207_m_13.03.12_atualidades_apostila de atualidades 2 - 2012 - blocos econmicos e pa¡ses_ prof....

24
Atualidades Professor Celso Branco – Data: 13.03.12 www.enfaseinstituto.com.br ATUALIDADES – 2011 Apostila 2 Organismos internacionais, Blocos Econômicos e países. Prof. Celso Branco Assuntos abordados: Dimensões gerais da Globalização: econômicas, políticas, sociais e culturais. Blocos Econômicos Países emergentes: BRIC e G-20. O desenvolvimento chinês e indiano. O impasse na União Européia, zona do Euro e Espaço Schengen. Uniões latino-americanas: Mercosul e Unasul, união Caribe e América do Sul. Notícia importante: O mando do jogo Correio Braziliense - 16/04/2010 - Antônio Machado Bric se reúne para fechar negócios. E o rico G-7, para reformar a casa arruinada e chorar. A cúpula inédita no Brasil dos países do Bric, que reúne também a Rússia, Índia e China, pode expressar um conjunto vazio, segundo a ironia dos críticos, dada a assimetria entre os valores políticos e os interesses econômicos de cada um, mas dificilmente se fará no mundo cada vez mais qualquer coisa sem a concordância desse bloco. A projeção é que, entre o fim da década de 2020 e a seguinte, a China passará os EUA como a maior economia do mundo. Este ano, já deverá deixar para trás o Japão, número 2 do ranking, depois de tomar da Alemanha, em 2009, a liderança entre os grandes exportadores. Em 2050, a China (com PIB de US$ 45 trilhões), os EUA (com US$ 38 trilhões) e a Índia (US$ 17 trilhões), nessa ordem, serão as maiores economias do mundo, seguidas de Brasil e Japão quase empatados com PIB de US$ 6,2 trilhões. Essa visão futurista, que vem se tornando consensual, é do Carnegie Endowment for International Peace, grupo privado de estudos com sede nos EUA e filiais em Moscou e Pequim.

Upload: dali-soares-de-sa

Post on 26-Nov-2015

9 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

ATUALIDADES – 2011 Apostila 2

Organismos internacionais, Blocos Econômicos e países.

Prof. Celso Branco

Assuntos abordados: • Dimensões gerais da Globalização: econômicas, políticas, sociais e culturais. • Blocos Econômicos • Países emergentes: BRIC e G-20. • O desenvolvimento chinês e indiano. • O impasse na União Européia, zona do Euro e Espaço Schengen. • Uniões latino-americanas: Mercosul e Unasul, união Caribe e América do Sul.

Notícia importante:

O mando do jogo Correio Braziliense - 16/04/2010 - Antônio Machado

Bric se reúne para fechar negócios. E o rico G-7, para reformar a casa arruinada e chorar.

A cúpula inédita no Brasil dos países do Bric, que reúne também a Rússia, Índia e China, pode expressar um conjunto vazio, segundo a ironia dos críticos, dada a assimetria entre os valores políticos e os interesses econômicos de cada um, mas

dificilmente se fará no mundo cada vez mais qualquer coisa sem a concordância desse bloco.

A projeção é que, entre o fim da década de 2020 e a seguinte, a China passará os EUA como a maior economia do mundo. Este ano, já deverá deixar para trás o Japão, número 2 do ranking, depois de tomar da Alemanha, em 2009, a liderança entre os grandes exportadores. Em 2050, a China (com PIB de US$ 45 trilhões), os EUA (com US$ 38 trilhões) e a Índia (US$ 17 trilhões), nessa ordem, serão as maiores economias do mundo, seguidas de Brasil e Japão quase empatados com PIB de US$ 6,2 trilhões. Essa visão futurista, que vem se tornando consensual, é do Carnegie Endowment for International Peace, grupo privado de estudos com sede nos EUA e filiais em Moscou e Pequim.

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

Foi com faro oportunista que o economista-chefe do Banco Goldman Sachs, Jim O’Neill, criou em 2001 o acrônimo Bric, estabelecendo a lógica entre os países de maior crescimento econômico até então, e mais para frente. Segundo o cenário do Carnegie Endowment, 60% do crescimento econômico nos próximos 40 anos a partir de 2010 virão das quatro letras do acrônimo, acrescido de M, de México.

O Brasil teria, em 2050, a 4ª maior economia do mundo. Mas, em termos de renda per capita, o progresso seria mais lento. Ela equivaleria a 27% da dos EUA em 2050. O resto do Bric também estaria atrás. Essa tendência não é recente. A megacrise do crédito nos EUA e na Europa a acentuou e parece tornar irreversível um novo alinhamento de forças na geopolítica global. A resistência da economia chinesa surpreende. No primeiro trimestre, o PIB chinês cresceu 11,9% sobre igual período de 2009, com as vendas no varejo disparando 17,9%.

É o extremo oposto da conjuntura nos EUA, onde a recessão chegou ao fim, mas o desemprego de dois dígitos continua a engrossar como enchente rio abaixo sob o céu azul, refletindo a tromba d’água na cabeceira. Na Europa, a expectativa é que o emprego volte ao nível de 2008, pré-crise, só no final da década. E nem isso é certo.

Brasil & China S/A

Os ricos do Grupo dos 7 se reúnem para discutir a reforma da casa arruinada e chorar. Os emergentes do Bric, para comemorar e fechar negócios e acordos, como os assinados pelo presidente Lula com seu colega da China, Hu Jintao. A agenda é farta. Vai de investimentos de US$ 5 bilhões no pólo siderúrgico do empresário Eike Batista no norte do Rio a negócios entre a Petrobras e petroleiras chinesas e a desobstrução de barreiras para a venda de carne bovina e tabaco.

Lula avança o sinal

Se o intercâmbio comercial e de serviços aproxima mais que separa as nações, as economias candidatas à liderança global têm mais que se entender e negociar. No discurso de saudação a Hu Jintao, Lula deu tratamento preferencial às oportunidades de investimentos da China no Brasil e de exportações daqui para lá. A China, destacou ele, é o principal destino das exportações brasileiras desde 2009.

No final, Lula disse a Hu que Brasil e China têm “a obrigação de lutar por outra ordem internacional”. Obrigação parece demais. Implica alinhamento político que não há com a China, país propenso a um subimperialismo já exercido na Ásia e em curso na África, nem com os outros sócios do bloco. Está de bom tamanho, ao menos para começar, maior intimidade comercial e financeira entre os quatro.

União por gravidade

A aproximação entre os Bric e outros emergentes sem acrônimo, mas crescendo em importância, como México, Irã e Indonésia, virá por gravidade. Foi assim com a China a partir de 2003, quando dispara como exportadora de manufaturados, demandando matérias-primas para sua indústria e alimentos para a mão de obra recrutada no campo.

O Brasil atendia as suas necessidades e se projetou. Com Rússia e Índia, não houve ainda esse mesmo encontro, digamos, entre a fome e a vontade de comer. Ambas são menos complementares com Brasil, mas os negócios começam a surgir.

Menos evidente é a oportunidade para trocar o dólar pelas moedas próprias no comércio bilateral. Com a China, nem é a hora, se, como previsto, e não só por pressão dos EUA, o yuan, que está colado ao dólar

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

desde 2008, se valorizar. Os exportadores de commodities, Brasil à frente, deverão ter preço maior e condições melhores para suas próprias exportações de bens industrializados.

