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Page 1: 2017 JULHO/AGOSTO EDIÇÃO NÚMERO 01 Clique na barra de … · 2019-09-19 · Mick Jagger, dos Rolling Stones. Vitor é mais um dos artistas pouco conhecidos em Teresópo-lis, mas

2017JULHO/AGOSTO

EDIÇÃO NÚMERO 01

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ACONTECEO DEVER DE INFORMAR DIREITO ISSN 2316-7718EDIÇÃO ESPECIAL

TERESÓPOLIS FAZ 126 ANOS

CIDADE MASCARADA

A PRAÇA DOS TRÊS PODERESEntre a Prefeitura e a Câmara Municipal, está o novo Forum da cidade. Novo, pois ainda nem completou cinco anos de existência. O diretor do Forum, juiz Márcio Olmo, falou ao ACONTECE, em junho de 2016, ainda na fase de projeto de retomada do jornal. Entrevista que você confere na página 3.

Conheça os empresários que levaram para seus negócios os nomes de seus programas pre-feridos na TV. Página 2

A VIDAIMITA

A ARTE

Em 1891, o governador Francisco Portela assinou o Decreto que separou Teresópolis de Magé. Uma das facetas da História de Teresópolis, pouco comentada, é a da escravidão em suas

terras. Apesar de ter tido escravos, o município não foi incluído no Projeto Brasil Quilombola, do Governo Federal – ao contrá-rio de Magé. Página 5.

SUPER HEROIJoão Pedro comemorou 6 anos em 10 de junho com festa temática do Homem Aranha, presente dos pais Mirian e Silvio, empresário da cidade que começou seus negócios como camelô. A trajetória de Silvio será tema do jornal.

Há mais de 20 anos, o ACONTECE adotou a estratégia de presentear com prêmios os leitores. O jornal trazia cupons, depositados em urnas e depois sorteados. Caroli-ne do Couto Pereira da Silva, então com 6 anos, ganhou a tão sonhada bicicleta da 'Promoção que Acontece'. Hoje, aos 27 anos, ela relembrou sua história com o jornal:- É uma recordação que vou levar pra vida toda – destaca. Página 7.

A GANHADORA20 ANOS DEPOIS

Recentemente, ela completou 92 anos de idade, dos quais boa parte dedicada ao Magistério. É lembrada por toda uma geração de estudantes que passaram pelo Colégio São Paulo, onde lecio-nou por mais de 20 anos. Em sala de aula, demonstrava seu caris-ma, com uma metodologia de ensino que a diferenciava dos demais mestres das décadas de 60, 70 e até 80. Página 5

Tia ChicaCom bolos e mariolas,ela ensinou Matemática

MASKS DESIGNERFORNECE MÁSCARASPARA ARTISTASCONSAGRADOS. P. 2

Em 1996, surgia o Acontece. Nascia um novo conceito de fazer

jornal, no qual a publicidade apare-cia em conjunto com a notícia, atra-v é s d o c o n c e i t o d e ' f o t o -propaganda', no topo das páginas. Com isso, era conduzido o anunci-ante ao patamar principal da página – o da própria notícia – sem, contu-do, a ela se mesclar.

Outro aspecto era a clara divisão por temas, Cidade, Educação, Saú-de, Esporte, Turismo e Cultura e Lazer.

As inovações apareciam num ambiente editorial bem diverso do atual, já que na época havia duas dezenas de órgãos de imprensa na cidade.

A ampla concorrência, entretan-to, não foi pano de fundo para des-lealdades.

A isenção foi outro caminho tri-lhado pelo Acontece. Tendo por escolha própria a iniciativa privada como única fonte de custeio, o jor-nal montou condições para manter a imparcialidade.

Tal postura não implicou e não implicará, contudo, em não divul-gar a esfera pública. Mas que tal divulgação obedeça invariavel-mente o interesse coletivo.

É com esses três valores – inova-ção, ética e isenção - partes de sua fundação há pouco mais de 20 anos, que o Acontece retorna aos leitores, com reportagens especiais e análi-ses do dia a dia do município.

Antes do atual retorno a publica-ção passou por uma segunda fase: o Acontece no Direito. Em menor formato, trazia as principais infor-mações do ambiente jurídico, em linguagem simples e acessível.

Portanto, sigamos em frente, com vistas para o futuro.

Que o passado seja o ponto de partida para o que acontece, e para o que acontecerá, sempre em nos-sas manchetes.

> ACOMPANHE A LINHA DO TEMPO NA PÁGINA 8

Para oFuturo

WEB TURISMOBusca mostra mais de 600 milresultados para setor na cidade

PÁGINA 6

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Leia em www.rce.adv.br/acontece

/ se Existe "simples" Violação Legal, por Reny do Amaral Carneiro Jr.,

associado de RCE Advogados.

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TERESÓPOLISMASCARADAMASKS DESIGNER FORNECE MÁSCARAS

PARA ARTISTAS CONSAGRADOS

Vitor Lopes: trabalho é bastante reconhecido fora dos limites do municípioVitor Lopes e sua equipe trabalham na confecção de máscaras de látex e silicone, tanto de personagens da ficção como de celebridades da vida real

Em seu ateliê, no bairro de SãoPedro, Vitor Lopes e sua equipetrabalham na confecção de más-caras de látex e silicone. Ele émasks designer, profissão poucoconhecida, mas cujo trabalhochama a atenção. Vitor faz más-caras, tanto de personagens daficção como de celebridades davida real, entre outros temas.

Ele pode, por exemplo, fazeruma máscara com seu rosto, sevocê estiver disposto a tal, assimcomo reproduziu a face do astroMick Jagger, dos Rolling Stones.

Vitor é mais um dos artistaspouco conhecidos em Teresópo-lis, mas cujo trabalho é bastantereconhecido fora dos limites domunicípio:

- A Globo já veio aqui na mi-nha porta pra buscar trabalho –conta. - Fizemos um trabalho praum programa chamado ‘ZeroUm’, na madrugada, programade games. Foi um episódio so-bre zumbis e fizemos as másca-ras.

Já fez trabalhos também paraMC Créu e Dennis DJ, além demoldes para a Escola de Sambacarioca Mocidade Independentede Padre Miguel.

Na África do Sul, por volta de2010, trabalhou com efeitos es-peciais para cinema, com focovoltado para máscaras:

- Por coincidência, ao lado daminha casa lá, havia uma produ-tora de cinema. Acabou que fi-quei trabalhando lá. Logo no pri-meiro dia que cheguei já tinha umemprego – relata, acrescentandoque na África assimilou a tecno-logia do silicone, que proporcio-na mais realismo.

Mas a história do masks desig-ner tem início na adolescência e,devido às voltas que a vida dá,um acidente que teria razões paralhe tirar o ânimo, surtiu efeitocontrário:

- Comecei com escultura demassinha de colégio. Aos 15anos, comecei a esculpir e nuncamais parei. Sempre tive atraçãopor esse trabalho. Aos 23 anos,sofri um acidente de moto e fi-quei um tempo sem andar. A es-cultura me deu apoio, enquantoestava parado.

Mas Vitor também faz um de-sabafo: “A gente sente falta doapego da galera com a arte... Nãoparar aqui, não olhar... A gentenão consegue vender nada emTeresópolis. É difícil pra caram-ba... Aqui tinha o Festival de Ci-nema... Era pra ser top. Estamosaqui há três anos e você (ACON-TECE Jornal) foi a primeirapessoa que teve aqui pra falarcom a gente assim, além do Zim-brão (blogueiro), que procurasempre a gente.”

Nesses três anos, foram maisde 100 moldes produzidos, todoscom movimento de boca, um di-ferencial.

Ele explica que o processo deconfecção de uma máscara teminício com a referência do per-sonagem a ser produzido, o queé feito em três dimensões. Apósvem a etapa do manequim, umaescultura da futura máscara. Emseguida a aplicação da borrachaou látex, finalizando com o aca-bamento, como a pintura.

