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Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo Secretaria Municipal de Educação - SMED Capital Nacional do Calçado 2015 1

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Prefeitura Municipal de Novo HamburgoSecretaria Municipal de Educação - SMED

Capital Nacional do Calçado

2015

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CONSIDERAÇÕES INICIAISO homem nasceu para aprender, aprender tanto quanto a vida lhe permita

João Guimarães Rosa

Escola Coruja se constitui na possibilidade de organização e articulação da política pública e da concepção de educação comprometida, por um lado, com a formação integral do sujeito e, por outro, com a efetiva vinculação do equipamento

escolar com seu entorno e com a cidade em seus espaços educativos, buscando uma educação com qualidade social para a população de Novo Hamburgo. É importante ressaltar que, por trás da alcunha de Escola Coruja, está o entendimento de que não bastam políticas públicas que garantam às crianças e aos jovens o acesso, a permanência e a terminalidade da Educação Básica, mas a instituição escola precisa ser considerada e repensada na sua relação com o conjunto da cidade, local onde se constitui enquanto uma instância de formação e de práticas educacionais cotidianas.

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Nesse sentido, a Escola Coruja institucionaliza ações educativas capazes de aproximar alunos e professores de um conhecimento que, reconhecidamente, tem suas origens em um contexto maior do que o da própria escola. Portanto, feitos pais/mães corujas que evidenciam, com certo exagero, as qualidades dos filhos, precisamos valorizar o conhecimento trazido pelo aluno e as ofertas educativas presentes no contexto da cidade. A escola não pode ficar fechada sobre si mesma, é preciso olhar à sua volta e descobrir como articular-se com todos os recursos que a cidade oferece, pois não há como manter a municipalidade alheia às atividades desenvolvidas no ambiente escolar. Nessa perspectiva, a legislação apresenta, basicamente, três funções para a escola.

a) Função social: é função da escola educar e cuidar as crianças e jovens de modo indissociável, compartilhar com as famílias e proporcionar o convívio com as diferentes culturas.

b) Função política: garantir a igualdade de direitos, acesso, atendimento e permanência e colaborar na formação da cidadania, considerando os alunos como cidadãos plenos de direitos.

c) Função pedagógica: a escola é um lugar privilegiado de convivência e de ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas.

A escola, dessa forma, pode ser reconhecida como uma instituição social que possibilita o encontro com o diferente, com o que nos é estranho. É um espaço socialmente construído, que está inserido em determinado contexto, no qual as diferentes culturas de nossa sociedade, marcadas por rituais, valores e símbolos distintos, encontram-se e necessitam entrar em diálogo. Esse direcionamento, por si só, descarta o papel apenas reprodutor que algumas vezes se atribui à escola.

A Escola Coruja, por sua vez, se constitui como uma estratégia de educação que abrange quatro dimensões: físico/material, social/cultural, territorial/geográfica e intelectual. A dimensão físico/material valoriza a escola através do cuidado com o ambiente escolar. Reflete ações pedagógicas em conexão com as estruturas oferecidas na cidade de

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Novo Hamburgo, seja na área urbana, seja na rural. Explora, didaticamente, todos os espaços da cidade, transformando-os em espaços de ensino-aprendizagem. Colabora para que os alunos transitem pela sua cidade, identificando-se com sua construção sócio-histórica e se sentindo responsáveis e comprometidos com a preservação de seu patrimônio histórico-social e cultural.

A dimensão social/cultural valoriza as relações interpessoais de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, através do estímulo a uma convivência saudável, respeitosa e com igualdade de direitos. Procura desenvolver ações pedagógicas colaborativas que promovam habilidades e competências cognitivas que transformem as relações interpessoais, criando uma sociedade mais justa e igualitária. Sua ênfase está na ação dialógica, que cria princípios de convivência que respeitem a corporalidade, a diversidade de ideias, o gênero, a classe social, as crenças e etnias.

A dimensão territorial/geográfica contempla ações pedagógicas investigativas que visam compreender as diferentes condutas adotadas pela comunidade escolar em relação à cidade para, enfim, encontrar soluções para o seu dia a dia, dando sentido às práticas escolares e estimulando uma cidadania participativa. Além disso, propõe explorar outras territorialidades, tornando-as um espaço de aprendizagem alternativo que amplie nossa visão de mundo e contribua para a percepção de que existem “outros mundos possíveis”.

A dimensão intelectual aprofunda as ações pedagógicas dos conhecimentos historicamente construídos em conexão com os saberes produzidos no entorno da escola. Esta dimensão, que abrange as áreas de conhecimento, procura tornar a ação educativa significativa e prazerosa, valorizar a experiência dos sujeitos, qualificar sua formação crítica, promover uma percepção integral da realidade na qual vive para, desta forma, permitir a aprendizagem a todos. Sua ação abrange a construção coletiva do conhecimento por meio da interação dos distintos sujeitos envolvidos na ação educativa.

Enfim, a Escola Coruja é uma proposta pedagógica, em processo de construção e implementação, que articula os saberes em quatro dimensões para consolidar os princípios da Escola Cidadã. Concretiza e potencializa as ações educativas, valorizando todos os sujeitos envolvidos neste processo. Este olhar ressignifica o papel da escola e da comunidade, percebe a complexidade da realidade que nos envolve e consolida Novo Hamburgo como uma cidade educadora.

1. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!

João Guimarães Rosa

escola tem o importante compromisso de desenvolver um currículo que tenha significado para todos os seus alunos. Cabe, especialmente, aos professores e equipe diretiva analisar a sequência de conteúdos que é privilegiada no cotidiano escolar, a

fim de identificar e valorizar os diferentes saberes oriundos da sistematização historicamente construída, da escola em suas peculiaridades e da comunidade em seu contexto.

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A Resolução nº 05/2009 CNE/CEB que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil define que

Art. 3º O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de prá-ticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os co-nhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, cien-tífico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crian-ças de 0 a 5 anos de idade.

Art. 4º As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, obser-va, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a soci-edade, produzindo cultura.

A Resolução nº 7/2010 CNE/CEB evidencia e posiciona-se diante disso, definindo queArt. 18 O currículo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duração exige a estruturação de um projeto educativo coerente, articulado e integrado, de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianças e adolescentes nos diferentes contextos sociais. (...)

Art. 22 O trabalho educativo no Ensino Fundamental deve empenhar-se na promoção de uma cultura escolar acolhedora e respeitosa, que reconheça e valorize as experiências dos alunos atendendo as suas diferenças e necessidades específicas, de modo a contribuir para efetivar a inclusão escolar e o direito de todos à educação.

Nesse sentido, a Escola Coruja entende como fundamental o trabalho por meio da pesquisa. Esse processo é um desafio que visa preparar o aluno para uma autêntica imersão no mundo, possibilitando que se sinta capaz de criar situações transformadoras em sua comunidade. Ensinar pela pesquisa prepara o aluno para enfrentar os desafios não só da vida acadêmica, mas, também, do cotidiano da sociedade. Torna-o ciente de seu papel como elemento propulsor de mudanças, alicerçadas no conhecimento elaborado por ele mesmo, a partir dos saberes locais e globais, da detecção e solução de problemas da escola e seu entorno.

Esse desenvolvimento curricular traz em si uma concepção de sujeito humano, histórico-coletivo-social, que age sobre a natureza para satisfazer suas necessidades e realizar seu projeto de vida e, nessa ação, produz conhecimento como síntese da transformação da natureza, de si próprio e de sua projeção do futuro. Esse processo de fazer e se fazer no decurso histórico, e em um contexto, coloca em marcha a existência de uma complexidade articulada que incorpora saberes sociais e fenômenos educativos conectados com a sua realidade, com o mundo real, com os construtos de uma população/civilização, que não estão restritos a uma escola. Essa reflexão sobre as culturas e as diferenças que marcam cada sujeito histórico devem fazer parte do processo de ensino e de aprendizagem, por meio de um currículo interdisciplinar, intercultural, dinâmico e construído de e na vivência coletiva da participação.

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Essa é a busca da organização curricular da Escola Coruja que, embora siga as recomendações do Ministério da Educação quanto à nomenclatura de organização dessa etapa de ensino, agrega algumas especificidades, conforme quadro a seguir:

EDUCAÇÃO BÁSICAEducação Infantil

CRECHE PRÉ-ESCOLAFE 0 FE 1 FE 2 FE 3 FE 4 FE 5

EnsinoFundamental

(9 anos)

ANOS INICIAIS ANOS FINAIS

Bloco Pedagógico de Alfabetização e Letramento

Bloco Pedagógico de Transição e

AprofundamentoBloco Pedagógico de Consolidação

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º

1.1 A estrutura curricular da Educação Infantil

A Educação Infantil está organizada de acordo com a Resolução nº 05/2009 CNE/CEB:

Art. 5º - A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou pri-vados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diur-no, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.

As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil tem como eixos norteadores as interações e a brincadeira, garantindo experiências que promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais e que favoreçam a relação das crianças com as diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão (Resolução nº 5/2009, Art. 9º). Essa proposta é efetivada através de projetos contemplando o brincar, a psicomotricidade relacional, a qualificação do pátio escolar, as ações de sustentabilidade e contato com a natureza em diferentes espaços da cidade, a mediação da leitura, a arte, dentre outros.

