201143496 arqueologia do velho testamento merril f unger

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  • 5/27/2018 201143496 Arqueologia Do Velho Testamento Merril F Unger

    Arqueologia(lo VelhoTestamento

  • 5/27/2018 201143496 Arqueologia Do Velho Testamento Merril F Unger

    Arqueologiado VelhoTestamento

    por

    MERRIL F. UNGER, ThD., PhD.,

    Professor de Velho Testamentono Seminrio Teolgico de Dallas

    Publ icado pela

    clmprcnsa Ualsla Hcaular LITERA TUR A EVA r^GELICA PARA O BRAS IL"

    Rua Kansas 77 0, Brooklin - 04 55 8 So Paulo SP.

    1980

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    Ttulo do original em inglsArcheology and the Old TestamentCopyright em 1954, porZondervan Publishing HouseGrand Rapids, Michigan, Estados Unidos

    Traduo - Yolanda M. KrievinPrimeira Edio, 1980

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS NA LNGUA PORTUGUESA

    IMPRENSA BATISTA REGULAR DO BRASIL

    Impresso nas oficinas daAssociao Religiosa

    Imprensa da F

    C.P. 18918 So Paulo - Brasil

    Publicado pela

    clniprcnsa Euislu Tubular' LITERATURA EVANGLICA PARA O BRASIL

    Rua Kansas 770, Brooklin 04558 So Paulo SP.

    1980

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    NDICE

    Pgina

    I. O Papel da Arqueologia no Estudo do Velho T es ta m en to ....................... 11. O Significado do Velho T esta m ento ..................................................... 22. Contribuies da Arqueologia ao Estudo do Velho

    T esta m en to ........................................................................................... 4

    II. Narrativas da Criao: Bblica e Babilnica................................................. 10

    1. A Descoberta das Tbuas da Criao..................................................... 102. Narrativa Babilnica da C ria o ............................................................. 113. Comparao das Narrativas Bblica e Babilnica ................................ 134. Explicao dos Paralelos Bb licos........................................................... 15

    III. Tradies Primitivas e Primrdios B b licos ................................................. 171. As Tradies Primitivas e a Queda........................................................... 172. As Modernas Escavaes e a Civilizao Primitiva ................................ 19

    IV. O Dilvio na Tradio Sumria e Bab ilnica............................................... 211. O Dilvio e a Lista dos Reis Sum rios................................................... 212. Narrativa Sumria do Dilvio................................................................... 223. Narrativa Babilnica do Dilvio ............................................................. 23

    V. Narrativas do Dilvio: Bblica e Babilnica ................................................. 271. Semelhanas................................................................................................ 272. As Dife renas............................................................................................. 333. A Explicao das Semelhanas................................................................ 34

    VI. O Rol das Naes e Povos Jafeti ta s............................................................... 371. Profecia da Histria Moral e Espiritualdas Naes............................... 372. As Naes Jafetitas ..................................................................................... 40

    VII. Os Camitas e o Imprio Prim itivo................................................................. 421. As Naes Camitas..................................................................................... 422. O Poder Imperial Camita........................................................................... 443. Outras Naes Cam ita s............................................................................. 46

    VIII. Os Semitas e os Construtores de Babel.......................................................... 491. As Naes Sem itas..................................................................................... 492. Os Construtores de B abel........................................................................ 51

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    IX. Abrao e Sua poca......................................................................................... 541. Abrao no Contexto da Histria Contempornea ................................ 542. Abrao em Har e em C an a ................................................................... 57

    X. A Historicidade dos Patr ia rcas...................................................................... 611. Opinio Crtica das Narrativas Patriarca is.............................................. 61

    2. As Narrativas Patriarcais e as Recentes DescobertasArqueolgicas.............................................................................................. 61

    XI. Estada de Israel no Egito................................................................................. 661. Evidncias da Estada de Israel no E g it o ................................................. 662. Moiss, O Libertador................................................................................ 68

    XII. A Data do x o d o ............................................................................................ 711. A Data B b lica ........................................................................................... 712. Objees Data B b li ca ........................................................................... 75

    XIII. Leis Mosaicas e Leis Orientais Antigas Paralelas......................................... 781. Leis Mosaicas e Outros C dig os.............................................................. 782. Leis Mosaicas e O Cdigo de H am ur bi................................................ 79

    XIV. Conquista dos Can aneus................................................................................. 811. Invaso de Cana........................................................................................ 812. A Data da C onquis ta ................................................................................ 823. A Extenso da C onquista ........................................................................ 84

    XV. A Religio dos Cananeus................................................................................ 851. Velhas e Novas Fontes de Conhecimento .............................................. 852. O Panteo Cananeu................................................................................... 863. Carter Geral dos Cultos C ananeus........................................................ 88

    XVI. O Perodo dos Ju izes....................................................................................... 901. Cronologia do Perodo .............................................................................. 902. Eventos do Perodo Fixados naCronologia............................................ 92

    XVII. Israel no Limiar da M onarquia ....................................................................... 95

    1. Contraste entre Israel e as Naes Adjacentes ..................................... 952. Vizinhos de Israel no Sculo XI A.C....................................................... 96

    XVIII. Saul e a M onarq uia ......................................................................................... 991. Prosperidade Inicial do R e in o ................................................................ 992. Fracasso de Saul como R e i ..................................................................... 101

    XIX. O Reino de D avi.............................................................................................. 1031. Atividades Primeiras de Davi como R e i ................................................ 1032. Inovaes Polticas e Religiosas de Dav i................................................ 106

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    XX. 0 Imprio de Salo m o.................................................................................. 1111. A Notvel Prosperidade da poca de Salom o ..................................... 1122. O Templo de Salomo ............................................................................. 116

    XXI. Israel e os A ram eus........................................................................................ 119

    1. Israel sob o Domnio de Jeroboo 1........................................................ 1192. Israel e a Ascenso do Poder A ram aic o .............................................. 1213. Israel e Ar em C onflit o ........................................................................ 122

    XXII. Israel e os Assrios........................................................................................... 1271. Israel e o Declnio de Damasco.............................................................. 1272. Israel e a Ascenso da Assria................................................................ 1293. Israel e o Triunfo da Assria................................................................... 131

    XXIII. Jud e o Apogeu da A ssr ia .......................................................................... 1331. Ezequias e a Campanha Ocidental de Sen aque ribe ............................ 1332. Ezequias e a Inscrio de Silo............................................................... 137

    XXIV. Os ltimos Anos de J u d ............................................................................. 1401. Declnio da Monarquia Hebraica............................................................. 1402. A Queda de Jerusal m ............................................................................. 144

    XXV. Jud no E x l io ................................................................................................ 1471. Nabucodonosor II e os Cativos Judeus ................................................... 1472. ltimos Acontecimentos no Imprio Neo-Babilnico........................ 151

    XXVI. Jud Sob o Dom nio P e r s a .......................................................................... 1541. A Prsia e a Restaurao de J u d ......................................................... 1542. Jud e o Fim do Perodo Velho-Testamentrio ................................. 158

    ndice das Citaes do Contedo ................................................................ 162

    ndice dos Nomes Prprios do C onte do................................................... 169

    Seo de Mapas, Esquemas e Ilustraes..................................................... 177

    oOo

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    AGRADECIMENTOS

    O autor tem um dbito de gratido para com muitos grupos e muitas pessoas, porsua ajuda em vrias formas, especialmente por terem dado permisso para que ele fizesse citaes de seus escritos que tinham direitos reservados, para que fizesse uso de fotografias e reproduzisse objetos de interesse arqueolgico. O Professor G. Ern est Wright, doSeminrio McCormick, de Chigago, Estados Unidos, prestou inestimvel assistncia, fornecendo grande nmero de recortes da revista O Arquelogo Bblico, e dando permisso

    pa ra o seu uso. O Sr. Lawrence Sinclair, tambm do Seminrio McCormick, selecionou

    aqueles recortes e os apresentou em condies de serem usados.

    O Sr. Jack Cochrane, do Seminrio Teolgico de Dallas, Estado do Texas, EstadosUnidos, executou os desenhos espalhados por todo o livro, e desenhou tambm os ma

    pas e plan tas, e alm disso idea liz ou a capa. A Sra . Hen erson Fox, de Dallas, da tilografouo manuscrito original.

    A srta. Jessie Abbott, secretria de informaes do Instituto Oriental da Universidade de Chicago, Estados Unidos, providenciou grande nmero de fotografias do Instituto, para que fossem usadas. O Sr. Ray Claveland, do Seminrio Oriental da Universidade John Hopkins, substituindo o Professor W. F. Albright, forneceu vrias fotografiasdo Bulletin of the American Schools of Oriental Research. A Srta. Carolina Gordon Dos-ker, registradora assistente encarregada das fotografias, no Museu da Universidade de

    Pensilvnia, ps disposio, com perm isso do Museu, vrias fotog rafias. O Sr. WalterHauser, curador do Museu Metropolitano de Arte, tambm deu assistncia com sbiosconselhos.

    O Professor John Garstang, presidente do Instituto Britnico de Arqueologia deAncara (Turquia), permitiu graciosamente a reproduo de figuras e de placas de TheStory of Jericho. O Sr. Andr Parrot, de Paris, Frana, o Sr. Nelson Glueck, presidentedo Colgio Hebraico Unio, em Charleston, Estado da Virgnia Oriental, Estados Unidos, o Professor Ern est L achem an, do Colgio Wellesley, e o Sr. E. G. How land, de Troy ,Ohio, Estados Unidos, tambm permitiram o uso de recortes e fotografias, bem como oMuseu Britnico, a Academia Britnica e os procuradores do falecido Sir Henry Wellcome.

    Permisso para fazer breves citaes de material com direitos reservados, foi outorgada pela Imprensa da Universidade de Chicago, pela Escola Americana de PesquisaOriental, pelos filhos de Charles Scribner, por Ventor Publishers, por Harper e Irmos,pe la Im prensa Jo hn Hopkins , pe la Im prensa da Un iversidade de Prince to n, pe la Im prensaMuehlenberg, pela Companhia Impressora e Publicadora do Pacfico, pela Casa do LivroBaker, e outros.

    A todos os que ajudaram , de alguma forma, a torn ar possvel Arqueologia doVelho Testamento, especialmente casa publicadora que editou a primeira tiragem'emingls, Zondervan Publishing House, sediada em Grand Rapids, o autor profundamenteagradecido.

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    Captulo I

    O PAPEL DA ARQUEOLOGIA

    NO ESTUDO DO VELHO TESTAMENTO

    A arqueologia geral, como cincia baseada na escavao, decifrao e avaliaocrtica dos registros do passado, assunto perenemente fascinante. De maior interesse ainda ocampo mais restrito da arqueologia bblica. Lidando com a escavao, decifrao e avaliao cr-tica de registros antigos que tm a ver direta ou indiretamente com a Bblia e sua mensagem, aarqueologia bblica tem atrado a ateno cada vez mais de maior nmero de investigadores entu-sisticos, estudiosos e leitores da Bblia em geral.

    A razo para o crescente entusiasmo pela arqueologia bblica, no difcil de serencontrada. Reside na suprema importncia da mensagem e significado da Bblia em si mesma.

