2010 uniara - a constituição do lugar da morada em terra de reforma agrária

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A CONSTITUIÇÃO DO LUGAR DA MORADA EM TERRA DE REFORMA AGRÁRIA 1 Viviane Santi Martins 2 Renata Menasche 3 RESUMO Este trabalho tem por objetivo sistematizar e apresentar alguns dos resultados da investigação realizada enquanto dissertação de mestrado, que se propôs a analisar a constituição do lugar da morada de famílias rurais em contexto de assentamento da Reforma Agrária. O lugar da morada é apreendido como locus em que se desenvolve a dinâmica familiar, incluindo a casa e o entorno próximo, com o pátio, o jardim, a horta e o “arvoredo”. O trabalho mostra que os colonos assentados passam pelo processo de constituição do lugar da morada no novo espaço, trajetória que é permeada pela reconstrução da própria vida em um novo contexto. A constituição do lugar da morada desenha-se a partir do estabelecimento de laços afetivos com a nova terra, em que o espaço, percebido como estranho, torna-se, no curso da vida, o lugar de viver. As construções e seu entorno revelam um sistema de valores que reflete a organização da existência desses agricultores, por meio da atualização dos modos de morar, entendidos como textos da cultura, que falam sobre a família e a moral camponesa. Este estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa qualitativa, de cunho etnográfico, realizada em 2008, no assentamento São Virgílio, situado no município de Herval, Rio Grande do Sul. Palavras-chave: habitação rural; campesinato; espaço/lugar; assentamento da Reforma Agrária. 1 Trabalho submetido à discussão no IV Simpósio sobre Reforma Agrária e Assentamentos Rurais, realizado em Araraquara (SP), de 9 a 11 de junho de 2010. 2 Arquiteta e Urbanista. Mestre em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). E-mail: [email protected] 3 Doutora em Antropologia Social. Professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), vinculada ao Bacharelado em Antropologia e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). E-mail: [email protected]

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MARTINS, Viviane Santi; MENASCHE, Renata. A constituição do lugar da morada em terra de Reforma Agrária. In: IV Simpósio sobre Reforma Agrária e Assentamentos Rurais, 2010, Araraquara. IV Simpósio sobre Reforma Agrária e Assentamentos Rurais. Araraquara: UNIARA, 2010.

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  • A CONSTITUIO DO LUGAR DA MORADA

    EM TERRA DE REFORMA AGRRIA1

    Viviane Santi Martins2

    Renata Menasche3

    RESUMO

    Este trabalho tem por objetivo sistematizar e apresentar alguns dos resultados da

    investigao realizada enquanto dissertao de mestrado, que se props a analisar a

    constituio do lugar da morada de famlias rurais em contexto de assentamento da

    Reforma Agrria. O lugar da morada apreendido como locus em que se desenvolve a

    dinmica familiar, incluindo a casa e o entorno prximo, com o ptio, o jardim, a horta e

    o arvoredo. O trabalho mostra que os colonos assentados passam pelo processo de

    constituio do lugar da morada no novo espao, trajetria que permeada pela

    reconstruo da prpria vida em um novo contexto. A constituio do lugar da morada

    desenha-se a partir do estabelecimento de laos afetivos com a nova terra, em que o

    espao, percebido como estranho, torna-se, no curso da vida, o lugar de viver. As

    construes e seu entorno revelam um sistema de valores que reflete a organizao da

    existncia desses agricultores, por meio da atualizao dos modos de morar, entendidos

    como textos da cultura, que falam sobre a famlia e a moral camponesa. Este estudo foi

    desenvolvido por meio de pesquisa qualitativa, de cunho etnogrfico, realizada em

    2008, no assentamento So Virglio, situado no municpio de Herval, Rio Grande do

    Sul.

    Palavras-chave: habitao rural; campesinato; espao/lugar; assentamento da Reforma

    Agrria.

    1 Trabalho submetido discusso no IV Simpsio sobre Reforma Agrria e Assentamentos Rurais,

    realizado em Araraquara (SP), de 9 a 11 de junho de 2010.

    2 Arquiteta e Urbanista. Mestre em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do

    Sul (PGDR/UFRGS). E-mail: [email protected]

    3 Doutora em Antropologia Social. Professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), vinculada ao

    Bacharelado em Antropologia e ao Programa de Ps-Graduao em Cincias Sociais (PPGCS),

    professora do Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio

    Grande do Sul (PGDR/UFRGS). E-mail: [email protected]

  • Introduo

    Neste trabalho, busca-se apreender os modos de morar de famlias rurais no

    contexto dos assentamentos da Reforma Agrria, por meio de uma perspectiva

    multidisciplinar que compreende espao e lugar para alm de sua materialidade,

    imergindo em suas significaes simblicas, permeadas pelo mundus campons. A

    perspectiva adotada neste estudo compreende as famlias rurais por meio de sua

    campesinidade (WOORTMANN, K., 1990), condio adjetiva que se manifesta na

    dinmica dos modos de vida, evidenciada por uma teia complexa, em que terra, famlia

    e trabalho so elementos centrais e esto imbricados entre si, de acordo com a

    abordagem de Woortmann, E. e Woortmann, K. (1997).