Os campos de aprendizagem das crianças na Educação Infantil são as práticas sociais e as linguagens. Nesse sentido, os conteúdos dessa etapa apresentam uma profunda relação com a vida cotidiana, entre eles a alimentação, a higiene, o repouso, o domínio do corpo, o brincar, o movimento, a exploração de si e do entorno e tantos outros. As linguagens são conjuntos de representações que podem ser expressas pela linguagem oral, pela escrita, pelas imagens, pelos desenhos, pelos gestos e expressões corporais e por uma infinidade de outras formas de representação e expressão que o homem puder criar. (BRASIL, 2009)

A figura a seguir busca ilustrar as relações entre esses elementos, concebendo o currículo como um planejamento inicial que será complementado e enriquecido a partir da chegada das crianças reais e concretas que frequentam as escolas da rede municipal.

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Na elaboração da proposta curricular da Educação Infantil é fundamental não tomar as linguagens de modo isolado ou disciplinar, mas contextualizadas, interligadas, relacionadas, numa perspectiva de composição a serviço de significativas aprendizagens.

1.2 A estrutura curricular do Ensino Fundamental

O Ensino Fundamental está organizado em três blocos pedagógicos: Alfabetização e Letramento, Transição e Aprofundamento e Consolidação, com especificidades em função das características do desenvolvimento dos alunos e das finalidades do Ensino Fundamental. Cada um dos blocos pedagógicos é constituído de duas dimensões formativas que se articulam por meio do ensino pela pesquisa, sendo assim especificadas para fins de organização:

a) Parte contendo a Base Nacional Comum que visa à formação geral de qualidade social, desenvolvida em aulas regulares, contemplando as áreas de conhecimento, operacionalizadas por meio dos componentes curriculares de Português, Matemática, Ciências, História, Geografia, Ensino Religioso, Arte e Educação Física.

b) Parte Diversificada que, conforme orienta o parecer CNE/CEB nº 07/2010,

enriquece e complementa a base nacional comum, prevendo o estudo das características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar. Perpassa todos os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola. É organizada em temas gerais, em forma de áreas do conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, selecionados pelos sistemas educativos e pela unidade escolar, colegiadamente, para serem desenvolvidos de forma transversal.

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Com base nessa orientação, a Rede Municipal de Ensino organiza a parte diversificada do currículo numa perspectiva de articulação dos saberes que evidencia a escola como uma referência de inteligência comunitária local, em que seus coletivos interagem entre si e com entorno, tendo a pesquisa como eixo articulador de todo trabalho. Na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, compõem a parte diversificada também os projetos apresentados dentro dos eixos da hora-atividade, a saber: Mediação de Leitura, Matemática, Esporte e Corporeidade, Ciências da Natureza e Educação Ambiental, Arte, Informática Educativa e Língua Inglesa. Nos anos finais do Ensino Fundamental, a parte diversificada compõe-se de atividades que efetivam a articulação dos saberes das diferentes áreas do conhecimento, devendo ser validado por meio de um ensino mediado pela pesquisa, uma vez que através dessa metodologia o aluno se torna protagonista de sua aprendizagem. Ainda considerando a legislação vigente, a Língua Estrangeira deverá, obrigatoriamente, compor a parte diversificada a partir do 6º ano.

Essas duas dimensões, Base Nacional Comum e Parte Diversificada, não podem estar desvinculadas, pois ambas são constitutivas da mesma estrutura curricular, formando um todo único, integrado e indissociável. Então, ambas as dimensões não são distintas, pois é justamente na sua unidade que reside a defesa de uma formação geral de base sólida, com um conjunto de saberes, integrados e significativos, necessários para o prosseguimento dos estudos, a construção da autonomia intelectual dos alunos e o entendimento e ação crítica no mundo e as peculiaridades próprias de cada localidade. Nesse sentido, prevê a Lei 12.796/2013 que alterou a LDB em seu artigo 26, passando a ter a seguinte redação:

Os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.

Partindo das duas dimensões do currículo apresentadas, orienta-se que a escola planeje a articulação dos saberes, contemplando atividades de estudos, individuais ou em grupos, educação e trabalho e outras atividades intra e extraescolares, tais como:

atividades socioculturais: cinema, teatro, visitas a museus, ao patrimônio histórico-cultural, etc;

atividades esportivas: torneios, gincanas, etc; atividades abrangendo a área de tecnologia/informática; atividades indicadas no Pacto pela Aprendizagem.

Ao considerar, ainda, que existe uma tendência nacional de ampliação progressiva

do tempo de permanência do aluno na escola, têm sido disponibilizados diversos programas com o objetivo de ofertar uma jornada ampliada de estudos e atividades educacionais, conforme já apregoava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, no Art. 34:

A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola (...) O Ensino Fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino.

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Neste sentido, o município de Novo Hamburgo fez adesão a diversas iniciativas federais e as escolas passaram a oferecer atividades pedagógicas no turno inverso por meio de Programas como Mais Educação, Mais Cultura, Escola Aberta, Atleta na Escola, Escola Sustentável, dentre outros. Além disso, proporciona uma diversidade de iniciativas e/ou espaços que complementam a formação integral do aluno (NAP - Núcleo de Apoio Pedagógico -, Centro Ambiental Ernest Sarlet, Escola Municipal de Arte Carlos Alberto de Oliveira, Canta Lomba); ações em parceria com outras secretarias municipais e com parceiros da sociedade (futsal, futebol de campo, judô, voleibol, handebol, atletismo, equoterapia, dança, capoeira, informática, natação, basquete, patinação, ginástica artística, tênis, punhobol, escotismo, hidroterapia, psicopedagogia, psicologia, fisioterapia, PROERD, bicicross, artes, intercâmbio canto, biblioteca, horta comunitária Joana D’Angelis, rugby, Ação Encontro, dentre outros).

Todas essas ações e atividades oportunizam aos alunos da Rede Municipal de Ensino uma maior quantidade de oferta educacional estruturada para além da Base Nacional Comum. Desse modo, nas escolas em que existe a ampliação da jornada diária de quatro horas letivas, é necessário organizar, anualmente, essa oferta que constitui a Parte Diversificada da estrutura curricular da Escola Coruja. Essa organização corrobora a concepção de que a operacionalização do tempo integral só faz sentido quando integrada à estrutura curricular da escola, mediante atividades escolares que oportunizem aprendizagens significativas.

Neste caso, na estrutura curricular, a Parte Diversificada terá sua carga horária ampliada, dentro da ideia de que a educação de tempo integral se constitui em um turno único, ainda que intervalado pelo almoço, e não simplesmente em atividade extracurricular em regime de contraturno. Esse posicionamento reafirma a necessidade de não se pensar o currículo de forma fragmentada, limitado a transmitir conteúdos desconectados e/ou de oferta na forma de oficinas extracurriculares de lazer e reforço. Urge implementar uma estrutura curricular não mais divida em turno e contraturno, mas, sim, tendo como base a interdisciplinaridade e a articulação curricular entre a Base Nacional Comum e a Parte Diversificada.

1.2.1 Blocos Pedagógicos do Ensino Fundamental e Tempos Curriculares

As duas dimensões formativas expressas anteriormente estão distribuídas semanalmente, ao longo do Ensino Fundamental e dos blocos pedagógicos da Escola Coruja, conforme dispositivos abaixo descritos.

Bloco Pedagógico de Alfabetização e Letramento (Bloco I)

O bloco pedagógico de Alfabetização e Letramento caracteriza-se por ter sua centralidade nas infâncias e no letramento, considerando que a criança se constitui em um sujeito de direitos e membro ativo de uma sociedade grafocêntrica. Neste bloco, o desenvolvimento curricular se dará por meio da ação de professor/a ministrante principal da turma, apoiada/o pelos/as professores que desenvolvem a Parte Diversificada e profissionais que atuam em recursos adicionais ofertados (Sala de Recursos Multifuncionais, Laboratório de Aprendizagem, ambiente informatizado, etc).

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Abaixo se apresenta uma distribuição do horário semanal apenas para efeito de organização didática dos tempos escolares, visto que o/a professor/a responsável pela Base Nacional Comum, de forma globalizada, e os demais professores, isto é, os da Parte Diversificada e de Educação Física devem ter planejamento comum articulado e alinhado.

BLOCO I - ANOS INICIAIS ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

ÁREAS DO CONHECIMENTO GLOBALIZADAS

1º, 2º e 3º anosBase Comum Diversificada

Linguagem e suas tecnologias 1

15 horasMatemática e suas tecnologiasCiências da Natureza e suas tecnologiasCiências Humanas e suas tecnologiasEnsino Religioso 1 horaArticulação dos Saberes 4 horas

Subtotal 16 horas 4 horas

TOTAL EM HORAS-RELÓGIO SEMANAIS 20 horas

No período temporal de desenvolvimento desse bloco pedagógico, é importante observar o conjunto das Diretrizes Curriculares Municipais, cujos objetivos gerais estabelecidos em cada área do conhecimento são os seguintes:

a) Nas Linguagens e suas tecnologias

Ampliar, progressivamente, o domínio das linguagens verbal e não-verbal, nas diversas situações comunicativas, por meio das interações, das práticas sociais e da brincadeira, consolidando o processo de aquisição da leitura e da escrita. (Português).

