na atitude em relação à aprendizagem. No caso dos aprendentes adultos, estes são

sobretudo motivados por fatores intrínsecos que ainda exercem maior influência, no que

respeita à autoconfiança, à autoestima, o gosto de aprender, etc.

Note-se que a assunção deste modelo como orientador da prática pedagógico

didática implica o planeamento de um percurso pedagógico e de atividades centradas no

aprendente, nas suas características e necessidades, replicando situações reais ou

previsíveis do seu dia a dia, visando a promoção da sua autonomia (Carvalho, 2013).

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5.4 O processo de aprendizagem colaborativa

As atividades que serão descritas foram planificadas a pensar nos alunos das turmas

(nível A2) onde foram implementadas. Para tal, durante as aulas da professora orientadora

de estágio, dediquei-me a observar atentamente o envolvimento dos alunos na

aprendizagem. Num segundo momento, durante o processo de aulas, levei em conta o

perfil dos alunos das duas turmas para proporcionar ocasiões onde desenvolver o tema do

relatório: a aprendizagem colaborativa no contexto do ensino-aprendizagem de PLE.

Com isso, apercebi-me das necessidades e dos interesses dos alunos levando-me deste

modo a produzir materiais que permitisse envolver os alunos uns com os outros,

possibilitando deste modo, o desenvolvimento de atitudes mais positivas e autónomas

sobre a aprendizagem, trabalhando em conjunto.

Assim, para desenvolver o tema em questão durante as aulas, foram feitos grupos

pensando na heterogeneidade das turmas.

Durante as aulas que lecionei, fui acompanhando os trabalhos dos alunos, fiz

correção oral de palavras ou construções frásicas incorretas, corrigi os erros dos alunos

sempre que necessário, também regista no quadro de palavras e das respostas referentes

aos exercícios e em relação ao esclarecimento das dúvidas /expressões/léxico eu só

intervim no momento em que nenhum aluno sabia explicar aos colegas ou quando as

explicações eram pouco esclarecidas.

No final de cada regência apliquei um questionário da avaliação da aula ou das

aulas.

De seguida, apresento extratos das regências7 lecionadas que se relacionam com o

tema do relatório, mas antes é importante referir que o meu primeiro contacto com a

prática docente ocorreu no dia 02 de novembro de 2015 na turma 5, de nível A2. A aula

era designada de aula “zero” (não destinada a avaliação) e teve a duração de 1 hora.

7 As regências resumiram-se a quatro: regência 1 (uma aula), regência 2 (uma aula), regência 3 (duas

aulas seguidas) e regência 4 (duas aulas seguidas).

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Regência nº 1:

Tema: A festa de São Martinho.

Objetivos gerais:

- Conhecer uma das festas tradicionais portuguesas;

- Desenvolver a competência de compreensão oral;

- Aprender o feminino dos nomes.

Objetivos específicos:

- Conseguir criar hipóteses sobre uma imagem à festa de São Martinho;

- Recontar de forma minimamente fiel uma lenda ouvida anteriormente;

- Organizar uma festa imaginária em grupo;

- Utilizar corretamente o feminino dos nomes.

Esta aula foi lecionada no dia 11 de novembro de 2015, no 1º semestre, por isso,

escolhi como tema para esta unidade letiva a festa de São Martinho8, que se comemora

no mesmo dia.

A aula começou com a visualização de uma imagem projetada (ver anexo 1), sobre

o dia de São Martinho e com a interação entre eu (professora estagiária) e os alunos. Os

alunos formularam hipóteses sobre a imagem. Por exemplo: o que está presente na

imagem, o que é que ela retrata, que outro nome é que podemos associar ao São

Martinho, se conhecem a lenda de São Martinho, etc. Assim em interação, os alunos,

discutiram aspetos relevantes do dia de São Martinho e estabeleceram um diálogo

intercultural. Nesta fase avaliei a participação dos alunos, nomeadamente através da

fluidez, pronúncia, clareza na exposição de ideias formuladas a partir da imagem e o uso

do vocabulário adequado.

8 É uma festa que é festejada um pouco por toda a Europa, mas as celebrações variam de país para país

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Para conhecer um pouco mais sobre esta tradição, os alunos ouviram uma lenda9

(ver anexo 2): a lenda de São Martinho que em seguida tentaram recontar e resolveram

exercícios de compreensão escrita. Nesta parte, a gramática sobressaiu como uma

atividade de reflexão sobre aspetos linguísticos que destaquei, ou que fiz notar no decurso

da atividade. Preconizei assim a existência de uma unidade letiva, em que o enfoque não

estava no ensino, mas sim na aprendizagem, ou seja, em que em vez de transmissora ou

difusora de conhecimentos, atuei como facilitadora das aprendizagens dos alunos,

atribuindo-se a estes o trabalho de serem curiosos, de procuraram saber, de testarem as

suas hipóteses, enfim, de aprender. Assim, fiquei atenta à participação dos alunos, tomada

de palavra e a participação na correção do exercício.

O trabalho colaborativo, tema do relatório pedagógico, também foi adaptado nesta

aula, pois permitiu aos alunos partilharem conhecimentos e desenvolveram a interação,

onde produziram ideias novas que apelaram e estimularam a imaginação, descobriram

noções, com o objetivo de as tornaram mais vivas e significativas. Este trabalho consistiu

na organização de uma festa imaginária, em coletivo. Comecei, primeiramente por fazer

um brainstorning como forma de solicitar ideias e conhecimentos anteriores dos alunos.

Assim, com registo no quadro, os alunos foram indicando as ideias e o necessário para

organizar uma festa que gostariam de fazer. Consequentemente, a turma em conjunto

decidiu o tipo de festa que organizariam - “festa de amigos da residência”. De seguida,

em conjunto, decidiram os que ficariam encarregues de fazer o convite, os que iam às

compras, os que escolhiam o espaço e os que organizavam o espaço para a festa.

Deste modo, com a colaboração de toda a turma, organizaram a festa. Depois de

tudo feito, com registo no quadro, apresentaram o trabalho. E, com a colaboração de todos

os alunos e com a minha orientação, discutimos os trabalhos feitos e fizemos a correção

dos mesmos. Também acrescentamos outras sugestões, com registo no quadro, em

conjunto. Este trabalho possibilitou uma discussão em grupo com a colaboração das

partes envolvidas.

9A lenda foi adaptada por mim e gravada por uma colega portuguesa.

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Assim, fiquei atenta à observação da participação direta dos alunos e formulação

de hipóteses. Além do já referido, como trabalho de casa distribui uma ficha com as regras

de formação do feminino dos nomes e alguns exercícios sobre o assunto. Preparei a ficha,

porque a aprendizagem dos nomes e da sua variação está inserida no programa do curso,

os alunos apresentaram dificuldades em aulas anteriores e a lenda estudada apresentava

vários nomes.

