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2018 Ricardo Alexandre Direito TRIBUTÁRIO Ricardo Alexandre 12ª edição revista atualizada ampliada da obra “Direito Tributário Esquematizado”

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2018

Ricardo Alexandre

Direito TRIBUTÁRIO

Ricardo Alexandre

12ª edição

revista atualizada ampliada

da obra “Direito Tributário Esquematizado”

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1NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

Sumário: 1.1 O Direito Tributário como ramo do Direito Público – 1.2 Atividade finan-ceira do Estado – 1.3 Definição de Tributo: 1.3.1 Prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir; 1.3.2 Prestação compulsória; 1.3.3 Prestação que não constitui sanção de ato ilícito; 1.3.4 Prestação instituída em lei; 1.3.5 Prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada – 1.4 Os tributos em espécies: 1.4.1 A determinação da natureza jurídica específica do tributo; 1.4.2 Os impostos; 1.4.3 As taxas; 1.4.4 As contribuições de melhoria; 1.4.5 Os empréstimos compulsórios; 1.4.6 As contribuições especiais – 1.5 Classificações doutrinárias dos tributos: 1.5.1 Quanto à discriminação das rendas por competência: federais, estaduais ou municipais; 1.5.2 Quanto ao exercício da competência impositiva: privativos, comuns e residuais; 1.5.3 Quanto à finalidade: fiscais, extrafiscais e parafiscais; 1.5.4 Quanto à hipótese de incidência: vinculados e não vinculados; 1.5.5 Quanto ao destino da arrecadação: da arrecadação vinculada e da arrecadação não vinculada; 1.5.6 Quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico-financeiro: diretos e indiretos; 1.5.7 Quanto aos aspectos objetivos e subjetivos da hipótese de incidência: reais e pessoais; 1.5.8 Quanto às bases econômicas de incidência – A classificação do CTN.

1.1 O DIREITO TRIBUTÁRIO COMO RAMO DO DIREITO PÚBLICO

É clássica a divisão do direito entre os ramos público e privado. A principal característica do direito privado é a predominância do inte-

resse dos indivíduos participantes da relação jurídica. Mesmo havendo normas jurídicas de aplicação cogente ao caso concreto, haverá necessariamente a subjacência do interesse individual.

Assim, a título de exemplo, num casamento existe um conjunto de regras do direito de família consideradas normas de ordem pública a cuja observância não se podem furtar os cônjuges. Não obstante, há claramente, subjacente ao interesse da manutenção da ordem pública, o interesse dos indivíduos par-

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ticipantes da relação jurídica instaurada, o que situa o conjunto de normas aplicáveis na seara do direito privado.

Em direito privado, portanto, pela subjacência sempre presente do interesse privado, a regra é a livre manifestação da vontade, a liberdade contratual, a igualdade entre as partes da relação jurídica (os interesses privados são vislumbrados como equivalentes). Além disso, a regra em direito privado é a disponibilidade dos interesses, podendo os particulares abrir mão de seus direitos, ressalvados aqueles considerados indisponíveis, pois, como já desta-cado, a necessária subjacência do interesse privado não exclui a existência de disposições cogentes relativas à ordem pública.

Quando se passa a tratar de direito público, a análise parte de premissas bastante diferentes, quase que diametralmente opostas.

Os princípios fundamentais do regime jurídico de direito público são: a) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado; e b) a indis-ponibilidade do interesse público.

Nessa linha, em virtude do primeiro princípio, quando há, numa relação jurídica, um polo ocupado pelo Estado, agindo nesta qualidade (como ente estatal buscando a consecução de fins públicos), e outro ocupado por parti-cular defendendo seus direitos individuais, é considerada normal a atribuição de vantagens ao Estado. Há um desnivelamento, uma verticalização na relação jurídica. O Estado comparece um pouco acima; o particular, um pouco abaixo.

Explique-se melhor este ponto. Se um particular, proprietário de um es-tabelecimento comercial, deseja expandir seus negócios e, para isso, vê como fundamental a aquisição do prédio vizinho, também pertencente a outro particular, a única possibilidade à sua disposição é o acordo. Se o vizinho não se interessar pelas propostas do visionário comerciante, o negócio não se aperfeiçoará.

Ambos são particulares. Ambos defendem seus interesses individuais. A relação jurídica é horizontalizada, e nenhum deles pode impor sua vontade ao outro, pois o ordenamento jurídico não assegura a preponderância de quaisquer dos interesses em jogo.