Os Brics e os EUA

O sucesso do Bric é menos provável como governança emergente para o velho mundo unipolar, com EUA na direção depois da débâcle da União Soviética. Mas é certo como novo centro dinâmico da economia global quanto mais a Europa se enroscar nas contradições de seu Estado de bem-estar e os EUA demorarem a se reinventar por meio da inovação tecnológica que ainda os diferencia no mundo.

Tal fato ao lado do poderio militar talvez explique o que leva a China, Rússia e Índia a terem relações e acordos especiais com os EUA, apesar das enormes divergências no cenário geopolítico. Falta ao Brasil algo tão expressivo como o singular acordo nuclear entre Índia e EUA, cuja relação de dependência com a economia da China é uma via de mão dupla. Até com o antigo inimigo russo há algo mais.

Organismos internacionais do mundo globalizado

Blocos Econômicos

Hoje, vivemos sob o signo da regionalização da economia. Ou seja, presenciamos a tendência de o

mundo se dividir em grupos de países que estabelecem entre si relações privilegiadas, favorecidas por sua posição geográfica, e dando origem a gigantes econômicos, como a União Européia ou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) - o que reforça a idéia de formação de uma nova ordem mundial. Blocos econômicos representam, portanto, acordos de integração entre países. Em geral estes acordos se destinam a criar melhores condições de mercado para os membros de um bloco, determinando livre circulação de mercadorias, serviços e capitais. Mas, podem também gerar outras etapas de integração, como no caso exclusivo da União Européia, que compreende também a livre circulação de pessoas. Segundo a configuração atual dos blocos econômicos, podemos alencar 5 níveis de integração entre os países, ou 5 tipos de blocos segundo o teor do acordo firmado:

1. Zona de Livre Comércio (ZLC); 2. União Aduaneira; 3. Mercado Comum; 4. União Econômica e Monetária; 5. União Política.

Os blocos formados a partir de tratados de zonas de livre comércio são os que têm menor grau de integração. Quanto aos firmados sob um pacto de união econômica e monetária, ou união política, representam os estágios de maior interdependência. Cada estágio subentende, portanto, o anterior e representa uma etapa a mais na integração. No quadro a seguir estão destacadas as principais características de cada uma das etapas dos tratados econômicos regionais existentes no mundo:

Etapas de integração dos Blocos Exemplos:

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

1 - ZONA DE

LIVRE COMÉRCIO

(ZLC)

• Livre circulação de mercadorias, ou seja, não há impostos na circulação de produtos entre os países-membros. • A moeda nacional é mantida. • Cada país define o imposto de importação para os produtos vindos de nações não-pertencentes ao bloco e as regras para o trânsito de capitais, serviços e pessoas.

NAFTA ASEAN ALCA APEC

CARICOM PACTO ANDINO

2 - UNIÃO

ADUANEIRA

• Impostos de exportação e de importação comum para as mercadorias das nações que pertencentem ao bloco.

MERCOSUL

3 - MERCADO

COMUM

• Livre circulação de pessoas, capitais e serviços.

U.E.

4 - UNIÃO

ECONÔMICA E

MONETÁRIA

• Unificação das políticas econômicas, com elaboração de estratégias que beneficiem todo o bloco. • Criação de um Banco Central único. • Moeda única. Exemplo: o Euro, na União Européia.

U.E.

5 - UNIÃO POLÍTICA

• Criação de um Parlamento com poder político sobre os países do bloco. • Criação de uma Constituição Única para todos os países do bloco.

U.E.

A União Européia é o único bloco até hoje, a efetivar a terceira e a quarta etapa de integração, e a caminhar para a realização da União Política. Vejamos mais detalhadamente alguns dos blocos econômicos que freqüentam as provas de concurso elaboradas pela CESPE/Unb, começando por este, que representa o bloco econômico mais integrado do mundo:

1- União Européia

Dos países signatários originais do Tratado de Nice, de 1999, não aderiram ao Euro: Reino Unido, Suécia e Dinamarca. Estes três países temiam pela perda da soberania sobre suas políticas monetárias. Também poderia ocorrer uma reestruturação de preços com base na concorrência direta de países que já adotaram o Euro, prejudicando alguns setores de suas economias.

Os que aderiram posteriormente ao Tratado – Eslovênia, Eslováquia, Polônia, Hungria, Chipre, Malta, República Tcheca, Lituânia, Letônia e Estônia – em 2004 e a Bulgária e Romênia em 2007 admitem o Euro como moeda de circulação,

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

mas ainda emitem suas próprias moedas.

União Européia – 2009: Em negociação para admissão no bloco: Sérvia, Croácia, Turquia, Montenegro, Albânia, Rep. Macedônia e Islândia.

A Turquia tem grande interesse em integrar os quadros da União Européia, pois receberia grandes investimentos. Sua economia seria dinamizada, mas o problema é que o país, apesar do esforço para a sua ocidentalização, não atende a requisitos mais elementares, pois ainda não é um Estado democrático pleno, ainda apresenta forte influência da religião islâmica em seu cotidiano político, além de problemas com minorias não-assimiladas plenamente, como os curdos; há também restrições européias que têm como origem rivalidades e preconceitos históricos (rivalidade greco-turca, mormente no que concerne à questão de Chipre) e o fato da maioria da Turquia localizar-se na Ásia (Oriente Médio).

As condições para a inclusão de um país no conjunto de tratados que formalizam a União Européia são:

• Ser um Estado de Direito plenamente democrático, com separação entre poderes, transição de governos, sufrágio universal; laico, mas plural no que se refere a minorias, não havendo discriminação de gênero ou de ordem étnica;

• Manter uma política monetária cambial e financeira austera, combater a corrupção e fortalecer as instituições democráticas;

• Estabelecer uma política ambiental consonante com os demais membros da organização;

• Estabelecer políticas migratórias de acordo com os demais membros.

União Européia - datas e dados:

• Início ---- BENELUX (1951) + Ale. Oc. + Itália +FR • 1957 – Clube dos seis (Tratado de Roma): Zona de Livre Comércio • 1968 –União Aduaneira • Déc 70 – Dinamarca + Reino Unido + Irlanda

Dec. 80 - Grécia + Espanha + Portugal Dec. 90 – Áustria + Finlândia + Suécia

• 1992 --------- Tratado de Maastricht – Mercado Comum - Livre circ. de pessoas. ----------- cresce Xenofobismo e a presença dos partidos de direita.

• 2001 ---------- União Monetária – EURO e Bco. Central Exceções: Reino Unido, Dinamarca e Suécia

• 2004 – são admitidos 10 países: Letônia, Lituânia, Estônia, Rep. Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Polônia, Malta e Chipre.

--------------- mão-de-obra barata --------------- privatizações (bancos, fábricas, energia, telefonia) --------------- cresce merc. interno.

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

• 2005 - União Política – Parlamento Europeu (738 deputados). Constituição única começa a ser votada (deve aprovada p/ referendo popular em cada país)

• 2007 – Bulgária + Romênia. Eslovénia adotou o euro

2008 - UE = 27 países - países candidatos: Turquia, Ucrânia, Croácia.

Problemas atuais na UE:

� Xenofobia � Migração para as áreas mais ricas � Envelhecimento da pop – (baixa tx de nat e aumento da expec. de vida) � A UE mantém muitas práticas protecionistas - Impõe mais de 30 tipos de barreiras

alfandegárias aos produtos brasileiros.