Dependendo da complexidade,a confecção de uma máscarapode durar dois meses ou atémais, mas também é possível re-alizar o trabalho em dias, quan-do o molde já está pronto.

A matéria prima, a borracha lí-quida, é importada, apesar de oBrasil ter sido grande produtor delátex no passado:

- Isso vinha da seringueira queera nossa. Agora, vem da Malá-sia. A nossa a gente não conse-gue usar devido a fungo, provo-cado pela falta de tecnologia notratamento da matéria prima noBrasil– salienta.

No momento o foco se voltapara as feiras de comic com eeventos de cosplay, onde o pú-blico se caracteriza com o perso-nagem favorito.

Assídua frequentadora do ate-liê, Milena Nicolay, 24 anos,mora em Petrópolis e estuda ar-tes dramáticas:

- Adoro esse trabalho de carac-terização e maquiagem artísticaque o Vitor faz. Ele é super entre-gue, imerso realmente nesse tra-balho. Ele fornece muito mais doque só um trabalho... Ele fornececultura, arte... É muito bacana!

A VIDAIMITA AARTE

Não é só na telinha que po-demos ver grandes sucessos.Programas que chamaram ouchamam a atenção do públicoserviram de inspiração para lo-jistas em Teresópolis que deci-diram adotar os nomes da TVpara batizar seus negócios navida real.

É o caso do Bar da Gata Rus-sa, na Barra, inspirado na no-vela “A Gata Comeu”, recen-temente reprisada pelo canal acabo Viva. Em 1985, ela foi aoar na faixa das 18 horas, na TVGlobo.

Edivania Alves dos Santos,45 anos, dona do bar, conta queo nome do estabelecimentovem de seu apelido:

- É um apelido que meu fa-lecido pai colocou em mim nainfância, por eu ter o cabelo corde fogo. Quando ganhei o ape-lido, a novela nem existia.

A coincidência de nomes e aapreciação à novela levouEdivania a se basear nologotipo da televisão:

- Eu adorava a novela! Falei,caraca, é a gata comeu, só fal-tava gata russa ali.

A proprietária do bar, queexiste há quatro anos com onome baseado na novela, seidentificou com uma das per-sonagens da ficção:

- Eu me via igual a Jô(Cristiane Torloni). Tudo queela queria, ela ia à luta. Parecemuito comigo. Tudo que euquero, peço primeiro a Deus, evou à luta.

No Bairro de São Pedro,Rodrigo Luiz da Silva decidiu

homenagear seu programa favo-rito, o “Trato Feito”, que vai aoar pelo canal a cabo History:

- Sempre fui muito fã do pro-grama! Trabalhava em outroramo, até que resolvi montar aloja. Aqui a gente faz trato dequalquer jeito. O cliente não saisem comprar alguma coisa!

O lojista relata a identificaçãodas pessoas:

- Muita gente fala que tambémvê o programa e isso é positivo.Isso ajuda, o público já sabe queaqui tem negócio pra tudo. Tratofeito, é trato feito!

Outra loja que tem nome denovela fica no centro da cidade,mas o proprietário AntônioAnderson esclarece que a SalveJorge, de tabacaria e artigos reli-giosos, nenhuma relação temcom a trama de Glória Perez,exibida em 2012:

- É Salve o Santo Guerreiro!Botei o nome porque sou devotode São Jorge. Desde criança, viaquadros de São Jorge e gostava,me chamava a atenção. Hoje sigona Umbanda, sou filho de Ogum,que no sincretismo é São Jorge.Tenho uma fé muito grande comele – ressalta.

Antônio conta sobre ainternação de seu pai, certa vezinternado e já sem esperançaspela Medicina, que deixou o CTI,após as rogativas do filho ao san-to:

- O ser humano às vezes acre-dita muito no que pode botar amão, no concreto. Mas sempretem por dentro a fé, o abstrato,que na hora da necessidade, queele precisa mesmo, se apega.

LOJAS ADOTAM NOMESDE SUCESSOS DA TV

Anderson esclarece que aSalve Jorge, nenhumarelação tem com a trama deGlória Perez, exibida em2012: “Botei o nome porquesou devoto de São Jorge”

Edivania Alves dos Santos, dona do bar, conta que o nome doestabelecimento vem de seu apelido

No Bairro de São Pedro,Rodrigo Luiz da Silvadecidiu homenagear seuprograma favorito, o“Trato Feito”, que vai aoar pelo canal a caboHistory

BALLET - JAZZ - DANÇA LIVREDANÇAS URBANAS - DANÇA DE SALÃO

ZUMBA - STILETTO - TEATRO

Rua Dr. Aleixo 77 - Várzea - Teresópolis-RJ - Tel.: (21) 973602748

ACONTECEJULHO/AGOSTO - 20172

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Márcio Olmo:

Inaugurado em novembro de 2013, o novoForum de Teresópolis completará quatroanos de funcionamento. O diretor, MárcioOlmo Cardoso, falou ao ACONTECE, emjunho de 2016. Para o juiz, a acessibilidade

Como vê o Judiciário em Te-resópolis, antes e depois daconstrução do novo Forum?

Mais estruturado. Antes não tí-nhamos estrutura suficiente paraatender a demanda. Hoje temosuma estrutura de Primeiro Mun-do aqui em Teresópolis. Antes,por exemplo, não tínhamos aces-sibilidade. Atualmente, temos apossibilidade de aumentar aquantidade de varas...

A demanda pela Justiça au-mentou?

Aumentou já a partir de 2011com a tragédia. Numa Vara Cí-vel, por exemplo, onde nós re-cebíamos algo em torno de 80

processos por mês, hoje a médiaé de 120, 130 processos. Não sópor conta da tragédia, mas tam-bém devido ao crescimento dapopulação.

Quantos processos tramitamatualmente no Forum de Tere-sópolis?

Só nas varas cíveis em tornode 17, 18 mil processos.

O que acha dessa quantida-de?

É uma demanda bem grande.Só para ter uma ideia, acho quea distribuição na capital gira emtorno de 80 processos por varacível. Aqui estamos com 120.

Acha necessário mais uma

vara cível, além das três jáexistentes na comarca de Tere-sópolis?

Sim. É uma reivindicação nãosó dos juízes cíveis, como tam-bém da OAB (Ordem dos Advo-gados do Brasil) de Teresópolis.Já reivindicamos a implantaçãodela, ou de uma vara de Fazen-da Pública especializada. Issoaliviaria a demanda.

Há alguma nova vara pres-tes a ser implantada?

Há a notícia de que será im-plantada uma segunda vara cri-minal. Segundo informações doTribunal de Justiça, a vara cri-minal de Teresópolis é a maior

em termos de demanda no Esta-do do Rio de Janeiro. Temos umademanda muito grande, sobretu-do de violência doméstica.

Podemos concluir, então, queTeresópolis é uma cidade vio-lenta...

Eu acredito que Teresópolisnão é tão violenta assim. Mas épreciso que as autoridades fi-quem de olho. Temos muitos ór-gãos aqui que são bastante atu-antes. Talvez em outros lugaresnão sejam tão atuantes.

Logo, a demanda é maiorporque o trabalho do PoderPúblico é mais efetivo...

Acredito que sim. O Rio de Ja-

Juiz destaca acessibilidade e segurança. Novo prédio completa quatro anose a segurança são diferenciais. Pessoas comnecessidades especiais já não são mais sub-metidas a sacrifícios, enquanto o detectorde metais é regra comum a qualquer cida-dão – seja ele autoridade ou não.

ACONTECE JULHO/AGOSTO - 2017 3

neiro, por si só, é extremamenteviolento... Mas por que a deman-da não chega às varas criminais?Talvez lá, por serem muitas va-ras, dilua a demanda. Aqui só te-mos uma.

Qual a repercussão no novoForum no dia a dia de serven-tuários e população?

