2015 (capÍtulo) jornalismo móvel_da prática à investigação acadêmica - ivan satuf

Upload: ivan-satuf

Post on 02-Mar-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    1/28

    [Jornalismo para Dispositivos Mveis: produo, distribuio e consumo, pp. - 468]441

    Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmicaIvan Satuf 1/ Universidade da Beira Interior

    Introduo

    A autonomia obtida pelo jornalismo como rea do conhecimento credencia o

    campo a criar suas prprias divises internas. Tais divises, entretanto, no

    derivam exclusivamente da atividade estritamente cientca desenvolvida num

    ambiente sempre pacco. A ideia de que os pesquisadores ligados a um campo

    particular agem como uma coletividade harmoniosa to sedutora quanto

    enganosa. Como explica Bourdieu (1983), o campo cientco o espao de luta

    concorrencial pelo monoplio da autoridade. Pesquisadores travam disputas

    entre si com intuito de rmar a relevncia de objetos, problemas e mtodos.

    A legitimidade cientca passa pela obteno de reconhecimento entre pares-

    concorrentes, ou seja, tanto o campo cientco quanto suas subreas so

    decorrentes de negociaes cujos envolvidos so simultaneamente juzes e

    partes interessadas.

    Diante do binmio concorrncia/legitimao estabelecido por Pierre

    Bourdieu, o objetivo deste artigo compreender o jornalismo mvel como uma

    subrea emergente no interior de um campo maior denominado genericamente

    de estudos de jornalismo. O texto organizado com o intuito de responder s

    seguintes questes:

    1) Bolsista do Programa de Doutorado Pleno no Exterior da CAPES (processo BEX: 0852/13-9).Investigador do LabCom.IPF.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    2/28

    442 Ivan Satuf

    1. O que jornalismo mvel?

    2. De que forma o jornalismo mvel se desenvolveu ao longo do tempo?

    3. Que evidncias permitem pleitear o estabelecimento de uma

    subrea acadmica?

    4. Como as pesquisas atuais se organizam em relao a objetos e mtodos?

    No se trata de um conjunto de perguntas retricas a servio de elucubraes

    abstratas, mas de questes objetivas que impem a necessidade de encontrar

    elementos no interior do prprio campo cientco para justicar a proposio de

    que estamos diante de uma subrea emergente. Justamente por se tratar de algo

    novo e em acelerado desenvolvimento, preciso explicitar sua constituio em

    vez de assumir posies antecipadas.

    A mobilidade muito alm da portabilidade

    O primeiro cuidado que se deve tomar ao delinear o jornalismo mvel tratar

    adequadamente o termo mobilidade. Se a mobilidade for admitida como merosinnimo de portabilidade, pode-se aferir, por deduo lgica, que o jornalismo

    sempre foi mvel, anal, jornais impressos so sucientemente leves para

    acompanhar os leitores em diversos lugares. Da mesma forma, o rdio transistor

    porttil provocou transformaes sociais em meados do sculo XX ao permitir a

    difuso e o consumo de contedos sonoros sem as limitaes impostas por os

    (Briggs & Burke, 2006).

    Todo suporte que possui vis espacial, tal como postulado por Innis (2011),

    mvel por denio. Se olharmos para o passado do jornalismo encontraremos

    uma srie de suportes portteis que no se enquadram no que hoje sodenominados dispositivos mveis. Em tom ldico, Levinson (2004) lembra que

    a portabilidade to antiga quanto sagrada: Moiss foi sbio ao trazer os Dez

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    3/28

    443Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    Mandamentos montanha abaixo em tbuas de pedra. Elas podiam ser carregadas

    no apenas pelo deserto, mas, eventualmente, para o mundo todo2(p. 16).

    As diferenas em relao mobilidade saltam aos olhos quando a portabilidade

    deixa de ser atribuda como caracterstica nica. O jornal impresso porttil,

    mas igualmente imutvel. No instante em que a impresso nalizada, torna-se

    refm da tinta que lhe cobre: tem o mesmo contedo s sete horas da manh,

    ao meio-dia ou s dez horas da noite. Porttil e imutvel, o jornal igualmente

    descartvel aps seu ciclo til de vida. Com o rdio porttil diferente, pois o

    contedo dinmico. Msicas, notcias, transmisses esportivas ou quaisquer

    outros tipos de emisso sonora podem integrar o contnuo uxo radiofnico.

    Entretanto, a distribuio do contedo realizada de um ponto central e atinge de

    forma homognea todos os ouvintes sintonizados a uma determinada emissora.

    O rdio, ao lado da televiso, o suporte icnico do broadcasting systemque

    instituiu o domnio da comunicao de massa.

    Os dispositivos que servem ao jornalismo mvel so muito diferentes do

    jornal e do rdio, pois, alm da portabilidade, esto associados a capacidades

    telefnicas e computacionais que os integram a outras lgicas de usos e consumos.

    Do ponto de vista instrumental, Aguado e Martnez (2008a) atribuem stecnologias mveis o carter de meta-dispositivos que agregam e recombinam

    diversas funes num nico aparelho responsvel por promover a hibridizao

    de trs dimenses comunicativas: asself-media, as mdias conversacionais e os

    meios de comunicao tradicionais.

    As self-media compreendem as caractersticas do suporte que capacitam

    a produo e a difuso de contedos gerados pelo usurio. Nesta categoria

    esto includos tanto os affordancesdo hardware a exemplo das cmeras que

    permitem fotografar e lmar como os aplicativos mveis (mobile softwares)

    voltados edio, organizao e distribuio de contedos pessoais. As mdiasconversacionais, por sua vez, esto no DNA do telefone celular e foram

    herdadas por seus descendentes, os smartphones. O foco primrio da telefonia

    estabelecer contato interpessoal e os dispositivos mveis no negam suas

    2) Traduo nossa a partir do original: Moses was wise to bring the Ten Commandments downfrom the mountain on tablets. They could be carried not only through the desert, but eventually tothe entire world.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    4/28

    444 Ivan Satuf

    origens, continuam sendo tecnologias de interao direta com outras pessoas.

    Contudo, a oralidade perde espao e enfrenta a concorrncia da escrita, prtica

    de conversao muito comum na comunicao mvel conhecida por texting.

    Por m, mas no menos importante, os meios tradicionais somam-se s self-

    mdia e s mdias conversacionais. Por tradicional entende-se uma relao

    anloga aos meios de comunicao de massa. O usurio pode ouvir rdio FM no

    dispositivo mvel, bem como baixar a verso digital de um jornal impresso, dois

    casos nos quais a mediao tecnolgica no altera signicativamente as relaes

    comunicacionais.

    A fuso das dimenses comunicativas, de acordo com Aguado e Martnez

    (2008a), surge da integrao de trs caractersticas elementares dos dispositivos

    mveis:

    Ubiquidade: capacidade de conexo estendida no tempo e no espao;

    Adaptabilidade: contedos gerados por demanda e sensveis ao contexto

    do usurio;

    Multifuncionalidade: integrao de aplicaes e formatos oriundos de

    outros meios.

    No contexto atual da investigao em jornalismo, o adjetivo mvel s

    pode ser atribudo ao suporte comunicacional que integra, simultaneamente,

    estas trs caractersticas. Desta forma, torna-se fcil identicar quais so, de

    fato, as tecnologias comunicacionais mveis, bem como diferenci-las de outros

    suportes meramente portteis.

    Uma vez esclarecida a dimenso tecnolgica, sugerimos a seguinte denio

    operacional para responder primeira questo: O que jornalismo mvel?.