Em dezembro de 2007, os líderes europeus assinaram o Tratado de Lisboa, que se destina a substituir a Constituição Europeia, que nunca entrou em vigor depois de ter sido rejeitada pelos eleitores franceses e holandeses. No entanto, a incerteza sobre o futuro do Tratado de Lisboa, resultou na sua rejeição pelos eleitores irlandeses, em junho de 2008. A 17 de julho de 2009, o Parlamento da Islândia concordou em pedir formalmente a adesão à UE, iniciando conversações para um acordo a ser submetido a referendo aos eleitores islandeses. A 2 de outubro de 2009, os eleitores irlandeses aprovaram o Tratado de Lisboa. Com a aprovação final pela República Checa, a 3 de novembro de 2009, a União Europeia concluiu a ratificação do Tratado de Lisboa, entrando em vigor a 1 de dezembro de 2009.

A 22 de dezembro de 2009, a Sérvia apresentou a candidatura oficial de adesão à União Europeia.

Principais alterações introduzidas pelo Tratado de Lisboa

O Tratado de Lisboa resulta das negociações mantidas entre os Estados-membros da União Europeia, da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu durante a conferência intergovernamental realizada a 13 de Dezembro de 2007 em Lisboa, na qual ficou aprovado. O Tratado de Lisboa entrou em vigor a 1 de Dezembro de 2009 e veio alterar muitos dos aspectos normativos da política europeia introduzidos pelos dois tratados fundamentais da União Europeia: o Tratado de Maastricht (ou Tratado da União Europeia - 1992) e o Tratado de Roma (ou Tratado da Comunidade Económica Europeia - 1957).

O Tratado de Lisboa produz para a União Europeia e para os seus 27 Estados-membros um novo quadro jurídico e novos instrumentos legais que resultam, principalmente, nas seguintes mudanças:

• A representação da União Europeia (UE) no Mundo é unificada através da criação do cargo de Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, doravante com a permanência de dois anos e meio.

• A União Europeia adquire personalidade jurídica própria, a qual lhe permitirá assinar tratados internacionais – entre outras ações –, reforçando o seu poder de negociação.

• Simplifica o processo de decisão do Conselho Europeu (órgão executivo).

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

• O Parlamento Europeu terá poderes reforçados graças ao Tratado de Lisboa, podendo intervir em mais áreas e será preponderante na decisão do orçamento da União Europeia.

• O Tratado de Lisboa cria um novo mecanismo de subsidiariedade entre os vários parlamentos nacionais e a União Europeia.

• Com o Tratado de Lisboa são reforçados os direitos dos cidadãos da União Europeia, garantindo os princípios da Carta dos Direitos Fundamentais através da vinculação jurídica das suas disposições.

• O Tratado de Lisboa aumenta a representatividade dos cidadãos na apresentação de novas propostas para a política europeia, a qual passa a requerer um mínimo de um milhão de cidadãos proponentes, os quais deverão ser oriundos de um número significativo de Estados-membros da União Europeia.

• É estabelecida uma política europeia de ação conjunta entre a União Europeia e os seus Estados-membros como forma de resposta solidária, designadamente, e de acordo com os termos do Tratado de Lisboa, nas área da energia e da segurança nos casos específicos de atentado terrorista ou de catástrofe, seja ela natural ou resultado de acção humana.

• O Tratado de Lisboa institui novas disposições legais que reforçam a reação da União em matéria de segurança dos cidadãos europeus em caso de ameaça.

• O Tratado de Lisboa, ratificado pelos 27 Estados-membros,s ervirá de base orientadora à ação da União Europeia que visa dar respostas sobretudo a questões como a globalização, as alterações climáticas, a segurança e a energia.

2 - MERCOSUL

Em português: Mercado Comum do Sul, castelhano: Mercado Común del Sur, Mercosur é uma União Aduaneira (livre comércio intrazona e política comercial comum) de cinco países da América do Sul. Em sua formação original o bloco era composto por quatro paises: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, aderindo a Venezuela em julho de 2006. O bloco também é chamado de Cone Sul

Década de 1960 - As discussões para a constituição de um mercado econômico regional para a América Latina - Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) Década de 1980 - a Argentina e o Brasil fizeram progressos na matéria, assinando a Declaração de Iguaçu (1985), que estabelecia uma série de acordos comerciais no ano seguinte.

1991 - Com a adesão do Paraguai e do Uruguai, os quatro países se tornaram signatários do Tratado de Assunção. Inicialmente foi estabelecida uma zona de livre-comércio, onde os países signatários não tributariam ou restringiriam as importações um

do outro.

1995 - A partir de 1 de janeiro, esta zona de livre-comércio converteu-se em uma união aduaneira, na qual todos os signatários poderiam cobrar as mesmas alíquotas nas importações dos demais países (Tarifa Externa Comum).

Estados Membros

Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai (1991) e Venezuela (2006)

Estados Associados

Bolívia e Chile (1996), Peru (2003) Colômbia e Equador (2004)

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

1996 - a Bolívia e o Chile adquiriram o status de membros associados. O Chile encontra-se hoje (2006) em processo de aquisição do status de membro pleno depois de resolver alguns problemas territoriais com a

Argentina.

2002 - O Mercosul foi significativamente enfraquecido pelo colapso da economia argentina. Alguns críticos acreditam que a negativa de ajuda do governo Bush aquele país à época, foi baseada em um desejo de enfraquecer o Mercosul, já que, teoricamente, os EUA percebem a iniciativa deste mercado como um problema para a sua estratégia politico-econômica Os Estados Unidos alegaram que esse país latino-americano não transmitia confiabilidade aos mercados internacionais, tendo deixado de honrar seus compromissos financeiros em diversas ocasiões.

2004 - Colômbia, Equador e Venezuela formalizam sua associação ao Mercosul mediante a assinatura do Acordo

de Complementacão Económica Mercosul-Colombia, Equador e Venezuela (CMC Nº 59/04). Julho de 2004, discute-se a entrada do México no grupo.

2005 - Paraguai e Uruguai pedem o reforço das políticas de enfrentamento às grandes diferenças econômicas.

Em dezembro de 2005, a Venezuela protocolou seu pedido de adesão ao Mercosul, e em 4 de julho de 2006 seu ingresso ao bloco econômico foi formalizado, em Caracas.

• Muitos sul-americanos vêem o Mercosul como uma arma contra a influência dos Estados Unidos na região, tanto na forma da Área de Livre Comércio das Américas quando na de tratados

• Bolívia, Equador, Colômbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN) - bloco com que o Mercosul também firmará um acordo comercial.

• Acordo de Complementacão Econômica - um cronograma para a criação de uma zona de livre-comércio com os países do Mercosul e uma gradual redução de tarifas entre o Mercosul e os países firmantes.

• O Mercosul, Bolivia e Chile estableceram que todo território dos mesmos constitui uma Área de Livre Residencia com direito ao trabalho para todos seus cidadãos, sem exigência de outro requisito além da própria nacionalidade. A Área de Livre Residencia foi establecida na Cumbre de Presidentes em Brasília, mediante o "Acordo sobre Residencia para Nacionais dos Estados Membros do Mercosul, Bolivia e Chile" firmado em 6 de dezembro de 2002.

• Entretanto a Área de Livre Residencia e Trabalho não se assimila completamente à livre circulacão de pessoas (onde não se requere tramitação migratória alguma), os seis países deram um grande passo e demostraram a intenção de alcançar a plena libertade de circulacão de pessoas em todo o território.