    Ao analisar a trajetria do lugar da morada com o objetivo de responder aos

    questionamentos construdos na problematizao desta pesquisa, buscou-se

    compreender como se deu sua constituio para o grupo pesquisado, o que informam os

    ambientes que o compem e de que forma se atualizam os modos de morar ante a nova

    realidade, representada pelo assentamento rural.

    O campo emprico escolhido para tal investigao foi o Assentamento So

    Virglio, localizado no municpio de Herval, na regio Sul do Estado do Rio Grande do

    Sul, na fronteira com o Uruguai, onde foi possvel conviver com as famlias assentadas,

    buscando apreender como percebem o processo de construo de seu lugar, a partir da

    memria de sua trajetria, dos sonhos expressos e do universo lgico e simblico que os

    orienta.

    O municpio de Herval, situado na zona Sul do Estado, destaca-se por concentrar

    o maior nmero de famlias assentadas na Regio Sul. De acordo com Soares e

    Salamoni (2007), a zona Sul caracteriza-se por predominncia de latifndios,

    tradicionalmente de pecuria extensiva, com fraca dinamicidade econmica nas ltimas

    dcadas. Essa condio resultou em presses por parte do MST, vindo a regio a tornar-

    se uma das mais importantes para a implementao da Reforma Agrria no Rio Grande

    do Sul, especialmente a partir do final da dcada de 1980.

    As famlias que passaram a habitar os assentamentos da zona Sul deslocaram-se

    do Noroeste do Estado, especialmente da regio do Alto Uruguai, caracterizada por

  • prticas da agricultura familiar (SOARES; SALAMONI, 2007). Entre os colonos4

    assentados em So Virglio, h uma diversidade tnica, sendo que em sua maioria so

    descendentes de imigrantes alemes, italianos e poloneses. Seus municpios de origem

    distam entre quinhentos a setecentos quilmetros do municpio de Herval, como

    podemos observar na Figura 1.

    Figura 1 Mapa ilustrativo do deslocamento dos assentados dos locais de origem para o Assentamento

    So Virglio.

    Fonte: Adaptado por Martins, V. (2009). Modificado de Abreu (2006).

    No caso do assentamento So Virglio, as famlias dividiam-se, em sua maioria,

    em dois grupos principais. Uma parte dos assentados era composta por pequenos

    agricultores que viviam nas terras dos pais, cujas reas no permitiam a sobrevivncia

    de todos, tornando necessria a migrao. Outro grupo formado por trabalhadores

    4 Segundo Seyferth (1992, p.80), o termo colono tem sua origem na administrao colonial: para o

    Estado, eram colonos todos aqueles que recebiam um lote de terras em reas destinadas colonizao.

    Assim que, no sul do Brasil, reconhecem-se e so conhecidos como colonos os agricultores

    descendentes de imigrantes europeus que vivem e trabalham na terra em unidade de produo familiar.

    Para Woortmann (1995, p.16), O termo colnia designa tanto a parcela onde se realiza o trabalho

    familiar quanto a regio ocupada por imigrantes e seus descendentes. Em qualquer de seus sentidos, o

    termo se associa famlia e ao trabalho.

  • rurais que viviam sob o regime de agregao/parceria, ou seja, que residiam e

    trabalhavam em terras de terceiros, sendo-lhes destinadas, para cultivo, reas em que

    no era possvel o trabalho mecanizado.

    A trajetria por que passam os agricultores sem-terra at a conquista do

    assentamento inclui perodos de moradia em acampamentos, a maioria das famlias

    relata a passagem por mais de um acampamento antes de conquistar a terra.

    O assentamento foi dividido em cinquenta e um lotes, com rea mdia de vinte e

    quatro hectares. Tambm foram demarcadas as estradas, a reserva legal em lote nico e

    a rea da Sede do assentamento, incorporando as benfeitorias existentes para uso

    coletivo, inscritas em quatro hectares. As estradas e a energia eltrica s chegaram

    quatro anos depois da mudana para o assentamento. Supostamente por orientao das

    lideranas locais do MST, a localizao das casas foi condicionada proximidade das

    estradas, com o objetivo de reduzir custos no momento da instalao da rede de energia

    eltrica.

