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URBANISMO E CULTURA ISLÂMICA

Trabalho apresentado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no ano de 2002

Curso de História da Arte

Costa Brites

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Indíce Página

1 CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................................3

2 O URBANISMO ISLÂMICO, REALIDADE OU MITO ROMANESCO?...................................................4

3 AL-ANDALUZ ...............................................................................................................................................4

4 CÓRDOVA, "ORNAMENTO DO MUNDO" ................................................................................................5

5 AL-GHARB-AL ANDALUZ..........................................................................................................................7

6 LISBOA E COIMBRA, CASOS NOTÁVEIS E FAMILIARES....................................................................7

7 A CASA METÁFORA DO MUNDO.............................................................................................................8

8 A MESQUITA, DIFUSÃO DA PALAVRA E CENTRO CÍVICO................................................................9

9 A ARTE DO ISLÃO; ALGUNS CONCEITOS BASE.................................................................................10

10 DA PÉRSIA, TAPEÇARIAS LADRILHOS E AZULEJOS.........................................................................11

11 A PALAVRA POÉTICA VEÍCULO DA FÉ E ELEMENTO DE COESÃO...............................................12

12 OS SÉCULOS OBSCUROS E A POEIRA DOS SONHOS.........................................................................13

13 O ISLÃO, TÃO PERTO E FAMILIAR, TÃO DISTANTE E IGNOTO......................................................15

14 CONCLUSÃO...............................................................................................................................................16

15 BIBLIOGRAFIA:..........................................................................................................................................17

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1 Contexto histórico

À Volta do ano 1000 o mundo muçulmano abarcava o mais vasto conjunto político cultural de toda a

eurásia e estendia-se do Atlântico à Índia com capital em Bagdad, contando na sua vastíssima diversidade

com grandes centros de civilização e de comércio tais como as cidades de Córdova, O Cairo, Nichapur e

Bukhara.

As traduções do grego e os avanços no domínio da matemática tinham revolucionado a ciência

medieval e toda uma série de mutações internas conferia uma riqueza surpreendente ao pensamento

filosófico e elevada expressão a variados movimentos da expressão artística.

É minha convicção, baseado num conjunto de leituras feitas e de informação geral reunida, que a parte

do mundo de que fazemos parte constituiu, num período da história que se situa à volta dessa mesma data,

um lugar de eleição sob vários pontos de vista, económico, cultural e civilizacional.

Apenas um estudo mais aprofundado possibilitaria fundamentar adequadamente esse ponto de vista, o

que não cabe nas dimensões desta sucinta abordagem e permitiria concluir que passou por nós, povos

peninsulares, um dos momentos mais vibrantes e excelentes da história do continente europeu dado que as

contribuições àrabes feitas à civilização medieval, considerando um período que se situará entre os anos

750 e 1200, englobam uma porção essencial do legado filosófico e científico dessa época.

A fatalidade das intolerâncias, as paixões ideológico-políticas e o pendor negativo das ambições pelo

poder inviabilizaram a continuidade de convivências proveitosas entre povos diversos, mas inteiramente

compatíveis.

A invasão mongol do Sec. XIII modificou a estrutura do mundo muçulmano, tendo-se gorado a ideia

de uma eventual unidade política e cultural. O relacionamento entre o Ocidente e o Islão, para sempre

marcado pela desconfiança, pelo desprezo e pela ignorância, não permitiram entendimentos produtivos

para ambas as partes.

Ainda assim, é a partir dessa data que são construídos no Egipto, no Levante, no mundo Otomano, no

Irão e na Ásia Central, alguns dos monumentos da arte islâmica mais conhecidos pelos turistas e pelos

sábios, e de igual forma a trama social e urbanística pré-contemporânea de quase todo o mundo

muçulmano.

É entre 1400 e 1700 que foram fundadas e restauradas cidades como Marraquéche, Tunis, O Cairo,

Istambul, Bagdad, Ispahan ou Chiraz e é nessa data que surge esse “espaço urbano”, esse sistema entre a

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sociedade e a sua arquitectura que os sociólogos e os antropólogos descreveram como uma das grandes

originalidades do mundo islâmico.

2 O urbanismo islâmico, realidade ou mito romanesco?

Algumas ideias feitas convidam à aceitação simplista de um perfil arquitectónico e urbanístico da

medievalidade islâmica integrando um horizonte de elegantes minaretes, cúpulas majestosas e portais

magníficos que, entre uma infinidade de outros detalhes, dão à paisagem uma sinalização visual

inconfundível, embora estereotipada.

A idade média muçulmana é o período dos grandes caravancerais que, bordejando os itinerários de

comércio, serviam tanto para facilitar como para controlar o trânsito internacional de mercadorias.

Apresentando de longe o aspecto de fortalezas abriam aos viajantes um grande portal, e continham um ou

vários recintos, uma mesquita ou salas de oração, e vastos espaços abobadados para abrigar mercadorias e

viajantes.

