2010_economia+internacional

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 Economia Internacional: Definição, Importância, Objeto de estudo, objetivo das teorias e políticas econômicas internacionais. e mas econômicos internacionais relevantes atuais. !. Introdução As transformações ocorridas nas relações econômicas entre os países, após a década de 80, mudaram profundamente o cenário político e econômico mundial. Os países industrializados ganaram importante parcela do mercado mundial de manufaturados em detrimento dos países desen!ol!idos. O mercado de capitais internacional tam"ém se desen!ol!eu fortemente passando a oferecer no!os produtos e tecnologias financeiras, possi"ilitando no!as relações entre os centros financeiros e as economias dos países. #stas relações nem sempre s$o está!eis, pois a mo"ilidade de capitais pro!oca, por !ezes, grandes oscilações na ta%a de c&m"io e mudanças estruturais nos padrões de comércio, 'ue por sua !ez, podem resultar em fortes pressões políticas. #stes e!entos aumentaram o interesse por assuntos estudados pelos economistas á mais de dois séculos, como a natureza do mecanismo de a(uste internacional e os méritos do li!re comércio !ersus os impactos dos mercados protegidos. ". #onsumo e $rodução A so"re!i!)ncia do ser umano depende da satisfaç$o de suas necessidades "ásicas ou primárias *alimentaç$o, !estuário e a"itaç$o+. #ssas necessidades n$o s$o as nicas, pois a e!oluç$o do omem trou%e consigo outras tais como- educaç$o, sade e lazer, sendo estas camadas de progressi!as. ara atend)/las, o omem precisa produzir "ens e ser!iços, sendo 'ue o consumo destes "ens e ser!iços depende da produç$o em !olume satisfatório. %. Divisão do trabal&o ado 'ue os recursos necessários 1 produç$o precisam ser transformados para atender a demanda cada !ez mais crescente, o ser umano tem 'ue produzir "ens e ser!iços em larga escala. A fa"ricaç$o em larga escala somente é possí!el se ou!er  produti!idade e esta, por sua !ez, depende da di!is$o do tra"alo. ' divisão do trabal&o ( o componente )ue permite aumentar a produtividad e, mel&orar a )ualidade e ta mb(m o sur*imento de e+cedentes para trocas.  2o li!ro 3A 4i'ueza das 2ações3 de 5667, Adam mit faz refer)ncia 1 di!is$o do tra"alo 'uando escre!e 'ue em uma fá"rica de alfinetes dez pessoas, por se especializarem em !árias tarefas, conseguem produzir 98.000 alfinetes por dia, ao in!és de uns poucos 'ue cada um poderia produzir isoladamente.  2o mesmo li!ro, ele argumenta- 3#ssa di!is$o do tra"alo, da 'ual deri!am tantas !antagens, n$o é, em sua origem, o efeito de uma sa"edoria umana 'ual'uer... #la é conse':)ncia necessária, em"ora muito lenta e gradual, de certa tend)ncia ou propens$o e%istente na natureza umana... a propens$o a intercam"iar, permutar ou trocar uma coisa pela outra.3 # dessa forma, a certeza de poder permutar toda a parte e%cedente da produç$o de seu próprio tra"alo 'ue ultrapasse seu consumo pessoal estimula cada pessoa a dedicar/se a uma ocupaç$o específica, e a culti!ar e aperfeiçoar todo e 'ual'uer talento ou inclinaç$o 'ue possa ter por a'uele tipo de ocupaç$o ou negócio. A di!is$o do tra"alo se e'uili"ra pelo mesmo mecanismo da competiç$o e da oferta e procura. As trocas entre pessoas foram sendo ampliadas, passando a en!ol!er cidades e finalmente países. ;amamos comercio internacional as trocas entre países. #le é feito por meio de importações e e%portações e pago em di!ersas moedas 'ue precisam ser con!ertidas por uma medida, a ta%a de c&m"io. O comércio internacional n$o se resume simplesmente 1s relações econômicas, ele é composto de um con(unto de ati!idades 'ue constituem a #conomia <nternacional. . Definição de Economia Internacional =ipo de economia 'ue estuda os fenômenos e comportamentos econômicos entre estados so"eranos ou regiões geográficas. -. Importância Os conecimentos de economia internacional s$o necessários para a compreendermos o 'ue se passa no mundo e para 'ue se(amos consumidores, cidad$os e eleitores capazes de tomar decisões 'ue afetam direta ou indiretamente nossas !idas. e um ponto de !ista mais prático, o estudo da economia internacional é re'uisito necessário em numerosos empregos em empresas multinacionais, "ancos, ag)ncias internacionais *como os departamentos de comércio dos países+ e organismos internacionais tais como a O2>, o "anco ?undial e o @?<. . Objeto de estudo