    No acampamento, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST

    orientara os agricultores a organizarem-se em ncleos, em que reuniam-se, em sua

    grande maioria, a partir de afinidades de vizinhana e parentesco. J no assentamento,

    os agricultores dividir-se-iam em grupos para a distribuio dos lotes, respeitando o

    sistema de ncleos utilizado nos acampamentos. Cabe ressaltar que, embora a

    organizao espacial tenha sido orientada pelo sorteio dos grupos, os assentados que

    hoje vivem em So Virglio identificam as divises espaciais pela teia de relaes

    formada pelos laos de parentesco e compadrio.

    Desde que o assentamento foi criado, no final do ano de 1998, algumas famlias

    realizaram trocas de lotes entre assentamentos diferentes ou, ainda, dentro do prprio

    assentamento, como estratgia para a recriao das redes sociais. Nesse processo, alguns

    agricultores conseguiram reconstruir no assentamento parte de suas redes de parentesco.

    O tecido social volta a ser tramado, e os casamentos entre filhos de assentados unem as

    famlias, assim como os compromissos de compadrio, como ilustra a Figura 25.

    5 As teias de parentesco aqui apreendidas traduzem apenas os laos parentais informados

    espontaneamente pelos assentados, portanto no representam a totalidade da teia de relaes em So

    Virglio.

  • Figura 2 Mapa ilustrativo dos laos de parentesco apreendidos em pesquisa no assentamento So

    Virglio.

    Fonte: Adaptado por Martins, V. (2009). Modificado de: Brasil, [2006?].

    Entre as dificuldades relatadas pelos assentados, a distncia do local de origem,

    especialmente dos familiares e amigos que no os puderam acompanhar, est impressa

    em suas memrias, por vezes fragmentadas, e a distncia tem ecos de saudades de suas

    experincias de vida. A Reforma Agrria representa, para os agricultores sem-terra, a

    possibilidade de reespacializar a teia de relaes parentais (MARTINS, J., 2003) a partir

    de diversas estratgias. No entanto, esse processo de reunir a famlia, quando possvel,

    pode levar anos e, mesmo nos casos em que as famlias conseguem se reunir em uma

    mesma regio, a natureza complexa das teias de relaes parentais resultar em uma

    espacializao incompleta, em que sempre faltar algum importante.

    Os assentados de So Virglio enfrentaram, ainda, a difcil adaptao s

    diferenas regionais, que incluiu desde o aprender novos labores da terra at a insero

    no novo universo simblico e cultural. A exemplo de outros assentamentos, sua histria

    atravessada pela resistncia complexa trama de tenses (FERRANTE; BARONE;

    BERGAMASCO, 2005, p. 38) da poltica de Reforma Agrria no Brasil, que expressa

    as contradies e possibilidades da agricultura familiar diante do poder do grande

    capital agropecurio e agroindustrial, no que se refere ao desenvolvimento social.

  • Sob esse contexto e por meio de investigao etnogrfica deu-se a anlise da

    trajetria da constituio da morada, cujas complexidades perpassam a recriao dos

    modos de vida sobre a terra conquistada. Nessa abordagem, destaca-se a percepo em

    que espao e tempo so tramados. Assim que os eventos percebidos como relevantes

    pelos agricultores compem uma cadncia de marcos espao-temporais que conformam

    a constituio do lugar da morada.

    Acampamento: Tempo de espera, espao de passagem.

    O acampamento percebido, simultaneamente, como tempo de espera e espao

    de passagem para a nova condio de vida, marcada por um porvir representado pelo

    sonho de ter terra. A condio provisria faz que o acampamento represente um espao

    ambguo, liminar, em que os colonos no esto nem no lugar de origem, nem no novo

    lugar.

    As dificuldades e sofrimentos vividos nesse tempo levam muitos a desistir, e

    aqueles que resistem guardam as lembranas na memria, ainda que estejam presentes

    no prprio silncio referente quele tempo.

    O acampamento percebido como um marco temporal. Segundo Costa (2004),

    ao acampar, o colono passa a ser identificado como sem-terra, aquele que requer a terra

    como direito social. De acordo com Martins, J. (2003), os acampados representam uma

    comunidade espera de um territrio, constituda virtualmente a partir de sua teia de

    relaes parentais e de vizinhana. Dessa forma, o acampamento, embora se localize no

    espao, percebido como tempo: um tempo localizado no espao, demarcando a

    diviso entre um passado sem perspectivas e um futuro de possibilidades a partir da

    conquista da terra. Assim, temos que o acampamento representa um tempo de espera.

    Dessa forma, o acampamento caracteriza-se como um dos processos mais fortes de

    desterritorializao por que passam os colonos em busca de terra.