As formas e funções da arquitectura muçulmana da Idade Média caracterizavam-se em primeiro lugar

como resposta a necessidades sociais e religiosas, o que corresponde a um quadro de prosperidade e de

abundância de projectos construtivos. A ausência da diferenciação funcional de formas constitui traço

característico da arquitectura muçulmana desta época. Caravancerais, madrasas, palácios e até mesquitas

vão surgindo espalhadas ao longo de um imenso espaço geográfico, utilizando o mesmo tipo de soluções

edificativas, como portais, Iwans, pátios e cúpulas, contando apenas com o efeito diferenciador de certas

variantes locais.

3 Al-Andaluz

O panorama urbanístico que encontra o Islão na Península à sua chegada é autenticamente desolador.

Paulatinamente tinha-se produzido uma decadência da cidade visigoda e os novos habitantes encontraram

campo livre para criar cidades umas vezes com fundações novas, outras sob implantações romanas ou

visigóticas.

A organização dos povoados produziu mudanças na imagem que havia da cidade romana. Os

muçulmanos impuseram uma forma baseada na quase total ausência de normas: a cidade crescia segundo

os desejos dos habitantes sem mais limite que o respeito que havia para com o vizinho.

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Tampouco existia o que poderia classificar-se como orgânica municipal e o único tipo de funcionários

dessa esfera eram aqueles que tratavam de regulamentar os espaços de comércio e cobrar as taxas

respectivas.

Aos factores de crescimento das cidades islâmicas estiveram inicialmente ligados factores de ordem

climática e interesses defensivos quer contra exércitos invasores ou mesmo contra as sublevações internas,

em que o emaranhado de ruas estreitas tornava praticamente impossível todo e qualquer tentativa de ataque

organizado.

O caracter de acampamentos rodeando um núcleo pré-urbano (alcazaba – cidade miniatura que tanto

era fortaleza como palácio) dava-lhe o caracter de aglomerados palatinos autosuficientes em tudo, símbolos

de poder quanto às suas dimensões e qualidade das suas instalações. O balneário ou “hammam” é, a par dos

bazares dos templos e das residências particulares, um elemento fundamental das cidades muçulmanas, das

quais homens mulheres e crianças fazem dilatada e regular utilização, servindo como lugar de convívio e

de purificação higiénica antes das orações rituais.

Com horários bem definidos para ambos os sexos, estavam submetido a normas rígidas de intimidade

condizentes com os restantes hábitos socio-culturais.

Dentro da “medina” se encontrava igualmente a mesquita maior, rodeadas de oratórios de maiores

dimensões de caracter público ou privado. Próximo destes elementos de caracterização urbana situavam-se

os “zocos”, mercados, entre os quais a “alcaiceria” mercado especializado em artigos de luxo, geralmente

propriedade das mais destacadas autoridades.

Outros espaços próprios da cidade islâmica situavam-se fora da “medina”: os morabitos, espécie de

mosteiros; os cemitérios, “maqbarat”; as “mussallas”, oratórios ao ar livre de ampla extensão quási sempre

rodeados de muralhas e a “almuzara” grande superfície reservada a grandes paradas militares ou outras

manifestações públicas.

De todas as cidades hispano-muçulmanas que foram adquirindo importância e grandeza citar-se-ão as

de Almeria, Málaga, Granada, Sevilha, Cuenca, Jaén, Úbeda, Toledo, Zaragoza, etc.

4 Córdova, "ornamento do mundo"

Só para dar uma ideia de Córdova no seu apogeu medievo-islâmico afirma-se que chegou a ter quase

um milhão de habitantes (hoje menos de 300 mil). Na Época de Benu Umaia os edifícios de Córdova

prolongavam-se por 24 milhas, com 6 de largo. todo este espaço coberto de palácios, mesquitas, jardins e

casas edificadas, ao longo das margens do Guadalquivir, único rio do Andaluz a que os árabes puseram

nome. Os arrabaldes eram 21 no tatal, cada um dos quais estava provido de mesquitas, mercados e banhos

para uso dos seus habitantes.

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Em torno da cidade floresceram o comércio e a agricultura, durante o reinado dos filhos do omíadas,

numa escala raramente vista em qualquer cidade do mundo, encontrando-se os seua habitantes providos de

toda a espécie de alimentos da melhor qualidade e ao preço mais baixo..

No tempo da administração de Almançor todas as casas da cidade deveriam ser mais de 213 000, e os

palácios, quartéis, hospitais, colégios e outros edifícios de importância cerca de 60 300. O número de lojas

ascenderia a mais de 80 400 e os mercados 4 300.

No período de maior esplendor, na administração do vizir Ibn Abu Amir, o número de mesquitas pode

ter chegado às 700 e os banhos aos 900.