Esta foi a primeira aula de avaliação e também foi o grande momento de perceber

o real funcionamento de uma aula na prática. Durante a aula, a minha grande preocupação

continuava relacionada com a gestão de tempo e também estava com muita atenção ao

plano da aula, que segui de forma rígida. Por esta razão não explorei as atividades mais

pertinentes e senti também que perdi um pouco o controlo da aula e não me foquei muito

nas necessidades dos alunos. Terminada a aula, depois da reflexão, reparei que o melhor

era fazer uma boa gestão da aula, ser flexível face às necessidades dos alunos, não estar

demasiado presa ao plano e agir em consonância com o decurso da aula. O importante é

fazer com que os alunos aprendam.

Relativamente ao questionário aplicado aos alunos para avaliar a aula, reparei que

na opinião deles o tema escolhido foi de grande interesse, aprenderam vários vocábulos

relacionados com a lenda, sentiram-se à vontade durante a aula para fazer perguntas e

esclarecer dúvidas, acharam uma boa ideia o exercício prático de organizar uma festa,

porque para eles foi algo que tem utilidade prática e que lhes possibilitou dialogar com

os colegas, contudo mostraram-se menos agradados com o facto da voz ser baixa, do

registo do áudio não ser muito claro e de haver poucos exercícios de gramática.

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Regência nº 2:

Tema: As tradições de Natal em Portugal.

Objetivos gerais:

- Conhecer as tradições de Natal em Portugal;

- Desenvolver competências de expressão e interação oral;

- Ser eficiente na interação em contexto específicos.

Objetivos específicos:

- Identificar informações num texto que permitem responder adequadamente um

exercício;

- Ser capazes de reconhecer vocabulário associado a imagem;

- Conseguir formular hipóteses sobre uma imagem.

Esta unidade letiva foi lecionada no dia 16 de dezembro de 2015, coincidiu com

a época natalícia e também aconteceu no dia depois da festa de Natal do CAPLE. Escolhi

o tema porque percebi, através das fichas dos alunos, que eles queriam aprender mais

sobre a cultura portuguesa, e o Natal é uma festa que tem uma forte influência cultural

em Portugal.

Sendo assim, a aula começou com um diálogo entre os alunos e a professora

estagiária sobre a festa de Natal do curso e sobre as diversas apresentações feitas na aula

anterior, promovendo e interação e o diálogo na turma. Seguidamente, com o apoio de

um texto e realização de uma ficha de exercícios em suporte de papel (ver anexo 3),

passou-se a conhecer melhor as tradições de Natal em Portugal. Do mesmo modo, foi

uma oportunidade de aperfeiçoar os conhecimentos sobre as tradições de Natal em

Portugal, conhecer novo vocabulário, para além de desenvolverem a compreensão da

leitura e resolverem alguns exercícios. Para complementar esta parte, elencaram hipóteses

e seguiram com a discussão em torno de uma imagem (ver anexo 4) que incidia sobre o

consumismo. A imagem em causa eram na realidade duas, pois tratava-se de duas

imagens para identificar diferenças.

Nesta fase avaliei a capacidade de formular ideias sobre as imagens, a participação

dos alunos, nomeadamente através da fluidez, pronúncia, clareza na exposição de ideias

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formuladas a partir das imagens, organização do raciocínio e o uso do vocabulário

adequado.

A atividade colaborativa consistiu num trabalho em grupo de três elementos, em

que os alunos tiveram de imaginar um produto para fazer a sua publicidade e em seguida

preparar uma pequena dramatização para apresentar à turma. Com isto, tinham de tentar

convencer o outro a comprar o produto. A atividade obrigava os alunos a tornarem-se

mais responsáveis pelas suas aprendizagens já que os impelia a adquirir conceitos e a

contruir conhecimentos de uma maneira mais autónoma e interativa. Contudo, durante as

dramatizações, os alunos deviam estar atentos às apresentações dos colegas para

preencherem uma grelha (ver anexo 5), onde evidenciava os aspetos mais positivos,

menos positivos, o que deviam melhorar, os erros de língua, etc. A atividade foi encerrada

com uma sessão de discussões em grande grupo em que os alunos em conjunto avaliaram

se os objetivos foram alcançados ou se não. Os erros que foram recolhidos por mim e

pelos alunos foram enviados pelo correio eletrónico dos alunos, numa ficha de correção

de erros para resolverem durante as férias (frases para identificação e correção de erros).

Nesta etapa, avaliei a forma de resolução do problema, o trabalho construído em grupo,

a dinâmica do trabalho, a participação dos alunos durante a discussão e a participação dos

alunos na recolha dos erros.

Para haver um maior envolvimento dos alunos nas suas próprias aprendizagens,

para essa segunda regência tentei fazer a planificação com antecedência para melhorar a

minha execução e dar resposta às necessidades dos alunos. Assim, apercebi-me de que

houve melhorias, porque nos questionários aplicados aos alunos, eles foram dessa

opinião.

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Regência 3:

Esta regência foi uma unidade didática de duas unidades letivas e teve uma

duração de quatro horas que foram divididas em duas aulas de duas horas cada. Estas

foram lecionadas no dia 20 e 25 de janeiro de 2016, das 10 e 30 às 12 e 30.

a) Aula nº 3

Tema: A cultura portuguesa

Objetivos gerais:

- Conhecer aspetos culturais de algumas cidades de Portugal;

- Interagir adequadamente com falantes nativos de Portugal;

- Alargar conhecimentos sobre elementos da cultura portuguesa;

Objetivos específicos:

- Ser capazes de formular hipóteses a partir de uma imagem;

- Selecionar e organizar informações de forma clara e pertinente após uma

conversa com um falante nativo;

- Ser capazes de formular perguntas relacionadas com aspetos culturais de uma

dada cidade;

a) Aula nº 4:

Tema: A cultura portuguesa

Objetivos gerais:

- Desenvolver competências de expressão oral;

- Dominar competências lexicais;

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Objetivos específicos:

- Apresentar de forma clara e organizada o trabalho feito em grupo;

- Destacar aspetos importantes da cultura de uma dada cidade;

- Cumprir o tempo previsto para apresentação do trabalho;

- Ser capaz de responder de forma adequada as perguntas colocadas pelos colegas

sobre o trabalho apresentado;

-Selecionar respostas corretas relacionadas com os trabalhos apresentados, através

do jogo “ Batata quente dupla”.

O tema escolhido para esta regência deve-se ao facto de muitos alunos se terem

mostrado desde sempre interessados pela cultura portuguesa. Por isso, na aula do dia 20

de janeiro tiveram a oportunidade de interagir com nativos de algumas cidades de

Portugal (Braga, Coimbra e Porto) para estabeleceram um diálogo intercultural e

aprofundar vários outros aspetos da cultura portuguesa no geral.

Para responder às necessidades reais dos alunos, na aula nº 3, foram convidados

três colegas do curso de MPLS/LE, provenientes das cidades de Braga, Coimbra e do

Porto. A ideia foi proporcionar uma ocasião de interagirem com falantes nativos de

Portugal, e desenvolverem competências de interação oral, estabelecerem um diálogo

intercultural, além de ouvirem diversas formas de sotaque da língua e aprimorar vários

outros aspetos da cultura portuguesa no geral. Esta aula iniciou-se com a apresentação

dos nativos à turma e da razão da sua presença na sala de aula. Neste momento os alunos

tomaram conhecimento da existência de outros elementos na sala, para que a presença de

pessoas estranhas na aula não prejudicasse o desenvolvimento das atividades.