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Economia Internacional: Definio, Importncia, Objeto de estudo, objetivo das teorias e polticas econmicas internacionais

Economia Internacional: Definio, Importncia, Objeto de estudo, objetivo das teorias e polticas econmicas internacionais. Temas econmicos internacionais relevantes atuais.

1. Introduo

As transformaes ocorridas nas relaes econmicas entre os pases, aps a dcada de 80, mudaram profundamente o cenrio poltico e econmico mundial. Os pases industrializados ganharam importante parcela do mercado mundial de manufaturados em detrimento dos pases desenvolvidos. O mercado de capitais internacional tambm se desenvolveu fortemente passando a oferecer novos produtos e tecnologias financeiras, possibilitando novas relaes entre os centros financeiros e as economias dos pases. Estas relaes nem sempre so estveis, pois a mobilidade de capitais provoca, por vezes, grandes oscilaes na taxa de cmbio e mudanas estruturais nos padres de comrcio, que por sua vez, podem resultar em fortes presses polticas.

Estes eventos aumentaram o interesse por assuntos estudados pelos economistas h mais de dois sculos, como a natureza do mecanismo de ajuste internacional e os mritos do livre comrcio versus os impactos dos mercados protegidos.

2. Consumo e Produo

A sobrevivncia do ser humano depende da satisfao de suas necessidades bsicas ou primrias (alimentao, vesturio e habitao). Essas necessidades no so as nicas, pois a evoluo do homem trouxe consigo outras tais como: educao, sade e lazer, sendo estas chamadas de progressivas. Para atend-las, o homem precisa produzir bens e servios, sendo que o consumo destes bens e servios depende da produo em volume satisfatrio.3. Diviso do trabalho

Dado que os recursos necessrios produo precisam ser transformados para atender a demanda cada vez mais crescente, o ser humano tem que produzir bens e servios em larga escala. A fabricao em larga escala somente possvel se houver produtividade e esta, por sua vez, depende da diviso do trabalho. A diviso do trabalho o componente que permite aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e tambm o surgimento de excedentes para trocas.

No livro "A Riqueza das Naes" de 1776, Adam Smith faz referncia diviso do trabalho quando escreve que em uma fbrica de alfinetes dez pessoas, por se especializarem em vrias tarefas, conseguem produzir 48.000 alfinetes por dia, ao invs de uns poucos que cada um poderia produzir isoladamente.

No mesmo livro, ele argumenta: "Essa diviso do trabalho, da qual derivam tantas vantagens, no , em sua origem, o efeito de uma sabedoria humana qualquer... Ela conseqncia necessria, embora muito lenta e gradual, de certa tendncia ou propenso existente na natureza humana... a propenso a intercambiar, permutar ou trocar uma coisa pela outra."

E dessa forma, a certeza de poder permutar toda a parte excedente da produo de seu prprio trabalho que ultrapasse seu consumo pessoal estimula cada pessoa a dedicar-se a uma ocupao especfica, e a cultivar e aperfeioar todo e qualquer talento ou inclinao que possa ter por aquele tipo de ocupao ou negcio. A diviso do trabalho se equilibra pelo mesmo mecanismo da competio e da oferta e procura. As trocas entre pessoas foram sendo ampliadas, passando a envolver cidades e finalmente pases. Chamamos comercio internacional as trocas entre pases. Ele feito por meio de importaes e exportaes e pago em diversas moedas que precisam ser convertidas por uma medida, a taxa de cmbio.