    Por meio dos depoimentos dos assentados ao se referirem deciso de enfrentar

    o acampamento, foi possvel apreender que o acampamento percebido como espao:

    precrio, provisrio e inadequado. Como espao, o acampamento identificado com a

    categoria mundo. Woortmann E. e Woortmann K. (1997) destacam os significados da

    expresso mundo para os camponeses de Sergipe: designa um universo desconhecido,

  • onde reside o perigo, e engloba desde a natureza desconhecida at os grandes centros

    urbanos. (WOORTMANN, E.; WOORTMANN, K., 1997, p. 39). Aqui

    compreendemos as categorias espao, mundo e natureza com significaes que se

    correspondem entre si, podendo ser atribudas ao acampamento. Segundo Tuan (1983),

    o espao indiferenciado, desconhecido, ameaador, ao mesmo tempo em que um

    smbolo de amplido, possibilidade de movimento e liberdade. Assim, temos que o

    acampamento, ao ser percebido como espao, a partir dos contrastes que lhe so

    prprios, apresenta ambiguidades nos sentimentos que desencadeia em diversos nveis

    de significado e experincia.

    Enquanto tempo-espao, os camponeses sem-terra vivem uma busca constante

    em tornar o espao de acampar em lugar de viver, de forma a fortalecer a necessidade

    de resistir. Segundo Tuan (1983), espao e lugar remetem a relaes espaciais

    complementares e antagnicas, relacionadas entre si: para falar de um, necessrio falar

    do outro, pois espao mais abstrato do que lugar (TUAN, 1983, p. 6). O espao

    representa o movimento, o desconhecido, o indiferenciado, enquanto o lugar representa

    a pausa ao movimento, o que permite localiz-lo, transformar o espao em lugar. Na

    expresso de Tuan (1980), o lugar como o lar, permeado de valores familiares

    imbricados entre si, referindo-se ao mundo vivido. Assim que o acampamento ora

    vivido como espao, ora como lugar.

    Na busca em torn-lo lugar, os agricultores compem os arranjos espaciais,

    remetendo aos modos de morar, em que esto representadas as esferas do social e do

    privado em meio aos barracos de lona. Nesse sentido, o local das refeies marcado

    pelo jipe, uma espcie de fogo a lenha improvisado, em torno do qual se renem, no

    s a famlia, mas os membros do grupo formado no acampamento, a partir das

    afinidades de parentesco e vizinhana. J a rea destinada aos cmodos de dormir

    reservada aos membros do grupo domstico. As mulheres juntam-se aos maridos no

    acampamento, assim que esse esteja com o lugar estruturado ou, ainda, somente

    depois da mudana para a nova terra.

    O sorteio o instrumento usado para decidir seus destinos: de um copo, por

    exemplo, foram sorteadas as famlias que formaram a comunidade de So Virglio. O

    sorteio um dos momentos mais importantes do acampamento, representa a

    possibilidade do fim da espera pela terra sonhada, configurando-se, ele prprio, como

    um marco temporal, pois delimita o fim do acampamento para aqueles sorteados.

  • Nesse momento, a organizao em ncleos tambm representa a delimitao do

    grupo de famlias que est concorrendo ao sorteio, significando a definio dos futuros

    vizinhos no assentamento, o que expressa a imprescindibilidade da formao dos

    ncleos a partir das redes de relaes parentais e de vizinhana, pois quem sorteado

    o ncleo e no a famlia. Mas os ncleos no so entes organizacionais fixos, como

    pode parecer em uma primeira leitura; sua composio pode mudar de acordo com as

    necessidades do momento, da negociao constante entre interesses divergentes,

    conflitos de convivncia e rearranjos de novas afinidades.

    A terra conquistada: primeiros tempos

    A mudana para a terra conquistada representa a possibilidade de incio de uma

    nova vida, o que se d a partir daquilo que os colonos carregam do acampamento e/ou

    do lugar de origem. Aps um longo tempo de espera nos acampamentos, que durou

    meses para alguns acampados e anos para outros, chegou o dia da mudana para o novo

    assentamento. Nesse sentido, a mudana significou efetivamente o deslocamento

    daqueles que estavam morando no acampamento para o local do assentamento. De

    forma similar que ocorrera com a instalao no acampamento, alguns agricultores

    foram frente, sem as famlias, buscando estruturar condies mnimas de

    habitabilidade para trazer as mulheres e os filhos; outros j se mudaram com a famlia e,

    juntos, improvisaram os locais de moradia.