    As Escrituras, em virtude do carter que tm, como a revelao inspirada de Deus ao homem,satisfazendo as mais prementes necessidades humanas, hoje, como no passado, alcanaram, inevi-tavelmente, uma posio de supremacia nos interesses e nas afeies da humanidade. Nenhum ou-tro livro se pode comparar aos Escritos Sagrados 110 chamar a ateno do homem, ou em minis-trar s suas necessidades.

    A arqueologia bblica, lanando luz sobre o panorama histrico e a vida contem-pornea da poca em que as Escritura Sagradas foram produzidas, bem como iluminando e ilus-trando as suas pginas com as suas verdadeiramente notveis descobertas, necessariamente deve mui-to ao interesse que a ela se presta, sua conexo com a Bblia. De fato, uma forma segura de fi-

    car famoso como arquelogo, fazer alguma descoberta que sirva de apoio significativo para estu-dos bblicos.

    Nenhum campo de pesquisa tem oferecido maiores desafios e promessas do que aarqueologia velhotestamentria. At o comeo do sculo dezenove, muito pouco era conhecidoa respeito dos tempos bblicos, exceto o que aparecia nas pginas das prprias Escrituras, ou o que, casualmente, fora preservado nos escritos da antiguidade clssica Esse material era consi-dervel em relao era neotestamentria, mas praticamente nulo no que concernia ao Velho Tes-tamento, visto que os historiadores gregos e latinos haviam catalogado muito poucas informaes de pocas anteriores ao quinto sculo A. C. Conseqentemente, o que se sabia a respeito do pe-

    rodo velhotestamentrio era confinado prpria Bblia, e ainda isso, segundo o ponto de vista da histria secular contempornea, era bem esparso. O resultado era que, antes do advento daarqueologia moderna, praticamente no havia nada disponvel para ilustrar a histria e a literatu-ra do Velho Testamento.

    Podese imaginar o fervor suscitado entre os estudantes srios da Bblia, pelas ilujninadoras descobertas feitas nas terras bblicas, especialmente desde o ano 1800 at agora. Podese di-zer que a arqueologia moderna teve o seu incio em 1798, quando as ricas antiguidades do Valedo NUo foram abertas para estudo cientfico pela Expedio de Napoleo. Os tesouros da Ass-ria e da Babilnia, todavia, no foram descobertos at pouco antes da metade do sculo XIX, como

    resultado do trabalho de Paul Emile Botta, Austin Henry Layard, Henry C. Rawlinson e outros. Com a decifrao da Pedra da Rosetta, que revelou os hierglifos gpcios, e a decifrao da Ins

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    crio de Behistun, que forneceu a chave para a compreenso dos caracteres cuneiformes assi-rio-babnicos, foi liberada abundante cpia de material concernente ao Velho Testamento.A descoberta da Pedra Moabita, em 1868, criou verdadeira sensao, devido sua ntimarelao com a histria do Velho Testamento, excitando interesse generalizado pelas escavaes

    palestinas.

    No entanto , a maior parte das notveis descobertas que tinham conexo com aBblia, e particularmente o Velho Testamento, no foram feitas at mais ou menos meio sculo

    atrs. Achados tais como o Cdigo de Hamurbi (1901), o Papiro Elefantino (1903), os monumentos hititas em Bogazqueui (1906), o tmulo de Tutankhamun (1922), o Sarcfago de Abuode Biblos (1923). os tex tos de Ras Shamra (1929-1937), as Cartas de Mari, o straco de Laquis(1935-1938) e os Rolos do Mar Morto (1947), so famosos, em grande parte, devido sua ntima conexo com a literatura e a histria do Velho Testamento. Sendo isto verdade, algum pode perguntar: o que que h no carter e no significado do Velho Testamento, que assegurou asua preservao atravs dos sculos, e o entesourou no corao da humanidade com interessecom que comunicado pessoa ou cousa, que serve de ajuda para expor e aclarar a sua mensagem

    perpetuamente atualizada e to necessria para a humanidade?

    I. O SIGNIFICADO DO VELHO TESTAMENTO

    O que o Velho Testamento, e o que ele realiza no seu ministrio para com a humanidade, o segredo do seu permanente interesse. Mui freqentemente, o erudito e o arquelogo profissional focalizam a sua ateno de maneira to absorvente sobre os fundamentos e a estrutura do Velho Testamento, e se ocupam to detalhadamente em examinar, individualmente, aspedras que compem a sua construo, que perdem de vista ou falham completamen te em v-locomo um todo, e como o magnificente templo da verdade espiritual que ele .

    Embora o estudo de alguns eruditos bblicos esteja por detrs ao invs de estarno Velho Testamento (e a importncia e a necessidade de tal pesquisa no pode ser negada por ummomento sequer), esse tipo de investigao, que coloca o significado e a mensagem do Vellio Tes

    tamento na periferia ou completamente Tora do crculo de interesse, sempre sujeito a perigos.Freqentemente, muito desvinculado da mensagem do Velho Testamento, e se torna, em simesmo, um objetivo estril. Ainda mais freqen temente, devido falha em ver a natureza do VellioTestamento como uma unidade, fatos e descohertas trazidos luz pelo investigador, so anali-zados e interpretados erradamente, e usados como base para crticas destrutivas.

    A combinao ideal ser sempre o investigador cuidadoso, bem informado tcnica e cientificamente, que tenha lambem opinio adequada a respeito do significado do Velho Testamento para o Israel de outrora, para a Igreja Crist e para a humanidade em geral. Na verdade, a

    arqueologia s pode prestar a sua melhor contribuio ao estudo do Velho Testamento, medidaem que o estudante comum, bem como o tcnico ou erudito, tiverem em mente, de maneira clara,o que o Velho Testamento.

    1. O Velho Testamento a Revelao Inspirada de Deus ao Hom em.nho claro do Novo Testamento em relao ao Vellio, de que todo ele inspirado ou dadopor Deus e ti l (II Tim teo 3:16), e que veio a existir no por vontade humana, mas ao escrev-lo, homens falaram da parte de Deus movidos pelo Esprito Santo" (11 Pedro 1: 21). Umaexegese cuidadosa dessas passagens-chaves do Novo Testamento, revela que elas no ensinam ape-

    | nas que a inspirao se estende igualmente a todas as partes das Santas Escrituras, mas que incutambm cada palavra. Esta opinio verbal plenria quase universalmente negada pelos crticoshodiernos, a despeito das claras afirmaes da Bblia.

    Co ntudo , por toda a parte, no Velho Testam ento, h abundantes evidncias que confirmam as declaraes do Novo. de que as antigas Escrituras Hebraicas tiveram origem divina, foraminspiradas verbalmente in totum ,e so a revelao de Deus ao homem. Os escritores sagrados foram

    profe tas no sentido mais en ftico da palavra. Receberam a palavra divina diretam ente de Deus c afalaram ao povo. Vezes seguidas antecedem as suas mensagens com expresses autoritrias como:Assim diz o Senhor (xodo 4: 22) ou Ouvi a palavra do Senhor" ((saias 1: 10). Freqente

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    mente era-lhes orde nado que escrevessem os seus orculos (xodo 17: 14; 24: 4,7 ; Jeremias30: 1, 2). Profetas como Isaas. Jeremias e Daniel, que falaram de acontecimentos futuros, tiveramas suas previses auten ticadas pelo temp o.

    Prova corolria de que o Velho Testamento a revelao inspirada de Deus aohomem, a sua preservao miraculosa atravs dos sculos. Este fato singular entre os fatos arespeito de livros em geral. Evidentemente, entre uma literatura substancial de alta qualidade, naqual h ecos da antiguidade Israelita (Josu 10: 13; Nmeros 21: 14; Eclesiastes 12: 12), foi feita

    uma seleo, ao se confrontarem escritos humanos com documentos inspirados. Todas essas obrasisraelitas antigas pereceram, exceto os orculos inspirados, que foram miraculosamente preservados do fogo, da espada, e das vicissitudes dos sculos.

    Obras posteriores de grande qualidade , mas no inspiradas, sobreviveram em escritos agora conhecidos como os Apcrifos e os Pseudo-epgrafos. Divina interposio foi manifestada, no apenas na preservao dos orculos divinos da destruio, mas tambm da contaminaoda incluso de escritos no inspirados no cnon judeu-cristo.

    No enta nto , o Velho Testamento no apenas um livro divino. , da mesmaforma, um livro humano, pois, como todas as Escrituras, foi dado pelo Esprito Santo por instru-mentalidade humana, a homens como eles eram. e onde quer que estivessem. Sendo o Ivtode Deuspara o hom em , satisfaz as mais profundas necessidades da alma humana, e como tal, possui as qualidades de universalidade e onitemporalidade. Contudo, a falha em apreciar os aspectos divino-hu-inanos da Bblia tem resultado, muitas vezes, no fato de ser focalizada, erradamente, a luz valiosalunada sobre as suas pginas pela histria e a arqueologia, de forma que os dados histricos e arqueolgicos tm sido mal interpre tados e mal aplicados.

    2, O Velho Testamento a Introduo Indispensvel Revelao do Novo Tes-tamento. Embora consistindo de dois testam entos e sessenta e seis livros, a Bblia um s livro.Os dois testam entos no quebram a sua unidade mais do que os sessenta e seis livros diferentes dosq u a i s ela composta. O Velho Testamento parte essencial e inseparvel da Bblia. o alicercesobre o qual toda a estrutura das verdades do Novo Testamento erguida. a preparao paratudo o que revelado no Novo Testamento. a introduo provida pelo Judasmo, para a com

    pleta c final revelao do Cristianismo.

    Sem o Velho Testamento, no seria possvel haver Novo Testamento. Sem Eleo Novo Testamento no teria significado. Um a complementao do outro. Separar os dois emanej-los como unidades isoladas e desconexas, resultaria em dano irreparvel, no apenas religioso, mas histrico e arqueologicamente tambm. Religiosamente, um sistema como o Judasmo tem sido perpetu ado pelo erro de rejeitar o Novo Tes tamento . Histrica e arquelogicamente, alulhu em compreender o relacionamento exato do Velho Testamento com a Bblia como um todo,i u causa prolfica de srias interpretaes e aplicaes erradas de descobertas histricas e arqueolgicas.

    3. O Velho Testamento uma Histria Altam en te Especializada da RedenoHumana. Embora contenham todos os tipos de literatura com ensinos e caracteres diversos, as Es-t muras Hebraicas so. em grande parte, classificadas com umente como histria. Porm, essasnurfies chamadas histricas no so histria, na acepo geralmente aceita da palavra, como oregistro sistemtico de acontecimentos passados. Devem ser definidas amplamente como a his-lnu iiltumentc especializada da redeno humana. Num sentido mais elevado, elas so, mais preci-niiwntu, uma filosofia da histria, interpretando os eventos seletivos na Histria da redeno, dopou to de vista da Linha genealgica prometida, atravs da qual deveria vir o Messias, e mais tarde,Io ponto de vista da relao da nao de Israel com Jeov e o seu programa de redeno para oinundo.