O comrcio internacional no se resume simplesmente s relaes econmicas, ele composto de um conjunto de atividades que constituem a Economia Internacional.4. Definio de Economia Internacional

Tipo de economia que estuda os fenmenos e comportamentos econmicos entre estados soberanos ou regies geogrficas.

5. Importncia

Os conhecimentos de economia internacional so necessrios para a compreendermos o que se passa no mundo e para que sejamos consumidores, cidados e eleitores capazes de tomar decises que afetam direta ou indiretamente nossas vidas. De um ponto de vista mais prtico, o estudo da economia internacional requisito necessrio em numerosos empregos em empresas multinacionais, bancos, agncias internacionais (como os departamentos de comrcio dos pases) e organismos internacionais tais como a ONU, o banco Mundial e o FMI.

6. Objeto de estudo

A economia internacional trata da interdependncia econmica entre os pases. De forma especfica, a economia internacional trata da teoria do comrcio entre os pases, da poltica de comercio internacional, do balano de pagamentos, dos mercados de cmbio externos e da macroeconomia aberta.

A teoria do comrcio internacional analisa as bases e os ganhos decorrentes do comrcio.

A poltica de comrcio internacional examina as razes e os efeitos das restries comerciais e do novo protecionismo.

O balano de pagamentos mede as receitas e os gastos totais da nao em relao aos seus parceiros comerciais.

Os mercados de cmbio externos constituem o referencial para a troca de uma moeda nacional por outra.

A macroeconomia aberta trata dos mecanismos de ajuste dos desequilbrios do balano de pagamentos, bem como dos efeitos da interdependncia macroeconmica entre as naes sob diferentes sistemas monetrios internacionais, e seus efeitos sobre o bem estar de uma nao.7. Objetivo das teorias e polticas econmicas internacionais

O objetivo geral da teoria econmica prever e explicar fenmenos econmicos. Cabe a teoria econmica internacional, a partir de hipteses simplificadoras (um universo de duas naes, duas mercadorias, dois fatores de produo, inexistncia de restries comerciais, perfeita mobilidade de fatores de produo, concorrncia perfeita e ausncia de custos de transaes) examinar bases e os ganhos decorrentes do comercio, as razes e os efeitos das restries comerciais, as polticas dirigidas regulamentao dos fluxos de pagamentos e os efeitos dessas polticas sobre o bem estar de uma nao.

8. Fatos que mudaram a economia internacional.

Estudar o passado importante para aprendermos sobre os erros e evit-los no presente e futuro. Da mesma forma, os acertos podem nos guiar na soluo de problemas.

A seguir veremos uma sucesso de erros cometidos no passado e que foram repetidos posteriormente.

Tabelamento de preos: Praticado sem sucesso em 1752 A.C. e 301 D.C. Implementado com sucesso temporrio no governo Sarney.

Importao e emprego: Romanos importam trigo mais barato dos Egpcios e como conseqncia geram desemprego da populao ligada produo desta mercadoria. Abertura das importaes no governo Collor e fechamento de fbrica de tecidos.

Monoplio: Monoplio brasileiro da borracha nos sculo XIX e XX. Ingleses desviam sementes e comeam a produzir com melhores condies ganhando o mercado do Brasil. A Inglaterra aumenta fortemente os preos da borracha depois da 1. Guerra para pagar suas dvidas com os EUA. Os Holandeses comeam a produzir borracha e quebram o monoplio ingls. Monoplio do petrleo. Aumento de preo na dcada de 70 provoca diminuio do consumo, entrada de outros produtores no mercado e pesquisas sobre combustveis alternativos.

Monoplio brasileiro do caf. Declnio com a crise de 1929 nos EUA. Perda de Mercado.

