2015 05 alimentos distribuição

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ALIMENTOS ABRIL/2015 RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA 1 Competitividade para o setor de alimentos LOGÍSTICA DE TRANSPORTE De cada dez toneladas de alimentos produzidos no Brasil, apenas quatro chegam ao consumidor final. Ou seja, são desperdiçadas, diariamente, cerca de 39 mil toneladas de alimentos – o que representa uma perda anual de R$ 12 bilhões. Esse desperdício ocorre em toda a cadeia produtiva, com destaque para o manuseio e transporte de cargas, conforme a imagem abaixo: 30% CENTRAIS DE ABASTECIMENTO E COMERCIALIZAÇÃO 10% NO VAREJO E NO CONSUMIDOR FINAL 10% NO CAMPO 50% NO MANUSEIO E TRANSPORTE Fontes: Nada fica no caminho: As soluções para o transporte de alimentos, Portal EcoD (2013); Logística integrada reduz perdas do campo ao consumidor, Centro Sebrae de Sustentabilidade (2013); e Desperdício de alimentos no Brasil e no Mundo, ONG Banco de Alimentos (2015). Segundo Alfredo Mager, Fiscal Federal Agropecuário, em entrevista ao Sebrae Inteligência Setorial, entre as principais causas das perdas estão a falta de armazéns, a deficiência nas embalagens, veículos inadequados e excesso de manuseio no produto. Desta forma, as questões logísticas de transporte tornam-se fundamentais para o setor de alimentos, pois permitem que o produto chegue ao local de destino com qualidade, agilidade e com menor custo. Assim, o Relatório de Inteligência deste mês apresenta as principais questões sobre o escoa- mento de cargas para o setor de alimentos no Estado do Rio de Janeiro, assim como boas práticas, para que as MPE possam maximizar seus resultados e conquistar uma posição de destaque no mercado.

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2015 05 Alimentos Distribuição

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Page 1: 2015 05 Alimentos Distribuição

ALIMENTOS

ABRIL/2015RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA

1

Competitividade para o setor de alimentosLOGÍSTICA DE TRANSPORTE

De cada dez toneladas de alimentos produzidos no Brasil, apenas quatro chegam ao consumidor final. Ou seja, são desperdiçadas, diariamente, cerca de 39 mil toneladas de alimentos – o que representa uma perda anual de R$ 12 bilhões. Esse desperdício ocorre em toda a cadeia produtiva, com destaque para o manuseio e transporte de cargas, conforme a imagem abaixo:

30%CENTRAIS DE ABASTECIMENTO E

COMERCIALIZAÇÃO

10%NO VAREJO E NO

CONSUMIDOR FINAL

10%NO CAMPO

50%NO MANUSEIO E TRANSPORTE

Fontes: Nada fica no caminho: As soluções para o transporte de alimentos, Portal EcoD (2013); Logística integrada reduz perdas do campo ao consumidor, Centro Sebrae de Sustentabilidade (2013); e Desperdício de alimentos no Brasil e no Mundo, ONG Banco de Alimentos (2015).

Segundo Alfredo Mager, Fiscal Federal Agropecuário, em entrevista ao Sebrae Inteligência Setorial, entre as principais causas das perdas estão a falta de armazéns, a deficiência nas embalagens, veículos inadequados e excesso de manuseio no produto. Desta forma, as questões logísticas de transporte tornam-se fundamentais para o setor de alimentos, pois permitem que o produto chegue ao local de destino com qualidade, agilidade e com menor custo. Assim, o Relatório de Inteligência deste mês apresenta as principais questões sobre o escoa-mento de cargas para o setor de alimentos no Estado do Rio de Janeiro, assim como boas práticas, para que as MPE possam maximizar seus resultados e conquistar uma posição de destaque no mercado.

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no BrasilGARGALOS NO ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

Como principal gargalo no setor de transporte, o Brasil conta com apenas 204 mil quilômetros de estradas pavimentadas, o que representa 11,9% da extensão rodoviária total no país. O custo do transporte do produto alimentício gira em torno de 7,1% do valor do produto final. O transporte de cargas no Brasil, de forma geral, é realizado intensivamente por meio do modal rodoviário.