“Promover acesso à língua estrangeira, relacionando-a ao cotidiano dos alunos e à realidade sociocultural dos falantes da língua alvo, através de gêneros adequados para cada faixa etária, em atividades comunicativas e interativas que estimulem a aquisição do idioma e desenvolvam as habilidades de fala, audição, leitura e escrita. (Língua Estrangeira).

Promover a vivência de diferentes brincadeiras e praticas corporais, que de forma lúdica e prazerosa levem o aluno a refletir sobre suas possibilidades, contribuindo para o seu desenvolvimento psicomotor, favorecendo a exteriorização de sentimentos, a construção da autonomia e a pluralidade cultural. (Educação Física).

1 Importante ressaltar que a Educação Física se constitui como componente curricular da área da Linguagem e suas tecnologias, que faz parte da Base Comum, e será ministrada por profissional com formação específica durante uma hora semanal, completando, assim, a hora-atividade do professor ministrante da turma.

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Oportunizar, através de vivências criativas, cognitivas e sensíveis, a construção de conhecimentos das diversas linguagens expressivas (artes visuais, dança, teatro e música) de forma critica e contextualizada com a cultura e as manifestações artísticas em diferentes tempos e espaços. (Artes)

b) Em Matemática e suas tecnologias, busca-se:

Promover a construção de conceitos matemáticos fundamentais referentes a números e operações, a espaço e forma, a grandezas e medidas e a leitura e organização de dados, a partir das experiências do cotidiano do aluno, tendo como referência as noções matemáticas já construídas pelo mesmo, buscando sistematizá-las e valorizando o seu processo de aprendizagem.

c) Em Ciências da Natureza e suas tecnologias:

Possibilitar o reconhecimento dos recursos naturais e a compreensão das inter-relações dos elementos do mundo físico e natural, através de jogos, brincadeiras e do ciclo investigativo.

d) Nas Ciências Humanas e suas tecnologias:

Garantir de forma lúdica propostas que estimulem a compreensão dos processos histórico-culturais que fundamentam a sociedade, bem como das relações sociais dos indivíduos a partir do estudo de fatos, sujeitos e tempos históricos, potencializando seu protagonismo social. (História).

Estimular ações que promovam o reconhecimento e a exploração do espaço geográfico, por meio de experiências corporais e lúdicas, para a construção de noções espaciais e temporais e de sua leitura e representação, bem como as relações culturais presentes. (Geografia).

e) No Ensino Religioso:Proporcionar o conhecimento do fenômeno religioso como fato histórico, cultural e social, promovendo o diálogo, observação, reflexão e pesquisa, através de situações lúdicas e problematizadoras, ampliando a visão de mundo e de individuo, possibilitando o respeito, a tolerância, a solidariedade e a convivência com a diversidade, valorizando os seres humanos, a família, a comunidade e o meio ambiente, instigando valores éticos e o exercício da cidadania. (Ensino Religioso).

Bloco Pedagógico de Transição e Aprofundamento (Bloco II)

No bloco pedagógico de Transição e Aprofundamento, faz a transição entre o bloco da Alfabetização e Letramento e o bloco de Consolidação, aprofundando o processo de alfabetização e letramento. Nele ocorre o desenvolvimento curricular compondo-se dois professores para cada duas turmas, cada um tendo a responsabilidade de fazer intervenção pedagógica representando duas áreas de conhecimento. Esses/as professores/as podem ser habilitados em Pedagogia, Anos Iniciais ou Magistério. A carga horária curricular das turmas atendidas por esses/as professores/as está disposta de modo que cada um entre em cada turma, dedicando uma quantidade equilibrada de horas entre as áreas do conhecimento de sua responsabilidade.

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Considerando a existência de número ímpar de turmas, essa proporcionalidade entre professores/turmas poderá sofrer ajustes, por exemplo, três professores para três turmas, de acordo com a situação concreta de cada escola, porém a lógica de distribuição do/a professor/a em mais de uma turma, relacionada à organização e docência das áreas de conhecimento deverá ser mantida conforme característica atribuída a este bloco pedagógico.No caso de turma única com professor ministrante em estágio probatório admite-se a possibilidade de atuação em todas as áreas do conhecimento, mas o planejamento desse trabalho será realizado de forma coletiva com os demais professores desse bloco. A mesma regra aplica-se em caso de o professor ministrante estar em estágio curricular obrigatório.

Assim como no bloco pedagógico anterior, os professores ministrantes desse bloco são apoiadas/os pelos professores que desenvolvem a Parte Diversificada e profissionais que atuam em recursos adicionais ofertados (Sala de Recursos Multifuncionais, Laboratório de Aprendizagem, ambiente informatizado, etc). A distribuição do horário semanal, também para efeito de organização didática dos tempos escolares, dispõe-se de maneira articulada e alinhada conforme tabela abaixo:

BLOCO II - ANOS INICIAIS TRANSIÇÃO E APROFUNDAMENTO

ÁREAS DE CONHECIMENTO4º e 5º anos

Base Comum DiversificadaAgrupamento de duas Áreas do conhecimento2 8 horasAgrupamento de Duas Áreas do Conhecimento 7 horas

Ensino Religioso 1 hora

Articulação dos Saberes 4 horas

Subtotal 16 horas 4 horas

TOTAL EM HORAS-RELÓGIO SEMANAIS 20 horas

No desenvolvimento curricular desse bloco pedagógico observar-se-á as questões colocadas nas Diretrizes Curriculares Municipais, cujos objetivos gerais estabelecidos para o 4º e 5º anos são:

a) Nas Linguagens e suas Tecnologias pretende-se:

Ampliar o domínio das linguagens verbal e não-verbal, nas diversas situações comunicativas, considerando as interações e as práticas sociais. (Português).

Promover acesso à língua estrangeira e aprofundar os conhecimentos já adquiridos, relacionando ao cotidiano dos alunos e à realidade

2 Importante ressaltar que a Educação Física se constitui como componente curricular da área da Linguagem e suas tecnologias, que faz parte da Base Comum, e será ministrada por profissional com formação específica durante uma hora semanal, completando, assim, a hora-atividade do professor ministrante da turma.

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sociocultural dos falantes nativos da língua alvo, através de vários gêneros textuais, em atividades comunicativas e interativas que estimulem a aquisição do idioma e desenvolvam as habilidades de leitura, escrita, audição e fala. (Língua Estrangeira).

Orientar práticas corporais sistematizadas de forma lúdica e prazerosa levando o aluno a perceber seus limites e a desenvolver potencialidades, aprendendo a ser crítico e protagonista diante das manifestações da cultura, buscando nas relações com o outro e com o meio ambiente a construção de sua identidade, contextualizando suas vivências. (Educação Física).

Oportunizar, através de vivências criativas, cognitivas e sensíveis, a construção de conhecimentos das diversas linguagens expressivas (artes visuais, dança, teatro e música) de forma critica e contextualizada com a cultura e as manifestações artísticas em diferentes tempos e espaços. (Artes)

b) Em Matemática e suas tecnologias, busca-se:

Aprofundar e ampliar a construção de conceitos matemáticos referentes a números e operações, a espaço e forma, a grandezas e medidas e ao tratamento da informação, aperfeiçoando-os, sistematizando-os e consolidando a aprendizagem do aluno construída ao longo dos anos, tornando-a significativa em diferentes contextos.

c) Em Ciências da Natureza e suas tecnologias:

Assegurar o aprofundamento dos conhecimentos sobre o meio ambiente, compreendendo-se como um ser socioambiental, cujas ações interferem no meio e tornando-se capaz de interagir de maneira sustentável no ambiente, a partir de experiências de iniciação científica.

d) Nas Ciências Humanas e suas tecnologias:

Despertar no educando o senso de pertencimento a diferentes grupos sócio-históricos identificados no contexto do município de Novo Hamburgo e do estado do Rio Grande do Sul, percebendo-se ser crítico/reflexivo com potencial para transformar o espaço em que vive, com vistas a traçar sua própria história a partir de si e da história do outro. (História).

Aprofundar e ampliar o conhecimento das noções espaciais e temporais, avançando no processo de alfabetização cartográfica, com enfoque no estudo do município e do estado, valorizando a consciência crítica, responsável e transformadora. (Geografia).

Aprofundar o conhecimento do fenômeno religioso como fato histórico, cultural e social, oportunizando ações que desenvolvam o pensamento reflexivo e dialógico, o espírito crítico e investigativo, promovendo um espaço de convivência solidária e respeito à diversidade e às tradições religiosas, cultivando valores morais e éticos, através da vivência de hábitos e atitudes conscientes, em busca da transcendência e da cidadania. (Ensino Religioso).