Monoplio ingls das mquinas txteis. Proibio de exportao de mquinas. Fuga de engenheiro para os EUA que comearam a produzir mquinas e construir fbricas acabando com o monoplio ingls. Atualmente as empresas se coordenam para manter o monoplio e maximizar o lucro.

Agora vejamos acertos do passado que foram reproduzidos posteriormente:

Plano Real. Inspirado na experincia alem de 1923.

Surgimento da ONU aps a 2. Grande guerra teve semelhana com a criao da liga das naes depois da 1. Guerra para promover o desenvolvimento e a paz mundial.

Algumas crises tambm trouxeram ensinamentos:

Crise da bolsa americana em 1929 que teve os seguintes antecedentes:

Destruio do parque industrial europeu com a 1. Guerra.

A produtividade da economia americana crescia aceleradamente.

Crises na Inglaterra e Canad refletem na economia dos EUA.

Forte queda da bolsa americana afeta a economia mundial inclusive as exportaes do Brasil.

Keynes prope aumento dos investimentos e a interferncia do governo para promover o desenvolvimento.

Eventos ps 2. Guerra: Acordo (conferncia) de Bretton Woods.

Objetivo estabelecer medidas econmicas para alcanar a paz.

Criao do grupo banco mundial ou banco internacional de reconstruo e desenvolvimento (Bird) para: Financiar a reconstruo das regies europias destrudas pela guerra e aos pases do 3. Mundo em projetos de infra-estrutura, programas sociais, desenvolvimento da agricultura e modernizao tecnolgica.

Criao do fundo monetrio Internacional o FMI, tendo como principais atribuies: Estabelecer paridades monetrias rgidas, eliminar controles cambiais, contribuir para a soluo de problemas de desequilbrios no balano de pagamento e fornecer recursos aos pases membros sempre que justificvel.

9. Temas econmicos internacionais relevantes atuais

So os seguintes os temas econmicos atuais em que o estudo das teorias e polticas econmicas pode auxiliar a entender e resolver:

a) Protecionismo comercial em pases desenvolvidos.

Embora a teoria pura do comrcio internacional defenda a idia de que a melhor poltica para o mundo o livre comercio, a maior parte das naes impe algum tipo de barreira ao livre comercio. Estas barreiras so justificadas, em termos de bem estar social da nao, mas invariavelmente beneficiam uma minoria de produtores que delas tiram grande proveito econmico. Este problema tornou-se ainda mais complexo pela possibilidade de que o mundo se divida em trs blocos econmicos: Um bloco norte americano (EUA, Canad e Mxico) um bloco europeu e um bloco asitico.

b) Insegurana no emprego devido reestruturao e diminuio dos postos de trabalho nos EUA. Rpidas mudanas tecnolgicas, globalizao e a crescente competio com as exportaes de manufaturados das economias asiticas (dynamic asian economies DAEs), como Coria e China, vm causando um processo de enxugamento (downsizing) e insegurana no emprego nos EUA.

c) Pobreza extrema em vrios pases em desenvolvimento.

Em contraste com o rpido crescimento de alguns pases, em especial a China e a ndia, que provavelmente reduzir a pobreza de seus residentes, existem muitos outros pases em desenvolvimento, mais pobres, em particular os da frica, que enfrentam graves problemas de pobreza extrema, endividamento externo incontornvel, estagnao econmica e crescimento da desigualdade internacional de padres de vida. Estas condies podem gerar instabilidade para a economia mundial por criar as bases para as guerras.

d) A Crise dos Sub-Prime e a recesso econmica dos EUA.