Contudo, antes de entrarem em contacto direto com os nativos, foi feito um

alargamento dos conhecimentos dos aspetos importantes a saber para entender melhor a

cultura de um país ou de uma cidade, como forma de estabelecimento de pontos a

conhecer sobre a cidade a analisar. Verifiquei a participação dos alunos e as suas

capacidades de demostrar os conhecimentos de forma clara.

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Depois desta fase, os alunos agruparam-se entre eles, de acordo com as minhas

indicações, e com o(a) nativo(a), e dialogaram sobre vários aspetos da respetiva cidade e

da cultura portuguesa de interesse dos alunos. Para complementar o trabalho tinham

acesso ao computador para fazer pesquisas porque posteriormente preparariam alguns

slides com a compilação das informações. Os slides (ver anexo slides 6 com informações

de uma das cidades) com as informações recolhidas e pesquisadas foram enviados para o

meu correio eletrónico, para que pudesse corrigir o material e os alunos pudessem

apresentar na aula seguinte de forma oral (os alunos receberam a versão por correio

eletrónico antes da aula da apresentação). Para terminar a aula, a professora referiu que,

como trabalho de casa, deviam fazer uma preparação atenta e detalhada do trabalho para

apresentar na aula seguinte. Nesta etapa, acompanhei o desenrolar do trabalho e avaliei a

participação dos alunos, organização das informações e o uso do vocabulário.

A segunda aula, que se realizou no dia 25 de janeiro, foi introduzida por uma

interação rápida entre alunos e eu, para nos cumprimentarmos e falarmos um pouco sobre

o fim de semana. Depois do diálogo sobre o fim de semana, os aprendentes juntaram-se

em grupos de trabalho para organizar e combinar as apresentações. Em seguida, deu-se a

apresentação do trabalho de grupo, onde cada grupo teve no máximo 10 minutos para

apresentar o trabalho. No entanto, todos os elementos dos grupos deviam apresentar, não

houve nenhum porta-voz. Como já referi durante as apresentações tinham de tomar notas,

porque no final iam fazer um jogo para ver se tinham estado atentos às exposições dos

colegas. No final de cada apresentação, o grupo tinha, no máximo 5 minutos para

responder às questões da turma. Os alunos deviam fazer perguntas, porque estavam a ser

avaliados através de uma grelha (ver anexo 7). Nesta circunstância, a professora avaliou

a organização e exposição do trabalho, participação dos alunos, a pertinência nas questões

colocadas, as respostas às questões e o preenchimento da grelha de avaliação.

Este modelo de apresentação serviu de ensaio à apresentação oral de final de

semestre que os alunos tinham de preparar.

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Existem várias formas de chamar a atenção do aluno, e uma delas é o uso do jogo

na sala de aula. O jogo quando utilizado de forma adequada na sala de aula constitui uma

ótima ferramenta de aprendizagem, possibilitando deste modo aulas mais dinâmicas e

motivadoras. Por isso, uma atividade lúdica entra no desenrolar da aula com o intuito de

promover o desenvolvimento de competências linguísticas e do trabalho desenvolvido até

então. Como refere o QECR (Conselho da Europa, 2001), “o uso da língua como jogo

desempenha frequentemente um papel importante na aprendizagem e no

desenvolvimento da língua, mas não está apenas confinado ao domínio educativo”

(Conselho da Europa, 2001, p.88).

Assim, através do jogo, designado “batata quente dupla” (ver o desenvolvimento

no anexo número 8), os alunos passaram a perceber que podem aprender a língua de forma

descontraída e divertida. Esta atividade permitiu avaliar a participação e a verificação da

atenção dos alunos durante as apresentações. Para terminar a aula, os alunos fizeram um

balanço final da aula. Nesta etapa a professora ficou atenta à participação dos alunos e à

tomada de palavra. Assim apercebi-me de que a atividade foi dinâmica e os alunos

aderiram com muito entusiasmo.

Para fazer a avaliação da regência, e das aulas do 1º semestre no geral, apliquei

um questionário (ver anexo 9), e do trabalho colaborativo desenvolvido, elaborei um

questionário com base em leituras feitas (ver anexo 10).

Perante esta regência, verifiquei que na opinião dos alunos ela foi bem executada

e desenvolvida, gostaram de ter interagido com os nativos, de assistir às apresentações

dos colegas e de realizar o jogo, mas mencionaram que devia os corrigir mais. No geral,

gostaram das atividades das aulas e referiram que consigo falar mais alto quanto ao

trabalho colaborativo desenvolvido ao longo do semestre a maioria dos alunos disseram

que trabalhar em grupo é positivo, gostaram de ter trabalhado com os colegas, sentiram

mais entusiamo na aprendizagem da língua e mais confiança na realização das atividades

propostas.

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Relativamente ao 1ºsemestre, tive uma turma de alunos, de nível A2.2, como fiz

referência anteriormente, na maioria asiáticos (8), com uma cultura diferente de ensino e

isso trouxe-me muitas dificuldades. Os alunos demostravam interesse, sobretudo em

conhecimentos gramaticais. A parte da produção e interação oral deixou muito a desejar.

Para mim, realizar Estágio Pedagógico junto do público já mencionado foi uma situação

que apresentou vários desafios, mas que também me estimulou a desenvolver a

aprendizagem colaborativa, que viria a ser o tema central do meu relatório de estágio.

Percebi que com este público havia a necessidade de encontrar estratégias de ensino-

aprendizagem viáveis que estimulassem a interação, a interajuda, o trabalho em equipa,

a partilha e o diálogo entre pares.

As tensões com que me deparei ao longo deste semestre, enquanto professora em

formação, foram necessárias para autonomizar a minha aprendizagem e me fazer crescer

como pessoa.

Houve ainda outros aspetos bem conseguidos de meu ponto de vista, tal como a

criação de atividades e produção de materiais, a valorização dos interesses dos alunos, o

desenvolvimento da aprendizagem colaborativa e a escolha de estratégias que foram ao

encontro das necessidades dos alunos.

Porém, na passagem para o 2º semestre, persistiram muitos aspetos no meu

desempenho nas regências anteriores que, a meu ver, deveria ser dada uma atenção

especial como forma de colmatar os pontos menos positivos, já referidos, que ocorreram

o 1º semestre. Um dos aspetos que tentei melhorar foi a planificação de aulas, a atuação

na sala de aula, a dicção e a escolha dos materiais, principalmente no momento de

promover e estimular a aprendizagem colaborativa.

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Regência 4:

Esta regência, também ocorreu em duas unidades letivas e teve uma duração de

quatro horas que foram divididas em duas aulas de duas horas cada. Elas foram lecionadas

no dia 30 de março e 04 de abril de 2016, das 10 e 30 às 12 e 30.

a) Aula nº 5

Tema: A cultura cabo-verdiana

Objetivos gerais:

- Alargar conhecimentos sobre elementos da cultura cabo-verdiana;

- Ser capaz de desenvolver um trabalho em colaboração com os colegas;

- Apresentar de forma clara e organizada o trabalho feito em grupo.