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Bloco Pedagógico de Consolidação (Bloco III)

Esse bloco pedagógico consolida os conhecimentos construídos nos blocos anteriores na perspectiva de enraizar bases sólidas para o prosseguimento e terminalidade da Educação Básica. Embora os professores sejam colocados nas turmas conforme sua habilitação específica, nos componentes curriculares, a sua atuação buscará uma aproximação de área de conhecimento, conforme demonstram a tabela abaixo:

BLOCO III - ANOS FINAIS - CONSOLIDAÇÃO

AREAS DO CONHECIMENTO COMPONENTES CURRICULARES 6º, 7º, 8º e 9º anos

BASE COMUM 16 horas

Linguagem e suas tecnologias

Língua Portuguesa 3 horas

Arte 1 hora

Educação Física 2 horas

Ensino Religioso Ensino Religioso 1 hora

Matemática e suas tecnologias Matemática 3 horas

Ciências Naturais e suas tecnologias Ciências 2 horas

Ciências Humanas e suas tecnologiasGeografia 2 horas

História 2 horas

TOTAL EM HORAS-RELÓGIO 16 horas

DIVERSIFICADA 4 horas

Língua Estrangeira 1 hora

Articulação dos Saberes 3 horas

TOTAL DE HORAS-RELÓGIO SEMANAIS 4 horas

TOTAL GERAL DE HORAS-RELÓGIO SEMANAIS 20 horas

Esse bloco pedagógico consolida os conhecimentos construídos nos blocos anteriores e desenvolve os aspectos indicados nas Diretrizes Curriculares Municipais, cujos objetivos gerais são:

a) Nas Linguagens e suas Tecnologias espera-se:

Aprofundar o domínio das linguagens verbal e não-verbal, nas diversas situações comunicativas, considerando as interações e as práticas sociais. (Português).

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Proporcionar o acesso à língua estrangeira e aprofundar os conhecimentos já adquiridos, relacionando-os ao cotidiano dos alunos e à realidade sociocultural dos falantes nativos da língua alvo, através de vários gêneros textuais, em atividades comunicativas e interativas que estimulem a aquisição do idioma e desenvolvam as habilidades de leitura, escrita, audição e fala. (Língua Estrangeira).

Ampliar o acervo de vivências corporais e psicomotoras buscando o desenvolvimento e a construção de uma cultura corporal, instrumentalizando o aluno para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas, das ginásticas, em benefício do exercício critico da cidadania, buscando preservar e resgatar o prazer pela atividade física, priorizando a qualidade de vida e o lazer como prática social. (Educação Física).

Oportunizar, através de vivências criativas, cognitivas e sensíveis, a construção de conhecimentos das diversas linguagens expressivas (artes visuais, dança, teatro e música) de forma critica e contextualizada com a cultura e as manifestações artísticas em diferentes tempos e espaços. (Arte)

b) Em Matemática e suas tecnologias, busca-se:

Ampliar e Aprofundar e ampliar a construção de conceitos matemáticos referentes a números e operações/álgebra e funções, espaço e forma, a grandezas e medidas e ao tratamento da informação, aperfeiçoando-os, sistematizando-os e consolidando a aprendizagem do aluno construída ao longo dos anos, tornando-a significativa em diferentes contextos.

c) Em Ciências da Natureza e suas tecnologias:

Oportunizar reconhecer-se como uma espécie animal da biosfera e como tal pertencendo a um grande ecossistema composto por elementos abióticos, os quais precisam estar em equilíbrio.

Planejar situações em que o aluno reconheça-se como ser vivo, conheça e compreenda o seu próprio corpo como um todo dinâmico (biopsicossocial), bem como identifique a importância de cuidados necessários para a saúde individual e coletiva.

Assegurar o desenvolvimento de atividades que oportunizem a compreensão e a interpretação dos fenômenos naturais, físicos e químicos e o interesse e o posicionamento ético sobre a produção científica e tecnológica.

d) Nas Ciências Humanas e suas tecnologias:

Desenvolver a capacidade de observar, interpretar e analisar os distintos processos históricos. (História).

Promover a compreensão dos conceitos que envolvem o estudo do espaço geográfico, como paisagem, lugar, território e região, apropriando-se de saberes, técnicas, formas e usos de tecnologias, para o desenvolvimento de uma consciência crítica, responsável e transformadora. (Geografia).

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Propiciar o conhecimento do fenômeno religioso como construção histórica, social e cultural da humanidade, analisando suas manifestações, sincretismos e reconfigurações produzidas ao longo do tempo, compreendendo o pluralismo religioso e a diversidade cultural através da observação, pesquisa, diálogo, reflexão, favorecendo a convivência e respeito ao outro, estimulando atitudes de tolerância, solidariedade e consolidando atitudes éticas e cidadãs. (Ensino Religioso).

Importante ressaltar que neste bloco pedagógico há uma alteração no que diz respeito à carga horária diária de quatro (4) horas que será disposta em dois tempos de duas (2) horas, tornando o tempo dos componentes curriculares mais concentrados. Os componentes curriculares com uma (1) hora ou com três (3) horas serão organizados de forma complementar, mas utilizando esta mesma lógica, preferencialmente aproximando os componentes curriculares de uma mesma área de conhecimento. No quadro abaixo se apresenta apenas uma exemplificação de como esse horário pode ser organizado em uma turma, pois é preciso montá-lo a partir da realidade concreta de cada escola:

PERIODOS Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira1º Português Matemática História Língua Estrangeira Geografia

2º Português Matemática História Articulação dos Saberes Geografia

RECREIO RECREIO RECREIO RECREIO RECREIO RECREIO3º Artes Articulação dos

Saberes Português Ciências Matemática

4º Ed. Física Articulação dos Saberes Ensino Religioso Ciências Ed. Física

Embora nesse terceiro bloco pedagógico ocorra uma aproximação maior com as matrizes curriculares convencionais, por meio dos componentes curriculares, na Escola Coruja busca-se uma atuação interdisciplinar, por área de conhecimento, com base na legislação brasileira que coloca a oferta curricular da Educação Básica, organizada em quatro grandes áreas do conhecimento, fazendo o agrupamento de componentes curriculares (disciplinas).

Estudos e pesquisas no campo educacional têm mostrado a necessidade do conhecimento escolar receber uma abordagem interdisciplinar, isto é, proporcionar uma visão integradora na qual se articulem os diversos campos de saberes. Essa abordagem integrada torna o conhecimento mais qualificado diante dos desafios atuais vivenciados pelas crianças, adolescentes e jovens. Assim, na Escola Coruja é indicada a concretização de uma estrutura curricular através de uma ação interdisciplinar, pelo menos dentro de uma mesma área de conhecimento, visando à construção de saberes integrados que desenvolvam a autonomia intelectual dos alunos. Os componentes curriculares agrupados em grandes áreas de conhecimento implicam, também, por parte dos professores, um trabalho mais coletivo, no qual ocorra o planejamento, a decisão e a realização das atividades pedagógicas de maneira conjunta. Esse procedimento tem renovado a prática docente na medida em que provoca um movimento de atualização e de desenvolvimento das atividades ligadas ao ensino.

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Certamente, este contexto coloca para quem atua nas áreas de conhecimento, e em cada componente curricular, o desafio de entender (apesar da força da disciplinaridade) que a relação entre ciência, tecnologia e sociedade amplia as possibilidades de compreensão, atuação e conexões no mundo.

Aspectos curriculares comuns aos três blocos pedagógicos

Cada um desses três blocos pedagógicos, de oferta curricular, será disposto na forma de regime anual, com duração de 800 horas, distribuídas em 200 dias letivos, computada a carga horária da Base Nacional Comum, correspondendo a 640 horas anuais, e, da Parte Diversificada, a 160 horas anuais. Dessa forma, pretende-se qualificar o ensino e, consequentemente, garantir que todos tenham o direito de aprender, sendo imprescindível repensar e transformar o currículo escolar e seus tempos, pois, conforme Celso Vasconcellos

o currículo (do latim curriculum: pista, caminho, percurso) é, digamos assim, a base, a estrutura sobre a qual vai se dar todo o processo de ensino e aprendizagem. Assim, é decisivo que tenhamos coragem de mexer no núcleo duro do currículo, na sua forma disciplinar (fragmentação dos saberes em disciplinas estanques) e instrucionista (o professor falando, falando, falando, o aluno escutando, escutando, escutando – ou fingindo que...) que perdura há séculos. (2011, p.03)

É necessário que o currículo escolar revele seu contexto histórico, sendo atualizado e incorporados os avanços sociais ocorridos nas esferas mais amplas, muitos dos quais já inseridos na legislação nacional. Sem dúvida, é preciso coragem e decisão política para mexer na tradição curricular, porém, como se diz popularmente, se caminha para frente e, cedo ou tarde, estas mudanças são inevitáveis. Assim, todo o trabalho pedagógico previsto nos três blocos pedagógicos, nas duas partes da estrutura curricular, precisa ser programado de maneira a incluir as transversalidades de temas como saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura e linguagem, trânsito, história e cultura afro-brasileira e indígena, música, direitos das crianças, bem como prever exibição de filmes de produção nacional, próprios para faixa etária e materiais didático adequados. Quanto a isso, a Resolução CNE/CEB nº 7/2010, Art. 16, orienta

A transversalidade constitui uma das maneiras de trabalhar os componentes curriculares, as áreas de conhecimento e os temas sociais em uma perspectiva integrada, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.

Ressalta-se que as novidades normatizada em 2014 referem-se, respectivamente, à exibição de filmes de produção nacional que, por meio do Art. 1º, da Lei 13.006/2014, acrescenta ao art. 26 da LDB, Lei n o 9.394 /1996, o seguinte inciso:

§ 8 o - A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais.

