21.º aniversário 2015

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Ricardo Castanheira Miguel Duarte José Carlos Silva Gonçalo Capitão Lara Martins-Pollet António Manuel Rocha Vitor Sereno Rocha Dinis Susana Pedrosa Maria João Carvalho Tiago Reis Marques Cláudio Schulz Raquel Saraiva Maria José Nunes Pereira Marcelo Nuno Eurico Gonçalves Toni Ricardo Bizarro Miguel Ramalho Santos Tiago R. Magalhães Francisco Veiga 21 aniversário o 21 anos, 21 figuras que projetam a região de Coimbra no Mundo

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Edição do 21.º aniversário do Diário as Beiras publicada no dia 21 de março de 2015.

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Ricardo Castanheira Miguel Duarte José Carlos Silva Gonçalo Capitão Lara Martins-Pollet António Manuel Rocha Vitor Sereno Rocha Dinis Susana Pedrosa Maria João Carvalho Tiago Reis Marques Cláudio Schulz Raquel Saraiva Maria José Nunes Pereira Marcelo Nuno Eurico Gonçalves Toni Ricardo Bizarro Miguel Ramalho Santos Tiago R. Magalhães Francisco Veiga

21aniversário

o

21 anos, 21 figuras que projetam a região de Coimbra no Mundo

diário as beiras | 21-03-2015 2 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Diretor Agostinh o Franklin SubDiretora Eduarda Macário CoorDenaDora Dep. GráfiCo Carla FonsecatextoS: António ALves, António Rosado, Bruno Gonçalves, Cláudia Trindade, Eduarda Macário, Joana Santos, Jot’Alves, Lídia Pereira, Patrícia Cruz Almeida e Paulo MarquesfotoS: Carlos Jorge Monteiro e Luís CarregãContaCtoS: SeDe: Rua Abel Dias Urbano, n.º 4 - 2.º 3000-001 Coimbra, tel. 239 980 280, 239 980 290, Telem: 962 107 682 fax 239 980 288, [email protected] reDação Tel. 239 980 280, Fax 239 983 574, [email protected] publiCiDaDe tel. 239 980 287, fax 239 980 281, [email protected] ClaSSifiCaDoS tel. 239 980 290, fax 239 980 281, [email protected] aSSinaturaS tel. 239 980 289, [email protected]

o meu jornal, a minha região

PROPRIEDADESojormedia Beiras SA

Agostinho Franklindiretor

21 anos na vida de uma pessoa ou de uma instituição é sinónimo de maturidade e solidez.

O Diário As Beiras celebrou no passado dia 15 de Março a sua

maturidade que, desde a sua fundação, se afir-mou como irreverente e aragem fresca no pano-rama dos media da nossa região e até, porque não dizê-lo, no panorama nacional.

Indo beber ao que de melhor se fazia na época a nível mundial, o Diário As Beiras rapidamente se caraterizou por uma forma de jornalismo diferente da mera informação bacoca e cin-zentona que à época se produzia, afirmando-se

como um meio de comunicação positivo e dina-mizador da região em que se inscreve.

Essa mesma matriz tem vindo a ser reafirmada, com as transformações que temos vindo a intro-duzir no nosso Diário As Beiras: produção de um informação prática e graficamente bem arru-mada, construção de dossiês informativos que

ofereçam ao leitor algo mais do que a simples e imediata informação, criação de cadernos temáticos tratando de assuntos socialmente interessantes e úteis para os nossos leitores, cidadãos do tempo contemporâneo.

Referimo-nos, por exemplo, aos cadernos de Saúde&beleza, ao caderno Educação 3.0 e ao caderno Turismos de Futuro que têm recebido muito boa aceitação junto do nosso público leitor e dos nossos anunciantes. E outros pro-jectos de informação se seguirão, sempre na perspetiva de que um meio de comunicação deve adaptar-se aos tempos em que se desen-volve.

Exemplo dessa preocupação inovadora é a grande difusão que a nossa edição digital tem tido, com cerca de 23000 assinantes, distribu-ída por uma franja de leitores de segmento A-B; conjugada com a nossa edição papel, constitui um total de cerca de 29000 assinantes o que nos confere uma escala interessante no pano-rama dos jornais regionais e nacionais.

Os acessos à nossa página web são também de relevo e afirmativos do interesse dos nossos leitores e do público em geral, atingindo cerca de 2 110 024 visitas e 3 956 343 de visualizações em 2014.

E tudo isto produzido por uma equipa gene-rosa e disponível para os novos desafios — cons-truir um jornal de impacto regional, criando dife-rença na forma de informar, no modo de divulgar e afirmar o mérito construído na nossa região.

E apoiados igualmente por uma administração atenta e proactiva, ciosa da manutenção da so-lidificação de um título e de uma marca a que está tão ligada.

Continuando nesta linha de modernidade e inovação, o caderno que hoje lhe apresentamos para assinalar o nosso aniversário é um óptimo exemplo: fomos ao mundo e procurámos quem, sendo de Coimbra e da sua região, tem afirmado a sua qualidade e mérito pessoal pelas diversas regiões mas, obrigatoriamente, mostrado a matriz da nossa região, da sua cultura e da sua forma de ver e construir o mundo.

São 21 boas notícias, que nos confortam e dão ânimo para o que temos vindo a defender: que na nossa região existe potencial que importa maximizar, apoiar e reforçar, cientes que esse é o caminho de uma afirmação conjunta, da rede de valor e de valores.

Pela sua parte, o Diário As Beiras sempre estará disponível para esse reforço positivo, de leitores e anunciantes, adotando uma postura constru-tiva e aberta na procura de soluções.

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Carlos Silva

Ricardo Castanheira

Gonçalo Capitão

Lara Pollet

António Manuel Rocha

Tiago Reis Marques Susana Pedrosa

Cláudio Shulz

Raquel SaraivaMaria José N. Pereira

Eurico Gonçalves

ToniRicardo Bizarro

Miguel Santos

Miguel Duarte

Tiago MagalhãesFrancisco Veiga

Rocha DinisVítor Sereno

Marcelo Nuno

A diáspora dos nossos entrevistados nesta edição

Maria João Carvalho

21 anos

a inovar

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diário as beiras | 21-03-2015 4 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Nascido em coimbra, ricardo castaNheira é Pai da bia(seis) e do Pedro(ciNco). aPaixoNado Pelo trabalho aiNda arraNja temPo Para correr e, quaNdo Possível, esquiar

Ricardo Castanheira

b.i.Nome: ricardo castanheiraIdade: 41 anosAtividade: diretor-geral da motion Picture association-américa latinaOnde vive: brasilNaturalidade: Portuguesa

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111 Chegado a Brasí-lia, capital federal do Brasil, em março de 2011, com 37 anos, para assumir o car-go de diretor de assuntos corporativos da Microsoft Brasil, Ricardo Castanheira, licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e com diversos diplomas avançados em gestão, entre eles na Harvard John F. Ken-nedy School of Government de Boston, no Instituto de Empresa, em Madrid, e na FGV de São Paulo, é, desde agosto de 2013, diretor-

geral da Motion Picture As-sociation-América Latina, entidade que representa os seis maiores estúdios de ci-nema mundial (Walt Disney Studios, Paramount, Sony Pictures, 20th Century Fox, Universal e Warner Bros). Reparte as semanas de cada mês entre Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e, por vezes, Estados Unidos. Passou a vi-ver dentro de aviões.

Porque decidiu sair? Por três motivos, essen-

cialmente. Para progredir

profissionalmente, estando então numa multinacional (Microsoft) o passo natural era assumir responsabilida-des em outra geografia, por entender que seria positivo para os meus filhos uma experiência fora e porque a acentuada crise em Por-tugal gerava um ambiente depressivo que não se coa-dunava com o meu estado de espírito.

Sente que valeu a pena?Com certeza. Apesar da au-

sência sentida de familiares e amigos a oportunidade de

observarmos o país a partir de fora dá-nos maturidade crítica, fortalece-nos como cidadãos e valoriza-nos pro-fissionalmente.

Como foi a adaptação?No princípio difícil. Mes-

mo sendo o Brasil um país-irmão, a verdade é que até a língua é diferente. A men-talidade é muito distinta e ao nível profissional os pa-drões são outros. Isto não significa que nós estejamos 100% certos e eles errados, porém, percebi as virtudes

de Portugal, tantas vezes in-justamente criticado.

Quais as grandes diferenças?Os principais desafios do

Brasil (que também ainda são os de Portugal, embora em menor grau) são a efi-ciência dos serviços, a me-lhoria da produtividade, o respeito pelo mérito e a necessidade de “accounta-bility” (avaliação perma-nente). Tudo gira em torno disto. Aliás, a corrupção e a burocracia são efeitos da ausência daqueles.

Que tarefas assume atual-mente?

Tenho a responsabilidade de representar os interesses institucionais dos seis maio-res estúdios de cinema do mundo, sobretudo com foco nos temas regulatórios, le-gais e políticos, assim como na construção de parcerias e alianças estratégicas no se-tor audiovisual. A América Latina em geral e o Brasil em particular têm um ambiente de negócios “sui generis”, muitas vezes adverso, e que, por isso, exige um estudo e

um acompanhamento es-pecial.

Sente-se um emigrante?Essa é a minha condição

legal e fiscal. Ainda não soli-citei a equiparação de direi-tos civis e políticos, porque saí para regressar. Mas o conceito de emigrante num mundo global é muito rela-tivo. Acompanho, apesar da distância física, o dia-a-dia de Coimbra e do país. O que por vezes é penoso!

É verdade que a saudade é um dos sentimentos mais comuns

para quem está fora do país?É a mais absoluta das ver-

dades. E damos conta de ter saudades de coisas tão simples e prosaicas a que du-rante anos não demos im-portância e o relevo devido. Comidas, lugares, pessoas, livros, enfim...

Como as suaviza?Mantendo um contato es-

treito com tudo o que “chei-ra a Portugal”, seja no Brasil – onde estão cada vez mais portugueses – seja usando as redes sociais e as novas

tecnologias para manter os laços com o país, os amigos e a família. Vou confessar: descobri o bacalhau, que an-tes nunca fez parte da minha mesa!

É claro que a (sua) Briosa está nesse rol dessas coisas de que sente mais falta. Sendo um verdadeiro apaixonado da Académica, como a vê a esta distância?

A Académica é um amor inexplicável. Sou sócio há 41 anos e apenas tive uma ale-gria – na final da Taça no Ja-mor contra o Sporting –, mas

ainda assim a paixão não di-minui. Essa singularidade, que nada tem de racional, é um dos vínculos mais fortes com Coimbra e com o país. Por tudo o que ela represen-ta, acho incompreensível a atitude dos atuais dirigentes que teimam em se perpetu-ar no poder, mas também da cidade que não a observa como o seu maior símbolo.

E como vê o nosso país? Te-mos futuro?

Portugal é um país com um futuro imenso. Tem tudo

para dar certo. Tem no ca-pital humano a sua maior riqueza. Estes anos de crise têm demonstrado muitas das potencialidades dos por-tugueses dentro e fora do país. O principal problema é a ausência de lideranças. Da política ao futebol, passando pelas maiores empresas, são os mesmos rostos há déca-das. Sem imaginação, sem criatividade, sem rasgo para mais. A importância da lide-rança estuda-se nas melho-res universidades do mundo. O próximo Presidente da Re-pública deveria ter duas me-tas principais: estimular os portugueses a encontrarem novas lideranças políticas, sociais, culturais, desporti-vas; e provocar as condições para fazer regressar os mui-tos milhares de portugueses altamente qualificados, que saíram ao longo destes anos e que voltariam ainda mais competentes para ajudar o país.

Temos espaço para jovens que como o Ricardo um dia acei-taram o desafio de deixar o país?

Há com certeza, porque, desde logo, os espaços criam-se e cada um cons-trói o seu. Porém, deveriam haver políticas públicas que estimulassem o regresso do capital humano que foi drenando nos últimos anos. Essa é uma responsabilidade coletiva e nacional, porque a omissão terá um impres-sionante impacto negativo na nossa pirâmide etária, no PIB, na segurança social, etc.

Prevê o regresso?Um dia!..

De que forma gostava que esse regresso se concreti-zasse?

No momento certo (e se ainda tiver interesse em sa-ber) conto-lhe!| Eduarda Macário

Observarmos o país de fora fortalece-nos como cidadãos e valoriza-nos profissionalmente

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formou-se em economia e radicou-se em s. paulo, no brasil. especializou-se em estratégia e inovação, vendeu a empresa e acaba de concluir um master em gestão em londres

Miguel Duarte

b.i.Nome: miguel duarteIdade: 35Atividade: gestorOnde vive: s. paulo (brasil)Naturalidade: coimbraCurriculum: mbc no iseg; strategy & innovation, no mit (boston), msc na lon-don school of economics and political science

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111 Miguel Duarte nas-ceu, estudou e licenciou-se em Coimbra. Antes de aca-bar o curso teve “tempo”, a par de engenho e arte, para assumir a disputa política na Associação Académica de Coimbra, que o levou a presi-dir à Direção-Geral, em 2004.

Terminada a licenciatura em Economia, inicia ativida-de em consultoria estratégi-

ca na multinacional france-sa Capgemini. É então que decide que a sua vida seria exclusivamente dedicada ao mundo corporativo.

Os primeiros projetos são na indústria aeroportuária em Portugal. “Confesso que fiz trabalhos interessantes nos anos em que a econo-mia portuguesa ainda tinha algum dinamismo”, revela.

A partir de 2007, Miguel Duarte opta por especializar-se em inovação estratégica e enceta uma nova fase da sua carreira na Strategos (empresa americana funda-da por um dos pais do pen-samento estratégico, Gary Hamel). “Com a Strategos, comecei a trabalhar em al-

gumas das principais corpo-rações globais de eletrónica de consumo, analisando e discutindo com a C-Suite dessas empresas o futuro da sua indústria, cenários possíveis para longo prazo (10 a 20 anos) e modelos de negócio inovadores que po-deriam ser introduzidos nos seus mercados de atuação”, conta. Assim, até 2011, passa

mais de 60% do tempo fora de Portugal, nomeadamen-te, na Coreia do Sul, Espanha e Brasil.

Partner da Strategospara o desafio Brasil

No final de 2010, passa a partner da Strategos e fica responsável pelo desafio de desenvolver o projeto Brasil. “Mudei definitivamente em Janeiro de 2011 para o Bra-sil e a partir desse momento comecei uma nova fase da minha vida nesta economia cheia de oportunidades e volatilidades”, recorda. Em ritmo frenético, leva o seu trabalho até empresas de dimensão igualmente glo-bal, como uma das maiores

mineradoras do mundo, a maior fábrica de automóveis do mundo (em 2011, produ-zia 3.000 viaturas por dia), grandes players de eletrodo-mésticos e também de bens de consumo.

O Brasil de 2011 ainda vivia a euforia do crescimento de 7,5%, referente a 2010, e o preço do minério de ferro (principal exportação para

a China) acima dos 160 dóla-res nos mercados internacio-nais (hoje vale perto dos 60 dólares). “Estes foram anos fantásticos de crescimento profissional e de experiên-cia de empreendedorismo numa economia emergente onde tudo se pode compli-car de um dia para o outro”, orgulha-se.

Neste contexto, a Strategos garante um posicionamento de mercado muito interes-sante (nicho de especializa-ção em inovação estratégica) e ganha reputação de bom trabalho e bons clientes, o que leva a Ernst & Young (EY) a interessar-se por comprar a sua operação no Brasil. As negociações são bem suce-

didas e, em maio de 2014, o negócio fica fechado. A par-tir de então, Miguel Duarte passa a integrar a EY Brasil como partner para a área de estratégia e inovação.

“Hoje o Brasil é uma econo-mia com alguns problemas mas com muitas oportuni-dades”, reconhece o gestor, sublinhando um artigo do The Economist, na passada

semana, em que o articulista deixa claro que os proble-mas do Brasil se devem à política desastrosa do execu-tivo anterior. “É uma “auto-flagelação” que o país está a sofrer sem qualquer relação com a tendência económica global”, resume.

Apesar da volatilidade e complexidade do país, Mi-guel Duarte admite que a sua experiência no Brasil e em São Paulo foi sempre uma relação de fascínio e vontade de conquista.

“Há muito poucas cidades no mundo com o vigor e dinâmica de São Paulo. São cerca de 11 milhões de habi-tantes na cidade de São Pau-lo e cerca de 20 milhões na

região metropolitana, tudo acontece 24x7 e o ritmo é muito aliciante para quem está focado em trabalhar e construir. Dificilmente tro-caria São Paulo por outra cidade mais pequena, os riscos são grandes, as opor-tunidades são gigantes”.

Quando cruza a Ipirangacom a avenida São João

Como dizia o Caetano Veloso, em Sampa, “algu-ma coisa acontece no meu coração quando cruzo a Ipiranga com a Av. S. João”.

Miguel Duarte reconhece a importância que o Brasil teve na sua vida. É um cená-rio onde é preciso ter uma obstinação, fixação no tra-balho e nas metas, fora do normal. A vida pessoal não tem destaque para quem ali quer vencer. “Aprendi a dar um valor extraordi-nário aos milhares de emi-grantes portugueses que fizeram aqui os seus impé-rios, acreditando no valor trabalho e dedicando-se dia e noite ao seu negócio. Estes homens fizeram a di-ferença aqui e em outras geografias”, afirma.

O resultado prático de tudo isto é o acumular de férias por gozar. “Acabo

por tentar colar alguns dias de paragem a períodos de fe-riados/festas do calendário anual. Faço algumas para-gens mas no máximo tiro 10 dias entre Natal e o final do ano e tenho escolhido des-tinos mais recônditos para estas mini paragens”, admi-te, antes de aclarar o seu fico: “Para mim o trabalho não é um meio de subsistência, o trabalho é um valor central na minha vida. A minha fe-licidade/bem estar é direta-mente proporcional ao que atinjo profissionalmente”.

Em 2012, entretanto, en-tendeu que precisava de fazer um Master numa uni-versidade de ponta e reco-nhecimento global em ciên-

cias sociais. Por isso, iniciou um MSc em Gestão na Lon-don School of Economics & Political Science. Como a escola tem um programa global para executivos, co-meçou a ir a Londres trimes-tralmente e ficava sempre duas semanas para as aulas.

Foram dois anos intensos, tal a quantidade de papers que tinha que produzir, en-tre aulas, o que ocupou todo o tempo livre. “Entre outu-bro de 2012 e julho de 2014, contei com a compreensão da minha mulher e ocupei 80% dos fins de semana e boa parte das minhas noites a estudar e escrever papers para a LSE.

“Foi uma ótima experiên-cia e consegui graduar-me com Distinção pela LSE. Deu para perceber que afinal ainda tinha um tempinho na agenda que estava por preencher. Foi um período fantástico de estudo e análi-se que ligou muito bem com alguns dos trabalhos que estávamos a fazer no Brasil na área de Private Equity e Venture Capital”, explica. A sua tese acabou por ser dedi-cada a Private Equity, tendo ganho o prémio de Melhor Dissertação.

Da vida nacional, confes-sa que acompanha muito pouco e apenas os grupos de Whatsapp e redes sociais ajudam a manter a conexão. “A única razão pela qual ligo a TV no Brasil é para ver a BBC World News e ter uma perspetiva rápida do que está a acontecer no mundo”, conta.