    Co ntudo, as pores histricas do Velho Testam ento so mais do que umalilfttrtu especializada du redeno, ou do que uma filosofia daquela histria. histria redentoramrudMlu com profecia. Embora haja, sem dvida, pores profticas distintas nas Escrituras Ho-limlcuit, i-ni contraste com us seces histricas, a profecia, em seu importante elemento de pre-

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    dies messinicas atravs de promessas, tipos e smbolos, est ligada to intimamente tessiturada histria da redeno apresentada peio Velho Testamento, que impossvel separ-la daquelahistria. Falha em compreender o Velho Testamento em seu preciso carter, como histria centralizada no Messias, ligada a profecia centralizada tambm no Messias, e falha em compreendero seu propsito impar, de preparar o caminho para a vinda do Redentor, tem levado muitos cr-cicos a aplicar erradamente as descobertas arqueolgicas, e a depreciar o valor histrico do VelhoTestamento.

    II. CONTRIBUIES DA ARQUEOLOGIA AO ESTUDO DO VELHO TESTAMENTO

    A arqueologia, nas mos do estudioso da Bblia, pode ser de grande utilidade, oumotivo de abuso. O resultado ser determinado, em grande parte, pela atitude do investigadorcom respeito ao significado do Velho Testamento em si. Se ele for somente um tcnico cientfico, despido de equipamento espiritual, e rejeitar os aspectos que fazem da Bblia um livro divino--humano, aceitando apenas as caractersticas humanas, os dados arqueolgicos, nas suas mos, esto em constante perigo de ser mal interpretados e usados como base de teorias errneas, quandoele tentar aplic-las ao Velho Testamento. Se, por outro lado, como tcnico cientfico, o investigador tem uma compreenso do significado espiritual e est de acordo com a mensagem do

    Velho Testamento, aplicao que ele fizer das descobertas arqueolgicas prestar enorme benefcio ilustrao e elucidao dos orculos antigos para um mundo moderno. Legitimamente manuseada, as contribuies que a arqueologia est fazendo ao estudo do Velho Testam ento sovastas e de longo alcance.

    1. A Arqueologia Autentica a Bblia. O estudo dos despojos matedo remoto muitas vezes til para provar que a Bblia verdadeira e exata. Mui freqentemente o emprego apologtico dos dados arqueolgicos necessrio, especialmente ao lidar-se como ceticismo raciona lista e a alta crtica. Contudo, um erro consider-lo com o a utilidade maior daarqueologia, ou, para o estudioso, torn-lo o objetivo principal da sua pesquisa. A natureza subordinada do ministrio da arqueologia na autenticao da Bblia, provar-se- em virtude de vrias

    consideraes.

    Em primeiro lugar, a Bblia, quando julgada com sinceridade, no necessita deser provada pela arqueologia, pela geologia, ou por qualquer o utra cincia. Sendo a revelaode Deus para o hom em, a sua prpria mensagem e significao, as suas prprias declaraes de inspirao e de evidncia interna, os prprios frutos e resu ltados que ela produz na vida da human idade ,so as suas melhores provas de autenticidade. Ela dem onstra , po r si prpria, ser o que declara ser,para aqueles que crem na sua mensagem. Visto que Deus determinou a realizao da vida espiritual a percepo da verdade espiritual, na base da f e no do que vemos (11 Corntios 5 :7 ;Hebreus 11:6), seja qual for a contribuio que a arqueologia ou outra cincia qualquer faa para corroborar a veracidade da Bblia, nunca isso pder tomar o lugar da f. A autenticao cient

    fica pode atuar como uma ajuda para a f, mas Deus fez tudo de forma qu e a simples f (que Oglorifica) ser sempre necessria nas nossas relaes para com Ele ou para com a Sua verdade revelada.

    Por esta razo, muitos eruditos desprovidos de f ainda rejeitam o significado e amensagem revelada do Velho Testam ento , a despeito de inmeros fatos arqueolgicos que provama sua autenticidade. Pela mesma razo, totalmente insensato algum procrastinar a sua f na Bblia at que to dos os problemas que ela contm sejam resolvidos. to impossvel que Deus cessede agir para com o homem na base da f como possvel que a arqueologia ou outra cincia qualquer resolva jamai* todo s os problem as bblicos. Ao lidar com a Bblia, a f to essencial ao eru dito, se ele desejar interpretar c avaliar os resultados da sua pesquisa correntemente, como ao

    selvagem analfabeto, se ele desejar encontrar regenerao espiritual airavs da Palavra de Deuspregada pelo missionrio.

    O papel da arqueologia, de confirmar a Bblia corretamente, secundrio, vistoque os benefcios espirituais da verdade bblica no podem ser apropriados pelo mero conheci-

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    monto e pela provai externas de veracidade, mas sobre a base da f nas suas declaraes internasc iiu evidcnciu que da apresenta de ser a Palavra de Deus. No obstante, a arqueologia, ao confirmar n Bblia, tem desempenhado uma importante funo desferindo um golpe fatal nas teoriasikIicuik da alta crtica, que tm infestado especialmente o estudo do Velho Testamento.

    Antes do progresso que a pesquisa experimentou nas tenas bblicas, especialmente nestes ltimos cincoenta anos, uma quantidade muito grande de absurdos que, subseqen-lim en te , foram provados pela arqueologia como ilgicos, foram escritos por eruditos que con-mderuvam a Bblia como lenda, mito, ou quando muito, estria que no era digna de crdito.Agindo como um corretivo e como expurgadora, a arqueologia fez em pedaos muitas dessastrorius errneas e suposies falsas que costumavam desfilar nos crculos escolsticos como falo* estabelecidos. A alta crtica no pode mais, por exemplo, negar o fato de que Moiss podiao&crcver ou considerar os patriarcas como simples figuras legendrias. A arqueologia demonstroun lulsidade destas duas e de numerosas outras controvrsias. Evidncia meridiana agora conheci-ilu, dc que Abrao, Isaque e Jac foram personagens histricas, como o Gnesis os descreve. Quan-10 u Moiss, pode ser que ele tenha escrito docum entos no apenas em hierglifos egpcios, como a11 in residncia no Egito nos primeiros anos da sua vida fazem presumir, mas tambm em Acdio,< nino as Cartas de Am ama, do sculo XIV A. C. o demonstram, e ainda em hebraico arcaicotambm como o prova a descoberta da litera tura ugartica, em Ras Shamra, ao norte da Sria 19291037).

    Com respeito autenticao da Bblia, tal confirmao pode ser geral ou espe- ticn. Exemplos de confirmao geral so inumerveis. Por exem plo, escavaes em Silo, Gibe.Mcgido, Samaria e outros lugares palestinianos, tm corroborado plenamente as citaes bblicasdessas cidades. Casos de confirmao especfica, embora sejam, como era de se esperar, menosnumerosos dos de confirmao geral, so, no entanto, mais impressionantes.

    O caso de Belsazar, ltimo rei de Babilnia, caracterstico. Por muito tempo otnlo dc o Livro de Daniel apresentar Belsazar como rei poca da queda dc Babilnia (Daniel 5),cm vez de Nabonido, como indicam os registros cuneiform es, era considerado uma forte evidn

    cia contra a historicidade dos registros sagrados. A soluo desta pseudo-discrepncia ficou patente quando foram desenterradas evidncias indicando no apenas a associao de Belsazar comNnbonido no trono, mas dem onstrando tambm que durante a ltim a parte do seu reinado, esteruxidiu na Arbia, e deixou a direo do reino da Babilnia nas mos do seu filho mais velho,llclsazar.

    Semelhante ao caso de Belsazar em Daniel 5, o que parecia uma refernciacnigintica a um certo Sargo, rei da Assria, em Isaas 20: 1. Antes do advento da modernaurqueologia, com a sua notvel reconstituio da civilizao da antiga Babilnia-As&ria, que estava sepultada sob as colinas de escombros arqueolgicos das cidades mesopotmicas,onomede Sar-H*o no havia ocorrido em nenhum a fonte de referncias, exceto nesta nica passagem de Isaas.

    Cumo resultado, a referncia bblica era considerada, em geral, como completamente desprovida devulor histrico.

    A descoberta do palcio de Sargo, em Corsabade (Dur-Sharrukin ou Sargombur-K) em 1843, por Paul Emile Bo tta, e ulter iores exploraes do local em anos mais recen tes,

    pelo In sti tu to Oriental da Universidade de Chicago, mudaram o quad ro completam en te. Com areconstituio do palcio, dos anais reais e outros registros do reino de Sargo (722-70S A. C.),hoje ele um dos mais bem conhecidos monarcas assrios, particularmente como o rei que finalmente invadiu Samaria em 722-721 A. C., depois dc um assdio de trs anos levado a efeito porSalmaneser V, resultando assim na queda ao Reino do Norte, de Israel. (Veja quadro nV 1.)

    Outro exemplo de confirmao minuciosa e extraordinria dos registros sagrados, encontrado em cerca de trezentas tbuas (NOTA DO TRAD UTOR : Tbuas de barro mole emt|Uo se imprimiam os carac teres cuneiformes, aps o que eram levadas ao forno.) desenterradasporto da Porta de Istar. na Babilnia de Nabucodonosor II, datadas de S9S a S70 A. C. Nas listasde raes pagas a artfices e cativos que viviam na capital ou perto dela, naquele tempo, ocorre o

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    nome de Yaukin, rei da terra de Yahud - que no pode ser outro seno Jcoaquim. rei de Jud(II Reis 25: 27-30), que fora levado cativo para a Babilnia, depois da primeira conquista de Jerusalm, efetuada por Nabucodonosor. Fora tirado do confinamento celular pelo sucessor de Na-bucodonosor. Evil Merodaque. e agraciado com um suprimento dirio de alimentos, por todos osdias da sua vida. Os cinco filhos de Yaukin so mencionados trs vezes nas placas, sendo ditoque estavam sob os cuidados de um servente que tinha o nome judaico de Quenaas. Sem dvida,vrios ou todos esses filhos viveram o bastante para ser includos na lista dos sete filhos de Jeoa-quim, dada em I Crnicas 3 :1 7 ,1 8 .

    2. A Arqueologia Ilustra e Explica a Bblia.Fazer as Escrituras Sagradaspletam ente inteligveis para a mente humana, sem dvida a funo real da arqueologia. Do ponto de vista divino, no entanto, a Bblia, sendo revelao de Deus, no precisa de Luz arqueolgica para se tornar compreensvel e espiritualmente essencial, como tambm no precisa provar--sc como autntica ou verdadeira. Multides foram espiritualmente regeneradas e se apropriaram

    plenamente dos tesouros de sabedoria divina contidos nas Escrituras, muito antes do adventoda arqueologia moderna. Contudo, devemos lembrar que a Bblia no apenas um livro divino, mastambm um livro humano.

    Como produto da revelao de Deus comunicada ao homem atravs de homens,do ponto de vista humano, a Bblia pode ser feita mais plenamente compreensvel como resultado

    da luz que jorra obre ela provinda de fontes externas - sejam elas a histria antiga, a arqueologia moderna, ou qualquer outro ramo do saber. E qualquer pessoa que desejar compreender a Bblia tanto quanto possvel, no tem direito de negligenciar a luz que pode ser obtida de fontesextra-bblicas. Como, bem a propsito, observa W. F. Albright: s ento que comeamos aapreciar a sua grandeza como a revelao inspirada do Esprito Eierno do universo. 1

    Exemplos da ilustrao e da explanao arqueolgica do Velho Testamento soassaz numerosos, e esto aumentando constantemente em nmero, medida que so feitas novasdescobertas arqueolgicas. Um caso peculiar a longevidade dos patriarcas antidiluvianos, registrada em Gnesis 5. Tem sido costumeiro o fato dos crticos tratarem esse trecho da narrativabblica como obviamente lendrio ou mitolgico de acordo com o alegado carter fictcio dos

    captulos I a 11 de Gnesis.