E, a inserção de conteúdos relativos aos direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou

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degradante, por meio da Lei 13.010/2014 (Lei Menino Bernardo ou Lei da Palmada), que também acrescenta um inciso (o § 9º) ao art. 26 da Lei n o 9.394 /1996, com o seguinte teor:

§ 9 o – Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado.

Em relação à Música, Arte, Educação Física e Ensino Religioso, a mesma Resolução CNE/CEB nº 7/2010, em seu Art. 15, disciplina que:

§ 4º - A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não exclusivo do componente curricular Artes, o qual compreende também as artes visuais, o teatro e a dança, conforme o § 6 do art. 26 .

§ 5º - A Educação Física, componente obrigatório do currículo do Ensino Fundamental, integra a proposta político-pedagógica da escola e será facultativo ao aluno apenas nas circunstâncias previstas no § 3º do art. 26.

§ 6º - O Ensino Religioso, de matricula facultativa do aluno, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui componente curricular dos horários normais das escolas públicas do Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer formas de proselitismo, conforme o art. 33.

Outra questão se refere ao tempo do recreio, pois, considerando que são computadas, em cada turno, quatro horas e, quando dividido, em períodos de 60 minutos, significa dizer que o tempo do recreio está incluído nesta carga horária. Na Escola Coruja, o tempo do recreio é também um tempo pedagógico, utilizado para fechar as quatro horas e os 60 minutos de cada período. Assim, na prática, se a escola prevê um recreio de 20 minutos, é preciso utilizar cinco (5) minutos de cada um dos quatro períodos que compõem as quatro horas relógio diárias exigidas em lei.

1.3. Tempos de Ensino e Aprendizagem: os tempos pedagógicos de professores e alunos no contexto da Escola Coruja

O currículo da Escola Coruja será consolidado mediante os Planos de Estudo para diversas linguagens na Educação Infantil e as diversas áreas do conhecimento, tanto nos anos iniciais, quanto nos anos finais do Ensino Fundamental, subsidiados pelas Diretrizes Curriculares Municipais elaboradas para Rede Municipal de Ensino. Contudo, não é possível esquecer que o aluno é concebido como sujeito que busca na escola um complemento na construção de sua prática social, capaz de formular hipóteses e conhecimentos que expliquem e desvendem sua realidade, num constante processo dialético de ação/reflexão/ação, razão pela qual o planejamento das atividades de aula e a metodologia de ensino necessitam prever a prática como ponto de partida, passando pela teorização da prática e retornando à prática para transformá-la.

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Na organização do ensino, precisam ser consideradas também outras formas de manifestação e inserção social, estimulando no aluno a criticidade para gerar mudanças e alternativas nos meios sociais em que atua. A organização do ensino e do processo de aprendizagem que possibilitam a efetivação deste movimento (ação-reflexão-ação), baseados na relação conhecimento/realidade, e coerentes com a concepção do sujeito na contemporaneidade, são aquelas que se estruturam a partir de núcleos geradores de conhecimento (como o Tema Gerador, Complexo Temático, Rede Temática, etc) em torno dos quais se articula um campo conceitual oriundo da realidade sociocultural (explicitada pela Pesquisa Socioantropológica) e das áreas de conhecimento (através de planejamento e fazer interdisciplinar).

Desse modo, ambos os processos, de ensino e de aprendizagem, ocorrem em um movimento interdisciplinar planejado e articulado entre conhecimentos, pessoas e realidades contextualizadas, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa, o resgate da história e cultura afro-brasileira e africana, a prevenção ao uso de drogas, sexualidade humana, educação ambiental e enfrentamento a qualquer tipo de violência dentre outros aspectos. Esse posicionamento reafirma a defesa da SMED-Novo Hamburgo de que

Neste sentido, priorizamos a formação para o exercício da cidadania, entendida como participação social e política que requer, no cotidiano, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, bem como o combate a toda e qualquer forma de discriminação, seja de gênero, de sexualidade, de classes sociais, de crenças, de etnias ou outras diversidades individuais e sociais. (SMED-Novo Hamburgo, 2012, p.18.)

Nesta direção, a concepção do ensino e da aprendizagem da Escola Coruja baseia-se nos seguintes princípios gerais norteadores, já explicitados no Pacto pela Aprendizagem:

Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia.Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania.Estéticos: valorização das diferentes manifestações culturais.

E desdobra-os considerando que• A educação ao longo de toda a vida se constitui em uma realidade permanente e

qualificadora, sendo um processo que não começa e nem termina com a escola.• É necessário valorizar os conhecimentos e respeitar a diversidade sociocultural

existentes na sala de aula, na comunidade escolar, na cidade e nas condições que nos fazem humanos.

• As organizações, espaços, tempos e ritmos de aprendizagem precisam ser flexibilizados a luz de uma Pedagogia da Diversidade que se aproxime de cada um em sua peculiaridade.

• O processo educativo requer a substituição dos mecanismos de classificação, competição e exclusão por práticas formativas e reflexivas que favoreçam a cooperação, a solidariedade, a cultura da paz e o direito à aprendizagem.

• O ensino e a aprendizagem se dão pela pesquisa socioantropológica enquanto um princípio pedagógico do trabalho docente e da prática estudantil.

• A ação pedagógica necessita estar baseada no trabalho coletivo por meio de um diálogo emancipador, que colabore com o continuo desenvolvimento do sujeito para que possa enfrentar qualificadamente as transformações do mundo contemporâneo.

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• O planejamento e a ação educacional necessitam estruturar-se com base nas concepções da Educação Popular, fundamentada no referencial teórico-metodológico Freiriano, da interdisciplinaridade e do Sócio-Interacionismo, já que os sujeitos aprendem organizando os conhecimentos de modo próprio, relacionando os novos conhecimentos às aprendizagens realizadas anteriormente, de maneira contextualizada, significativa e abrangente.

• A educação escolar é um ato político, posto que é construtora de identidades e de interpelações em uma realidade objetiva, sendo também instrumento capaz de fornecer a razão de ser dos fatos, acontecimentos e fenômenos.

• Escola é uma instância de mediação importante, mas não é o único espaço educativo, por isso é preciso utilizar espaços e situações de aprendizagem extraescolares, bem como reconhecer e valorizar os conhecimentos que os alunos trazem da vida em sociedade, de sua trajetória pessoal e de outras circunstâncias e isso efetivamente ser incorporado na prática docente.

• A educação escolar precisa ocorrer sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação, entre pessoas com diferenças de cultura, etnia, cor, idade, gênero, orientação sexual, origem e posição social, profissão, religião, opinião política, estado de saúde, deficiência, aparência física, ou outra diversidade.

• Os tempos curriculares precisam ser flexíveis para atender às especificidades e à diversidade do aluno, com sua trajetória de vida, seus ritmos e suas necessidades básicas de aprendizagem.

• Não há somente uma única forma de aprender. Isso nos remete a toda uma construção de conceitos que envolvem, então, o que é aprender e o que são aprendizagens

• Metodologia de ensino necessita ser dialógica, utilizando a experiência dos alunos, enriquecendo-a com o saber historicamente acumulado, no processo de construção do conhecimento.

Esses princípios da concepção do processo de ensino e de aprendizagem evidentemente são decorrente daquilo que a Escola Coruja tem como finalidade, quais sejam:

Constituir-se como garantia da construção plena da cidadania (vida pessoal, social e política) como direito de todos com a participação democrática e qualidade social, oferecendo a escolarização do Ensino Fundamental.

Ampliar a construção da autonomia que promova a autoestima, a capacidade criativa, valores, atitudes e habilidades decorrentes das interações que ocorrem no processo educativo, respeitando as características individuais.

Oportunizar desenvolvimento e aprendizagem, como processo permanente, mediante a flexibilização e diferenciação da organização curricular, visando à construção de conhecimentos e saberes fundamentais para o exercício da cidadania e do processo de inclusão social.

Desenvolver o currículo escolar, com base na pesquisa socioantropológica, voltado para as diferentes realidades socioculturais (considerando os sujeitos com suas histórias e vivências) e conhecimentos das diferentes áreas e seus componentes curriculares, estabelecendo movimento interdisciplinar, ao invés de um ensino pautado em comprimir conteúdos disciplinares fragmentados.

Fortalecer no indivíduo esse vínculo afetivo com a Terra, local e global, para que sua atuação na sociedade tenha uma abrangência de consciência coletiva.

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1.4. Coletivos de Ensino-Aprendizagem

1.4.1. O Coletivo Áulico

Cada turma (Coletivo áulico), composta por alunos e professores, necessita tornar-se uma comunidade de investigação e aprendizagem capaz de contribuir na construção da autonomia dos sujeitos que a integram, constituindo-se como:

• Lugar de vivência da solidariedade, da cooperação, do engajamento, da responsabilidade e da coeducação como postura proativa no processo de aprendizagem e das aproximações pedagógicas realizadas, e onde os alunos sejam estimulados a desenvolver uma concepção de camaradagem e solidariedade uns para com os outros.

• Lugar de trabalho com os diferentes ritmos de aprendizagem e das múltiplas maneiras de aprender, o que exige planejamento, tempos e condições diferenciadas para que cada um aprenda segundo suas características.

• Coletivo onde são disponibilizadas/os as condições e os meios necessárias/os para que os alunos se apropriem ativamente com conhecimentos e desenvolvam suas capacidades cognitivas.