De Portugal, interessam-lhe apenas os amigos (que, diga-se, também estão espa-lhados um pouco por toda a parte) e a família, com quem comunica duas a três vezes por semana, por Skype. “Es-tamos todos mais perto com a tecnologia e por isso acom-panho as coisas essenciais da vida de cada um deles”, remata. | Paulo Marques

De presidente da AAC a partner da Ernst&Youngno Brasil

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diário as beiras | 21-03-2015 10 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras8529 MDS Anuncio 257x305.pdf 1 02/03/15 11:29

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Dados IAPMEI e Turismo de Portugal, a 12 de Janeiro 2015

Nº1 em adesões a PME Excelência pelo 6º ano consecutivo

38% das PME Excelência aderiram via BPI

62% das PME Excelência são Clientes BPI

O BPI felicita as 1.845 PME Excelência 2014,

estatuto atribuído pelo IAPMEI/Turismo

de Portugal para distinguir, entre as PME Líder,

as Pequenas e Médias Empresas que

apresentam os melhores desempenhos

e perfis de risco.

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%Banco

BBanco

CBanco

DBanco

EBanco

F

ADESÕES AO ESTATUTO PME EXCELÊNCIA EM 2014

Nº1 das PMEExcelência.

www.bancobpi.pt /empresas

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diário as beiras | 21-03-2015 12 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Santos & FernandesMobiliário Electrodomésticos Decoração

R. Liberdade n.º 21 - Algar - 3040-656 CoimbraTelef.: 239 802 670 - E-mail: [email protected]

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É natural de Coimbra, mas cresceu em Moçambique. Como foi a sua infância?

Sou natural da freguesia de S. Bartolomeu, mas o meu pai tinha um emprego que nos fazia andar a saltar entre Tondela, Nelas, Figuei-ra da Foz e Coimbra. Aos meus sete anos fomos para Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique, e ainda tentámos ficar após a revolução, mas não havia condições sociais mínimas e voltámos para Coimbra.

Onde se formou?Estudei até ao 11.º ano na

Brotero. Fui trabalhar para a Estaco (onde estive três anos) e fui o primeiro em-pregado do Centro Eletró-nico de Coimbra. Não te-

nho curso superior, tenho um BTS pela Universidade de Grenoble, para ter um “papel”, como eu costumo dizer.

Entretanto começou a tra-balhar na Universidade de Coimbra. Como foi esse per-curso?

Comecei como técnico no Centro de Mecânica dos

Natural de Coimbra, José Carlos silva é iNvestigador do laboratório de iNstrumeNtação e FísiCa experimeNtal de partíCulas (lip) e trabalha No CerN, Na suíça, há CerCa de 20 aNos. partiCipou em diversos proJetos Como a Criação de um Novo detetor de CaNCro da mama

“Trabalhar numa experiência que ganhou o Nobel da Física faz-me sentir realizado”b.i.

Nome: José Carlos silvaIdade: 52 anosAtividade: investigadorOnde vive: FrançaNaturalidade: Coimbra Curriculum: especialista em detetores, está no CerN desde 1987. é investigador do lip

José Carlos Silva

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Excelente colecção de Anéis de Noivado

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Fluidos (1985-1986), com o professor Xavier Viegas, a fazer módulos para dife-rentes aplicações. Recordo-me de ir para as caixas de surpresas comprar as bolas com prendinhas e oferecer aos miúdos que passavam (eu só precisava das bolas para fazer “cataventos”, não do conteúdo) ou ir ao shopping de Celas “par-tir” os “passpartous” acrí-licos (para fotos) porque tinham a forma adequada a expositores para os apa-relhos de medição (humi-dade, direção e velocidade dos ventos) que desenhei para serem instalados em postos de vigia de incên-dio do Serviço Nacional de Bombeiros. Por essa altura, (1987) apareceu a possibi-

lidade de ir trabalhar para o departamento de Física com o professor Armando Policarpo, num centro que já era o embrião do LIP. E foi nessa altura que vim apren-der eletrónica para câmaras de fios com o George Char-pak (Nobel da Física 1992). Comecei a ir mais regular-mente ao CERN, desenhar placas para várias partes

em outras experiências, e fui ganhando experiência e curriculum.

Como surgiu o seu interes-se pela investigação e pela ciência?

Não sei se tenho uma refe-rência de “início”…. Mas o meu gosto pela eletrónica começou com o meu pai a tirar um curso por corres-pondência e eu ia lendo e fazendo os testes com ele. Aos 11 anos já sabia de cor a Lei de Ohm e já mexia em ferros de soldar e multíme-tros. Depois, o facto de ter tido a sorte de ir trabalhar para a universidade, para unidades de investigação, terá moldado o meu gos-to por “criar” coisas novas, participar em projetos, em

caminhos que se percorrem tendo também a sorte de entrar em grupos de in-vestigação bastante ativos, como era o caso do LIP, já nessa altura, com a partici-pação em experiências no CERN.

Co m o é q u e c h eg o u a o CERN?

Depois de ter vindo apren-

der, através do LIP Coim-bra, técnicas e eletrónica para experiências de f ísi-ca de partículas enquanto funcionário do LIP, deixei Coimbra por três anos e fui para Marselha a convite do Centre de Physique de Parti-cules de Marseille, em 1990. Estive três anos em Marse-lha e vim, em 1993, para o CERN para participar em vários projetos. Acabei por ficar por cá, mas ligado ao LIP_Lisboa, através do gru-po do professor João Varela.

Onde vive?Moro em Thoiry, França,

(oficialmente, a morada fiscal é Coimbra, a morada do empregador é Lisboa), e trabalho no CERN, oficial-mente na Suíça (nada fácil

de explicar às Finanças ou à Segurança Social).

O que é que faz, atualmente, no CERN?

Sou o autor da eletróni-ca de leitura dos dados do ECAL (modulo DCC, Data Concentrator Card,) e do sistema de alinhamento das primitivas de trigger (um palavrão que descre-

ve o “sistema de escolha de eventos interessantes”), projeto Synchonisation and Link Board, SLB (ou o SLB na sua versão ótica). Estes projetos obrigam a que se esteja sempre por perto, a participação na experiência CMS é 24 horas por dia e sete dias por semana.

Em paralelo, no LIP, parti-cipámos num projeto pio-neiro para rastreio de can-cro de mama por “emissão de positrões” (PET) para o qual desenhei a eletrónica de “front-end” e fui coorde-nador técnico para a insta-lação desse detetor. Temos um detetor PET a funcionar em Monza, a ser usado em pacientes, e um outro em Coimbra, no ICNAS. Hoje continuamos numa outra

área desse projeto, com o desenvolvimento de dete-tores PET para deteção de cancro no pâncreas e na próstata, uma colaboração europeia.

Continuo a participar no desenvolvimento de eletró-nica para rastreio de can-cro de mama, através de uma startup portuguesa (a PETSYSElectronics) criada

para desenvolver técnicas de deteção de cancro. Sou coordenador da Eletrónica do Calorímetro Eletromag-nético de CMS e participo, atualmente, nos projetos de redesenho futuro da eletró-nica de leitura do detetor (os chamados Upgrades).

Sou também guia “portu-guês” (também faço visitas em Espanhol, Francês e In-glês) no CERN. O CERN tem um serviço que proporcio-na visitas guiadas a vários sítios do CERN, em língua materna sempre que pos-sível, para acolher escolas, mas também para o públi-co em geral.

Como é o seu dia a dia?O dia a dia começa pelas

08H30, 09H00 com a ha-bitual leitura de emails. Durante o dia estou, ou no meu laboratório, onde desenho as placas, ou vou a CMS (12 quilómetros de estrada e 100 metros de profundidade), participo em reuniões, ligadas à ope-ração do detetor de CMS, ou a outras áreas de pro-jetos em que estou envol-vido. Por volta das 19H30, 20H00 vou para casa. Vou tendo um olho nos emails e no estado das coisas em CMS. Não dá para “desligar” da máquina.

Disse, numa entrevista, que saiu de Portugal “porque não o deixavam evoluir o sufi-ciente”. De que modo é que isso acontecia? Acha que isso ainda acontece nos dias de hoje?

Essa afirmação tem a ver com facto de em Coimbra olhar demais para os títulos (os “Drs”) e menos para o trabalho efetivo. Foi, aliás, a razão por que decidi ir para Marselha. Não tinha curso superior e, sem curso é-se posto de “parte” (não me sentia parte do grupo, não ia a reuniões de projetos, coisa que no CERN é im-

pensável) … e foi o melhor que fiz, largar o conforto do contrato permanente e sair.

Sente-se realizado com a sua carreira?

Sinto, muito. Além de fa-zer “placas” que não exis-tem para as mais variadas aplicações, o facto de ter a sorte de trabalhar com prémios Nobel, trabalhar numa experiência que ga-nhou o Nobel da Física, e sentir-me parte dele (eu e os outros 7500 colabora-dores: 3000 em CMS, 3000 em ATLAS, e 1500 no LHC) ou andar a desenhar eletró-nica aplicada à deteção de cancro de mama que “viu” um cancro com 3mm que o scanner normal não viu, deixa-me, com certeza, com um sentimento de realiza-ção. Em resumo, o que eu gosto mesmo é de “resol-ver” quebra-cabeças.

Visita Coimbra com regula-ridade?

Menos do que gostaria, mas o suficiente para não esquecer os amigos e famí-lia. Vou mais regularmente a Lisboa, devido à ligação com o laboratório.

Tem filhos? Qual é a relação deles com Portugal? Gostava que eles fizessem vida por aqui?

Tenho dois filhos. Uma fi-lha de 22 anos, arquiteta de interiores, a começar a car-reira em Lausanne, e um ra-paz de 17 que vai entrar pra a universidade (para Game Design). Ambos criativos. A minha esposa faz mode-los em feltro, e passa o dia ocupada a costurar e a fazer bonecada. Uma família de criadores.

A relação com Portugal é a possível. É a terra dos avós, dos primos. O lugar favo-rito para ir a pesca. Falar Português, sempre, visitar familiares e amigos. | Patrícia Cruz Almeida

“Trabalhar numa experiência que ganhou o Nobel da Física faz-me sentir realizado”

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Gonçalo capitão nasceu em coimbra e é um dos primeiros colaboradores do diário as beiras. solteiro - e bom rapaz - é jurista de formação e, atualmente, adido social e cultura na embaixada de portuGal em caracas

b.i.Nome: Gonçalo capitãoIdade: 43 anosAtividade: adido social e cultural na embaixada de portugal em caracasOnde vive: VenezuelaNaturalidade: portuguesa

Gonçalo Capitão

Rua do Brasil, 486/488 - 3030-175 COIMBRATelefone: 239711 080 | Fax: 239 712 079Telemóvel: 916 613 802 / 919 908 821E-mail: [email protected]

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111 Licenciado em Di-reito pela Universidade de Coimbra. Mestre em Teoria e Ciência Política Contem-porânea pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa), Gonçalo Capitão é jurista de vocação, desempenhando as funções de adido social e cultural na Embaixada de Portugal em Caracas.

Solteiro – e bom rapaz –, gosta de aproveitar (bem) o pouco tempo livre que vai tendo para fazer outras coi-sas de que gosta.

Viagens, leitura, escutar música (ao vivo e gravada), arte (como apreciador) e, num plano pré-religioso, Académica de Coimbra (si-nónimo de futebol no seu dicionário pessoal).

Quando saiu de Coimbra (Por-tugal) pela primeira vez?

Em turismo, já nem me lembro. Sei que foi a Espa-nha e por terra (andei pela primeira vez de avião aos 20 anos e para a Madeira, onde passei um fim de ano épico com outros estudan-tes da nossa universidade, numa viagem organizada

em torno de um Nacional-Académica). Por razões Académicas, em 1993, para Bolonha, ao abrigo do pro-grama Erasmus. Profissio-nalmente, em 2010.

Para onde foi?África do Sul. Consulado

Geral de Portugal em Joanes-burgo.

Porque decidiu sair?O desafio era irresistível.

Ademais, como não nego amizades só porque os ami-

gos passam momentos difí-ceis, pela honra que foi ser convidado pela liderança de um governo que não perten-cia ao meu partido.

Sente que valeu a pena?Sem dúvida. Aprendem-se

lições de vida com as nossas comunidades da diáspora. A primeira delas, é que nada se consegue sem muitíssimo trabalho. A segunda, ainda a título de exemplo, é que temos que saber viver sem esperar que o Estado resolva tudo e mais umas botas.

Como foi a adaptação?

Quase imediata. A comuni-dade acolheu-me como um igual.

Em que país se encontra atu-almente?

Venezuela.

Que tarefas assume?Adido social e (por solicita-

ção do anterior embaixador, que acolhi com alegria e en-tusiasmo) cultural.

E como foi, neste caso, a adap-tação?

Fácil, mas mais desafiante, dadas a circunstâncias muito especiais que vive o país, so-bre as quais, como entende-rão, não posso pronunciar-me, por agora.

Sente-se um emigrante?Sinto-me um português de

Coimbra. E, às vezes, um ex-traterrestre...

É verdade que a saudade é um dos sentimentos mais co-muns?

É... Mas o entusiasmo ajuda a superar.

E de que tem mais saudades?

Família (com destaque para a chefe da banda, que é a minha avó), a Briosa e os amigos. A comida ocupa-me alguns pensamentos peca-minosos, confesso...

Como as suaviza?A última, comendo... As ou-

tras não se suavizam, aguen-tam-se.

É claro que a (sua) Briosa está nesse rol dessas coisas de que sente mais falta.

Os seus dons de vidente

são evidentes (eis a beleza da cacofonia). Na África do Sul ainda consegui sintoni-zar a SportTv África, com pre-ciosa ajuda angolana. Aqui, nada... Contudo, a merecida confiança que tributaram a José Viterbo (às vezes não é preciso andar a encher os bolsos de agentes e verbos-de-encher) recuperou a minha própria confiança. Acho que o nosso presiden-te precisava de fazer mu-danças mais drásticas, mas, conhecendo-o, meto a viola ao saco. A Briosa, para mim, foi, é e será, mais do que uma agremiação, uma forma de

estar na vida.

Sendo um verdadeiro apaixo-nado da Académica, como a vê a esta distância?

Acho que já me adiantei... Vejo-a a melhorar, embora creia que a lição atual deve constituir uma lição de tomo para a preparação da próxi-ma época. Depois da solidez da gestão, entendo que há que entrar na fase da recu-peração da identidade e na diplomacia, para conquistar maior influência no futebol português (no “meu tempo”, tentei pequenos passos, mas soube que, sem que me fosse dito cara a cara, havia colegas que achavam esse trabalho supérfluo. Do presidente, sempre recebi apoio e latitu-de de ação, sublinho). Cá por mim, não tocava no “mister”!

E como vê o nosso país?Igualmente a melhorar.

Creio que o nosso esforço como povo foi heróico e de um civismo lapidar. Os in-dicadores são inspiradores e entendo que Passos Coelho fez uso patriótico das suas ancestrais teimosia e inte-ligência, não se deixando tentar pela vertigem do me-diatismo e da propaganda barata. Na hipótese de os portugueses escolherem ou-tro rumo, o tempo gravará os seus indicadores em lugar de podium da história da go-vernação portuguesa. Pena é que a política nacional de consuma em debates infin-dáveis sobre assuntos pes-soais já resolvidos, tentando manchar o caráter de um cidadão de mão cheia, e que os media prefiram vender papel e tempo de emissão, em lugar de informar.

Temos futuro?Olhando o nosso passado,

não tenho sombra de dúvida.

Temos espaço para jovens que, como o Gonçalo, um dia aceitaram o desafio de partir?

“Jovem” é uma deliciosa mentira vossa. Fica por con-ta dos 20 anos da nossa “re-lação íntima”. Responden-do: hoje, servir a Pátria não se circunscreve às fronteiras nacionais. Estando sempre disponível para regressar, penso que, às vezes, as en-tidades patronais não de-safiam suficientemente os seus “recursos humanos”, para usar uma terminologia que abomino, dada a falta de humanidade. Já à polí-tica, e mais concretamente ao Parlamento, confesso que gostaria de regressar, um dia. Foi um lugar onde a carga de trabalho e a sa-tisfação se conjugaram no ponto mais alto. Sei, no en-tanto, quais são as regras do jogo partidário e também que, analisados o meu sem-pre episódico e meteórico percurso interno e a minha inabilidade para subir esca-das, há que concluir que não tenho jeitinho nenhum para a poda (juro que escrevo es-tas linhas com um sorriso de orelha a orelha e sem qual-quer rancor).

Sendo um dos colaboradores mais antigos do DIÁRIO AS BEIRAS como vês estes (nos-sos) 21 anos de existência?

Tendo idade para ser pai do “Beiras” (faltava a parvoíce de fecho), é com muito orgu-lho que vejo a longevidade de um projeto que, na sua origem (lembro-me bem, já que levo 20 anos de casa, nos 21 de vida do “nosso” jor-nal), desafiou os cânones do jornalismo regional, consti-tuindo-se como uma enorme lufada de ar fresco. Volvidos 21 anos, e apesar das dificul-dades que mundialmente assolam a imprensa, vejo o mesmo ânimo, igual lucidez e uma linha de continuidade na qualidade do jornalismo. Dar-vos os meus parabéns é responsabilizar-vos por mais 21 anos de bom trabalho. | Eduarda Macário

Sinto-me um português de Coimbra. E, às vezes, um extraterrestre...

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Estudou no CAIC E no ConsErvAtórIo E formou-sE Em londrEs. CAntou ópErA Em todo o mundo Até sE fIxAr no ElEnCo do musICAl “o fAntAsmA dA ópErA”, no hEr mAjEsty’s thEAtrE

Lara Martins-Pollet

b.i.Nome: lara martins-polletIdade: 36 anosAtividade: CantoraOnde vive: londresNaturalidade: CoimbraCurriculum: Guildhall school of music and drama (londres); Atualmente interpreta Carlotta Giudicelli, no musical o fantasma da ópera (londres)

The phantom of The opera

União Geral de Trabalhadores de Coimbra

A União Geral de Trabalhadores de Coimbra deseja um Feliz Aniversário ao Diário As Beiras

e seus colaboradores

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Porquê a música? E o canto, em particular?

Não sei bem responder a essa questão. Eu sempre gostei de cantar e represen-tar; lá em casa sempre se ouviu muita música, prin-cipalmente música clássi-ca, mas nunca me lembro de dizer, quando era mais pequena, que queria ser cantora.

Como descobriu, então, que a música seria a sua vida?

As coisas aconteceram por acaso. Entrei para o conservatório, e depois as coisas foram evoluindo até eu descobrir que era isto que gostaria de fazer.

Como foi a vida escolar, no CAIC?

Os anos que passei no CAIC [Colégio da Imacula-da Conceição, de Cernache, onde Lara estudou, antes de seguir para o Conser-vatório de Música] foram muito importantes e deter-

minantes a todos os níveis não só na minha formação académica, mas também no meu desenvolvimento pessoal e humano. Só pos-so dizer que é um colégio maravilhoso onde existe um verdadeiro sentido de missão e serviço.

O que fazem os seus pais?O meu pai é médico e a

minha mãe, agora refor-mada, era educadora de Infância.

Que mestres/colegas, na música, quer destacar?

Existem tantos e tantos que provavelmente neces-sitaria do jornal inteiro! Esta é uma profissão em que estamos em contacto permanente com indiví-duos cheios de talento e inspiradores. Todos os dias agradeço pelas pessoas que se cruzam, e continuam a cruzar no meu caminho, colegas,mestres, técnicos; com eles aprendo e me enriqueço como artista e

ser humano [em entrevis-ta recente, Lara destacou os professores Maria José Nogueira e António Sal-gado com quem estudou em Portugal; Laura Sarti, a professora em Londres, e o maestro João Paulo Santos com quem trabalha regu-larmente].

Quando saiu para Inglaterra e porquê?

Tinha 21 anos, e foi-me dada a possibilidade de es-

tudar numa das melhores e mais conceituadas esco-las de música da Europa. Foi um momento em que tive de decidir: ou ficava em Portugal ou aproveitava esta oportunidade única que poderia mudar a mi-nha vida [Lara Martins fez, enquanto bolseira da Gul-benkian, a sua formação na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, onde terminou o curso su-perior de canto, com a mais alta classificação].