    O problema em foco, no entanto, encarado em luz completamente diferente,quando se fica sabendo que a grande durao para a vida das celebridades antidiluvianas, reveladapela arqueologia como assunto familiar nas tradies remotas do Oriente Prximo. O que mesmosurpreendente, que a longevidade atribuda aos patriarcas anteriores ao dilvio na Bblia He

    braica excessivamente modesta em comparao com a dos reis babilnicos do mesmo perodo,que reinavam em cidades da antiguidade remota tais como Eridu, Laraque.Sipar eChurup aque.e cujo perodo de reinado mdio era de trin ta mil a quaren ta e cinco mil anos. Em contraste, o maisvelho descendente da linhagem de Sete, Matusalm, viveu apenas 969 anos, e a durao mdiada vida, contando-se Enoque, que foi transladado sem ter morrido, com a idade de 365 anos. foi

    de pouco mais de 857 anos.No h razo decisiva para crer que as representaes das Escrituras no sejam ver

    dades literais.Aquele. . . que ficar muito impressionado com a excelncia do estado original

    do homem, no ter dificuldades para aceitar a explicao comum de que, mesmo sob amaidio do pecado, a constituio fsica do hom em dispunha de tal vitalidade, que a

    pr incpio no se subm eteu ao deletria do tempo antes que se passassem muitos s-culos. Alm disso - fa to estabelecido p or descobertas fsseis h amplas indicaesde um clima mais salubre nos dias antidiluvianos. Tambm no devemos esquecer que os antidiluvianos eram a raa dos filhos de Deus que viviam racionalmente e com tempe-rana. 2

    O valor da evidncia arqueolgica, no caso da longevidade original, nconcluso de que os hebraicos transmitiram com mais preciso do que os babilnicos, as tradiesprimitivas a respeito da raa original da qual ambos os povos eram descendentes. No h razo vlida para que agissem assim. A manifesta seriedade do registro hebraico uma indicao da sua

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    mitpiruo como verdade divina. As listas bubilnicas so esclarecedoras, pois representam uma tradio independente c conflrmante, embora grandemente exagerada, do que aparece em Gnesis 5como fato histrico autntico dado por divina revelao.

    Outro exemplo de elucidao dado pela referncia a um tel ou outeiro(tel cm hebraico) em Josu 11: 13:

    "To somente no queimaram os israelitas as cidades que estavam sobre os ou teiros. exceto a Hazor, a qual Josu queimou1. A prpria palavra te l, hoje empregada to amplamente em nomes rabes de lugares no Oriente Prximo e Mdio, e no Egito, a usada aqui e tra-dii/.lda como outeiro. Exemplos de lugares com esse nome so numerosos. Na Palestina, porexemplo, ocorrem Tel en Nosb, Tel el Fui (Gibe), et Tel (Ai), Tel Gezer, Tel ed Duweir (La-quis), e outros. No Egito ocorre a conhecida Tel el Amama. Na Mesopotmia so encontradosTel Abib, Tel Mel, Tel Arpachia, e numerosos outros.

    Alm disso, a referncia correta s cidades cananitas que estavam sobre os outeiro" tem adquirido nova significao devido descoberta do processo pelo qual o antigo tel eratonnado. (Veja quadro n 2)

    Quando um lugar tem sido ocupado por muitos sculos, os despojos dos perodossucessivos da sua ocupao se acumulam uns sobre os outros de maneira tal que surge um gigantesco bolo de camadas. 3 A escavao estratigrfica, que a base da moderna escavao cientifica, significa a escavao de tal manera que os nveis ocupacionais superpostos se conservem distintos. Os despojos encontrados em cada camada, particularmente, precisam ser registrados exata emeticulosamente, de forma que um estudo comparativo com nveis similares em outros lugares,proporcionar localizao cronolgica correta, e concluses exatas.

    A edificao dos vrios nveis ocupacionais no foi simplesmente uma questo deucumulao gradual de escombros. Isto foi um dos fatores, mas um desastre como, por exemplo. a guerra, um terrem oto, ou fogo, era tambm necessrio. Estas catstrofes destruam a cidade, equando ela era reconstruda, os novos ocupantes simplesmente nivelavam os escombros e cons

    truam sobre ele. Dessa forma, o nvel do solo da nova cidade era vrios decmetros mais elevadodo que o da antiga, e os despojos da primeira jaziam sobre a segunda. Este processo continuou arepetir-se at que numerosos estratos se formaram, e o '"tel gradualmente se foi elevando, e a suarea se tomou menor.

    Depois do abandono fnal do lugar, se esse era abandonado finalmente, os ventosc as chuvas de muitos anos nivelavam o cume e promoviam a eroso das duas bordas, excetoonde o processo era confinado por um muro de cidade. Por isto, a forma comum de um outeiro ;i de um cone truncado, e quase todos os lugares importantes nas terras bblicas tm essa formacaracterstica. Contudo, a escavao estratigrfica no apenas de descobrir camada sob camadade histria ocupacional. O escavador freqentemente levado a enfrentar o problema da intru

    so de objetos de um nvel no outro, seja para baixo, para um nvel anterior, ou para cima, para umnvel posterior. A regra que precisamos ter sempre em mente, lembra Cyrus Gordon que umaundorinha s no faz vero e que o fato de um objeto isolado ser encontrado em certo nvel significa pouco ou nada, em si mesmo. Inferncias de objetos individuais precisam ser feitas com amaior cautela, e apenas quando muitos fatos coiroboram-se uns aos outros, podemos justificarmo--nos em tira r concluses do seu con tex to .1*

    3. A Arqueologia Sup lementa a Bblia. Visto que os autores humanoveram as Escrituras sob inspirao divina no estavam interessados na histria, geografia, etnologiahumanas, ou outros campos do conhecimento humano, exceto incidentalmente, quando por acasotinham algo que ver com a histria da redeno, era natural que do ponto de vista de um erudito

    moderno houvesse, no Velho Testamento, grandes lacunas nesses ramos a saber. Contudo, do ponto de vista divino, concernente compreenso da mensagem divina, no houve necessidade de conhecimento suplementar dessas matrias ou outras relacionadas. Mas do ponto de vista humano,a luz que estas esferas de pesquisa propiciam, de valor incalculvel para se estender os horizontesbfblicos, increm entando o conhecimento do meio am biente em que a Bblia fo i escrita, e permi

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    tindo compreenso mais ampla da mensagem e do significado do Velho Testamento.

    Exemplo interessante de suplementao, a destruio de Silo, primeiro santurio de Israel na Palestina, onde o Tabernculo foi estabelecido. e a arca do Senhor foi tomada durante olongo periodo dos Juizes. A queda da cidade no narrada em parte alguma da Bblia, embora Jeremias se refira ao lugar como tendo sido destrudo (Jeremias 7: 12-15; 26: 6,7). Escavaesfeitas pela Expedio Dinamarquesa descobriram cermica e outras evidncias, demonstrando queessa destruio ocorreu por volta de 1050 A. C., possivelmente pelas mos dos filisteus. Na era dos

    cntaros de argolas ricamente bordejados, tipo de loua caracterstica de toda a Palestina centralno duodcim o e no comeo do undcimo sculos antes de Cristo, houve um extensivo nvel ocupa-cional em Silo. Este teve fim antes da introduo de um novo estilo de jarro de argolas, caracterstico do perodo depois da metade do sculo onze A. C., enco ntrado em Gibe de Saul e depsitoscontemporneos cm Betei. Os escavadores descobriram tambm evidncia de uma conflagrao.

    E clara a concluso de que Silo deve ter sido destruda pelos filisteus depois dabatalha de Ebenzer, ou um pouco depois, por volta de 1050 A. C., visto que o Tabernculo foi,depois disso, mudado para Nobe, e mais tarde , para Quiriate-Jearim. A referncia de Jeremias destruio de Silo, mais de quatro sculos e meio depois do acontecimento, perde qualquer motivo para estranheza, luz do fato que Silo era considerado pelos israelitas como o seu grande pon

    to focal inter-tribal, no longo perodo antes da sua queda (Juizes 21: 19; I Samuel 1: 3). A suadestruio, apresentava uma especial advertncia divina, cuja solenidade os sculos no poderiamapagar.

    Outras naes do antigo Un entc Proximo tinham os seus grandes santuarioscentrais, aos quais eram realizadas peregrinaes. Nipur era a Meca religiosa da Babilnia, c N-nive o era na Assria, durante o terceiro quartel do segundo milnio A. C. Os templos de Sinem Har, e de Belit-ecli em Qatna, so revelados pelas Cartas de Mari como lugares de grandeafluncia religiosa no dcimo-oitavo sculo A. C. O templo de Baaltis, em Gebal (Biblus), recebiaofertas votivas do longnquo Egito, durante todo o segundo milnio A. C. A imagem cultuada deAser, deusa tiria, era distribuda abundantemente cm forma de amuleto, no perodo de 1500 a1200 A. C. Silo, em Israel, modesto e despretencioso em comparao com os grandes santurios

    pagos, era, no obstan te , distintivo como ponto de concentrao religiosa das tribos israelitas,que possuam o conhecimento do nico Deus verdadeiro.

    Semelhante ao exemplo de Silo, a importante cidade fortificada de Bete-Se,que comandava a entrada oriental para a plancie de Esdrelon, e guardava a estrada para a Sria e a Transjordnia, oferece outro exemplo da capacidade da arqueologia para suplementar anarrativa bblica, suprindo detalhes elucidativos que o registro sagrado passa por alto. Escavaesfeitas na antiga cidadela, revelam que ela foi destruda no muito depois de Silo. Visto que aparece em conexo com a morte e o ignominioso tratamento dispensado ao Rei Saul (1 Samuel 31:10,12; II Samuel 21: 12), a sua destruio foi, certamente, obra de Davi, como vingana contra acidade pelo ultraje feito ao seu antecessor.