• Coletivo que sensibiliza e mobiliza a organização estudantil de modo crítico, propositiva e inserida no cotidiano da escola.

O Coletivo Áulico, enquanto uma comunidade de investigação e aprendizagem, na melhor tradição vygostkyana trazida por LIPMAN (1997), utiliza o diálogo e a pesquisa como principais instrumentos instigadores do questionamento, da indagação, do debate, da busca de compreensão, da mediação, elementos fundamentais no ensino e na aprendizagem. É justamente na relação dialógica, metodologicamente formulada, embora não tenha nenhuma novidade nisso, que os sujeitos envolvidos desenvolvem conceitos, aprimoram pensamento critico-criativo-cuidadoso e aguçam sua inteligência.

Uma característica fundamental no sujeito que compõe o Coletivo Áulico é a humildade para aceitar que não sabe tudo, que pode aprender com o outro e que ali é lugar onde cometer erros, reconhecê-los e corrigi-los também fazem parte do processo educativo e das descobertas feitas ao longo desse processo. Esse princípio orientador e possibilitador, muito mais que uma dinâmica metodológica, muda a lógica do tratamento dispensado ao conteúdo em sala de aula e fora dela, já que esse não pode ser despejado oralmente, nem dado pronto, na lousa, ao aluno para que copie e, por vezes, inclusive não consiga fazê-lo. O ponto central dessa questão não reside na posse de verdades absolutas, por parte de alguns, por mais estudiosos que sejam, que precisam ser apreendidas por outros, mas está no caráter problemático e conectivo existente no conjunto de conhecimentos historicamente construídos nas diversas áreas do saber, uma vez que o pensamento complexo exige uma inteligência flexível e rica em recursos interativos.

O espaço de sala de aula, locos principal de encontro do Coletivo Áulico, precisa no mínimo ser concebido como local de

diversidade de pontos de vista; respeito às pessoas; alegria/diversão; qualquer pergunta é bem vinda;

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escutar é tão importante quanto falar/ esperar pela sua vez; mediação e participação; contribuições trazidas por todos; descobertas e desenvolvimento do pensamento complexo e reflexivo.

Evidentemente, um Coletivo Áulico não se sustenta com a ausência de regras e princípios de convivência, estabelecidos coletiva e participativamente, capazes de produzir valores e atitudes compatíveis com a diversidade coletiva que ali convivem e com o exercício pleno da cidadania.

1.4.2 Coletivo de Gestão Estudantil

A aprendizagem da participação das crianças e adolescentes é um dos elementos assegurado pela Convenção dos Direitos da Criança adotada pelas Nações Unidas desde 1989. Com essa finalidade são adotadas estratégias na Escola Coruja, desde a organização no Coletivo Áulico até a atuação no Conselho Escolar. A vivência da Gestão Democrática da escola com certeza não se limita à participação dos trabalhadores em educação, a escolha dos gestores e a realização de práticas administrativas para o qualificado funcionamento dessa instituição, mas pressupõe também uma mobilização coletiva nos processos decisórios compartilhados e em todas as ações da escola, como aspecto constitutivo da educação integral dos sujeitos e da formação democrática dos alunos.

O Coletivo de Gestão Estudantil é parte integrante da estrutura curricular da Escola Coruja, tratando-se de uma organização de mecanismos de participação, em diversos níveis, dos alunos para os alunos, que garante a discussão, reflexão, decisões e responsabilidades ativas e democráticas no que se refere às temáticas e situações ocorridas no cotidiano da vida escolar. Por óbvio, tal coletivo não tem a finalidade de fazer a reflexão somente sobre os problemas e situações de conflito, mas envolve também vinculação em atividades culturais, sociais, recreativas, cooperativas e preventivas, que proporcionem diferentes atividades em que o poder de análise, decisão, realização e procedimentos democráticos sejam demonstrados e exercitados. Uma boa iniciativa nesse sentido é a constituição de comissões estudantis, formadas com rodízio de alunos segundo decisão voluntária, seus interesses e habilidades, com atividades como esportivas, eco-ambiental, cultural, comunicação (Jornal e Rádio Escolar), etc, tendo como objetivos dinamizar, cooperar nas ações pedagógicas, buscar formas de participação nas atividades escolares.

A organização do Coletivo de Gestão Estudantil, desde o 1º ano do Ensino Fundamental, requer um trabalho sistemático para que os alunos aprendam a participar, seguindo algumas fases tais como:Organização do Coletivo de Gestão Estudantil em cada turma: sensibilização da turma como um todo e incentivo para que os alunos sejam monitores na turma, com rotação de funções, e escolham a liderança, trabalhando com eles o papel representativo da liderança, as funções, e a realização de assembleias por turma, considerando-se as características etárias dos alunos.Organização do Coletivo de Gestão Estudantil por Bloco Pedagógico: formar esse coletivo com representações das lideranças das turmas de cada Bloco Pedagógico: O Coletivo do Bloco de Alfabetização e Letramento, o Coletivo do Bloco de Transição e Aprofundamento e o Coletivo do Bloco de Consolidação. O Coletivo de cada bloco pedagógico se reúne periodicamente para trocar ideias, elaborar sugestões, assumir responsabilidades, refletir e

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apontar soluções e recomendações para questões cotidianas que ocorrem em seu bloco pedagógico ou na escola como um todo.Organização do Coletivo de Gestão Estudantil Geral da Escola: formado de representações dos alunos dentre os escolhidos no coletivo por bloco pedagógico. É desse coletivo que sai a indicação do aluno representante que concorrerá e integrará o Conselho Escolar, por meio de um processo de eleitoral organizado, com votação direta e livre dos alunos, sendo eleito aquele aluno que tiver o maior número de votos válidos computados. É, também, desse coletivo a responsabilidade de chamar assembleias gerais dos alunos, pelo menos uma vez por trimestre, com participação de todos os alunos da escola. Nestas assembleias serão colocados em pauta assuntos vinculados ao currículo e à gestão escolar de interesse dos estudantes e as questões relativas às atividades realizadas pelas comissões estudantis.

Os professores e equipe diretiva, em especial a Orientação Educacional, quando houver, ficam responsáveis por mobilizar, orientar e colaborar com os alunos nestes coletivos, tendo no horizonte a construção gradativa da autonomia e do querer fazer desses alunos. A participação requer compromisso com o projeto educacional coletivo da escola, o compromisso advém de um sentimento de pertencimento, com aquilo que lhes diz respeito, que faz sentido para suas vidas, que esses coletivos necessitam construir institucionalmente na escola pública municipal. Uma metáfora para isso é justamente pensarmos na capacidade de mimetismo das corujas, que se confundem de acordo com o local onde elas habitam e com a noite e o dia, tornando-se “fundidas” com o seu contexto. Assim, precisamos ser em relação à escola, nos fundir nela, assumir suas matizes e nela projetar as nossas.

1.4.3 Coletivo dos T rabalhadores em Educação

No Regimento Escolar Padrão de Classes de Educação Infantil e Ensino Fundamental, adotado pela Rede Municipal de Ensino de Novo Hamburgo, base regimental da Escola Coruja, está disciplinada a organização administrativa e pedagógica, com a composição, caracterização, competências e atribuições dos trabalhadores em educação do município. Todos os profissionais possuem a responsabilidade da construção e vivência de uma escola de qualidade e, para isso, é preciso engendrar no cotidiano escolar mecanismos de participação proativa, de trabalho coletivo e de colaboração, amparados nos princípios e diretrizes da Gestão Democrática e da Escola Cidadã. A constituição de um coletivo de trabalho não se trata de uma iniciativa espontânea, nem de fácil implementação, mas de algo em permanente construção que exige a tomada de decisões, explicitação de sentidos e significados, ao mesmo tempo em que envolve visões de mundo de diversos sujeitos, com múltiplos interesses, histórias, valores, representações e concepções diferenciadas, e, por vezes, não harmoniosas.

Portanto, um Coletivo de Trabalho não se constrói ou se implementa numa escola por força de lei; são necessárias certas condições para que isso ocorra, mudança de mentalidade e de práticas e uma estrutura favorável. É neste contexto que se insere a perspectiva da Escola Coruja, pressupondo ações coletivas, movimentos interdisciplinares, planejamento conjunto, avaliação participativa, dentre outros, o que certamente, exigirá, a intensificação e, talvez, a reorganização dos tempos de reunião pedagógica e formação continuada dos docentes.

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2. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA ESCOLA CORUJA.

Mire e Veja: O importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando.

João Guimarães Rosa

2. 1. Aprendizagem na e com a cidade

a Escola Coruja, busca-se estabelecer estreitas relações entre a escola e a cidade (nos seus mais diversos âmbitos: seja com comunidade local ou a municipalidade em seu conjunto), visando proporcionar uma educação integral aos alunos na

qual está incluída uma identidade pessoal, cultural e cidadã, que possibilita a compreensão da sociedade na qual vive e constrói seus Projetos de Vida. Sendo assim, relacionar escola e cidade é de extrema importância para se construir efetivamente uma escola de qualidade social.