Foi difícil, para si, deixar os amigos e a família?

Sim, foi dif ícil. Parti para Inglaterra sozinha sem conhecer ninguém, para um ambiente altamente competitivo. Os primeiros anos em Londres foram anos de estudo e muita dedicação estava comple-tamente imersa na músi-ca, o que ajudava atenuar as saudades da família e amigos [assim que termi-nou o seu curso, Lara foi

imediatamente convidada para integrar o grupo de solistas do Centro Françês de Artistas líricos (CNIPAL) onde foi solista durante a temporada 2002/2003].

Como foi a integração pro-fissional, numa cidade como Londres?

Londres é uma cidade altamente competitiva a todos os níveis e as artes performativas não são ex-cepção. Cantores e atores de todo o mundo tentam a

sua sorte nesta cidade, mas obviamente que a oferta é muito menor que a procu-ra. Ao talento temos que juntar sorte e principal-mente perseverança. Pen-so que tive um pouco de tudo: sorte, muita vontade e talvez um bocadinho de talento.

Como foi a sua evolução, no plano profissional?

Tem sido um caminho fei-to de pequenas e grandes

conquistas. Tenho tido a sorte de sempre se te-rem atravessado no meu caminho oportunidades interessantes que me têm ajudado a progredir como cantora e artista.

Como está a sua relação com Portugal, com Coim-bra e com os amigos/fa-mília que deixou cá?

Vou muitas vezes a Portugal em trabalho, e aproveito para ver os amigos e a família. A Coimbra, vou essen-cialmente para visitar a família já que os convi-tes de trabalho para me apresentar na minha ci-dade, têm sido ao longo destes anos quase ine-xistentes.

Sabe, com certeza, da abertura, em breve, do futuro Centro Cultural e de Convenções e Espaço Cultural no Convento de

São Francisco, com um au-ditório para 1200 pessoas, fosso para orquestra sinfó-nica e um dos maiores palcos da Península Ibérica...

Fico muito contente que este espaço vá finalmente ser inaugurado. Coimbra necessitava com urgência de um espaço cultural com condições técnicas para re-ceber grandes espetáculos. O fosso de orquestra irá permitir termos em Coim-bra espetáculos de ópera, ballet e outros espetáculos

com necessidades técnicas mais exigentes.

Como pensa que este equi-pamento pode mudar a vida cultural e social de Coimbra e da região? Gostava de ser convidada a cantar lá?

Esperemos que venha a aumentar e dinamizar a oferta cultural na cidade de Coimbra e, obviamen-te, que gostaria muito de poder apresentar-me neste espaço.

Que lhe apetece dizer sobre o futuro deste espaço?

Esperemos que este es-paço venha dinamizar e renovar a vida cultural da cidade. Infelizmente os meios técnicos não são tudo, não sei se já está es-colhido, mas espero que tenhamos à frente deste espaço um bom progra-mador com uma equipa e orçamento capaz, para que possamos finalmente ter em Coimbra um teatro com uma programação cultural de relevo.

Costuma viajar? Para onde? Férias ou trabalho? Como decide as escolhas?

Neste momento viajo me-nos em trabalho, já que o meu contrato é exclusivo, o que me obriga a estar em Londres a maior parte do tempo [Lara Martins-Pollet integra o elenco de “O Fantasma da Opera”, no Her Majesty’s Theatre, baseado num romance do francês Gaston Leroux, já considerado o segundo mais bem sucedido musi-cal de sempre no West End de Londres, depois de “Les Misérables”].

Mas houve uma altura em que as viagens eram cons-tantes, passava mais tempo fora que em casa. Em lazer costumamos escolher des-tinos exóticos, de preferên-cia sem teatros!|Paulo Marques

Espero que o convento tenha um programador e orçamento capazes

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diário as beiras | 21-03-2015 24 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

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radicou-se na namíbia para viver duas independências e criar uma cadeia de hotéis e restaurantes na fronteira com angola onde quase não há mais portugueses

António Manuel Rocha

b.i.Nome: antónio rochaIdade: 54 anosAtividade: empresário hoteleiroOnde vive: namíbiaNaturalidade: anadiaCurriculum: serralheiro n a m i n a d e ts u m e b ; comerciante no okavango; hoteleiro no ovamboland

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111 António Manuel Rocha é um emigrante “à antiga portuguesa”: comer-ciante, aventureiro, misci-genador. Tudo isto e ainda uma extraordinária habili-dade para cozinhar comida para viajantes, camionistas e negociantes fazem deste cinquentão sempre bem disposto um caso raro de sucesso no esquecido, mas

ainda tumultuoso, territó-rio da fronteira entre An-gola e a Namíbia.

António Manuel, Tomané para os amigos, nasceu em Angola mas é na Namíbia que vive e trabalha, há 35 anos. Empresário da área da hotelaria e restauração, é um dos pouquíssimos portugueses a investir, e ganhar, no importante eixo rodoviário que liga as cidades de Ondangwa, no antigo Sudoeste Africano, e Ondjiva, antiga Pereira d’Eça, a capital da provín-cia angolana do Cunene.

Rocha’s é a marca regis-tada dos negócios do emi-grante com raízes bairradi-nas. São dois hotéis e dois

restaurantes que gere com a ajuda da mulher, a mula-ta Paula Medeiros (filha de pai português e mãe an-golana), e do irmão, José Rocha. É, acima de tudo, um refúgio de portugali-dade numa geografia de contrastes, onde o negócio é a vida, montado em torno das imensas oportunida-des que a fronteira oferece:

petróleo, minérios, agro-pecuária, a norte; serviços e mercadorias de valor acres-centado, a sul.

Dois Rocha’s Um dos hotéis Rocha’s

fica em Oshikango, a ci-dade fronteiriça de duty free, que se eleva a mais de 1.000 metros de altitude. O seu restaurante é talvez o mais movimentado de toda a zona. A “culpa” é dos angolanos – em trân-sito de negócios –, grandes apreciadores da boa e farta cozinha portuguesa.

O outro Rocha’s é a “base” de António Manuel. Loca-lizado bem no coração da cidade de Oshakati, capital

da província do Ovambo-land, o hotel/restaurante enche-se diariamente de namibianos e, uma vez mais e sobretudo, de an-golanos, aqui chegados também em demanda de serviços de saúde.

É aqui que o empresário português vive e recebe os amigos desde 1995. São duas décadas de aprendi-

zagem dos caminhos da paz, na Namíbia, primeiro, e em Angola, depois. Duas décadas de crescimento e de consolidação de uma empresa de matriz familiar que vingou onde outros não ousaram arriscar – em Oshakati, de resto, apenas dois outros portugueses partilham a vida dos ne-gócios.

Mas nem sempre foi as-sim, para António Manuel Rocha.

Nascido em Viana, a ci-dade industrial dos su-búrbios de Luanda, há 54 anos, depressa foi recam-biado para Portugal. Veio “empurrado” por um tio, militar, temente do efeito

propagador dos primeiros combates levados a cabo pelos terroristas, como lhes chamavam os colonizado-res, ou pelos movimentos de libertação, como fica-ram conhecidos.

Da grande cidade, que não conheceu, Tomané veio para a pequena aldeia de Famalicão, junto a Ana-dia. Aqui estudou e fez a

4.ª classe. E bem perto, em Malaposta, começou cedo a trabalhar, primeiro numa oficina de motorizadas e depois numa outra, de ser-ralharia e molas de camião. Não admirou, pois, que as corridas de duas rodas e, acima de tudo, o motocros-se – a par do râguebi, na Moita –, rivalizassem com as raparigas no jogo de in-teresses de uma adolescên-cia de trabalho e felicidade, apesar de longe dos pais.

Regresso a ÁfricaA família, no entanto,

acabaria por ser a razão do seu regresso a África. Após a revolução e a inde-pendência de Angola, os

pais tinham-se refugiado na Namíbia do norte, na altura ainda sob domínio sul-africano. E, em 1980, António Manuel decidiu-se a aproveitar o ofício de ser-ralheiro na grande mina da então trepidante cidade de Tsumeb, onde os enormes filões de cobre e chumbo também deixavam extrair alguma prata e até ouro.

Como os Rochas, cente-nas largas de outras famí-lias portuguesas tinham também procurado na cidade mineira um novo rumo para as suas vidas. Uns e outros assistiram então a uma década de pujança e declínio, muito por força das convulsões político-militares que di-taram a independência da Namíbia, em 1990.

E a política fechou a mina

Os portugueses, esses, quase todos enveredaram pela vida dos negócios. António Manuel Rocha não fugiu à regra. Após o fecho da mina – “minada” pela saída de muitos qua-dros e pela onda grevista do pós-independência –, percebeu que a fronteira era, e é, um território de

oportunidades. Por isso, escolheu as imediações do grande rio Okavango, o Cubango dos angolanos, que separa os dois países no extremo nordeste na-mibiano.

A cidade mais próxima, Rundu, ficava a 120 quiló-metros. Na sua loja (winkel, em afrikander), que cha-mou de Shitemo Winkel, vendia um pouco de tudo, investido numa espécie de Oliveira de Figueira que nunca leu Hergé. Entre os muitos clientes havia quem pagasse e quem não tivesse como.

E havia, sobretudo, a UNI-TA – cuja implantação dos dois lados da fronteira era

claramente maioritária, até que o governo de Windho-ek resolveu apoiar oficial-mente o MPLA. Está visto que, a partir daí, qualquer relação com os homens e as mulheres fiéis a Jonas Savimbi passou a ser for-temente desaconselhada. António Manuel sentiu isso mesmo, tal como sentiu o negócio a cair a pique, por falta de clientes.

Estava-se em 1995, ano--chave para o outrora jo-vem emigrante aventurei-ro e futuro empresário de sucesso. Para trás ficaram as terras inóspitas e beli-cosas do Okavango, troca-das pelo, apesar de tudo, mais tranquilo e próspero território do Ovamboland, em cuja capital, Oshakati, António Manuel já tinha constituído uma socieda-de, com pessoas da zona da Figueira da Foz, para abrir uma butique de roupa e acessórios.

Desde então foi sempre a crescer. A exceção foi um negócio de armazém de mercadorias em Angola, perto do Lobito, “dinamita-do” pela inflação galopante na transição do velho para o novo kuanza. De volta à fronteira sul, aproveitou da melhor forma o fim da guerra e o boom do comér-cio fronteiriço.

Mas, como conta em jei-to de brincadeira, foi mes-mo o crescente tráfego de pesados que lhe “mudou a agulha” para o rumo da restauração: “Havia muitos angolanos a guiar camiões, que traziam de tudo, de ga-linhas a cabritos, sempre prontos a puxar-me para a cozinha, onde preparava grandes panelões de cal-deiradas de cabrito, macar-rão com carne guisada, fei-joadas e outras comidas de inspiração bem portuguesa e fartura qb para o apetite de um camionista”…| Paulo Marques

À aventura nas terras de fronteira sem turistas nem glamour

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nasceu, viveu e estudou em coimbra até aos 23 anos. depois, enveredou pela carreira diplomática, ocupando desde 2013 o lugar de cônsul português em macau

Vitor Sereno

b.i.Nome: vitor paulo da costa serenoIdade: 44 anosAtividade: cônsul-geral de portugal em macauOnde vive: macauNaturalidade: coimbraCurriculum: licenciado em direito pela Fduc e mestre em comunicação empre-sarial pelo iscem (lisboa)

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 29

Que melhor recordação tem de Coimbra?

Coimbra enche-me as medidas. Sou um “coimbri-nha” típico, nado e criado na cidade. Nasci no Instituto Maternal Bissaya e Barreto e vivi até aos 23 anos no Bair-ro Norton de Matos, lugar onde os meus pais ainda hoje habitam. Cresci a jogar à bola no ringue do Bairro

e a dar os primeiros passos no Café Samambaia onde ia religiosamente com o meu pai comprar o jornal. Cos-tumo dizer, meio a brincar, que o meu primeiro posto no estrangeiro foi Lisboa em 1994.

Porque é que diz isso?Não é fácil estar longe da

família, do aconchego do lar, a aprender a cozinhar sozinho… Já com o canudo na mão , e depois de estagiar com Alfredo Castanheira Ne-ves, entrei primeiro para a KPMG Portugal e, mais tarde, para os Negócios Estrangei-ros. Fui, de facto, um felizar-do que fez a Escola Primária no Externato João XXIII, o Ci-

clo Preparatório na Eugénio de Castro, o Liceu no Infanta D. Maria (para mim de longe a melhor escola pública por-tuguesa) e a Universidade na Faculdade de Direito. Tudo a 15/20 minutos de casa. Tenho várias boas recorda-ções. Alguns dos melhores amigos (os de infância) que ainda lá moram, os tempos de dirigente associativo na

Faculdade de Direito. Fui o primeiro presidente da Co-missão Central da Queima das Fitas oriundo da FDUC.. que grande Queima essa de 92!!…e que deu lucro! Coisa rara naqueles dias!

Sente que a ligação à cidade já acabou?

Acho que não. Gosto dema-siado da cidade e das suas gentes. Mesmo longe con-seguimos arranjar formas de manter essa ligação, atra-vés da música, dos sabores da fantástica gastronomia e dos amigos, quando com eles partilho memórias que nos transportam no tempo. Para além de todos esses mo-mentos marcantes vividos

em Coimbra, que guardo e que fazem de mim a pessoa que sou hoje, acho que as melhores recordações ainda estão para vir…

Neste momento, quais as funções que exerce?

Comecei a exercer as fun-ções de Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong-Kong em 28 de março de

2013. Fará dois anos daqui a poucos dias…

É diplomata desde quando?Sou diplomata desde 1997.

Este é o quarto continente onde sirvo Portugal. Come-cei em 2000 na Guiné-Bissau, de 2002 a 2005 estive na Ar-gentina, de 2006 a 2008 na Alemanha, onde fui Cônsul-Geral em Estugarda e Muni-que. Neste último posto, e durante seis meses, ocupei também cumulativamente o lugar de Cônsul-Geral na Holanda, entre novembro de 2006 e abril de 2007. Entre 2008 e 2013 tive o privilégio de trabalhar nos Serviços Internos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde

fui Chefe do Gabinete do Se-cretário-Geral, do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e da Presidência do Conselho de Ministros, com o Ministro Adjunto do Primeiro Ministro.

Que diferenças encontra em todas estas missões?

Conheci até agora quatro continentes, muitas cultu-

ras e muitas, muitas, pesso-as. Tudo é diferente, de país para país, mesmo dentro do mesmo continente. Em alguns lugares, encontram-se melhores condições para viver e trabalhar e em outros lugares, é-se confrontado com condições mais desa-fiadoras. Todos eles foram experiências muito enrique-cedoras. Tive, por exemplo, experiências fantásticas na Guiné-Bissau, onde ainda tenho grandes amigos. O país estava a sair de uma du-ríssima guerra civil. Assisti e testemunhei a dois golpes de Estado durante a minha presença lá. Jamais esque-cerei os rostos das crianças perdidas no meio daquela

guerra, que nunca foi (nem será) a delas. Para um diplo-mata, que tinha 29 anos na altura, foi uma lição de vida, aprendi a relativizar muitas coisas desde então.

Quanto à Associação de An-tigos Estudantes de Coimbra em Macau...

Foi uma excelente ideia de alguns compatriotas nossos aqui residentes, dos quais destaco Rocha Dinis, Filipa Guadalupe e Catarina Cor-tesão Terra, que resolveram simpaticamente fazer-me sócio número 1. É um orga-nismo que pretende reunir naturais / antigos estudantes da nossa cidade e que vivem em Macau. Um grupo agluti-nador de todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão ligados a Coimbra.

Quais foram as principais di-ficuldades que teve para se ambientar em Macau?

Nenhumas. Embora esteja a 10.000 quilómetros de Por-tugal, aqui sinto-me em casa.Encontrei uma comunidade portuguesa que me soube acolher muito bem, auto-ridades das duas Regiões Administrativas Especiais (Macau e Hong-Kong) com as quais tenho uma excelen-te relação pessoal e profis-sional. Sobre Macau, mais especificamente, é um lugar onde toda a gente conhece toda a gente, mas, ao mes-mo tempo, pode-se desfrutar de tudo o que uma grande cidade internacional tem. Macau, Património da Hu-manidade, onde a presença portuguesa (de cerca de 400 anos) é bem visível, quando caminhamos pela calçada portuguesa nas principais Praças, ou quando vemos o nome das ruas escritas em português. Depois, tenho uma equipa de trabalho – infelizmente cada vez mais pequena por razões de com-petitividade salarial – que partilha dos mesmos valores

de exigência e qualidade que eu preconizo para servirmos cada vez melhor o cidadão português.Não tenho que me queixar.

Que visão tem de Portugal? Portugal é uma das nações

mais antigas do mundo, e tem passado nos últimos anos por grandes mudan-ças e dinâmicas. Não tenho dúvidas que Portugal é um excelente país para investir. Tenho-o dito quase todos os dias neste lado do mundo e não me cansarei de o repetir até à exaustão. Um parceiro credível, moderno, sólido juridicamente, evoluído e com infraestruturas extra-ordinárias. Já reparou que os chineses veem sempre na palavra crise um sinónimo para oportunidade? Por isso a China é hoje um parceiro económico incontornável e inquestionável para Por-tugal.

E Coimbra?Sobre Coimbra acho que

a nossa cidade é uma ver-dadeira “dor-de-alma”. Não quero, nem me sinto no direito de fazer críticas a ninguém. Todos nós, os que gostamos verdadeiramente dela, temos culpa. A última vez que passeei pela Baixa fi-quei doente. Um verdadeiro deserto urbano. Lojas e lojas fechadas. Comércio tradicio-nal completamente morto. Se visitarmos Aveiro, Viseu, Leiria, Braga ou Guimarães percebemos o alcance das minhas palavras. Recuperá-mos um bocadinho o fôle-go graças à Universidade de Coimbra - Alta e Sofia na lista do Património Mundial da Humanidade, mas estamos a anos-luz do que se pode fazer por uma cidade que poderia dar cartas a nível nacional e europeu na área da saúde, da habitação, do turismo de terceira idade, da investigação, da qualidade de vida. | António Alves

Diplomata de Coimbra que já passou por quatro continentes

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Foi jogador da académica, cantor do coro misto e cheFe de redação de um jornal. há mais de três décadas aceitou o desaFio de lançar um jornal em macau

Rocha Dinis

b.i.Nome: josé Firmino da rocha dinisIdade: 69 anosAcividade: administrador do jornal diário “tribuna de macau”Onde vive: macauNaturalidade: s. Pedro do sul (Viseu)

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 33

111 Rocha Dinis “de-sembarcou” em Coimbra quando tinha 16 anos. Foi o pai, antigo estudante da Universidade, que o acon-selhou a trocar Mira pela cidade onde mais tarde se veio a formar. “Isso só acon-teceu depois de vir da tropa, o meu período angolano de cinco anos”, frisa.

Desse tempo, não esque-ce a vida estudantil intensa

que teve, até porque “habi-tei sempre junto da Praça da República”. Rocha Dinis não esquece o facto de, nes-ta estadia em Coimbra, ter jogado, “com mais vontade que talento, nos juniores e na equipa das reservas da Académica, onde aliás partilhei balneário com cra-ques de talento mundial”. A vida estudantil intensa per-mitiu, por outro lado, que ainda tivesse tempo para “desafinar” no Coro Misto e entrar nos jornais. “Aos 19 anos já era chefe de reda-ção do Centro Desportivo do Sansão Coelho”, lembra. E porque os dias só têm 24 horas, “fui tendo tempo

para treinar equipas regio-nais, do Eira Pedrinha, ao Tabuense e o Ala Arriba, na então 3.ª Divisão Nacional”.