Imagine-se agora a duplicação de uma rodovia entre as cidades “A” e “B”. Suponha-se que, num determinado ponto do trajeto da nova pista, exista um imóvel pertencente a um particular que é utilizado como residência familiar. Novamente, há uma pessoa (o Estado) precisando de um imóvel pertencente a outra (o particular). Nesse caso, a inexistência de acordo não impedirá que o Estado adquira a propriedade. Mesmo com a possível discordância do par-ticular, o ordenamento jurídico possibilita ao Estado utilizar-se do instituto da desapropriação. Aqui a relação jurídica é verticalizada, ou seja, o Estado comparece numa situação de supremacia, pois a duplicação da rodovia atende aos interesses de toda a coletividade. Dessa forma, o interesse do particular,

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embora legítimo, cederá em homenagem à supremacia do interesse público sobre o privado.

O segundo princípio, a indisponibilidade do interesse público, traz como consectário a impossibilidade de os agentes públicos praticarem atos que pos-sam menoscabar o patrimônio público ou o interesse público.

Assim, se um particular “A” conta para um particular “B” a história de sua desditosa vida, com todas as nuances possíveis e imagináveis de sofri-mento e penúria, para, ao fim, arrematar com um pedido de perdão de uma determinada dívida, “B” poderá livremente tomar a decisão que melhor lhe aprouver. Seu patrimônio (o crédito) é plenamente disponível, não havendo qualquer restrição à concessão do perdão (remissão).

Todavia, se “B” é um fiscal de tributos e o crédito que “A” deseja ver per-doado é um crédito tributário, o perdão não poderá ser concedido. O crédito tributário é parte do patrimônio público e, justamente por isso, indisponível.

Alguns poderiam se perguntar como é possível, diante da indisponibili-dade do interesse público, a concessão de perdão por intermédio de lei, algo tão comum no direito brasileiro. Ocorre que, nessa situação, o perdão está sendo concedido pelo próprio Estado ou, em face do princípio democrático, pelo próprio povo, verdadeiro destinatário teórico de todas as ações estatais.

O ponto crucial é que, ao menos na teoria, no parlamento estão os re-presentantes do povo. Dessa forma, a concessão de qualquer benefício fiscal por lei significa que o povo quis o proveito do beneficiário.

Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que o patrimônio público é in-disponível apenas para aqueles meramente obrigados ao cumprimento das ordens dadas pelo povo, consubstanciadas em leis. Mas o próprio povo tem a prerrogativa de dispor de tal patrimônio – que, em última análise, pode ser visto como seu patrimônio – por meio das leis que elabora, por meio de seus representantes legítimos.

Tudo o que foi exposto deixa claro que o direito tributário é, inequivo-camente, ramo do direito público e que a ele são inteiramente aplicáveis os princípios fundamentais inerentes ao regime jurídico de direito público.

A supremacia do interesse público sobre o interesse privado é facilmente vista pelo fato de a obrigação de pagar tributo decorrer diretamente da lei, sem manifestação de vontade autônoma do contribuinte (foi proprietário de um imóvel na área urbana, tem que pagar IPTU, querendo ou não) e pelas diversas prerrogativas estatais que colocam o particular num degrau abaixo do ente público nas relações jurídicas, como, por exemplo, o poder de fiscalizar, de aplicar unilateralmente punições e apreender mercadorias, entre tantos outros.

Já a indisponibilidade do interesse e do patrimônio público é visualizada, de maneira cristalina, na sempre presente exigência de lei para a concessão

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de quaisquer benefícios fiscais. Por ser extremamente oportuno, transcreve-se o pedagógico art. 150, § 6.º, da CF:

“§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou con-tribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g”.

São claros os termos do dispositivo. Todos os institutos citados enquadram--se na definição de “benefícios fiscais”, dependendo da edição de lei específica a implementação de quaisquer deles, afinal, como já afirmado, só o povo pode dispor do patrimônio público.

1.2 ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

O Estado existe para a consecução do bem comum. Para atingir tal mister, precisa obter recursos financeiros, o que faz, basicamente, de duas formas, que dão origem a uma famosa classificação dada pelos financistas às receitas públicas.

Para obter receitas originárias, o Estado se despe das tradicionais vanta-gens que o regime jurídico de direito público lhe proporciona e, de maneira semelhante a um particular, obtém receitas patrimoniais ou empresariais. A título de exemplo, cite-se um contrato de aluguel em que o locatário é um particular e o locador é o Estado. O particular somente se obriga a pagar o aluguel porque manifesta sua vontade ao assinar o contrato, não havendo manifestação de qualquer parcela do poder de império estatal.