Segundo a opinião dos profissionais de logística ouvidos pelo instituto ILOS, em 2012, os principais gargalos logísticos relacionados ao transporte no Brasil são:

Estradas mal conservadas

Fontes: Estatísticas, Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (2014); e DEBONA, D., POTTER, H., Infraestrutura precária dificulta estrutura logística brasileira, Diário Catarinense (2015).

Malha ferroviária insuficiente

Falta de infraestrutura para intermodalidade

Má qualidade dos acessos terrestres aos portos

Rios sem infraestrutura para navegação

Malha ferroviária mal conservada

Malha rodoviária insuficiente

61,1%RODOVIÁRIO

20,7%FERROVIÁRIO

13,6%AQUAVIÁRIO

4,2%DUTOVIÁRIO

0,4%AEROVIÁRIO

92% 77% 68% 68%

70%71%72%

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no Estado do Rio de JaneiroGARGALOS NO ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

Assim como ocorre no restante do Brasil, o Estado do Rio de Janeiro também possui gargalos que podem impactar, direta ou indiretamente, no escoamento de alimentos e bebidas produzidos pelas MPE fluminen-ses. Segundo Alfredo Mager, a melhoria da logística de transporte implica em uma maior competitividade do alimento produzido no Estado.

▪ As rodovias Presidente Dutra (BR-116) e Washington Luiz (BR-040) encontram-se atualmente saturadas a partir do forte crescimento econômico da região.

Região da Baixada Fluminense

▪ Necessidade de integração entre os sistemas de transporte com os municípios do entorno. ▪ Congestionamento nas vias de acesso à cidade.

Cidade do Rio de Janeiro

▪ A principal rodovia da região, a BR-101, encontra-se saturada – principalmente nas áreas urbanas.

▪ Necessidade de recuperação da ferrovia de contorno da Baía da Guanabara.

Região Leste Fluminense

▪ A BR-101 ainda passa pelo processo de duplicação, o qual precisa estar completo para atender o crescimento da região.

▪ Necessário duplicar a BR-356 para uma melhor conexão com a região Noroeste, por onde passam as cargas transportadas até o Distrito Industrial de São João da Barra.

Região Norte Fluminense

▪ A principal rodovia da região, a BR-356, não é duplicada, o que reduz a capacidade de movimentação de cargas.

▪ A BR-356 é utilizada intensamente tanto para o transporte urbano, de curtas distância, como para o de cargas, de longa distância.

Região Noroeste Fluminense

▪ Presença de restrições logísticas nas rodovias RJ-116, RJ-160, BR-492 e BR-495, além do conflito entre o tráfego urbano e o de cargas.

Região Centro-Norte Fluminense

▪ Gargalo logístico na rodovia Washington Luiz (BR-040), com destaque para a serra de Petrópolis.Região Serrana/Centro-Sul Fluminense

▪ Grande gargalo logístico na Rodovia Presidente Dutra (BR-116) aliado a presença de trechos de baixa capacidade logística nas rodovias Lúcio Meira (BR-393) e Rio-Santos (BR-101).

▪ O crescimento do parque industrial local demanda uma maior oferta de conexões aéreas para a movimentação de carga.

RegiãoSul Fluminense

SEGUNDO A SÉRIE VISÕES DE FUTURO, PRODUZIDA PELA FIRJAN EM 2014, ALGUNS DESAFIOS LOGÍSTICOS GANHAM DESTAQUE:

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a importância das embalagensCOMO EVITAR AS PERDAS

Para superar os gargalos logísticos presentes no Estado do Rio de Janeiro, os empreendedores devem estar atentos para as práticas que auxiliam na redução do desperdício de alimentos após a colheita, onde ganha grande relevância a padronização de embalagens.