    A elucidao do Velho Testamento, todavia, no de forma alguma confinadaaos primeiros perodos da histria hebria. A arqueologia fez jorrar, igualmente, muita luz sobreperod os posteriores. Por exem plo, registros contem porneos da Assria do nono e oitavo sculos A. C., preenchem muitas lacunas das narrativas histricas hebraicas, e enriquecem grandemente o nosso conhecimento de reis israelitas como Acabe e Je. O primeiro, chamado cm assrio

    Ahabu , aparece proem inentemente na Inscrio Monoltica do grande conquistador assrioSalmaneser III (858-824 A. C.), como um dos importantes membros de uma aliana militarque forneceu duas mil carruagens e dez mil soldados para resistir ao avano assrio em Carcar,sobre o rio Orontes, era 853 A. C. Je, o usurpador e cruel exterminador da casa de Onri, realmente aparece no Obelisco Negro que Austen Layard encontrou em 1846, no palcio de Salmaneser II, em Ninrode. Je mostrado de joelhos diante do monarca assrio, e as seguintes palavrasacompanham o desenho: Tributo de laua (Je) filho de Onri (.mar Humri). Prata, ouro. . . ,chumbo, cetros para a mo do rei. lanas, eu recebi dele.5

    O aparecim ento do nome de Onri nos registros assrios em conexo cono entrou na cena histrica at mais de um sculo depois da morte do fun dador da importante

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    tlinuHli onrltu, cm Israel, Ilustra a reputao poltica que Onri ganhou, pelo menos entre os ass-ilox, cousa quo . som dvida, desprezada intencionalmente no Velho Testam ento , devido nega-Iiva influncia religiosa do rei (cf. I Reis 16: 23-28; Miquias 6: 16). A Pedra Moabita, erigidapolo Rei Mesa de Moabe ( II Reis 3: 4) cerca de 830 A. C., e descoberta em 1868, confirm a damesma forma o fato de que Onri desfrutou de grande prestgio poltico. O prprio testemunho dorcl Moube a este fato , dado a seguir: Quanto a Onri, rei de Israel, ele bumilhou a Moabe muitosiinos (literalmente, dias)" e ocupou a terra de Medeba, e (Israel) hab itou ali, no seu tempo, e na

    metade do tempo de seu filho (Acabe). .. M6Alm de Pedra Moabita, o straco de Laquis tambm d e grande importncia

    nnlrc as inscries palestinas. Descobertas em 1935 e 1938, nas runas da ltima ocupao israelita do Tel-ed-Duweir (Laquis), ao sul da Palestina, essas vinte e uma cartas possuem significadoi ilolgico extraordinrio, visto que foram o nico grupo de docum entos conhecido em hebraicoclissico, escritos em prosa. Alm disso, fazem jorrar uma luz valiosa sobre o penodo de Jeremias,pouco antes da qued a de Jerusalm ( 587 A. C.), sendo geralmente da tados do outono de 589 ou588 A. C., pouco antes do comeo do assdio caldeu a Laquis.

    A capacidade da arqueologia de esclarecer um perodo de histria bblica muito

    mal compreen dido, dem onstrado pela descoberta do Monlito que Ben-Hadade I, de Ar i, erigiu em cerca de 850 A. C., descoberto em 1941 pouco ao norte de Alepo, na Sria. A inscrioreal aiamaica feita no Monlito indica o fato de Ben-Hadade I, contemporneo de Asa e de Baasa,ser o mesmo indivduo que chamado Ben-Hadade II, contem porneo de Elias e Eliseu. Esta importan te poro de informao remove um dos mais srios embaraos corre ta compreenso detodo o perodo da histria do Reino do Norte, desde a diviso da Monarquia por volta de 922*A. C., at ascenso de Je em 842 A. C., e ao mesm o tem po, a uten tica a lista dinstica de reisnrameus, que reinaram em Damasco, da maneira como apresentada em I Reis 15:1 8.

    Alm do mais, oportu no adicionar que a arqueologia tem. da maneira maissurpreendente, descoberto naes inteiras, e ressuscitado povos importantes da antiguidade, conhe

    cidos, at ento, apenas por obscuras referncias bblicas.

    No exagero dizer que , qu an to compreenso humana, e q uanto ao que concerne aos aspectos histricos e lingsticos, o Velho Testamento se tem tomado um livro novo medida em que a arqueologia tem-no tornado mais compreensvel, colocando-o diante do iluminadorpano de fundo das circunstncias em que foi escrito , relacionando-o com a vida e os costumes doqual emergiu. Este o papel mais importante da arqueologia no estudo do Velho Testamento. Elatem alcanado resultados notveis at o presente, e apresenta grandes promessas de ainda maiorescontribuies no fu turo , medida que a pesquisa das terras bblicas continuar.

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    Capftulo II

    NARRATIVAS DA CRIAO: BBLICA E BABILNICA

    _ Como livro semtico antigo, o Velho Testamento tem, naturalm ente, ntim a relao com o meio ambiente no qual foi escrito. A cena dos primeiros onze captulos de Gnesis,

    que registra a histria primitiva da humanidade, se desenrola no bero da civilizao, o vale do Ti-gre-Eufrates. Ali comeou a vida humana, e se desenvolveu a mais antiga cultura sedentria. Dalise originam as primeiras tradies do comeo do mundo e da humanidade que, como era de seesperar, tm muita semelhana com a Bblia.

    I. DESCOBERTA DAS TBUAS DA CRIAO

    A recuperao de grande cpia de documentos da antiguidade mesopotmia,preservada em caracteres cuneiformes (li teralmente, em forma de cunha) da linguagem babilni-ca-assria, e escritos em tbuas de barro, tem sido um dos trinfos da arqueologia moderna. Antesda descoberta da Inscrio Behistun, trilinge, em 183S por um jovem oficial ingls do Exrcito

    Persa, inscrio que demonstrou ser a chave que tornou compreensvel a estranha escrita cunei-forme, o vale assirio-babilnico era um vasto cemitrio de naes e antigas civilizaes enterradas.Contudo , com a decifrao da linguagem e conseqente zelo renovado em cavar cidades e culturaspor muito tempo esquecidas, que ali estavam enterradas, a regio do Tigre-Eufratcs, onde nasceu ahistria hum ana, tomou-se uma das regies mais dramticas da superfcie terreste.

    A decifrao dos cuneiformes babilnicos-assrios, e o fato de as antiguidadesdaquelas regies onde comeou a histria bblica primitiva se terem tornado acessveis, produziramardente expectao entre os estudiosos do Velho Testamento, porque a escavao de cidades soterradas revelou registros contendo significativos paralelos Bblia. As suas esperanas no foramfrustradas.

    1. Achados em Ninive. En tre os anos de 1848 e 1876, como resultado das escavaes em Nrvc, antiga capital do Imprio Assrio, Austen H. Layard, Hormuzd Rassam eGeorgeSmith recuperaram, da biblioteca de Assurbanipal (668 - 626 A. C.), as primeiras tbuas e fragmentos de tbuas da grande Epopia da Criao conhecida entre os babilnicos e assrios. Devido sua relao com os primeiros captulos do Gnesis, poucas inscries semticas suscitaram maiorinteresse. A epopia, registrada em cuneiformes em sete tbuas de barro,, consiste de aproximadamente mil linhas, e era conhecida de seus antigos leitores pelas duas palavras com que se iniciava:Enum a elish(Quando das alturas").

    2. Outros Fragmentos Relativos Criao. Como resultado de outras descobertas

    de novas tbuas e partes de tbuas, desde 1876, a epopia foi quase completam ente restaurada. Anica parte considervel que ainda est faltando ocorre na Tbua V.

    3. Data das Tbuas.Apesar de a maior parte da epopia ser originria da biblioteca de Assurbanipal, na sua presente forma ela posterior (sculo VII A. C.), mas foi compostamuito antes, isto , nos dias do grande Hamurbi (1728-1676 A. C.). Foi nessa poca que a Babilnia ascendeu supremacia poltica, e Marduque, o heri da Enum a Elish, tomou-se deus na-

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    i lonal. Um dos objetivos principais da epopia da criao mostrar a supremacia da Babilnia sobre iodai u outras cidades do pais, e especialmente a supremacia de Marduque sobre todos os outros deuses babilnicos.

    Sendo assim apresentado o carter de propaganda poltica em que deveria sernu nada pelos mil anos seguintes, ela chegou at ni nesta verso. Todavia, o poema em si, emboraicndo uma das obras primas da literatura dos Semitas Babilnicos, de pocas muito mais remo-lun. Est claramente baseado nas anteriores tradies dos sumrios, os precursores no semitasdos semitas babilnicos, na Babilnia inferior. Esses povos adentraram a plancie de Sinear,no sul da Babilnia em pocas muito remotas (talvez to remotas como 4.000 A. C.), e desenvolveram uma civilizao adiantada, inclusive a escrita cuneiforme, como aperfeioamento da picto-grfica. Os babilnios se tornaram herdeiros da religio e da cultura dos sumrios.

    II. NARRATIVA BABILNIC A DA CRIAO

    A Tbua I, na cena de abertura, apresenta a era primitiva quando existia apenasum mundo formado de matria viva incriada, personificada por dois seres mitolgicos: Apsu(masculino), representando o oceano primitivo de gua doce, e Tiamate (feminina), o oceano primitivo de gua salgada. Este par original se tomou progenitor dos deuses.

    Quando nas alturas os cus (ainda) no tinham nomes,(E) embaixo a terra (ainda) no existia como tal,(Quando) apenas o primitivo Ap su , progenitor deles (existia),(E) me (mummu) Tiamate, que deu luz todos eles,(Quando) as suas guas (ainda) misturadas,(E) nenhuma terra seca havia sido formada (e) nem (Mesmo) um pntano podia ser visto;Quando nenhum dos deuses havia sido gerado.

    Ento os deuses foram criados no meio deles (Apsu e Tiamate).Lahmu e Laham u (deidades) eles (Apsu e Tiamate) procriaram. 1

    A descendncia de deuses que Apsu e Tiamate tiveram tornou-se to molestaem sua conduta, que o seu pai, Apsu, propos era sua mente acabar com eles. Nessa deciso, contudo, ele foi frustrado pelo grande deus Ea. que tudo sonda 2 e que descobriu o plano, podendoassim aprisionar e matar Apsu. Ento, Ea gerou Marduque, deus da cidade de Babilnia, e herireal do mito. Nesse nterim, Tiamate, por instigao dos deuses, se prepara para vingar a morteilc seu marido Apsu. Cria monstros horrveis e indica Kingu, um de seus filhos, como comandante-chefe de seus exrcitos.

    As Tbuas II e III contam como Marduque foi escolhido por seu pai Ea comocampeo, para lutar contra a irada Tiamate e como os deuses se reuniram em um banquete parao conselho de guerra, para equip-lo e envi-lo batalha. Na Tbua IV, Marduque elevado supremacia entre os deuses, tendo o poder para destruir e criar, a base da sua exaltao. Ele des-tri e cria vestimenta. declarado rei, e se dirige batalha contra Tiamate, com arco, flecha eclava. A derrota formal do caos, e a vitria da ordem, so descritas graficamente na grande disputa:

    Tiamate e Marduque, o mais sbio dos deuses, tomaram lugar, opondose mutuamente,A vanaram para a batalha, e no combate aproximaramse um do outro.O senhor abriu a sua rede e a envolveu,

    O mau vento, seguindoselhe, fez soprar na sua face.Quando Tiamate abriu a boca para devorlo,Ele fe z soprar o mau vento, de form a que ela no pode fechar os lbios. medida que os ventos uivantes encheram o seu ventre,Este fo i destendido, e ela abriu bem a boca;Ele lanou um a flecha, esta rasgou o seu ventre,Cortou as suas entranhas, e traspassoulhe o corao.Quando ele a havia subjugado, destru iu a sua vida.