Na obtenção de receitas derivadas, o Estado, agindo como tal, utiliza-se das suas prerrogativas de direito público, edita uma lei obrigando o particular que pratique determinados atos ou se ponha em certas situações a entregar valores aos cofres públicos, independentemente de sua vontade. Como exem-plo, aquele que auferiu rendimento será devedor do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (imposto de renda) independentemente de qualquer manifestação volitiva.

Registre-se, por oportuno, que tanto nas receitas originárias quanto nas derivadas existem hipóteses em que o sujeito passivo (devedor) também é ente estatal, sendo a nota distintiva entre as espécies de receita ora estudadas o regime jurídico a que estão essencialmente submetidas (direito público ou privado) e não os polos da respectiva relação jurídica.

A classificação ora analisada pode ser esquematizada da seguinte forma:

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Originárias

Originam-se dopatrimônio do

Estado

Derivadas

Originam-se dopatrimônio do

particular

Regime jurídico

Predominantementede Direito Privado

Regime jurídico

Direito Público

Característica

O Estado exploraseu própriopatrimônio

Característica

O Estado usa o seupoder de império eobriga o particular a

contribuir

Exemplos

Aluguéis e receitas deempresas públicas e

sociedades deeconomia mista

Exemplos

Tributos, multas ereparações de guerra

ReceitasPúblicas

Atualmente, com a concepção de Estado mínimo que tem sido global-mente adotada, tornando excepcional a exploração de atividade econômica por parte do Estado, perderam importância as receitas originárias, tendo como consequência a concentração da arrecadação estatal precipuamente nas receitas derivadas.

A excepcionalidade da exploração de atividade econômica por parte do Estado é decorrente de previsão constitucional expressa (CF, art. 173):

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando neces-sária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.

Nesta obra, o objeto de estudo serão as receitas derivadas, especificamente a modalidade tributos. Antes, entretanto, um esclarecimento extremamente necessário.

É lugar-comum se afirmar que o Estado tributa para conseguir carrear recursos para os cofres públicos, possibilitando o desempenho de sua atividade financeira, tudo em busca do seu desígnio maior: o bem comum. Essa visão é correta, mas incompleta.

No período clássico das finanças públicas (Estado Liberal dos séculos XVIII e XIX), a regra fundamental, quase que absoluta, era a não interven-ção do Estado na economia. Foi nessa época que Adam Smith apontou a existência de uma “mão invisível do mercado”, que se responsabilizaria pelo ótimo funcionamento da economia, automaticamente corrigindo os desvios, propiciando as condições necessárias ao crescimento econômico e à melhoria das condições da vida em sociedade.

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DIREITO TRIBUTÁRIO – Ricardo Alexandre 42

Nessa linha, o liberalismo entendia que o Estado não deveria intervir no domínio econômico, de forma que os tributos deveriam ser neutros, ou seja, apenas uma forma de obtenção de meios materiais para as atividades típicas do Estado (Estado Polícia), jamais um instrumento de mudança social ou econômica.

Nesse período, não se tinha como princípio da tributação a isonomia. Os desiguais eram tratados igualmente, de forma que cada contribuinte estava sujeito à mesma carga tributária, sem se cogitar a possibilidade de aferição individual da capacidade.

Foi só no final do século XIX que a “mão poderosa e visível” do Estado passou a ser utilizada como instrumento para correção das distorções geradas pelo liberalismo.

Os humores da economia variavam bruscamente entre a depressão e a euforia. As fases depressivas sempre eram acompanhadas por epidemias de desemprego, agravadas pelos efeitos que a Revolução Industrial e seu alto índice de mecanização trouxeram sobre o mercado de trabalho.

Adentra-se, então, no período moderno das finanças públicas, caracteri-zado pela intervenção do Estado no domínio econômico e social. Sai de cena o liberalismo. Entra em cartaz o Estado do Bem-Estar Social (Welfare State).

Precisando intervir, o Estado passa a perceber que dispunha de uma poderosa arma em suas mãos: o tributo.

O tributo passa a ser, sempre que possível, graduado de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. Ressalte-se que, na Constituição atual, o princípio vincula apenas a instituição de impostos, o que, conforme será explicitado no momento oportuno, não impede sua aplicação no tocante às demais espécies tributárias.

Nessa nova fase, o Estado também percebe que nenhum tributo é com-pletamente neutro, pois, mesmo que objetive exclusivamente arrecadar, acaba gerando impactos sobre o funcionamento da economia.

Assim, o Estado passa a aproveitar esses efeitos colaterais dos tributos, instituindo-os com o objetivo de intervir no domínio econômico e na ordem social.