    Jornalismo mvel um conjunto de prticas de produo, edio, circulaoe consumo de contedos jornalsticos em dispositivos portteis digitais que

    agregam conexo ubqua, contedos por demanda adaptados ao contexto do

    usurio e integrao de mltiplos formatos miditicos.

    Dois termos presentes nesta denio merecem especial ateno: circulao

    e consumo. A perspectiva da circulao dos contedos jornalsticos afasta o

    jornalismo mvel do conceito de distribuio fortemente vinculado ao sistema

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    5/28

    445Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    broadcasting. Esta pequena alterao semntica representa um importante passo

    para compreender a audincia como elemento determinante no que Jenkins,

    Ford e Green (2013) denominam de espalhamento dos contedos sustentado

    pela crescente relevncia da cultura da participao. Por sua vez, o termo

    consumo evita circunscrever o estudo do jornalismo mvel apenas atividade

    de produo da notcia.

    A denio proposta ajuda a compreender smartphones e tablets como os

    suportes por excelncia do jornalismo mvel. Os telefones celulares tambm

    podem ser includos aqui, mas so tecnologias que tendem a desaparecer em sua

    forma pura medida que crescem a oferta e a demanda por aparelhos que vo

    muito alm da telefonia. Ainda bastante restritas, as tecnologias vestveis surgem

    como potenciais suportes para o jornalismo mvel. O Google Glass aparenta

    ser um candidato a integrar as rotinas jornalsticas, surgindo como novidade

    em algumas grades curriculares de cursos de jornalismo nos Estados Unidos,

    conforme debatido adiante.

    Outras dvidas sobre a dimenso tecnolgica podem surgir, mas a denio

    operacional se encarrega de providenciar as respostas. Seria o laptop um suporte

    para o jornalismo mvel? A resposta negativa em duas dimenses essenciais:as limitaes relacionadas ao movimento e ao contexto. Laptops so portteis,

    mas seu uso continua restrito a situaes e lugares especcos. Ao contrrio do

    que ocorre com smartphones e tablets, jornalistas e consumidores de informao

    no abrem computadores portteis quando esto de p ou durante uma

    caminhada, salvo casos excepcionais. O dispositivo pressupe que o usurio

    esteja imvel e, na maior parte das vezes, assentado para ter uma superfcie

    de suporte. Alm disso, Scoble e Israel (2014) argumentam que laptops no

    so tecnologias realmente contextuais, pois lhes faltam sensores que adaptam

    contedos experincia imediata do usurio. Num exemplo simples e direto,basta observar que computadores portteis no so equipados com giroscpio

    e acelermetro, componentes que permitem que o contedo se ajuste de acordo

    com os movimentos corporais do usurio3.

    3) Exclumos da categoria laptop os aparelhos hbridos, que permitem ao usurio destacar omonitor e us-lo como um tablet.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    6/28

    446 Ivan Satuf

    No quer dizer que laptops deixam de ser suportes importantes, mas que

    assumem cada vez mais a condio de coadjuvantes no jornalismo mvel. Do

    ponto de vista da produo, seu uso ca na maior parte das vezes restrito a

    tarefas que exigem um teclado fsico ou telas maiores. Com o desenvolvimento

    de smartphones e tablets com alta capacidade computacional e melhores

    affordances, o prprio laptop assume paulatinamente a forma de um hbrido com

    teclados que podem ser destacados. Essa transio ca bastante ntida quando

    o jornalismo de mochila (backpack journalism) do incio dos anos 2000,

    composto por um kit com notebooks, cmeras, celulares e outros acessrios,

    perde espao para o jornalismo de bolso (pocket journalism) composto por

    tecnologias que renem diversas funes e que permitem a utilizao com

    apenas uma das mos (Cameron, 2011; Silva, 2013).

    Do telefone mvel ao paradigma datacntrico

    A partir da denio, seguimos para a segunda questo proposta: De que forma

    o jornalismo mvel se desenvolveu ao longo do tempo?. Para tentar encontrarrespostas preciso localizar o ponto de interseo da prtica jornalstica com

    o desenvolvimento das redes mveis. Autores que exploram as inovaes na

    telefonia mvel (Klemens, 2010; Wilwohl, 2010; Agar, 2013) distinguem trs

    geraes tecnolgicas com limites razoavelmente claros, geralmente expostas

    de forma abreviada: 1G, 2G e 3G. Entretanto, o jornalismo mvel surge numa

    fase de transio dos padres de transmisso digital, conhecida como 2.5G, no

    incio dos anos 2000.

    A primeira gerao (1G) era analgica e aplicava telefonia o mesmo

    princpio de modulao em frequncia usado na transmisso radiofnica. Coubeao Japo o pioneirismo na instalao de uma rede comercial, ainda em 1979. A

    experincia asitica foi replicada no incio da dcada seguinte na Europa e nos

    Estados Unidos. Como ocorre em quase todos os processos de desenvolvimento

    e adoo de tecnologias, a fase inicial da telefonia mvel era para poucos. O

    telefone celularDynaTAC 8000X, lanado em 1984 pelaMotorola, custava US$

    3.995 (Klemens 2010), um preo muito elevado. Para efeito de comparao o

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    7/28

    447Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    computador pessoalMacintosh 128K, daApple, chegou s lojas no mesmo ano.

    Rapidamente alado categoria de popstarda alta tecnologia, era vendido a

    US$ 2.495, 37% menos que oDynaTAC 8000X. Entretanto, no bastava comprar

    o telefone celular, pois era preciso contratar um plano para poder realizar

    ligaes. A quase completa inexistncia de concorrncia no deixava margem

    a barganhas. Devido ao alto custo, a utilizao particular da telefonia mvel era

    muito restrita e vista como uma excentricidade de magnatas. A maior fatia do

    mercado era destinada a setores corporativos. Portanto, no h razo para tentar

    localizar qualquer trao de jornalismo mvel nos anos 1980.

    O cenrio tecnolgico muda drasticamente na dcada seguinte, quando a

    tecnologia digital abre caminho para a segunda gerao (2G). O direcionamento

    bsico foi denido pelo padro GSM (Global System for Mobile Communications)

    desenvolvido na Europa e que logo se tornou o paradigma global. Lanado em

    1992 em apenas oito pases europeus Alemanha, Dinamarca, Finlndia, Frana,

    Itlia, Portugal, Reino Unido, Sucia o GSM j operava em 103 naes ao

    nal de 1996 (Agar, 2013). Destoavam nesse cenrio apenas os Estados Unidos,

    que decidiram investir noutra tecnologia digital de transmisso: o CDMA (Code

    Division Multiple Access). Aparelhos e planos ainda eram caros no incio dos anos1990, mas a queda dos preos foi constante e acelerada devido, principalmente,

    concorrncia. Fabricantes de dispositivos e companhias telefnicas reduziam

    os custos para ampliar o volume de potenciais consumidores. Novidades como

    planos pr-pagos estimulavam o acesso tecnologia por camadas da sociedade

    com menor poder aquisitivo. O telefone celular j era um dispositivo com alto

    grau de penetrao em diversas regies no alvorecer do terceiro milnio. Um

    ponto crucial da expanso ocorreu em 2003, quando o nmero de subscries

    de telefonia mvel ultrapassou pela primeira vez o total de assinaturas de linhas

    xas em escala global (Castells, Fernndez-Ardvol, Qiu & Sey, 2007).A adoo massiva de telefones celulares teve impacto imediato no jornalismo.