Em primeiro lugar, estamosnum local mais seguro para tra-balhar. Isso é importantíssimo.Qualquer cidadão, seja ele auto-ridade ou não, precisa passarpelo detector de metais. É umanorma do Tribunal de Justiça,para todos os fóruns do Estadodo Rio. Em segundo lugar, a es-trutura que não tínhamos. Um ter-ceiro ponto é que agora formou-se um centro dos três poderes, di-gamos assim. Num local só, o ci-dadão pode resolver diversasquestões ao mesmo tempo, desa-fogando o centro da cidade e eco-nomizando seu tempo.

Qual o tipo de empresa mais

demandada na Justiça em Te-resópolis?

Empresas de telefonia, bancos,planos de saúde... Mas temostambém problema muito sério naárea de saúde pública, UPA, fal-ta de vagas em hospitais peloSUS... Essa demanda estoura mui-to no Judiciário, principalmentenos finais de semana... Recebouma demanda muito grande depessoas na UPA que precisam deinternação com urgência e não temvaga em hospitais.

Como solucionar isso, na suaopinião?

É uma questão de administra-ção do Poder Executivo, com oLegislativo, talvez.

Qual a mensagem que deixaà população do município...

O que a população precisar doPoder Judiciário local, estaremossempre à disposição, pois é elaquem paga nosso salário. A popu-lação quer retorno dos seus impos-tos, resultado.

Temos um Forumde Primeiro Mundo

Teresópolis em 20 anosNas últimas duas décadas, Te-

resópolis viveu situações que re-sultaram no contexto atual domunicípio. Assim funciona a di-nâmica social em qualquer lugar.

Há quem considere que a ci-dade regrediu; outros que elaevolui; e há ainda aqueles queavaliam que Teresópolis pratica-mente não se movimentou de for-ma significativa.

O fato é que muitos episódiosde destaque ocorreram em 20anos – o próprio Jornal ACON-TECE retratou grande parte de-les no início de sua circulação em1996.

Naquele ano, a BR-116 passa-ria por uma mudança que teriareflexos até hoje. A abandonadaPraça de Pedágio em Imbariêvoltaria a ser reativada, com aconcessão da rodovia à iniciati-va privada, decisão que fazia par-te da política do Governo Fernan-do Henrique Cardoso. Assim aConcessionária Rio-Teresópolis(CRT) assumia a estrada. Volta-va a cobrança de pedágio, mas arodovia também recebeu inves-timentos que tornaram mais se-gura e confortável a vida dos usu-ários.

Ainda em 1996, o filho do pre-feito de Teresópolis Mario Trica-no, então em seu segundo man-dato, era sequestrado. O crimeque culminou na morte de Jeffer-son mobilizou o município.

Já no ano seguinte, 1997, ou-tro fato também chamaria a aten-

ção dos moradores de Teresópo-lis. Tricano era afastado por umano da Prefeitura pela CâmaraMunicipal. Nesse contexto, a ci-dade ganhou sua primeira prefei-ta: Afaf Faris Francis, a vice.

Em 1998 Teresópolis ganhavaum espaço dedicado à cultura nobairro do Alto. O imóvel foi do-ado ao município pela família doempresário da construção civil emecenas da cultura BernardoMonteverde – sendo batizadocom seu nome. Bernardo cons-trui, na década de 50, vários pré-dios na nova capital Brasília, aconvite do então presidente Jus-celino Kubitschek.

E, se em 1996, éramos poucomenos de 125 mil habitantes emTeresópolis, no ano 2000 chegá-vamos a pouco mais de 138 milpessoas, segundo dados doIBGE. Prédios públicos que, atéentão, tinham espaço suficientepara atendimento à populaçãopassaram por ampliações, casodo Solar Granado, que abriga oSesc, que ganhou teatro, quadrade esporte, piscina e pousada.

Nesse contexto de crescimen-to populacional, o Poder Judici-ário local também expandiu seusespaços, num tímido ensaio aoque viria a acontecer anos maistarde, com a inauguração donovo Forum, entre a Prefeitura ea Câmara Municipal. Era 2001quando foi inaugurado o prédioque abrigou por vários anos oJuizado Especial e a Vara de In-

fância, Juventude e Idoso.No ano seguinte, o comércio

da cidade se mobilizou em tornode uma novidade para a época.Uma feira de promoções que reu-nia várias lojas do municípionum só lugar, oferecendo preçosmais acessíveis, a Fepro.

Já 2004 chegou com mudan-ças no setor de comunicação dacidade: era fundada a Rádio TerêFM. Teresópolis passaria então ater quatro emissoras de rádio,duas AM e duas FM.

No mesmo ano, a Praça Higi-no da Silveira, no Alto, ganhavauma réplica da antiga estação detrem, demolida na década de 60,para dar lugar a um terminal deônibus urbano.

Em 2005, Teresópolis perdia ohistoriador Antônio Osiris Rahal,autor de livros que retratam aHistória do município. Históriaessa que também envolve a im-peratriz Teresa Cristina de Bour-bon que ganhou, ainda em 2005,uma estátua de bronze no Sober-bo, feita pelo mestre Antônio Li-boredo.

Em 2007, o imóvel do HiginoCountry Club, no bairro do Alto,é transformado em espaço cultu-ral. No Higino se apresentarammuitos nomes de destaque nocenário artístico nacional, tendosido palco ainda de memoráveisbailes de carnaval. Antes dasmudanças, o prédio pertencia aoempresário Rubens Tendler, oRubinho.

A partir de 2008, Teresópolispassaria a conviver com algunstrágicos episódios. Um deles oincêndio que destrui parte doCentro de Saúde Dr. Armando SáCouto, no centro da cidade.

Depois disso, em 2009, umatempestade fez com que pedrasrolassem na Estrada Rio-Teresó-polis, perto da entrada do muni-cípio. Uma pedra atingiu um car-ro, matando seus ocupantes.

Ainda em 2009, Teresópolisperdia o mestre do Jiu-Jitsu Hé-lio Gracie, falecido m Itaipava,distrito de Petrópolis. A famíliaGracie ainda hoje possui raízesem Teresópolis.

No mesmo ano falecia tambémo monsenhor Nivaldo Dias, que hámuitos anos esteve à frente da Pa-róquia de Santo Antônio, tendo sidoresponsável por sua ampliação.

Já em 2010 uma boa notíciaque depois iria se transformar emmais um problema a tirar o sonoda população. Era inaugurada aUPA – Unidade de Pronto Aten-dimento, na Rua Tenente LuizMeirelles, no antigo mercado decarga pesada. A nova unidade desaúde surgia como uma perspec-tiva de melhora no crônico com-plicado setor de saúde pública,mas em pouco tempo começariaa apresentar problemas de super-lotação, falta de funcionários,atraso de pagamentos e dificul-dade na transferência de pacien-tes para a rede hospitalar.

Ainda em 2010, a CRT inicia-

va a construção da terceira pistana Estrada Rio-Teresópolis. Foipreciso conviver com muita es-pera nas viagens, devido ao sis-tema pare-siga, mas a obra aca-bou facilitando o fluxo de veícu-los, apesar de alguns novos tra-çados serem alvos de críticas dealguns motoristas.

O ano seguinte - 2011 - ficariamarcado pela maior catástrofenatural da História do Brasil. Oforte temporal que atingiu Tere-sópolis e parte da Região Serra-na na madrugada de 12 de janei-ro, deixaria oficialmente mais de900 mortos e milhares de desa-brigados e desalojados. A solida-riedade foi a repercussão maisimediata da tragédia que se tra-duziu em toneladas de donativosàs vítimas. Entretanto, a mesmamobilização não foi sentida emrelação ao Poder Público. Cincoanos depois da tempestade, ascasas prometidas ainda não fo-ram entregues às vítimas, queainda convivem com a ameaça decorte no pagamento do aluguelsocial, um auxílio financeiro paraquem perdeu a moradia.