O medievalista francês Charles-Emamnuel Dufourcq diz-nos: “Em nenhum momento, nem Roma nem

Paris, as duas cidades mais populosas do ocidente cristão se aproximaram do esplendor de Córdova, o

maior núcleo urbano da Europa hispano-árabe”

Durante as guerras civis que estalaram no começo do Sec. IV da hégira, não só uma grande parte

daqueles edifícios foi demolida e as ruas abandonadasm mas alguns dos subúrbios foram arrasados

completamente, desaparecendo para sempre o seu rasto.

A Ocidente desse vasto império, no fim do Sec. XIII, após esforços empreendidos pela reconquista

cristã, não permaneceu na posse dos príncipes muçulmanos senão um pequeno estado em redor da cidade

de Granada. É a esse pequeno estado que fica a dever-se uma das mais excelentes obras primas da

arquitectura mundial: a Alhambra.

Na sua origem era uma dessas cidadelas características dos séculos precedentes, onde era possível

encontrar as residências principescas, casas particulares, mercado, balneários, mesquita, quartéis, todo um

centro urbano.

Alcandorada numa plataforma algures na Sierra de Guadarrama, a cidadela era cercada de muralhas e

dominava do alto a grande cidade que ocupava o vale. Data do Sec. XIV, sob o influxo de novos gostos, a

decisão de transformar o aspecto da Alhambra como conjunto palaciano que já ostentava, e que tão forte

impressão causou aos próprios conquistadores cristãos, dando-lhe a feição que é conhecida rodeada pelos

enormes jardins.

A Alhambra é a obra prima da Espanha muçulmana antes do seu declínio e desaparição, e a influência

estética mais marcante que subsistiu a do “mudéjar”, estilo hispano-cristão de cariz muçulmano que

permaneceu até ao período barroco.

Ficou também uma outra constante da arte islâmica, a dos jardins, cujo mais destacado exemplo é o do

Generalife de Granada, de mais dilatada influência temporal.

Não valerá a pena abordar aqui senão de passagem os casos das cidades norte africanas como Fez,

Marraquéche ou Tunis, que conseguiram conservar até há bem pouco a sua forma interiorizada de cidades

tradicionais, cuja totalidade se constitui como obra de arte em si mesma, paradigma de uma atitude do

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homem perante a obra construída sob o influxo, necessidades, hábitos, mitos e um contrato c«social

implícito que é marca específica da cultura islâmica.

5 Al-Gharb-al Andaluz

António Borges Coelho, no prólogo do primeiro volume da sua notável obra "Portugal na Espanha

Árabe", afirma o seguinte:

"…Quantos, entre a gente instruída da nossa terra ignoram que Coimbra, Lisboa, Santerém, èvora,

Beja, Alcácer, Mértola, Silves, Faro, foram centros notáveis de civilização árabe peninsular e cenário de

relevantes acontecimentos políticos. Quem sabe que nalgumas destas cidades existiram centros literários e

de pensamento?"

A citação poderia continuar sem, contudo, dar uma medida francamente exacta do quanto se não sabe.

Observando a fisionomia que é típica de uma quantidade de núcleos urbanos portugueses é possível,

no entanto, detectar uma série de características que são familiares da cidade mediterrânica em geral e das

cidades islamizadas do Garbe, onde prevalece um notório anti-urbanismo clássico.

6 Lisboa e Coimbra, casos notáveis e familiares

Não pretendendo neste trabalho simular uma abrangência a que não pode aspirar, resta-me evocar um

conjunto de ideias facilmente materializáveis no imaginário de cada um dos estudantes desta disciplina,

que reflectem o que é referido pelos especialistas. Santiago Macias e Cláudio Torres, nomeadamente.

Os elementos urbanos estruturantes da parte histórica de ambas as cidades são referíveis à cidade

mediterrânica e andaluza em geral, e ao particularismo islamita, a saber:

– No ponto estrategicamente mais destacado implantava-se o alcácer, célula de funções eminentemente

militares. Ali se encontrava igualmente a alcáçova, local de residência das principais figuras do poder.

Ambas as edificações teriam sido sobrepostas a outras ali anteriormente existentes, acrópoles romanas

como é natural.

Em redor deste polo, mundo fechado sobre si próprio pelas razões que se afiguram óbvias, desenvolve-

se um conglomerado de bairros de cariz inorgânico, a medina, circundada por uma extensa muralha

defensiva, que a marcha da história também foi quase totalmente consumindo, a meio da qual se encontra

um templo que todos frequentam, mesquita por alguns séculos, templo cristão depois, em virtude das

mutações da história.

Algumas designações toponímicas permanecem ainda como testemunho desse passado remoto, tendo

entrado nos hábitos e no imaginário de cada um, reminiscências cuja origem unicamente o conhecimento

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histórico e linguístico podem elucidar: alfamas e mourarias, ruas de bazares e torres de almedina, entre

muitas outras.

