29/03/18€¦ · 29/03/18 2 outros fatores que podem aumentar o risco: - dificuldade de acesso...
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ANESTESIA EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO
- A anestesia é um procedimento essencial na experimentação - Pode ocasionar profundos efeitos nas funções orgânicas e
interferir com os resultados * Xilazina à hiperglicemia * Cetamina à efeitos anti-inflamatórios * Halogenados à imunossupressão * Hidrato de cloral à íleo paralítico
- A morte de animais no período perioperatório gera grandes
perdas para um experimento - A dor não tratada adequadamente também gera grande
interferência nos resultados * Hiperglicemia, hipercortisolemia, catecolaminas, imobilidade
- Irônico e paradoxal, pois praticamente todos os fármacos são
testados em animais de laboratório!
INT
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- O uso de animais hígidos é o fator mais importante na redução do risco anestésico * Animais doentes, mesmo sem sinais de doença, aumento mortalidade
INT
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- Em condições experimentais a mortalidade é baixa
- Esperar no mínimo 7 (melhor 14) dias após a aquisição
* Adaptação e adequada ingestão de água e comida - Sinais de doença:
* Secreção nasal ou ocular * Alterações no pelo * Diarreia
- Pesar dentro de uma bolsa de tecido ou numa caixa especial
* Exatidão das doses utilizadas à menor risco - Acostumar com a manipulação reduz o estresse e facilita os
procedimentos
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- Jejum
* Cães, gatos, primatas, suínos à 8 a 12 horas
* Ruminantes à 12 a 24 horas
* Roedores e coelhos à sem jejum
* Porquinhos da Índia à retenção na faringe (jejum de 3-4 horas)
* Aves grandes (patos, gansos, pombos, galinhas) à 6 a 12 horas
* Aves pequenas à não mais do que duas horas
* Répteis e anfíbios à 24 a 48 horas
* A água geralmente não é retirada até 1 ou 2 horas antes da anestesia
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INT
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- Alguns são pequenos * ↑Risco de hipotermia * Minimizar tricotomia e uso de álcool e outros líquidos * Ciruito anestésico à aumenta a perda de calor
- Suporte térmico
* Colchões? * Envolver o animal em mantas ou materiais térmicos * Dificulta o acesso de cirurgião e anestesista * Lâmpadas
- Monitoração pobre à profundidade anestésica, FC, FR, Tº - Causas comuns de óbito
* Falência respiratória (Intubação à DIFICULDADE) * Hemorragia transoperatória
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Outros fatores que podem aumentar o risco: - Dificuldade de acesso venoso - Não há doses específicas (extrapolação de outras espécies)
* Teoricamente todos os testes são feitos nestas espécies - Variabilidade (sensibilidade, duração, eficiência) - Anestesia para vários animais ao mesmo tempo
* Aumenta o risco de óbito
- Dose em mL/kg * Preparar soluções previamente
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ANESTESIA GERAL
O QUE É A ANESTESIA GERAL?
P e l o C o l é g i o A m e r i c a n o d e Anestesiologia a anestesiologia é a prática da medicina que produz i n s e n s i b i l i d a d e à d o r d u ra nte procedimentos cirúrgicos, obstétricos, terapêuticos e diagnósticos
O QUE QUEREMOS
O QUE NÃO QUEREMOS
- INCONSCIÊNCIA (o animal deve estar “dormindo”)
- ANALGESIA (não deve haver dor ou ativação simpática excessiva)
- IMOBILIDADE (para facilitar a cirurgia)
- AMNESIA (não se lembrar de nada, evitar o estresse)
- MANUTENÇÃO E REGULAÇÃO DA ATIVIDADE AUTONÔMICA(sem alterações graves na função cardiovascular, respiratória, endócrina)
- ANSIEDADE, MEDO, VÔMITO, TREMORES MUSCULARES, DOR, INSTABILIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA
- Não deve ser diferente no animal de laboratório - Para realizar procedimentos cirúrgicos a percepção da dor deve ser
totalmente abolida - Os anestésicos gerais não são analgésicos (?)