No rastro da catástrofe, outraocorreu, só que de caráter políti-co. Também em 2011 denúnciasde corrupção levaram ao afasta-mento pelos vereadores do entãoprefeito de Teresópolis JorgeMário. O fato só aconteceu apósmuita pressão popular e notíciasveiculada pela imprensa carioca,que dava conta até de propina

que teria sido paga no banheiroda Prefeitura.

O vice-prefeito Roberto Pinto,Robertão, assumia no dia 5 deagosto, mas morreria uma sema-na depois.

Na linha sucessória assumiu oentão presidente da Câmara Mu-nicipal Arlei Rosa – também cas-sado por suspeita de enriqueci-mento ilícito.

E assim seguiu Teresópolis noturbilhão político durante todo2011, até que novo temporal cas-tigou a cidade no ano seguinte.Foram três horas de aguaceiroem abril, o equivalente a um mêsde chuva. O resultado foram cin-co mortos e mais de 40 desliza-mentos de terra.

Em 2013 mais luta política, sóque dessa vez refletindo o planonacional. A cidade se juntava asmanifestações que exigiam a saí-da da presidente Dilma Rousseff,que sobrevoou Teresópolis de he-licóptero na ocasião da tragédia.

O ano de 2014 chegava comcultura e o falecimento de Ru-bens Tendler, um de seus maio-res incentivadores. Era realizadaa edição local do Festival Gritodo Rock, que reuniu mais de 20bandas.

Já 2015 e 2016 caminharamem ritmo de Olimpíada, chuvasde fim de ano e expectativa deeleição, em meio às muitas difi-culdades provocadas pela crisepolítico-econômica que assoloue assola o Brasil.

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ACONTECEJULHO/AGOSTO - 20174

LÚCIA MARIA DASILVA, 49, MORADORA

DO RIO DE JANEIRO:Nossa alimentação é

normal. Eu e meu esposogostamos de comer proteí-

nas e algumas verduras ealgum carboidrato. A

alimentação saudável émelhor pra saúde, pra vivermais. Pizza, hambúrguer...

só nos fins de semana.Antes, comíamos muitocarboidrato, mas agora

estamos substituindo poroutras alternativas. Até

agora não tivemos nenhumproblema grave de saúde,

chegamos aos 50 anostranquilos. Eu faço Pilates,caminhada, e meu esposo

academia, musculação ecaminhada também. Eu

gosto do meu exercício, ébom pra mente, pra fortale-

cer os músculos... Boaalimentação e uma vida com

exercícios dá mais energia,disposição.

FÁBIO NASCIMENTO, 33, MORADOR DO ALTO:Faço quatro refeições por dia. O arroz integral e o feijão carioqui-

nha são sagrados, além da saladinha. No café são dois pães, um quei-jo prato ou minas, um iogurte ou um leite desnatado, pra manter aforma. Acho a minha alimentação saudável, não estou fora do peso.Raramente tenho algum tipo de gripe, fraqueza... Eu malhava umtempo atrás, mas parei a musculação, por falta de tempo. Agora, nosábado e domingo, a peladinha, o futebol é sagrado. Tem muita gentefora de forma... É falta de tempo, mas preguiça também, principal-mente no inverno. E o pessoal come muito doce. Acho que no verãoo pessoal pega mais firme na atividade física.

ROBERTO CARLOS DASILVA, 51 ANOS, VALE DAREVOLTA:

Como uma carne leve, ummacarrão que gosto muito e ànoite uma sopa. Tomo café purode manhã, não gosto de leite,um pãozinho com ovo pra mealimentar, pois meu dia é corri-do. Mexo com cavalo, boi, por-co, carregamento de lenha...Meu almoço tem um arroizi-nho, um feijão muito bem pre-parado, e à tarde lancho. À noitenão se come coisa pesada. Umaalface à noite ajuda o sono. Fuicriado na roça, comendo coisassaudaveis, sem veneno... Eumesmo planto o que eu como eainda vendo pra fora. Aprovei-to e faço caminhada do traba-lho pra casa, ou quando tenhoque sair na rua.

LUCIANA CHARLES, 34 ANOS, AGRIÕES:Tenho que corrigir alguma coisa na alimentação, besteira, né, fri-

tura, doce, essas coisas assim. Refrigerante não tomo. O resto daminha alimentação é saudável. De manhã é café, pão com manteiga.No almoço legume ou verdura, arroz, feijão e uma carne. A janta égeralmente sopa. Atualmente o doce e a fritura não estão atrapalhan-do, não sei no futuro. Mas quando chegar aos 40, já tem que come-çar a melhorar. Não tenho tempo para atividade física, trabalho desegunda a sexta, e quando volto fico com minha filha pequena. Já fizacademia, quando tinha mais tempo, mas por consciência por causada diabetes na família. Prefiro uma caminhada.

AILZA SOLANGE LOPES, 42 ANOS, BOM RETIRO:A minha alimentação é mais ou menos. Como até verdura, mas

bebo muito refrigerante e sei que não faz bem. Estou tentando parar,fiquei dois anos sem beber, mas voltei. Mas dá pra parar. Tenhomelhorado, minha alimentação era pior, batata frita, farofa, arroz....aí comecei a ver que isso não estava me fazendo muito bem. Aí co-mecei a comer couve, beterraba, cenoura, batata baroa que gostomuito... Vejo muito programa como Masterchef e eles mandam evi-tar a gordura. O exercício físico em Teresópolis é complicado, poisos locais não são nivelados. Há calçadas quebradas, mal conserva-das. Mas caminho, não sou fã de academia.

LUCAS DE OLIVEIRA, 18ANOS, BAIRRO SÃOPEDRO:

Acho a minha alimentação ba-lanceada, só fim de semana quesaio um pouco do costume.Hambúrger, batata frita, milkshake...

Mas dia de semana gosto decomida mais saudável.

De manhã, café e dois pãesfranceses; no almoço peito defrango, salada e arroz; e na jan-ta a mesma coisa, batata doce,algo assim diferente.

Pratico Skate e de vez emquando jogo futebol fim de se-mana.

Tinha problemas respiratóri-os e o esporte ajudou bastantea melhorar, o médico mesmofalou.

RESISTÊNCIASNão devem ser poucos ospacientes oncológicos emTeresópolis - já que o câncerinfelizmente avança.A doença parece lucrativa aosistema de saúde privado ecanaliza parte das verbas doSUS, irrigado com o numeráriode cada um de nós.Sem falar no sofrimentoimpagável dos doentes.A fosfoetalonamina, elementonatural produzido pelo organis-mo e sintetizado pelo químicoGilberto Chierice, provocouresistências – mesmo adespeito de inúmeros depoi-mentos positivos.Evidente, que novos medica-mentos não podem seroficializados com base apenasem quem se declarou curado,ou com significativa melhora.Acreditando-se na boa-fé dosórgãos públicos do setor e daclasse médica, as resistênciasparecem evidentes.Estas podem ser exemplifica-das de passado distante.Em 1796, o médico inglêsEdward Jenner inventou avacina contra a varíola e acomunidade científica reagiuinicialmente com indiferença.Em 1904, a varíola e suavacinação obrigatória, coman-dada pelo médico OswaldoCruz, motivaram a revoltapopular no Rio de Janeiro.Resistências existiram eexistirão.É preciso vencê-las.

Você tem uma vidaSAUDAVEL?

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TiaChicaCom bolos e mariolas,ela ensinou MatemáticaRecentemente, ela completou

92 anos de idade, dos quais boaparte dedicada ao Magistério. Élembrada por toda uma geraçãode estudantes que passaram peloColégio São Paulo, onde lecionoupor mais de 20 anos. Em sala deaula, demonstrava seu carisma,com uma metodologia de ensinoque a diferenciava dos demaismestres das décadas de 60, 70 eaté 80.

Era respeitada e amada pelosalunos. Exigente professora queconquistou a admiração de todos.São inesquecíveis suas aulas deMatemática, em que aliava a co-brança do conhecimento a sabo-rosas premiações a quem acertas-se a tabuada. Um ou mais estu-dantes eram chamados à suamesa e as tabuadas de 2 a 9 eramperguntadas. As de 1 e de 10 cos-tumavam ficar de fora, pela obvi-edade da operação. A quem acer-tasse, na hora levava uma mario-la, um doce de banana. Mas quemnão acertava num primeiro mo-mento, ganhava outra chance.