O coração dessas cidades era o açougue, ou zoco, ou bazar, geralmente, geralmente situado no lugar

baixo e limítrofe para onde convergem as ruelas íngremes desenvolvidas na encosta. Estas, por seu turno

não foram delineadas por nenhum plano prévio, não são reguladas por nenhum organismo administrativo

próprio, nascem como parte sobrante do espaço entra es casas que se foram justapondo, tortuosamente por

vezes, precedendo a rua.

À menor presença temporal da influência islâmica no território nacional e ao facto de não terem

surgido aqui as suas principais zonas de implantação associaram-se desde sempre o sentido de

desvalorização e menosprezo pela herança histórica respectiva. Foi essa atitude recomendada por

princípios de natureza ideológica e política que permitiu o apagamento de vestígios agora só escassamente

destrinçáveis através de penosos esforços de investigação arqueológica.

Um elemento por si só eloquente na caracterização desse estado de coisas é o que podemos observar

em Coimbra, por exemplo, cidade durante séculos governada por autoridades moçárabes e, ao que se diz,

indulgente e tolerante ao convívio multicultural vigente nessas recuadas épocas, cuja faculdade de letras,

velha de oito séculos, não oferece – a acreditar no guia de estudos respectivo – uma única cadeira dedicada

ao estudo da cultura ou da civilização islâmica.

7 A casa metáfora do mundo

"Deus é a luz do Céus e da Terra. A sua luz é à semelhança de um nicho em que há uma lamparina…

…acende-se graças a uma árvore bendita, uma oliveira, nem oriental nem ocidental,

cujo azeite quase reluz ainda que lhe não troque o fogo.

…Luz sobre luz. Deus guia a quem quer para a sua luz…"

Alcorão XXIV–35.

A descrição da casa islamita, as partes que a constituem e a sua articulação, o mobiliário, os adereços e

práticas tradicionais respectivas fornecem-nos uma imagem eloquente do universo cultural muçulmano.

Todas elas eram espaços encerrados sobre si, virados para dentro e com raras aberturas ao exterior, de

forma a preservar a intimidade dos moradores. A construção das zonas de acesso obedecia a estratégias de

caracter defensivo, a qual não era isenta de cuidados de protecção simbólica, como se a casa fosse, mais do

que uma morada, um refúgio.

O pátio era o coração da residência e a sua peça fundamental, a partir do qual se distribuíam os outros

compartimentos: salão, alcova, latrina e cozinha. A zona central do pátio era destinada ao cultivo das

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plantas aromáticas como a hortelã, a salsa ou os coentros, espécies vegetais ainda hoje facilmente

referenciáveis nos hábitos culinários do Sul de Portugal, onde se registam também ainda hoje a

sobrevivência de técnicas de conservação de alimentos e respectivas técnicas de acondicionamento: as

conservas em azeite ou em mel, a secagem de frutos diversos, e as talhas sobre peanhas, os potes, os

cântaros etc.

De referir que a tipologia descrita é comum a inúmeras cidades islâmicas da mesma época e

corresponde a um modelo bastante utilizado na Península Ibérica e no Magrebe ao longo dos Secs. XII e

XIII.

A residência possuía além disso o caracter de extensão do espaço sagrado da mesquita, retendo a sua

limpeza e simplicidade.

O papel das mulheres adquiria na casa contornos tanto de ordem prática como simbólica.

Há referências escritas ao facto da mulher se fazer quase sempre acompanhar no interior da casa por

uma pequena bilha de azeite, com a qual tanto acendia as lâmpadas como temperava a comida.

Os comensais sentavam-se sobre tapetes ou mantas tendo à sua frente refeições servidas em tigelas

colectivas, sendo os demais elementos mobiliários muito reduzido e facilmente transportável, como é o

caso das arcas, das esteiras dos coxins e dos tapetes.

Estes últimos, que desempenham simultaneamente o papel de elementos decorativos com utilidade

doméstica equivalente a qualquer móvel, seja uma cadeira, uma mesa ou um leito, possuem ainda o valor

simbólico que faz parte da decoração respectiva.

O tapete muçulmano, na sua expressão pictórica e na sua compartimentação tradicional evoca os

jardins de Alá, com as suas plantas sempre frescas, as suas árvores frondosas e os seus rios onde nadam

peixes. Constituem, pelas condições de limpeza que é tradicional dispensar-lhe, peças utilizáveis não

apenas no espaço doméstico como nas tendas do deserto ou em qualquer outro local. Neles se pode

caminhar descalço e é sobre tapetes que geralmente se praticam o dever das preces quotidianas.

8 A Mesquita, difusão da palavra e centro cívico

Um dos elementos estruturadores das aglomerações urbanas no Islão é a mesquita cujas características

e funções em tudo diferem do conceito de templo que se foi desenvolvendo nas áreas de influência cristã,

quer no que diz respeito à sua estrutura arquitectónica quer no entendimento das práticas litúrgicas e de

todo o conceito de utilização do espaço em si.