    Muitos agricultores foram buscar sua mudana somente depois de conhecer o

    novo espao, de iniciar uma pequena roa e improvisar suas moradias. Assim, temos

    que a mudana tambm significava o deslocamento dos pertences da famlia que, em

    muitos casos, era acompanhado pelo deslocamento dos membros da famlia que at

    ento permaneciam no local de origem. Esse momento era considerado importante, pois

    a tinha incio a constituio do lugar, a partir daquilo que se tinha. Na mudana,

    carregava-se o que era mais significativo para a famlia, pois o volume do que se podia

    transportar era limitado pelo frete que se podia pagar.

    Cabe ressaltar que as famlias rurais, ao aderirem ao acampamento, apresentam

    diferenas no que se refere ao acesso a recursos econmicos e a relaes sociais que

    poderiam lhes dar suporte nesse tempo difcil, marcado pela precariedade

  • (QUINTEIRO, 2003, P. 168). No caso aqui estudado, o mesmo tambm ocorreu ao

    chegarem ao assentamento, sendo que a distino entre as famlias se refletiu - e segue

    se manifestando - nas condies de vida da famlia ao longo dos anos.

    As diferenas de acesso a recursos econmicos e sociais entre as famlias, que j

    se apresentavam no tempo de acampamento, refletem, assim, tambm no processo de

    constituio do lugar da morada. Entre outros fatores da decorrentes e importantes

    nesse processo, vale destacar a capacidade de ressocializao ao novo modo de vida.

    Ao chegar a sua terra, os colonos a percebem como um espao estranho e hostil.

    Eles dizem que na terra no tinha nada. Esse nada revela o sentimento de no

    identificao com o espao, que, medida que se torna vivido, passa a ser percebido

    tambm como o lugar em que os agricultores construiriam tudo.

    A expresso nada representa mais do que supresses no plano material:

    carrega tambm significados de ordem simblica, pois remete falta de uma paisagem

    que lhes permita o sentido de pertencimento, uma paisagem construda

    ideologicamente, que lhes informa que elementos definem um lugar de viver. Para

    Claval (2001), a paisagem construda pela sociedade, no est situada no exterior, mas

    faz parte da realidade social. Segundo esse autor, as paisagens existem no esprito

    daqueles que a vivem, modelam e que por ela so modelados, carregadas de imagens e

    smbolos. A paisagem idealizada pelo assentado remete a seu local de origem, estando

    associada a uma ordem camponesa, em que a relao entre humano e natureza

    perpassada pelas categorias terra, famlia e trabalho (WOORTMANN, E.;

    WOORTMANN, K., 1997).

    Na paisagem do nada, os agricultores se instalaram de forma similar que fora

    empregada no acampamento, coletivamente e de maneira provisria. Na precariedade

    dos primeiros tempos de assentamento, em que as expectativas j eram diferentes

    daquelas do acampamento, a convivncia coletiva gerou as condies para a

    manifestao de conflitos, alguns dos quais remanescentes dos tempos de

    acampamento. Mas as dificuldades e sofrimentos tambm fizeram germinar

  • solidariedades6: em tempo de apropriao do espao, marcado pelos primeiros anos, as

    relaes sociais se (re)construram, em paralelo construo do lugar.

    A constituio do lugar

    A partir da demarcao dos lotes, os colonos assentados assumem suas parcelas

    de terra e passam a trabalhar o espao de forma a transform-lo no lugar de viver da

    famlia a morada da vida, como disse Heredia (1979), referindo-se a camponeses de

    outra poca e contexto. Dessa forma, a teia de relaes sociais passa a estender-se sobre

    o territrio do assentamento e o lote passa a representar a esfera privada da famlia.

    A constituio do lugar da morada parte do planejamento do lote, informado

    pelo saber-fazer campons. O planejamento o trabalho cognitivo, que antecede o

    trabalho fsico e inicia mesmo antes da mudana da famlia para cima do lote. por

    meio do planejamento que tem incio o processo de apropriao do espao. Para

    Haesbaert (2004), o processo de apropriao do territrio relaciona-se a dimenses

    simblicas, carregado de marcas do vivido, do valor de uso. (HAESBAERT, 2004,

    p. 2).

    Sob a perspectiva da apropriao do espao, temos que a demarcao, o

    planejamento do lote e a construo do locus familiar forjam e so forjados pelos

    assentados ao longo do tempo. Nesse sentido, o processo de apropriao ocorre em um

    movimento constante, oscilando entre o sentimento de espao e lugar em relao ao

    lote. A apropriao da parcela familiar dentro do assentamento inicia por meio da

    delimitao de suas fronteiras, sendo o lote percebido como territrio na esfera fsico-

    geogrfica. Mas o processo de apropriao tambm perpassa a efetiva ocupao e

    organizao do espao, assim como as significaes associadas a esses usos.