O ensino das frações tambémera feito com doces. A chegadada professora em sala com umatravessa de alumínio, coberta porum pano de prato, era sinal de queo fracionamento matemático se-ria a lição do dia. Afinal, quem nãogostaria de dar a resposta certaquando a pergunta fala em 3/4 dealguma gostosura? No fim dascontas, o bolo era repartido portodos, que passaram a ver noensino da Matemática algo maisatraente.

A protagonista dessas interes-santes passagens pedagógicas éFrancisca Madalena Stephan,carinhosamente chamada pelosalunos de Tia Chica, ou DonaFrancisca, conforme iam deixan-

do a infância e se avizinhando dajuventude.

E foi com a jovial personalida-de de sempre que Tia Chica con-versou com a reportagem doACONTECE, justamente no diaem que apagava as velinhas demais um aniversário.

O passado inesquecível vemfacilmente à mente da professoraque contextualiza os lances deoutrora com os tempos atuais:

- Antes, a professora podia daruma certa repreensão... Brincava-se com os alunos, mas eles nãoabusavam. Hoje o aluno é quemmanda no professor, você nãoacha?

Dona Francisca nasceu no bair-ro do Alto, onde ainda mora, epassou a vida em contato comseus alunos no Colégio São Pau-lo, onde fez o curso de contabili-dade. Após um curso de alfabeti-zação, em Niterói, começou a en-sinar as primeiras letras aos alu-nos, mas depois de menos de cin-co anos, sua carreira no Magis-tério tomaria outro caminho:

- A madre me botou no 2º anopor causa da tabuada, pois as cri-anças passavam pro 3º ano semsaber de cor – relembra, acrescen-tando que, antes, a metodologiaera baseada em porções de milhoou feijão.

A chegada de Tia Chica traztambém o uso das tabelas que osestudantes deveriam estudar eentender, para que pudessem efe-tuar mais tarde as operações ma-temáticas, ou seja, as contas emsi. As calculadoras já existiam,mas o acesso era para poucos.Porém, era proibido qualquer tipode artifício que fugisse a cons-trução do conhecimento.

- Agora, com a facilidade docomputador... Não há amor ao li-

vro... Eles tem amor... (faz gestosde teclar). Pra uma nação progre-dir, temos que ser cultos, ler. Ago-ra é tudo (repete os gestos). Achoque isso tirou a vontade das pes-soas de serem cultas... Até a vidaum do outro pode saber, nãopode?

E completa o raciocínio, trazen-do a nova realidade aos relacio-namentos afetivos, rememorandocasais de namorados que recebi-am as cartas pelo trem:

- Era mais poético... Agora tátudo livre... É da vida... A moralantigamente era mais conserva-da, hoje é tudo muito aberto, vocênão acha? O Papa sempre fala empedir a benção aos pais... No meutempo se pedia a benção ao pai eà mãe.

Mas o tempo de Tia Chica sãotodos. Ainda hoje não se esque-ce de quem com ela estudou.

- Fui visitar minha colega declasse Gilda, Gilda Sussekind. Elaestá com 94 anos. Ela ficou tãocontente... Éramos só sete alunas.Na minha classe éramos eu, Car-lota, que casou-se com JoãoMonteira, Gilda, casou-se comSussekind, ministro até, a Talita,a Arminda...

Recorda da irmã, Cármen, quea recomendou ao colégio, da pro-fessora D. Carmélia “que me en-sinou muito”, e da sogra:

- Ela tinha um pé de mexerica.Meu marido enchia as cestas demexerica e eu fazia pique-niquecom meus alunos.

Com eles realizava ainda a co-roação de Nossa Senhora, inici-almente em sala de aula e depoisem uma sala adaptada como ca-pela, com imagem da Santa e par-tes de troncos de árvore que ser-viam como bancos.

As Missões eram outro even-to de cunho religioso lembradopela professora. Era na verdadeespécie de gincana entre as tur-mas, com a renda revertida a tra-balhos de evangelização católicapelo mundo:

- Eu fazia doces pra minha filhavender no colégio. Dizia aos meusalunos: ‘Comprem tudo com ela!’Eles diziam: ‘Não tenho dinhei-ro!’ Eu dava o dinheiro, mas pe-dia pra comprar com ela. Ela fica-va toda contente: ‘Vendi tudo,mamãe! – conta, com o bom hu-mor de sempre.

Outra passagem remonta à dé-cada de 80, quando na Praça Hi-gino da Silveira, no Alto, encon-trou-se casualmente com Leonel

Brizola, então candidato a gover-nador do Rio, e com o caciqueJuruna, candidato a deputado fe-deral, ambos em visita à cidade.Eram tempos de abertura políticae de redemocratização do Brasil.Viu ali uma oportunidade cultu-ral, para que as cerca de 50 crian-ças que a acompanhavam tives-sem contato com um índio de ver-dade, embora com assimilação decostumes da civilização branca,como o uso de um gravador devoz, conhecido como o “grava-dor do Juruna”.

Ao chegar ao colégio, teve deouvir um pito, que na verdadenão passara de uma brincadeirado padre Nivaldo Dias, já faleci-do:

- Ele disse: ‘ Dona Francisca,agora a senhora vai se entendercom o bispo lá de Petrópolis...’Perguntei porque, ele disse: ‘Fezpolítica com o colégio, que é neu-tro’.

Ela se apressou em negar, eambos caíram na gargalhada.

Mas, se a secular professoraestava fora do jogo político, omesmo não acontecia com outrotipo de jogo, o de futebol. De pos-se de um sonoro apito, que às ve-zes falhava, lá estava a Tia Chicana quadra de terra do prédio ane-xo à escola: era a juíza da partida, apedido da grande amiga Irmã Pau-la, hoje no Rio de Janeiro.

- Uma vez ela me disse: ‘Fran-cisca, você vai tomar conta dofutebol!’ Ela me deu um apito eeu apitei o jogo. Gosto muito daIrmã Paula, é muito minha amiga.

Tia Chica recorda a dura vidaem campo:

- Os alunos me cobravam:‘Dona Francisca, a senhora tároubando’ (risos). O outro: ‘Foipênalti mesmo, Dona Francisca!’E eu dizia, ‘e agora...’ – observa,com mais risadas.

Aos ex-alunos, a professoraque deixou saudades, deixa suamensagem:

- Eu gosto de todos vocês. Nomeu coração ainda lembro muitode vocês todos. Um beijo da pro-fessora Francisca!

Em 2007, um grupo de ex-alu-nos do colégio lançou o DVD ‘80Anos do CSP’, cujo trecho dotexto de capa bem que poderia seenquadrar à Tia Chica, uma dasprotagonistas de um “passadoque não volta, mas que tem umalinda e querida história que hoje,no presente, temos um prazerimenso em compartilhar...”

“Eu gosto de todosvocês. No meu

coração ainda lembromuito de vocês todos.

Um beijo daprofessora Francisca!”

NO TRONCOLivro confirma escravidão,

mas Teresópolis está fora do‘Programa Brasil Quilombola’Ao contrário de Petrópolis e

Magé, Teresópolis não está nalista de municípios que tiveramcomunidades quilombolas reco-nhecidas pelo Governo Federalno Estado do Rio.

Em Petrópolis foi reconhecidaa comunidade da Tapera e, emMagé, a comunidade Maria Con-ga.

O que significa que tais muni-cípios possuem as chamadasComunidades Remanescentes deQuilombos, o que era reconheci-do por meio de Título emitido pelaCasa Civil da Presidência da Re-pública, prerrogativa agora daSecretaria Especial de Desenvol-vimento Agrário. O documento éimportante, pois garante a perma-nência definitiva dos descenden-tes de escravos nas terras ances-trais.