MERCOSUL - Resumo dos dados mais importantes:

• Início – 1991 – Tratado de Assunção • 5 paises membros (BR-AR-UR-PR-VEN) 5 países associados (BOL-CHILE-PERU-COLOMBIA-EQUADOR)

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

2 países observadores (MÉXICO- ESPANHA) • 4ª Econ mundial (UE, NAFTA, ASEAN, MERCOSUL) • Grande polo de atração de investimentos e indústrias (hidrelétricas, rede de

comunicações) • Principal reserva de recursos naturais do planeta (minérios, petróleo, agricultura,

madeira, etc) • O bloco hoje tem estabilidade econ e política • A crise argentina trouxe um certo retrocesso • Integração ocorre também em diversos setores: educação, justiça, cultura, energia, meio

ambiente, agricultura, transportes, assuntos penais, assistência mútua, etc • 90 % das mercadorias circulam sem tarifas de importação.

3 - ALBA - Alternativa Bolivariana para as Américas

A Alba atualmente é composta pela Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua e Dominica, com a

possibilidade de entrada do Equador e São Vicente e Granadinas.

A Alba (ou Alternativa Bolivariana para as Américas) é um modelo de integração para os povos da América Latina e Caribe, inspirado nos ensinamentos de Simón Bolívar, alternativo à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), proposta de criação de um mercado comum americano defendido pelos Estados Unidos, e muito atacada pelos grupos de esquerda de toda a América Latina.

Sua principal diferença em relação a outros blocos econômicos é que visa não somente a eliminação de taxas alfandegárias para incentivar o comércio, tem como objetivo principal diminuição do contraste social existente na América Latina, criando maior interação dentro do continente. Uma de suas propostas é a criação de fundos de apoio, para reduzir miséria e exclusão social, tão presentes nestes países.

Uma outra proposta, porém menos viável é a estatização da economia, visando criar a União das Repúblicas Socialistas da America Latina, que vem sendo discutida desde a primeira edição do Foro de São Paulo. Este início deu-se pela colaboração de Cuba ao enviar médicos para ajudar no território venezuelano e pela colaboração da Venezuela ao abastecer Cuba com seu petróleo

4 - UNASUL - União de Nações Sul-Americanas

UNASUR - Unión de Naciones Suramericanas

Símbolo Bandeira

Centros políticos: Brasília Quito

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

A União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), anteriormente designada por Comunidade Sul-Americana de Nações (CSN), será uma zona de livre comércio continental que unirá as duas organizações de livre comércio, Mercosul e Comunidade Andina de Nações, além do Chile, Guiana e Suriname, nos moldes da União Européia. Foi estabelecida com este nome pela Declaração de Cuzco em 2006.

De acordo com entendimentos feitos até agora, a sede da União será localizada em Quito, capital

do Equador, enquanto a localização de seu banco, o Banco do Sul será na capital da Venezuela, Caracas. O seu parlamento será localizado em Cochabamba, na Bolívia.A integração completa entre esses dois blocos foi formalizada durante a reunião dos presidentes de países da América do Sul, no dia 23 de Maio de 2008 em Brasília.

No terceiro encontro de cúpula sul-americano, em 8 de dezembro de 2004, os presidentes ou representantes de 12 países sul-americanos assinaram a Declaração de Cuzco, uma carta de intenções de duas páginas, anunciando a fundação da então Comunidade Sul-Americana de Nações. O Panamá e o México presenciaram a cerimônia de assinatura como observadores.

Os líderes anunciaram a intenção de modelar a nova comunidade segundo a União Européia, incluindo uma moeda, um passaporte e um parlamento comuns. Segundo Allan Wagner, Secretário-geral do Pacto Andino, uma união completa como a da União Européia deve ser possível nos próximos 15 anos.

Estrutura do UNASUL

Até o momento, a estrutura provisória da Unasul é a seguinte:

• Os presidentes de cada nação membro terão uma reunião anual, esta será o mandato político superior.

• Os ministros de relações exteriores de cada país se encontrarão uma vez a cada seis meses. Eles formularão propostas concretas de ação e decisão executiva.

• Um secretário-geral será eleito, para estabelecer o secretariado permanente em Quito, Equador. • Reunião de ministros setoriais serão convocadas pelos presidentes. Elas serão desenvolvidas de

acordo com mecanismos do Mercosul e CAN (Comunidade Andina de Nações). • A presidência temporária será regida por um ano e será rotativa entre os países membros entre cada

reunião da UNASUL. Ex-presidentes: Peru (2004), Brasil (2005) e Bolívia (2006). O atual presidente da UNASUL é Michelle Bachelet.

• De acordo com o Decisiones del Diálogo Político, que foi assinado durante a 1ª Reunião de Energia Sul-Americana, um gabinete geral permanente será criado e sediado em Quito (Equador).

• Em 9 de dezembro de 2005, uma Comissão Estratégica de Reflexão sobre o Processo de Integração Sul-americana foi criada. Consiste de 12 membros, cuja função é elaborar propostas que ajudarão no processo de integração entre as nações sul-americanas.

• Comissão Executiva, que foi criada na 2ª Reunião da UNASUL, foi transformada na Comissão Política ou Conselho de Deputados, de acordo com o Decisiones del Diálogo Político.

Cochabamba Bogotá

Presidente pro tempore: Michelle Bachelet

Formação: Declaração de Cuzco: 8 de Dezembro de 2004

Tratado Constitutivo: 23 de Maio de 2008

Área - Total 17.715.335 km² (1º) - Água (% no mundo) 27

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

• O texto elaborado pelos chefes de Estado para constituir a UNASUL foi aprovado na 3ª Reunião da UNASUL em Brasília, no dia 23 de maio de 2008. Essa reunião deveria ter ocorrido em Cartagena de Indias, Colômbia, em 24-28 de janeiro de 2008, mas foi adiada por causa das tensões entre Equador, Colômbia e Venezuela.

Propostas em andamento:

A – Zona de Livre Comércio

Uma das iniciativas do UNASUL é a criação de uma zona de livre comércio, começando com a eliminação de tarifas para produtos considerados não sensíveis até 2014 e para produtos sensíveis até 2019.

B - Cooperação de infra-estrutura

Há, hoje, em andamento, a Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), com investimentos estimados em US$ 38 bilhões, provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento, da Corporação Andina de Fomento, do BNDES e do FonPlata

Os planos iniciais de integração através da

cooperação em infra-estrutura da Unasul se deram com a construção da Rodovia Intraoceânica, uma estrada que pretende ligar mais firmemente os países da costa do Pacífico, especialmente Chile e Peru, com Brasil e

Argentina, estendendo rodovias através do continente, permitindo melhores conexões dos portos à Bolívia e partes mais internas da Argentina, Peru e Brasil. O primeiro corredor, entre Peru e Brasil, começou a ser construído em setembro de 2005, financiado 60% pelo Brasil e 40% pelo Peru, e é esperado para estar pronto até o fim de 2009. Outros projetos: a conexão rodoviária transoceânica Atlântico-Pacífico na região amazônica e ferroviária na região platina, com os portos chilenos, bem como hidroviária entre as bacias amazônica, platina e caribenha (Rio Orinoco).

O Anel Energético Sul-Americano deverá interconectar Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai com gás natural de diversas fontes, como o projeto Gás de Camisea no Peru e os depósitos de gás de Tarija na Bolívia. Apesar de esta proposta ter sido assinada e ratificada, dificuldades políticas e econômicas na Argentina e Bolívia atrasaram esta iniciativa, e até hoje, este acordo permanece mais como um protocolo do que um projeto atual, já que Chile e Brasil já estão construindo terminais LNG para importar gás de fornecedores externos.