Crise AcadémicaO ano de 1969 foi de mu-

dança. O empenhamento posto na Crise Académica dessa altura levou a que o pai o obrigasse “a ir de férias por causa de uma “infor-mação” da PIDE”. A viagem

teve como destino Angola e serviu para evitar que a saí-da de Portugal tivesse como destino a Guiné. Naquele país africano, “dei aulas no secundário, fiz o “Ecos do Norte” e treinei equipas de futebol culminando, já durante o serviço militar, com o Sporting e o Ferrovia de Nova Lisboa, então cam-peão de Angola”.

Em Coimbra e em Ango-la, Rocha Dinis garante que fez muitos amigos. Aliás, o atual administrador do Tribuna de Macau afirma que “quase 40 anos depois, alunos e jogadores “acari-nham-me” na internet e isso levou a que tivesse ficado

com um ego maior que o Mourinho”, ironiza, em tom de brincadeira.

Regressando a Coimbra, diz que não tem uma única má recordação, pois “foi aí que cresci, ganhei e reforcei convicções de sã convivên-cia, humanismo, solidarie-dade e compromisso cívico que têm acompanhado a minha vida. Sou uma pes-soa inteiramente realizada”.

Rumo ao OrienteNa cidade conimbricense,

e já na parte final do curso, foi jornalista do Diário de Notícias (DN). Aqui não es-quece Soares Rebelo, “um dos melhores de sempre”. Depois, e porque entendia que quem pretendia fazer jornalismo teria de ir para Lisboa, pediu transferên-cia para a sede do DN, onde chegou a ser subeditor da política nacional. “Durante pouco mais de um ano, pas-sei pelo semanário “Tem-po”, ao mesmo tempo que tinha uma grande entrevis-ta na RDP1 e um programa semanal de turismo no úni-co canal de televisão então

existente em Portugal”, recorda. Até que um novo desafio levou-o a trocar o nosso país por Macau. No Oriente, o objetivo passava pela criação de um sema-nário em língua portuguesa para Macau. “A Tribuna de Macau ainda existe hoje e comigo”, frisa.

33 anos multifacetadosRocha Dinis saiu há pou-

cos meses dos cargos de administrador e diretor do “agora diário Tribuna de Macau”. Só que, como faz questão de dizer, “as fun-ções, contudo, não muda-ram muito porque escrevo uma coluna diariamente e acompanho a edição até ao fecho”. “Gosto de fazer jornalismo e de escrever”, garante.

Nestes 33 anos que já leva de presença em Macau, o administrador e jornalista recorda “a reconfortante atividade cívica, na direção das candidaturas dos presi-dentes Mário Soares e Jorge Sampaio, bem como na sec-ção de Macau do PS, onde

fui secretário-coordenador durante anos”.

Em termos académicos, deu aulas e chegou mesmo a ser diretor-adjunto da Fa-culdade de Ciências Sociais e Humanas na Universidade de Macau “num momento muito importante da pre-paração dos quadros para a atual Região Administrativa Especial de Macau”.

Rocha Dinis criou e coor-denou a Televisão Educativa de Macau, através da qual se ensinou diariamente portu-guês e mandarim, no canal chinês da TDM, e manda-rim e cantonense no canal português. Um projeto que durou quase duas décadas, altura em que surgiu “uma nova realidade sociopolíti-ca e linguística”.

Este jornalista foi, ainda, membro do Conselho de Educação e da Comissão de Implementação das Línguas Oficiais. “O chinês e o por-tuguês são línguas oficiais, o que não quer dizer que o português seja falado com alguma frequência”, afirma.

Saudades de Coimbra?Questionado sobre as sau-

dades que teria de Coimbra, é taxativo: “saudades, não, saudades só tenho do futuro; as razões são mais pragmá-ticas ou não vivesse eu em território chinês”.

O que é certo é que nunca se desligou da cidade. Pri-meiro, através de reuniões de convívio entre os que tinham passado por Coimbra, o que permitiu que já tivessem vin-do a Macau uma equipa de veteranos da Académica, o Coro dos Antigos Orfeonis-tas e alguns grupos de fados de Coimbra. Por outro lado, é um dos moradores em Ma-cau que mais tem apoiado “a integração dos que chega-vam a uma terra onde tudo é diferente”. E até faz uma revelação curiosa: “não me recordo que, durante esses anos, alguém de Coimbra te-

nha ficado sem emprego...”.A vinda a Portugal no ano

de 2006 levou-o a passar pela Faculdade de Letras da Universidade de Coim-bra. Aqui, “ouvi vários ex-colegas e outros docentes do curso de Jornalismo a queixarem-se das dificul-dades de proporcionarem estágios curriculares aos alunos do 4.º ano”.

Estes problemas levaram-no a avançar com uma pro-posta que permitia receber, em Macau, três estagiários por semestre. “Era o jornal que ia pagar as viagens, o alojamento e a estadia”, lembra.

A concordância de Carlos André, diretor da facul-dade, e de Seabra Santos, reitor da Universidade, permitiu a realização de estágios a alguns estudan-tes do curso de Jornalismo. “Gente muito talentosa, muitos dos quais ainda hoje se encontram em Macau, uns no meu jornal e outros em vários outros órgãos de comunicação social do ter-ritório”, diz.

Associação de Antigos Alunos

No passado dia 7 de feve-reiro, foi criada a Associa-ção de Antigos Estudantes de Coimbra em Macau. Ro-cha Dinis é o porta-voz des-te organismo que resultou da recente chegada de li-cenciados da Universidade de Coimbra. “Concluímos pelo interesse de institucio-nalizar a associação para manter e fomentar os laços de solidariedade e camara-dagem, apoiar atividades socioculturais, artísticas e desportivas de Coimbra em Macau e ajudar na in-tegração dos mais novos. Assim, os contatos, que já eram feitos a nível pessoal, passam agora a poder ser estabelecidos através da as-sociação”, conclui. | António Alves

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“Foi em Coimbra que cresci, ganhei e reforcei convicções”

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Susana Pedrosa

b.i.Nome: Susana PedrosaIdade: 31 anosAtividade: Diretora artísticaOnde vive: Roterdão (Holanda)Naturalidade: Cantanhede (Coim-bra)Curriculum: Curso de Pintura, na Faculdade de Belas Artes do Porto; mestrado em Artes Plásticas, no Instituto Piet Zwart; exposição “Bes Revelação 2009”, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves; mentora da plataforma “Oblique International”

21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 35

A viver há mais de cinco anos em Roterdão (Holan-da), Susana Pedrosa, natu-ral de Cantanhede, assume já estar envolvida na cena

cultural da cidade. O seu trabalho como diretora ar-tística tem vindo a ganhar reconhecimento no país que a acolheu.

Trocou o Porto - onde frequentou o Curso de Pintura, na Faculdade de Belas Artes do Porto - por Roterdão em 2009, quan-

do ingressou no mestrado em Artes Plásticas, no Ins-tituto Piet Zwart. “É um programa de dois anos, muito internacional e

relativamente pequeno, uma vez que só aceitam 12 alunos por ano”, expli-ca, dizendo que após a sua conclusão decidiu perma-

necer na cidade. Tinha 15 anos quando decidiu que queria estudar artes. Hoje, a artista, que está quase a completar o 32.º aniver-

sário, considera que terá sido a possibilidade de adotar um estilo de vida diferente do que já conhe-cia o fator decisivo para

ter tomado esta opção. “O meu trabalho tem

sido uma procura cons-tante e tem adquirido di-versas formas ao longo dos

anos”, começa por dizer, revelando que começou a trabalhar em pintura, mais tarde em fotografia e vídeo, depois com texto

e instalação. “Em Roter-dão comecei a trabalhar com performance e desde 2011 que tenho vindo a desenvolver projetos de

Jovem de Cantanhede ganha espaço por entre os artistas em Roterdão

SuSana PedroSa, natural de Cantanhede, vive há maiS de CinCo anoS em roterdão. a artiSta PláStiCa trabalha há CerCa de doiS Como diretora artíStiCa e Produtora freelanCer.

diário as beiras | 21-03-2015 36 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

longo termo em espaço público”, explica ainda. Em 2013, Susana Pedrosa criou a plataforma “Obli-que International”, em colaboração com Patrícia Pinheiro de Sousa, tam-bém portuguesa a viver em Roterdão.

“As diferentes formas que o meu trabalho tem assumido têm vindo a ser bem recebidas ao longo do tempo”, diz, explican-do que a sua criação en-quanto diretora artística tem vindo a ganhar reco-nhecimento na Holanda, em particular em Roter-dão, onde tem desenvol-vido a maior parte da sua atividade

No início da carreira, Su-sana Pedrosa conta que a sua arte recebeu inspira-ção de várias áreas com destaque para a filosofia. Porém, hoje a artista tem trabalhado no sentido de perceber a articulação en-tre identidade individual e coletiva e a produção de subjetividade.

“Na minha prática, o espaço torna-se texto, pela procura de lugares

comuns presentes na lin-guagem, gestos, rotinas e protocolos que definem uma coreografia social”, diz, acrescentando que o texto torna-se espaço atra-vés do desenvolvimento de plataformas que con-vidam o público a criar coreografias sociais. Atu-almente, Susana Pedrosa utiliza diferentes áreas do conhecimento no seu tra-balho.

Última exposição em Portugal foi em Serralves

D e s d e 2 0 0 5 q u e t e m vindo a expor a sua arte. Susana Pedrosa destaca a última exposição rea-lizada em Portugal, “Bes Revelação 2009”, que es-teve patente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. “Foi importan-te para mim porque foi exatamente no momento em que me mudei para Roterdão e desde então a minha prática artística de-senvolveu-se de uma for-ma inesperada”, confessa ao DIÁRIO AS BEIRAS.

“Estou a começar uma nova fase”, diz, explicando

que trabalha há 10 anos como artista plástica e há cerca de dois como dire-tora artística e produtora freelancer.

“Tenho cada vez mais projetos e propostas de trabalho nesta área”, re-vela, garantindo estar agora numa fase de esta-bilização enquanto fre-elancer. “Estou contente com as minhas escolhas, mas evidentemente que o processo de adaptação demora algum tempo e é dif ícil”, admite, referindo-se à escolha que tomou de ir viver em Roterdão.

Susana Pedrosa não pen-sa regressar a Portugal, mas considera trabalhar mais no país que a viu nascer, nomeadamente até seria capaz de “passar temporadas em Portugal a realizar novos projetos no futuro”. No que respeita a sair da Holanda, a diretora artística considera fazer residências artísticas nou-tros países e passar tempo-radas fora, “mas a Holanda é a minha base e para já quero ficar por cá”.

Neste momento, a ar-

tista continua a realizar projetos com o “Oblique International”. Paralela-mente, está envolvida na produção de um projeto de design social e também é membro do quadro de uma fundação de investi-gação sobre a relação en-tre o trabalho maternal e a prática artística.

“Neste momento, a mi-nha prática é coletiva e plural e trabalho sobre-tudo como diretora artís-tica e produtora, e menos como artista plástica como uma prática singular”, ex-plica ainda ao DIÁRIO AS BEIRAS, manifestando o desejo de, no futuro, tra-balhar numa instituição artística.

“De momento, trabalho como freelancer, o que é óptimo para adquirir experiência e poder de-senvolver diferentes pro-jetos ao mesmo tempo”, considera, explicando que no futuro gostava de estar envolvida num projeto de longo termo ligado a uma instituição. “Penso que quando isso acontecer, estarei finalmente numa

fase mais estabelecida da minha carreira”, assume.

Carreira de artes exige dedicação

Susana Pedrosa dá aulas a jovens que querem in-gressar num curso supe-rior artístico e o conselho que lhes costumar dar é “para escolherem o que lhes serve melhor e não seguirem modas”. Aos aspirantes a artistas, em Portugal, a diretora artis-ta considera importante que pensem previamente se é isso mesmo que que-rem fazer. “Uma carreira nas artes demora tempo e dedicação, é dif ícil, uma pessoa tem que ter a certe-za de que é isso que quer”, refere. Viajar e ver diferen-tes modelos é outro dos conselhos que Susana Pe-drosa deixa.

“A terceira coisa impor-tante é saber ter uma visão realista do que significa trabalhar na área artísti-ca hoje em dia”, deixando cair a conceção do artista romântico que trabalha isoladamente no estúdio.

Questionada sobre o

estado do setor, Susana Pedrosa responde que “as artes não estão da mesma forma na Europa que es-tão nos Estados Unidos da América, na China, África ou nos Emirados Unidos”. Na ótica desta artista can-tanhedense, as artes refle-tem condições políticas, sociais e económicas de um país.

“Em Portugal, pelo que sei há uma grande falta de apoios públicos para os artistas e as instituições artísticas e há pouca tradi-ção por parte dos pirvados em apoiar as artes”, diz, aproveitando para dar o e x e m p l o d a H o l a n d a , onde “há imensos subsí-dios públicos e privados para ajudar artistas e ini-ciativas de várias dimen-sões e interesses, apesar de ter havido grandes cortes públicos em 2011”.

Porém, no que diz res-peito a Portugal, Susana Pedrosa sabe que “há artis-tas e instituições a fazerem um enorme esforço para continuarem a produzir e há coisas muito boas a se-rem feitas”. | Joana Santos

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Maria JoãoCarvalho

b.i.Nome: Maria João CarvalhoIdade: 54 anosAtividade: Jornalista na euronewsOnde vive: lyon (frança) e figueira da fozNaturalidade: lisboaCurrículo: Começou numa rádio pirata do Algarve e tornou-se num dos mais experientes repórteres de guerra portugueses

Db-J.A.

21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 39

111 A antiga free lance de guerra, que trabalhava para órgãos de comunica-ção social portugueses e

estrangeiros, incluindo a CNN, a RTP e a SIC, é analis-ta da atualidade na “Torre de Babel” chamada Euro-news.

Como é que surgiu a opor-

tunidade de ir para a Euro-news?

Um dia, quando me pre-parava para escrever um li-

vro sobre uma guerra onde tinha feito reportagens, li um anúncio no “Expresso” com uma oferta de em-prego na Euronews. Como pediam disponibilidade imediata, dirigi-me logo

à RTP e, dois dias depois, estava a caminho de Lyon.

Que funções desempenha?

Sou analista, ou seja, aprofundo a atualidade, desde as notícias mais re-levantes até à necrologia. A minha experiência no estrangeiro conferiu-me um poder de síntese muito

grande, mas tendo sempre em conta que tenho de res-peitar a lei e as culturas dos países a que as notícias se

referem. Fazer análise em dois ou três minutos com estas condições, é a coisa mais dif ícil de fazer.

Não tem saudades da gas-tronomia portuguesa?

Não, porque cozinho muito bem [risos] e a mi-nha casa está sempre cheia de amigos. Aqui em Lyon

admito que tenho uma vida social muito preen-chida.

O que é que estranha mais em França?

A falta do mar.

Ainda se lembra do seu pri-meiro trabalho jornalístico?

Sim. A primeira pessoa que entrevistei foi Ar-

mando Jorge, diretor da Companhia Nacional de Bailado, na altura, que concedeu a entrevista à estudante de direito sim-plesmente por ser da Fi-gueira da Foz e ele se ter estreado como dançari-no no casino da cidade. A minha vida de jornalis-ta ficou absolutamente ligada à Figueira da Foz, apesar de ter nascido no Hospital Militar da Estre-la, em Lisboa.

Onde iniciou a profissão?A minha vida de jorna-

lista começou num te-lhado com vista para o Rio Tejo, à conversa com David Mourão Ferreira, professor de Letras e Li-teraturas Modernas na mesma universidade em que eu estudava direito.

Perante o meu desalento, por estudar algo que não queria e não haver, ainda, cursos de jornalismo, o po-eta aconselhou-me: “Fazes como todos: dois anos num curso qualquer e um

“É em Sarajevo que vou celebrar o meu aniversário, com outros veteranos”

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diário as beiras | 21-03-2015 40 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

estágio de oito meses num jornal. Depois de ganhares tarimba, o teu coração vai guiar-te”.

E o seu coração guiou-a até à rádio…

Na Rádio Albufeira fazia um programa célebre, na época, “A moira da noite”, com música portuguesa e do mundo. A originalidade do programa estava tam-bém nas pessoas que es-colhia para entrevistar ou “passar” música, como Fer-nando Pereira, Rui Veloso, o motard e fadista Rodrigo, Carlos do Carmo, entre ou-tros, e toda a população al-garvia, incluindo a cantora Bonnie Tyler, com quem jo-gava ténis quando ela não tinha par. A festa acabou com a atribuição de alva-rás. A Rádio Albufeira era inconveniente, dava notí-cias e ensinava o ouvido do público a trautear Fausto em “Por este rio acima”…

O jornalismo veio a seguir?Sim. Fiz o primeiro cur-

so de formação geral em jornalismo, com todas as técnicas jornalísticas, e es-

tagiei no Correio da Ma-nhã. Como canto e procuro sempre a música, integrei-me no Hot Club de Lisboa e fiz várias reportagens sobre jazz. Consegui “gan-chos” na revista do Insti-tuto de Formação Profis-sional, dirigida por Bagão Félix, que me comprava artigos sobre inventores portugueses que ganha-vam prémios e outras ori-ginalidades.

Trabalhei ainda como assistente pedagógica no Centro Protocolar de For-mação Profissional de Jor-nalistas.

Posteriormente, fiz o cur-so de formação de forma-dores e um jornal na Ericei-ra, O Acontecimento, que só apresentava notícias e reportagens positivas, construtivas, mas o dinhei-ro não entrava…

Entretanto, fundou a APJJ.Sim, com a Ana Rodri-

gues. A Associação Portu-guesa de Jovens Jornalis-tas (APJJ) gerou sinergias, f inanciou projetos de formação, solidariedade, intercâmbios com univer-

sidades como a Sorbonne e jornais como o El Pais, com jovens jornalistas de 11 países da América La-

tina e Europa. E também organizámos o 1.º Con-gresso Nacional de Jovens Jornalistas no Casino da Figueira.

Faz a cobertura da Guerra dos Balcãs. Como foi?

Todas as 24 horas de todas as guerras que co-

bri são horas, minutos e segundos de histórias de sobrevivência, perdas, vó-mitos, medos vencidos. E depois da primeira guerra,

a dos Balcãs, continuei a cobrir conflitos armados em muito mundo.

Qual foi o episódio que a marcou mais?

As crianças vivas queima-das nos esconderijos? En-cenação de cadáveres para os inspetores da União Europeia? Destruição de Vukovar? Ter de pegar na câmara de um camarada checo que ficou sem braço e tinha um bebé para criar e não tinha seguro, que me pediu para o filmar? Ou ter os lobos da propagan-da de guerra a tentarem vender imagens montadas, execuções sumárias? Fa-zer de morta no meio de cadáveres ou filmar bom-bardeamentos num “Mig” de instrução? Tenho tantos episódios marcantes quan-to as saídas em bombarde-amentos, progressos em terreno com mercenários ou militares, dormidas em trincheiras, em Angola, onde acordava com cobras verdes mortais, partidas em duas, sem perceber quem me salvava a vida. Lembro-me que num dos

piores dias em Sarajevo comprei um bocadinho de água no fundo de um gar-rafão por 20 dólares, para lavar a camisa encharcada em sangue dos mutilados a quem fiz torniquetes em frente do Parlamento. Este ano, em junho, é em Sa-rajevo que celebro o meu aniversário, com outros veteranos.

Como é ser figueirense no mundo?

Ser figueirense no mun-do, para pessoas como eu, é telefonar para os Bombei-ros Voluntários da Figueira da Foz, onde fui voluntá-ria, para saber como está o ex-colega que foi para o hospital, como correu o parto na ambulância ou quem ficou naquele aci-dente noticiado. Trabalho pela Figueira fora da mi-nha redação, que transmi-te para todo o mundo em 15 línguas.