    Woortmann, E. (1983), bem como em Woortmann, E. e Woortmann, K. (1997)

    demonstram que o sistema espacial do stio campons obedece a dimenses prticas e

    6 s dificuldades dos primeiros tempos, somar-se-ia a passagem de um tornado pelo assentamento,

    causando grandes perdas materiais, assim como marcas profundas na memria daqueles que o

    vivenciaram. Com o fenmeno do tufo de vento, os barracos de lona ou madeira foram danificados ou

    completamente destrudos, deixando muitas famlias desabrigadas. A solidariedade dos parentes e

    vizinhos foi fundamental para a resistncia dos atingidos, que recomearam do nada.

  • simblicas, em que a casa o ponto de partida para a distribuio das reas que

    compem o stio. Assim que no planejamento do lugar da morada, a casa um marco

    espacial a partir de onde se projetam os ambientes externos, imbricados entre si.

    No croqui a seguir (Figura 3), reproduzido a partir dos registros no dirio de

    campo, pode-se observar, a partir do desenho de parte do lote de uma das famlias

    assentadas, a organizao espacial que tem na casa um centro gerador. Localizada

    prximo ao corpo dgua, junto com esse, demarca uma diviso espacial entre as

    atividades da lavoura e aquelas de domnio domstico de autoconsumo.

    Figura 3 Croqui da rea frontal do lote de uma das famlias assentadas, onde se localiza o lugar de sua

    morada.

    Fonte: Adaptado por Martins, V. (2009). Modificada de: Dirio de Campo, 2008.

    Por meio do planejamento, iniciam-se as etapas de organizao do lote e, a partir

    da construo de um local de moradia, torna-se possvel a mudana da famlia para

    cima do lote, ainda que em um abrigo provisrio. Assim que as famlias, em seus

    primeiros anos sobre o lote, moram em barracos de lona, ou ocupam a edificao que

    futuramente ser o galpo. Em cima do lote, o barraco, quando construdo com lona,

    em alguns casos era incrementado com o uso de recursos naturais disponveis no local,

    como a terra para as paredes e a palha para coberturas improvisadas. Tambm o galpo

  • um lugar importante para o cotidiano campons, j que abarca funes mltiplas. A

    localizao do galpo d-se em relao da casa e ambos so marcos fixos implantados

    no terreno, em oposio s demais reas externas, como a horta e o jardim, que tendem

    a rotacionar suas posies.

    No assentamento So Virglio, foi observado que a famlia constitui a casa em

    processo que segue a trajetria de constituio do lote. A qualificao do lugar da

    morada est imbricada organizao e ao planejamento sistmicos da parcela destinada

    a cada famlia. Foi observado que as famlias, em geral, vivem em moradias

    improvisadas nos primeiros anos, na forma de barracos de lona, madeira ou de materiais

    mistos. Com o tempo, constroem suas casas a partir de recursos prprios e/ou recursos

    oriundos de polticas habitacionais.

    Cabe ressaltar que essas etapas ocorrem em tempos diferentes, e no

    correspondem a uma ordem cronolgica vivenciada por todas as famlias da mesma

    forma. As diferenas quanto s condies materiais de cada famlia ao chegar ao

    assentamento repercutem em diferenas na constituio de seu lugar ao longo do tempo.

    A capacidade de adaptao, articulao e ressocializao nova vida tambm so

    fatores que interferem na diferenciao entre famlias, diferenciao que, por sua vez,

    tem reflexo na paisagem.

    O lugar da morada

    De acordo com Godoi (1999), o muro e o quintal so dois espaos sempre

    contguos casa de morada e podem ser pensados [...] como um desdobramento

    projetivo da casa. (GODOI, 1999, p.37). Tambm Garcia Jr. (1983), em estudo com

    pequenos produtores rurais em Pernambuco, destaca que a casa no apenas a rea

    coberta e com paredes: de acordo com esse autor, para aquele grupo, o entorno fechado,

    naquele caso denominado terreiro, tambm faz parte do corpo da casa. No caso do

    assentamento So Virglio, essa rea fechada em torno da casa o ptio, tambm

    percebido como extenso da casa.

    As reas do entorno da casa ptio, horta, jardim e arvoredo compem,

    junto com a prpria casa, o lugar da morada e, por consequncia, tambm seguem a

    lgica e a simblica camponesa. As reas que compem o lugar da morada so

  • articuladas entre si e carregam significaes permeadas pela moral camponesa, a

    exemplo do que foi observado no stio campons por Woortmann, E. e Woortmann, K.

    (1997), em estudo com camponeses de Sergipe.

    A Figura 4 mostra o arranjo espacial inicial do lugar da morada da famlia nos

    primeiros anos de assentamento. Observam-se posicionados a casa, o galpo, a estrada

    de acesso ao lote, os postes da rede de energia eltrica e o incio da construo da casa

    atual.