O Decreto Federal que regula-mentou o Programa Brasil Quilom-bola definiu como quilombos “osgrupos étnico-raciais, segundocritérios de autoatribuição, comtrajetória histórica própria, dota-dos de relações territoriais espe-cíficas, com presunção de ances-tralidade negra relacionada coma resistência à opressão históri-ca sofrida”.

De acordo com esse critério,Teresópolis não abrigaria nenhu-ma das mais de cinco mil comuni-dades de descendentes de escra-vos que existiriam no país, segun-do estimativas das associações.

O que não significa que o mu-nicípio esteve livre da escravidão.

Pelo contrário: em seu livro“Subsídios para a História de Te-resópolis” (1975), o escritor JoãoOscar relata artigo publicado su-postamente por um sobrinho deGeorge March, em visita à fazen-da do colonizador no município,em 1841. O texto faz parte de pu-blicação do Instituto Histórico eGeográfico Brasileiro (IHGB), ar-quivado na Biblioteca Nacional,sob o número 11-166, 4, 12, nº 6:“O dia da minha chegada era do-mingo, dia de grandes festas nafazenda: todos os negros, em

número de cento e trinta, se jun-taram, trazendo os filhos, quenestas ocasiões tomam toda acasta de liberdade com os senho-res. Os negros sustentam-se demilho, feijão e legumes, e de umapouca de carne, posto que estalhes é dada em mui pequena por-ção.”

Mais adiante, João Oscar citaoutro hóspede da fazenda deMarch, o botânico inglês GeorgeGardner. Em 1846, ele escreveu emseu livro “ Travels in the Interiorof Brazil” (Viagens ao Brasil):“Como chegamos em dia de Na-tal, grande dia santo, encontra-mos todos os escravos da fazen-da, cerca de cem, dançando noterreiro diante da casa. Aqui nes-ta fazenda se observa para comos escravos disciplina, mais rígi-da que em outro qualquer, domesmo tamanho das que conhe-ci no Brasil, ao mesmo tempo emque se lhes dá tratamento cuida-doso e bom.”

Em 1908, o jornal ‘Theresopoli-tano’ publicava artigo assinadopelo filho caçula de George Mar-ch, o médico Guilherme TaylorMarch, narrando que “Tanto noImbuí como na Várzea um casalde escravos, tendo sob suas or-dens um bando de crianças de 6a 12 anos, tratava de conservaros campos limpos, fazendo arran-car à mão a erva daninha, paranão estragar o pasto com a enxa-da.”

O texto de João Oscar citaainda o fazendeiro de Teresó-polis Paulino José de Oliveira,dono de fazenda “muito prós-pera, servida por muitos escra-vos”. O fazendeiro teria, segun-do consta, conhecido o CondeD’Eu, marido da Princesa Isa-bel, que mais tarde assinaria odecreto de extinção da escra-vidão no Brasil.

Em 1888, era oficialmente extin-ta a escravidão no Brasil. Cercade três anos depois, em 1891,Teresópolis deixava de ser distri-to de Magé, emancipando-se po-lítica e administrativamente.

ACONTECE JULHO/AGOSTO - 2017 5

“ DOIS POLOSDona Francisca é daquelas mestras que ensinavam com a devida energia –mas também com compreensão e amor.Hoje, agir com energia pode trazer contratempos ao educador.Mas, e quando o polo enérgico, em sala de aula, é o educando?

Governador Francisco Portela assina o Decreto que separou Teresópolis deMagé (imagem internet)

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ACONTECEJULHO/AGOSTO - 20176

WEB TURISMOBusca mostra mais de 600 mil resultados para setor na cidade

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Em qualquer lugar do mundo, quando alguém digitar na ferramenta debusca do Google ‘Turismo Teresópolis’, vai encontrar cerca de 640 milresultados. Muitas dessas buscas farão com que os internautas conheçama cidade. Outras reverterão em visitas ao município, injetando dinheiro

SOBERBO

CASCATA DO IMBUI

CASCATA DOS AMORES

COMARY

MULHER DE PEDRA

PEDRA DA TARTARUGA

PEDRA DO ELEFANTECOLINA DO MIRANTE

PARQUE NACIONAL

novo na economia. Para quem está em Teresópolis, o ACONTECE mos-tra alguns pontos turísticos para visitação. E não só para turistas. Mastambém para muitos moradores fixos da cidade que nunca visitaram ounão têm o hábito de ir aos pontos considerados turísticos da cidade.

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Pouco mais de um ano e meioantes do incidente no Aconcá-gua, Mozart Catão escreveu umartigo especial para o ‘Aconte-ce’, a pedido de Márcio e FábioFernandes Esteves, sócios dojornal.

O primeiro brasileiro a atingiro topo do Monte Everest, omais alto do mundo, falou so-bre a identidade de Teresópo-lis e criticou a falta de foco domunicípio no Turismo:

“Eu não sei se as pessoasnotaram que bem no centro dabandeira do Estado do Rio tre-mula a figura do Dedo de Deuse não a do Pão de Açúcar ou doCorcovado. Será que isso temalguma importância?”, inda-gou.

O artigo parece ter sido es-crito do alto de uma montanha,conforme narrou o próprio Ca-tão:

“ Mais uma vez estou aquino cume da Pedra do Sino e paropara pensar na realidade do valeque se encontra abaixo de mime que se chama Teresópolis.”

O texto ocupou um quarto depágina e foi publicado na edi-

ção inaugural de 18 de maio de1996.

Na primeira página, a chamadaprincipal traduzia o espírito danova publicação: “Acontece trazuma nova fórmula jornalísticacom seu projeto gráfico elabora-do de forma que, tanto a notícia,quanto a publicidade, sejam sua-vemente visualizados pelo leitor.”

E prosseguia: “ Assim, entrefatos e fotos, relataremos o coti-diano, buscando sempre informa-ções claras, objetivas e imparci-ais, para deixá-lo bem informado.”

Durante sua fase inicial, oAcontece estampou notícias quehoje ajudam a contar a Históriado município.

Em 22 de junho de 1996 o jornalnoticiava que “já está sendoaguardada na cidade a chegadada seleção olímpica de futebol,sob o comando do treinador Za-galo (...)”

Já em 13 de julho, informava que“ o Museu Von Martius, localizadona subsede do Parque Nacional daSerra dos Órgãos, na descida daEstrada Rio-Teresópolis, está paraser reaberto em setembro.”

Uma semana depois, com a pro-

ximidade das eleições municipais,o jornal publicou as recomenda-ções do juiz Luiz Gustavo Gran-dinetti Castanho de Carvalho,sobre o tratamento editorial igua-litário aos candidatos, e a obser-vância a Lei:

“ Representantes de órgãos deimprensa de Teresópolis e de par-tidos políticos ouviram do juizeleitoral do município, Luiz Gus-

tavo Grandinetti, que os meios decomunicação não podem privile-giar nem restringir, ou simples-mente proibir, a participação dequaisquer candidatos a prefeitoou a vereador nos veículos.”

E prosseguiu: “ O juiz lembrouainda aos jornalistas presentesque opiniões sobre pessoas e si-tuações devem ser dadas sempreem espaço reservado a editorial.”

Na edição de 27 de julho, “Te-lefone celular a R$ 300,00”.

“ A Telerj começará a entregaros telefones celulares às pesso-as que se inscreveram em 94”, eraa notícia.

Em 31 de agosto a ida de estu-dantes à Prefeitura de Teresópo-lis para reivindicar mudanças: “(...) foi realizada reunião que pôsfim ao ‘acampamento’ dos estu-

dantes em frente à Prefeitura. Oprefeito Luiz Barbosa e mem-bros do seu secretariado ouvi-ram as propostas da classe es-tudantil de Teresópolis, entreelas, a criação de um teatro mu-nicipal e o passe livre nos ôni-bus intermunicipais”

No dia 26 de outubro novanotícia para quem ansiava porum telefone, tão difícil ainda: “Telerj deve instalar 7 mil novaslinha até 98”; e “ em Albuquer-que já foi inaugurado o novoprefixo 644.”