    Num mundo em que quase todos carregam um aparelho pessoal de comunicao,

    as fontes de informao esto, obviamente, cada vez mais acessveis. Igualmente

    aparelhados, os reprteres que cobriam os acontecimentos conseguiam se

    comunicar com mais facilidade com os colegas que tambm estavam nas ruas e

    com a redao. O impacto ainda maior no caso de reprteres de rdio e TV, que

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    8/28

    448 Ivan Satuf

    podiam transmitir informao sonora ao vivo na programao com o telefone

    celular. H, contudo, uma limitao fundamental: o telefone mvel dos anos

    1990 era, fundamentalmente, um aparelho de comunicao interpessoal por voz.

    Portanto, estava longe de ser o meta-dispositivo capaz de hibridizar as trs

    dimenses comunicativas que conformam o cenrio atual: self-media, mdias

    conversacionais e meios tradicionais (Aguado & Martinez, 2008a).

    Ironicamente, o embrio do jornalismo mvel surge quando a voz comea a

    perder a primazia para o texto nos telefones celulares. O SMS (Short Message

    Service) tornou-se um sucesso a partir da segunda metade da dcada de 1990

    ao permitir o envio de textos de at 160 caracteres de um telefone para o outro.

    O servio encontrou grande adeso entre os usurios mais jovens, que logo

    vislumbraram uma forma simples e mais barata de comunicar com os amigos

    (Hillebrand, 2010). Algumas empresas jornalsticas e operadoras de telefonia

    comearam a disponibilizar alertas noticiosos para os assinantes que desejassem

    aderir ao servio. Este sistema pode ser genericamente denominado como

    pushed news (Fidalgo, 2009) e est centrado no envio de textos curtos ao

    estilo de manchetes alargadas. A quase onipresena de telefones celulares no

    incio dos anos 2000 fomentava uma lgica jornalstica bsica: levar informaoinstantnea de elevado valor-notcia a pessoas diretamente interessadas em

    determinado contedo. O SMS tornou-se a materializao do breaking news

    na era da mobilidade.

    Alguns produtores de contedos logo ampliaram a oferta ao disponibilizar

    uma espcie de cardpio informativo para os usurios. Era possvel escolher

    apenas notcias de uma determinada editoria ou at mesmo um nicho, por

    exemplo, s receber notcias de futebol ou de um determinado time. Visto com

    cautela, o pushed news um modelo ancorado na distribuio e, por isso,

    pouco se diferencia do sistema broadcasting, a no ser por um nvel aindabastante rudimentar de personalizao.

    O incio dos anos 2000 foi marcado, tambm, pela implantao dos primeiros

    sistemas de transmisso digital que permitiam, de fato, acessar a internet pelo

    telefone celular. O padro GPRS (General Packet Radio Service) proporcionava

    downloads a uma taxa mxima de 171 kbps em circunstncias ideais, enquanto

    seu sucessor, o EDGE (Enhanced Data Rates for GSM Evolution), elevou a

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    9/28

    449Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    taxa real para 384 kbps (Klemens, 2010). Estes dois padres so geralmente

    agrupados numa gerao intermediria (2.5G) que aumentou signicativamente

    a capacidade de enviar e receber contedos digitais. Na sequncia do SMS

    surgiu o MMS (Multimedia Messaging Service) responsvel por ampliar as

    possibilidades para o jornalismo digital ao incluir fotos e vdeos de curta durao

    no rol de contedos mveis.

    O prximo passo foi o desenvolvimento de sites baseados no padro

    WAP (Wireless Application Protocol) que permitiam a navegao online em

    estruturas grcas simplicadas. Interfaces WAP eram desenhadas numa poca

    em que a maior parte dos aparelhos no possua telas tcteis e cuja interao

    com o contedo se dava por meio de pequenos teclados acoplados ao corpo

    do dispositivo. Recursos como imagem e vdeo ainda eram pouco utilizados,

    pois a transferncia de dados implicava um custo relativamente alto. Apesar

    das limitaes, a alta taxa de utilizao de plataformas de e-mail nos telefones

    celulares deu novo impulso aos j tradicionais newslettersdigitais. Os contedos

    jornalsticos foram expandidos com os sites WAP desenhados como listas de

    notcias e os blogs adaptados aos dispositivos mveis, geralmente chamados de

    moblogs (Koskinen, 2008).As alteraes na transmisso digital foraram uma quase simultnea

    adaptao do hardware. Os aparelhos ganharam telas mais amplas, alm de

    maior capacidade de processamento e armazenamento de dados. Os telefones

    celulares comeavam a trilhar um caminho sem volta rumo computao. A

    tecnologia mvel 2.5G tambm marcada por modelos de negcio relativamente

    fechados, conhecidos como jardins murados (walled gardens) (Tee, 2005;

    Ballon, 2009), nos quais as operadoras de telefonia assumiam uma posio

    dominante, controlando muitos elementos no interior de sua cadeia de valor,

    das redes e servios s aplicaes e aos contedos4

    (Feijo, Maghiros, Abadie& Gmez-Barroso, 2009). Como bem destacam Aguado e Martnez (2008b), os

    contedos baseados em SMS, MMS e interfaces WAP so formatos jornalsticos

    primitivos que atuavam basicamente como extenso de outros meios. Apesar

    4) Traduo nossa a partir do original: [...] controlling many elements within their value chain,from network and services to applications and content.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    10/28

    450 Ivan Satuf

    das evidentes limitaes tecnolgicas e econmicas, naquela poca j era

    possvel encontrar as condies iniciais para a constituio do jornalismo mvel.

    A terceira gerao (3G) consolida a integrao da telefonia mvel com as

    redes digitais, sobretudo com a internet. Apesar de surgir em 2001, demorou

    alguns anos para que a nova tecnologia atingisse penetrao suciente para

    despertar a ateno da sociedade. O aumento da capacidade de transmisso

    de dados popularmente conhecido pela alcunha de banda larga teve

    efeito direto sobre todos os setores envolvidos com tecnologias digitais de

    comunicao. O paradigma telecom centrado no servio de comunicao

    interpessoal por voz foi rapidamente superado pelo paradigma datacntrico

    (West & Mace, 2010; Castellet & Feijo, 2013). interessante notar que atores

    institucionais que assumiram protagonismo desde ento, como Google,Apple,

    Microsofte Samsung, nunca foram reconhecidos como empresas de telefonia.

    Na verdade, so gigantes do setor digital acostumados a lidar com bits e bytes.

    A poro fone do telefone celular passou a ser drasticamente reduzida com

    a crescente relevncia de contedos digitais. Neste sentido, o lanamento do

    iPhoneem 2007 foi fundamental para o sucesso do 3G, pois o uso efetivo da rede

    dependia de hardwares e softwares projetados especicamente para suportar as

    novas demandas.

    O jornalismo foi imediatamente afrontado pela congurao tecnolgica e se

    viu obrigado a tomar decises rpidas para atender s demandas de uma sociedade

    permanentemente conectada internet (Mielniczuk, 2013). Enquanto ainda

    tentavam compreender as aceleradas mudanas, os conglomerados miditicos

    buscavam encontrar elementos que permitissem explorar as potencialidades do

    jornalismo mvel. Foi emblemtico o lanamento do BBC Mobile Style Guide,

    um manual de 84 pginas destinado a designers, desenvolvedores e produtores,

    cujo objetivo era delinear os princpios e padres para a criao de pginas webmveis (Guyer, Puustinen, Urschbach & Dumitriu, 2009, p. 3). Institutos que

    monitoram o consumo miditico como oPew Research Center, o comScore, o

    Nielsene oReuters Institute for the Study of Journalism, passaram a incluir dados

    sobre as mdias mveis em seus relatrios. Um ponto exaustivamente destacado

    nestes levantamentos o crescente nmero de pessoas que usam dispositivos

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    11/28

    451Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    mveis para acessar contedos jornalsticos (Mitchell, Rosentiel, Santhanam &

    Christian, 2012; Newman & Levy, 2014).