Tenciona regressar a Por-tugal?

Sim. Vou meter os papéis para a reforma, mas não vou ficar parada. | Jot’Alves

46 Anos

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Médico psiquiatra e investigador de coiMbra, tiago reis Marques trabalha há vários anos na área dasaúde Mental no instituto de psiquiatria do Kings college, eM londres

Tiago Reis Marques

b.i.Nome: tiago reis MarquesIdade: 38 anosAtividade: investigador, docente universitário e médico psiquiatraOnde vive: londresNaturalidade: coimbraCurriculum: doutorado em psiquiatria e investigador do institute of psychiatry do King´s college london; vencedor do prémio nacional de investigação em psiquiatria, icosr Young investigator award e do royal society of Medicine award

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diário as beiras | 21-03-2015 42 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Nasceu e cresceu em Coim-bra?Sim, sou um filho da cida-de, onde vivi até partir para Londres. Foi em Coimbra que cresci como pessoa e onde fiz profundas amiza-des que ainda hoje man-tenho. Coimbra tem uma dimensão muito própria, que favorece o convívio en-

tre diferentes gerações, es-tabelecendo um equilíbrio quase perfeito entre um ambiente familiar e a ex-posição a diferentes meios

típicos de uma cidade.

Quando é que se deixou fascinar pelos mistérios do cérebro?Ao longo do curso de Me-dicina fui desenvolvendo uma formação muito orgâ-nica, tentando compreen-der os sintomas e as doen-ças numa base puramente

biológica. Isto fez com que, inicialmente, não tenha entendido a psiquiatria, tinha dificuldade em a des-montar, pelo menos não

da mesma forma com que conseguia com as restantes áreas da Medicina. A psi-quiatria tinha então esse lado algo assustador, pois lida com pensamentos, emoções, personalidades, que são tão complexos que se tornam muito difíceis de desconstruir e entender as suas origens, ou seja, onde

o reducionismo biológico dificilmente se aplica.No entanto, o medo trans-formou-se em atração e desafio, pois na origem

dos sintomas psiquiátri-cos estão alterações no funcionamento cerebral, o órgão mais complexo existente no Universo. Es-tamos a falar de 80 biliões de neurónios e 125 triliões de sinapses, tudo alimen-tado a aproximadamente 20 watts. Ter a possibili-dade de dedicar a minha

vida profissional ao estudo deste órgão foi algo que se tornou tão óbvio que, ime-diatamente, percebi que era esse o caminho a seguir.

E nunca me arrependi.

No segundo ano da especia-lidade concorreu (e venceu) ao Prémio Nacional de Inves-tigação em Psiquiatria com um trabalh o sobre a disfun-ção sexual em doentes com patologia psicótica. Em que consistiu esse estudo?Foi um estudo muito sim-

ples, tentando compre-ender o porquê da dis-função sexual existente nestes doentes, se era um fator intrínseco à doença

ou secundário à medica-ção. Conseguimos perceber que, apesar da medicação ter efeito nalgumas fases da resposta sexual, parte da disfunção devia-se à própria doença. Anos mais tarde repeti esse estudo em Londres, avaliando indiví-duos numa fase precoce da sua doença e que não se

encontravam a tomar me-dicação. Obtive os mesmos resultados e publiquei um artigo num importante jornal de psiquiatria, que

“Têm sido anos fantásticos e de grande crescimento pessoal e profissional”

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mudou a forma como se entende a disfunção sexual nas doenças psicóticas.

Graças a esse estudo foi para o Institute of Psychiatry do King ´ s College London. Como tem sido esse percur-so?O prémio consistiu em pas-sar três meses no Institu-te of Psychiatry do King´s College London, o maior e mais prestigiado Instituto de investigação em psiquia-tria da Europa e este ano classificado como o segun-do melhor do mundo, atrás de Harvard. Cheguei ao instituto num momento perfeito, em que se iniciavam projetos envol-vendo centenas de doentes, combinando dados genéti-cos com imagiológicos. Tive a sorte e a oportunidade de trabalhar com uma lenda da psiquiatria mundial, Sir Robin Murray, que no final dos três meses me convi-dou a ficar e me ofereceu a possibilidade de fazer o doutoramento. Tornou-se uma oportunidade única, que me levou a mudar de-finitivamente para Londres. Após concluir o doutora-

mento continuei a fazer investigação, já com uma posição académica na uni-versidade, onde preencho o meu dia entre estudos, escrita de artigos, aulas, orientações de teses, etc. Tive novamente a sorte de ter obtido financiamento para projetos de grande di-mensão, colaborando com universidades nos EUA, e consegui publicar artigos que ajudaram a avançar o conhecimento sobre as do-enças mentais. Recentemente, comecei a trabalhar simultaneamente no Imperial College, uma prestigiada universidade de Londres, num centro de imagiologia cerebral, e neste momento tenho a feliz oportunidade de es-tar contratado pelas duas maiores universidades lon-drinas na área da Medici-na. Os recursos existentes neste momento ao dispor da equipa com a qual tra-balho são imensos e, nos próximos anos, vamos de certeza contribuir para uma melhor compreensão das doenças psiquiátricas. Têm sido uns anos fantásticos e de grande crescimento pes-

soal e profissional.Quais são os projetos em que está a trabalhar agora?Neste momento a maior parte do meu tempo é pas-sada a descobrir novos al-vos terapêuticos, ou seja, potenciais locais onde no-vos medicamentos poderão atuar. Para isso utilizo uma tecnologia chamada PET – Tomografia de Emissão de Positrões – onde através da injeção de uma substância radioativa conseguimos “iluminar” no cérebro zo-nas de interesse, tais como recetores cerebrais. Utili-zando esta mesma técnica, estudo também a inflama-ção cerebral, algo que há poucos anos era totalmente desconhecido. Sabe-se hoje que em muitas doenças ce-rebrais, desde o Alzheimer à depressão, há inflamação cerebral associada. É algo a que, recentemente, dedico uma parte do meu tempo, procurando perceber a sua dimensão, como contribui para os sintomas e de que forma a conseguimos re-duzir. Por fim, continuo também a procurar com-preender alguns fatores de risco para doença mental,

tal como stress e o uso de drogas como a cannabis, e de que forma estes atuam e provocam danos cerebrais.

Para além dos estudos labo-ratoriais, ainda dá consultas de psiquiatria? Onde?Sim, dou consultas de psi-quiatria no maior hospital de Londres, no tratamento de doenças mentais, cha-mado Maudsley Hospital, onde trabalho numa con-sulta especializada em casos resistentes aos trata-mentos convencionais.Para além destas consultas no sistema público, tenho também um consultório em Harley Street, a rua por excelência da medicina privada em Londres. Nos últimos anos, vários por-tugueses contactavam-me para pedidos de consultas, o que fez com que passasse a deslocar uma vez por mês a Lisboa e a Coimbra, onde vou dar consultas e segun-das opiniões médicas.

O que gosta mais de fazer? Ser investigador, ser docen-te, ou do contacto com os doentes?Essa é uma pergunta difícil

de responder, pois gosto de todas essas atividades, em-bora cada um deles tenha as suas vantagens e desvanta-gens. Enquanto docente, só dou aulas a alunos de mes-trados, o que se torna um ensino muito mais especia-lizado, mas também muito estimulante. A investigação traz uma recompensa de longo prazo, mas também pode ser muito frustrante, devido aos seus insucessos e lentidão. Por fim, o contac-to com os doentes permite uma recompensa rápida, pelas melhorias que se al-cançam num curto prazo de tempo. Não há melhor recompensa que tratar um doente, é algo que qualquer médico pode confirmar. Neste momento, não me vejo a abdicar totalmente de nenhum destes, embora a carga horária que atribua a cada uma destas ativida-des possa, obviamente, vir a variar.

Tem saudades de Coimbra? De que sente mais falta?Sim, tenho claramente saudades de Coimbra e de Portugal. Obviamente que o que sinto mais falta é da

família e dos amigos que aí deixei. Apesar de não ser de todo saudosista, tenho tam-bém ótimas recordações do meu tempo universitário em Coimbra, quando fiz amizades para a vida. Numa dimensão mais material, te-nho saudades de uma noite de verão no Quebra-costas. A Alta de Coimbra é algo mágico e tem sempre um espaço a descobrir.

Tenciona voltar um dia para Portugal, definitivamente?Vim para Londres por três meses e passaram-se entre-tanto oito anos. Deixei de tomar decisões definitivas e passei a ter horizontes temporais mais curtos. Por agora vou ficar em Londres mais uns anos, mas gos-to de pensar que poderei regressar num futuro não muito distante. Queria, no entanto, poder contribuir para que Portugal pudesse sair da crise em que está. É esse o meu sentimento e também o de muitos por-tugueses com quem estou em Londres. Talvez venham a criar-se condições para muitos poderem voltar. | Patrícia Cruz Almeida

diário as beiras | 21-03-2015 44 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

A vida levou-o para lon-ge da cidade onde estu-dou, mas Cláudio Schulz não esquece os tempos em que chegou a ser pre-sidente da Assembleia Magna da Associação Aca-démica de Coimbra e em que frequentou a Orxes-tra Pitagórica.

Corria o ano de 2004, numa época em que os projetos para o futuro eram ainda tão incertos. Hoje, com 35 anos, o an-tigo dirigente associati-vo que foi estudante de Engenharia de Minas na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universida-de de Coimbra, natural de

Tomar, é um empresário de sucesso em Madrid.

A aventura na terra de “nuestros hermanos” teve início em 2006, altura em que Cláudio Schulz foi para Espanha fazer uma formação no software de gestão de empresas SAP. “Acabei por ter ofertas de trabalho e fiquei. Como as coisas em Portugal já não andavam muito bem e a diferença de salário era considerável, decidi arriscar”.

E em boa hora o fez . Nesse ano desempenhou f u n ç õ e s d e c o n s u l t o r certificado em SAP em diferentes organizações, nomeadamente, na In-formática El Corte Inglês

(IECISA), uma das maiores consultoras informaticas de Espanha. No entanto, Cláudio Schulz quis ir mais longe e, em 2011, juntamente com o irmão (também antigo estudan-te de Coimbra) e as res-petivas namoradas, deu início a um projeto seu.

Take away de comida típica portuguesa

G r a ç a s a u m a p a r c e -ria com o Rei dos Fran-gos, com sede em Leiria, Cláudio e o irmão Carlos (master em Comércio In-ternacional), Sónia Gre-gório (psicóloga) e Lúcia C a r v a l h o ( c o n s u l t o r a

MediaNet) abriram o res-taurante “Frangus”, um conceito take away de co-mida típica portuguesa, especializado em frango e bacalhau na brasa, mas que vende também outros produtos de marcas por-tuguesas, como vinhos, cervejas, sumos ou pastéis de nata.

E m 2 0 1 1 a b r i u d u a s lojas em regime de take away e, em 2012, um res-taurante em pleno centro de Madrid.

O empenho e espírito empreendedor acabariam por ser reconhecidos nes-se mesmo ano: a parce-ria estabelecida entre as churrasqueiras Rei dos Frangos e Cláudio Schulz

representou para o jovem a distinção com o Prémio Empreendedorismo Ino-vador na Diáspora Por-tuguesa, atribuído pela COTEC Portugal.

O prémio, entregue pelo Presidente da República, Cavaco Silva, visa premiar e divulgar publicamente cidadãos portugueses que se tenham distinguido pelo seu papel empreen-dedor, inovador e respon-sável nos países de acolhi-mento e que constituam exemplos de integração efetiva nas corresponden-tes economias. Mais tarde, o seu irmão seria também finalista do Prémio Em-

preendedor Jovens AJE M a d r i d , n a e d i ç ã o d e 2012, devido ao Frangus em Madrid.

Nova empresa em consultoria informática

Ta m b é m n o f i n a l d e 2012, surgiu a possibi-lidade de criar uma em-presa que se dedicasse a serviços de consultoria informática especializada no software SAP, a Sapco-re. A empresa dedica-se à consultoria de tecnologia, serviços profissionais, for-mação e outsourcing.

“No ano passado, ini-ciamos um processo de expansão internacional desta empresa e, atual-mente, temos delegações

De Espanha vêm também bons ventos. E ótimos negócios

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b.i.Nome: Cláudio schulzIdade: 35 anosAtividade: sócio adminis-trador na frangus Madrid e na sapcoreOnde vive: MadridNaturalidade: tomarCurriculum: licenciado em engenharia de Minas na faculdade de Ciências e tecnologia da universidade de Coimbra

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diário as beiras | 21-03-2015 46 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

na Venezuela, no Panamá, e re-centemente no Estados Unidos. Já estamos a iniciar os nossos primeiros projetos internacio-nais”, conta.

Devido a este novo desafio, é o irmão Carlos que agora está responsável pela gestão, a tempo inteiro, do Frangus, enquanto Cláudio gere a Sap-core.

Para Cláudio Schulz, e para o irmão Carlos e a emigração não é algo de novo: também o pai de ambos rumou, em tempos, para a Venezuela à procura de melhores oportunidades. An-tes, já os avós tinham emigrado para Moçambique. No entanto, para estes irmãos, o facto de viverem ao lado de Portugal faz com que não se sintam tão longe do país onde cresceram.

Jovens Empreendedores Portugueses

Ainda assim, os dois funda-ram, juntamente com outros três amigos, um centro de apoio a jovens portugueses que pretendem dar início a novos projetos em Espanha. O JET (de “Jovens Empreendedores Por-tugueses”) quer juntar jovens, ideias e empreendedores.

“Queremos dar a conhecer oportunidades em Espanha e

ajudar a quem quer montar negócio. Já tivemos iniciati-vas muito interessantes, desde conseguir reunir investidores portugueses com projetos num mesmo encontro, passando também por dar a conhecer questões legais da criação de uma empresa em Espanha”, afirma Cláudio Schulz.

Bons ventos e bons negócios De Portugal, diz sentir falta

do “excelente clima, da ex-celente cultura, da excelente gastronomia”. “Só é uma pena a situação económica do país”, diz. E lamenta que, por cá, con-tinue a reinar a autocrítica ne-gativa, o lamento, o medo de arriscar.

“Uma vez li sobre as quatro perguntas que um empreende-dor se deve fazer regularmente: Porquê? Porque não? Porque não eu? Porque não agora?”, afirma. Por isso, apesar das saudades, não pensa voltar em breve. “Talvez um dia, quem sabe, mesmo antes da refor-ma”, afiança.

Até lá, pretende continuar a somar sucessos. É que do país vizinho, ao contrário do que diz o provérbio , “vêm também bons ventos”. E ótimos negó-cios. | Patrícia Cruz Almeida

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 47

Raquel SaRaiva naSceu em coimbRa, em 1989. a paixão pela múSica levou-a até munique, uma daS cidadeS com maioR atividade cultuRal do mundo

Raquel Saraiva

db-carlos Jorge monteiro

b.i.Nome: Raquel SaraivaIdade: 25 anosAtividade: FagotistaOnde vive: alemanhaNaturalidade: coimbraCurriculum: Fagotista e con-trafagotista da orquestra do Gärtnerplatztheater em mu-nique, licenciada em ensino Superior de música, variante fagote, na eSmae, com 19 valores; premiada em vários concursos nacionais e inter-nacionais

Emprego Jovem Ativo

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diário as beiras | 21-03-2015 48 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Como é que iniciou o seu per-curso pela música?Iniciei os estudos musicais com o professor Virgílio Caseiro. Segui, com nove

anos, para o Conservatório e escolhi o fagote por ter gostado do som. Optei por seguir música com 14 anos.

Quando é que foi para a Ale-

manha?No 3.º ano do curso. Decidi fazer Erasmus na Alema-nha, na Musikhochschule, de Lübeck. No fim desse

ano, voltei a Portugal para fazer os exames finais, e fui classificada com 19 valores. Depois, concorri à Bolsa de Estudo de Aperfeiçoamen-to Artístico da Fundação

Calouste Gulbenkian, que permitiu dar continuidade aos estudos em Lübeck e ingressar no mestrado no ano seguinte. Já como alu-

na de mestrado, consegui, também através do pro-grama Erasmus, estudar na The Norwegian Academy of Music, em Oslo com um dos mais conceituados pro-

fessores e solistas de fagote a nível mundial (Dag Jen-sen). Nesse ano, tive de me desdobrar entre Noruega e Alemanha, já que ganhei

um lugar de academista na Orquestra Sinfónica de Rádio SWR de Stuttgart, onde, para além de ter a oportunidade de tocar na orquestra ao lado de solis-

tas de renome, fui acompa-nhada pelos fagotistas da orquestra que me prepara-ram para provas a lugares fixos em outras orquestras.

Ali, aperfeiçoei–me, princi-palmente, no contrafagote, instrumento ao qual não tinha dado muita impor-tância até à data. Foi assim que ganhei o lugar de 2.º

Fagote e Contrafagote na Orquestra do Gärtnerplat-ztheater em Munique, onde me encontro atualmente em ano de experiência. Pa-ralelamente aos estudos, fiz cursos de aperfeiçoamento instrumental com muitos fagotistas do panorama internacional, e integrei conceituadas orquestras de jovens a nível mundial (Orquestra de Jovens da união europeia, Gustav Mahler Jugend Orchester...) Tenho tido também uma prestação assídua em con-cursos tanto internacionais como nacionais. Na música não basta ter um diploma de curso; dado que, para qualquer emprego, temos de prestar provas e ganha o melhor naquele momen-to, é preciso estudo diário, aperfeiçoamento contínuo e contacto com o panorama musical a nível internacio-nal.

Quais são os projetos em que está a trabalhar agora? Neste momento, estou a terminar o mestrado e es-tou em ano de experiência da orquestra do Gärtner-platztheater. Se passar este

“Gostava de voltar a um Portugal que desse valor ao meu trabalho”

O Município de Góis felicita o Jornal “As Beiras” pelo seu 21º Aniversário.

Congratula-se e enaltece o trabalho desenvolvido pelo Diário Regionalista na promoção e divulgação do Concelho de Góis.

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ano de experiência, terei um contrato assalariado vitalício na orquestra. No entanto, não quero que a minha evolução termine aos 25 anos e, como tal, tenciono continuar a estu-dar e a aperfeiçoar-me no fagote fazendo mais mas-terclasses com professores e músicos de renome e, se surgir a oportunidade, fa-zer mais concursos já que um concurso é uma das me-lhores oportunidades para evoluirmos. Para mim, os concursos são uma supera-ção pessoal: lutamos mais pelo aperfeiçoamento téc-nico e musical e é na fase de preparação que realmente ganhamos o maior prémio. A classificação final a nível musical pode, no entanto, ser díspar nas opiniões do júri pois, tal como Debussy disse, “na música não há te-orias... A regra é o prazer!”. Além disso, espero conti-nuar a poder atuar e fazer recitais, principalmente em Portugal.

