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relatório de actividades2010

www.animaisderua.org

É com enorme prazer que apresentamos o Relatório deActividades da Associação Animais de Rua, do ano de2010. Cada uma das vitórias que conseguimos ao longodeste ano se deve também a si, que esteve ao nosso ladonesta luta e que nos deu o seu apoio incondicional.

Apesar do terrível contexto de crise económica queassolou (e continua a assolar) o nosso país, temos todosos motivos para estarmos orgulhosos do nosso trabalhoem 2010. Conseguimos algumas conquistas importantespara os animais, das quais destacamos as seguintes:

– O estabelecimento de protocolos com as Câmaras Mu -nicipais de Sintra e de Cascais, e com a Junta de Fre -guesia de Leça da Palmeira, com vista à aplicação deprogramas CED (Capturar-Esterilizar-Devolver) em coló -nias de gatos de rua em alternativa à sua captura eabate;

– A abertura dos Núcleos de Viseu e Lagos e a expansãodo método CED a estas localidades;

– O convite, por parte da World Society for the Protectionof Animals (WSPA), para participação na InternationalCompanion Animal Welfare Conference (ICAWC) 2010,que decorreu em Praga e onde tivemos oportunidade deadquirir conhecimentos valiosos para melhorar o nossotrabalho de protecção animal;

– A participação na formação sobre Programas EducativosEscolares da associação britânica Dogs Trust, onde rece -

mensagem de bo

as vindas

bemos as bases para o programa educativo que im -plementámos ao longo do ano junto de crianças e jovensem várias escolas portuguesas.

Até à data de impressão deste relatório, foram esterili -zados, pelo programa de esterilizações da Animais de Rua,6.800 animais. É um número que nos enche de orgulhoe que ultrapassa largamente a meta que ambicionávamosalcançar neste ano tão difícil para todos os portugueses.Seremos eternamente gratos a si e a todas as pessoas que,apesar do contexto difícil em que todos vivemos, partilha -ram com os animais que sofrem um pouco do que é seue nos deram condições para que os pudéssemos ajudar.

Sabemos que ainda temos uma longa e dura batalha pelafrente. Os gatos e cães silvestres continuam a ser cap -turados e abatidos pela maioria dos canis municipais econtinuam a nascer, no nosso país, centenas de milharesde ninhadas indesejadas, destinadas ao abandono, à fomee ao abate. Mas enquanto existirem animais a precisar denós, cá estaremos a lutar por eles e a levar o nosso pro -grama de esterilizações cada vez mais longe. Contamosconsigo ao nosso lado para prosseguir este trabalho!

Muito obrigada, em nome de toda a equipa da Animaisde Rua.

Maria Pinto TeixeiraPresidente da Associação Animais de Rua

2 3relatório de actividades 2010

No relatório de actividades de 2009 partilhamos convosco quais os principais objectivosa Associação Animais de Rua pretendia atingir em 2010, quais seriam as metas maisimportantes na persecução do nosso trabalho. È com enorme satisfação e orgulho que podemos dizer-vos que os conseguimos atingir:

– Aumentamos a taxa de animais esterilizados por dia de 5 para 7; – Implementamos com sucesso um programa educativo escolar com 10 acçõesrealizadas no ano de 2010 com crianças entre o pré-escolar e o ensino secundário;

– Celebramos um protocolo de colaboração com a Junta de Freguesia de Leça daPalmeira e com o Município de Cascais (através da Fundação Francisco de Assis);

– Fizemos um workshop sobre CED e processo de captura segura para funcionários doCRO do Município de Sintra;

– Participamos em eventos, feiras e campanhas um pouco por todo o país nos quaistivemos a oportunidade de divulgar e dar a conhecer o nosso trabalho ao público emgeral;

olhando para trás

4 5relatório de actividades 2010

Cães

178810130110000002434101270231031404121313112312152744200003110110000

297

Gatos

62101213100139511411506758221331015318303012901324223735777262151417151151021221263616

1.384

Total

231091131611113951141174101682334010176193344125022354354856089412358859151154122231273616

1.681

CIDADE

ESPINHOOVARSTA. MARIA DA FEIRAOLIVEIRA DE AZEMÉISAROUCAAVEIROESTARREJAS. JOÃO MADEIRAGUIMARÃESBRAGAFAFEVIERIA DO MINHOFIGUEIRA DA FOZCANTANHEDECOIMBRAGOUVEIAVILA NOVA DE GAIAMAIAVALONGOPORTOGONDOMARPAÇOS DE FERREIRAPAREDESPENAFIELMATOSINHOSSTO TIRSOVILA DO CONDEPAREDES DE COURAVISEUCHAVESPESO DA RÉGUABOMBARRALALMADASEIXALPALMELABARREIROSETÚBALMONTIJOLISBOASINTRACASCAISAMADORAOEIRASODIVELASLOURESLOURINHÃMAFRAVILA FRANCA DE XIRAÉVORAREGUENGOSALBUFEIRAPORTIMÃO FAROLAGOALAGOSLOULÉSILVESOLHÃOVILA DO BISPO