Objetivos específicos:

- Ser capazes de responder perguntas relacionadas com o prato típico de Cabo

verde;

- Conhecer uma cantora cabo-verdiana;

- Redigir corretamente a receita de um prato típico do país de origem.

b) Aula nº 6

Tema: Diferenças entre o discurso formal e informal.

Objetivos gerais:

- Desenvolver competências de produção e expressão oral;

- Ser eficientes na interação em contexto específicos.

Objetivos específicos:

- Ser capaz de explicar a receita do prato típico do país de origem à turma;

- Utilizar corretamente as formas do discurso formal e informal;

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- Ser capaz de criar uma situação de uso do discurso formal e informal com uma

pequena dramatização;

- Cumprir o tempo previsto para a dramatização.

Para a primeira aula desta regência (2º semestre) abordei o assunto já mencionado,

como forma de querer dar a conhecer a cultura do meu país, Cabo Verde, e com isso

permitir desenvolver diversas competências úteis à aprendizagem dos alunos. Por isso, na

aula do dia 30 de março, depois da saudação inicial e duma breve conversa informal sobre

as férias da páscoa, os aprendentes tiveram oportunidade de interagir comigo para

estabelecerem um diálogo cultural e tomar conhecimento de vários aspetos da cultura

cabo-verdiana, além de passarem a conhecer outros países pertencentes ao PALOP. O

objetivo foi levar os alunos a conhecerem aspetos relevantes da cultura de outros povos

(nomeadamente o cabo-verdiano). Para mim, foi uma excelente ocasião para os alunos

alargarem os conhecimentos culturais e promover o diálogo intercultural.

Apresentar o mapa de África (ver anexo 11) foi uma forma de iniciar e estimular

a interação oral e desenvolver a capacidade de criar hipóteses. Depois disto, levei os

alunos a formular hipóteses sobre o que veem na imagem, qual o continente que tem cinco

países lusófonos, falarem sobre os países lusófonos que já visitaram, etc. Até então,

avaliei a participação dos alunos, a capacidade de formular hipóteses a partir de uma

imagem e, se o fizeram verificar se por meio de expressões gramaticalmente adequadas.

Como havia referido, pretendia proporcionar conhecimento e apropriação de

alguns dados culturais da cultura cabo-verdiana. Mas para despertar e curiosidade dos

alunos, a cantora “Cesária Évora” e o prato típico “a cachupa” foram apresentados. Como

brainstorning, fiz perguntas como forma de entrar no assunto da aula. Perguntas como

por exemplo: Já visitaram Cabo Verde? O que sabem sobre Cabo Verde? Quais são as

ilhas que compõem o arquipélago de Cabo Verde? Conhecem algum cantor cabo-

verdiano? Etc. Em interação com os alunos discutimos aspetos relevantes do arquipélago

de Cabo Verde. Em seguida, perguntei se conheciam a cantora Cesária Évora e mediante

as resposta, segui com a distribuição de uma biografia da cantora que continha

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informações verdadeiras e falsas em relação à sua vida (ver anexo 12). Os alunos em

grupos de três elementos dialogaram sobre quais podiam ser as informações falsas sobre

a cantora. Depois de terem dialogado, cada grupo elencou as informações que

consideravam falsas, justificando as suas escolhas, e avançamos para a discussão e

correção coletiva do exercício com registo no quadro por questionário dirigido. Nesta

altura, os alunos já estavam em condições de receber a verdadeira biografia de Cesária

Évora (ver anexo 13). Deste modo, distribui a verdadeira biografia da cantora em suporte

de papel aos alunos para confrontarem as hipóteses levantadas com o texto distribuído e

resolverem os exercícios. Nesta etapa, avaliei o desenvolvimento da participação dos

alunos no trabalho e a participação das respostas às perguntas.

Logo depois de organizados os alunos em grupo de três elementos, distribuí uma

imagem (ver anexo 14) a cada grupo com a cachupa (prato típico de Cabo Verde) já

preparada a partir da qual os alunos teriam de imaginar a receita desse prato. Mas antes

disso, cada grupo recebeu três fichas de cores diferentes com perguntas sobre os possíveis

ingredientes e modo de preparar a cachupa. Exemplo de perguntas que constavam das

fichas: O que é que não pode faltar na cachupa? Quais os temperos que podemos colocar

na cachupa? O que é que podemos colocar no refogado? Que tipo de legumes podemos

colocar na cachupa? Para além do peixe que outros ingredientes podemos colocar para

dar mais sabor? Onde é que podemos comprar os ingredientes para confecionar a

cachupa?

Além do já referido, cada elemento do grupo teve uma etiqueta colocada na roupa

(uma etiqueta de cor diferente, ou seja, das respetivas cores das fichas que continham as

perguntas) e ainda quatro cartas. À medida que cada elemento participava nas respostas

às perguntas, lançava uma carta na mesa. Para a apresentação das respostas, cada

elemento do grupo foi porta-voz para responder às perguntas da ficha com a cor

correspondente a da etiqueta colocada na roupa (por exemplo: os alunos com as etiquetas

vermelhas foram responsáveis por responder às perguntas das fichas de cor vermelha).

Os outros elementos do grupo só intervinham no caso de o aluno não conseguir responder

às perguntas da ficha de que era porta-voz.

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Depois de todos os grupos responderem às perguntas e apresentarem as respostas

à turma, em grupo de trabalho, organizaram as ideias e escreveram uma possível receita

para a cachupa (as receitas escrita pelos alunos no anexo 15).

No decurso da atividade, distribui a receita real da cachupa de forma desordenada

(ver anexo 16) para ser ordenada pelos alunos ainda organizados em grupo. Eles fizeram

a leitura de forma silenciosa das frases da receita da cachupa, ouviram o áudio10 da receita

e realizaram o exercício de ordenação de frases, individualmente. Posteriormente,

ouviram o áudio as receitas para confirmar. Assim, por questionário dirigido e com registo

no quadro fez-se a correção do exercício. Em seguida, os alunos receberam a receita

completa em suporte de papel e fizeram uma leitura silenciosa da mesma. Para ultimar,

em grupo novamente, voltam à receita que escreveram para confrontar com a receita

original da cachupa. Ao confrontar as receitas, alguns grupos notaram que as receita eram

muito parecidas.

Para terminar a aula, expliquei o trabalho para casa, onde cada aluno escreveria

uma receita de um prato típico do país de origem num máximo de 130 palavras. Na receita

ainda podiam introduzir informação sobre em que altura do ano se come o prato. O

trabalho ser-me-ia entregue na aula seguinte para a correção.

A segunda aula da quarta regência, que se realizou no dia 04 de abril foi

introduzida por uma interação rápida entre alunos e eu, para nos cumprimentarmos e

falarmos um pouco sobre o fim de semana. Depois do diálogo sobre o fim de semana,

desenvolveu-se a interação e diálogo intercultural sobre os pratos típicos dos seus países

de origem.