Num passado recente, a título de exemplo, o Estado, visando a estimular o desenvolvimento da indústria automobilística nacional, em vez de simples e radicalmente proibir a importação de veículos, recorreu ao imposto de impor-tação, majorando-lhe as alíquotas, de forma a inibir as operações.

Verifica-se que o efeito da medida sobre a arrecadação tributária é relati-vamente imprevisível, pois, apesar do aumento de alíquota, é provável que as importações caiam e talvez a arrecadação total, mesmo com a nova alíquota,

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também venha a cair (aliás, nesse caso, o Estado estará, indiretamente, dese-jando essa queda de arrecadação do imposto).

Na mesma linha, é muito comum que, em alguma época do ano, seja divulgada a notícia de que as grandes montadoras de veículos irão promover demissão em massa ou, no mínimo, férias coletivas, em virtude de uma estag-nação econômica que esteja causando queda nas vendas. Temendo o impacto social da medida, o governo chama para a negociação os representantes da indústria e dos empregados, propondo uma redução da alíquota do IPI para que o veículo se torne mais barato, o mercado automotivo ganhe fôlego e os empregos sejam mantidos. Novamente, o impacto sobre a arrecadação é imprevisível, pois a queda da alíquota pode ser compensada pelo aumento das vendas (inclusive, tal aspecto é irrelevante do ponto de vista do objetivo precípuo do governo no caso: manter os empregos).

É muito importante ressaltar que esses tributos também arrecadam, mas a finalidade arrecadatória fica num segundo plano, dado o objetivo principal das medidas.

Assim, existem tributos cuja finalidade principal é fiscal, ou seja, arrecadar, carrear recursos para os cofres públicos (ex.: ISS, ICMS, IR etc.). Há tributos, contudo, que têm por finalidade precípua intervir numa situação social ou econômica. É a finalidade extrafiscal (como nos exemplos citados, no IOF, no IE, no ITR etc. – em momento oportuno, será detalhada a maneira como estes e outros tributos são utilizados de forma extrafiscal).

Também nos casos de tributos com finalidade fiscal, a finalidade extrafiscal, não obstante secundária, far-se-á presente. Analise-se, a título de exemplo, o imposto de renda. Trata-se um tributo claramente fiscal, mas a progressividade das alíquotas, apesar de ter uma finalidade arrecadatória (exigir mais de quem pode contribuir mais) acaba trazendo um efeito social interessante.

Quem ganha “pouco” nada paga (isenção); quem ganha “muito” contribui sob uma alíquota de 27,5%. Em contrapartida, parte da arrecadação é utilizada para prestar serviços públicos e, em regra, quem usa tais serviços (educação e saúde, por exemplo) são as pessoas isentas, uma vez que as que possuem maior renda normalmente têm planos privados de saúde e pagam por educação particular. Dessa forma, o IR acaba tendo uma função extrafiscal embutida: redistribuir renda (alguns, mais românticos, chamam-no, por isso, de imposto Robin Hood – tira dos ricos para dar aos pobres).

Ao lado dessas duas finalidades (fiscal e extrafiscal), a doutrina cita uma terceira, em que, na realidade, objetiva-se também a arrecadação. A diferença reside no fato de a lei tributária nomear sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu, atribuindo-lhe a disponibilidade dos recursos arrecadados para o im-plemento de seus objetivos. Como exemplo, podem ser citadas as contribuições previdenciárias, que, antes da criação da Secretaria da Receita Previdenciária

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(hoje parte da Receita Federal do Brasil), eram cobradas pelo INSS (autarquia federal), que passava a ter, também, a disponibilidade dos recursos auferidos. Tem-se aí a finalidade parafiscal da tributação.

É possível concluir, portanto, que, na parafiscalidade, o objetivo da cobrança de tributo é arrecadar, mas o produto da arrecadação é destinado a ente diverso daquele que institui a exação. Por óbvio, o beneficiário dos recursos sempre será uma instituição que desempenhe uma atividade tipicamente estatal (como o caso do INSS) ou de interesse do Estado, como os denominados serviços sociais autônomos (SESI, SESC, SENAI, SEBRAE, SEST, dentre outros).

Hoje em dia, a maioria dos tributos tradicionalmente definidos como “contribuições parafiscais” tem por sujeito ativo a própria União, não se en-quadrando na tradicional definição de parafiscalidade (em virtude da não atribuição da condição de sujeito ativo ao beneficiário).

Assim, é possível afirmar que, atualmente, o fenômeno da parafiscalidade somente se caracteriza pelo destino do produto da arrecadação a pessoa diversa da competente para a criação do tributo. Essa também é diretriz a adotada nas provas de concurso público. Como exemplo, no certame para provimen-to de cargos de Analista Legislativo da Câmara de Deputados, realizado em 2014, o CESPE considerou correta a seguinte assertiva: “A parafiscalidade caracteriza-se pela destinação do produto da arrecadação a ente diverso do que instituiu o tributo”.