    Figura 4 Fotografia do lugar da morada de uma famlia de So Virglio nos primeiros anos no

    assentamento.

    Fonte: registrada por Alceu nos primeiros anos no assentamento e reproduzida por Martins (2008).

    Ao comparar Figura 4 com a Figura 5, possvel ver o ptio e a horta cercados.

    A casa definitiva foi construda um pouco abaixo de onde se localizava a casa de

    madeira e encontra-se protegida dos ventos pelos matos de accia plantados nas duas

    direes dos ventos predominantes na regio ventos sudoeste e nordeste. Assim,

    temos que, da mesma forma que o lote constitudo ao longo do tempo, tambm o so

    as reas de entorno da casa.

    Figura 5 Fotografia atual do lugar da morada de uma famlia de So Virglio.

    Fonte: Registrada por Martins, V. (2008).

  • O entorno da casa , em geral, destinado produo de alimentos para o

    autoconsumo da famlia, como tambm foi observado por Zanetti e Menasche (2007),

    em estudo realizado em comunidade camponesa no Vale do Taquari. Como destacam as

    autoras, nessa parcela de terra, embora pequena se comparada ao restante da rea de que

    o grupo familiar dispe, produzida uma grande variedade e quantidade de alimentos.

    O excedente dessa produo comercializado na cidade de Herval, gerando resultado

    importante para a composio da renda familiar.

    O ptio uma rea importante no entorno da casa e seu fechamento um evento

    significativo: como elemento visvel na paisagem do locus familiar, seu fechamento

    evidencia o resultado do trabalho da famlia e representa uma conquista na constituio

    do lugar da morada, sendo percebido como prestgio do grupo domstico. Geralmente,

    no interior do ptio que se localizam a horta e o jardim, assim como o arvoredo de

    fruta, e esses tambm carregam significaes que remetem ao resultado do trabalho e

    ao capricho do grupo familiar, notadamente da me de famlia.

    As mudas e sementes de hortalias e flores fazem parte do circuito de trocas

    femininas, no apenas no plano material, como tambm no simblico, representado, por

    exemplo, pelo contedo das conversas femininas, em que se constituem enquanto

    veculos para a troca de informaes e atualizao das notcias locais. As crianas,

    especialmente as meninas, tambm participam das trocas de mudas.

    O arvoredo refere-se tanto s rvores frutferas, de menor porte, quanto aos

    quebra-ventos, formados por agrupamentos de rvores de maior porte, geralmente

    accia. O arvoredo, quando constitudo por capes para quebra-vento, percebido

    como delimitador do lugar da morada, ainda que estes sejam permeveis. Essas

    rvores, alm de servir como quebra-vento, fornecem sombra para os animais, madeira

    para o consumo domstico e plen para o mel, quando esto em florao.

    Morada: lugar da famlia

    Diversos estudos sobre campesinato apontam a casa como o lugar da famlia.

    Dentre eles, destaco os trabalhos de Heredia (1979), Garcia Jr. (1983) e Woortmann, E.

    e Woortmann, K. (1997), que evidenciam a casa como ncleo simblico da famlia. A

  • esfera das percepes simblicas da casa, as relaes hierrquicas associadas aos

    ambientes internos e externos, as diferenciaes de gnero e a associao entre a casa e

    a famlia so aspectos transversais nesses estudos.

    O lugar da morada, composto pela casa e seus arredores, comporta percepes

    diferenciadas referentes aos ambientes que o constituem. As reas externas casa,

    compostas tambm por reas no construdas, assim como a organizao interna dos

    ambientes da moradia, revelam significaes importantes para o mundus campons.

    A casa percebida como ncleo simblico da famlia e seus arranjos espaciais

    internos evidenciam relaes simblicas no interior do grupo domstico

    particularmente as relaes de gnero. A casa e seu entorno, enquanto unidade no

    interior do lote, conformam locais predominantemente femininos, embora no

    exclusivamente. Heredia (1979) apreendeu, no grupo de camponeses estudado em

    Pernambuco, a oposio feminino-masculino, que tambm se expressa na oposio

    casa-roado, a primeira ligada mulher e o segundo, ao homem. Dessa forma, essa

    autora observou que havia espaos diferenciados tambm dentro da casa,

    correspondentes a tarefas diferenciadas de acordo com gnero e gerao, evidenciando

    diferentes posies na hierarquia familiar. Assim, temos que a casa percebida como

    local de domnio feminino. A casa concebida como lugar da mulher por excelncia.

    (HEREDIA, 1979, p. 79). Nas palavras da agricultora Dona Morena, Acho que a casa,

    para a mulher, tudo. Significa o bem-estar da gente, o sossego, isso.