NNesse sentido, a concepção metodológica da Escola Coruja assume algumas

características peculiares, tais como:• O planejamento da prática escolar se dá ao relacionar, intencionalmente, os

conhecimentos e tudo o que rodeia o aluno e constitui a sua cultura, tornando os processos de ensino e de aprendizagem profundamente inserido no cotidiano, fazendo com que o aluno perceba-se como um cidadão que faz parte de uma sociedade, de uma vida coletiva.

• A sala de aula é maior do que as dimensões da estrutura física de acolhimento à turma, ou seja, por um lado, é o espaço físico intraescolar, utilizado cotidianamente, por outro, a cidade representa um amplo e rico espaço de aprendizagem.

• Os acontecimentos e conhecimentos produzidos na cidade constituem um dos aspectos que dão sentido à prática pedagógica; afetam o desenvolvimento da ação educativa promovida pela escola e incidem sobre o conhecimento escolarizado. Assim, a escola não é refém de si mesma separada do seu entorno e isolada das demais instituições sociais.

• A articulação entre escola e cidade é também a articulação do processo educativo como uma responsabilidade de todos.

• A educação dos alunos não termina no pátio, mas continua através do portão: fazendo visitas, indo a parques, conhecendo museus, frequentando cinemas e teatros, usufruindo de festejos e, também, deixando entrar, através do mesmo portão, a vida que acontece na comunidade.

Partindo dessas ideias, a proposta metodológica da Escola Coruja é estruturada por meio de estratégias vivenciais que contêm atividades e ações desafiadoras não só para aprendizagem do aluno, mas também para o/a professor/a. Além disso, por meio das atividades propostas na Parte Diversificada do Currículo Coruja, é possível planejar regularmente inserções na comunidade e na cidade, tratando-a como uma Inteligência Comunitária local, o que ocasionará efeitos positivos em múltiplas dimensões e contribuirá com o desenvolvimento cognitivo dos alunos.

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O professor da Escola Coruja, ao utilizar as narrativas dos sujeitos de sua comunidade, percebe a subjetividade das relações de cada lugar, expressas nas emoções, nos comportamentos, nas atitudes e nos valores, oportunizando um repensar do currículo de sua escola, em um movimento de reconstrução de conceitos e práticas, ancorados em um amplo processo reflexivo e de incorporação de saberes. Pode-se pensar aqui numa metáfora que relaciona essas práticas da escola à coruja que coleta uma larga variedade de materiais para revestir seu ninho.

2.2. Movimentos de organização e vivência do conteúdo escolar

A dinâmica de organização, vivência e reflexão do conteúdo escolar, como estratégia de aproximação com a sabedoria, fazendo relações entre o conhecimento racional e o intuitivo, cujo coruja é um símbolo (da deusa grega da sabedoria - Athena), será proposta pela Escola Coruja, por meio das contribuições de Paulo Freire, e operacionalizar-se-á em três fases: estudo de realidade, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento.

2.2.1. Estudo de Realidade

Para poder planejar adequadamente ensino, selecionar conteúdos relevantes e atender às necessidades do aluno, é preciso, antes de qualquer coisa, saber para quem se vai planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo metodológico. É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos e em que contexto socioantropológico esses aspectos se constroem, por meio do análise dos fatores, forças e cenários que estão na base do que o aluno aprende fora da escola.

2.2.2. Organização do Conhecimento

A partir do Estudo de Realidade, em diálogo com os conhecimentos historicamente acumulados nas diversas áreas, traduzidos nas Diretrizes Curriculares Municipais, elabora-se o Plano de Estudo e o plano de aula, definindo aspectos como os objetivos de ensino, os conteúdos relevantes, a metodologia e procedimentos de ensino, os recursos tecnológicos a serem utilizados, os instrumentos e registros de avaliação. A seleção desses elementos precisam incidir sobre a compreensão das informações evidenciadas no Estudo de Realidade, que tornar-se-á ainda mais rica se for articulada a diversas teorias, abordagens científicas de origem diferenciadas, várias linguagens, conceitos e concepções desveladoras. Desse modo, com a Organização do Conhecimento antecipa-se, ainda que provisoriamente, de forma intelectiva, todas as etapas do trabalho docente a ser realizado junto aos alunos.

2.2.3. Aplicação do Conhecimento

A aplicação do conhecimento consiste no desenvolvimento das atividades previstas, na realização do planejado ainda que possam ocorrer elementos não plenamente previsto, razão pela qual o planejamento precisa ser flexível. Neste momento metodológico ocorre a vivência de atividades previstas: seminários, produção de material para distribuir na comunidade ou alunos, ações práticas no ambiente, visitações pedagógicas, atividades

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significativas que propiciem o aprendizado das múltiplas linguagens e dos conteúdos das áreas de conhecimento.

3. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E REPLANEJAMENTO DA PRÁTICA DOCENTE: TRAVESSIAS QUE SE CRUZAM.

O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia...

João Guimarães Rosa

avaliação escolar, como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, necessita ser diagnóstica, contínua, formativa, participativa, envolvendo a comunidade escolar e abrangendo focos distintos na sua especificidade, mas que se

completam de modo global e permanente no planejamento escolar, na prática docente por meio dos componentes curriculares e no desempenho do aluno. A avaliação se constituí, ainda, num processo institucional no qual é analisado e discutido o desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico e dos Planos de Estudo com intuito de indicar alternativas de continuidade ou de revisão do planejamento escolar, conforme passamos a discorrer.

A3.1 Avaliação da Educação Infantil

A avaliação na Educação Infantil, focada nas crianças como sujeitos de seu desenvolvimento, precisa priorizar a observação atenta e sistemática, crítica e criativa das crianças, de suas brincadeiras e interações e a utilização de múltiplos registros realizados pelos professores e pelos demais adultos, assim como as crianças devem ser envolvidas na avaliação das atividades e nos registros. Documentar a trajetória das crianças nessa etapa constitui a avaliação na Educação Infantil, assim como entregar o registro dessa avaliação às famílias e às escolas de Ensino Fundamental, garantindo a continuidade dos processos educativos vividos pelas crianças.

A avaliação é expressa por parecer descritivo, semestralmente, e compreende o registro do acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem, tendo como referência os Planos de Estudo estabelecidos para as turmas de Educação Infantil. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil salientam, no Art. 10º, inciso III, que as Instituições de Educação Infantil devem garantir a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos vividos pela criança - transição casa/instituição de educação infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/ensino fundamental, assegurando às crianças um percurso contínuo de aprendizagens. Assim, a Rede Municipal de Ensino de Novo Hamburgo realiza o Projeto Ritos de Passagem: Transições dentro da escola, entre as escolas municipais e demais redes de ensino, desde 2010, efetivando ações que garantem o processo de transição para todos os segmentos envolvidos: Equipes Diretivas, Crianças, Professores, Funcionários e Familiares.

3.2 Avaliação dos alunos em cada Bloco Pedagógico do Ensino Fundamental

3.2.1 Avaliação da aprendizagem no Bloco Pedagógico de Alfabetização e Letramento (do 1º ao 3º ano)

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A forma de expressão dos resultados do desempenho do aluno desse bloco pedagógico é por parecer descritivo, elaborado pelo coletivo de professores que atendem o aluno, após Conselho de Classe Participativo, coordenado pela equipe diretiva, em especial pela Coordenação Pedagógica/Supervisão. Nele deve estar contemplado o registro do acompanhamento do processo de aprendizagem realizado nos diferentes componentes curriculares (com referência nos Planos de Estudo e oferta de Recuperação quando o aluno necessitar), a autoavaliação do aluno (anexada ao parecer descritivo), bem como a apuração da assiduidade (ao aluno infrequente deverão ser ofertados estudos compensatórios).

Do 1º até o final do 2º ano não há retenção, conforme já consolidado na Rede Municipal através do Pacto pela Aprendizagem e previsto na Resolução nº 7 CNE/CEB

Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar: (...) III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro.

§ 1º Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso de sua autonomia, fizerem opção pelo regime seriado, será necessário considerar os três anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo sequencial não passível de interrupção , voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematização e aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos.

Ao final do terceiro trimestre do 3º ano, entretanto, existe a possibilidade de retenção do aluno, neste caso, considerando-se aprovado o aluno que, no final do ano letivo, atingiu os objetivos propostos nos Planos de Estudos, ainda assim, expressos por meio de parecer descritivo. Essa perspectiva coloca também o desafio de, nos três primeiros anos, a escola providenciar para os alunos com dificuldades de aprendizagem um plano de estudos para o ano seguinte, buscando assegurar a continuidade da aprendizagem ao considerar a complexidade do processo de alfabetização.

3.2.2 Avaliação da aprendizagem no Bloco Pedagógico de Transição e Aprofundamento (4º e 5º anos)

Neste bloco pedagógico, os resultados da avaliação expressam o nível dos conhecimentos e saberes propostos, envolvendo as grandes áreas de conhecimento e são registrados, trimestralmente, através de um parecer descritivo, acompanhado das respectivas produções, e de um dos seguintes conceitos:

CONCEITOS CRITÉRIONo ano letivo durante o processo

A = Atingiu Quando o aluno atinge todos os objetivos relativos aos componentes curriculares previstos para o período ou para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, expressos no Plano de Estudos.

AP = Atingiu Parcialmente Quando o aluno atinge parcialmente os objetivos

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relativos aos componentes curriculares previstos para o período ou para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, expressos no Plano de Estudos.

