2013-09-22 - nota jornalística sobre atividade prcf

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7/23/2019 2013-09-22 - Nota Jornalística Sobre Atividade PRCF http://slidepdf.com/reader/full/2013-09-22-nota-jornalistica-sobre-atividade-prcf 1/2 No dia 14 de setembro de 2013, o camarada Victor Neves esteve representando o PCB no Encontro Internacionalista organizado pelo Polo de Renascimento Comunista na França (Pôle de Renaissance Communiste en France – PRCF). Al ém da organização anfitriã e do PCB, estiveram presentes ao Encontro o Partido Comunista de Cuba, o Partido Argelino da Democracia e do Socialismo e o Partido Comunista da Dinamarca. A atividade ocorreu por ocasião da festa do jornal l’Humanité, que tem lugar anualmente durante três dias na França e reúne o conjunto da esquerda francesa para debates, feiras e atividades culturais. Este foi um importante espaço para o estreitamento dos laços com o PRCF, organização que cumpre papel imprescindí vel na França teimando em manter erguidas as bandeiras da luta comunista, da independência da classe trabalhadora e do internacionalismo prolet ário. Na ocasião, nosso representante na atividade fez a seguinte interven ção: “Camaradas, Em primeiro lugar gostaria, em nome do Partido Comunista Brasileiro, de agradecer o convite. Nós, militantes do PCB, nos irmanamos com todos os Partidos Comunistas que, ao redor do mundo, mant êm erguida a bandeira da emancipação humana. Esta fraternidade entre os comunistas, que seria uma obviedade em outros tempos, nos nossos se tornou uma espécie de “proclamação do impossí vel”, que teimamos e sempre teimaremos em fazer. Afinal, o poss í vel já foi cantado e decantado em verso e prosa, e o poema resultante não é  dos mais belos que já  se viu... Vivemos em um estado de coisas em que a barb árie se aprofunda visivelmente. Um estado em que o imenso progresso material nos centros do capitalismo gera a mais descarada mis éria nas periferias. Um estado, por fim, em que estas periferias também se reproduzem no interior dos próprios centros, como testemunhamos hoje na Fran ça e mesmo no Brasil. Tal ní vel de desenvolvimento material tem pre ço elevadí ssimo para o conjunto dos trabalhadores. Aqueles que ocupam os melhores postos na divisão social e técnica do trabalho devem se apoiar sobre os ombros cansados de quem trabalha em condi ções mais penosas, e todos são forçados a sacrificar o desenvolvimento de suas potencialidades e a enorme riqueza espiritual, tornada possí vel pelo desenvolvimento das forças criativas humanas, às exigências do capital... Isto significa que todos os dias todos os trabalhadores do mundo se confrontam com a necessidade de sacrificar seus sonhos por um prato de lentilhas (pouco importa que sejam lentilhas douradas...); de se amesquinhar; de descer ao desumano; de se portar em relação ao outro como em relação a um adversário, quando não um inimigo, quando não um “não-humano” que pode – e deve – ser descartado; de desconfiar de tudo que não seja “evidente por si”, que não seja cotidianamente medí ocre e repetitivo; de repudiar, portanto, o surpreendente e a beleza, apenas porque s ão coloridos demais para essa vida em tons de cinza e de vermelho – mas n ão do nosso

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7/23/2019 2013-09-22 - Nota Jornalística Sobre Atividade PRCF

http://slidepdf.com/reader/full/2013-09-22-nota-jornalistica-sobre-atividade-prcf 1/2

No dia 14 de setembro de 2013, o camarada Victor Neves esteve representando o

PCB no Encontro Internacionalista organizado pelo Polo de Renascimento Comunista

na França (Pôle de Renaissance Communiste en France – PRCF). Além da

organização anfitriã e do PCB, estiveram presentes ao Encontro o Partido Comunista

de Cuba, o Partido Argelino da Democracia e do Socialismo e o Partido Comunista da

Dinamarca.

A atividade ocorreu por ocasião da festa do jornal l’Humanité, que tem lugar

anualmente durante três dias na França e reúne o conjunto da esquerda francesa para

debates, feiras e atividades culturais. Este foi um importante espaço para o

estreitamento dos laços com o PRCF, organização que cumpre papel imprescindí vel

na França teimando em manter erguidas as bandeiras da luta comunista, da

independência da classe trabalhadora e do internacionalismo proletário.