DISTRITO

AVEIRO

BRAGABRAGABRAGABRAGACOIMBRA

GUARDAPORTO

VIANA DO CASTELOVISEUVILA REAL

LEIRIASETÚBAL

LISBOA

ÉVORA

FARO

Total

relatório de contas 2010

receitas despesasQuotizações e apadrinhamentos

Donativos

Venda de merchandising

Campanhas e eventos

Total de Receitas

O seguinte esquema mostra-nos o impacto que a nossa actividade teve no concelho doPorto desde a formação da Animais de Rua até final de 2010. Podemos ver facilmenteque em algumas freguesias da cidade, a nossa intervenção é significativa e incluí umnúmero de esterilizações significativo e relevante em termos de controlo de população.

35.094,70

46.673,42

11.559,05

1.838,70

95.165,87

Programa CED e tratamentos veterinários

Custos administrativos

Custos de Fundraising

Total de Despesas

61.840,14

22.522,90

3.228,44

87.591,48

Os principais indicadores da nossa actividade em números: Número total de esterilizações por espécie e género:

1 – Ramalde [277]

2 – Paranhos [265]

3 – Cedofeita [235]

4 – Bonfim [115]

5 – Lordelo do Ouro [104]

6 – Campanhã [97]

7 – Nevogilde [87]

8 – Massarelos [84]

9 – Foz do Douro [63]

10 – Aldoar [32]

11 – Santo Ildefonso [11]

12 – Vitória [5]

13 – Miragaia [5]

14 – S. Nicolau [2]

15 – Sé [0]

A Animais de Rua na sua cidade berço

1

Espécie

Felinosfêmeasmachos

Canídeosfêmeas machos

Total

Número

1384900484

29723166

1681

Peso rel. %

82%65%35%

18%78%29%

Esterilizações por mês e por concelho:

Canídeos

181530301829291526443011

297

Felinos

8474113848411116873180152135125

1384

MÊS

Janeiro FevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembroOutubroNovembroDezembro

Total

59 8

13

14

1512 11

4

6

73

10

2

6 7relatório de actividades 2010

Voluntária Bianca Santos

"Desde que entrei para a Animais de Rua quereencontrei o sentido para a vida. Ser voluntáriamudou a minha forma de ver o mundo e a minhaforma de estar, apurou a minha consciência dodever de protecção que temos para com osanimais e o ambiente, e deu-me esperança deque é possível alterar a mentalidade ultrapas -sada da nossa sociedade, participando numasolução exequível. Tenho aprendido imensa -mente a cada dia que passa, dando o meucontributo ao programa CED – a única formarealmente humana e eficiente de se resolvero problema da procriação descontrolada emPortugal. O CED tem uma dinâmica e umaenvolvente tal que permite constatar mudançasrápidas e positivas, nos animais e na comuni -dade onde vivem, difundindo às pessoas umapercepção de ética, respeito e de protecção aestes animais. A nossa intervenção acaba porser também cívica e social. Aprendi que, infeliz -mente, não consigo salvar todos os animais,mas que consigo motivar outras pessoas asalvarem muitos mais, sensibilizando-as para o seu bem-estar, chegando mesmo a influen -ciar a forma como pensam – essa é verdadeiravitória. É muito doloroso viver no meio desteflagelo dos animais errantes e da indiferençageral da sociedade ao seu sofrimento. Massaber que tenho contribuído para salvar cente -nas de outros seres indefesos, para terem umavida melhor do que a miserável existência a quemuitos os condenaram, só me dá força paracontinuar e acreditar que estou no caminhocerto, com as pessoas certas – pessoas excep -cionais, generosas e humanas, que me ampa -raram numa luta que travava sozinha e quefazia de mim uma minoria.Estou convicta de que me encontro numa mis -são e foi a que eu escolhi para mudar o (meu)mundo, tornando-o realmente digno e Humano.Esterilizem sempre para salvar vidas."

quem

núcleo de Lisboa

somos

No último relatório demos a conhecer a todos aAssociação Animais de Ruaenquanto organização, maseste ano queremos queconheçam as pessoas quetodos os dias, com dedicaçãoe muito empenho dão o seucontributo e nos permitemchegar a cada vez maisanimais e fazer um trabalhomais abrangente e constante.