Já a edição número 15, trazia anotícia da visita de professoresde Harvard, nos Estados Uni-dos, à Fundação EducacionalSerra dos Órgãos, Feso. Segun-do a notícia, vieram ministrar pa-lestra sobre neurofibromatose,uma desordem genética.

O Acontece, em 1996, tambémse mostrou integrado as neces-sidades sociais, numa época emque isso ainda não era comum.

Nessa perspectiva, apoiou emsuas páginas campanhas comoSOS Apae, Adote um aposen-tado, Disque Criança e SOSDara.

“Onde está o futuro?” Mozart Catão escreveu artigopara 1ª edição do ‘Acontece’

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Mozart Catão no cume do Monte Everest, o mais alto do mundo

ACONTECEreencontraganhadora deprêmioJornal já fazia há 20 anos o que“grande imprensa” só faria depois

Em 1996, o jornal ACON-TECE inovou ao publicarcupons que eram recorta-

dos pelos leitores e depositadosem urnas para serem sorteados.

Na primeira edição, em 18 demaio de 1996, a chamada de 1ªpágina: “Preencha o cupom emanexo na página 9, com seus da-dos pessoais, e envie para a ‘Pro-moção que ACONTECE’ caixapostal 93.439 – cep 25.961-970 econcorra a uma BICICLETA. Adata e local do sorteio serão di-vulgados na próxima edição. En-vie seu(s) cupom(s) até o dia 31de maio. Atenção: Não vale xe-rox”.

A bicicleta Caloi, modeloCecizinha, uma das melhores daépoca, teve como ganhadoraCaroline do Couto Pereira da Silva,moradora de Canoas, interior domunicípio, o que demonstra a pene-tração do jornal inclusive no cha-mado cinturão verde, onde geral-mente não chegava a mídia escrita.

- Tinha 6 anos de idade –relembra a vencedora. – Minha tiacolocou só um cupom. Ela falou quefui sorteada e minha mãe me deu anotícia. Não me lembro direito, eramuito nova. Mas lembro que apro-veitei muito, andei bastante. A bi-cicleta foi bem-vinda.

Numa época em que associar

atividade física à saúde ainda nãoera comum, o prêmio contribuipara que Caroline gostasse maisde esporte:

- Foi aí que tomei gosto de andarde bicicleta. Até hoje eu gosto.

O prêmio acabou estimulandoas amigas de infância, as aventu-ras infantis e o ato de comparti-lhar:

- Tinha uma amiga em especial,que era a Giovana, e ela pediu àmãe para comprar uma bicicleta equeria igual a minha. Aí andáva-mos juntas. Como sempre moreina roça, minha infância foi muitotranquila. Brincava muito. Ia debicicleta tomar banho de rio... Mi-nha infância foi muito feliz, gra-ças a Deus. Emprestava a bicicle-ta para quem pedisse, nunca fui

uma criança egoísta.Hoje, aos 26 anos, Caroline diz

que o jornal deveria retomar aspromoções:

- Acho muito legal que essa ini-ciativa continuasse, para benefi-ciar outras crianças – ressalta,acrescentando as lembranças dodia em que foi, com a família, serfotografada pela publicação rece-bendo o prêmio. – Minha mãe memostrou o jornal e gostei de verminha fotinha lá, fiquei toda boba,mostrando pros amiguinhos epras amiguinhas. Meu avô tem ojornal guardado até hoje com mi-nha foto.

Caroline finaliza: “A bicicletaque ganhei influenciou na minhainfância. É uma recordação quevou levar pra vida toda”.

O oferecimento de brindes – juntamente com o con-teúdo jornalístico imparcial e de interesse da comuni-dade – foi fator colaborativo para que, em pouco tem-po, a publicação caísse no gosto das pessoas, além deconquistar uma posição de destaque na imprensa lo-cal, em meio a ampla concorrência da época.

Outro ponto de relevância foi o de que a oportuni-dade de participar dos sorteios se estendia igualmen-te aos que não tinham condições de comprar o jornalem banca – uma vez que a publicação também eradistribuida gratuitamente.

ESTRATÉGIA INFLUENCIOU CIRCULAÇÃO

Caroline: “A bicicleta que ganheiinfluenciou na minha infância

Há 20 anos no mercado, o téc-nico Aldoney de Oliveira Pereira,o “Zabal”, da Barra do Imbuí, re-lacionou para o ACONTECE asprincipais dicas, a fim de mantera segurança na hora de andar debicicleta, seja a trabalho ou a pas-seio.

O Brasil tem cerca de 70 milhõesde bikes e muitas estão emTeresópolis, que recentementeganhou sua primeira ciclovia, naReta.

- A bicicleta é um veículo quetem de ser respeitado, até maisdo que qualquer outro, pois temmenos segurança – observa otécnico.

Segundo ele, a verificação deitens básicos não pode ser esque-cida. Na lista as borrachas de freio,o cabo de aço, a corrente.

- Pra quem anda muito, O idealé regular os freios no mínimo umavez por mês. O freio pode trancar

e derrubar o ciclista, sem contar aineficiência na frenagem. Umcabo de aço sem manutenção,pode estourar de uma hora praoutra. A corrente sem óleo vaienferrujando e chega a certo pon-to que parte – alerta.

Apertar as rodas e calibrar ospneus são itens também impor-tantes:

- Muita gente acha que não,mas a bike com pneusdescalibrados corre o risco deestourá-los, soltar pneu do aro, ea queda é complicada...

Mas não é só isso:- O restante é manter sempre a

relação de corrente, pião e coroalubrificados, pra não ocorrer fer-rugem, danificar o sistema e colo-car o ciclista em risco – completa.

Zabal diz que para bicicletascom pouco uso a revisão podeser a cada seis meses, mas tudodepende da frequência de utiliza-

ção:- Depende muito, mas também

é importante a cada seis meses,não só a vistoria dos itens bási-cos, mas uma revisão, um check-up geral, lubrificação total de cai-xa central, de caixa de direção...verificar tudo.

O técnico observa que os aci-dentes ocorrem e desaconselhaos reparos sem o auxílio de umprofissional:

- Acidente com bike é mais co-mum do que se imagina. O pes-soal às vezes tem mania de mexerna bicicleta em casa, por contaprópria, acha que é fácil, mas nãosabe o risco que tá correndo, fa-zendo por conta própria. Um re-paro errado pode ocasionar umacidente, um contratempo.

Em relação aos acessórios desegurança, estão o capacete e aluva, que na maioria das vezesnão são usados pelos ciclistas.

Aldoney de Oliveira, o “Zabal”, desaconselha os reparos sem o auxílio de um profissional

Vá de Bike: Técnico dádicas para segurança

A Praça Olímpica, no centro da cidade, já exercitou algumas polêmicas. Mas talvez nem todas. O nome da praça – quepoderia homenagear um esportista – presta tributo a um poeta do século XVI que nenhuma ligação teve comTeresópolis, a não ser talvez pela colônia portuguesa local. A estátua de Mozart Catão, mandada fazer por umempresário do município, e que hoje enfeita o hall do Hotel Alpina, bem que poderia estar na praça. Com outro nome.“

ACONTECE JULHO/AGOSTO - 2017 7

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ACONTECEJULHO/AGOSTO - 20178

por Fábio Esteves

Com o advento daLei nº 13.105, de 16 demarço de 2015, a qualinstituiu o Novo Códi-go de Processo Civil,as taxas condominiaispassaram a constituir,por força do artigo 784,inciso X, títulos execu-tivos extrajudiciais. Naprática, o Condomíniopode executar direta-mente seu crédito, in-dependente do proces-so de conhecimento aque se subordinava nalei anterior.