    O jornalismo mvel atingiu a condio plena com a popularizao das redes

    3G e dos smartphones, superando os formatos primitivos referidos por Aguado

    e Martnez (2008b). Pela primeira vez foi possvel vericar as consequncias da

    mobilidade comunicacional na dinmica dos processos jornalsticos em todas

    as suas etapas: produo, edio, circulao e consumo. A rotina de reprteres e

    editores alterada, empresas lanam novos produtos para plataformas mveis e

    a sociedade como um todo se ajusta aos novos hbitos.

    Uma nova frente para o jornalismo mvel surge com o lanamento do

    iPad, em 2010, o primeiro tablet a conquistar relevncia social e comercial.

    Com telas bem maiores - 9.7 polegadas contra 3.5 polegadas dos modelos de

    iPhone disponveis naquela poca -, os tablets podem ser considerados um

    compromisso entre miniaturizao e ergonomia, entre portabilidade e conforto

    (Palacios, 2013, p. 4). O novo dispositivo logo atraiu a ateno das empresas

    jornalsticas, principalmente aquelas historicamente centradas na edio

    de jornais impressos, vidas por encontrar caminhos para reverter a perda

    constante de leitores e anunciantes (Edo, 2013). Entretanto, o desenvolvimentotecnolgico no garantia de retorno e alguns fracassos expem as incertezas.

    Uma grande frustao foi a revista digital The Daily, lanada em fevereiro de

    2011 com design e contedo exclusivos para tablets. O empreendimento liderado

    pelo magnata da mdia Rupert Murdoch teve vida curta, sendo encerrado em

    dezembro de 2012 por no atingir o nmero necessrio de assinantes para se

    manter economicamente vivel.

    Em resumo, o jornalismo mvel surge em sua forma primitiva no incio dos

    anos 2000, numa fase intermediria das redes de transmisso digital (2.5G).

    Contudo, alcana a plenitude entre 2007 e 2010 amparado em trs vetorestecnolgicos: a popularizao das redes 3G, o lanamento de hardwares que

    permitiam lidar com o novo paradigma datacntrico e a emergncia de softwares

    especcos para dispositivos mveis (mobile apps).

    Alguns autores recorrem a termos como mdia ps-massiva (Lemos, 2007)

    ou jornalismo ps-industrial (Anderson, Bell & Shirky, 2012) para demarcar

    as mudanas que so, em grande medida, consequncias da mobilidade

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    12/28

    452 Ivan Satuf

    tecnolgica e comunicacional. O prexo ps deve ser compreendido mais

    como uma transio do que propriamente um novo estado plenamente realizado.

    Ainda que existam indicaes importantes, no h qualquer estabilidade e a

    prpria evoluo tecnolgica expe o cenrio transitrio. As redes de quarta

    gerao (4G), muito mais velozes do que as anteriores, j esto disponveis em

    vrios pases. Enquanto isso, novos hardwares com dimenses intermedirias

    comeam a ganhar destaque e ajudam a lanar ainda mais incertezas. Aps o

    sucesso do iPad, empresas como Samsung, Googlee a prpriaApplelanaram

    tablets menores, com cerca de 8 polegadas. Outra categoria que assume posio

    relevante a dos phablets, aparelhos com tamanho de tela entre 5 e 7 polegadas.

    A emergncia de uma subrea

    Uma vez conceituado o jornalismo mvel e demonstrado o seu desenvolvimento

    histrico, partimos em busca do terceiro objetivo deste captulo: encontrar as

    evidncias que permitam pleitear o estabelecimento de uma subrea acadmica. A

    legitimidade cientca, conforme discutido no incio deste artigo, consequncia

    de uma disputa na qual os participantes de um campo procuram estabelecer

    a relevncia de determinados temas, objetos e mtodos em relao a outros,

    considerados menos relevantes ou at mesmo irrelevantes. Portanto, o processo

    de legitimao depende do envolvimento ativo de investigadores dispostos a

    travar uma luta poltico-cientca com seus pares a m de obter reconhecimento.

    As evidncias de que h um nmero signicativo de acadmicos engajados

    na tarefa de rmar o jornalismo mvel como subrea nos estudos do

    jornalismo podem ser encontradas nos produtos que do visibilidade ao esforo

    empreendido. Os ltimos anos foram marcados pelo surgimento de um conjuntorelevante de livros impressos e digitais - que tratam diretamente do jornalismo

    mvel. So coletneas organizadas com objetivo de apresentar diferentes

    abordagens tericas e metodolgicas sobre o novo objeto de estudo. Os ttulos

    no deixam margem a dvidas sobre o tema central: Notcias e mobilidade: o

    jornalismo, na era dos dispositivos mveis (Canavilhas, 2013), Jornalismo para

    tablets: pesquisa e prtica (Paulino & Rodrigues, 2013), Hacia el periodismo

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    13/28

    453Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    mvil (Molina, Canavilhas, Carvajal, Noriega, & Cobos, 2013), Jornalismo

    e tecnologias mveis (Barbosa & Mielniczuk, 2013), Jornalismo e mdias

    mveis no contexto da convergncia (Pellanda & Barbosa, 2014), Reexiones

    mviles: el periodismo en la era de la movilidad (Irigaray, 2015).

    Outra evidncia a crescente presena de teses de doutorado sobre jornalismo

    mvel defendidas recentemente na rea de Comunicao em diferentes pases

    (Westlund, 2011; Silva, 2013; Rodrguez, 2013; Souza, 2013; Holanda, 2014;

    Incollingo, 2014; Sigaud-Sellos, 2014). Todo trabalho doutoral pressupe

    algum grau de originalidade e inovao para contribuir em determinado

    domnio do saber. Numa rea que ainda luta por legitimidade, alm de original

    e inovadora, a tese tem a misso de se apresentar como um documento de

    validao paradigmtica (ou mesmo epistemolgica) perante integrantes da

    banca julgadora, os pares-concorrentes na viso de Bourdieu (1983). De forma

    semelhante, a busca por reconhecimento tambm se manifesta em peridicos

    internacionais com arbitragem cientca (peer-review). Em 2014, a revista Sur

    Le Journalismelanou a edio especial Jornalismo e dispositivos mveis5.

    No ano seguinte, a revistaMobile Media & Communicationpublicou o dossi

    temtico News consumption in an age of mobile media6.Outra importante frente de batalha no processo de legitimao composta

    por eventos que renem acadmicos e prossionais. Exemplo signicativo o

    Congresso Internacional Jornalismo e Dispositivos Mveis7, com duas edies

    organizadas em 2012 e 2014 pela Universidade da Beira Interior. Este livro a

    materializao do sucesso da segunda edio do evento. Nos Estados Unidos, o

    Reynolds Journalism Institute, ligado escola de Jornalismo da Universidade

    Missouri, promoveu, em 2014, a conferncia Mobile rst: navigating multi-

    screen migration8. As universidades no so as nicas instituies responsveis

    por organizar eventos dessa natureza. A RTE, empresa prestadora de serviopblico de comunicao na Irlanda, realizou, em 2015, a Mobile Journalism

    5) http://surlejournalisme.com/rev/index.php/slj/issue/view/6

    6) http://mmc.sagepub.com/

    7) http://jdm.ubi.pt/pt/

    8) http://www.rjionline.org/mobilerst

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    14/28

    454 Ivan Satuf

    Conference9. A presena de atores ligados atividade prossional reprteres,

    jornalistas, empresrios de mdia, etc um contributo decisivo para alavancar

    a visibilidade da subrea no meio acadmico.