voluntárias8 relatório de actividades 2010 9

Voluntária Cláudia Neves “Ter um animal devia ser encarado como umprivilégio, mas não é assim a realidade! Todosos dias somos confrontadas com provas disso,milhares de animais vivem na rua sem acessoa alimentação adequada e sem quaisquer cuida -dos. Sou voluntária da ADR porque acredito quefazemos a diferença na vida de tantos animais,tantos deixam de nascer para viverem num mun -do que pouco ou nada tem para lhes oferecer.Sofremos muito por ter de lidar todos os diascom situações horríveis com que nos deparamos,mas também dormimos com a sensação de quefizemos tudo o que podemos. Não somos deolhar para o lado, somos pessoas que encara -ram de frente as situações! Sinto também umenorme privilégio de poder conviver diariamentecom pessoas que têm corações gigantes. Na ADR, não somos conhecidas, não somosamigas, somos muito mais que isso. Estamos láumas para as outras sempre que alguém precisa,só assim foi possível ajudar tantos animais. Alguém um dia me disse que se entrasse paraa ADR o número de animais que poderia ajudar,iria aumentar exponencialmente, acreditei,entrei, ajudei e continuo a ajudar muitos maisanimais do que alguma vez poderia fazersozinha. Isso graças á grande equipa quesomos todas na ADR!”

Voluntária Carina Soares“Através de um e-mail recebido há uns anosatrás sobre animais para adopção fiquei a conhe -cer uma associação de animais e ao mesmotempo ganhei uma grande vontade em ajudar,não consegui ficar indiferente, tinha que fazeralguma coisa, senti que podia ajudar e dar omeu contributo para mudar a sorte de algumasvidas! Pensei: ‘A indiferença da sociedade émuita, se eu, que adoro animais, não faço nada,quem fará? As pessoas ligadas à causa sãouma minoria e precisam de ajuda!’.Fui-me envolvendo cada vez mais e fazendovários tipos de voluntariado, limpeza de boxes,passeio de cães, campanhas e como família deacolhimento temporário, mas cedo percebi queera necessário combater o mal pela raiz – a so -bre população de animais, e que a esterilizaçãoera o caminho. Constatei que havia uma grandelacuna neste campo na minha zona, muitascolónias por esterilizar sem ninguém especia -lizado para fazer o trabalho. Encontrei na"Animais de Rua" todo o apoio para fazer aquiloa que me tinha proposto – a esterilização deanimais errantes e controlar as colónias doconcelho de Lagos. Desde a criação do núcleode Lagos em 2010 o trabalho no terreno temsido intenso e por vezes desgastante, masquando penso em todos os animais que levei aesterilizar, na melhoria de qualidade de vidaque tiveram, e nas centenas de ninhadas cujonascimento foi evitado, lembro-me que valeu apena o esforço e vale a pena continuar! Na Animais de Rua encontrei a força e a garranecessárias! As voluntárias são mulheres depeso, valentes, decididas e com uma grandevontade de mudar o mundo para melhor!É com orgulho que pertenço a esta equipa!”

núcleo de Lagos

núcleo do Porto

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Montar a armadilha – a armadilha deve sercolocada sobre um piso o mais regular possível,e armada já no local. Trata-se de uma armadilhasegura e inofensiva para os animais, criada edesenvolvida para este propósito.

Colocar isco na armadilha – Para quê utilizarisco? O isco vai servir para atrair o gato para aarma dilha através do cheiro, daí que seja muitoimportante utilizar iscos bastante apetecíveiscomo por exemplo: atum em lata, peixe cozidoainda morno, carne crua, frango cozido, comidade lata, etc. O isco deverá ser colocado emquantidade suficiente o mais próximo possível à porta de acrílico da armadilha. Deve ainda serdeixado um rasto, constituído por pedaços muitopequenos do isco usado que conduza o gato daentrada da armadilha até ao saboroso isco.

Aguardar – Os gatos exploram tendencialmentetodas as possibilidades de aceder ao isco antesde arriscarem a entrada na armadilha. Podem,por isso, demorar algumas horas até decidirementrar. A paciência é assim, um excelente aliado.

Accionar a armadilha – O gato, para conseguiraceder ao isco (daí ser colocado na partecontrária à entrada da armadilha) terá que pisarum pedal que acciona o mecanismo de fecho da armadilha.

Uma vez capturado o gato, deve-se tapar aarmadilha com uma toalha suficientementegrande para acalmar o gato e assim impedir que se magoe nas suas investidas contra asgrades da arma dilha na tentativa de libertar-se.