Fontes: RODRIGUES, Tereza, Nova embalagem busca diminuir perda de alimentos no transporte, Correio Braziliense (2010); Grupo de Caixas Embrapa, Embrapa (2009); SOARES, Antonio Gomes, Perdas pós-colheita de frutas e hortaliças, Embrapa (2009)

A Embrapa conta com o Grupo de

Caixas Embrapa, que é um conjunto de quatro caixas para a

comercialização de hortaliças e frutas. Essas embalagens são palatizáveis e

encaixam-se umas nas outras, facilitando o transporte para pequenos produtores e protegendo o alimento de possíveis

danos. Confira mais informações e o benefício da padronização

na página da Embrapa.

Melhor acon-dicionamento dos alimentos

e otimização do espaço.

Diminui a possibilidade de

contaminação cruzada.

Permite identifi-car a origem do alimento e seu

peso exato.

Otimiza o trans-porte e facilita

o manuseio dos produtos.

Diminuição no tempo para distribuição.

ESPAÇO CONTAMINAÇÃO IDENTIFICAÇÃO TRANSPORTE DISTRIBUIÇÃO

Entre os problemas enfrentados no manuseio de alimentos pós-colheita, estão por exemplo, os produtos que chegam ao local de co-mercialização com avarias, como cortes e amassados ou com deteriorações por descuidos no carregamento e descarregamento por parte dos trabalhadores. Esses desafios podem ser superados através da padronização de embalagens, que contribuem para a preservação e transporte do alimento. Entre os principais benefícios estão:

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exemplos de boas práticasComo visto anteriormente, não só o Estado do Rio de Janeiro, mas o Brasil como um todo possui gargalos logísticos de relevância para o escoamento da produção. Portanto, conquistar a eficiência no transporte de cargas é fundamental para que as MPE do setor possam superar os desafios logísticos e ganhar destaque no mercado.

Fontes: DE MACEDO, S. H., Cuidados no Transporte de Alimentos, Revista Alimentos e Bebidas (2012); ANGELO, E. B., Como posso planejar melhor a logística da minha empresa? Pequenas Empresas & Grandes Negócios (2013); e Nada fica no caminho: As soluções para o transporte de alimentos, Portal EcoD (2013).

Cuidados com a refrigeração e o

acondicionamento

Garantir a qualidade e a integridade física do

alimento

▪ Manutenção da qualidade ▪ Redução nos desperdícios du-rante o transporte

ABNT NBR 14701:2001 e

Segov

Rastreabilidade de alimentos

Monitorar os caminhos percorridos pelo produto

e verificar a eficácia do modal utilizado

▪ Controle da qualidade dos pro-dutos e dos prazos de entrega

▪ Capacidade de traçar novas rotas

Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Canaltech e

Embrapa - CTAA

Mapa logístico

Monitorar os caminhos percorridos pelo produto

e verificar a eficácia do modal utilizado

▪ Permite honrar os prazos ne-gociados

▪ Permite que o produto che-gue até o cliente com uma boa qualidade

Revista Pequenas Empresas &

Grandes Negócios

Multimodalidade e Intermodalidade

Permitir que a empresa possa explorar os poten-

ciais de mais de um modal de transporte durante o

percurso do alimento

▪ Aproveitamento do modal mais indicado para cada etapa

▪ Redução de custos ▪ Maior agilidade no transporte

ANTT e Portal Educação

Cuidados com as embalagens

Permitir que o alimento chegue em bom estado até o consumidor final

▪ Redução de desperdícios e avarias no produto

▪ Maior longevidade, qualidade e aparência do alimento

Anvisa, Associação Brasileira de Embalagem

(Abre) e Instituto Nacional de

Tecnologia (INT)

Manutenção periódica dos veículos

Manter os veículos com total capacidade de fun-

cionamento

▪ Redução no risco de acidentes ▪ Redução de perdas e custos ▪ Maior agilidade no transporte

Revista Alimentos & Bebidas

Carga fracionadaModalidade utilizada para entregas excepcionais e/

ou com pouco volume

▪ Permite que o produto possa chegar mais longe

▪ Redução de custosPortogente

EXEMPLOS DE BOAS PRÁTICAS OBJETIVO ALGUNS BENEFÍCIOS

NO TRANSPORTEONDE POSSO

CONHECER MAIS?