Sistema nociceptivo
ANAL
GESI
A!
- É possível fazer anestesia geral com um único anestésico ou protocolo sempre?
Sim …mas não é adequado!
ConsciênciaAnalgesia
ImobilidadeMiorrelaxamento
Estabilidade cardiovascular
Estabilidade Respiratória
AnsiedadeEstresse
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Medicação pré-anestésica (MPA)
- Ajudar na contenção e facilitar a manipulação
- Reduzir o estresse e a ansiedade
- Produzir relaxamento muscular
- Reduzir a dose dos anestésicos e seus efeitos adversos
- Minimizar ou prevenir a dor
- Minimizar a atividade reflexa (simpática ou parassimpática)
- Promover indução e recuperação anestésica suaves
- Auxiliar na realização de procedimentos sob anestesia local
GRUPOS FARMACOLÓGICOS:
- Anticolinérgicos (atropina, glicopirrolato, escopolamina)
- Fenotiazínicos (acepromazina, levomepromazina, clorpromazina)
- Benzodiazepínicos (diazepam, midazolam)
- Butirofenonas (azaperone, droperidol)
- Agonistas dos receptores alfa-2 adrenérgicos (xilazina, romifidina, detomidina, medetomidina, dexmedetomidina)
- Hipnoanalgésicos (opioides) (morfina, meperidina, metadona, fentanil, butorfanol, nalbufina, buprenorfina)
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S ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
Cloralose
Etorfina
Carfentanil
Tiobutabarbital
Uretana
Hidrato de cloral
Tribromoetanol
Alfaxalona-alfadolona
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S ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
ANESTÉSICOS GERAIS - Barbitúricos (tiopental, pentobarbital) - Anestésicos dissociativos (cetamina) - Não barbitúricos (propofol, etomidato)
TRANQUILIZANTES E SEDATIVOS
- Agonistas de receptores adrenérgicos alfa-2 (xilazina) - Fenotiazínicos (acepromazina) - Benzodiazepínicos (diazepam, midazolam)
ANALGÉSICOS
- Opioides (buprenorfina, morfina) - AINES (flunixin meglumine, meloxicam, carprofeno)
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ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
TIOPENTAL
- Soluções a 2,5%
- Intravenosa (IV), intraperitoneal (IP)
- pH muito alcalino
- Hipotermia, hipoventilação, hipóxia, acidose, hipercarbia
- Ratos à 20 – 40 mg/kg, IP
- Camundongos à 20 – 50 mg/kg, IV, IP - Coelhos à 30 – 50 mg/kg, IV
BARBITÚRICOS
- O mais popular em animais de laboratório
- Não irritante, barato, disponível, latência curta - Pobre analgesia
* ↑doses para permitir procedimentos dolorosos * ↑ depressão cardiorrespiratória
- Ratos * 30 – 40 mg/kg, IV / 30 – 60 mg/kg, IP
- Camundongos
* 40 – 70 mg/kg, IP (10-20 minutos de anestesia) * Latência 5-10 min * Machos mais sensíveis do que fêmeas
- Coelhos * Dose anestésica à próxima da que provoca apnéia * 25 – 60 mg/kg, IV * Taquifilaxia (mais do que 1 vez por semana)
PENTOBARBITAL
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ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
CETAMINA - Fármaco seguro - Isoladamente
* Mínima depressão cardiorrespiratória * Rigidez muscular e anestesia incompleta
- Camundongos
* 50 – 100 mg/kg, IV, IP, IM - Ratos
* 50 – 100 mg/kg, IV, IP, IM - Coelhos
* 20 – 60 mg/kg, IV, IM
DISSOCIATIVOS
CETAMINA + XILAZINA - Minimizar a rigidez muscular - Fornecer melhor analgesia - Hipoxia, hipercarbia, acidose, hipotensão, hipotermia, hiperglicemia, salivação, poliúria, bradicardia - Camundongos
* Xilazina 5 mg/kg + Cetamina 100 mg/kg, IM * Latência 2-3 minutos, duração 80-110 minutos
- Ratos
* Xilazina 5-21 mg/kg + Cetamina 40-85 mg/kg, IP, IM * Pico 15-30 minutos, duração 90-120 minutos
- Coelhos * Xilazina 2,5-10 mg/kg + Cetamina 22-50 mg/kg, IV, IM
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PROPOFOL - Ainda é pouco usado em animais de laboratório