A crise surgiu com inadimplncia das hipotecas de alto risco originadas de financiamentos a clientes que no tm boa avaliao de crdito, os Ninjas: sigla para "no income, no job or assets = sem renda, sem emprego e sem ativos. Em geral, esses crditos imobilirios tm taxas mais altas que a mdia do mercado e surgem quando um banco concede emprstimo at para imigrantes ilegais. O passo seguinte foi diluir o risco dessas operaes duvidosas juntando-as aos milhares e transformando a massa resultante em derivativos negociveis no mercado financeiro, em valor cinco vezes superior ao das dvidas originais. Essa etapa do processo chamada de securitizao contou com a colaborao das agncias de risco que deram a estes ativos a chancela mxima de triple AAA, transformando os ttulos to slidos quanto os do Tesouro dos Estados Unidos e muito mais confiveis do que os bnus do governo brasileiro.

e) Fundos Soberanos. Os fundos soberanos so constitudos com parte das reservas de pases altamente superavitrios no seu comrcio exterior, na sua grande maioria exportadores de petrleo e gs. Mais de 20 pases tm esse tipo de fundo, sendo que o maior deles, o de Abu Dhabi, acumula mais de US$ 600 bilhes. Os pases asiticos exportadores de manufaturados tambm entraram neste segmento, como o fundo da China, lanado este ano, com um patrimnio inicial de US$ 200 milhes. Outros fundos famosos so o russo Fundo de Estabilizao do Petrleo, com US$ 127 bi, e o Fundo de Penso do Governo da Noruega, com US$ 322 bi. Segundo o FMI, podem acumular US$ 10 trilhes at 2012.

TEXTOS IMPORTANTES

Para Klabin, crise no deve afetar demanda

Andr Vieira - 19/02/2008 Valor Econmico

A Klabin avalia que a crise financeira nos Estados Unidos e seu impacto sobre o desaquecimento da economia americana no deve trazer grande problema para as vendas da companhia, maior fabricante de papel e produtos de madeira do pas. "No estamos sentindo efeitos negativos na demanda dos nossos produtos", afirmou o diretor-geral da Klabin, Miguel Sampol. A empresa deu partida em outubro uma nova mquina de produo de papel-carto, usado na fabricao de embalagens, tipo longa vida e produtos refrigerados. A previso da companhia colocar 300 mil toneladas a mais de produtos neste ano. No entanto, a empresa no detectou mudanas no comportamento da demanda americana. Sampol afirmou que os produtos colocados pela companhia possuem um desempenho melhor em termos de custos do que os produtos americanos. A empresa fechou acordo com a americana MeadWestvaco para distribuio dos produtos naquele pas. Mesmo que a demanda nos EUA venha a cair, Sampol afirmou que a Klabin tem como alternativa meio de colocar os produtos nos mercados europeus ou latino-americanos.

J os negcios com a venda de produtos de madeira, que representa cerca de 10% da receita lquida da empresa, que foi de R$ 2,79 bilhes no ano passado, vm sofrendo com o desaquecimento do mercado imobilirio americano. Mas a companhia tambm avalia que seus clientes tm opo de vender mais para a Europa.

A Klabin divulgou seu balano que indicou lucro de R$ 72 milhes no quarto trimestre, resultado 35% menor do que igual perodo do ano anterior. A queda se deveu ao aumento das despesas financeiras. No ano de 2007, o ganho lquido da Klabin ficou em R$ 621 milhes, alta de 31,2%. A empresa apontou a valorizao do real, a menor procura por madeira nos EUA e o recuo nas vendas de papelo ondulado como fatores para a queda de 3,8% na receita no quarto trimestre.