Cada aluno explicou a receita do prato típico do seu país de origem que escreveu

como trabalho de casa, e fiquei atenta à participação dos alunos, ao uso adequado de

vocabulário, à pronúncia e a tomada de palavra. Como forma de fazer a ligação para o

assunto seguinte, retomamos uma frase no texto anterior “ Cise como era tratada pelos

amigos […]” para dialogar sobre o discurso formal e informal. Em seguida, deu-se a

distribuição de um exercício com frases sobre o discurso informal e formal (ver anexo

17). Deviam fazer uma leitura e identificação das diferenças presentes nas frases, em

10 A receita foi adaptada por mim e gravada por uma colega do Curso de Mestrado.

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pares. Após isto, apresentei slides onde abordava caraterísticas do discurso

formal/informal e em conjunto com os alunos, exploramos e apresentamos outras

sugestões. Avaliei a participação dos alunos nas respostas às perguntas.

Uma outra atividade que foi desenvolvida de forma a aplicar os conhecimentos

anteriormente explicados foi a dramatização de algumas situações. Para iniciar, coloquei

um cartaz no quadro que retratava a imagem de uma rua de uma cidade (ver anexo 18)

com diversos serviços/lojas. Para tornar a atividade mais interativa, foram entregues dois

cartões a cada grupo com duas palavras que deviam usar, que no fim das dramatizações

os outros tinham de adivinhar essas palavras. O objetivo era atrair a atenção dos alunos

face às dramatizações.

Assim, em pequenos grupos, criaram uma situação que deveriam dramatizar

imaginaram uma conversa nas seguintes circunstâncias: está numa frutaria e encontra

um amigo(a) de infância; encontra o chefe de trabalho na farmácia; são colegas de casa

e estão num café; vai aos correios para enviar uma carta, e encontra-se com um colega

da faculdade numa livraria para comprar livros.

Para esta atividade deviam ter em conta a explicação do assunto tratado

anteriormente (registos formal e informal). Durante as dramatizações das situações

registei erros que foram selecionados para chamar atenção aos alunos no fim das

dramatizações. Nesta atividade, os alunos tornaram-se mais responsáveis pelas suas

aprendizagens, porque levou-os a assimilar conceitos e a construir conhecimentos de uma

maneira mais autónoma. Nesta etapa, avaliei a organização das ideias, a dramatização da

situação, a participação dos alunos e o uso adequado do vocabulário.

No que respeita a esta quarta regência, apliquei só o questionário de avaliação da

regência e não do trabalho colaborativo, isto porque só se resumia a duas aulas. Das

respostas aos questionários pude aferir que os alunos gostaram do tema da aula e para

alguns falar de Cabo Verde foi uma coisa nova. Além disso, a diversidade de atividades

foi para eles muito produtiva e interessante.

Para esta quarta e última regência optei por fazer a planificação e a escolha dos

materiais com muita antecedência, logo senti-me mais preparada na execução. De notar

ainda que o tema escolhido foi de muito conforto pessoal- “Cabo Verde e Cesária Évora”.

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As minhas melhorias foram muito notáveis e vários são os fatores que

contribuíram para isso. Começo por referir o público-alvo presente neste semestre, que

me presenteou com dinamismo, interesse e envolvimento na realização dos trabalhos,

também a escolha dos temas para as aulas foi muito mais criativa e dinâmica que no 1º

semestre. Também, tomei consciência dos aspetos menos conseguidos no 1º semestre e

comecei a desenvolvê-los como forma de melhorar a minha execução e de colmatar

entraves à minha prática em formação. É de referir que os objetivos não foram alcançados

na totalidade, mas obtive resultados satisfatórios.

Deste modo, perante as atividades desenvolvidas no âmbito desta metodologia,

verifiquei que a prática desenvolvida teve a repercussão esperada, pois percebi que a

aprendizagem colaborativa é de facto produtiva e pode ser adotada em qualquer contexto

de ensino. Também, de tudo o que foi desenvolvido, mais uma vez fiquei ciente de que

em coletividade, os alunos atingem resultados significativamente melhores do que

individualmente.

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Conclusão

Este relatório representa o encerramento de uma importante etapa de formação de

professor de PLE.

O desenvolvimento desta metodologia durante o Estágio Pedagógico e a reflexão

suscitada com a elaboração deste documento consolidaram um percurso de trabalho muito

intenso, mas, ao mesmo tempo, foi uma forma comprovada de aumentar o envolvimento

dos estudantes na aprendizagem do português.

Assim, esta metodologia permitiu-me reforçar a ideia de que no ensino, o objetivo

é oferecer ao aluno um conjunto de situações relevantes e diversas de modo a que a sua

aprendizagem seja abrangente e significativa, que o conduzam a uma maior interação e

integração.

O trabalho colaborativo potencia, além disso, o reforço de valores (tolerância,

partilha, etc.) que se estão a perder na sociedade atual, cada vez mais competitiva e

individualista. É preciso trabalhar com o outro, priorizando a coletividade em vez da

individualidade. Há necessidade de se estar a trabalhar para um ensino inovador, com

base num paradigma emergente que possa atender às necessidades da formação do aluno

como cidadão. Neste sentido julga-se que o ato de aprender deve ser entendido como uma

ação dinâmica, onde o aluno aprende e produz conhecimento. Mas para fazer acontecer

isto é necessário renovar as boas práticas no ensino, acreditando nas evidências de

metodologias diversificadas e inovadoras, abandonando assim, metodologias que

privilegiam apenas a transmissão de informações.

Ao longo deste percurso apercebi-me de que na aprendizagem colaborativa dão-

se sempre mudanças de papéis do professor e dos alunos. O professor deixa de ser a figura

central, que detém o conhecimento, para se tornar um facilitador que ajuda os alunos na

busca de conhecimentos, e os alunos passam a criativos e dinâmicos na busca do saber.

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Para implementar o trabalho colaborativo, procurei durante as aulas, atividades

que desenvolvessem competências de: interação oral, compreensão/produção oral,

compreensão /produção escrita e funcionamento da língua como forma de enriquecer o

processo de ensino aprendizagem.

Relativamente ao contexto de ensino-aprendizagem cabo-verdiano, é importante

levar a cabo uma mudança de estratégias com vista a salvaguardar os interesses dos

alunos, em especial, e a dotar o sistema educativo de meios que permitam uma maior

eficácia.

Os pontos fortes desta experiência foram a utilização de atividades que

envolveram aspetos culturais dentro de uma perspetiva pedagógica contextualizada com

atividades que visavam estimular a aprendizagem, através da elaboração de atividades.

Algumas das limitações deste relatório estão associadas ao pouco tempo destinado

a este trabalho e às solicitações de outras atividades curriculares.

Caso posteriormente tenha oportunidade, pretendo explorar mais a profundamente

este tema. Depois de ter feito todo este percurso, tenciono contribuir para o

desenvolvimento do ensino em Cabo Verde, com a implementação de novas abordagens,

e, de um modo geral, sensibilizar os agentes educativos para o enfoque no trabalho em

equipa.