C - Livre circulação de pessoas

Visitas por cidadãos sul-americanos para qualquer país sul-americano (exceto Guiana Francesa) de até 90 dias requerem apenas a apresentação da carteira de identidade expedida pela entidade competente do país de origem do viajante. Em 24 de novembro de 2006, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

Venezuela abandonaram requerimentos de visto para viagens a turismo entre nacionais de tais países.

D - Conselho Sul-Americano de Defesa

Está em andamento uma proposta brasileira para a criação de um conselho de defesa comum sul-americano, que assume funções como elaboração de políticas de defesa conjunta, intercâmbio de pessoal entre as Forças Armadas de cada país, realização de exercícios militares conjuntos, participação em operações de paz das Nações Unidas, troca de análises sobre os cenários mundiais de defesa e integração de bases industriais de material bélico.

E - Política monetária

Um dos objetivos da união monetária é o estabelecimento de uma única moeda sul-americana. Apoio à criação dessa moeda foi prestado em Janeiro de 2007 pelo presidente peruano Alan García, e tem sido apoiada por outras nações sul-americanas, inclusive o presidente boliviano Evo Morales em Abril do mesmo ano, o qual propôs que a Unasul estabeleça uma moeda única chamada "Pacha" ("terra" em idioma quíchua), deixando claro que cada país faça a sua proposta para o nome da moeda, e que essa circule pelos países membros do bloco.

Membros do CAN Membros do MERCOSUL Outros países do UNASUL Bolívia Argentina Chile¹² Colômbia Brasil Guiana³ Equador Paraguai Suriname³ Peru Uruguai

Venezuela

Membros Observadores: Panamá e México

¹ São considerados também membros associados da CAN. ² São considerados também membros associados do MERCOSUL. ³ Não farão parte imediatamente da comunidade UNASUL.

Territórios não-participantes

As seguintes áreas sul-americanas são territórios dependentes e portanto não participam:

• Guiana Francesa, pois não é um país, e sim um departamento ultramarino francês e, por isso, parte da União Européia.

• As Malvinas (Falkland) e as Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, que são territórios ultramarinos do Reino Unido, objetos de reinvindicações de soberania pela Argentina.

A integração sul-americana possibilitará a criação de um forte mercado regional, que destacará as economias da área, como também reforçará o interesse de outros parceiros, como a União Européia e a Ásia Oriental. Além disso, uma união desse tipo, faria frente à ALCA, cujas negociações se encontram estagnadas. Da mesma forma, o novo bloco teria mais poder nas negociações da Organização Mundial do Comércio e criará um elemento positivo para o desenvolvimento, pois a região possui um enorme potencial de crescimento, ao contrário de pólos que já atingiram certo nível de saturação. Particularmente, chama atenção o volume de recursos naturais existentes.

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

5 - G20 ou Grupo dos 20 é o nome genérico que hoje se refere a dois conjuntos de países: A - G20 (países em desenvolvimento) - grupo de cerca de 20 países em desenvolvimento

A - G20 (países em desenvolvimento) - grupo de cerca de 20 países em desenvolvimento

Grupo dos 20, é um grupo de países emergentes criado em 20 de agosto de 2003, em Cancún, México.

• A atuação está mais concentrada na agricultura. • Em Cancún, os objetivos principais tinham sido defender resultados nas negociações agrícolas que

refletissem o nível de ambição do mandato das negociações da Rodada de Doha e os interesses dos países em desenvolvimento.

• Seus países membros respondem por 60 % da população mundial, 70 % da população rural do mundo e 26% das exportações agrícolas mundiais.

• Os membros do G20, que podem variar, são atualmente 24.

• África o África do Sul o Egito o Nigéria o Tanzânia o Zimbábue

• Ásia o China o Filipinas o Índia o Indonésia o Paquistão o Tailândia

• Europa o Turquia o República Checa o Hungria

• América Latina o Argentina o Bolívia o Brasil o Chile o Cuba o Guatemala o México o Paraguai o Uruguai o Venezuela

O G-20 tem uma vasta e equilibrada representação geográfica. Desde a sua constituição, o G-20 gerou grande interesse, criou expectativas e recebeu também críticas vindas diferentes direções.

Após a falta de resultados concretos no encontro de Cancun, o G-20 dedicou-se a intensas consultas técnicas e políticas, visando a injetar dinamismo nas negociações. Foram realizadas diversas Reuniões Ministeriais do Grupo (Cancún, setembro/2003; Brasília, dezembro/ 2003; São Paulo, junho/2004; Nova Délhi, março/2005; Bhurban, setembro/2005; e Genebra, outubro e novembro/2005), além de freqüentes reuniões entre Chefes de Delegação e Altos Funcionários, em Genebra. O grupo promoveu, ainda, reuniões técnicas com vistas a discutir propostas específicas no contexto das negociações sobre a agricultura da OMC e a preparar documentos técnicos, em apoio à posição comum adotada pelo Grupo.

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

O G-20 consolidou-se como interlocutor essencial e reconhecido nas negociações agrícolas. A legitimidade do Grupo deve-se às seguintes razões:

• a) importância do seu membros na produção e comércio agrícolas, representando quase 60% da população mundial, 70% da população rural em todo o mundo e 26% das exportações agrícolas mundiais;

• b) sua capacidade de traduzir os interesses dos países em desenvolvimento em propostas concretas e consistentes; e

• c) sua habilidade em coordenar seus membros e interagir com outros grupos na OMC.

B - G20 (países industriais) - grupo de 20 países industriais

1. África do Sul 2. Alemanha 3. Arábia Saudita 4. Argentina 5. Austrália 6. Brasil 7. Canadá 8. China 9. Coréia do Sul 10. Estados Unidos

11. França 12. Índia 13. Indonésia 14. Itália 15. Japão 16. México 17. Reino Unido 18. Rússia 19. Turquia 20. União Européia

O segundo G-20 (grupo dos 20) é um grupo que consiste nas 19 maiores potências do mundo, junto com a União Européia. O G-20, que substituiu o G33 (que por sua vez havia substituído o G22), foi criado na reunião de cúpula do G7 (actual G8) em Colónia em junho de 1999, mas estabelecido formalmente na reunião de ministros de finanças em 26 de setembro de 1999. A reunião inaugural ocorreu em 15 e 16 de dezembro de 1999 em Berlim.

A sociedade do G-20 compreende os ministros de finanças e os reguladores dos bancos centrais do G7 e de outros 12 países chaves, além do Banco Central Europeu.

Objetivos do G20 – países industrializados

O objetivo primário do G20 é discutir e desenvolver a política que promove "o crescimento alto e sustentável" da economia global. Ele faz isto em parte pela promoção de política compatível com o Acordo de Crescimento Segurado do G20 aprovado em 2004. Este Acordo realça uma variedade da política neoliberal, inclusive:

• A eliminação de restrições no movimento de capital internacional • Desregulação: queda de barreiras comerciais

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

• Condições de mercado de trabalho flexíveis • Privatização • Garantia de direitos de propriedade intelectual e de outros direitos de propriedade privados • Criação de um clima de negócios que favoreça a realização de investimentos estrangeiros diretos.

6 – BRIC

Brasil, Rússia, Índia e China

BRIC

Brasil Presidente (chefe de Estado): Luiz Inácio Lula da Silva Presidente (chefe de governo): Luiz Inácio Lula da Silva

Rússia Presidente (chefe de Estado): Dmitry Medvedev Primeiro-ministro (chefe de governo): Vladimir Putin

Índia Presidente (chefe de Estado): Pratibha Patil Primeiro-ministro (chefe de governo): Manmohan Singh

China Presidente (chefe de Estado): Hu Jintao Primeiro-ministro (chefe de governo): Wen Jiabao

Na economia, BRIC é uma sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia e China, que destacaram-se no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento. O acrônimo foi cunhado e proeminentemente usado pelo economista Jim O'Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, em 2001.