- Emulsão lipídica, rápido início de ação e término dos efeitos
- É a base da anestesia intravenosa
- Não analgésico, hipoxia, hipercarbia, acidose, hipotensão, hipotermia, bradicardia
- Ratos: 10 mg/kg IV; 100 mg/kg, IP
- Coelhos: 10-20 mg/kg para indução
0,2-1,0 mg/kg/min para manutenção
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- Fatores críticos 1. Volume a ser administrado 2. Local de administração 3. Propriedades do fármaco (irritação, absorção) 4. Método/via de administração 5. Taxa de absorção (dose, latência, duração)
- Diluição dos fármacos irritantes - Aplicação de pequenos volumes em vários locais - Bolus, múltiplas administrações, infusão contínua
ANESTESIA PARENTERAL
Concentração p lasmát ica de um fármaco administrado em regime de dose múltipla por via extravascular(EV) e intravascular(IV).
t
C platô
t
C platô
Concentração plasmática de um fármaco administrado em regime de infusão contínua.
ANESTESIA INTRAVENOSA
Métodos de administração
Bolus Infusão contínua
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INTRAPERITONEAL - Técnica mais popular em roedores (não em coelhos)
* Requer mínima habilidade * Quando o acesso venoso é difícil * ↑ Área de absorção e tamponamento * A maioria dos protocolos são desenvolvidos para esta via * Peritonite (substâncias irritantes e infecção)
- Técnica * Contenção * Cabeça direcionada distalmente * Aplicar no quadrante abdominal inferior esquerdo
- Erros na técnica * Jejum * Agulha pequena (13x0,45) / usar agulha maior (25x6) * Injeção no subcutâneo, gordura, parede abdominal
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INTRAPERITONEAL
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INTRAMUSCULAR - Músculos da coxa ou músculos epaxiais - Irritação local
* Claudicação, ulcerações, automutilação - Dor e distresse nos animais - A aplicação deve ser profunda e não superficial - Usar agulhas pequenas - Aplicar em locais diferentes - Diluir o fármaco - Não utilizar em camundongos (↑complicações)
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INTRAMUSCULAR
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INTRAVENOSA - Requer habilidade e conhecimento técnico - Ratos, camundongos
* Veia lateral da cauda * Metatarsiana dorsal * Safena lateral * Sublingual
- Coelhos
* Veia marginal da orelha
- Vasodilatação (água quente, irritantes, lâmpada, aquecedor) - Cuidado com o embolismo gasoso - Anestesia local (Emla®)
- Agulhas pequenas
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INTRAVENOSA
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INTRAVENOSA
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ANESTÉSICOS INALADOS Éter
Clorofórmio Halotano
Isofluorano Metoxifluorano
Enfluorano Sevofluorano Desfluorano
Óxido nitroso
Éter
Halotano Isofluorano
Sevofluorano
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S - Anestesia em grupo ou sequencial
- É necessária maior competência técnica - Problemas
* Dificuldade na intubação * Trauma do tecido orofaríngeo * Irritação ou ruptura da traquéia (enfisema subcutâneo) * Custo dos equipamentos (vaporizadores, oxigênio, máscaras, câmaras, circuitos)
* Poluição do ambiente cirúrgico à saúde ocupacional - Vantagens
* Maior controle da profundidade anestésica * Maior % de sobrevivência * Mínima metabolização e excreção * Recuperação rápida e menor interferência no protocolo * Os equipamentos não são descartáveis
ANESTÉSICOS INALADOS
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ÉTER - Muito usado antigamente (?!) - Não recomendado desde 1996 - Vantagens
* Barato * Seguro para o animal (?) * Duração curta 5-10 minutos * Mínimos efeitos cardiorrespiratórios
- Desvantagens