    As reas externas casa, o entorno, tambm so percebidas como de domnio

    predominantemente feminino, embora no exclusivamente. Aos estudar uma

    comunidade camponesa no Vale do Taquari, Zanetti e Menasche (2007) destacam a

    importncia do trabalho feminino nas estratgias de reproduo familiar, especialmente

    ao atender as demandas de autoconsumo da famlia. Segundo as autoras, a produo

    voltada ao autoconsumo proveniente das hortas, pomares, criaes e pequenas

    lavouras. Ramos (2007), em estudo com camponeses de Maquin, observou que s

    mulheres, em geral, cabem as tarefas da casa e do quintal, onde criam galinhas e porcos,

    trabalham com vacas de leite e mantm uma horta. (RAMOS, 2007, p. 72). Como

    destacado nesses estudos, o trabalho realizado predominantemente pelas mulheres, o

    que tambm foi observado no estudo junto aos colonos assentados em So Virglio.

  • Os arranjos internos da casa, por meio dos repartimentos dos cmodos, tambm

    traduzem relaes simblicas. Assim que a sala, na escala domstica, de domnio

    predominantemente masculino, enquanto a cozinha de domnio feminino.

    Na cozinha, o fogo a lenha no s o lugar da transformao da comida, como

    tambm carrega significaes que remetem unio da famlia, representada pelo fogo,

    aqui no lugar da mulher. Em oposio e complementaridade , a lareira, na sala,

    representa o fogo no lugar do homem, no interior da casa, e remete a significaes do

    sagrado, geralmente representado pela presena da Bblia, de imagens e/ou dizeres

    religiosos.

    Os quartos so ambientes de privacidade dos membros do grupo familiar,

    representam nichos de proteo, no interior da casa. O acesso a eles exclusivo ao

    grupo domstico, exceo feita nos momentos em que se recebe visita, quando essa

    absorvida como membro da famlia, o que legitima o acesso a um quarto, porm no a

    torna igual a um familiar, condio que lhe impe limites e faz que seja percebida como

    um ser ambguo. Assim que o quarto de visitas um ambiente requerido pelas

    famlias, e sua materialidade, alm de representar mais uma concretizao na

    constituio do lugar da morada, ainda parece minimizar tal ambiguidade.

    Outro ambiente que percebido de forma ambgua o banheiro, cuja

    proximidade da casa , por um lado, indesejada, devido s representaes sobre a

    contiguidade da casa com o local de descarte de sujeiras e dejetos do corpo e, por outro

    lado, necessria, devido proteo do prprio corpo das condies climticas. Assim

    que o banheiro merece um lugar intermedirio, que no se configura nem dentro da

    casa, nem fora dela.

    Quando as casas possuem uma varanda externa que os agricultores denominam

    de rea , formada comumente pelo prolongamento de um dos telhados, esse o local

    onde recebem os estranhos ou os conhecidos, que no tm acesso ao interior da casa.

    Mas a rea tambm atende a outras funes, podendo eventualmente tornar-se o lugar

    das festas, em que so recebidos parentes, vizinhos e compadres. Demais ambientes,

    como a garagem e a rea de servio, so pouco encontrados nas casas das famlias

    assentadas, percebendo-se que vm sendo, aos poucos, adicionadas por aqueles que

    esto em processo de melhorar de vida.

  • Por fim, os colonos assentados preocupam-se com o futuro dos filhos, que, ao

    crescer, formam novas famlias ou partem do assentamento, comumente para estudar.

    Na percepo dos assentados, a constituio de uma nova famlia exige a constituio

    de um novo lugar para sua morada, que o lote familiar deveria dar condies de

    acomodar. Mas, em geral, os agricultores consideram que seus lotes so pequenos para

    comportar as futuras famlias dos filhos. Assim, sofrem com a possibilidade de uma

    nova disperso familiar, agora do prprio grupo domstico. A sada dos filhos para

    estudar percebida, por um lado, como difcil, pois representa uma separao e, por

    outro lado, como benfica, pois remete possibilidade de melhores condies de vida

    para os filhos. No entanto, os assentados apostam no retorno dos filhos para as

    proximidades do lugar da comunidade, representada pelo prprio assentamento, seja

    esperando que os filhos da comunidade retornem para exercer suas profisses no

    assentamento, ou buscando morar em seu entorno, por meio do enfrentamento a novos

    acampamentos, ou mesmo, do acesso ao crdito-fundirio.

    Ao concluir, cabe lembrar que este estudo deve ser percebido como apenas um

    recorte do universo, imensamente rico e complexo, do campesinato que hoje vive nos

    assentamentos da Reforma Agrria, espalhados pelo Brasil.

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