Não obstante, há precedentes mais antigos em que as bancas adotaram o entendimento clássico, considerando corretas as assertivas que incluem como elemento do conceito de parafiscalidade a delegação da capacidade tributária ativa. A título de exemplo, no concurso para Auditor do Estado de Minas Gerais, realizado em 2005, a ESAF considerou correta assertiva que afirmava textualmente o seguinte: “Quando a lei atribui a capacidade tributária ativa a ente diverso daquele que detém a competência tributária, estar-se-á diante do fenômeno da parafiscalidade”.

Registre-se que a banca não afirmou ser a parafiscalidade dependente da delegação da capacidade tributária ativa, mas asseverou que quando a delegação está presente existe parafiscalidade.

1.3 DEFINIÇÃO DE TRIBUTO

A doutrina é rica em definições de tributo. A título de exemplo, Luciano Amaro define tributo como “a prestação pecuniária não sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público”.

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Cap. 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 45

Para os objetivos desta obra, torna-se importante ressaltar que, não obs-tante as críticas da doutrina, a definição de tributo tem sede legal. É o art. 3.º do Código Tributário Nacional que traz a “definição oficial” de tributo, lavrada nos seguintes termos:

“Art. 3.º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

Para um completo entendimento do tema, tal definição deve ser analisada em todos os seus aspectos.

1.3.1 Prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir

É impossível não perceber certa redundância na redação do dispositivo. Prestações pecuniárias são justamente aquelas em moeda. Alguns entendem que a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir” constituiria uma autorização para a instituição de tributos in natura (em bens) ou in labore (em trabalho, em serviços), uma vez que bens e serviços são suscetíveis de avaliação em moeda.

Seguindo esse raciocínio, se a alíquota do imposto de importação inci-dente sobre determinada bebida fosse de 50%, o importador, ao adquirir mil garrafas, poderia deixar quinhentas na alfândega a título de tributo; ou, como já aceito por alguns Municípios, seria permitido ao devedor de IPTU quitar suas dívidas pintando prédios públicos ou podando algumas árvores espalha-das pela cidade. As situações beiram o cômico e ilustram a impossibilidade.

Apesar de a Lei Complementar 104/2001 ter acrescentado o inciso XI ao art. 156 do CTN, permitindo a dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário, não se pode tomar a autorização como uma derrogação da definição de tributo no ponto em que se exige que a prestação seja “em moeda”, pois o próprio dispositivo oferece a alternativa “ou cujo valor nela [em moeda] se possa exprimir”. Assim, é lícito entender que o CTN permite a quitação de créditos tributários mediante a entrega de outras utilidades que possam ser expressas em moedas, deste que tais hipóteses estejam previstas no próprio texto do Código, que no seu art. 141 afirma que o crédito tributário somente se extingue nas hipóteses nele previstas.

Foi na esteira deste entendimento que a ESAF, no concurso para provimento de cargos de Auditor-Fiscal do Tesouro do Município de Natal/RN, considerou incorreta a seguinte assertiva: “A Lei Complementar n. 104/2001, ao permitir a dação em pagamento de bens imóveis, como forma de extinção do crédito

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DIREITO TRIBUTÁRIO – Ricardo Alexandre 46

tributário, promoveu a derrogação do art. 3.º do CTN, que confere ao tributo uma prestação pecuniária em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”.

Inicialmente adotando uma interpretação bastante restritiva do art. 141 do CTN, o Supremo, no julgamento da Medida Cautelar na ADI 1.917, con-siderou inconstitucional lei do Distrito Federal que permitia o pagamento de débitos das microempresas, das empresas de pequeno porte e das médias empresas, mediante dação em pagamento de materiais destinados a atender a programas de Governo do DF. Um dos fundamentos da decisão foi a reserva de lei complementar para tratar de extinção do crédito tributário (Pleno, ADI 1.917-MC, rel. Min. Marco Aurélio, j. 18.12.1998, DJ 19.09.2003, p. 15).