Transbordo – Talvez a fase mais arriscadadurante o processo de captura. Aqui, devemospassar o gato da armadilha para umatransportadora segura. Para tal, usamos a portade guilhotina de acrílico, e juntamos a entradada transportadora. O transbordo deverá ser feitosempre por duas pessoas, que irão assegurarque nem a armadilha nem a transportadora sedeslocam, o que permitiria a fuga do gato:a) Levantar a porta de acrílico, deixando o gatopassar para a transportadorab) Fechar a porta de acrílicoc) Encaixar a porta da transportadora, semmover nem a armadilha nem a transportadorad) Fechar e confirmar que está bem fechadae) Tapar a transportadora

Deslocar a transportadora – para qualquerdeslocação, deve pegar-se na transportadorapela base e nunca pela asa, sempre quandodevidamente tapada, colocando a porta datransportadora contra o tronco, fornecendoassim segurança adicional.

De seguida, o animal é transportado de imediatopara a clínica veterinária onde irá ser realizada a cirurgia.

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processo de captura processo

de captura

10 relatório de actividades 2010

O método CED consiste, comosabem, na captura – esterili -

zação – devolução de animais derua. De forma a ser levado a

cabo correctamente e de formasegura para os animais, o

processo de captura deve serfeito recorrendo a equipa mentoadequado, seguindo todos os

passos e sempre com oacompanhamento de pessoasexperientes. Sendo uma parte

tão importante do nosso trabalhoe desconhecida da generalidadedas pessoas, queremos partilhar

convosco os principaismomentos de uma captura.

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12 13relatório de actividades 2010

O Timmy encontrava-se em perigo de vida eminente quando foi resgatadopela Maria, voluntária da Animais de Rua. Provavelmente mais uma vítimade abandono de Verão, o Timmy encontrava-se completamente desorientadoe corria no meio da estrada, sem se desviar dos carros que passavam a altavelocidade. Já tinha sido atropelado – não pousava uma das patas traseirasno chão – e estava esquelético. Após inúmeras tentativas de aproximaçãofrustradas que se alongaram por horas e exigiram muita paciência e per -sistência, o Timmy finalmente rendeu-se e deixou-se apanhar. Com menosde um ano de vida o Timmy estava nitidamente subnutrido, tinha uma doençade pele e uma fractura dolorosa numa pata. Este pequeno ser apenas tinhaconhecido sofrimento na sua jovem vida, mas bastou um gesto de preo -cupação, de carinho para que ele se revelasse um cão meigo e confiante.O Timmy foi entretanto adoptado por uma família que lhe proporcionou umasegunda oportunidade de ser feliz e é o melhor companheiro do outro cãoque a família já adoptara anteriormente.

tHistórias de sobrevivência

immy

Salvador terá sido, de entre as centenas de animais vítimas deabandono, de negligência e de maus tratos com que nos cru -zamos, a vítima da mais grave crueldade deliberada que já nospassou pelas mãos. A nossa intervenção surgiu na resposta aum apelo desesperado de uma cuidadora em Leça da Palmeira.Vânia e Filipa, as voluntárias que se encontravam mais perto,dirigiram-se de imediato ao local onde se depararam com umcenário dantesco: O Salvador debatia-se com um ferro espetadoe torcido à volta do dorso, que lhe esmagava os órgãos internos.Apavorado e sem se deixar apanhar, o Salvador já se tinha feridogravemente numa pata por tentar desesperadamente libertar-sedo ferro que o envolvia e só com o recurso a uma armadilha deCED foi possível capturá-lo e levá-lo de imediato a uma clínicaveterinária. Após uma cirurgia para remoção do ferro e da pelenecrótica provocada pelo metal assim como a amputação de doisdedos de uma pata que estavam completamente desfeitos, o pós-operatório do Salvador foi longo e complicado, mas ele recu -perou e agora é um animal saudável e feliz. Neste caso chegamosa tempo de ajudar, mas este é um exemplo crasso do perigo eda crueldade a que os animais de rua estão sujeitos e daí aimportância do nosso trabalho. sa

lvador

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www.animaisderua.org

n.º solidário: ligue

760 300 161e ajude um animal em risco.custo da chamada #0,60 + IVA

objectivos para 2011

• Estabelecimento de protocolos de cooperação com outrosmunicípios portugueses, com vista à elaboração de estratégiasconjuntas de controlo das populações de animais errantes.

• Implementação do nosso programa educativo num maior númerode escolas, a nível nacional.

• Aumentar o número de esterilizações em 40% relativamente a 2010.• Desenvolver o nosso programa de adopções com vista à busca denovos lares para os animais dóceis que são inscritos no programade esterilizações.

esterilizar é proteger