    A existncia de livros, teses, peridicos e conferncias dedicados ao

    jornalismo mvel no signica que os trabalhos sobre o tema estejam reduzidos

    a estes espaos. Este seria um cenrio pouco produtivo, visto que uma postura

    endgena no coaduna com os princpios cientcos. Na verdade, so muitos os

    textos que exploram o jornalismo mvel espalhados em obras e congressos que

    tratam sobre comunicao e jornalismo. Neste captulo, apenas ajustamos o foco

    na produo especca para demonstrar a fora com que emerge o pensamento

    crtico.

    Por m, todo esse conjunto de evidncias conecta-se a um fator decisivo

    na constituio da subrea: o ensino do jornalismo mvel com pedagogia e

    metodologia prprias. Uma das iniciativas de maior relevncia foi realizada pelo

    The Knight Center for Journalismda Universidade de Texas, nos Estados Unidos.

    A entidade promoveu, entre junho e agosto de 2014, o Curso Online Aberto

    Massivo (ouMOOC, na sigla em ingls) Introduction to Mobile Journalism10.

    As disciplinas abordaram o uxo de trabalho, o design e o desenvolvimento de

    produtos voltados para os dispositivos mveis. O projeto ganhou uma verso

    em portugus em novembro daquele mesmo ano11. Esta no foi a primeira

    iniciativa da Universidade do Texas no ensino de jornalismo mvel. Desde 2013

    a instituio desenvolve o programa Mobile News App Design Class12, que

    rene cientistas da computao e estudantes de jornalismo com o objetivo de

    estimular a inovao em aplicativos mveis para produo e distribuio de

    notcias. Outras instituies norte-americanas trilham o mesmo caminho, como

    9) http://mojocon.rte.ie/

    10) https://knightcenter.utexas.edu/00-15654-sign-now-free-online-course-mobile-journalism-it-11th-mooc-offered-knight-center

    11) https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/00-15819-inscricoes-abertas-para-novo-curso-online-da-anj-e-do-centro-knight-sobre-jornalismo-movel

    12) http://www.utapps.com/

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    15/28

    455Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    a Universidade do Arizona, que passou a oferecer a disciplina Mobile Web

    Apps13para estudantes de jornalismo.

    Numa iniciativa ainda mais ousada, Robert Hernandez, professor da Escola

    de Comunicao e Jornalismo da University of Southern California, incluiu na

    grade curricular a disciplina Glass Journalism14, cuja meta aplicar o Google

    Glasss rotinas jornalsticas. Obviamente, a atitude pode despertar desconana

    e ceticismo, portanto, a ousadia do professor Hernandez extrapola a dimenso

    de uma simples disciplina para se tornar um marco para a subrea. A iniciativa

    explicita a disposio em estabelecer a relevncia do jornalismo mvel, mesmo

    que seja necessrio correr riscos para enfrentar a resistncia dos cdigos

    preestabelecidos.

    Breve cartograa das pesquisas

    Todas estas evidncias conduzem ltima questo: Como o estudo do

    jornalismo mvel se organiza em relao a objetos e mtodos?. Apesar de ser

    uma subrea recente e ainda em constituio, o volume de investigaes por sis j suciente para tornar esta tarefa rdua e complexa. No caberia aqui uma

    sumarizao pormenorizada, portanto, optamos por elaborar um breve mapa que

    permite organizar as pesquisas em torno de trs eixos: as rotinas de produo, os

    produtos e as audincias.

    As investigaes sobre as rotinas de produo esto centradas na gura do

    jornalista prossional, mas tambm incluem estudos que exploram a interferncia

    de atores externos no desenvolvimento da notcia. Uma das linhas com maior

    visibilidade aquela que toma como objeto de pesquisa a relao do reprter

    com as novas tecnologias, prtica conhecida pelo acrnimo MoJo, derivadodeMobile Journalism. Os investigadores buscam compreender como se d o uso

    de dispositivos mveis no trabalho de apurao, edio e distribuio de material

    13) http://web.sbs.arizona.edu/college/news/ua-journalism-school-introduces-new-course-mobile-web-apps

    14) http://class.glassjournalism.io/syllabus/J499GlassJournalism-Hernandez-Fa14.pdf

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    16/28

    456 Ivan Satuf

    diretamente do local onde se desenvolve a cobertura (Martyn, 2009; Quinn,

    2009; Silva, 2013; Mills, Egglestone, Rashid & Vtj, 2012). O instrumental

    metodolgico mais utilizado a observao direta dos processos de produo

    associado a entrevistas com os prossionais.

    Outra vertente com foco direto no trabalho dos jornalistas explora as alteraes

    ocorridas dentro da redao jornalstica em decorrncia da mobilidade (Silva,

    2014; Barcellos, Gonzatto & Bozza, 2014; Barsoti & Aguiar, 2015). Os interesses

    principais desta linha so as alteraes nos uxos de trabalho, nas relaes de

    hierarquia e nos processos de convergncia prossional. Assim como ocorre

    com oMoJo, as ferramentas de anlise incluem observao direta e entrevistas,

    mas ganha proeminncia o carter etnogrco da pesquisa, tal como ocorre

    na longa tradio de investigao sobre newsmaking. Uma terceira via adota

    como objeto a ao de no-jornalistas nas rotinas produtivas. A investigao se

    concentra no par colaborao/negociao, ou seja, nos mecanismos criados por

    reprteres e editores para lidar com a crescente cultura da participao numa era

    em que cidados comuns esto equipados para recolher e distribuir informao

    (Puustinen & Seppnen, 2011; Sjovaag, 2011). A anlise de contedos surge

    como importante aporte metodolgico visto que os trabalhos tentam compreenderas consequncias do uso de materiais produzidos por terceiros na credibilidade

    jornalstica e os constantes dilemas ticos.

    Diferente das pesquisas sobre as rotinas produtivas, as investigaes sobre os

    produtos se debruam sobre a forma e o contedo das publicaes jornalsticas

    para dispositivos mveis. A tradio midiolgica torna-se explcita no frequente

    enquadramento de smartphones e tablets como novos meios que estimulam

    adaptaes e inovaes nos contedos (Westlund, 2010; Barbosa e Seixas,

    2013). Um signicativo nmero de pesquisas busca analisar as transformaes

    na linguagem jornalstica a partir da explorao sistemtica dos aplicativosmveis (Canavilhas, 2009; Canavilhas & Santana, 2011; Prez, Cantarero

    & Neira, 2013; Palacios, Barbosa, Firmino & Cunha, 2014) e a consequente

    emergncia de gneros jornalsticos especcos (Colussi, 2013; Seixas, Tourinho

    & Guedes, 2014). De forma geral, a abordagem metodolgica procura atualizar

    os instrumentos da anlise de contedos para explorar as caractersticas do

    medium.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    17/28

    457Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    Outra linha de pesquisa sobre os produtos investiga aspectos relacionados ao

    design e interface. Os trabalhos exploram a arquitetura da informao diante das

    restries e das potencialidades dos dispositivos mveis. A preocupao engloba

    desde aspectos materiais elementares, como o tamanho reduzido das telas, at

    a dimenso sensorial (visual, tctil, sonora, etc) envolvida na construo de

    contedos para smartphones e tablets (Palcios & Cunha, 2012; Burgos, 2013;

    Rodrigues, 2013). A metodologia busca inspirao direta nos estudos sobre as

    interfaces e as materialidades, como o design participativo e anlise ergonmica.