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Anexos

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Anexo 1

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

https://www.google.pt/search?newwindow=1&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1&q=imagens

[04/11/2015]

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Anexo 2

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

A lenda de São Martinho

Era uma vez um cavaleiro que se chamava Martinho. O seu pai era general e treinava os

soldados. Um dia, o pai de Martinho mudou-se para Pavia em Itália. Uma tarde já em

Pavia, enquanto Martinho lançava o pião, rebentou uma trovoada. Martinho assustou-se

tanto que correu a refugiar-se numa igreja. Estava já a chegar às portas da igreja, quando

viu, à beira da estrada, um homem a pedir esmola, cheio de frio. O pobre estava aflito

sem comida na sacola. Martinho, ao ver o pobre parou imediatamente. Procurou algumas

moedas no bolso, mas nada encontrou. Sem hesitar, rasgou a capa em dois e entregou

uma metade ao pobrezinho.

E, nesse momento, aconteceu um milagre: a chuva parou.

Para que nenhum dos homens passasse mais frio, as nuvens desapareceram e o sol brilhou

com toda a força. É por isso que ainda hoje, quando faz sol em novembro, dizemos que é

o verão de São Martinho. Martinho era um homem tão bom que se tornou santo.

Hoje todos o conhecemos, no seu dia 11 de novembro, é costume fazer uma festa onde se

comem castanhas e se faz a prova do vinho em sua homenagem: o magusto.

Texto adaptado de: http://www.escolovar.org/s.martinho_lendas.e.livro_s.martinho.pdf

[28/10/2015]

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Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Ouça novamente a lenda de São Martinho e complete os espaços (uma palavra por

espaço).

Era uma vez um ___________que se chamava Martinho. O seu _________era general e

treinava os___________. Um dia, o pai de Martinho mudou-se para Pavia

em___________. Uma tarde já em Pavia, enquanto Martinho lançava o pião, rebentou

uma ___________. Martinho assustou-se tanto que correu a refugiar-se numa_________.

Estava já a chegar às portas da igreja, quando viu, à beira da estrada, um____________ a

pedir esmola, cheio de frio. O pobre estava aflito sem comida na sacola. Martinho, ao ver

o__________ parou imediatamente. Procurou algumas moedas no bolso, mas nada

encontrou. Sem hesitar, rasgou a capa em dois e entregou uma metade ao pobrezinho.

E, nesse momento, aconteceu um milagre: a chuva parou.

Para que nenhum dos___________ passasse mais frio, as nuvens desapareceram e o sol

brilhou com toda a força. É por isso que ainda hoje, quando faz sol em Novembro,

dizemos que é o Verão de São Martinho. ____________ era um homem tão bom que se

tornou santo.

Hoje todos o conhecemos: no seu dia 11 de novembro, é costume fazer uma festa onde se

comem____________ e se faz prova do vinho em sua homenagem: o magusto.

Texto adaptado de: http://www.escolovar.org/s.martinho_lendas.e.livro_s.martinho.pdf

[28/10/2015]

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Anexo 3

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Tradições de Natal em Portugal

1. Leia o texto que se segue.

O Natal é a festa da família. Nesse dia, os portugueses tentam reunir o maior número

possível de familiares. Normalmente, fazem decorações natalícias, e, hoje em dia, há

também uma árvore de natal, em praticamente todas as casas. As ruas e lojas também são

decoradas. Durante a tarde do dia 24, as famílias começam a preparar tudo para a ceia,

que se inicia por volta das 19 horas.

No Natal, os portugueses tem muitas variantes e ligeiras diferenças nas tradições dos

vários pontos do país, mas em todo o lado se festeja com decorações, prendas, com a

união da família e refeições em comum. Na ceia de natal come-se bacalhau cozido com

legumes, tudo bem regado com azeite. No norte do país também se come polvo assado,

entre outros pratos.

Ao aproximar-se a meia-noite, muitas famílias vão à missa do galo. No final da missa é

costume beijar o menino Jesus. Ao regressar a casa, os portugueses abrem as prendas. Em

algumas aldeias faz-se uma fogueira para aquecer o menino e, depois da missa do galo,

as pessoas ficam um pouco a conviver.

No dia de Natal, come-se peru assado (ou outra carne) e muitos doces deliciosos, como

filhoses, sonhos, broas (de milho, de mel), rabanadas e o bolo-rei. É uma época para estar

com a família e trocar lembranças. Também existe o costume de enviar cartões de boas

festas, como sinal de amizade.

Texto adaptado de: http://www.junior.te.pt/natal/home_natal/natal_mundo_portugal.html [20/11/2015]

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Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

2. Escolha a opção correta, de acordo com o texto:

Em Portugal a ceia começa:

a) Mais ou menos às 19 horas

b) Às 19 horas

As tradições de Natal em Portugal são:

a) Iguais em todos os lugares

b) Diferentes em alguns lugares

No dia 25 de dezembro, normalmente os portugueses comem:

a) Peru assado

b) Bacalhau cozido

O Natal é uma festa que se comemora com:

a) Mãe, pai, irmãos e tios

b) Vizinhos e colegas da escola

As famílias vão à missa do galo:

a) Às 00 horas

b) Às 12 horas

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Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

3. Legende as imagens que se seguem com as respetivas palavras retiradas do texto.

Há mais imagens do que palavras.

a.

b.

c.

d.

e.

f.

1. filhoses 2. sonhos 3. broas 4. rabanadas 5. bolo-rei

http://www.docesregionais.com/wp-content/uploads/2008/12/Bolo-Rei.jpg [12/12/2015]

http://armazemdasespeciarias.com.br/wp-content/uploads/2011/12/sonhos-de-natal.jpg [12/12/2015]

http://www.mercadotododia.com.br/wp-content/uploads/2013/09/pudim.jpg [12/12/2015] http://www.ideiasereceitas.com/wp-content/uploads/2012/11/receita-filhos-

de-natal-750x350.jpg [12/12/2015]

http://www.docesregionais.com/wp-content/uploads/2011/12/Broas-de-Milho-e-Mel.jpg [12/12/2015] http://receitasana.pedroraf.com/wp-

content/uploads/2009/01/rabanadas1.jpg [12/12/2015]

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Anexo 4

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Observe as imagens e tente identificar as principais diferenças

Jornal de notícias. Sábado, 25 de outubro de 2008

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Anexo 5

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Grelha de correção

Use a grelha que se segue para comentar e avaliar as dramatizações dos seus colegas.

Preencha uma grelha para cada grupo. Deve responder sim ou não e se responder não,

justificar as respostas.

Nome:

Nome dos elementos do grupo:

O vocabulário é adequado?

Compreendeu o que o grupo apresentou?

Usam palavras e frases repetidas?

Mostraram à vontade durante a dramatização?

Quais são os erros da língua que anotou?

Aspetos mais positivos:

Aspetos menos positivo:

Aspetos a melhorar:

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Anexo 6

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

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Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

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Anexo 7

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Grelha de avaliação

Use a grelha que se segue para avaliar as apresentações dos seus colegas. Deve responder

sim (1), não (2) ou mais ou menos (3).

Nome do aluno que observa:

Braga Coimbra Porto

Utilizaram vocabulário adequado?