Diferentemente do espaço litúrgico dos cristãos, a mesquita é tão somente um espaço destinado à

difusão da palavra do profeta, não contendo em si o caracter de “morada do Senhor” onde, portanto, nem

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ele se encontra representado nem o profeta, podendo ser acrescentado, como nos diz Seyyed Hossein Nasr

que se no cristianismo Deus se fez carne, no Islamismo fez-se palavra, a que todos pudessem ter acesso.

Aliás, o espaço da mesquita não estava reservado exclusivamente a práticas de natureza religiosa

sendo geralmente utilizada como escola de nível superior, tribunal ou escola corânica para ensinar as

crianças a ler. Na Aljama (nome dado à mesquita de Córdova, o que quer dizer assembleia) encontravam-se

todo o tipo de mestres de todo o tipo de matérias, fossem de caracter religioso, teológico, científico,

jurídico, da medicina, da aritmética, da literatura ou da poesia.

A mesquita era, desse modo, um lugar completamente integrado na vida da cidade no Sec. X, não só

porque nela se exerciam actividades como o ensino ou a justiça, além de um sem fim de actividades de

interesse quotidiano, tais como o exercício da enraizada tradição da hospitalidade, porque nela podiam

pernoitar os viandantes, únicos detentores desse privilégio.

Se adicionarmos a estes conceitos a ideia de que o culto islâmico se desenrola na maior parte dos casos

ao ar livre, sob a intensa luz do sol, teremos formado o quadro duma diversidade profunda de conceitos e

de atitudes, nas quais o tema da luz e da cor desempenha um papel de profundo significado simbólico num

contexto de diversidade e flexibilidade formal, em que o espaço fechado da grande mesquita Aljama, não

deixa de constituir um caso particular, com a sua floresta de colunas os capiteis coríntios e arcos de

ferradura, por respeito às tradições locais, na aceitação das suas tradições construtivas.

9 A Arte do Islão; alguns conceitos base

Um dos conceitos que é necessário ter em mente ao observar qualquer espécie de obra concebida por

artistas muçulmanos é o da rejeição do figurativo, e da adopção de uma hierarquia das formas que

subordinam o concreto ao abstracto.

De igual modo que o símbolo verbal é preferido ao símbolo visual, a forma puramente geométrica

prevalece sobre a ilustrada, e a imagem plana é melhor aceite do que aquela que “produz sombra” por ser

concebida em relevo. O que se trata é de evitar todo o equívoco entre o símbolo e o seu modelo espiritual.

A arte dos nómadas é geralmente pobre em imagens e prescinde das atitudes de demarcação e da

figuração, preferindo o ritmo e a abstracção.

Se levarmos em conta que a atitude espiritual do Islão não cessa de proclamar a transitoriedade das

coisas do mundo e recorre a instituições litúrgicas e sociais desprovidas de elementos de caracter

sedentário, torna-se fácil entender a vocação de despojamento, de supressão do mobiliário quer nos templos

quer nas residências, e uma clara opção pela decoração em superfície em elaborações predominantemente

geométricas como forma de transmitir o sentido de unidade e universalidade que ao sagrado dizem

respeito.

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O facto referido de que o próprio profeta teria a sua casa adornada com tecidos é base consistente para

as preferências decorativas indicadas, sendo notórias as influências da tecelagem próximo-oriental que

repetem motivos mesopotâmicos de antiguidade imemorial com uma simplicidade nómada e intemporal.

As técnicas do tecido, baseadas na repetição de um mesmo motivo, o sentido de ritmo dos nómadas e

finalmente a predilecção pelo número e pela geometria, põem-nos perante a ideia fundamental da Unidade,

nas três vertentes fundamentais da arte decorativa dos muçulmanos.

10 Da Pérsia, tapeçarias ladrilhos e azulejos

Se tivermos em atenção as influências que a partir da Pérsia, durante os Secs. VIII e IX, se espalharam

por todo o império, encontramos algumas indicações que permitem compreender o sentido atribuído às

artes decorativas que viriam a ser amplamente conhecidas e divulgadas na península ibérica em geral, e no

nosso país em particular.