TRANSPORTE DE CARGAS:

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Clube OrgânicoCASO REAL

O Clube Orgânico, sediado na Cidade do Rio de Janeiro, é o primeiro clube de consumidores de alimentos orgânicos no Brasil. Esses consumidores recebem, semanalmente, uma cesta com 15 alimentos advindos diretamente dos produtores rurais (que devem ser certificados). As cestas são transportadas, da colheita até a residência do participante, em até 24 horas.

Inicialmente, as cestas de alimentos eram personalizadas para cada parti-cipante. Porém, devido à sazonalidade da produção e ao trabalho de seleção dos orgânicos, essas cestas passaram a ser padrão, com base em uma esco-lha conjunta dos participantes.

Por fim, além da entrega direta à residência do consumidor, o Clube Orgânico conta com os cen-tros de distribuição. Esses locais são voltados aos participantes que não moram nos bairros sele-cionados, mas que podem buscar os alimentos semanalmente.

Os alimentos são armazenados em câmaras frias nos centros de distribuição, e quando saem para transporte, são utilizados os veículos com refrige-ração, para a manutenção da qualidade e do valor nutricional do alimento.

Os alimentos são entregues em caixas, as quais permanecem na residência do consumidor até a próxima entrega. Posteriormente, são coletadas, tendo por objetivo reduzir a quantidade de embala-gens necessárias.

Atenta aos problemas logísticos da capital fluminense, como o trânsito e as grandes distâncias, a empresa segmentou a distribuição dos ali-mentos por bairros, que foram sele-cionados de acordo com a capacida-de do negócio em manter os prazos e a qualidade do produto final.

Fonte: VILLELA, F., Rio de Janeiro ganha primeiro clube de consumidores de alimentos orgânicos, Agência Brasil (2015).

120É O NÚMERO ATUAL DE

PARTICIPANTES DO CLUBE

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ALIMENTOS

RECOMENDADAS

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Fotos: Banco de imagens.

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Gerência de Conhecimento e CompetitividadeGerente: Cezar KirszenblattGestor do Programa Sebrae Inteligência Setorial: Marcelo AguiarAnalista de Inteligência Setorial: Mara GodoyConteudista: Felipe Ciola Especialista: Alfredo Mager

Entre em contato com o Sebrae: 0800 570 0800

Fique atento às principais informações sobre a infraestrutura de transporte no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, assim como às principais questões sobre o escoamento de alimentos e bebidas. Como exemplos de portais, confira:

� Secretaria de Estado de Transportes – Setrans � Ministério dos Transportes � Senai Tecnologia de Alimentos e Bebidas � Vigilância Sanitária do Governo do Rio de Janeiro e Anvisa � Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia);

Conte com o apoio do Agentes Locais de Inovação (ALI) para inovar em sua empresa e diferenciar-se da concorrência. O programa ajuda a implantar práticas inovadoras gratuitamente no seu negócio. Os agentes visitam os empreendimentos, apresen-tam soluções e oferecem respostas às demandas do negócio. As mudanças geram impacto direto na gestão empresarial, na melhoria de produtos e processos e na identificação de novos nichos de mercado para os seus produtos;

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Fique atento ao Plano Estratégico de Logística e Cargas do Rio de Janeiro, que deve ser publicado em breve. Ele irá apresentar o mapeamento da infraestrutura logística do estado, assim como os projetos e soluções para superar os desafios nos próximos 30 anos;

Busque participar de eventos relacionados ao setor de logística. Assim, será possível ficar por dentro das principais inovações, conhecer as boas práticas de mercado e até firmar novas parcerias. Confira o calendário nos portais Sebrae/RJ, Site da Logística, nFeiras, Instituto Brasileiro de Logística (Ibralog), e Expofeiras, do Governo Federal;

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