O México e a Coréia do Sul seriam os únicos países comparáveis com os países BRIC, de acordo com um artigo publicado em 2005, mas suas economias foram excluídas inicialmente porque já foram considerados mais desenvolvidas. O Goldman Sachs argumenta que, uma vez que estão em rápido desenvolvimento, em 2050, o conjunto das economias dos BRICs pode eclipsar o conjunto das economias dos países mais ricos do mundo atual. Os quatro países, em conjunto, representam atualmente mais de um quarto da área terrestre do planeta e mais de 40% da população mundial.

O Goldman Sachs não argumenta que os BRICs se organizam em um bloco econômico ou uma associação de comércio formal, como no caso da União Européia. No entanto, há fortes indícios de que "os quatro países do BRIC têm procurado formar um "clube político" ou uma "aliança", e assim convertendo "seu crescente poder econômico em uma maior influência geopolítica." Em 16 de junho de 2009, os líderes dos países do BRIC realizaram sua primeira reunião, em Ecaterimburgo, e emitiram uma declaração apelando para o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar.

Se considerado como um bloco econômico, em 2050, o grupo dos BRICs já poderá ter ultrapassado a União Européia e os Estados Unidos da América. Entre os países do grupo haveria uma clara divisão de funções. O Brasil e a Rússia seriam os maiores fornecedores de matérias-primas - o Brasil como grande produtor de alimentos e a Rússia, de petróleo - enquanto os serviços e produtos manufaturados seriam principalmente providos pela Índia e pela China, onde há grande concentração de mão-de-obra e tecnologia.

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

Os países BRIC reuniram-se para a sua primeira cúpula oficial em 16 de Junho de 2009, em Ecaterimburgo, Rússia, com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva, Dmitry Medvedev, Manmohan Singh, e Hu Jintao. Durante a cúpula foram discutidos vários temas relacionados à crise econômica de 2008, tais como comércio internacional, o papel do dólar como moeda de reserva e sua possível substituição, a participação nos organismos internacionais, entre outros.

Uma semana antes da cúpula, o Brasil ofereceu $ 10 bilhões ao Fundo Monetário Internacional. Foi a primeira vez que o país fez um empréstimo desse tipo. O Brasil já recebeu anteriormente empréstimo do FMI e este anúncio foi tratado como uma importante demonstração da mudança de posição econômica do Brasil. A China e a Rússia também fizeram anúncios de empréstimo ao FMI, de $ 50 bilhões e US $ 10 bilhões respectivamente.

A Segunda cúpula do BRIC aconteceu nos dias 15 e 16 de abril em Brasília. Na reunião preparatória do dia 14, realizada no Rio de Janeiro, foram discutidos - pela primeira vez - oportunidades de negócios e investimentos para setores de energia, tecnologia da informação, infraestrutura e agronegócio. A África do Sul também foi uma das participantes. A Rússia anunciou demandas para investimentos em rodovias e aeroportos; e o Brasil, em ferrovias, aeroportos, hidrovias e estrutura urbana. A China sugeriu a troca de informações para a segurança alimentar, ou seja, a troca de informações para evitar grandes altas nos preços dos alimentos.

Pontos importantes:

• Se a primeira cúpula, na Rússia, não produziu resultados concretos, ela serviu para pavimentar um caminho que culminou no encontro de Brasília, marcado por reuniões paralelas entre representantes comerciais, presidentes de bancos centrais e ministros de Finanças e Relações Exteriores.

• Crescimento acelerado do grupo é o principal trunfo no pós-crise. Segundo o "pai dos Brics", Jim O' Neill, Brasil, Rússia, Índia e China estão liderando a recuperação mundial, após o abalo financeiro de 2008. O bloco - impulsionado pela China, tem o papel importante de compensar a perda de capacidade de consumo dos Estados Unidos.

• Grupo busca comércio em moeda local e briga por mais voz nos fóruns globais • O Poder do bloco está na influencia sobre países ricos. • Brasil, Rússia, Índia e China estão entre as dez nações com maiores reservas monetárias, representando,

juntos, 40% das reservas totais do mundo, somando nada menos que US$ 3,35 trilhões. Só a China tem impressionantes US$ 2,4 trilhões. E a Rússia, US$ 420 bilhões. Esses volumes criaram colchões contra as turbulências e ajudaram a fortalecer o Bric como potência econômica.

• O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece o poder do grupo ao destacar que o Bric será responsável por 61,3% do crescimento global entre 2008 a 2011.

• Para o diretor do Programa de Economia Internacional do instituto Carnegie, Uri Dadush, não resta dúvida sobre o poder do Bric nas discussões sobre os organismos internacionais e mudança do clima, por exemplo.

• O Bric representa um mercado consumidor de 40% da população mundial. • Mathias Spektor, da Fundação Getulio Vargas, afirma que os Bric “não são exatamente uma alternativa

ao Consenso de Washington, mas o bloco oferece outros modelos e estão efetivamente expressando algo distinto no campo econômico”.

Os Bric não têm coerência legal, histórica e geográfica, da mesma forma que a União Européia, mas talvez seu maior papel seja o de pressionar os países ricos a mudarem suas formas de administrar a economia global. Os BRIC, apesar de ainda não serem as maiores economias mundiais, estão em processo de desenvolvimento político e econômico e já fazem sentir sua influência - a exemplo do que ocorreu na reunião da OMC em 2005, quando os países em desenvolvimento, liderados por Brasil e Índia, juntaram-se

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

aos países subdesenvolvidos para impor a retirada dos subsídios governamentais pela União Européia e pelos Estados Unidos, e a redução das tarifas de importação.

E a expansão do bloco pode ser vista nos números: o Goldman Sachs elevou a previsão de crescimento do Brasil para 6,4% em 2010, ante expectativa anterior de 5,8%. De acordo com o economista, no mesmo período, a China deve crescer 11,4%; a Índia, 8,2%; e a Rússia, 4,5%.

Nada se pode garantir sobre o futuro dos BRICs, no entanto, pois todos os países estão vulneráveis a conflitos internos, governos corruptos e revoluções populares, mas, se nada de anormal acontecer, é possível prever uma economia mundial apolar, na qual a idéia de "norte rico, sul pobre" careceria de sentido.

Gigantes globais

Categorias \ Países Brasil Rússia Índia China

Área 5º 1º 7º 3º / 4º (disputado)

População 5º 9º 2º 1º

PIB nominal 8º 11º 12º 3º

PIB (PPC) 9º 6º 4º 2º

Exportações 21º 11º 23º 1º

Importações 27º 17º 16º 3º

Balança comercial 47º 5º 169º 1º

Consumo de eletricidade 10º 3º 7º 2º

Paridade do poder de compra (PPC).

Usar uma base PPC é indiscutivelmente mais útil quando comparado às diferenças generalizadas

nos padrões de vida gerais das populações, isto porque o PPC leva em conta o custo relativo da vida e as

taxas de inflação do país, ao invés de usar apenas as taxas de câmbio, o que poderia distorcer as reais

diferenças de renda. No entanto, as economias se auto-ajustam às mudanças de moeda ao longo do tempo,

e a tecnologia intensiva e bens de luxo, matérias-primas e preços de energia são os mais afetados pela

diferença de moeda, apesar de serem críticos ao desenvolvimento da nação, por tanto, as vendas de trajes

exteriores ou a gasolina por litro na República Popular da China são medidas com mais precisão pelo

valor nominal.