Respeitaram o tempo da

apresentação?

Responderam satisfatoriamente às

perguntas dos colegas?

Compreendi o que o grupo

apresentou?

Outros comentários:

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Anexo 8

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Desenvolvimento do jogo: “batata quente dupla.”

Na sala de aula, os alunos formam um círculo e a professora estagiária fornece-lhes dois

objetos de cores ou formatos diferentes. Há uma música de fundo11 enquanto os objetos

circulam de mão em mão, na mesma direção, mas com um espaço de pelo menos, três

alunos. A professora determina quando a música inicia e para. Quando a música parar, o

aluno que estiver a segurar um dos objetos faz a pergunta e o aluno que estiver segurando

o outro objeto deve dar a resposta.

11 Escolhi a música “Dança ma mi criola”, do cantor Tito Paris, a propósito de dar a conhecer

uma música cabo-verdiana e também uma das variantes do crioulo de CV. Os alunos aderiram

bem e ficaram com curiosidade pela música cabo-verdiana.

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Anexo 9

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Por favor, responda a este questionário anónimo.

Se não esteve presente em algum dos dias das aulas da professora Tânia – 20 e 25 de janeiro de

2016 –, corte com uma cruz (X) a data em que não esteve.

Parte I – Sobre as aulas dos dias 20 e 25 de janeiro de 2016

1. Compreendeu bem o que a professora explicou?

Sim

Não

Se não, porquê? ________________________________________________________________

2. Sentiu-se à vontade nas aulas para fazer perguntas à professora e esclarecer dúvidas?

Sim

Não

Se não, porquê? ________________________________________________________________

3. Todas as suas dúvidas foram esclarecidas?

Sim

Não

Se não, porquê? ________________________________________________________________

4. Acha que teve demasiados exercícios práticos?

Sim

Não

5. O que aprendeu nestas aulas tem utilidade prática para si?

Sim

Não

6. Acha que a professora estagiária pensou nas suas necessidades e nos seus interesses quando

planeou as aulas e preparou os materiais?

Sim

Não

Se não, porquê? ________________________________________________________________

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7. Sente que aprendeu coisas novas?

Sim

Não

8. O que foi mais fácil?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

9. O que foi mais difícil?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

10. Gostou das aulas?

Sim

Não

10.1. Do que é que gostou mais?

_____________________________________________________________________________

10.2. Do que é que gostou menos?

_____________________________________________________________________________

11. Sugestões e comentários às aulas da professora estagiária Tânia.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Parte II – Sobre as aulas do professora estagiária Tânia no geral

1. Marque com uma cruz (X) os aspetos em que pensa que a professora Tânia evoluiu

positivamente durante as aulas do 1º semestre. Pode marcar mais do que uma opção.

A professora:

- consegue falar de modo compreensível_____

- consegue falar mais alto_____

- escreve no quadro de forma legível _____

- consegue esclarecer as dúvidas dos alunos_____

- apoia os alunos no desenvolvimento das atividades_____

Outro(s): _____________________________________________________________________

2. Do que é que gostou mais?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

3. Do que é que gostou menos?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

4. Sugestões e comentários para as próximas aulas da professora Tânia.

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

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Anexo 10

Curso Anual de Português para Estrangeiros

1º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2.2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Inquérito por questionário

Este questionário faz parte de um trabalho de investigação da estudante Tânia Rodrigues,

realizado sob a orientação da Professora Doutora Ângela Carvalho, no âmbito do Mestrado em

Português Língua Segunda/Língua Estrangeira da Faculdade de Letras da Universidade do Porto,

no ano letivo 2015/2016. Este questionário tem por objetivo saber a sua opinião sobre a prática

da aprendizagem colaborativa desenvolvida ao longo deste semestre.

Pedimos a sua colaboração voluntária para responder às perguntas que se seguem. Todos os dados

obtidos são confidenciais e anónimos e só serão utilizados para no âmbito deste estudo.

Leia as questões que se seguem. Assinale com um X a resposta que considera mais adequada

e responda às questões abertas. As questões relacionam-se com todo o trabalho colaborativo

desenvolvido ao longo do semestre.

1- Sexo. Masculino ______ Feminino ______

2- Data de nascimento ____/____/_____

3- Na sua opinião, trabalhar em grupo é positivo? Sim_______ Não_______

Porquê?_________________________________________________________

Continue só se respondeu “sim” à questão 3.

4- Porque considera que ter trabalhado em grupo foi positivo: Pode assinar mais do que uma

opção.

Gostei de trabalhar com os colegas_____

Aprendi mais em grupo do que sozinho_____

Compreendi melhor os conteúdos em grupo_____

Senti mais entusiasmo na aprendizagem da língua_____

Senti-me mais confiante na realização das tarefas propostas____

Aumentou os meus conhecimentos_____

Esclareceu-me várias dúvidas_____

Outro(s) _________________________________________________________

5- No futuro, gostava de repetir a experiência de trabalho colaborativo?

Sim ________ Não ________ É indiferente _______

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Anexo 11

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Fonte da imagem: http://www.planetaarroz.com.br/site/imagens/noticias/noticia8953.jpg: [03/03/2016]

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Anexo 12

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Leia a biografia da Cesária Évora e discuta com seus colegas sobre quais podem ser as

informações falsas sobre a cantora.

Cesária Évora nasceu no ano de 1930, em Lisboa. Ela tinha oito irmãos. O seu pai

chamava-se Justino, foi o primeiro fabricante de comboios em Cabo Verde, e a sua mãe, dona

Joana, trabalhou como cozinheira na casa de alguns portugueses residentes em Cabo Verde

naquela época. Cise, como era tratada por todas as pessoas, quando era jovem desde sempre

cantou e fazia apresentações aos domingos na praça principal da cidade do Mindelo

acompanhada, por um dos seus irmãos. Ela era analfabeta.

Cesária Évora ficou conhecida como “a diva dos pés descalços” e foi a cantora de maior

reconhecimento internacional de toda a história da música cabo-verdiana. Andar descalça foi a

imagem que sempre a acompanhou e que marcou toda a sua carreira.

Em 1975, depois da independência de Cabo Verde, ela deixou de cantar para sustentar a família.

Durante este período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo.

Encorajada por Bana (outro cantor cabo-verdiano), Cesária Évora voltou a cantar e atuou

em Portugal. Em 1988, em Paris, gravou o álbum "La diva aux pieds nus" (A diva dos pés

descalços). Desde então, fixou residência na capital francesa. Assim, ela tornou-se uma estrela

internacional.

No ano de 2011, a cantora faleceu em Cabo Verde, na cidade do Mindelo, com 70 anos

de idade, deixando Cabo Verde e o mundo consternado com a sua morte.