Posteriormente, no julgamento da ADI 2.405-MC o Tribunal, por maioria de votos, afirmou ser possível a criação de novas hipóteses de extinção do crédito tributário na via da lei ordinária local (Pleno, ADI 2.405-MC, rel. Min. Carlos Britto, j. 06.11.2002, DJ 17.02.2006, p. 54). Os principais fundamentos para o julgado foram os seguintes:

a) o pacto federativo, que permite ao ente estipular a possibilidade de receber algo do seu interesse para quitar um crédito de que é titular; e

b) a diretriz interpretativa segundo a qual “quem pode o mais pode o menos”, uma vez que se o ente pode até perdoar o que lhe é devido, mediante a edição de lei concessiva de remissão (o mais), pode, também, autorizar que a extinção do crédito seja feita de uma forma não prevista no Código Tributário Nacional (o menos).

No julgamento do mérito da ADI 1.917 (Pleno, rel. Min. Ricardo Lewan-dowski, j. 26.04.2007, DJ 24.08.2007, p. 22), o STF reafirmou seu entendimento relativo à inconstitucionalidade da previsão, em lei local, de extinção do crédito tributário mediante dação em pagamento de bens móveis, só que desta feita apenas em virtude da reserva de lei federal para estipular regras gerais de lici-tação (se um ente recebe em pagamento um bem, está, na prática, adquirindo tal bem sem licitação). Repise-se que a dação em pagamento em bens imóveis somente é possível porque está prevista em lei nacional (o CTN).

Pelo exposto, nas provas de concurso público, deve-se manter o tradicional entendimento de que o crédito tributário não pode ser extinto mediante dação em pagamento de bens móveis tendo em vista a reserva de lei nacional para dispor sobre regras gerais de licitação. Não obstante, em algumas questões já tem sido abordada a evolução do entendimento do STF ao admitir a previsão em lei local de novas hipóteses de extinção do crédito tributário. A título de exemplo, o CESPE, no concurso para provimento de cargos de Juiz Federal do TRF da 1.ª Região, com provas realizadas em 2009, considerou correta a seguinte assertiva “O STF passou a entender que os Estados e o DF podem estabelecer outros meios não previstos expressamente no Código Tributário

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DIREITO TRIBUTÁRIO – Ricardo Alexandre 122

CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES DEFINIÇÃO EXEMPLOS

FederaisCriados privativamentepela União

II; IE; IR; IPI; ITR; IOF;IGF

EstaduaisCriados privativamentepelos Estados e pelo DF

ITCMD; ICMS; IPVAQuanto à competênciaimpositiva

MunicipaisCriados privativamentepelos Municípios e peloDF

IPTU; ITBI; ISS

Privativos

A competência paracriação é atribuída adeterminado ente comcaráter de exclusividade

Impostos; empréstimoscompulsórios;contribuições especiais

Comuns

A competência paracriação é atribuídaindiscriminadamente atodos os entes políticos

Taxas e contribuições demelhoria

Quanto ao exercício dacompetência

Residuais

A Constituição atribui àUnião competência paracriar tributos nãoprevistos ordinariamente

Novos impostos e novascontribuições para aseguridade social

Fiscais Finalidade arrecadatória

IR; IGF; IPVA; ICMS;ITCMD; IPTU; ITBI; ISS;IEG; empréstimoscompulsórios

Extrafiscais Finalidade interventivaII; IE; IPI,1 IOF; ITR;CIDE

Quanto à finalidade

ParafiscaisFinalidade de arrecadarpara atividadesespecíficas

Contribuições sociais ecorporativas

Vinculados

Cobrança depende deatividade estatalespecífica relativa aocontribuinte

Taxas e contribuições demelhoria

Quanto à hipótese deincidência

Não vinculados

Cobrança independe deatividade estatalespecífica relativa aocontribuinte

Impostos

De arrecadaçãovinculada

Os recursos arrecadadossomente podem serutilizados em atividadesdeterminadas

Empréstimoscompulsórios; CPMF;custas e emolumentos

Quanto ao destino daarrecadação

De arrecadação não vinculada

Os recursos arrecadadospodem ser utilizados emqualquer despesaprevista no orçamento

Impostos

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Cap. 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 123

Diretos

Oneram diretamente apessoa definida comosujeito passivo

IR; ITR; IPTU

Quanto à possibilidadede repercussão

Indiretos

Oneram pessoa diferentedaquela definida comosujeito passivo(permitem a repercussão)

ICMS; ISS; IPI; IOF

Reais

Incidem objetivamentesobre coisas,desprezando aspectossubjetivos

IPTU; ITR; ITCMD; IPI

Quanto aos aspectossubjetivos e objetivosda hipótese deincidência

Pessoais

Incidem de formasubjetiva, levando emconsideração aspectospessoais do sujeitopassivo

IR

Sobre o comércioexterior

Incidem sobre asoperações de importaçãoe exportação

II e IE

Sobre o patrimônio ea renda

Incidem sobre apropriedade de bensmóveis ou imóveis esobre o produto docapital, do trabalho ou dacombinação de ambos

ITR; IPTU; IPVA; IGF; IRQuanto às baseseconômicas tributadas

Sobre a produção ea circulação

Incidem sobre acirculação de bens ouvalores e sobre aprodução de bens

ICMS; ISS; IPI; IOF

(não permitem a repercussão)

CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES DEFINIÇÃO EXEMPLOS

QUESTÕES

A resolução de cada uma das questões apresentadas neste tópico, com todos os itens comentados, um a um, pelo próprio autor, está disponível para acesso pelo QR Code ao lado.