Porque resolveu sair de Coimbra? Sair de Coimbra foi um ponto claro desde o prin-

cípio. Os estudos musicais na cidade não vão além do ensino secundário no Conservatório de Música de Coimbra. Sair de Portu-gal acabou por ser também um objetivo claro dado que, apesar de termos um ensino musical muito bom e professores que se equi-param aos professores das grandes escolas, não temos mercado de trabalho. É uma pena que neste momento tenhamos uma geração de músicos de talento que têm carreiras extraordinárias lá fora e que em Portugal mal sejam conhecidos. O meu sonho sempre foi tocar em orquestra mas, infelizmen-te, o número de orquestras das quais se pode viver, é mínimo. Talvez haja uma vaga para fagote em Portu-gal, na melhor das hipóte-ses, a cada 10 anos. É uma limitação muito grande para quem quer seguir música. Quanto a concer-tos a solo, também não é solução em Portugal já que não existe programa cultu-ral nem público que possa dar possibilidades aos jo-vens talentos. Infelizmente, Portugal, em parte dado à

sua localização geográfica, sempre esteve muito atrás do centro da Europa, em termos culturais. No entan-to, tem-se registado uma evolução nos últimos anos e tenho esperança que um dia a música e as artes em Portugal sejam vistas como um bem essencial e não apenas como um luxo ou uma diversão. Ainda hoje os portugueses continuam a olhar para o curso de mú-sica com algumas reservas, como uma opção extracur-ricular e isto, deve-se à fal-ta de informação e cultura neste país. Um músico na Alemanha tem o mesmo es-tatuto que um médico em Portugal. É este passo que nos falta dar, o entender que a música e a arte são um bem para a alma e que nesta profissão é preciso um trabalho árduo diário e contínuo.

Tem saudades de Coimbra? Gosto muito de viver na Alemanha, mas claro que sou portuguesa de corpo e alma e por vezes as sauda-des apertam. No entanto, vou a Portugal com bas-tante frequência quer por

motivos profissionais, quer pessoais. Por exemplo, dia 13 de maio farei um recital para a Antena 2 e também em maio darei um curso de aperfeiçoamento ins-trumental em Aveiro. Por vezes, também toco como reforço na Orquestra Gul-benkian e faço parte da Or-questra XXI, uma orquestra recente, formada apenas por músicos que estudam ou trabalham no estrangei-ro, dando-lhe a oportuni-dade de voltar a atuar “em casa”. Acho extremamente importante manter o con-tacto com o meu país.

De que sente mais falta? Talvez seja da Língua Por-tuguesa. Embora fale bem alemão que é, neste mo-mento, a minha segunda língua, a verdade é que o Português é, e sempre, será a minha língua materna. O que me torna mais próxima de casa e da nossa cultura, é o expressar a nossa língua, o nosso português.

Tenciona voltar um dia para Portugal, definitivamente?Gostava muito de um dia voltar a Portugal... Creio

que é esse o meu maior e último sonho. Sou apaixo-nada pelo meu país, ape-sar de estar fora há cinco anos. Mas gostava de voltar a um Portugal diferente, a um Portugal que desse va-lor ao meu trabalho, tal como me é dado na Ale-manha e com as mesmas condições de trabalho que tenho lá. Espero não estar a ser idílica, mas creio que um dia será possível. Tenho muita esperança no nosso país, até porque depois da tempestade vem sempre a bonança e não pode tudo continuar mal. Penso que, na minha área, com a gera-ção de talento que temos, poderá haver uma grande mudança que nos dará a hipótese de termos em Por-tugal mais oportunidades culturais.

Que conselho dá aos jovens aspirantes a músicos?Que trabalhem muito e te-nham sempre os horizontes muito abertos. O mundo está cada vez mais compe-titivo e o mercado de tra-balho (em todas as áreas) é cada vez mais exigente. É preciso sermos os melhores

naquilo que fazemos e ter-mos o espírito aberto a ou-tras áreas que possam estar interligadas com o nosso trabalho. Um músico é um artista... Não deve apenas dedicar-se à música. Deve ler, apreciar pintura, saber história, dança e outros ti-pos de arte. Só assim pode-mos de facto fazer música. Sem nunca esquecer, claro, o estudo do instrumento como a primeira chave para o sucesso. Há que estudar horas a fio, pois é necessá-rio 90% de trabalho, 5% de talento e 5% de preparação mental. Por vezes, desvalo-rizamos esta parte mas ela é extremamente importante, dado que estamos em cons-tante pressão psicológica, seja num palco num con-certo para público como em provas ou audições. Winston Churchill dizia que “o êxito é aprender a ir de fracasso em fracasso sem desesperar” e é aqui que entra a preparação mental. Um fracasso não é um fim: é apenas uma inter-rogação sobre o que correu mal e um indício sobre o caminho certo a percorrer. | Patrícia Cruz Almeida

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diário as beiras | 21-03-2015 50 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

A suA invenção de umA espécie de Adesivo pArA tApAr burAcos em tecidos do corAção de criAnçAs vAleu-lhe o recolhecimento internAcionAl, A que A revistA forbes esteve AtentA, pArA lhe dAr grAnde destAque.

Maria José Nunes Pereira

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b.i.Nome: maria José nunes pereiraIdade: 29 anosAtividade: investigadoraOnde vive: parisNaturalidade: coimbraCurriculum: tem mestrado integrado em ciência farmacêuticas, coimbra, e doutoramento em sistemas de bioengenharia, programa mit-portugal. trabalhou nos euA, mas agora esta na start-up gecko, em paris.

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 51

111 Foi nomeada pela revista Forbes para integrar uma lista de 30 talentos mundiais de grande poten-cial, por setor de atividade. Entre os portugueses, só Cristiano Ronaldo e Vhils

foram nomeados.

Como recebeu esta notícia?Com surpresa, claro. É

uma grande honra receber esta distinção e um impor-tante reconhecimento do trabalho que foi desen-volvido até ao momento. É também uma fonte de motivação para continuar

a trabalhar nesta tecnolo-gia e no seu potencial, para melhorar a qualidade de vida de pacientes em todo

o mundo.Espero sinceramente que

também possa servir como fonte de inspiração para os jovens portugueses que procuram todos os dias ir mais além.

O que considera que terá alertado os responsáveis da revista para o seu trabalho?

O impacto que esta tec-

nologia pode ter na forma como as cirurgias são actu-almente conduzidas e o seu carácter inovador

Qual é a sua formação e es-pecialização académica?

Mestrado integrado em Ciência Farmacêuticas, Coimbra – Portugal e dou-toramento em Sistemas de

Bioengenharia, Programa MIT-Portugal.

Como desenvolveu o protó-tipo do adesivo de tecidos humanos ativado por luz?

Esta tecnologia surgiu

através de uma colabo-ração altamente multi-disciplinar que envolveu cientistas, engenheiros e

médicos. A necessidade clí-nica deste tipo de materiais foi identificada pelas equi-pas do Boston Children’s Hospital e do Brigham and Women’s Hospital. Foram feitos diversos estudos até ao momento, desde a opti-mização da química do ma-terial para promover a sua performance até estudos pré-clínicos em modelos animais.

O que é este projeto?

Enquanto aluna de dou-toramento do MIT Por-tugal contribuí para o desenvolvimento de um novo adesivo que funciona como uma cola que permi-te reparar mais facilmente defeitos cardiovasculares que afectam seis bebés em cada 1000 nascimentos. Esperamos que este adesi-vo formado por um novo biomaterial simplifique consideravelmente o pro-cesso de reparação e reduza a necessidade duma inter-venção cirúrgica invasiva nos primeiros tempos de vida. Ao contrário dos ou-tros materiais, a tecnologia deste material permite-lhe aderir fortemente ao tecido

“Gosto tanto do que faço que muitas vezeso trabalho se mistura com lazer”

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diário as beiras | 21-03-2015 52 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

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e resistir à constante pressão exercida num órgão, como o coração, em pre-sença de sangue.

De que forma foi possível desenvolver os seus estudos no estrangeiro: contou com apoio da família ou foi através de bolsas?

Tive uma bolsa de doutoramento através da Fundação para a Ciência e Tecnologia e do programa MIT Por-tugal que cobriu os custos dos meus estudos no estrangeiro.

Sendo tão jovem, a sua “rápida ascen-ção” só foi possível com dedicação ao trabalho, ou também contou com mo-mentos de lazer ao longo de todo este percurso?

O balanço é o ideal para o sucesso. Tem que haver tempo para tudo e pai-xão por aquilo que se faz. Admito que gosto tanto do que faço, que muitas vezes o trabalho se mistura com lazer.

Quais são os seus gostos de tempos livres?

Viajar! E tenho a sorte de o meu trabalho também o proporcionar. Quando se faz ciência e inovação, é necessário ter os olhos bem abertos para todo o mundo.

Está bem adaptada a viver fora de Por-tugal, ou sente falta de algo do país?

Hoje em dia o mundo já é dema-siado pequeno e globalizado. Claro

que gosto de voltar sempre a Portu-gal para estar com amigos e família, mas a rede que estou a construir fora de Portugal e a oportunidade de co-nhecer (e aprender) com culturas diferentes é muito gratificante. É sem dúvida uma experiência única de crescimento pessoal.

O que significa ser responsável pela pipeline de Tecnologias de Adesão na start up francesa Gecko Biomedical, em Paris?

Sou responsável por toda a área de investigação na Gecko Biomedi-cal para desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações médicas. Sou também responsável pela iden-tificação de novas tecnologias com potencial para passarem do meio académico para o meio industrial e coordenar este processo.

Com o financiamento garantido para desenvolver o seu projeto, prevê ficar na Gecko nos próximos anos?

Quem sabe.

Como vê a sua vida futura profissional?Espero continuar a trabalhar em

tecnologias inovadoras e com im-pacto na sociedade e de promover a sua translação para que estejam dis-poníveis para todos. E para tal, nada mais gratificante do que trabalhar e construir uma start up. | António Rosado

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Maria José Nunes PereiraMIT Technology Review

21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 53

Miguel NuNo exerceu duraNte duas décadas fuNções políticas eM paralelo coM a vida profissioNal, Mas “a certa altura, a recoMpeNsa do coNtributo para a causa pública é iNsuficieNte”.

Marcelo Nuno

b.i.Nome: Marcelo Nuno gonçalves pereiraIdade: 46 anosAtividade: gestorOnde vive: luandaNaturalidade: coimbraCurriculum: foi tesoureiro da aac enquanto frequentou a faculdade de economia da universidade de coimbra. assumiu fonçoes de gestão em empresas de coimbra, nomeadamente a Águas de coimbra, enquanto foi presidente da comissão distrital do psd. gere agora um grupo de empresas em luanda

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diário as beiras | 21-03-2015 54 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Como surgiu a possibilidade de ir trabalhar para Angola?

Através de um proces-so de contratação (“hea-dhunting”) levado a cabo por uma multinacional, parceira do grupo econó-

mico para o qual trabalho. Respondi ao convite para preenchimento do lugar e fui passando por várias

fases/etapas de um longo processo de recrutamento e seleção.

No final, ficamos um gru-po muito restrito de “elei-tos” e, por fim, acabei por ser selecionado. Depois

iniciou-se um processo de negociação que acabou quase um ano depois de ter começado o recruta-

mento/seleção.

Em Coimbra já exercia cargo de direção numa empresa, que motivações o fizeram viajar?

Exercer funções de gestão

numa empresa púbica é altamente desgastante e, frequentemente, desani-mador. O quadro de mais

elementar racionalidade com base na qual se devem tomar as decisões é, vezes demais, distorcido por fatores de outra ordem, que pouco ou nada con-tribuem para salvaguardar

o interesse dessas institui-ções e, consequentemente, o interesse público. Esses fatores sobrepõem-se ve-

zes demais à racionalidade com base na qual se devem tomar decisões de gestão.

Fui resistindo aos convi-tes que tive, procurando honrar o compromisso que assumira para dirigir

a Águas de Coimbra, mas fui ficando cada vez mais farto de exercer funções na dita “esfera pública”.

Ansiava, cada vez mais, retomar a minha carreira profissional.

Acresce que, sob o ponto de vista material/financei-ro, esta opção é altamen-te penalizadora, pelo que

achei a dada altura que já tinha dado contributo sufi-ciente para a “causa públi-ca” e que tinha também o

“A diferença de remuneração entre o setor privado e público foi sempremuito significativa”

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 55

direito (e o dever) de zelar pela minha família. A di-ferença de remuneração entre a minha atividade no setor privado e no se-tor público foi sempre, no meu caso, muito significa-tiva, pelo que a opção por estar no setor público pre-judica muito, sob o ponto de vista material, os meus filhos.

A certa altura, a com-pensação que resulta de estamos a dar o nosso melhor contributo para a causa pública torna-se in-suficiente. Sobretudo num país em que tanta gente anda “de dedo em riste” a exigir e a criticar, mas em que tão poucos se dignam “mexer uma palha” em prol do interesse público.

O desafio que acabei por abraçar pareceu-me alta-mente aliciante – quer sob o ponto de vista profissio-nal, quer sob o ponto de vista material.

O desafio e, com certeza, também a remuneração, compensa ter deixado o seu país-natal?

No mundo cada vez mais globalizado e competitivo

em que vivemos, qualquer pessoa que ambicione a sua realização profissional (e, eventualmente, mate-rial) tem que estar pre-parada para deixar a sua terra-natal. A globalização de que resultam constan-tes deslocações de pesso-as por todo o mundo (e os cada vez mais intensos movimentos migratórios) farão com que, a breve tre-cho, o conceito de “home-land” seja cada vez mais esbatido (para não dizer irrelevante).

Como foi resolvido o pro-blema do afastamento fa-miliar?

Esse é um problema que não se resolve. Atenua-se com as modernas tecnolo-gias de comunicação e com passagens mais frequentes (ainda que fugazes) por Portugal, por razões que se prendem com a tal glo-balização dos negócios e da atividade empresarial.

No entanto, faz parte da vida e as próximas gera-ções vão, seguramente, ter que estar mais preparadas para essa realidade.

Em todo o caso, esta é,

obviamente, a parte mais dif ícil da opção que tomei.

Durante muitos anos con-ciliou a sua atividade pro-fissional com a política em Portugal? Tens saudades dessa prática política?

Não! Apesar do enorme esforço que fiz por con-ciliar as duas, a primeira saiu sempre prejudicada pela segunda, com sérios prejuízos para mim e para a minha família.

Tenho, contudo, sauda-des das pessoas com quem fiz amizade. Tenho sauda-des de muitos/as dos que fizeram esse caminho co-migo e que, de uma forma ou de outra, me marcaram ao longo do meu percurso pessoal e político.

É preciso uma persona-lidade forte e capacidade de resistência para abraçar estes desafios profissionais internacionais?

É preciso, antes de mais uma enorme capacidade de adaptação. Num mun-do em constante e vertigi-nosa mudança, quem não tiver capacidade de adap-tação à mudança não tem

hipótese de sobreviver. Depois, num contexto

adverso e cada vez mais exigente e competitivo, é fundamental ter compe-tência e atitude.

O meu sucesso profis-sional depende do meu desempenho e este é ava-liado pelos patrões (inves-tidores) em função dos re-sultados que as empresas que dirijo conseguirem alcançar. Não há truques nem desculpas. Ou conse-guimos, ou não consegui-mos alcançar/superar os objetivos.

Sem a necessária prepa-ração e muita determina-ção não é possível vencer desafios mais exigentes.

Como são passados os tem-pos livres em Luanda?

Não tenho muito tempo livre. Não ter a família por perto, torna-nos mais dis-poníveis (e concentrados) para o trabalho e nem pen-samos muito nos tempos livres.

Em todo o caso, procuro fazer muito exercício f ísico (como já fazia antes de vir para cá) e, com frequência, uso a piscina do condomí-

nio onde vivo.

O convívio dos portugueses que aí estão a trabalhar é em grupos restritos, ou mais multicultural?

Creio que tende a ser mais “fechado” na sua pró-pria comunidade, mas não sou grande especialista na matéria, porque não tenho propriamente uma vida social muito preenchida.

Que expetativas tem de prosseguir a sua carreira em Angola?

Enquanto me sentir pro-fissionalmente realizado – e sinto! – não tenciono mudar. O Grupo que dirijo tem um enorme potencial de crescimento e isso tor-na ainda mais aliciante o que estou a fazer. Sinto-me enormemente motivado e realizado.

Acresce que o fundador e principal investidor do Grupo é uma pessoa de enorme integridade pes-soal/moral e com uma excecional capacidade de trabalho e de liderança, com a qual tenho apren-dido muito e com cujo exemplo e competência

me tenho valorizado pro-fissionalmente.

Sinto que o meu con-tributo faz a diferença e estou, portanto, comple-tamente comprometido com este Grupo e com os objectivos que traçamos para os próximos anos.

Outros desafios internacio-nais podem ser equaciona-dos ou prevê o regresso a Portugal?

O Grupo está a estrutu-rar-se de forma a suportar o forte crescimento espe-rado para os próximos anos. Parte relevante desse crescimento passa por par-cerias internacionais que tenho ajudado e negociar e estabelecer.

Como disse anterior-mente, os negócios e a atividade empresarial são cada vez mais globaliza-dos, embora se faça cada vez menos negócio com empresas e empresários portugueses.

Tenho saudades de mui-tas coisas no nosso país, mas não tenho, no meu ho-rizonte temporal mais pró-ximo, previsto o regresso a Portugal. | António Rosado

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diário as beiras | 21-03-2015 56 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Como é que surgiu o gosto pelo surfe?O surfe surgiu na minha vida quando tinha 15 anos e desde o primeiro dia que soube que era ali no mar o meu lugar. Cresci como surfista nas ondas da Fi-gueira da Foz (um surfista de Coimbra). Mas desde cedo comecei a viajar e aos 20 anos fui para a Nova Ze-lândia por meses . Desde aí nunca mais parei. Fui cam-peão nacional em 2008, e obtive a minha primeira nota 10 num campeona-to de Tubos na pesada e

perigosa onda de Puerto Escondido no México.

Porque decidiu ir para Goa? Como durante o inverno o iSurf só abre ao fim de semana e o meu filho [20 anos] pode conciliar o surfe na Figueira com os estudos em Coimbra [Fa-culdade de Economia da Universidade de Coimbra], decidi aceitar o desafio lançado por um amigo de infância que casou lá e tem vários negócios em Goa.

E quando foi?Estou em Goa, desde de-zembro, com a minha companheira, a gerir uma escola de surfe e um Surfe Camp. Depois ainda ten-ciono ir um mês ao Sri Lanka. De junho a outubro, estou de volta à Figueira da Foz ao iSurf Academy na praia do Cabedelo. Para o próximo ano devo ficar mais dois meses a ge-rir o Surf Camp.

Gostaria de viver os 12 meses do ano no verão para o resto da minha vida

EURICO GONÇALVES, 45 ANOS, NASCEU EM ANGOLA. ESTÁ EM GOA, ÍNdIA, A GERIR UMA ESCOLA dE SURFE. POR TERRAS LUSAS, O CORAÇÃO dIVIdE-SE ENTRE A “CIdAdE dOS ESTUdANTES” E AS ONdAS dA FIGUEIRA dA FOZ

Márcio Oliveira

Eurico Gonçalves

b.i.Nome: Eurico GonçalvesIdade: 45anosAtividade: Surfe, projetos na esfera do associativismo, ligados ao surfeOnde vive: Goa, ÍndiaNaturalidade: AngolaCurriculum: Campeão na-cional de longboard nacio-nal em 2008, é responsável pelo retorno do WQS 6 * en-tre outros eventos de surfe de prestígio para a Figueira da Foz e em 2009 integrou a primeira pós graduação em surfe pela Universidade de Lisboa (FMH-UTL)

21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 57

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Cumprimentamos e Felicitamos o DIÁRIO AS BEIRAS

pelo seu 21.º Aniversário

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Gostaria de viver os 12 meses do ano no verão para o resto da minha vida

Mantém o surfe como a sua área de atividade?A minha área é o surfe. Aí [Portugal] ou aqui [Índia] foi, é e será sempre o sur-fe. Por gosto, mas também porque cada vez mais este setor consegue propor-cionar uma opção de vida viável.

Mas tinha outros projetos em Portugal?Sim. Fazia e ensinava surfe [Figueira da Foz] e estava ligado a vários projetos na esfera do associativismo a partir do surfe. Ligações

que vou mantendo, por-que mesmo à distância mantenho um contacto muito próximo.