Refiro-me, além do fabrico de tapeçarias, ao emprego sistemático da cerâmica na produção de

elementos construtivos de revestimento, como foram os ladrilhos e o azulejo

A Arte praticada no período islâmico na Pérsia tem a ver com o político e com o sagrado, e liga-se

intimamente ao sufismo, termo que designa o misticismo islâmico, movimento da fé a que se ligaram os

chefes das corporações artesanais, que também eram conhecedores das doutrinas metafísicas e

cosmológicas que a simbólica da arte islâmica subentende. Esse modo de pensar e de agir, que ligava

intimamente os conceitos da arte e da vida, esteve na base da afirmação de técnicas construtivas e na

produção de objectos de arte cuja notoriedade viajou por todo o imenso território que cobria a influência

islâmica

Como conclusão daquilo que se diz de forma muito sintética, é evidente o princípio de essencialidade

da decoração na arte islâmica. Enquanto que na arte ocidental os valores estéticos se encontram

fundamentalmente ligados a aspectos de caracter construtivo e estrutural, surgindo a “venustas” como

elemento de sobreposição ou de adorno, no Islão a decoração invade todas as superfícies disponíveis,

recobrindo e mascarando os próprios materiais construtivos.

Sem serem em si próprios motivos ornamentais tem cabimento especial referir a importância atribuída

pela arquitectura islâmica à água e à luz, por constituirem complemento básico da mesma, enquanto que

elementos introductores duma energia vibratória e transformadora, capaz de dinamizar ao longo das várias

horas do dia os aspectos de cor e relevo de todos os elementos decorativos utilizados.

À parte o efeito estético de ambos os elementos em apreço é oportuno referir, ainda que de passagem,

o seu conteúdo de referenciais simbólicos profundamente ligados à cultura corânica e às tradições místico-

poéticas dos povos do deserto.

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Elemento profundamente enraizado no nosso imaginário, o azulejo, é sem sombra de dúvida um

legado efectivo da permanência e da influência dos muçulmanos nesta parte do mundo. Chegaram

afirmando desde logo os valores plásticos inerentes à civilização que os transportou até nós: cores de

luminosidade metálica, surpreendentes e duráveis, motivos de geometrismos e entrelaçados ora

vegetalistas ora abstractos, frescura resplendente de vidrados que se prolongam pelos séculos graças à

metamorfose do fogo bem temperado.

Em Arraiolos, os tapetes, dão igualmente testemunho de algo que nos ficou das tradições islamicas,

embora com técnicas e temáticas renovadas por novas andanças e inquietações deste povo de viajantes e

marinheiros, sendo embora da Pérsia – mais uma vez – que por mar nos chega o que outrora viera pelas

rotas do mediterrâneo.

11 A palavra poética veículo da fé e elemento de coesão "Oh, como me conhecem

a noite, o deserto e o meu corcel,

a lança, o combate

a pluma e o papel"

Al-Mutanabbi (932 – 968)

A simples consulta de uma cronologia sumária da poesia árabe põe-nos diante dum enorme desfile de

estilos, de escolas, de episódios e de protagonistas da mais variada riqueza e da mais prolífica eloquência.

Se a isso acrescentarmos a mística do uso, do ensino e da prática da língua como veículo fundamental

da mensagem profética do Islão, facilmente compreenderemos o papel desempenhado pela literatura em

geral e pela poesia em particular na configuração dessa surpreendente e misteriosa coesão que pode trazer a

causas comuns povos de índole tão diversa, tão profundamente marcados por particularismos de toda a

espécie.

Desde o Sec. V, altura em que as principais culturas ocidentais se encontravam ainda a dar passos

iniciais na fixação dos seus respectivos quadros linguísticos, é possível encontrar na língua árabe o

utensílio aperfeiçoado e dinâmico duma expressiva comunicação poética, com valores de conteúdo

imagético, riqueza e plasticidade lexical e uma frescura de variedade que nunca mais deixou de amparar o

povo que à mesma tão profundamente se vinculou, por efeito de uma natureza idiossincrática inteiramente

sui-generis.

O Alcorão é uma longa sequência de aforismos que pode ser lido tal qual se lê um poema.

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E diz quem sabe que a língua árabe, que não utiliza senão consoantes, encontra na inclusão da

sonoridade vocálica, aquele traço de subjectividade essencial à intuição poética, aquele "sopro de vida" que

vem animar o corpo expressivo das palavras e combinar as formas seguindo o ritmo da imaginação.

O ritmo das palavras pode, por este processo, variar de modo quase ilimitado, e as letras, consideradas

que são como valores com filosofia própria, tornam-se num exercício alquímico para exprimir a essência

das ideias lá, onde a tarefa do tradutor afronta toda a espécie de riscos e toda a possibilidade de insucesso.

Para entender um pouco outra faceta desta forma de arte que alguém considerou a "única forma de

poderosa tirania que desde sempre se exerceu sobre os árabes de todas as origens e de todas as condições",

será necessário conhecer um pouco qual é o tipo de imagem que o poeta encarna no seio da sociedade

respectiva.

Difícil é explicá-lo em poucas palavras, mas desde arautos dos sentimentos mais profundos do povo,

porta vozes exigentes e sensíveis que revelam as vozes mais secretas do mundo inanimado, expressão

simbólica e vozes enobrecidas da comunidade em que se inserem, os poetas são também cronistas das

épocas em que viveram, artesãos da notoriedade de tal ou tal mecenas ou de tal ou tal tribo.