Mas o artigo nãoabrange somente as ta-xas condominais em si.Refere-se ao “créditoreferente às contribui-ções ordinárias ou ex-traordinárias” que po-dem ser cotas de obras,instalação de interfo-nes, antenas, ou qual-quer outra que, defini-da em assembléia, pas-sam a fazer parte, mes-mo que momentanea-mente da despesa cor-rente do condomínio e“desde que documen-talmente comprova-das”, ou seja, devendohaver previsão para acobrança (aprovaçãoem assembléia) e pro-va de que o condômi-no foi cobrado e tor-nou-se inadimplente. Oprazo para o condomí-nio propor a ação exe-cutiva é de 5 anos euma vez o título cons-tituído, o executado é

EXECUÇÃO ECONDOMÍNIO O que é justo?

por Hugo Oliveira*

Na busca da produção deconteúdo, são turvas aságuas para quem olha nolago do Direito Autoral.Com o mesmo efeito quevocê jogue duas pedrinhas,uma pode ir quicando atéchegar à margem oposta,enquanto a outra afunda emprocessos e amarras judici-ais das mais diversas. Mes-mo a suposta regra do usoautorizado de 10%, desdeque não ultrapasse 30 se-gundos, de uma obra se tra-ta mais de senso comum doque algo devidamente ca-racterizado na lei.

Dentro de todo esse pano-rama que abrange as ques-tões autorais dentro do Di-reito, costuma-se andar aolongo de uma estreita pas-sarela. A linha é sempremuito tênue e como de-monstra a próprio Lei Nº9.610, que rege os direitosde autoria, muito dependedo detentor dos direitospatrimoniais em relação aouso de sua obra. Um exem-plo comum é de alguém quebusca por umaintertextualidade e acabarecebendo acusações deplágio, apesar dessa seruma área mais da ética pro-fissional do que da próprialegislação autoral.

Entretanto, um pouco deentendimento sobre o fun-cionamento do fair usepode ser de grande ajudaem relação a toda confusãona qual nos encontramos di-ante desse quadro. O fairuse, ou uso justo em tradu-ção livre, se trata de umconceito legislativo ameri-cano que aborda a utiliza-ção aceitável de um mate-rial protegido por direitosautorais.

Nele, são quatro fatoresconsiderados para que o usoseja caracterizado comojusto: (1) o propósito e otipo de uso, incluindo usos

tanto de natureza comerci-al quanto para fins não lu-crativos e educacionais; (2)a natureza da obra registra-da; (3) a quantidade e asubstancialidade da quanti-dade da obra utilizada emrelação ao trabalho originalcomo um todo; e (4) o efei-to de tal uso sobre o valorda obra registrada ou sobreseu potencial mercado.

O que isso tudo tem a vercom a nossa realidade na-cional em relação ao tema?Bom, o similar ao uso justopor aqui são as Limitaçõesaos Direitos Autorais, comodemonstra os Arts. 46, 47 e48 da L9.610/98:

Capítulo IVDas Limitações aos Direi-

tos AutoraisArt. 46. Não constitui

ofensa aos direitos autorais:I - a reprodução:a) na imprensa diária ou

periódica, de notícia ou deartigo informativo, publica-do em diários ou periódi-cos, com a menção do nomedo autor, se assinados, e dapublicação de onde foramtranscritos;

b) em diários ou periódi-cos, de discursos pronunci-ados em reuniões públicasde qualquer natureza;

c) de retratos, ou de outraforma de representação daimagem, feitos sob enco-menda, quando realizadapelo proprietário do objetoencomendado, não haven-do a oposição da pessoaneles representada ou deseus herdeiros;

d) de obras literárias, ar-tísticas ou científicas, parauso exclusivo de deficien-tes visuais, sempre que a re-produção, sem fins comer-ciais, seja feita mediante osistema Braille ou outroprocedimento em qualquersuporte para esses destina-tários;

II - a reprodução, em umsó exemplar de pequenostrechos, para uso privado

do copista, desde que feitapor este, sem intuito de lu-cro;

III - a citação em livros,jornais, revistas ou qual-quer outro meio de comu-nicação, de passagens dequalquer obra, para fins deestudo, crítica ou polêmica,na medida justificada parao fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a ori-gem da obra;

IV - o apanhado de liçõesem estabelecimentos de en-sino por aqueles a quemelas se dirigem, vedada suapublicação, integral ou par-cial, sem autorização préviae expressa de quem as mi-nistrou;

V - a utilização de obrasliterárias, artísticas ou cien-tíficas, fonogramas e trans-missão de rádio e televisãoem estabelecimentos co-merciais, exclusivamentepara demonstração à clien-tela, desde que esses esta-b e l e c i m e n t o scomercializem os suportesou equipamentos que per-mitam a sua utilização;

VI - a representação tea-tral e a execução musical,quando realizadas no reces-so familiar ou, para fins ex-clusivamente didáticos, nosestabelecimentos de ensino,não havendo em qualquercaso intuito de lucro;

VII - a utilização de obrasliterárias, artísticas ou cien-tíficas para produzir provajudiciária ou administrativa;

VIII - a reprodução, emquaisquer obras, de peque-nos trechos de obraspreexistentes, de qualquernatureza, ou de obra inte-gral, quando de artes plás-ticas, sempre que a repro-dução em si não seja o ob-jetivo principal da obranova e que não prejudiquea exploração normal daobra reproduzida nem cau-se um prejuízo injustificadoaos legítimos interesses dosautores.

Art. 47. São livres as pa-ráfrases e paródias que nãoforem verdadeiras reprodu-ções da obra originária nemlhe implicarem descrédito.

Art. 48. As obras situadaspermanentemente emlogradouros públicos po-dem ser representadas li-vremente, por meio de pin-turas, desenhos, fotografiase procedimentosaudiovisuais.

Como se vê, não é só nonome que existem diferen-ças em relação ao entendi-mento da utilização aceitá-vel de obras registradas. Ainterpretação americana dápanoramas mais gerais paraentendimento caso a caso.Já a brasileira explicita li-mites mais definidos paraaté onde vai o direito auto-ral.

De tal maneira, o guarda-chuva de quem pretendeusar obras que ainda nãocaíram em domínio públi-co só vai até os casos da-dos no Capítulo IV da lei re-ferente — mesmo que setratem, em boa parte, de si-tuações mais específicas.

Diante de tal fato, os de-sacostumados com todo oaparelho jurídico e desejo-sos de utilizar trabalhosprotegidos pelos direitosautorais na produção de al-gum conteúdo (em algumaocorrência que não sejaexatamente como a defini-da pelas limitações) o me-lhor a fazer é buscar umprofissional capacitado daárea. Apenas ele é capaz deaconselhar com as linhasgerais do que pode ou nãoser feito.

Fábio Esteves é Advogado

*Hugo Oliveira tem 23 anos,é teresopolitano e discente docurso de Comunicação Organi-zacional na Universidade Tec-nológica Federal do Paraná.

citado para quitar ouoferecer embargos àexecução, conforme odisposto no artigo 914:“O executado, indepen-dentemente de penhora,depósito ou caução, po-derá se opor à execuçãopor meio de embargos”.

Ainda que o saldo nãoseja satisfeito, é admiti-da a penhora da própriaunidade condominial,sem afetar a Lei daImpenhorabilidade, vis-to que se trata de umaexceção prevista no ar-tigo 3º, inciso IV – “aimpenhorabilidade éoponível em qualquerprocesso de execuçãocivil, fiscal,previdenciária, traba-lhista ou de outra natu-reza, salvo se movido:(…) para cobrança deimpostos, predial outerritorial, taxas e contri-buições devidas em fun-ção do imóvel familiar”.

A inclusão doc o n d ô m i n oinadimplente no Órgãode proteção ao crédito,também é possível, con-forme redação do art.782, parágrafo 3º donovo Código – “não dis-pondo a lei de modo di-verso, o juiz determina-rá os atos executivos, eo oficial de justiça oscumprirá: (…) A reque-rimento da parte, o juizpode determinar a inclu-são do nome do execu-tado em cadastros deinadimplentes”.