Como é que a família e ami-gos estão a reagir?Ficaram com saudades, mas não estranharam esta minha decisão porque já os fui habituando com outras ausências. Tenho viajado bastante e já pas-sei longas temporadas a trabalhar fora do país pelo que esta situação já não é nova.

Foi difícil a integração?De um modo geral e com a ajuda do Gonçalo Mor-na [amigo de infância] foi uma integração pacífica e natural. O facto da minha vida ser na praia com o surfe e esse ser o meu lu-gar, aqui ou em qualquer parte do mundo, sinto-me sempre em casa. É a minha praia, como se costuma di-zer.

E as pessoas gostam? Quem o procura?As aulas são, sobretudo, para turistas ainda que tenha muito orgulho nos meus alunos indianos. São poucos. Têm uma enorme curiosidade e vontade de aprender. Atualmente, estamos em conversação com o Governo para ex-plorar a possibilidade de uma maior integração do surfe.

Que diferenças encontrou na Índia?A maior começa logo pela

q u e s t ã o d e m o g r á f i c a . Num país onde a popula-ção já ultrapassou o bilião de habitantes há bastante tempo, cria algum impac-to à chegada. Depois o trânsito é caótico, muito lixo e animais de gran-de porte (vacas, búfalos, entre outros) a tomarem conta das ruas.

Do que sente falta? Da família, dos amigos e das belas ondas da Figuei-ra da foz. Mas também me faz falta o bacalhau e todas aquelas pequenas coisas, quase insignificantes, de que só nos apercebemos quando não as temos.

A moda à volta da Nazaré pode ajudar a promover a modalidade. A Figueira da Foz tem as mesmas condi-ções para a prática? À Figueira da Foz falta es-tratégia e vontade políti-ca para a construção de um produto sustentável,

numa atividade que já é uma das que mais impacto tem no turismo do nosso país. Falta a coragem para apostar num nicho de mercado dentro do surf, como se fez na Nazaré.

Pensa voltar a Portugal ou pretende continuar em Goa?Sim, quero voltar, mas só pretendo chegar com o bom tempo. Quero evi-tar as chuvas da monção em Goa e também o frio do inverno em Portugal. Gostaria de experimentar

viver os 12 meses do ano no verão.

Pela sua experiência, como vê a prática do surfe no fu-turo? Vejo um crescimento ace-lerado no que concerne ao número de praticantes, mas vejo um crescimento ainda mais forte enquanto produto que nos últimos anos tem referenciado Portugal pelos melhores motivos. O surfe cresceu e diversi-ficou-se. Está a criar dife-rentes nichos e tendências dentro da modalidade, onde a competição avan-çada convive cada vez mais com a exploração de limites nas ondas grandes e em condições extremas, mas também com tendên-cias retro. Por pura curio-sidade pessoal ao longo do meu percurso como surfista tenho conseguido cruzar várias abordagens.| Cláudia Trindade

diário as beiras | 21-03-2015 58 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Regressou este ano ao Irão para treinar, de novo, o Trac-tor. O futebol é muito dife-rente do português?

Aqui vivem o futebol com muita paixão e de uma forma muito especial. Na região onde me encontro, o estádio tem a maior mé-dia de assistência do Irão. Quando evolve a selação, o estadio de Teerão tem sem-pre 100 mil pessoas.

Do ponto de vista tático e

técnico há ritmo e intensi-dade diferente, mas o Irão não deixa de ser uma das potências futebolísticas da Ásia.

O que lhe pediram nesta nova aventura?

É o terceiro ano que estou no Irão e no Tractor, mas a equipa é completamente diferente, com apenas três jogadores da época passa-

Todos gostamosde ser acarinhadose sinto-me muito bem no Irão

Natural de Mogofores (aNadia), toNi jogou Na acadéMica e No BeNfica. coMo treiNador, só orieNtou as águias eM Portugal e teM Passado os últiMos aNos No estraNgeiro

Tonistr/af

b.i.Nome: antónio josé conceição oliveiraIdade: 68 anosAtividade: treinador de futebolOnde vive: tabriz, irãoNaturalidade: Mogofores (anadia)Curriculum: como jogador, representou o anadia, a aca-démica e o Benfica. treinou o Benfica, o Bordéus (fran-ça), o sevilha (espanha), o shenyang jinde (china), o al-ahly (egito), al-ittifaq e al-ittihad (arábia saudita) e o tractor (irão)

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 59

Todos gostamosde ser acarinhadose sinto-me muito bem no Irão

da. O processo de constru-ção de uma equipa exige tempo. Mas agora não há tempo. Pediram-me para ganhar e ganharei todos os que pudermos.

No Tractor, pode dizer-se que é verdadeiramente ido-latrado. Como conquistou o coração dos adeptos?

Nestes três anos consegui-mos criar uma empatia e conquistamos o único ti-

tulo do Tractor. Não sei se é do bigode e por ter uma morfologia parecida com a deles...

Receberam-me muito bem e gostamos de ser bem tratados. Eles têm-me aca-rinhado e em função disso, eu sinto-me bem.

Já protagonizou alguns epi-sódios caricatos, como numa célebre conferência de im-

prensa, cujo vídeo correu mundo. É difícil, fazer-se entender?

São coisas que acontecem. Têm a ver com aspetos cul-turais, no seu sentido lato e com a cultura desportiva.

Agora, de certeza que di-ficilmente voltará a aconte-cer, porque entretanto tam-bém os passei a conhecer melhor.

É difícil viver no Irão? Os

usos e costumes são muito diferentes dos nossos?

São muito diferentes. Esta é uma cultura milenária, mas nós, portugueses, demos novos mundos ao mundo e temos uma facili-dade grande de adaptação. E mesmo com barreiras como a língua e a religião, encontrei um povo dócil e que nos acarinha bastante.

A comida é completamen-

te diferente da nossa, mas temos de nos adaptar. Essa capacidade de adaptação.

Há muitos anos que não trei-na em Portugal. No futebol, os portugueses também são obrigados a emigrar para perseguir o sucesso?

Em 2001 procurei outros desafios e já passei pela Chi-na, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e agora Irão. São experiências

que não têm preço e que nos enriquecem.

Muitas vezes, as notícias que aparecem são apenas sobre as vitórias ou as der-rotas, mas não reconhecem as dificuldades por que pas-samos.

Depois de anos que vivi em três clubes da minha vida, o Anadia, a Académi-ca e o Benfica, acabei por tomar esta opção.

O pequeno António, de Mo-gofores, algum dia achou que podia representar a seleção nacional?

Todos nós, ao longo da ju-ventude, temos os nossos sonhos. Alguns concretiza-mo-los, outros não.

Nessa idade do sonho, era inimaginável sair de Mogofores para o Anadia, posteriormente para a Aca-démica, que marcava uma posição forte no futebol português, com a sua dupla função, da formação do ho-mem e ao mesmo tempo a prática do futebol e depois o Benfica, que tem uma di-mensão universal.

Aí também sei, com toda a imodéstia, que ajudei a fazer história nesse clube.

Foi fácil, na sua altura, “dar o salto”?

Nada se consegue sem trabalho e sem acreditar em nós. Tive muitas difi-culdades para me impor numa Académica rechea-da de grandes jogadores. Depois cheguei ao Benfica, com onde encontrei joga-dores de grande qualidade. As coisas não são dadas de bandeja.

Alias, para tudo isto há al-guém que marca a historia da minha carreira: Mário Wilson.

Foi ele que me foi buscar ao Anadia, num jogo de ju-niores, contra a Académi-ca. É um homem por quem nutro respeito e admiração para sempre.

Como olha para a Académica nos dias de hoje? É um clube muito diferente do que era na sua altura?

É uma Académica com-

pletamente diferente. A Cor e o emblema são os mesmo, mas a evolução do futebol levou a que haja hoje uma Académica completamente diferente. A missão forma-dora esfumou-se em função da alta profissionalização a que se chegou.

Por Coimbra deixou muitos e bons amigos...

Felizmente, o futebol tem esta faceta de nos permitir fazer amigos. E há amigos que Coimbra me deixou para sempre. Amigos como Rocha, Mário Torres, Maló, Mário Campos, Vítor Cam-pos, Curado, Crespim, Pe-drosa, Viegas, Valido, Feliz, e tantos outros.

São amigos que me levam a ter uma conotação muito forte com os veteranos. Pelo Natal, há sempre uma festa do Núcleo de Veteranos da Académica e é sempre uma altura de partilha dessas histórias e momentos que passámos juntos.

Na sua equipa técnica tem um outro antigo jogador da Académica, Rodolfo. Costu-mam seguir com atenção o futebol português e a Aca-démica, em Particular?

Já falámos varias vezes das nossas carreiras e Academi-ca também esteve no tema. O Rodolfo passou pouco tempo em Coimbra, mas foi o suficiente para o marcar.

Aos 68 anos, até onde acha que ainda pode prolongar a sua carreira e a sua ligação ao futebol?

No meu tempo de joga-dor, quando chegávamos aos 30 anos, só fazíamos contratos por uma época,

para não nos arrastarmos em campo.

A vida faz-se de ciclos e há gente jovem que vai che-gando. Mas, sendo o fute-bol a minha paixão, não o quero largar ate ter capaci-dade. Quando sentir que já não tenho essa capacidade, então abandonarei.

Olhando para a sua carreira, quais são as conquistas que mais lhe deram gozo?

Nesta vida, houve uma coisa que percebi tarde. Quando somos jovens acha-mos que quando as vitórias chegam temos o mundo na mão e afinal as vitórias são efémeras. Temos de as viver sabendo que tudo se esfu-ma de forma rápida.

Os princípios e valores re-colhidos, na minha terra, em Coimbra e no Benfica, são os mais importantes. Devo tudo ao futebol, ao Anadia, à Académica e ao Benfica.

Que conselhos deixa aos jo-vens da região, que, tal como o Toni, perseguem o sonho de vingar no futebol?

Que não percam os seus sonhos. Muitos deles não chegam a acontecer, por isso há um caminho de que não se devem desviar, com disciplina, trabalho e humildade. Quer no fute-bol, quer na vida, tudo se consegue com essa receita: trabalho, disciplina e hu-mildade.

Por fim, não queria dei-xar de felicitar o DIÁRIO AS BEIRAS pelos seus 21 anos e pelo contributo que tem dado para o desenvolvi-mento da nossa região.| Bruno Gonçalves

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diário as beiras | 21-03-2015 60 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Qual foi o seu percurso acadé-mico em Portugal?

Eu fiz o 9.º ano na Escola Secundaria Jaime Cortesão e depois acabei o curso de cozinha/pastelaria (três anos) na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, que também dá equivalência ao 12.º ano.

Nessa altura tinha clara-mente a ideia de que não queria seguir para a Univer-sidade.

Após a conclusão da forma-ção, que percurso profissional seguiu até chegar à China?

Bom, eu terminei o curso em 1998 e segui diretamen-te para a Expo’98 em Lisboa. Ali, trabalhei no Pavilhão de Portugal sob a gestão da antiga Enatur (Pousadas de Portugal) com a categoria profissional de Cozinheiro de 1.ª.

Ao fim de quatro meses, fui convidado a terminar o con-trato com a Pousada Rainha Santa Isabel e depois fiquei por lá durante um ano. Nes-se período acabei por ir fazer uma demonstração gastro-nómica à Suíça durante 15

Natural de Coimbra, fez todo o perCurso de estudos Nesta Cidade. todavia, quaNdo eNtrou Na vida profissioNal, Não hesitou em emigrar. está há Nove aNos Na ChiNa.

Ricardo Bizarro

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b.i.Nome: ricardo bizarroIdade: 37 anosAtividade: Chefe executi-vo de cozinha hilton haikou meilanOnde vive: ilha de hainan, no sul da ChinaNaturalidade: paço do botão, CoimbraCurriculum: terminou o curso da escola de hotelaria e turismo de Coimbra em 1998, após o que iniciou a ati-vidade profissional na expo 98. esteve no Clubhouse de portimão e no hotel pom-balense. agarrou a oportu-nidade de trabalhar na China através de um restaurante da torre de macau, assumin-do depois funções no hilton na ilha de hainan, no sul da China

“Mesmo sem entender, consigo perceber o que vai no pensamento dos chineses”

21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 61

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dias.Mais tarde, tive oportuni-

dade de ir para Condeixa-a-Nova, onde exerci funções na Pousada de Santa Cris-tina. Na altura fui, com a mesma posição (cozinhei-ro de 1.ª), mas chefiando a cozinha. No total, fiquei dois anos e saí com a posição de chefe de cozinha.

Depois disso fui para a Pousada do Infante (Sagres) como chefe de cozinha, mas

lá acabei por ficar menos de um ano.

Entretanto surgiu-me um projeto para, inicialmente, ir abrir um Clubhouse (res-taurante de apoio aos cam-pos de Golfe) em Portimão para a companhia Alto Golf & Country Club. Abracei o projeto, fiz a abertura do restaurante e, mais tarde, fiquei a supervisionar ou-tro restaurante e snack-bar da mesma empresa, mas de apoio aos apartamentos.

Ou seja, seguiu o tradicional destino da cozinha e restaura-ção, que é rumo ao sul?

É verdade. Mas, pouco

tempo depois, voltei à re-gião Centro: Pombal. Na al-tura queria estar mais perto dos meus familiares, tendo-me juntado à “família” do Hotel Pombalense, onde desempenhei as funções de chefe de cozinha. Durante este tempo, também dei for-mação.

Acabei por ficar só um ano, porque, de repente, surgiu-me o convite para ir trabalhar num restaurante

da Torre de Macau. O es-paço estava a ser remode-lado. Queriam que fosse o “portuguese chef”, ou seja o responsável pela ementa portuguesa, mas passados três meses acabei por ser promovido e fiquei como sub-chefe, mas totalmente encarregue de dois restau-rantes na torre. A minha experiencia profissional continuou e foi assim que cheguei à China.

Há quanto tempo se encontra na China?

Contando com Macau, já lá vão quase nove anos. Mas, pelo meio, tive um regresso

a Portugal (cerca de 10 me-ses) e uma experiência na Jordânia, que durou sensi-velmente o mesmo tempo. Portanto, o meu tempo de trabalho na China não é di-reto, mas sim o total de anos que aqui estou a trabalhar.

Quais são as suas funções no Hilton Haikou Meilan?

Isso é um pouco difícil de explicar. Bom, a minha po-sição é de chefe executivo

de cozinha e reporto dire-tamente ao diretor de ope-rações (n.º 2 no hotel).

As funções são muitas e, mais ou menos, iguais em toda a parte. Por exemplo, o recrutamento, treino, gestão de toda a brigada de cozinha, incluindo a briga-da de copa e limpeza. Em segundo lugar, como foi uma abertura, fui o respon-sável por comprar todo o equipamento, desde for-nos, tachos, garfos, copos e mesas de serviço; receber o equipamento, armazená-lo e depois distribuí-lo pelas diferentes áreas.

Sou também responsável

pelo conceito dos restau-rantes, bem como a criação de menus e fichas técnicas. Criei todos os standards e manuais de procedimen-to para criar uma melhor experiência aos clientes e a cumprir todos os requisi-tos do Hilton e de Higiene (HACCP).

Quais são as principais difi-culdades?

Já cá estou há tanto tem-po que corro o risco de estar a ver as coisas numa perspetiva diferente de al-guém que nunca teve uma experiência na China. Mas penso que as maiores di-ficuldades são encontrar pessoal qualificado, moti-vado e que se mantenha no hotel durante muito tem-po. Daí que seja necessário o treino contínuo e ter for-necedores de qualidade, fiáveis, que mantenham sempre a mesma qualida-de dos produtos.

O hotel “de grande luxo” em que trabalha é fora de Pequim…

Antes de mais vou tentar fazer o enquadramento da localização do hotel para compreenderem melhor.Fica localizado na ilha de Hainan, no sul da China em que as temperaturas

são bastante agradáveis, com praias e fica apenas a uma hora de voo de Hong Kong e Macau. Os chineses referem-se à ilha comparan-do-a com o Hawai, embora com a dimensão do territó-rio da Bélgica. Só que, em termos de qualidade de vida e infraestruturas, não se pode comparar. Mesmo assim tem uma grande va-riante de turismo mas tam-bém uma grande clientela de negócios.

O idioma local foi um proble-ma?

Claro que a língua e a cul-tura são sempre um fator

de dificuldade, mas para mim neste momento não é muito relevante, já que compreendo a cultura e de-senvolvi uma capacidade de observação em que, mesmo sem entender o que falam, consigo perceber o que lhes vai no pensamento.

Lembro-me, no entan-to, que nos primeiros seis meses todos os dias queria regressar a casa. Cheguei a dizer, para mim mesmo, que no dia seguinte apanhava o avião de regresso para Por-tugal.

A nível de remuneração sala-rial e capacidade de poupança para o futuro, essa experiên-cia é recompensadora?

Isso é uma coisa em que todas as pessoas pensam, mas nesta profissão, em par-ticular, eu penso que não. O salário é mais ou menos o mesmo se compararmos com um hotel similar em Portugal, mas o nosso país é pequeno e não existem as-sim tantos hotéis como este. Todos os meses, acolhemos três ou quatro eventos com mais de 800 pessoas.

Por outro lado, a vanta-gem é que aqui há um pa-cote com salário limpo, uma viagem por ano a Portugal, subsídio para casa e sub-sídio para telefone. Outro fator é o baixo custo de vida.

Como sou uma pessoa que sente necessidade de viajar, experimentar outros restau-rantes e hotéis, de maneira a manter-me atualizado, não faço muitas poupanças.

Que estratégias adota para compensar o afastamento do país natal, família e amigos?

Sou uma pessoa com mui-ta sorte. Primeiro tenho de dizer que adoro a minha profissão e que passo mui-tas horas a trabalhar. De-pois, viajo muito e agora estou a viver com a minha noiva, que também traba-lha cá.

Pensa ficar mais tempo? Neste momento, estou

a começar a pensar em re-gressar a Portugal. À parti-da, o plano era ficar por cá mais dois ou três anos, mas como nunca se sabe o dia de amanhã o melhor é voltar a terras lusas.

É preciso ter um feitio espe-cial, mais resistente que a média, para aceitar um de-safio profissional tão longe de casa?

Qualquer bom profissio-nal pode ter as oportunida-des que eu tenho tido, mas essas oportunidades apa-recem com um grande in-vestimento na carreira (não só no trabalho em si, mas também na formação/expe-riências extra que se tenha e por relações interpessoais criadas na base do profis-sionalismo e honestidade).

Agora, para aceitar um desafio deste tipo e “sobre-viver” ao desafio, na minha opinião é preciso ser uma pessoa independente, mo-tivada, mente aberta e que gosta de correr riscos “cal-culados”.

Vem de férias a Portugal fre-quentemente?

Sim. Como referi anterior-mente, um dos benef ícios que temos é uma viagem paga por ano. Como tal, vou todos os anos a Portu-gal.

Quais são os seus projetos para o futuro e onde?

O meu objetivo, desde que entrei na Escola de Ho-telaria e Turismo de Coim-bra, sempre foi ser Chefe Executivo. Agora que atingi essa meta, estão a abrir-se outras portas que, de mo-mento, não quero fechar. Quem sabe se daqui a dois ou três anos não chego a diretor geral. Ou então re-gresso à Europa, de prefe-rência a Portugal.| António Rosado

“Mesmo sem entender, consigo perceber o que vai no pensamento dos chineses”

diário as beiras | 21-03-2015 62 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

InvestIgador na área das células estamInaIs embrIonárIas, recebeu o PrémIo de novo Inovador, do natIonal InstItutes of HealtH nos eua, no valor de 1,5 mIlHões de dólares

Miguel Ramalho -Santos

b.i.Nome: miguelramalho-santosIdade: 42 anosAtividade: Professor dauniversidade da califórnia,em são franciscoOnde vive: s. francisco, euaNaturalidade: new Haven, eua, (vem para coimbra comquatro meses)Curriculum : licenciatura biologia, universidade de coimbra; mestrado biologia celular, uc; doutoramento biologia do desenvolvimento e Post d oc , u n ive rs i d a d e de Harvard ; Investigador Independente, associate Professor, universidade da califórnia, são francisco.