    Um terceiro conjunto de pesquisas do eixo produtos lana luz sobre os

    modelos de negcio no jornalismo mvel. As investigaes buscam compreender

    como os contedos desenvolvidos para smartphones e tablets podem viabilizar

    receitas, seja por meio de sistemas de paywall, assinaturas convencionais ou

    venda de aplicativos nas app stores (Canavilhas & Satuf, 2013; Rublescki,

    Barichello & Dutra, 2013; Aguado & Castellet, 2014). A conexo entre os

    contedos e o mercado estimula o uso de mtodos mistos, que podem englobar a

    economia poltica da comunicao e abordagens comparativas para relacionar as

    tecnologias mveis com outros suportes empregados na circulao de contedos

    jornalsticos.Finalmente, o eixo audincias abarca pesquisas com foco no consumo de

    notcias em dispositivos mveis (Wolf & Schnauber, 2014; Westlund, 2015).

    Os estudos se dedicam a compreender grupos especcos de usurios (Quadros,

    Rasra & Moschetta, 2013; Pato, 2013) ou rotinas gerais de consumo (Chan,

    2015; Van Damme, Courtois, Verbrugge & de Marez, 2015) de carter regional,

    nacional ou transnacional. O espectro de interesse amplo o suciente para

    agregar aspectos demogrcos, a fora dos hbitos de consumo miditico e a

    curva de adoo tecnolgica (Thorson, Shoenberger, Karaliova, Kim & Fidler,

    2015). Questionrios, entrevistas e grupos focais fazem parte do instrumentalmetodolgico tradicional que pode ser utilizado na investigao sobre

    dispositivos mveis. A estas ferramentas se somam recursos especcos, como

    aplicativos que rastreiam a ao dos usurios (com o consentimento destes).

    Enquadramentos clssicos para investigao das audincias, como a Teoria

    dos Usos e Graticaes (Katz, Blumler & Gurevitch, 1973) e a abordagem da

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    18/28

    458 Ivan Satuf

    domesticao das tecnologias (Silverstone & Haddon, 1996) so adotados com

    alguma frequncia.

    Este mapa resumido da subrea obviamente simplicado e incompleto. Em

    primeiro lugar, porque no consegue abarcar todos os objetos e metodologias.

    Alm disso, na prtica as pesquisas no possuem fronteiras to bem denidas.

    So diversos os exemplos de estudos, muitos dos quais citados acima, que

    investigam simultaneamente as rotinas produtivas e os produtos, ou os produtos

    e as audincias. Apesar das evidentes limitaes, a organizao aqui apresentada

    permite visualizar melhor a subrea para encontrar tanto as diferenas de

    abordagem quanto os pontos de interface.

    Consideraes nais

    A abordagem histrica apresentada neste artigo demonstra que a prtica

    denominada jornalismo mvel muito recente, mas j possvel identicar a

    emergncia de uma subrea acadmica relevante. O acelerado desenvolvimento

    tecnolgico tem implicaes diretas sobre as investigaes em curso. Asnovidades nas redes digitais, nos hardwares e nos softwares atraem a ateno da

    sociedade, aguam a curiosidade dos pesquisadores e fomentam novos trabalhos.

    Este o lado positivo: h muita coisa para estudar. Entretanto, h consequncias

    negativas. Viver num mundo de novidades torna-se um enorme desao para

    quem se dedica a compreender os fenmenos contemporneos.

    Portanto, a investigao sobre o jornalismo mvel deve assumir a condio

    beta de seus objetos de estudo. No jargo da informtica, a verso beta

    corresponde ao produto em desenvolvimento, algo que j pode ser manipulado,

    mas no est acabado. Daqui a poucos anos vamos debater as consequnciasdas redes de quarta gerao (4G) e a consolidao dos dispositivos vestveis

    (wearable devices). Os pesquisadores devem ser capazes de ajustar o foco

    rapidamente para dar conta do cenrio complexo. Tambm preciso desenvolver

    novos mecanismos de investigao para lidar com os desaos impostos pela

    ubiquidade comunicacional.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    19/28

    459Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    Este trabalho uma espcie de estado da arte sobre o jornalismo mvel, tanto

    da prtica quanto da investigao. um retrato em boa resoluo do passado e

    uma imagem um pouco embaada de um presente que insiste em mudar. Outros

    trabalhos devem preencher as lacunas deixadas aqui para ajudar a compreender

    melhor o processo de constituio de um ecossistema mvel.

    Referncias

    Agar, J. (2013). Constant touch: a global history of the mobile phone. [Verso

    eletrnica em formato Epub]. London, UK: Icon Books.

    Aguado, J.M., & Castellet, A. (2014). Innovar cuando todo cambia: el valor

    disruptivo de la tecnologa mvil en la industria de la informacin.Sur le

    journalisme, About journalism, Sobre jornalismo, 3(2), 26-39.

    Aguado, J.M.; & Martnez, I. J. (2008a). La cuarta pantalla: industria culturales

    y contenido mvil. In J. M. Aguado, & I. J. Martnez (Eds.), Sociedadmvil: tecnologia, identidade y cultura(pp. 187-220). Madrid, Espaa:

    Biblioteca Nueva.

    Aguado, J.M., & Martnez, I.J. (2008b). La comunicacin mvil en el

    ecosistema informativo: de las alertas SMS al Mobile 2.0. Trpodos, 23,

    107-118.

    Anderson, C.W., Bell, E., & Shirky, C. (2012). Post-Industrial Journalism:

    adapting to the present. Columbia Journalism School - Tow Center forDigital Journalism. Recuperado em http://towcenter.org/research/post-

    industrial-journalism-adapting-to-the-present-2/

    Ballon, P. (2009). The platformisation of the european mobile industry.

    Communication & Strategies, 75(3), 15-33.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    20/28

    460 Ivan Satuf

    Barbosa, S., & Mielniczuck, L. (Eds.) (2013).Jornalismo e tecnologias mveis.

    Covilh, Portugal: Livros LabCom.

    Barbosa, S., & Seixas, L. (2013). Jornalismo e dispositivos mveis.

    Percepes, usos e tendncias. In S. Barbosa, & L. Mielniczuck (Eds.),

    Jornalismo e tecnologias mveis(pp. 51-73). Covilh, Portugal: Livros

    LabCom

    Barcellos, Z.R., Gonzatto, R., & Bozza, G. (2014). Jornalismo em segunda tela

    Webjornal produzido com dispositivos mveis em redao virtual. Sur le

    journalisme, About journalism, Sobre jornalismo, 3(2), 84-99.

    Barsotti, A., & Aguiar, L. (2014). Duas telas, dois caminhos: a produo de

    notcias para celular e tablet no panorama dos jornais brasileiros. Sur le

    journalisme, About journalism, Sobre jornalismo, 3(2), 56-69.

    Bourdieu, P. (1983). O campo cientco. In R. Ortiz (Ed.),Pierre Bourdieu:

    socioiogia(pp. 122-155). So Paulo, Brasil: tica.