Reveladores dos fastos gloriosos ou funestos do seu povo foram honrados umas vezes até ao plinto do

heroísmo e desprezados outras até à condenação mais desastrosa.

Poetas cortesãos adereços da glória de emires, mantinham por dever de estilo as mãos vazias de

fortuna. Frívolos, ou caprichosos, provocadores ou maldizentes, filósofos ou devotos, poetas de amor

cortês, sedentários ou errantes, compassivos ou brigões, moralistas exigentes e insubmissos, homens ou

mulheres em grande número e qualidade, os poetas islâmicos estiveram sempre profundamente ligados a

todas as contingências da sua colectividade e contribuíram com todas as suas forças na realização das

tarefas comuns.

Premiados pelo seu povo que os escutava com entusiasmo, viam seus versos eleitos à categoria de

preciosidades colectivas ("mou'allaqât") que eram inscritos em painéis desenhados em elegante gesto

caligráfico e içados em lugares públicos, nos recintos onde numerosos acorriam visitantes ou peregrinos.

12 Os Séculos Obscuros e a poeira dos sonhos

Em 1401 Tamerlão, "o coxo", saqueia Bagdad. É a segunda catástrofe que completa a que ocorrera em

1258, ano em que os mongóis tinham arrasado a capital. Os Tártaros de Tamerlão extinguem por completo

as esperanças duma recuperação que vinha sendo lenta e hesitante, apagando do horizonte todas as

esperanças que poderiam ter alentado os povos islâmicos.

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Esgotada a prepotência tártara, cabe aos Turcos retomarem o facho da violência escravizadora. O

Sultão que a Europa chamará "O Grão-Turco", instala-se em Constantinopla e governará muçulmanos e

cristãos durante cinco séculos ao estilo de chefe nómada que pastoreia os seus rebanhos, parasitando terra

conquistada recorrendo à escravatura para subjugar povos desconhecidos sob um regimen que foi

designado no ocidente por "pax ottomana" (Arnold Toynbee).

Depois do incêndio de Bagdad e da reconquista acabada pelos reis de Madrid, os povos árabes passam

à categoria de falhados da história dispondo, muito embora, do Alcorão que os unifica, caindo porém tudo

o resto em "poeira de sonhos" num horizonte sem porvir.

Canto do cisne dessa longa viagem poderá corporizar-se no aparecimento tardio, embora magistral, de

várias obras primas que selaram a oiro o ocaso do génios criativo dos povos muçulmanos:

– As Mil e uma noites;

– O Romance de Antar;

– Os Prolegómenos, de Ibn Kaldoun.

O primeiro destes três não passa de uma recolha de narrativas populares que de há séculos corriam de

boca em boca por todo o oriente. Livro de origens estranhas não deixa de ficar como monumento

expressivo do génio poético de povos errantes e fabulosos, capazes de gerar mitos à dimensão de toda a

humanidade.

O Romance de Antar, atribuído pela tradição a El Asmaï, letrado do Sec. VIII, e que os eruditos

pensam datar – pelo estilo em que está escrita – do Sec. XII, elege como herói Antarah ibn Shaddad.

Figura simbólica e de perfil nostálgico corporiza, na figura de um poeta a braços com o destino

adverso – e como poderia ser doutra forma para alguém que combate fantasmas de um povo súbdito da

poesia e da má sorte – salva a sua vida contando histórias e recitando poemas como poderá ter feito a

própria Scheherazade.

O Romance de Antar, como tantas outras preciosidades da literatura dos povos pobres, sendo muito

embora um dos mais belos romances de cavalaria de todas as literaturas, traduzido por Lamartine em 1854,

é quase completamente desconhecido no Ocidente.

Quanto a Ibn Kaldoun (1332 – 1406) é uma personagem extraordinária e única da literatura Árabe,

letrado e homem de acção, testemunha privilegiada do seu tempo, charneira que constitui na história árabe

do Sec. XIV. Pensador nato entrevê, com séculos de antecedência, fenómenos da história, da economia, da

cultura e da sociedade em geral, que mobilizariam mais tarde o pensamento e a obra de autores como

Helvetius, Hegel, Comte e Durkheim. Inventor duma nova filosofia da história pode igualmente ser

considerado o criador da sociologia.

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Falecido no Cairo um ano depois de Tamerlão, Ibn Kaldoun teve tempo e lucidez suficiente para se

aperceber ao que ia acontecendo a todo o mundo árabe à beira dum vazio de discórdias, lembrança

evanescente dum império grande e poderoso que mergulha inapelavelmente no seu próprio olvido.

13 O Islão, tão perto e familiar, tão distante e ignoto

É muito incompleta e distraída a nossa percepção do imenso conjunto de fenómenos que englobam

quer o passado, quer a actualidade da situação real da comunidade dos povos árabes.