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1. (FCC / PROCURADOR DO ESTADO / SEGEP-MA – 2016) Considerando as funções do

tributo, considera-se na concepção de tributo com finalidade extrafiscal a

A) seletividade de alíquotas do Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana – IPTU em razãodo uso do imóvel ser comercial ou residencial.

B) progressividade de alíquotas do Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana − IPTU emrazão do valor venal do imóvel.

EXEMPLO

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DIREITO TRIBUTÁRIO – Ricardo Alexandre 124

C) progressividade de alíquotas do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF em razão da rendae dos proventos auferidos no ano-base.

D) aplicação de alíquota interestadual para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Ser-viços – ICMS nas operações e prestações que destinem serviços a consumidor final.

* E) aplicação de alíquotas diferenciadas para o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Auto-motores – IPVA em razão do tipo de combustível.

2. (FCC / AUDITOR FISCAL DA RECEITA MUNICIPAL / TERESINA/PI – 2016) Um Município

brasileiro foi beneficiado com as seguintes obras, no exercício de 2015:

I. Construção de uma fábrica de laticínios, por grupo econômico privado, cuja produção serádestinada à exportação, e que acabou por gerar centenas de empregos para os munícipes,aumentando sensivelmente sua renda e valorizando os imóveis próximos à fábrica.

II. Implantação de uma escola e de um posto de saúde em bairro da periferia, por iniciativa dogoverno estadual, as quais implicaram valorização dos imóveis localizados em sua proximidade.

III. Construção de um porto fluvial pelo governo municipal, para escoar a produção de laticíniosque serão produzidos no Município, o que acabou por valorizar os imóveis que circundam esse porto, em um raio de dois quilômetros.

IV. Construção de uma balança rodoviária de cargas, em rodovia municipal, para evitar o trânsitode veículos com excesso de peso nos limites do Município.

Em razão dos benefícios trazidos pela realização dessas obras, o referido Município, observada a disciplina legal estabelecida pelo Código Tributário Nacional a respeito da contribuição de melhoria, poderá lançar e cobrar esse tributo em relação a

A) I e IV, apenas.

B) II e III, apenas.

* C) III, apenas.

D) I, II, III e IV.

E) II, apenas.

3. (ESAF / ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO / ESAF – 2015) Sobre o conceito

de tributo, suas classificações e suas espécies, é correto afirmar que

A) tributo é, legal e constitucionalmente, toda prestação pecuniária compulsória, em moeda oucujo valor nela se possa exprimir, ainda que constitua sanção de ato ilícito, instituída em leie cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

B) a natureza jurídica específica do tributo é, legal e constitucionalmente, determinada pelofato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la tanto denominaçãoe demais características formais adotadas pela lei quanto a destinação legal do produto dasua arrecadação.

C) as espécies tributárias são, legal e constitucionalmente, imposto, taxa, contribuição de me-lhoria, contribuição social, contribuição de intervenção no domínio econômico, contribuiçãode interesse de categoria econômica ou profissional e contribuição de iluminação pública.

* D) a espécie tributária “taxa” pode ter como fato gerador, legal e constitucionalmente, o exer-cício regular do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição, desde que, em qualquer caso, a respectiva base de cálculo não seja idêntica àquelas que correspondam a qualquer espécie de imposto.

E) denomina-se como tributo indireto aquele que comporte, por sua natureza, transferência dorespectivo encargo financeiro da tributação desde o denominado contribuinte de fato parasobre o denominado contribuinte de direito.

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Cap. 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 125

4. (FCC / JULGADOR ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO DO TESOURO ESTADUAL / SEFAZ-PE

– 2015) Sobre a constitucionalidade das taxas, é correto afirmar:

A) É constitucional a taxa cobrada em face do fornecimento de iluminação pública, pois con-substancia atividade estatal apta a ser remunerada por meio dessa espécie tributária.

B) É inconstitucional a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, uma vezque realizados em benefício da população em geral e de forma indivisível.

C) É constitucional a instituição e a cobrança de taxas por emissão ou remessa de carnês/guiasde recolhimento de tributos, visto que consubstancia atuação estatal específica e divisível.