    Briggs, A. & Burke, P. (2006). Uma histria social da mdia: de Gutenberg

    Internet(2nd ed.) (M. C. P. Dias, Trad., rev. tc. P. Vaz). Rio de Janeiro:

    Jorge Zahar.

    Burgos, T. (2013). Design de sites web mobiles e de softwares aplicativos

    para jornalismo digital em base de dados. In J. Canavilhas (Ed.),Notcias

    e Mobilidade: o jornalismo na era dos dispositivos mveis(pp. 319-342).

    Covilh, Portugal: Livros LabCom.

    Cameron, D. (2011). Mobile journalism: A snapshot of current research and

    practice. In A. Charles & G. Stewart (Eds.), The end of journalism: news in

    the twenty-rst century(pp. 6371). London, UK: Peter Lang.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    21/28

    461Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    Canavilhas, J. (2009). Contenidos informativos para mviles: estudio de

    aplicaciones para iPhone. Textual & Visual Media, 2, 61-79.

    Canavilhas, J. (Ed.) (2013).Notcias e mobilidade: o jornalismo na era dos

    dispositivos mveis. Covilh, Portugal: Livros LabCom.

    Canavilhas, J., & Santana, D. (2011). Jornalismo para plataformas mveis de

    2008 a 2011: da autonomia emancipao.Lbero, 28, 53-66.

    Canavilhas, J., & Satuf, I. (2013). Jornalismo em transio do papel para

    o tablet... ao nal da tarde. In A. Fidalgo, & J. Canavilhas (Eds.).

    Comunicao digital: 10 anos de investigao(pp. 35-60). Coimbra,

    Portugal: MinervaCoimbra.

    Castellet, A., & Feijo, C. (2013). Los actors en el ecossistema mvil. In J. M.

    Aguado, C. Feijo, & I.J. Martnez (Eds.),La comunicacin mvil: hacia

    un nuevo ecosistema digital(pp 27-56). Barcelona, Espaa: Gedisa.

    Castells, M., Fernndez-Ardvol, M., Qiu, J.L, & Sey, A. (2007).Mobile

    communication and society: a global perspective. Cambridge, MA: MIT

    Press.

    Chan, M. (2015). Examining the inuences of news use patterns, motivations,

    and age cohort on mobile news use: The case of Hong Kong.Mobile Media

    & Communication, 2(3), 179-195. doi: 10.1177/2050157914550663

    Colussi, J. (2013). Nuevos gneros en el contenido de los blogs periodsticospublicado desde dispositivos mviles. In J. Canavilhas (Ed.),Notcias e

    Mobilidade: o jornalismo na era dos dispositivos mveis(pp. 343-362).

    Covilh, Portugal: Livros LabCom.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    22/28

    462 Ivan Satuf

    Edo, C. (2013). Las tabletas pueden renovar la lectura de peridicos. In S.

    Barbosa, & L. Mielniczuck (Eds.),Jornalismo e tecnologias mveis(pp.

    75-88). Covilh, Portugal: Livros LabCom.

    Feijo, C., Maghiros, I., Abadie, F., & Gmez-Barroso, J. (2009). Exploring

    a heterogeneous and fragmented digital ecosystem: mobile content.

    Telematics and Informatics, 26, 282-292. doi:10.1016/j.tele.2008.11.009

    Fidalgo, A. (2009). Pushed news: when news comes to the cellphone.Brazilian

    Journalism Research, 5(2), 113-124.

    Guyer, B., Puustinen, R., Urschbach, C., & Dumitriu, D. (2008). BBC mobile

    style guide 1.1: global visual language for the mobile web.

    Hillebrand, F. (2010). Global market development. In F. Hillebrand (Ed.), Short

    message service (SMS): the creation of global personal text messaging(pp.

    125-130). Chichester, UK: John Wiley & Sons.

    Holanda, A. (2014). Traduzindo o jornalismo para tablets como a Teoria

    Ator-Rede. (Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia,

    Salvador, Brasil). Recuperado em http://poscom.tempsite.ws/wp-content/

    uploads/2011/05/Andr%C3%A9-Holanda1.pdf

    Incollingo, J. (2014). User engagement with the mobile news content of the

    philadelphia inquirer and the philadelphia daily news.(Tese de Doutorado,

    University of Maryland, Maryland, Estados Unidos). Recuperado em http://

    drum.lib.umd.edu/handle/1903/ 16182

    Innis, H. A. (2011). O vis da comunicao(L.C. Martino, Trad.). Petrpolis,

    Brasil: Vozes. (Original publicado em 1951)

    Irigaray, F. (Ed.).Reexiones mviles: el periodismo en la era de la movilidad.

    Rosario, Argentina: UNR Editora.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    23/28

    463Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    Jenkins, H., Ford, S., & Green, J. (2013). Spreadable media: creating value

    and meaning in a networked culture. New York, NY: New York University

    Press.

    Katz, E., Blumler, J. & Gurevitch, M. (1973). Uses and gratications research.

    Public Opinion Quartely, (37)4, 509-523. doi: 10.1086/268109

    Klemens, G. (2010). The cellphone: the history and technology of the gadget

    that changed the world. Jefferson, NC: McFarland & Company.

    Koskinen, I. (2008). Mobile multimedia: uses and social consequences. In

    J. Katz (Ed.),Handbook of mobile communication studies(pp.241-255).

    Cambridge, MA: MIT Press.

    Lemos, A. (2007). Cidade e mobilidade. Telefones celulares, funes ps-

    massivas e territrios informacionais.Matrizes, 1, 121-137.

    Levinson, P. (2004). Cellphone: the history of the worlds most mobilemedium and how it has transformed everything!. New York, NY: Palgrave

    Macmillan.

    Martyn, P.H. (2009). The mojo in the third millennium.Journalism Practice,

    3(2), 196-215. doi: 10.1080/17512780802681264

    Mielniczuk, L. (2013). O celular afronta o jornalismo. In S. Barbosa, & L.

    Mielniczuck (Eds.),Jornalismo e tecnologias mveis(pp. 113-125).

    Covilh, Portugal: Livros LabCom.

    Mills, J., Egglestone, P., Rashid, O., & Vtj, H. (2012). MoJo in

    action: The use of mobiles in conict, community, and cross-

    platform journalism.Media & Cultural Studies, 26(5), 669-683. doi:

    10.1080/10304312.2012.706457

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    24/28

    464 Ivan Satuf

    Mitchell, A., Rosentiel, T., Santhanam, L.H., & Christian, L. (2012). The

    future of mobile news: the explosion in mobile audiences and a close look

    at what it means for news.Report of the Pew Research Centers Project

    for Excellence in Journalism. Recuperado em http://www.journalism.

    org/2012/10/01/future-mobile-news/

    Molina, S.G., Canavilhas, J., Prieto, M.C., Noriega, C. L., & Cobos,

    T.C. (2013).Hacia el periodismo mvil. Santiago de Chile: Revista

    Mediterrnea de Comunicacin.

    Newman, N., & Levy, D.A. (Eds.). (2014). Tracking the future of news.

    Reuters Institute digital news report 2014.

    Palacios, M. (2013). Prefcio - O mundo no bolso e o contexto na palma da

    mo. In S. Barbosa, & L. Mielniczuck (Eds.),Jornalismo e tecnologias

    mveis(pp. 1-5). Covilh, Portugal: Livros LabCom.

    Palacios, M., & Cunha, R. (2012). A tactilidade em dispositivos mveis:primeiras reexes e ensaio de tipologias. Contemporanea, 10(3), 668-685.