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

O papel de cada país no BRIC

Brasil

O Brasil desempenharia o papel de país exportador agropecuário, sendo que a sua produção de soja e de carne bovina seria suficiente para alimentar mais de 40% da população mundial. A cana-de-açúcar também desempenharia papel fundamental na produção de combustíveis renováveis e ambientalmente sustentáveis - como o álcool e o biodiesel. Além disso, seria o fornecedor preferencial de matérias-primas essenciais aos países em desenvolvimento - como petróleo, aço e alumínio -, sobretudo na América Latina e particularmente na área do Mercosul (Argentina, Venezuela, Paraguai, Uruguai), fortemente influenciada pelo Brasil. No entanto, talvez o mais importante trunfo do Brasil esteja em suas reservas naturais de água, em sua fauna e em sua flora, ímpares em todo o mundo, que tendem a ocupar o lugar do petróleo na lista de desejos dos líderes políticos de todos os países. O Brasil ficaria em 4º lugar no ranking das maiores economias do mundo em 2050.

O Brasil é o país que mais valorizou o seu câmbio, facilitando as importações e dificultando as exportações. E são as exportações que criam os empregos que interessam, e sustentam a possibilidade de um crescimento de prazo mais longo. Sempre que o Brasil enfrentou dificuldades, elas decorreram das limitações das divisas geradas pelas exportações.

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

Entre os Brics, o Brasil tem o melhor índice Growth Enviroment Score (GES), composto por 13 variáveis que apontam para o crescimento sustentável e a produtividade. Enquanto o Brasil registrou pontuação de 5,3, China ficou com 5,2, Rússia com 5,1 e Índia com 4. Quanto mais perto de 10, melhor é o conceito do país no índice que mede, entre outros itens, corrupção, estabilidade política e inflação. O Brasil precisa melhorar em áreas como investimento e educação, mas está no nível mais alto – diz o relatório da instituição.

Rússia

A Rússia desempenharia o papel de fornecedor de matérias-primas, notadamente hidrocarbonetos. Mas seria também de exportador de mão-de-obra altamente qualificada e de tecnologia, além de ser uma grande potência militar, característica herdada da Guerra Fria.

Dos Bric, a Rússia foi o mais afetado pela crise: recessão de 7,9% em 2009. O sétimo pior resultado de todos os países analisados pela Fitch. A previsão para este ano é de crescimento de 4,5%. A recuperação deve ser puxada pelo aumento do preço do petróleo. A inflação também é um problema, mas a crise derrubou a taxa de 13,3% para 8,8%.

A contestação em torno da capacidade da economia russa em continuar crescendo em níveis acima da média mundial vem aumentando na Europa e nos EUA. A queda ao inferno começou quando do derretimento temporário do preço do barril de petróleo, que chegou a US$ 130 em 2008. Com o recuo brutal das exportações e o impacto na arrecadação pública, amplificada pela crise de crédito, bancos e companhias privadas se viram sem linhas de financiamento. No intervalo de meses, buracos nas contas privadas se multiplicaram em dívidas muitas vezes impagáveis, causadas pela diminuição no preço das ações de empresas e pela desvalorização do rublo. O resultado foi a maior turbulência desde o fim da União Soviética, em 1991.

O quadro negativo não apenas reverteu um ciclo de 10 anos de crescimento - a "Era Putin" -, como também expôs as fragilidades do mercado russo. O "petroestado", como é definido por economistas europeus, é excessivamente dependente das exportações de petróleo e matérias-primas, tem uma moeda fraca, um mercado consumidor interno encolhido e vê a degradação paulatina de seu parque industrial. Some-se a isso um Estado minado pela corrupção.

A conjugação de debilidades levou um alto economista da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) a definir a Rússia, em uma conversa informal com a reportagem do Estado, como "o Bric de barro". As fragilidades também têm sido abordadas por publicações especializadas da Europa, como a revista The Economist. O diagnóstico é compartilhado por O"Neill. Questionado em Londres sobre a retomada da atividade econômica global, o economista afirmou: "China, Índia e Brasil se aproximam do boom econômico." Já sobre a Rússia, que não cresceria mais de 3% ao ano, nos seus cálculos, ele foi menos generoso. "Não há nenhum boom na Rússia."

Alexander Dynkin, diretor do Institut of World Economy and International Relations (Imemo), também de Moscou, é um pouco mais otimista: estima que o país pode crescer 5% ao ano na década. Mas faz a mesma análise sobre a dependência das matérias-primas e a defasagem industrial e tecnológica crescentes. "Há muitos pontos negativos conexos ao fato de a Rússia ser uma espécie de petroestado. O país depende demais da conjuntura global e não é diversificado", diz. "Não devemos parar a exploração de petróleo, mas precisamos desenvolver, diversificar, inovar em outros setores."

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

Índia

A Índia deve ter a maior média de crescimento entre os BRICs. Estima-se que em 2050 esteja no 3.º lugar no ranking das economias mundiais, atrás apenas de China (em 1.º) e dos EUA (em 2.º). Além de potência militar, o país tem uma grande população, e tem realizado vultosos investimentos em tecnologia e qualificação da mão-de obra, o que a qualificaria a concentrar no setor de serviços especializados.

Em 2009, pela primeira vez a Índia ultrapassou o Brasil no comércio internacional. Foram US$ 155 bilhões em vendas, contra US$ 153 bilhões do Brasil. Uma virada dos indianos, que em 1980 exportavam menos da metade do valor brasileiro: US$ 8 bilhões contra US$ 20 bi. A arrancada foi puxada pela venda de manufaturados e de serviços, produtos com maior valor agregado, como carros, computadores e softwares. A economia indiana conseguiu crescer mais em 2009 (7%) do que em 2008 (6,7%). A explicação para o bom desempenho está na alta taxa de poupança do país, em torno de 37% do PIB, mas o governo abriu um enorme déficit nas contas públicas com os programas de estímulo. A previsão da agência Fitch é que em 2010 e 2011 o país vai crescer 8% e 8,5%. Mas o crescimento está aumentando perigosamente a inflação.

China

Com um PIB de US$ 4,9 trilhões em 2009, a China tem economia maior que Brasil, Rússia e Índia juntos, que tiveram um PIB de US$ 3,9 bilhões neste mesmo ano. A China deve ser, em 2050, a maior economia mundial, tendo como base seu acelerado crescimento econômico sustentado durante todo início do século XXI. Dada a sua população e a disponibilidade de tecnologia, sua economia deve basear-se na indústria. Grande potência militar, a China se encontra atualmente num processo de transição do capitalismo de Estado para o capitalismo de mercado, processo que já deverá estar completado em 2050.

A China anunciou que o PIB do primeiro trimestre de 2010 fechou com alta de 11,9%, e o temor de novo é de superaquecimento. Parte desse desempenho é turbinado pelo que mais prejudica o Brasil e o resto do mundo: um câmbio absolutamente artificial. O que torna a relação comercial chinesa desleal, na opinião de muitos analistas.

Abaixo a projeção de crescimento elaborada por duas instituições financeiras internacionais:

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

Source: GS. Global Economics Paper No. 99

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

Divergências entre os membros do Bric

• Para 'Economist', Bric tem força econômica, mas falta coerência histórica: Brasil e Índia são democracias, ao passo que Rússia e sobretudo China são regimes autocráticos. Exceto o Brasil, os outros três são rivais estratégicos no xadrez geopolítico asiático e global.