D) É constitucional a exigência de taxa de prevenção de incêndio, cuja base de cálculo é cobradaem função do valor venal do imóvel, pois mensura indiretamente a quantidade de trabalhoou atividade que o poder público se vê obrigado a desempenhar.

* E) É constitucional a taxa de renovação da licença de funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o exercício do poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura competentes para o respectivo exercício.

5. (FCC / JUIZ SUBSTITUTO / TJ-RR – 2015) Observe a seguinte notícia, do Informativo

do STF n° 777:

“PSV: remuneração do serviço de iluminação pública (Enunciado 41 da Súmula Vinculante) - OPlenário acolheu proposta de edição de enunciado de súmula vinculante com o seguinte teor: ‘Oserviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa’. Assim, tornou vinculanteo conteúdo do Verbete 670 da Súmula do STF”.

A vedação mencionada justifica-se porque

* A) trata-se de serviço  uti universi, devendo ser custeado por impostos ou pela instituição de contribuição específica para seu custeio, pelos municípios.

B) se trata de  uti singuli, porém de natureza indelegável, devendo por essa razão ser custeadoexclusivamente por impostos.

C) caso seja delegada sua prestação ao particular, a remuneração se dará por tarifa, e não por taxa.

D) o serviço de iluminação pública não admite prestação sob nenhum tipo de concessão e, portanto, seria incabível a remuneração de um concessionário privado por meio da cobrança do usuário.

E) embora se trate de serviço público indivisível, o seu custeio já está embutido nos preçospúblicos pagos aos concessionários de fornecimento de energia elétrica, conforme disposições contratuais padronizadas pela ANEEL.

6. (FCC / AUDITOR FISCAL DA FAZENDA ESTADUAL / SEFAZ-PI – 2015) A Constituição

Federal atribui competência a determinados entes federados para instituir contri-

buições de naturezas diversas. Desse modo, as contribuições

A) para o custeio do serviço de iluminação pública poderão ser instituídas pelos Estados e peloDistrito Federal.

B) sociais serão instituídas preferencialmente pela União e, no caso de omissão, poderão sê-lo,subsidiariamente, por Estados e Municípios.

C) de intervenção no domínio econômico serão instituídas pela União e, supletivamente, pelosEstados.

* D) para o custeio do regime previdenciário dos servidores públicos estatutários, em benefício desses servidores, poderão ser instituídas pelos Municípios.

E) de interesse das categorias profissionais ou econômicas serão instituídas pela União, pelosEstados e pelos Municípios, nas suas respectivas áreas de atuação.

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7. (CESPE / JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO / TRF-1ªREGIÃO – 2015) A União instituiu taxa

com a finalidade de remunerar a efetiva atividade desenvolvida pela Força Nacional

de Segurança Pública. Os cidadãos residentes nas localidades de atuação da Força

Nacional deverão pagar a taxa referente apenas ao período em que essa atuação

persistir.

Nessa situação hipotética, a taxa a ser cobrada

A) é constitucional, por fundamentar-se na utilização efetiva ou potencial, pelos contribuintes,de serviço público de segurança.

B) é inconstitucional, visto que serviços de segurança pública devem ser remunerados por tarifa.

* C) é inconstitucional, uma vez que os serviços de segurança pública não podem ser usufruídos individualmente, mas atendem a um número indeterminado de pessoas.

D) é constitucional, por ser fundamentada no efetivo exercício do poder de polícia pelo Estado.

E) é inconstitucional, por não atender aos critérios da generalidade e da universalidade.

8. (FGV / FISCAL TRIBUTÁRIO / OSASCO / SP – 2014) São espécies de tributos os impostos,

as taxas, as contribuições de melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições

especiais. No que se refere à classificação dos tributos, é correto afirmar que:

A) no caso de tributos não vinculados, a cobrança depende de uma atuação estatal em relaçãoao contribuinte;

B) são indiretos os tributos em que o contribuinte não tem possibilidade de transferir o ônuseconômico da carga fiscal;

* C) tributos progressivos ou regressivos são aqueles cujas alíquotas aumentam ou diminuem de acordo com critério específico;

D) são denominados extrafiscais os tributos cujo principal objetivo é a arrecadação de recursospara custeio de atividades específicas realizadas paralelamente às funções próprias do Estado,como a fiscalização do exercício de profissões ou a Seguridade Social;

E) a instituição de tributos reais deve observar o princípio da capacidade contributiva, enquantoos pessoais estão desobrigados dessa observância.

Gabarito: ver respostas na página 847.