Texto adaptado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ces%C3%A1ria_%C3%89vora- [06/03/2016]

Fonte das imagens: http://i1.ytimg.com/vi/Ho-R7W9O20I/hqdefault.jpg- [07/03/2016]

http://www.axl.cefan.ulaval.ca/afrique/images/cap-vert-drap.gif- [07/03/2016]

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Anexo 13

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

1. Leia a verdadeira biografia da cantora Cesária Évora e resolva os exercícios.

Cesária Évora nasceu no ano de 1941 na cidade do Mindelo, em Cabo Verde. Ela tinha

quatros irmãos. O seu pai chamava-se Justino, tocava violão e cavaquinho, e a sua mãe, dona

Joana, trabalhou como cozinheira na casa de alguns portugueses residentes em Cabo Verde

naquela época. Cise, como era tratada pelos amigos, quando era jovem desde sempre cantou e

fazia apresentações aos domingos na praça principal da sua cidade, Mindelo, acompanhada por

um dos seus irmãos. Ela era analfabeta. Uma boa cachupa não faltava nos encontros com os

amigos.

Apesar de ser bem-sucedida em diversos outros géneros musicais, Cesária Évora,

maioritariamente relacionada com a morna, foi apelidada de "rainha da morna”. Também

conhecida como “a diva dos pés descalços” foi a cantora de maior reconhecimento internacional

de toda a história da música cabo-verdiana. Andar descalça foi a imagem que sempre a

acompanhou e que marcou toda a sua carreira. Em 1975, depois da independência de Cabo Verde,

frustrada por questões pessoais e financeiras, assim como com as dificuldades económicas do

país, deixou de cantar para sustentar a família. Durante este período, que se prolongou por dez

anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo. Cesária chamou a esse período “os anos escuros”.

Encorajada por Bana (outro cantor cabo-verdiano), Cesária Évora voltou a cantar e atuou

em Portugal. Em 1988, em Paris, gravou o álbum "La diva aux pieds nus" (A diva dos pés

descalços). Desde então fixou a sua residência na capital francesa. Assim, ela tornou-se uma

estrela internacional. Em setembro de 2011, depois de cancelar um conjunto de concertos por se

encontrar muito debilitada, anunciaram que a cantora tinha colocado um ponto final na sua longa

carreira. No mês de dezembro de 2011, a diva faleceu na mesma cidade que a viu nascer, deixando

Cabo Verde e o mundo consternados com a sua morte.

Em março de 2012, o Aeroporto Internacional de São Pedro em São Vicente, foi

renomeado para Aeroporto Internacional Cesária Évora.

Texto adaptado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ces%C3%A1ria_%C3%89vora- [06/03/2016]

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Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

1- Responda às questões abaixo de acordo com o texto correto.

a) Qual era a profissão do pai de Cesária Évora?

___________________________________________________________________

b) O que fazia a cantora num dos dias do fim de semana?

____________________________________________________________________

c) Por que razão a cantora deixou de cantar em 1975?

____________________________________________________________________

2- Na frase do texto “Cesária chamou a esse período, ‘os anos escuros’ ”, o que

significa a expressão “anos escuros”?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3- Explique por suas palavras o significado da seguinte frase: “Andar descalça foi a

imagem que sempre a acompanhou e que marcou toda a sua carreira”.

___________________________________________________________________

Fontes das imagens: http://resistir.info/africa/imagens/cesaria_evora.jpg-[06/03/2016] http://f.i.uol.com.br/fotografia/2012/07/18/168678-270x370-1.jpeg -[06/03/2016]

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Anexo 14

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Observe a imagem da cachupa já confecionada. Em grupo, com ajuda das

perguntas disponibilizadas nos cartões, imagine e escreva a possível receita da cachupa.

http://4.bp.blogspot.com/_wF8Kv9iRDUU/SpFm5Ac0owI/AAAAAAAACFs/zMX9Fc9t0s/s400/IMGP0

164.JPG- [05/03/2016]

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Anexo 15

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

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Anexo 16

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

1- Apresenta-se a preparação da receita da cachupa desordenada. Leia os parágrafos e

ordene de forma a obter a preparação correta. O primeiro parágrafo já se encontra na

posição correta.

Preparação

Na véspera, coloque os feijões e o milho num recipiente com água. No dia seguinte, coloque-

os numa panela, cubra com água, leve ao lume para cozer. Deixe cozinhar o tempo necessário.

A.

Acrescente este preparado à panela, com o milho e os feijões já cozidos. Quando tudo estiver

quase cozido, corte os legume e ponha na panela juntamente com um folha de louro e sal a

gosto.

B.

Deixe ferver em lume brando até a cachupa ficar bem apurada.

C.

Numa frigideira, deite cebola, alho, tomate, coentro, salsa e pimento no azeite. A seguir

acrescente as carnes, o peixe, o chouriço e o toucinho já cortados e temperados com sal e

malagueta e deixe refogar.

D.

Terminada a cozedura, deixe repousar por alguns minutos antes de ser servida. A cachupa, que

deve ficar um pouco líquida, é um prato único.

2- Agora oiça o áudio da receita e confirme a ordem.

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Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

3- Leia atentamente a receita devidamente ordenada.

Cachupa

Receita para 8 pessoas

Ingredientes:

Milho - 1kg Batata doce - 2 pequenas

Feijões diversos - 500g Mandioca - 2 pequenas

Cebola - 2 inteiras Couve - 100g

Alho - 10 dentes de alho Chouriço - 2

Carne - 150g Repolho - 100g

Peixe - 150g Cenoura - 2 pequenas

Toucinho - 100g Malagueta - 2 pequenas

Sal, salsa, pimento e coentros a gosto Folha de louro - 1

Preparação da cachupa

Na véspera, coloque os feijões e o milho num recipiente com água. No dia seguinte, coloque-os

numa panela, cubra com água, leve ao lume para cozer. Deixe cozinhar o tempo necessário. Numa

frigideira, deite cebola, alho, tomate, coentros, salsa e pimento no azeite. A seguir acrescente as

carnes, o peixe, o chouriço e o toucinho já cortados e temperados com sal e malagueta e deixe

refogar. Acrescente este preparado à panela, com o milho e os feijões já cozidos. Quando tudo

estiver quase cozido, corte os legumes e ponha na panela juntamente com um folha de louro e sal

a gosto. Deixe ferver em lume brando até a cachupa ficar bem apurada. Terminada a cozedura,

deixe repousar por alguns minutos antes de ser servida. A cachupa, que deve ficar um pouco

líquida, é um prato único.

Texto adaptado de: www.tudogostoso.com.br/receita/36305-cachupa-tradicional-de-cabo verde.html

[07/03/2016]

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Anexo 17

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

1- Leia atentamente as frases que se seguem.

1.1- Identifique as frases formais e informais.

1.2- Nas frases informais, identifique que palavras ou expressões

lhe dão caráter informal.

Coluna A Coluna B

“Caramba! ‘Tou perdido. Não

sei como chegar ao hotel.”

“Estou perdido, não sei como

chegar ao hotel.”

“Ei, como é qu’andas?” “Como está?”

Adaptado: http://www.estudopratico.com.br/o-que-e-linguagem-formal-e-informal/ [05/03/2016]

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Anexo 18

Curso Anual de Português para Estrangeiros

2º Semestre 2015/2016; Turma 5, Nível A2

Professora estagiária: Tânia Rodrigues

Material auxiliar aos manuais de PLE da editora Lidel.