Alta de 65%, deve ampliar exportaes em US$ 10 bi

Vera Saavedra Duro - 19/02/2008 Valor Econmico

Depois de fechar reajuste do minrio de ferro com japoneses, coreanos e com a ThyssenKrupp, o prximo embate da Vale o Rio Doce acertar com os chineses e com a Arcelor Mittal, a maior siderrgica do mundo. As negociaes estavam tensas e acirradas com a China. A, a Vale centrou esforos nos nipnicos que estavam com nmeros mais prximos aos da mineradora. Por conta disto, a Vale conseguiu arrancar um aumento expressivo, de 65% para o minrio fino de Itabira e de 71% para o fino de Carajs, que, na avaliao de Jos Carlos Martins, diretor de ferrosos da Vale, vai ser adotado tambm pelas outras siderrgicas. "Acredito que fecharemos nos prximos dias com os chineses. O reajuste na sia s vigora a partir de 1 de abril. No existe caso na histria das negociaes de aumento de minrio da referncia de mercado (benchmark) a ser seguida. Foi um fechamento representativo, com Nippon Steel e Posco, que ningum pode questionar. Dentro do princpio da negociao, espero que os outros clientes acabem aceitando o novo preo", disse Martins ao Valor. O aumento vai impactar fortemente a balana comercial brasileira. Segundo clculos do analista Oscar Rudge, da Paraty Investimentos, a Vale dever exportar mais US$ 9 bilhes a US$ 10 bilhes de divisas em minrio, j que embarca 90% do que produz. Outro impacto positivo est relacionado operao de compra da anglo-suia Xstrata. Segundo analistas, o fluxo de caixa ajustado (Lajida) deve fechar 2008 em US$ 25 bilhes, gerando uma relao dvida lquida/Lajida de duas vezes, se vier a tomar US$ 50 bilhes dos bancos para comprar fechar o negcio. O reajuste do minrio foi acima da expectativa do mercado, que esperava na mdia entre 40% e 50%. O novo aumento quase superou o recorde de 2005, de 71,5%. Roger Downey, analista de minerao do Credit Suisse, disse que as mineradoras mostraram maturidade no deixando o processo de negociao se arrastar muito. Rodrigo Ferraz, da Brascan Corretora, destacou que a Vale foi "muito astuta" ao mudar o centro de atenes dos chineses para os japoneses. "A empresa direcionou o foco de sua ateno pelo fato de os chineses estarem travando as negociaes".

Com o acordo, os novos preos do minrio da Vale, posto no porto, so de US$ 76 a tonelada para o fino de Itabira e US$ 78 para o de Carajs vendido na sia, segundo analistas. Para a Europa, o fino Carajs teve um reajuste um pouco menor de 71%, informou Martins. Ainda no foram negociados preos das pelotas de ferro, que dever sair logo em seguida. Ferraz aposta num aumento de 30% para as pelotas (de maior valor agregado - hoje valem US$ 80), que geralmente so aumentadas em percentuais abaixo do minrio.

A segunda maior mineradora do mundo, a Rio Tinto, tem planos de no seguir os reajustes acertados pela Vale, ameaando quebrar o paradigma adotado de longa data no setor. O primeiro produtor a fechar serve como referncia para os demais. A angloaustraliana, bem como a rival BHP Billiton, quer receber um diferencial de frete que reflita os menores custos para os consumidores da China, Japo e Coria do Sul do produto recebido da Austrlia em comparao com o do Brasil. Podero ser criados dois preos no mercado transocenico. Sam Walsh, presidente da Rio Tinto, disse que a empresa continuar a negociar para obter um prmio de frete que reflita a proximidade com a sia e seus maiores clientes. Martins acha que esta uma questo de mercado. "Eles esto discutindo o assunto com seus clientes. Mas, no vejo problema nenhum para a Vale. No nos afeta". Segundo ele, o que a Vale quer reconhecer seu diferencial de qualidade do minrio, o que em parte j conseguiu. "Cada um batalha pelo que tem".

A Vale este ano pretende ampliar sua produo de minrio de ferro em 10% e alcanar 325 milhes de toneladas. Em 2007, produziu 297 milhes de toneladas. Segundo o analista do Credit Suisse, o mercado transocenico de ferro deve negociar este ano 870 milhes de toneladas, apontando um dficit sobre a demanda em torno de 20 milhes de toneladas. Downey acredita que esse dficit deve permanecer at 2012. Para 2009, ele prev ainda um aumento de 20% no preo do minrio. Para o futuro, acredita que o produto dever manter patamares altos de preos, na faixa de US$ 50 a tonelada FOB, mesmo num cenrio de equilbrio de oferta e procura.