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 63

Sair de Portugal foi uma opção ou uma necessidade para con-seguir prosseguir a carreira na investigação? De certa maneira foi ambas as coisas. Saí em 1997 depois de terminar o meu Mestra-do em Biologia Celular na Universidade de Coimbra, orientado pelo Prof. Carlos Faro. Com as leituras que fui fazendo durante o Mestrado comecei a interessar-me por Biologia do Desenvolvimen-to Embrionário e Células Es-

taminais, que era uma área pouco explorada em Portu-gal na altura (desde então tem havido um crescimento significativo nesta área em Portugal, o que muito me agrada por ser sem dúvida uma área de futuro nas Ciên-cias Biomédicas, embora a sustentabilidade desse pro-gresso esteja em causa com os recentes problemas de financiamento). O facto de ambos os meus pais terem feito o doutoramento nos EUA ajudou a tornar essa opção menos assustadora.

Como é que foi ter sido con-

templado com o Prémio de Novo Inovador, atribuído pelo National Institutes of Health, nos EUA?Foi excelente, muito menos pelo prestígio associado ao prémio do que pelo facto de ele consistir numa soma de dinheiro considerável para o meu laboratório ter a liberdade para fazer a in-vestigação que mais nos in-teressava durante cinco anos (o montante do prémio é todo destinado a investiga-

ção, não para uso pessoal). Estes prémios são a exceção, muitos dos projetos finan-ciados por todo o mundo estão “amarrados” à obten-ção de resultados específicos que, ou não são realistas, ou não fazem avançar a ciência de modo significativo. Regra geral, é quando os investiga-dores têm condições para explorar livremente a sua curiosidade em ciência bási-ca, em vez de labutarem para conseguirem os pequeninos resultados que lhes permi-tem candidatar ao próximo projeto, que os verdadeiros avanços científicos aconte-

cem. Infelizmente, isso vai sendo cada vez mais difícil, inclusive nos EUA.

A investigação em células es-taminais embrionárias, que o tem ocupado e à sua equipa, está direcionada para que áreas da saúde?Estou constantemente a de-parar-me com novas áreas de potencial aplicação da investigação em células es-taminais embrionárias. O facto de estas células se po-

derem diferenciar em qual-quer célula do corpo abre perspetivas praticamente ilimitadas, uma vez que po-demos estudar ao porme-nor a diferenciação dos mais variados tipos de células de interesse terapêutico no laboratório, e usar esses es-tudos para desenvolver no-vas terapias. Por outro lado, vai-se tornando cada vez mais claro que o período de desenvolvimento embrio-nário é sensível a alterações ambientais, como a dieta, stress ou exposição a toxinas por parte da mulher grávida, e que tais alterações podem

“programar” no embrião o aparecimento de doenças décadas mais tarde no es-tado adulto. Julgo que tam-bém nesta área, geralmente conhecida por Epigenética, a investigação em biologia do desenvolvimento e célu-las estaminais embrionárias pode fazer um contributo importante.

Esta é a área de investigação em que vai continuar a traba-lhar para o futuro?

Sei lá! Acho que sim pelo menos nos próximos anos, mas na dimensão lata que inclui Células Estaminais + Biologia do Desenvolvimen-to + Epigenética a que aludi há pouco.

As ciências físicas ocupam-lhe parte fundamental da vida. Mas há as humanida-des (quem sai aos seus... e o Miguel é filho do sociólogo Boaventura Sousa Santos e da especialista em literatura Maria Irene Ramalho). Que parte lhes reserva? Um parte pequenina, mas sempre presente. Sendo

emigrante é particularmen-te importante para mim ler literatura em Português. Publiquei dois livros de li-teratura de viagem (“Cabo Norte”) e ficção (“Auto”) em Portugal, que estão disponí-veis gratuitamente aqui: ht-tps://sites.google.com/site/mra-malhosantos/. Estou, muito lentamente, talvez, espero eu, a escrever um terceiro. Não é só o trabalho que me ocupa o tempo, mas tam-bém a família, sobretudo

porque tivemos o nosso se-gundo filho (aliás, filha) há 8 meses, e estamos por isso de volta a essas “trincheiras”. Só quem cria filhos no estran-geiro sem qualquer família por perto é que percebe bem o que quero dizer com isso.

Tem encontrado outros jovens investigadores portugueses a apostarem tudo numa carreira fora do país?Sim, inclusive tive já dois alunos de doutoramento portugueses que fizerem um excelente trabalho. Hoje sai-se de Portugal cada vez mais por necessidade do que por

opção. Temos um geração extremamente qualificada que certamente dará um contributo importante para o progresso do país, e que tem interesse em dar esse contributo, mesmo que continue baseada fora do país. Oxalá a obsessão com a austeridade contraprodu-cente que tem regido o país e a Europa acabe em breve para dar a essa geração as oportunidades que ela e o país merecem.

Entre Portugal e os EUA, onde se sente em casa?Na minha casa, com a mi-nha família, pasmado com o sorriso dos meus filhos, a andar de bicicleta ou a fazer mergulho sub-aquático, a olhar o pôr-do-sol tanto no Pacífico como no Atlântico, em noites de nevoeiro de São Francisco ou do vale do Mon-dego, à conversa com família e amigos de Portugal até de madrugada quando estou aí. A distância é enorme, mas o planeta é o mesmo.

E a cidade de Coimbra, onde cresceu e se formou. Que pa-pel tem ainda na sua vida?Tenho conseguido ir lá qua-se todos os anos desde que vim para os EUA, e faz-me muito bem. Parti com 25 anos, depois de excelentes anos de aprendizagem e experiências de vida riquís-simas, por isso foi lá que me tornei a pessoa que sou. Te-nho lá amizades para toda a vida, gente que me entende melhor do que eu, e o cari-nho com que sou recebido é algo de profundamente precioso para mim. E dá-me uma alegria especial agora ver o meu filho a correr pelo Portugal dos Pequenitos ou por Conímbriga, a apreciar a comida portuguesa, a falar português. Coimbra conti-nuará a ter um papel funda-mental na minha vida, esteja onde estiver. | Lídia Pereira

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Ter saído de Portugal foi uma opção ou uma necessidade na carreira da investigação?Saí de Portugal porque que-ria ver coisas novas, pessoas diferentes, culturas diversas. Também para estar no topo da investigação e ter acesso

a conhecimento e tecnologia de ponta. Em Portugal hou-ve um grande crescimento e apoio à investigação durante um bom período; mas a mi-nha área da Genómica, como campo caro, e muito recen-te não foi uma das áreas de investimento. Infelizmente,

Descobrir e aplicar conhecimentos novos é sempre entusiasmante

presidente da dG-aaC em 1994/95, fundou e preside à Genes e alGoritmos. trabalhou em importantes Centros de investiGação, de berkeley a montreal, Com destaque para o university ColleGe de dublin

Tiago R. Magalhães

b.i.Nome: tiago r. magalhãesIdade: 44 anosAtividade: investigador em bioinformática e genómicaOnde vive: dublin, irlandaNaturalidade: portoCurriculum: depois da li-cenciatura em bioquímica, na universidade de Coim-bra, fez doutoramento nas universidades de Coimbra e berkeley (biologia Celular), desenvolve investigação no university College de dublin e é revisor da união europeia para candidaturas h2020

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 65

Descobrir e aplicar conhecimentos novos é sempre entusiasmante

perdemos esse barco e agora vemos os outros fazer. De-pois dos anos de formação, a minha carreira foi sendo feita organicamente, que é como quem diz através das redes pessoais e contactos dos investigadores e centros

que fui estabelecendo. Se a proposta é fascinante e inte-ressante, é de considerar; o local é uma das variáveis, im-portante, mas não única. Em Portugal trabalhei durante algum tempo em inovação regional, empreendedorismo e transferência de tecnologia

na Universidade do Algarve e num projeto internacional da genética do autismo com lo-calização em Lisboa/Dublin. Nestes últimos anos candi-datei-me a alguns empregos em Portugal, mas nunca fui um dos escolhidos.

De todos os projetos, qual é o que mais o entusiasma?Muitos projetos! Como se formam as ligações nervo-sas entre neurónios no de-senvolvimento embrionário. A análise global de genes de suscetibilidade no autismo. A invenção de um novo algorit-

mo para identificar ancestra-lidade a partir de marcadores de DNA. Como explicar a di-ferença do peso à nascença de gémeos verdadeiros a partir da metilação. O uso de esta-tística para descobrir novos padrões em dados de grande

dimensão. A investigação é viciante, descobrir e aplicar conhecimentos novos é sem-pre entusiasmante.

Como é que foi ter participado no projeto de mapeamento do ADN encontrado no metro de Nova Iorque (aquele que

acabou por ter mais impacto mediático em Portugal)?O PathoMap é um projeto fantástico que liga a genó-mica, o big data, e a integra-ção de vários conhecimentos para gerir melhor as cidades. O Chris Mason, diretor do

PathoMap, é um cientista de topo mundial, inova-dor, criativo, dedicado e intensamente trabalha-dor. A equipa é muito boa, cheia de talento e energia. É um imenso privilégio es-tar envolvido num projeto que aplica a genómica no melhor conhecimento das cidades e nomeadamente na cidade de Nova York. Conheci o Chris no Brasil, numa conferência onde apresentei o meu trabalho de ancestralidade a partir de marcadores de DNA. O meu trabalho resolvia um problema que o Chris tinha encontrado no PathoMap e ele convidou-me para inte-grar a equipa. Fiquei muito satisfeito com o trabalho, com os resultados e com o impacto na imprensa mun-dial e nacional.

Que projeto o ocupa mais in-tensamente neste momento?Como sempre, vários proje-tos ao mesmo tempo. Gené-tica do autismo, novos mé-todos para identificação de ancestralidade, padrões de metilação em gémeos e em adolescentes obesos, genética

da surdez em crianças com implantes cocleares, padrões de metilação e transcrição em alergias, o efeito que as diabe-tes causam nos rins. Também tenho vários estudos de apli-cação da genómica no dia a dia da clínica e de como che-gar ao público em geral.

Que área de investigação elege como a que quer vir a desen-volver no futuro?No futuro imediato, termi-nar os vários projetos de investigação em que estou envolvido. E continuar com os estudos de genómica apli-cados à melhor compreensão de doenças e dos processos funcionais e biológicos sub-jacentes, incluindo no de-senvolvimento do sistema nervoso central. Outras áreas que gostaria de explorar: apli-cação da genómica à prática clínica, como gerir a saúde usando as ferramentas genó-micas, desenvolvimento de negócios na área da genómi-ca. E um projeto antigo para um futuro mais longínquo: aplicar os meus métodos e algoritmos a outros campos, especialmente à economia e à gestão das cidades.

No seu percurso por muitos países, da Irlanda aos EUA, passando pelo Brasil e Canadá, tem encontrado outros jovens investigadores portugueses? Ao longo da minha carreira encontro gente de muitas na-

cionalidades e portugueses também. Especialmente em anos de formação, estudantes de doutoramento e pós-doc. Normalmente os portugue-ses quando se tornam menos jovens voltam para Portugal. Nestes últimos anos tenho encontrado menos portu-gueses.

De entre todos os lugares por onde tem passado, onde é que o Tiago se sente em casa?Em Faro, em Coimbra, em Berkeley, em Dublin, em Bar-celona, na cidade do Méxi-co, em Belo Horizonte. Até em Paris onde nunca vivi. Eu gosto de sentir a energia de locais novos: aprender e co-nhecer novas coisas e novas gentes. Mas também é muito confortável estar num local familiar com amigos e famí-lia perto. Tenho tido a sorte de poder conhecer muitos locais e de me sentir bem em vários deles.

E que papel tem ainda Coimbra na sua vida?Eu cresci em Coimbra onde a minha família mais próxima ainda vive. Vou a Coimbra fre-quentemente, mesmo se pou-cos dias de cada vez. Alguns dos amigos com quem cresci e de quem sou próximo estão em Coimbra. É uma cidade linda e maravilhosa, que po-deria explorar bastante mais o seu potencial. | Lídia Pereira

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diário as beiras | 21-03-2015 66 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

Francisco Veiga

b.i.Nome: Francisco VeigaIdade: 30 anosAtividade: Gestor de pro-jetos nas Sequel Business SolutionsOnde vive: LondresNaturalidade: CoimbraCurrículo: Licenciatura e mestrado em engenharia informática, pela Universi-dade de Coimbra, e MBA, pela Carnegie Mellon Uni-versity, Estados Unidos

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21-03-2015 | diário as beiras 21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 67

111 Francisco Veiga in-tegra a diáspora lusitana mais qualificada de sem-pre, que partiu à conquista de novas oportunidades e de uma maior valori-zação económica do seu trabalho, empurrada pela crise ou pela vontade de enriquecer os seus conhe-cimentos técnicos ou con-

tactar com outras culturas

Que fazia antes de ir para Inglaterra?

Trabalhei na Critical Sof-tware, em Coimbra, após ter terminado o mestrado em engenharia informáti-ca. Em agosto de 2011 fui para os Estados Unidos, com o objetivo de tirar um Master in Business Admi-nistration (MBA) em Pitts-burgh. Na Critical Software fui engenheiro de software

e gestor de projetos para clientes em diversas áreas de negócio.

O que o levou a emigrar?

No início, foi o desejo de obter um MBA num país em que estes mestrados têm a reputação de serem os melhores do mundo, pela abordagem, pelos

currículos escolares e pela qualidade dos professores. O desejo de experimentar uma cultura diferente da europeia também foi um fator determinante. Fui para os Estados Unidos em agosto de 2011. Quanto à decisão de vir para Ingla-terra, deveu-se, principal-mente, a três fatores: eco-nomia, língua e ter amigos em Londres.

Em Inglaterra valorizam

mais o trabalho e premeiam mais o mérito do que em Portugal?

Não necessariamente. A realidade a que tive acesso em Portugal era baseada na meritocracia, tal como aqui. Os valores com que premeiam as pessoas são, sem dúvida nenhuma, di-ferentes, em parte devido

à economia geral do país e a outra parte está relacio-nada com os métodos de trabalho. Penso que quem tem boas qualificações e é efetivamente um recurso de valor, sendo empenha-do e ambicioso, não terá grandes problemas em en-contrar emprego em Por-tugal e progredir na car-reira. Agora, o que se pode estar a fazer em Portugal a ganhar mil euros, pode-se, provavelmente, estar

a fazer por três ou quatro vezes mais em Inglaterra, Alemanha, Holanda ou Su-íça. Penso que é isso que leva o português a emigrar. De resto, não conheço nin-guém na minha área que não conseguisse arranjar emprego em Portugal.

O que é que estranhou mais

quando foi para Inglaterra, a nível profissional?

A nível de trabalho, em Inglaterra trabalha-se me-nos, mas mais focado. Em Portugal, trabalha-se mais, mas há mais pausas, faltam eficiências e talvez alguma vontade de trabalhar. No entanto, paradoxalmente, em Portugal há um senti-mento de responsabilida-de maior em entregar bem feito e a horas. Aqui sai-se mais “à hora” do que em

Portugal: se demora mais um dia ou mais um mês, seja! Alguém há de pagar. Em Portugal, o dinheiro é mais escasso, não há espa-ço para estes deslizes.

E a nível pessoal?A vida é mais apressada,

mais stressada; há mais confusão. Mas a organi-

zação e as infraestruturas são também de uma di-mensão diferentes das de Portugal. A rede de trans-portes é excelente e ter um carro, salvo raras exceções, é mais um incómodo do que um benef ício. A vida social e as atividades dis-poníveis para quem vive em Londres são imensas. No entanto, há sempre um grande choque de cultu-ras, no que toca a horários, por exemplo. Aqui vai-se

“Em Inglaterra ganha-se três ou quatro vezes mais do quem Portugal”

Francisco Veiga, 30 anos, natural de coimbra, é licenciado e mestre em engenharia inFormática e tem um mba da carnegie mellon uniVersity, Pittsburgh, eua.

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para os bares às 18H00 ou às 19H00 e quem vai para uma discoteca vai antes da meia-noite. A maioria das pessoas está em casa por volta da uma da manhã. Em Portugal, damos mais valor a um bom e longo jantar, antes de irmos dar um pezinho de dança.

Convive mais com portu-gueses ou com ingleses?

Tenho alguns amigos próximos portugueses, que já conhecia antes de vir para Inglaterra. Convi-vo também com ingleses e pessoas de outras nacio-nalidades. Onde trabalho há pessoas da Colômbia, Espanha, França, Irlanda, Polónia e até da China.

Que faz nos tempos livres?

Gosto particularmente de tocar guitarra e tirar fotografias. Ao fim de se-mana gosto de passear pelo campo e levar a mi-nha máquina fotográfica, mas o tempo nem sempre é o ideal. Ir ter com amigos para jantar ou ir até um pub é bastante normal.

Para me manter em for-ma, jogo futebol numa liga amadora local. Vou tam-bém ao cinema com algu-ma regularidade. Sempre que posso, aproveito para viajar para fora de Ingla-terra e conhecer novos países.

Que perspetiva tem de Por-tugal à distância?

Portugal está a recupe-rar do abalo que sofreu devido à crise financeira. Há empresas a florescer e outras a ganhar mais força.

A matéria-prima existe. Te-mos boas universidades e bons profissionais. Temos criativos, empreendedo-res e engenheiros de topo. Os portugueses precisam de olhar para os países do norte da Europa e em vez de pensarem “como é que eu vou lá para fora?”, de-viam mudar a mentalidade e pensarem: “Como é que vamos vender os nossos serviços/produtos lá para fora?”. Portugal tem de trazer o investimento para dentro e não deixar fugir o talento para fora. A vanta-gem de Portugal ter uma economia mais modesta e salários mais baixos faz com que sejamos competi-tivos, quando comparados com qualquer dos países do norte da Europa. Se conseguimos fazer o mes-mo, talvez até melhor, e por um preço competiti-vo, não sei o que nos falta para começar a exportar mais. Com as tecnologias atuais, onde se está geo-graficamente começa a ser praticamente irrelevante. As empresas em Portugal têm de começar a explorar oportunidades em países onde o capital está dispo-nível, mas onde a men-talidade é a de se obter o melhor negócio possível.

Quantas vezes vem a Portu-gal por ano?

Três ou quatro.

Está a pensar regressar de vez?

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Coordenadas GPS: N 40º 13' 22.4" W 8º 24' 57.3"

Especialidades Médico-Cirurgicas:

Anatomia PatológicaAnestesiologiaAngiologia e Cirurgia VascularCardiologiaCirurgia CardiotorácicaCirurgia GeralCirurgia Maxilo-FacialCirurgia PediátricaCirurgia Plástica Reconstrutiva e EstéticaDermato-VenereologiaEndocrinologia e NutriçãoGastrenterologiaGinecologia/ObstetríciaImunoalergologiaImunohemoterapiaMedicina Física e de ReabilitaçãoMedicina Geral e Familiar

Unidades:MamaCabeça e PescoçoNeuroSpine

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Meios Complementares de Diagnóstico:

Serviço de Imagiologia: RX TAC EcografiaServiço de Gastrenterologia: Endoscopia Digestiva Colonoscopia Exames de GastrenterologiaOutros Serviços: Exames Pneumologia Exames Audiométricos Estudos do Sono Reabilitação Física Exames de Check-Up Análises Clínicas Anatomia Patológica

A SUA SAÚDE NAS MELHORES MÃOS.

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