NA = Não Atingiu Quando o aluno não atinge os objetivos relativos aos componentes curriculares previstos para o período ou para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, expressos no Plano de Estudos.

No Final do ano letivo:A = Atingiu

AprovaçãoÉ aprovado o aluno que alcançar os objetivos, relativos aos princípios das diferentes áreas do conhecimento para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, constantes em parecer descritivo elaborado pelo professor e que obtém o conceito A ou AP ao final do ano letivo.

AP = Atingiu Parcialmente

NA = Não Atingiu Reprovação É reprovado o aluno que não tenha atingido os objetivos, relativos aos princípios das diferentes áreas do conhecimento para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, elaborado no plano de estudos e que obtém a menção NA, ao final do ano letivo.

3.2.3 Avaliação da aprendizagem no Bloco Pedagógico de Consolidação (6º, 7º, 8º e 9º anos)

Na operacionalização da avaliação neste bloco pedagógico, adotam-se pareceres descritivos nos diferentes componentes curriculares da Base Comum e da Parte Diversificada, sendo complementados pelos seguintes conceitos:

CONCEITOS CRITÉRIONo ano letivo durante o processo

A = Atingiu Quando o aluno atinge todos os objetivos relativos aos componentes curriculares previstos para o período ou para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, conforme o Plano de Estudos.

AP = Atingiu Parcialmente Quando o aluno atinge parcialmente os objetivos relativos aos componentes curriculares previstos para o período ou para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, conforme o Plano de Estudos.

NA = Não Atingiu Quando o aluno não atinge os objetivos relativos aos componentes curriculares previstos para o período ou para dar continuidade a seus estudos no ano letivo seguinte, conforme o Plano de Estudos.

No Final do ano letivo:A = Atingiu

AprovaçãoÉ aprovado o aluno que obtém o conceito A ou AP ao final do ano letivo em todos os componentes curriculares.

AP = Atingiu ParcialmenteNA = Não Atingiu Reprovação É reprovado o aluno obtém a menção NA, ao final do

ano letivo, em um ou mais componentes curriculares.

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Após a realização do Conselho de Classe o professor elabora a expressão do resultado e parecer descritivo.

3.2.4 Aspectos da Avaliação da aprendizagem comuns aos três Blocos Pedagógicos

Embora no final do Bloco I e, anualmente, nos Blocos II e III sejam previstas possíveis reprovações, cabe explicitar que na perspectiva da Escola Coruja, ainda que projetada no horizonte, a avaliação não vem para aprovar ou reprovar e, sim, garantir que o sujeito aprenda. O avanço necessita ser compreendido a partir da concepção de que o conhecimento é construído em processo, em que os tempos e espaços de aprender são diferentes entre os alunos, mas cabe à escola, professores e estruturas se reorganizar quantas vezes forem necessárias para que o aluno avance e não permaneça. A estratégia de avaliação da Escola Coruja é a do avanço como garantia ao direito de aprender, visto que os alunos apresentam ritmos e dificuldades de aprendizagens diferentes. Esse posicionamento é amparado pelo Parecer CNE/CEB nº 6/2010, que, reafirmando o art. 24 da LDB, aponta algumas estratégias normativas e regimentais:

A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.

Por ser uma escola crítica, por estimular a inteligência humana e a capacidade de compreender o mundo, torna-se uma escola emancipadora que entende que o sujeito aluno aprende não apenas para repetir, mas para viver e conviver em sociedade. Torna-se cidadão atuante e autônomo que está inserido no mundo científico e tecnológico. Assim, o processo de avaliação assumido na Escola Coruja não é de objetivo classificatório, mas de compromisso com o direito de aprendizagem do aluno. Isto significa que tal processo assume, institucionalmente, a possibilidade de perceber e trabalhar não só com as potencialidades do sujeito, mas também com as dificuldades, necessidades, interesses e desafios cognitivos, além de fazer um enfrentamento à cultura da repetência, impregnada nas práticas escolares, que, institucionalmente, não oportuniza ao aluno superar as dificuldades e nem contribui para sua autoestima.

Com esse mesmo espírito, a aferição da frequência dos alunos e, quando for o caso, os procedimentos da FICAI, nos três blocos pedagógicos, não pode ser um ato burocrático e autômato. Cabe à escola, nos casos em que ocorrer o excesso de faltas ou mesmo a infrequência prolongada, dispor de um mecanismo que permita sua correção, de modo que fique assegurado o resultado desejado, isto é, a realização de efetiva aprendizagem. O que se pretende destacar aqui é que o atendimento complementar compensatório, previsto no Regimento Escolar, não deve ser elaborado simplesmente com o intuito de recuperar as faltas, mas, sim, de proporcionar ofertas educativas em que as aprendizagens que poderiam ter ocorrido – caso o aluno tivesse comparecido às aulas – possam ser proporcionadas nestas novas situações.

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Alguns outros mecanismos correlatos estão previstos, tais como o atendimento educacional especializado, o aproveitamento de estudos, a adaptação curricular, estudos domiciliares, complementação ou suplementação do currículo, classificação e reclassificação de alunos, estudos de recuperação, todos esses com a intenção de proporcionar a aprendizagem de conhecimentos ainda não assimilados, considerando as dificuldades próprias de cada aluno. Isso significa que alguns alunos poderão necessitar de apenas um desses mecanismos e, outros, ainda, vários deles de modo concomitante.

A própria realização trimestral de conselho de classe com a participação de todos os professores que atuam na turma, precedido de pré-conselho, que pode contar com a participação dos alunos e seus responsáveis legais, necessita ser concebido dentro dessa mesma perspectiva. Vale reiterar que este é um importante espaço de reflexão coletiva em que se tornam translúcidos os avanços, as dificuldades, a ação pedagógica realizada, e as estratégias necessárias para superação e replanejamento pertinentes ao processo de aprendizagem do aluno, ao processo de ensino do professor e ao processo institucional da escola.

3.3 Avaliação Institucional

A avaliação da escola, realizada pela comunidade escolar e pela mantenedora, é parte integrante do processo educacional e serve de diagnóstico a partir do qual se promove a continuidade, reformulação ou mudanças da prática, do Projeto Político Pedagógico da escola e dos Planos de Estudo, necessárias para melhoria da qualidade social da educação. A avaliação Institucional permite a análise global da escola, do trabalho nela realizado e dos resultados obtidos, com vistas à reorganização e ressignificação da prática escolar em suas múltiplas dimensões, o que pressupõe sua realização por meio de uma metodologia participativa capaz de colocar em diálogo os diferentes segmentos da comunidade escolar.

3.3.1 Avaliação para o replanejamento da prática docente

Como sabemos, o processo de avaliação não apresenta somente os resultados e a realidade do desenvolvimento da aprendizagem do aluno, mas revela, ainda, a própria prática docente. A partir dos resultados observados nos alunos, é possível pensar a prática pedagógica do professor e, com isso, refazer o planejamento do ensino, sobretudo porque os conteúdos escolares precisam ser dinâmicos e articulados com a realidade objetiva do aluno, já que cada aluno passa por um processo que não pode ser ignorado pelo professor. Neste sentido, não há como separar o desempenho do aluno da prática de ensino, mesmo que aluno e professor ocupem diferentes lugares sociais neste processo e mesmo que existam diversos e complexos elementos além das fronteiras escolares que interferem no ensino e na aprendizagem. É inegável, portanto, que o professor, ao avaliar o aluno, está também avaliando sua própria prática enquanto educador, embora na maioria das vezes não tenha consciência ou não admita isso. Dessa forma, afirmamos que a avaliação do aluno na Escola Coruja está integrada à necessidade de replanejamento do professor e seu decorrente desenvolvimento das atividades de ensino, para que não se tenha na escola um processo de avaliação vazio de sentidos.

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Não se pode esquecer que o planejamento é um meio para se programar as ações e atividades docentes, mas é também uma estratégia de investigação e reflexão intimamente ligada à avaliação. Isso significa que os elementos do planejamento escolar – objetivos, conteúdos, métodos – estão fundamentados em situações didáticas concretas que envolvem a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade e que interagem no processo de ensino. Contudo, a avaliação, na perspectiva do replanejamento, adquire um sentido mais amplo, porque, além de avaliar os resultados do ensino-aprendizagem, avalia-se também a qualidade do plano de trabalho do professor, a eficiência da atuação do professor e a eficiência da estrutura escolar para lidar com as aprendizagens.

A concepção de avaliação emancipatória/formativa tem o objetivo de indicar ao educador quais intervenções pedagógicas precisa fazer para que este aluno que não aprende consiga aprender e para que aquele que aprende continue aprendendo mais. Sabemos, também, que o êxito dos alunos não depende unicamente do professor e de seu método de trabalho, pois a situação docente envolve muitos fatores de natureza social, psicológica, o clima geral da dinâmica da escola, etc. Entretanto, o trabalho docente tem um peso significativo ao proporcionar condições efetivas para o êxito escolar dos alunos. O professor tem o papel fundamental de organizar, sistematizar e orientar as situações de aprendizagem que favorecem esse processo, partindo da escuta e da fala, da criação e da interação, do enfrentamento franco dos conflitos e das questões angustiantes que se manifestam em sua prática educativa.

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