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    Jogou a sua carcaa por terra e se colocou de p sobre ela. 3

    Os aliados de Tiamate tentam fugir, mas so capturados e lanados na priso.Nesse nterim, Marduque volta para riamatc, a fim de criar o cosmos, usando o seu cadver.

    O senhor reposou, para observar o seu corpo inanimado(Para ver) como ele poderia dividir o colosso (e) criar cousas maravilhosas (com ele).

    Abriua em duas partes como um mexilho.Metade dela, colocou no lugar e fo rmou o cu,Fixou os limites e postou guardas.4

    Ento Marduque baixou uma ordem para no deixar escapar a gua" que estava nametade do corpo de Tiamate, e que ele usou na construo do cu. Em seguida, estabeleceua terra, designada poeticamente Esharra. na forma de uma grande canpia, e colocou-a sobre Apsu,o oceano de gua doce que est sob a terra. O deus Anu, ele colocou no cu, o deus Enlil no ar,e Ea no oceano debaixo da terra.

    Ele ordenoulhes que no deixassem escapar a sua gua,Ele atravessou os cus e exam inou as (suas) regies.Colocouse em posio oposta a Apsu...O senhor mediu as dimenses de Apsu,E uma grande estrutura, correspondente dele. ele estabeleceu: Esharra,A grande estrutura Esharra. que ele fe z como um a canpia.Anu. Enlil e Ea, ele (ento) fe z com que estabelecessem a sua residncia. J

    Na Tbua V, que fragmentria, Marduque estabelece as constelaes e indicaos dias emeses do ano, fazendo com que a lua brilhe em suas vrias fases, para marcar a principalunidade dc tempo da Babilnia.

    A Tbua VI importante devido ao fato de descrever a criao do homem.

    Marduque declara:

    Sangue formarei, e farei com que haja osso;Ento estabelecereilullu,* Hom em ser o seu nom e,Sim, criareilullu. Hom em l(Sobre ele) o trabalho dos deuses ser imposto, para que estes possam descansar. . . 6

    Na assemblia dos deuses a culpa pela rebelio de Tiamate colocada em Kingu,comandante-chefe das foras de 7 iamate. Em virtude disto, Kingu morto, e o deus Ea, seguindoinstrues do seu filho Marduque, cria o homem do sangue derramado das artrias de Kingu.

    A marramno (e) conservamno preso diante de Ea;tnflingiramlhe punio, cortando (as artrias do) seu sangue,Com o seu sangue formaram a humanidade;

    Ele (Ea) imps o trabalho dos deuses (sobre o homem ) e libertou (dele) os deuses.Depois que Ea, o sbio, havia criado o homem (E) havia imposto o trabalho dos deuses sobre ele,

    Aquela obra ultrapassou a compreenso (humana). 7

    Depois da criao do homem, os Anunaque (deuses) trabalharam durante um ano,queimando tijolos para construir Esagila, a torre-tem pio de Marduque em Babilnia. Em seguida osdeuses se reuniram em banquete festivo em honra de Marduque. A Tbua VII relata como Mardu-

    que promovido de principal de>is da Babilnia, para liderar todo o panteo. So-llie conferidoscincoenta nomes representando o poder e os atributos das vrias divindades babilnicas.

    * Palavra sumria que significa homem".

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    Nu histria da criaro de Kridu, descoberta por llormudz Russrn em 1882. nusminas da antiga Sipur. nu parte norte da Babilnia, chamada Acdia, a criao do homem poliiicii de Enuma elish, justificando a posio de Marduque como rei entre os deuses babilnicos:

    hle (Marduque) criou a humanidade.(A deusa) Aruru criou a semente da humanidade juntamente com ele.

    Ele criou a besta do campo (e) as cousas vivas da estepe

    Criou o Tigre e o Eufrates, e (os) colocou em seus lugares.Os seus nomes ele proclamou convenientemente.Criou a grama, o junco do pntano, o bambu, e os bosques.Criou a verde erva do campo

    Outros fragmentos da criao, com vrias verses da mesma, tm sido encontrados, o mais importante dos quais relata que os deuses formaram a humanidade com o sangue deoutros deuses. Em outras narrativas a carne e o sangue de um deus morto foram misturados comImro para formar o homem.

    III. COMPARAO DAS NARRATIVAS BBLICA E BABILNICA

    geralmente reconhecido pelos estudiosos que h numerosos paralelos interessantes entre o relato da criao feita na literatura babilnica, particularmente na Enuma elish, c.1 leita em Gnesis 1: l - 2 :3 . Embora essas semelhanas sejam genunas, so geralmente exagera-dus, e concluses errneas so freqentemente tiradas delas.

    1 As Semelhanas:(1) Am bas as narrativas reconhecem uma poca em que a terra era sem

    forma e vazia. Em ambas ha uma equivalncia etimolgica nas palavras usadas para determinar a escurido e o caos aquoso que foi mais tarde separado em cus e terra. NaEnuma elish lium nome prprio , a personalidade mitolgica Tiamate. Em Gnesis 1: 2 h tehom, substantivo comum que no tem conotaes mitolgicas, mas descreve a vasta massa aquosa da qual as guas

    que esto acima do firmamento foram separadas no segundo dia, c da qual a terra seca emergiuno terceiro dia. Porem, enquanto que a palavra hebraica tehom representa toda a massa aquosauitica, Tiamaterepresenta apenas parte dela, sendo a outra parle representada por Apsu.

    Embora a Tiamate babilnica e a hebraica tehom sejam palavras cognatas, nasduas lnguas semticas. a ltima no uma derivao da primeira, o que indicaria uma dependn-L-ui da narrativa hebraica da babilnica. Como o indicam o gnero diferente das palavras, e outrosfatores, mais certo que ambas provenham de uma forma comum proto-semtica. Por outrolado, a palavra hebraica que significa firmamento, raqia, significa o que se espalha" e corresponde crua idia babilnica de que a metade de Tiamate foi usada por Marduque para construir aubbada celeste.

    (2) Am bas as narrativas tm uma ordem semelhante de acontecim entos na criao.Ambas Iniciam com a existncia do esprito divino. Na Enuma elish o esprito divino consiste das divindades primitivas de Apsu e Tiamate, que geraram os primeiros deuses. Em Gnesis o nico

    Deus eterno. As narrativas comeam tambm com um caos aquoso. e terminam com os deuses ouo Senhor descansando. Na seqncia dos atos criadores, h notvel semelhana entre as duas narra-livus, embora a luz seja criada, em Gnesis, de maneira clara, c na verso babilnica simplesmenteemana dos deuses. A criao do firmamento por Marduque, a terra seca, as luminrias celestiaiseo homem, seguem a mesma ordem da criao por Deus em Gnesis.

    (3) Ambas as narrativas mostram uma predileo pelo nmero sete. A epopialuibilnica dividida em sete tbuas ou cantos. Os eventos criadores hebraicos so agrupados em

    ele perodos chamados dias. Essa semelhana, que primeira vista pode parecer singular, na realidade superficial. Absolutamente no h evidncia alguma para se atribuir os sete dias da criaocm Gnesis influncia das sete tbuas da criao de Enuma elish.O nmero sete tinha um signifi-mdo comum no antigo pensamento semita, refletido na literatura babilnica bem como por todo o Velho Testam ento. Alm disso, h pequena correspondncia entre as sete tbuas e os sete diasdu criao, em Gnesis. As Tbuas II e III no tratam de nenhuma fase da criao nem ao menosus Tbuas I e IV. Em Gnesis, no entretanto, a atividade criadora ocupa todos os seis dias, ao passo

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    Reunindo todos os fatores sob nossa considerao, pode-se concluir que as seme-Uienas entre a Enuma elisch e o relato da criao feito em Gnesis, so. sob alguns aspectossurpreendentes. Mas no aspecto geral, as semelhanas servem para acentuar as diferenas, que somuito mais radicais e significativas.

    2. As Diferenas:(1) Uma narrativa intensam ente politesta; a outra, extritamente mono

    testa. O mito babilnico comea com uma pluralidade de deuses, Apsu e Tiamate que,como divindade masculina e feminina geraram os primeiros deuses. Gnesis comea comaquela incomparvel palavra: No princpio Deus. . (Gnesis 1 :1 ). Como resultado desta flagrante diferena no conceito bsico de divindade, as idias religiosas das duas narrativas so completam ente divergentes. A histria babilnica contada em um baixo nvel mitolgico, com umasrdida uoncepo de divindade. Os descendentes de Apsu e Tiamate procederam to mal que seupai planeja destru-los. Os grandes deuses, eles mesmos, conspiram e lutam uns contra os outros.Ea se choca contra Apsu. Marduque luta contra Tiamate e seus seguidores, c triunfa s depoisde rdua batalha.

    Gnesis, em flagrante contraste, imponente e sublime. 0 nico Deus, sublime e

    onipotente, detm controle grandioso de todas as criaturas e elementos do universo. Como Criador.Jj uma grande diferena entre Ele e a criatura ou a criao. Embora haja rebelio entre as criaturas angelicais, revelada em outros lugares nas Escrituras (Isaas 14: 12-17; Ezequiel 28: 12-19), euma queaa da humanidade (Gnesis 3), no obstante Deus detm contrle perfeito, sendo prevista a manifestao do mal, e providenciado um remdio (Gnesis 3:15).

    O rude politesmo das estrias babilnicas da criao, mancha a nsucessivas geraes de divindades de ambos os sexos, procedendo de Apsu e Tiamate, e produz umaconfusa e contraditria pluralidade de criadores. Isto verdadeiro porque Apsu e Tiamate no soapenas os progenitores de seres divinos; porm, visto que esses seres divinos, por sua vez, personificam vrios espaos csmicos e foras naturais, os pais dos deuses participam, igualmente, de

    maneira direta do papel dc criadores.

    Porm, outros criadores adentram o confuso quadro. Na guerra entre os deuses,Ea, pai de Marduque, mata Apsu e, da carcaa, dele. forma o mar subterrneo, sobre o qual repousaa tetra. Marduque, por sua vez, no conflito contra Tiamate, do caos faz surgir o cosmos, e como ocriador principal, forma os cus e a terra, os corpos celestiais, cereais e legumes, e juntamente comEa, -lhe atribudo o crdito da formao do homem.

    Outras inscries fragmentrias adicionam elementos contraditrios desorienta-dora narrativa de Enuma elish. Uma delas, encontrada por George Smith em Nnive, fala dosdeuses em sua totalidade como tendo criado o mundo e o seu contedo. Outra, da antiga cidade

    capital da Assria, Assur, relaciona os grandes deuses1 Anu, Enlil, Shamash e Ea como criadores douniverso, e, juntamente com as divindades chamadas os Anunaque, como tendo formado os doisprimeiros seres humanos, chamados Uiigarra (o instru tor da abundncia) e Zalgara (a instru torada fartura). Outra tbua da Babilnia aiz que Anu criou os cus e que Ea criou vrias divindadesmenores, e a humanidade. Outra inscrio atribui a criao do sol e da lua a Anu, Enlil e I a. Aestria da criao de Eridu, a tribui a criao da humanidade a Marduque, ajudado por uma deusa,ao passo que uma tbua mutilada e castigada pelas intempries, da Primeira Dinastia de Babilnia, atribui a criao do homem a uma deusa que misturou barro com o sangue de um deus morto.