Na ocasião, nosso representante na atividade fez a seguinte intervenção:

“Camaradas,

Em primeiro lugar gostaria, em nome do Partido Comunista Brasileiro, de agradecer

o convite.

Nós, militantes do PCB, nos irmanamos com todos os Partidos Comunistas que, ao

redor do mundo, mantêm erguida a bandeira da emancipação humana. Esta

fraternidade entre os comunistas, que seria uma obviedade em outros tempos, nos

nossos se tornou uma espécie de “proclamação do impossí vel”, que teimamos e

sempre teimaremos em fazer. Afinal, o possí vel já foi cantado e decantado em verso eprosa, e o poema resultante não é dos mais belos que já se viu... Vivemos em um

estado de coisas em que a barbárie se aprofunda visivelmente. Um estado em que o

imenso progresso material nos centros do capitalismo gera a mais descarada miséria

nas periferias. Um estado, por fim, em que estas periferias também se reproduzem no

interior dos próprios centros, como testemunhamos hoje na França e mesmo no Brasil.

Tal ní vel de desenvolvimento material tem preço elevadí ssimo para o conjunto dos

trabalhadores. Aqueles que ocupam os melhores postos na divisão social e técnica do

trabalho devem se apoiar sobre os ombros cansados de quem trabalha em condições

mais penosas, e todos são forçados a sacrificar o desenvolvimento de suas

potencialidades e a enorme riqueza espiritual, tornada possí vel pelo desenvolvimento

das forças criativas humanas, às exigências do capital...

Isto significa que todos os dias todos os trabalhadores do mundo se confrontam com a

necessidade de sacrificar seus sonhos por um prato de lentilhas (pouco importa que

sejam lentilhas douradas...); de se amesquinhar; de descer ao desumano; de se portar

em relação ao outro como em relação a um adversário, quando não um inimigo,

quando não um “não-humano” que pode – e deve – ser descartado; de desconfiar de

tudo que não seja “evidente por si”, que não seja cotidianamente medí ocre e

repetitivo; de repudiar, portanto, o surpreendente e a beleza, apenas porque são

coloridos demais para essa vida em tons de cinza e de vermelho – mas não do nosso

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7/23/2019 2013-09-22 - Nota Jornalística Sobre Atividade PRCF

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vermelho, aquele da transformação revolucionária, mas sim deste vermelho

vergonhoso do sangue derramado.

Vemos isso cotidianamente no Rio de Janeiro, cidade dita “maravilhosa” para poucos,

onde mesmo entre trabalhadores reina a divisão e o apoio difuso (por vezes passivo,

por vezes ativo) aos massacres cotidianamente perpetrados pelo Estado contra ostrabalhadores mais pobres e, portanto, “mais perigosos” porque são os que têm menos

a perder.

Vemos isso também aqui na França, na indiferença de grande parte da população,

inclusive da classe trabalhadora, às agressões imperialistas perpetradas pelo governo

francês há   tantos anos, das quais a última amostra é  esta vergonhosa iniciativa de

intervenção militar na Sí ria. Saúdo aos camaradas do PRCF por sua posição firme e

franca contra isso – e fico feliz em informar que também o PCB repudia

veementemente mais esta manobra das potências imperialistas e de sua “Organização

Terrorista do Atlântico Norte”, a OTAN, que tem custado tantas vidas e feito correr osangue de tantos trabalhadores sí rios.

Nós, comunistas do PCB, declaramos nossa amizade fraternal ao PRCF e saudamos

este encontro. Fazemos isso em nome de nosso projeto comum: uma sociedade em

que o vermelho seja sangue nas veias, pulsante e alimentando a criatividade; em que o

amarelo não seja covardia, mas a cor dos instrumentos com que construí mos nossos

sonhos e realizamos nossos desejos; em que a estrela da liberdade, enfim, n ão seja

apenas retórica na cabeça de uma estátua em uma praça em que os carros ocupam o

lugar dos homens, mas o brilho nos olhos de cada um e de cada uma, plenamente

humanos numa sociedade plenamente humana – uma sociedade comunista.

Saudações fraternais a todos e a todas,

Victor Neves, em nome do Partido Comunista Brasileiro”.