    Palacios, M., Barbosa, S., Firmino, F., & Cunha, R. (2014). Aplicativos

    jornalsticos vespertinos para tablets cartograa do fenmeno ante o

    desao de uma produo original e inovadora. Sur le journalisme, About

    journalism, Sobre jornalismo, 3(2), 70-83.

    Pato, L.M. (2013). Proling mobile TV addoption tendencies by college

    and university students in Portugal (Does previous individualized TVconsumption inuence the adoption of mobile TV?). In J. Canavilhas (Ed.),

    Notcias e Mobilidade: o jornalismo na era dos dispositivos mveis(pp.

    191-218). Covilh, Portugal: Livros LabCom.

    Paulino, R., & Rodrigues, V. (Eds.) (2013).Jornalismo para tablets: pesquisa e

    prtica. Florianpolis, Brasil: Insular.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    25/28

    465Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    Pellanda, E., & Barbosa, S. (Eds.) (2014).Jornalismo e mdias mveis no

    contexto da convergncia. [Verso eletrnica em formato Epub]. Porto

    Alegre, Brasil: EDIPUCRS

    Prez, A., Cantarero, T., & Neira, A. (2013). Usabilidad, interactividad y

    contenidos multimedia en la prensa para iPad: el caso de El Pas, El

    Mundo, ABC y La Razn. In J. Canavilhas (Ed.),Notcias e Mobilidade: o

    jornalismo na era dos dispositivos mveis(pp. 73-98). Covilh, Portugal:

    Livros LabCom.

    Puustinen, L., & Seppnen, J. (2011). In amateurs we trust: readers assessing

    non-professional news photographs. In K. Anden-Papadopoulos, & M.

    Pantti, M.Amateur Images and Global News(pp. 175-192). Chicago, IL:

    University of Chicago Press.

    Quadros, C., Rasra, M., & Moschetta, A. (2013). Jornalismo para tecnologias

    mveis: o consumo entre jovens. In S. Barbosa, & L. Mielniczuck (Eds.),

    Jornalismo e tecnologias mveis (pp. 141-160). Covilh, Portugal: LivrosLabCom.

    Quinn, S. (2009).Mojo: mobile journlism in the asian region. Singapore:

    Konrad-Adenauer-Stiftung

    Rodrigues, V. (2013). Uma proposta de categoria de qualidade e avaliao para

    interfaces jornalsticas em tablets. In R. Paulino, & V. Rodrigues (Eds.),

    Jornalismo para tablets: pesquisa e prtica. Florianpolis, Brasil: Insular.

    Rodrguez, A.S. (2013). Os cibermedios nos dispositivos mbiles. Anlise

    estrutural, formal e interpretativa das caractersticas que denen o

    produto informativo no novo soporte en catorce cabeceiras de referencia.

    (Tese de Doutorado, Universidade de Santiago de Compostela, Santiago

    de Compostela, Espanha). Recuperado em http://dspace.usc.es/

    handle/10347/10021

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    26/28

    466 Ivan Satuf

    Rublescki, A., Barichello, E., & Dutra, F. (2013). Apps jornalsticas: panorama

    brasileiro. In J. Canavilhas (Ed.),Notcias e Mobilidade: o jornalismo

    na era dos dispositivosmveis (pp. 121-140). Covilh, Portugal: Livros

    LabCom.

    Scoble, R., & Israel, S. (2014).Age of Context: mobile, sensors, data and the

    future of privacy. United States: Patrick Brewster Press.

    Seixas, L., Tourinho, I., & Guedes, M. (2014). Os gneros jornalsticos do

    tablet e a fora do costume cultural do dispositivo.IntercomRBCC, 37(2),

    91-111. doi: 10.1590/1809-5844 20144

    Sigaud-Sellos, P. (2014). Periodismo multiplataforma en dispositivos mviles:

    anlisis comparativo de cuatro diarios de referencia en Brasil y Espaa.

    (Tese de Doutorado, Universidad de Navarra, Espanha). Recuperado em

    https://www.educacion.gob.es/ teseo/createpdf?origen=3&idFicha=116823

    Silva, F. (2013).Jornalismo mvel digital: uso das tecnologias mveis digitaise a recongurao das rotinas de produo da reportagem de campo.

    (Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil).

    Recuperado em https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13011

    Silva, N.M. (2014). A redao convergente e a produo de contedos

    para dispositivos mveis. Sur le journalisme, About journalism, Sobre

    jornalismo, 3(2), 70-83.

    Silverstone, R., & Haddon, L. (1996). Design and the domestication ofinformation and communication technologies: technical change and

    everyday life. In R. Silverstone, & R. Mansell (Eds.), Communication by

    desig: the politics of information and communication technologies. Oxford,

    UK: Oxford University Press.

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    27/28

    467Jornalismo mvel: da prtica investigao acadmica

    Sjovaag, H. (2011). Amateur images and journalistic authority. In K. Anden-

    Papadopoulos, & M. Pantti, M.Amateur Images and Global News(pp.

    79-95). Chicago, IL: University of Chicago Press.

    Souza, M.F. (2013).Revistas Jornalsticas para tablet: uma anlise

    comparativa entre os modelos convergente e nativo digital. (Tese de

    Doutorado, Universidade Federal da Bahia, Salvador,Brasil). Recuperado

    em https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13010

    Tee, R. (2005). Different directions in the mobile internet: analysing mobile

    internet services in Japan and Europe. In L. Hamill & A. Lasen (Eds.),

    Mobile world: past, present and future(pp. 143-160). (n.p.): Springer.

    Thorson, E., Shoenberger, H., Karaliova, T. Kim, E., & Fidler, R. (2015).

    News use of mobile media: a contingency model.Mobile Media &

    Communication, 3(2), 160-178. doi: 10.1177/2050157914557692

    Van Damme, K., Courtois, C.,Verbrugge, K., & De Marez, L. (2015). WhatsAPPening to news? A mixed-method audiencecentred study on mobile

    news consumption.Mobile Media & Communication, 3(2), 196-213. doi:

    10.1177/2050157914557691

    West, J., & Mace, M. (2010). Browsing as the killer app: Explaining the rapid

    success of Apples iPhone. Telecommunications Policy, 34(56), 270286.

    doi:10.1016/j.telpol. 2009.12.002

    Westlund, O. (2010). New(s) functions for the mobile: a cross-cultural study.New Media & Society, 12(1), 91108. doi: 10.1177/1461444809355116

    Westlund, O. (2011). Cross-media news work: sensemaking of the mobile

    media (r)evolution. (Tese de doutorado, University of Gothenburg,

    Gothenburg, Sucia). Recuperado em https://gupea.ub.gu.se/

    handle/2077/28118

  • 7/26/2019 2015 (CAPTULO) Jornalismo Mvel_da Prtica Investigao Acadmica - Ivan Satuf

    28/28

    468 Ivan Satuf

    Westlund, O. (2015). News consumption in an age of mobile media: patterns,

    people, place, and participation.Mobile Media & Communication, 3(2),

    151-159. doi: 10.1177/2050157914563369

    Wilwohl, J. (2010).All the news that ts in your pocket/Hendheld journalism.

    [Verso eletrnica em formato Epub]. (n.p.): Chuck Frank.

    Wolf, C., & Schnauber, A. (2014). News consumption in the mobile era:

    the role of mobile devices and traditional journalisms content within

    the users information repertoire.Digital Journalism, 1-18. doi:

    10.1080/21670811.2014.942497