* Indução desconfortável à irritante para as vias respiratórias * Aumenta a morbi-mortalidade por doença respiratória * Risco de explosão (também as carcaçasàventilar bem) * Alterações hipotalâmicas e hepáticas NÃ
O É MA
IS USA
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HALOTANO - Não inflamável, explosivo nem irritante - É ideal o uso de vaporizador calibrado - Metabolismo hepático
* Indução hepática após 30-60 minutos de anestesia * Hepatotoxicidade
- Indução com máscara facial * 3-5%
- Manutenção
* 2-3%
- Recuperação em 10-15 minutos após 40 de anestesia - Imunossupressão NÃ
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ISOFLUORANO
- Menor risco anestésico
- É ideal o uso de vaporizador calibrado
- Metabolismo hepático mínimo (0,07%)
- Indução e recuperação anestésica rápidas
- Irritante para as vias aéreas
- Poucos estudos
- Imunossupressão
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SEVOFLUORANO
- Menor risco anestésico
- É ideal o uso de vaporizador calibrado
- Indução/recuperação muito rápidas
- Não é irritante para as vias aéreas
- Reação com a cal sodada (compostos nefrotóxicos?)
- Imunossupressão
MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO
- Método aberto (Bell Jar)
- Câmara de indução
- Sistemas sem reinalação de gases
- Sistemas com reinalação de gases (raramente usados)
- Câmara de indução
- Fonte de oxigênio
- Vaporizador
- Máscaras de vários tamanhos
- Tubos endotraqueais (cateteres)
- Fonte de luz (fibra óptica, lanterna)
- Espéculo ou laringoscópio adaptado
- Circuitos miniaturizados
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O CÂMARAS DE INDUÇÃO
Volume interno da câmara anestésica (ml)
Concentraçãodo anestésico 1000 ml 2000 ml 3000 ml 4000 ml 5000 ml Isofluorano 1% 0.05 0.10 0.15 0.20 0.26 2% 0.10 0.20 0.31 0.41 0.51 3% 0.15 0.31 0.46 0.61 0.77 4% 0.20 0.41 0.61 0.82 1.02 5% 0.26 0.51 0.77 1.02 1.28
* Volume em mililitros Cálculado a 20ºC e 760mmHg Anesthesia and Analgesia in Laboratory Animals. 1997. Academic Press p32.
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O MÁSCARA FACIAL
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O MÁSCARA FACIAL
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O INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
Sondas orotraqueais
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O INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
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O INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
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Carrol, L. In: Muir et al., 2007
INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA
- Propofol (100 mg/kg) + medetomidina (0,3 mg/kg) à contenção química para procedimentos de até 30 minutos (sem analgesia cirúrgica) - Propofol (100 mg/kg + medetomidina (0,1 mg/kg) + fentanil (0,1 mg/kg) à analgesia cirúrgica de até 30 minutos - Reversão com atipamezole (5 x a dose de medetomidina)
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- Foram usados dois protocolos anestésicos e observada sua influência na pressão intraocular (PIO)
- Cetamina + xilazina + acepromazina (IP) Vs Isofluorano - Duas linhagens de camundongos (C57BL/6 e CD1) - O protocolo injetável dimininuiu a PIO nos camundongos
C57BL/6, não nos CD1 - Esse protocolo apresentou maior mortalidade nos dois
grupos, mas principalmente no C57BL/6 - Isofluorano foi mais seguro, mas tendeu a induzir aumento
da PIO
- A cetamina aumentou a taxa de sobrevida, em comparação com sevofluorano, em camundongos após desafio com LPS de E. coli para produzir sepse - Diminuiu a secreção de TNF-alfa e de interferon - Também reduz a fagocitose de bactérias pelas células de Kupffer
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