Os portugueses, povo também de poetas, é bem capaz de verter uma lágrima ao ouvir um verso ou ao

escutar uma canção, dita nacional, cujos requebros tanto fazem lembrar a nostalgia dos povos do Magrebe.

Porém, por quanto tempo mais irão temperar suas sopas com a hortelã e aromatizar aquilo que comem

com a salsa e os coentros, usando a toda a hora um sem número de palavras vindas donde vieram, da

Arábia longínqua ou do Norte de África aqui tão perto, sem terem disso a necessária consciência

esclarecida?

E os interesses de comércio ou de indústria, alguém pergunta se fará falta conhecermos esses povos

com os quais durante tanto tempo tivemos trato de proximidade e entendimento proveitoso?

Cidades que durante séculos foram governadas e vividas de parceria com um povo cheio de energia e

de nobreza, fazendo ao tempo uma frente de progresso sem paralelo em todo o resto da Europa, estão agora

perdidos num desconhecimento mútuo que nos deixa perplexos.

Respondendo a grande imprensa diária à recente aflição de curiosidade por tudo ó que é Islão,

publicou-se num suplemento de sexta-feira, que guardo como simples referência, uma imensa lista de

livros sobre tudo o que possa querer saber-se sobre essa cultura. São em grande número os títulos

propostos.

Não me dei ao trabalho de contá-los mas uma coisa é certa: é preciso falar estrangeiro para ler a sua

esmagadora maioria, e nem sequer houve da autora o trabalho de se referir preferencialmente à

abundantíssimas bibliografias de França e de Espanha. Quase tudo títulos em inglês, a maioria americanos.

Alguns títulos, traduções sobretudo, também as há em português. Mas muito poucas.

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14 Conclusão

"Escrevi isto como recordação permanente do meu sofrimento.

A minha mão perecerá um dia, mas a grandeza ficará."

(Inscrição árabe na Sé Velha de Coimbra)

Mandam as boas regras de composição de trabalhos deste género que ao fim haja o cuidado de exarar

uma conclusão.

Mais do que todas aquelas que fui inserindo no texto, e para as quais não há fórmula sintética que me

ocorra, resta-me terminar formulando um voto: o de que em breve possa existir na Faculdade de Letras da

Universidade de Coimbra uma licenciatura e um centro de estudos islâmicos, servidos por um bom grupo

de especialista na matéria, que possibilitem aos interessados um aprofundamento de culturas e saberes

cheios de horizontes riquíssimos.

Seria uma forma condigna de colmatar um vácuo incompreensível abrindo uma longa marcha que

tarda em ser iniciada.

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15 Bibliografia:

DUFOURCQ, Charles-Emmanuel – “La Vida cotidiana de los Árabes en Europa medieval”, Ediciones

Temas de Hoy, Madrid, 1990;

GRABAR, Oleg – L’Art Islamique, in “Histoire de l’Art”, dir de Albert Châtelet e Bernard-Phillipe

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Madrid, 1982;

GARCÍA DE CORTÁZAR, José Angel – “La época medieval”, Madrid, Ediciones Alfaguara, Alianza

Editorial, Madrid, 1977;

MACIAS, Santiago e TORRES, Cláudio – “Contributo da arqueologia medieval para o conhecimento do

processo urbanístico e territorial da passagem do Gharb-al-Ândalus” para o reino de Portugal” in “Actas do

Colóqui Internacional Universo Urbanístico Português 1415 – 1822”, coord. de Renata Araújo, Helder

Leite e Walter Rossa, Lisboa, Comissão Nacional dos Descobrimentos Portugueses, 2001, pp. 99-112;

TORRES, Claudio – “O Gharb-al-ândalus”, in “História de Portugal”, dir. de José Mattoso, Vol. I, Lisboa,

Editorial Estampa, 1993, pp. 365-415;

RIBEIRO, Orlando – “MEDITERRÂNEO Ambiente e Tradição”, Lisboa, Fundação Gulbenkian, 1968.

BURCKHARDT, Titus – “Aperçus sur la connaissance sacrée”, Milano, Arché, 1987;

BURCKHARDT, Titus – “La civilización Hispanoárabe”, Madrid, 1987

NASR, Seyyed Hossein – “L’art sacré dans la culture persane”, Le Courier de l’Unesco, Paris, Outubro de

1971, pp. 16-25;

ROS LARENA, Rosário – “Arte Hispano-musulmán” – ISBN-84-9714-060-5 Coord. Dra. Dña. Paula

Revenga Domínguez Universidad de Alcalá

R. KHAWAM, René – "La poésie arabe – des origines à nos jours", Marabout Université, Paris, 1967.

THOORENS, Léon – "Panorama des Littératures", Vol. 8, Marabout Université, Paris, 1970.

COELHO, António Borges – "Portugal na Espanha Árabe", Seara Nova, Lisboa, 1972.