    No maior contraste possvel confuso e contradio destas narrativas polite stas, anarrao do Gnesis, com beleza purae simplicidade, apresenta o nico Deus Eterno como Criador eConservador de todas as cousas. Ele cria todas as cousas do nada. Pela Sua palavra onipo tente, fazcom que os mundos venham a existir. Como Criador, exerce supremo controle sobre todos oselementos do universo.

    (2) Uma narrativa confunde esprito e matria, a outra faz cuidadosa distino entre estes dois conceitos. A verso babilnica no apenas religiosamente heterodoxa, pelo fato

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    O uso de fontes de referncia escritas ou orais no est em desacorpirao bb lica, como evidente no prlogo do terceiro Evangelho (Lucas 1: 1-3). Sobretudo,alguns dos escritores do Velho Testamento estavam familiarizados com a literatura das naes vizinhas, e modelaram algumas das suas composies inspiradas segundo as obras primas da sualiteratura. Este fato demonstrado claramente, poi exemplo, pelas surpreendentes semelhanasentre alguns dos primeiros salmos, e a literatura pica descoberta em Ras Shamra (1929-1937).Alm disso, as Cartas de Amarna, do Egito, e os documentos hititas de Bogazqueui, na sia Me

    nor, mostram que o comrcio havia disseminado amplamente a escrita c literatura babllnicas,por volta de 1400 A. C., de forma que era bem possvel que Moiss, que fora educado em todaa cincia dos egpcios (Atos 7: 22), conhecesse as obras primas da literatura babilnica, taiscomo os mitos de Adapa e Ereshkigal, que eram conhecidos no Egito da sua poca.

    Da mesma forma, no possvel, do ponto de vista histrico e arqueolgico, oudo ponto de vista da inspirao bblica, admitir que o Gnesis possa, at certo ponto, ter dependido da Enuma Elish. Isto, no en tanto, no a verdadeira explicao das semelhanas, cremos ns,e embora a doutrina da inspirao bblica no exclua a possibilidade dessa dependncia da narrativa do Gnesis, manifesto que tal dependncia inteiramente desnecessria. Parece inconcebvel que o Esprito Santo precisasse usar uma epopia to contaminada com filosofia pag como

    fo n te de verdade espiritual. O emprego de uma forma potica, ou de um certo tipo de mtrica,como veculo de expresso da verdade espiritual, de que h claros exemplos no Velho Testamento,tirados de literatura contempornea, matria completamente diferente.

    2. A Narrativa Babilnica Proveniente do Gnesis.Esta opinio extremamenteimpossvel, se no historicamente impossvel. A Enuma elish antecede o Gnesis em quase quatrosculos, visto ser quase certo que a epopia recebeu a forma em que foi descoberta, cerca de ummilnio mais tarde nos dias de Hamurbi de Babilnia (1728-1686 A.C.), e grande parte do seu

    pensamento data dos primitivos tempos sumrios. Contudo, h possibilidade de que a narrativahebraica, em unia ou outra forma, tenha existido vrios sculos antes.

    3. Essas tradies surgiram espontaneamente.Elas so tendncias naturais da mente humana em um proceso de evoluo, argumenta-se. Maneiras semelhantes de pensar e de considerar o universo e o homem, produziram-nas espontaneamente. Mas isto no uma explicao;simplesmente, recusa-se a considerar ps fatos de forma racional.

    4. As Duas Narrativas Provm de Fonte Comum. As inscries babilnicas e osregistros do Gnesis nos apresentam, evidentemente, duas formas de tradies primitivas e de fatosconcernentes ao princpio do universo e do homem. No so tradies peculiares aos povos e sreligies semticas, que desenvolveram-se de caractersticas comuns. So tradies comuns a todosos povos civilizados da antiguidade. Seus elementos comuns apontam para uma poca em que araa humana ocupava uma ptria comum e tinha uma f comum. Suas semelhanas so devidas a

    uma herana comum, e cada raa de homens foi transmitindo, de gerao em gerao, os registrosorais ou escritos da histria primitiva da raa.

    As raas humanas primitivas, por onde vaguearam, levaram com elas essas primitivas tradies da humanidade, e nas diferentes latitudes e climas, modificaram-na* de acordo coma sua religio e modo de pensar. As modificaes, com o passar do tempo, resultaram na corrupoda tradio original pura. A narrativa do Gnesis no apenas a mais pura, como tambm apresenta, em todos os pontos, a autenticao inequvoca da inspirao divina, quando comparadacom as extravagncias e corrupes de outras narrativas. A narrativa bblica, podemos concluir,representa aforma originalque essas tradies devem ter tido.

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    Captulo III

    TRADIES PRIMITIVAS E PRIMRDIOS BBLICOS

    Os onze primeiros captulos de Gnesis, que tratam da criao do mundo, davula primitiva do homem sobre a terra, do grande dilvio e da vida pr-patriarcal aps o dilvio,lontem material de antiguidade muito remota. Atualmente, est provado que grande parte desseimilcrial foi levado da Mesopotmia pelos ancestrais dos hebreus. Pode tambm ser mostrado quelem autntico colorido local, e inteiramente livre de analogias egpcias. H umas poucas seme-

    ilitmas cananitas, que no entanto so, quase todas, de natureza verbal, consistindo no empregodus mesmas palavras, ou de outras intimamente relacionadas. Por outro lado, h grande nmerode surpreendentes semelhanas babilnicas, embora no to grandes como se tem propalado.

    Semelhanas tais como o Sbado e a queda do homem, tm sido freqentementeCMigeradas. Embora o stimo dia e o nmero sete em geral tenham significado especial no pensamento oriental antigo, tanto na Bblia como nos monumentos, crticos radicais tm labutado emvo para provar que o stimo dia de descanso bblico e a sua santificao (Gnesis 2: 3) derivaram-se dos babilnicos. A falta de um paralelo claro para a queda do homem registrada emlinesis 3, ser demonstrada mais adiante. Todavia, um detalhe como o dos querubins colocados "ao oriente do jardim do den (Gnesis 3: 24) abundantemente ilustrado pela iconogra-irn do Oriente Prximo, referente a pocas remotas, como um leo alado com cabea humana,nu uma esfinge.

    1. AS TRADIES PRIMITIVAS E A QUEDA

    O terceiro captulo de Gnesis, que retrata a tentao e a queda do homem,o qual descrito vivendo feliz e inocentemente em lugar delicioso, tem grande importncia teolgica. Prov a base e supre a necessidade de uma atividade redentora do Criador emfavor da raa humana.Conseqentemente, supostas semelhanas desta passagem fundam ental, na literatura babilnica, ao lado de freqentes afirmaes de plgio por parte do registro sagrado, exigemcuidadosa considerao.

    1. Localizao do Jardim do den. As informaes que a Bblia nolizam o Jardim do den, onde ocorreram a tentao e a queda, em algum lugar na regio do Ti-grc-Eufrates, evidentemente na tera parte mais oriental do Crescente Frtil. *E saa um rio doF.den para regar o jardim, e dali se dividia, repartindo-se em quatro braos. O primeiro chama-sePisom. . . O segundo rio chama-se Giom. . . O nome do terceiro rio Tigre. . . E o quarto oEufrates (Gn. 2: 10-14). O Pisom e o Giom so, possivelmente, canais (chamados rios na Babilnia) que ligavam o Tigre e o Eufrates, guisa de antigos leitos de rios.

    Embora Priedrich Delitzch localize o den logo ao norte da Babilnia, onde ol'ufrates e o Tigre correm bem perto um do outro, e A. H. Sayce e outros localizem o den

    perto de Eridu , antigamente no Golfo Prsico, debalde que se tenta determinar, agora, a sua localizao exata. A mudana dos leitos dos rios, e a mutvel configurao daquela regio, no cursodc milnios, como resultado da acumulao de enormes depsitos de sedimentos fluviais, tomamissa tarefa virtualmente impossvel. A cousa importante que o Gnesis localiza o princpio davida humana na mesma regio que a pesquisa arqueolgica tem demonstrado ser o bero da civilizao. W. F. Albright diz:

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    Desta fo rma, a pesquisa arqueolgica te m estabelecido, sem sombra de dvida, que noh centro de civilizao, na terra, que possa nem de longe competir, em antiguidade e atividade, com a bacia do Mediterrneo Oriental e a regio imediatamente ao leste dela O Crescente Frtil. 1

    2. O Mito de Adapa. Esta antiga lenda, que tem sido geralmente interpretad acomo o correspondente babnico queda do homem nanad a em Gnesis 3, foi descobertaem quatro fragmentos cuneiformes, trs na biblioteca do Rei Assurbanipal, em Nnive (sculoVII A. C.) e o quarto nos arquivos dos reis egpcios Amenotepe III e IV. em Amarna (primeira metade do sculo XIV A. C.). uma estria, como a Epopia de Gilgamesh, contando a falhado homem em aprove itar a oportun idad e de ganhax a vida eterna.

    Adapa era um homem a quem o deus Ea havia dado sabedoria, mas no vidaeterna. Como administrador do templo de Ea em Eridu, ele estava ao sul. pescando no Golfo Prsico. quando o vento setentrional, soprando de repente, virou o seu barco, e o lanou no mar.Ele, irado, quebrou a asa do vento sul, pintado como uma espcie de pssaro. Aleijado, o vento setentrional no podia soprar brisas frescas sobre a terra abrasada.

    Por esta ao violenta, Adapa chamado a dar contas a Anu, o grande deus doscus. Antes de subir s regies etreas, Ea, seu pai, instrui Adapa para vestir-se de luto, como sinal de reverncia aos dois guardas do por to, que haviam recen tem ente deixado o pas dos vivos,e a no comer a comida da mo rte, nem beber a gua da mo rte que lhe seria oferecida. 0 seu luto pelos guardas do porto assegura a sua boa vontade. Eles intercedem por ele com tanto sucesso que, em vez de puni-lo, Anu decide abeno-lo, e assim ordena:

    . .A comida da vidaTrazeilhe para que ele coma". A comida da vidaTrouxeramlhe, mas ele no comeu. A gua da vidaTrouxeramlhe, mas ele no bebeu. Um vestidoTrouxeramlhe, e ele se vestiu (com ele). leo

    Trouxeramlhe, e ele se ungiu (com ele).A nu olhou para ele, e riu.

    Venha c, Adapa! Porque voc nocomeu nem beb eu?Ago ra , voc no viver. A i (da).. . humanidade. Ea,Meu senhor,Disse: No coma, no beba\"Levemno de volta para a sua terra! 2

    Levado de volta te m , para morrer como todos os outros homens, Adapa perdeua oportunidade de obter vida eterna. Contudo, segundo o fragmento IV, claro que ele umrepresentante da humanidade, pois a sua recusa de participar do po e da gua da vida no apenas

    frustrou-lhe a vida eterna, como envolveu a humanidade em doena e enfermidade, e evidentemente, frustrou da mesma forma a possibilidade da imortalidade para a raa humana tambm.