• Não há, tampouco, um modelo econômico a uni-los. A China se consolida como potência industrial, num regime de capitalismo dirigido pelo Estado. Brasil e Índia são economias de mercado diversificadas, com forte consumo interno, mas baixa eficiência produtivo-exportadora. Já a Rússia encontra obstáculos para reduzir a dependência do setor de energia.

• Rússia, Índia e China são grandes potências militares, ao contrário do Brasil, que nunca se engajou em uma corrida armamentista.

• A revista britânica “Economist” batiza o Bric como o “clube dos trilhões de dólares”, em referência ao Produto Interno Bruto de cada país, mas destaca que a importância individual de cada “gigante emergente” ainda supera o seu papel como grupo.

• As divergências são claras no âmbito da Organização Mundial do Comércio. Na rodada Doha, China e Brasil estão em lados opostos na questão agrícola. O Brasil é adversário do protecionismo agrícola, ao contrário de China e Índia. Rodrigo Maciel, do Conselho Empresarial BrasilChina, acredita que os investimentos chineses serão maiores nos próximos anos, mas diz que os produtos brasileiros têm dificuldade de entrar na China, principalmente os agrícolas. Com 60% da população vivendo no campo, cerca de 800 milhões de pessoas, o país não vai abrir sua economia.

• Na questão climática, o governo brasileiro mostra-se mais compromissado em limitar emissões de carbono.

• A principal diferença hoje está na política cambial: A China desvaloriza o seu câmbio artificialmente, enquanto o Brasil tem uma moeda valorizada. Essa diferença dificulta qualquer ação de integração na área de comércio.

• No lado econômico, a revista compara a forma como os Bric entraram e saíram da crise financeira global com a dos países ricos, sobretudo os da União Europeia. Politicamente, o papel de cada nação nas discussões do clima, por exemplo, reforçaram o prestígio e a importância do bloco no debate sobre questões centrais, permitindo inclusive o pleito de

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

maior representatividade dos organismos multilaterais, loteados pelas nações do chamado G-7. A formação do G-20 seria o resultado prático desse reconhecimento internacional.

• Dois membros do BRIC (Rússia e China) são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os outros dois membros do BRIC (Brasil e Índia), integram as Nações G4, cujo o objetivo é ter um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, conseguindo o apoio de alguns países-membros, mas não tendo o apoio dos países regionais, como o México e a Argentina (contrariando o Brasil) e o Paquistão (contrariando a Índia).

Apesar das diferenças, Brasil, Rússia, China e Índia têm traços comuns:

• O primeiro e mais óbvio: tamanho. São os quatro gigantes da periferia do sistema internacional — em termos demográficos, de extensão geográfica e da dimensão das suas economias.

• Segundo traço comum, ligado ao primeiro: a experiência vem mostrando que os Bric têm capacidade de atuar de forma independente em relação às potências tradicionais (EUA, Europa, Japão). Esse é um aspecto crucial. A maioria dos demais países de mercado emergente ou em desenvolvimento, mesmo os que têm certo porte, não tem essa capacidade, ou pelo menos não na mesma medida. Em muitos casos, o que ainda se vê é uma relação de estreita dependência e alinhamento mais ou menos automático com o chamado Primeiro Mundo.

• No âmbito do FMI e do G20, a atuação conjunta dos Bric tem importância prática. Não tem sido difícil definir posições comuns para grande parte dos temas da agenda do Fundo. Os ministros de Finanças e presidentes de Banco Central dos Bric têm-se encontrado periodicamente.

O encontro entre os líderes do Brasil, da Rússia, da China e da Índia em Brasília, foi a segunda cúpula do grupo. A primeira aconteceu na Rússia no ano passado. A próxima será na China em 2011. Os principais pontos divulgados pelo documento produzido no encontro de Brasília foram:

• O compromisso de lutar por uma conclusão ambiciosa nas reformas em andamento no FMI e no Banco Mundial com o objetivo de reduzir o “déficit de legitimidade” dessas instituições. Isso requer, antes de tudo, “uma transferência substancial de poder de voto em favor das economias emergentes e dos países em desenvolvimento de forma a alinhar a sua participação na tomada de decisões ao seu peso relativo na economia mundial”. Se isso não acontecer, continua o comunicado, essas instituições correm o risco de se tornar obsoletas.

• O fim da dependência do Banco Mundial. Seus bancos de fomento hoje têm juntos uma capacidade de emprestar muito maior do que a dos tradicionais organismos internacionais.

• O mais importante talvez a médio e curto prazo (nas relações comerciais com o Bric), é a questão da troca em moedas locais. A adoção do mecanismo criaria um colchão que protege os envolvidos de outras crises internacionais e estimula as pequenas e médias empresas. Mecanismo já operado perifericamente pelo Brasil e a Argentina.

• Mencionada a contrariedade dos membros do Bric com a tese da "autorregulação natural dos mercados financeiros”.

• O texto não faz referência à questão da política chinesa de câmbio desvalorizado. Aparentemente, o tema não chegou a ser tocado na reunião.

• Há outros pontos dignos de nota. Num deles, está escrito que "reiteramos (os chefes de Estado dos Brics) a importância que atribuímos ao status da Índia e do Brasil nos assuntos internacionais, e compreendemos e apoiamos a sua aspiração de ter um papel maior nas Nações Unidas". O trecho aponta para a reivindicação de Índia e Brasil a um assento

Atualidades

Professor Celso Branco – Data: 13.03.12

www.enfaseinstituto.com.br

permanente no Conselho de Segurança da ONU. Não é nada claro que Rússia e China (que têm assento) tenham interesse nisso, e a própria linguagem indireta abre espaço a recuos.

O PAC CHINÊS

Concomitante à reunião do Bric e reconhecendo a significativa complementaridade das duas economias e o grande potencial para cooperação em investimentos e comércio, Brasil e China assinaram em 16/04/2010 um Plano de Ação Conjunta:

• Prevê o aprofundamento das relações comerciais e de investimentos entre os dois países. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ambas as nações devem lutar por uma nova ordem mundial, e que o Brasil precisa aumentar o valor agregado dos produtos que vende para a China, hoje o principal mercado para as exportações brasileiras.

• Abrange 11 áreas. Os países assinaram mais 13 atos nos setores de agricultura, energia, comunicações e cultura.

• O Brasil espera aumentar as exportações de aço, carne bovina e tabaco para o país asiático e em dar andamento à cooperação para lançamentos de satélites. A China é o maior importador do mundo.

O documento assinado por Brasil e China, embora vago, é passo importante para oportunidades equilibradas de comércio e investimento. A intenção de colaboração entre bancos nacionais de desenvolvimento também é positiva, pois permitirá diversificar fontes de financiamento. Esse tipo de cooperação na agenda do desenvolvimento é um fator real de aproximação entre os quatro países, que poderá contribuir gradualmente para maior convergência nos grandes temas globais.

O aumento de 780% do comércio bilateral desde 2003, para US$ 36 bilhões no ano passado, também foi foco do discurso de Lula, que cobrou o incremento do valor agregado dos produtos brasileiros exportados: “A China tornou-se nosso principal parceiro comercial e o maior mercado para nossas exportações. Mas, para que a promessa do comércio Sul-Sul seja uma realidade, o Brasil precisa aumentar o valor agregado das suas vendas” – disse Lula. – O setor aeronáutico pode ajudar a tornar as trocas mais equilibradas.