    . . . E seja qual fo r a doena que ele tenha ocasionado aos homen sE a doena que ele tenha trazido aos corpos d os homensEstas a deusa (da cura) Nincarra suavisara.3

    3. O Mito de Adapa e Gnesis 3. Sejam quais forem as correspondncias entre omito de Adapa e o terceiro captulo de Gnesis, a lenda babilnica evidentemente no oferece umparalelo narrativa bblica da qu eda do hom em , e os es tudiosos no tm motivo para fazer talaplicao. Da mesma forma, a queda no descrita, como freqentemente tem sido declarado, no

    chamado selo da tentao", que retrata duas pessoas assentadas ao lado de uma rvore fiut-fera, e por detrs de uma delas, a forma ereta de uma serpente. Ambas as figuras esto vestidas, aopasso que a inocncia do primeiro casal desc rita pela declarao que in troduz a cena da tentao:Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus, e no se envergonhavam (Gnesis 2: 25).

    Alm disso, no h a menor razo para procurar pela queda na literatura dos babi-

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    lAiitcos, pois cia discorda dc tod o o seu sistema dc especulao polites ta. Em Gnesis, o homem criado imagem de um Deus santo. Mas os babilnios, como outros povos pagos, espe-i lulmcnte os gregos e romanos, criaram os seus deuses maus e bons, imagem do homem. No se| hk1uesperar que esses deuses, que conspiravam, odiavam, lutavam e matavam uns aos outros, crias-mi algo que fosse moralmente perfe ito. Da mesma fo rma , um homem que fosse formado com o san-inu* dessas divindades, no poderia possuir outra cousa seno uma natureza m. No teria sido possi-vi'I queda alguma, porque o homem teria sido criado mau, e no teria um estado de inocncia de

    micli* cair.

    Todavia, certos elementos na lenda de Adapa so surpreendentes pela semelhana ou pelo contraste que apresentam. A comida da vida corresponde ao fru to da rvore davulu* (Gnesis 3 : 3 , 22), As duas narrativas concordam no pensamen to de que a vida eternapoderia ser obtida comendo-se uma certa qua lidade de comida ou fruto . Porm , Ado perdeu aImortalidade devido a um desejo errado de ser como Deus . (Gnesis 3: 5). Por esta razo, foiexpulso do jardim, para que no comesse da rvore da vida. . . e viva eternamente (GnesisI 22). Adapa j havia jecebido sabedoria dos deuses, e falhou em tornar-se im ortal, no devido

    desobedincia ou presuno, como Ado, mas devido obedincia ao seu criador, Ea, que o enganou.

    Da mesma forma como a narrativa bblica da queda, a estria de Adapa toca naquesto crucial da razo por que o homem devia sofrer e morrer. Em contraste, no entanto, a resposta no que o homem caiu da sua integridade moral, e que o pecado em que ele caiu pro duziu m orte, mas que o homem perdeu a oportu nidad e de obter a vida eterna pelo fato dc ter sidoiMip.anado por um dos deuses. O pecado humano original no , absolutamente, levado em conside-i.n;i!o na estria dc Adapa, ao passo que bsico no relato do Gnesis. As duas narrativas, portan-lo, a despeito de semelhanas superficiais, so polos opostos.

    II. AS MODERNAS ESCAVAES E A CIVILIZAO PRIMITIVA

    A Bblia liga o comeo da civilizao humana com Caim e Abel, os dois filhosili* Ado. Embora um bom paralelo entre a histria bblica e os monumentos esteja ainda faltando,continuas escavaes na Mesopotmia, e a publicao de antigas tbuas, especialmente os registros dos antigos sumrios, revelar, sem dvida, pon tos de co nta to elucidativos.

    1. O Comeo da Vida Agrcola. O homem, precisando tornar-se, desde bem ced o . um produto r de alimentos, comeou a controlar a natureza pelo amanho da terra e criao deHiido. Ambas as atividades, so intimamente relacionadas, e so indubitvel e praticamente coevasn o seu desenvolvimento. Enquanto alguns grupos humanos comearam a cultivar o solo, outrosrsiavam domesticando animais. Esta opinio, luz do quarto captulo do Gnesis, parece prefervel de que o cultivo do solo an terior criao de gado. "A bel foi pas tor de ovelhas, e Caim,luvrador (Gnesis 4: 2). possvel que o fazendeiro Caim fosse bem mais velho do que o pas-lor Abel, e se for assim, a agricultura deve ter precedido a pecuria. Contudo, melhor pensarmosque essas atividades se desenvolveram lado a lado. Os homens estavam cultivando cevada e trigoih> mesmo tempo em que comearam a domesticar animais.

    2. O Comeo da Vida Urbana. A linhagem de Caim relacionada com o estabelecimento da primeira cidade, e com o desenvolvimento das artes e ofcios da vida urbana (GnesisI 16-24). Jabal est vinculado vida pastoril e nm ade (Gnesis 4: 20). Seu irmo Jub al asso-iludo arte da msica e inveno dos primeiros instrum entos musicais - a harpa e a flauta(Gnesis 4: 21). Tubalcaim mencionado em relao com a cincia da metalurgia cao artesanato

    di- Icrro e bronze (Gnesis 4: 221.Escavaes modernas revelam a presena de vida urbana em perodo mui remoto,

    i iuii evidncias das artes e ofcios mencionados em Gnesis 4:1 6-24 . As vilas mais antigas j descobertas situam-se na regio norte da Mesopotmia, em Tel Hassuna, ao sul da moderna Mossul, eum Nnive .o nvel mais baixo), e em Tepe Gaura, O Grande Outeiro, a noroeste de Nnive.I hsus localidades pertencem Idade Neoltica, cerca de 5.000 A. C. ou antes, e mostram fer-mm entas e armas de pedra, cermica e edifcios rsticos. O Estrato XIII, em Tepe Gaura, por exem-

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    pio , que data centenas de anos an tes da descoberta de utenslios de metal, contm ceimica degrande beleza e delicadeza, bem como restos arquitetnicos que demonstram grande habilidade.Essas descobertas no mais permitem que consideremos o homem da Idade da Pedra como selvagem .4

    Perto de 4.500 A. C., o cobre comeou a ser usado juntamente com a pedra, ecerca de 3.000 A. C., tornou-se o material principal para a manufatu ra de ferramentas e armas.A esta Idade Calcoltica, ou de pedra e cobre , pertencem a lugares como Tel Halaf, ao noroeste da

    Mesopotmia, onde um m ajestoso tipo de cermica foi desco berto, dem onstran do elevado grau decivilizao por volta de 4.000 A. C. ou antes. Restos da mesma cultura tm sido encontradostambm no Tel Chagar Bazar, a 80 quilmetros ao leste do Tel Halafe, e o Tel Arpachia, a 275quilmetros a oeste.

    O Tel Obeide, a pequena distncia a noroeste de U r, revela a mais antiga culturaclaramente definida, na Babilnia inferior, mostrando que cerca de 4.000 A. C., as terras pantanosas da regio do baixo Tigre-Eufrates estavam sendo drenadas e ocupadas. A cultura do TelObeide antecede quase todas as antigas cidades da regio, como Ur, Ereque, Lags e Eridu, e parece estar ligada civilizao con tem pornea do Planalto Iraniano ao leste de Susa (El), um dosmais antigos centros de civilizao.

    Se a civilizao camita se originou ao norte ou a leste (Elo) e se espalhou para onorte e para o leste, cousa incerta. Mas os resultados das escavaes modernas elucidam a sucessodas culturas primitivas na poca-pr-histrica, e a representao b blica do progresso das artes eofcios bem sustentada pela arqueologia. A roda do oleiro, o barco de pesca com velas, veculosde roda. produo e uso de cobre e bronze, tijolos e selos cilndricos, esto entre as descobertasdo homem, como tem sido revelado pela escavao do s lugares mais antigos.

    Minrios de ferro eram fundidos ocasionalmente na Mesopotmia, em data muitoremota. Henri Frankfort, em escavaes no Tel Asmar (a anuga Esnuna), descobriu evidencias deuma lmina de ferro, em um nvel que datava de cerca de 2.700 A. C. Outros objetos de ferro tmsido encontrados tambm, tais como o pequeno machado de fem> em Ur. A descoberta do ferropor alguma razo, no foi utilizada persisten temen te , e no foi usada generalizadam ente, em escala industrial, at depois de 1.200 A. C. O perodo de 1.200 - 300 A. C. conhecido em arqueologia como a Idade do Ferro. Mas as escavaes indicam algum conhecimento de metais em temposmais remotos, com o o indica Gnesis 4 :2 2 .

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    Captulo IV

    O DILVIO NA TRADIO SUMRIA E BABILNICA

    O perodo que se estende da criao do liomem at o Dilvio Noico, descri-iii com breves palavras no registro bblico. Exceto poi um resumo generalizado da primeira civi-li/iio, provinda dos descendentes de Caim (Gnesis 4: 16-24), a narrativa, at o tempo do Dilvio. consiste apenas de uma relao genealgica que apresenta os descendentes de Ado de Sete at

    Nur (Gnesis 5: 1-31). To rpida foi a degcnerescncia moral da raa. que tinha pouco valor, noijiii* concerne histria da redeno, registrar algo relativo ao mundo antidiluviano. O julgamentoilo dilvio, porm, tanto histrica, como uma advertncia instrutiva para a humanidade, comoi!|>icamente, como uma figura do piano de Deus para a redeno em Cristo, tinha enorme im por-iimua, e por isso extensamente tratado (Gnesis 6-9), na medida do seu significado espiritual.

    1.0 DILVIO E A LISTA DOS REIS SUMRIOS

    Alm de prover grande abundncia de material paralelo que trata do Dilvio, amqueologia lana luz sobre o pouco conhecido perodo antidiluviano, que o registro bblicolunora quase totalmente. De acordo com a Lista dos Reis Sumrios, preservada no prisma deWi-ld-Blundell, oito soberanos antidiluvianos reinaram nas cidades da Mesopotmia inferior de Eri-ilu, Uadtibira, Laraque, Sipar e Churupaque, por perodos to longos (o reinado mais curto deIR (>00 anos, o mais longo, de 43.200) que o per odo da sua soma totaliza. . . 241 .200 anos.lii-rossus, um sacerdote babilnico que escreveu muito posteriormente (sculo II A. C.) cita deznomes ao todo, em vez de oito, e exagera ainda mais a durao dos seus reinados.

    Falharam as tentativas para estabelecer conexo autntica entre os d e z reis anti-dlluvianos de Berossus e o registTO hebraico de dez patriarcas de Ado at No. Porm, os nomes>|uc so preservados pela Lista dos Reis Sumrios e por Berossus, representam, evidentemente,tmiii tradio corrompida dos fatos histricos que so preservados no quinto captulo do Gnesis,n|i-m de cons tituir indicao extrabb lica da grande durao da vida humana antes do dilvio.

    A tradio do Dilvio, propriam ente dito , era constante entre os povos dos

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    "No h, realmente, evidncia alguma de que esses depsitos de detritos signifiquem mais do que o fato de o Eufrates e o Tigre terem . em certa poca, mudado seus leitos, ecorrido, durante certo tempo, sobre partes de Ur e de Quis que eram, anteriormente, desabitadas. . . Na realidade, Henri Frank forte j havia dem onstrado anteriorm ente que,segundo a evidncia da cermica encontrada acima e abaixo do estra to de detr itos flu-vi