2010 - ictiofauna da ecorregião xingu-tapajós - fatos e perspectivas

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BOLETIM Rio de Janeiro MARÇO - 2010 Rio de Janeiro MARÇO - 2010 Utilidade Pública Municipal: Decreto Municipal 36.331 de 22 de agosto de 1996, São Paulo Utilidade Pública Estadual: Decreto Estadual 42.825 de 20 de janeiro de 1998, São Paulo Utilidade Pública Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000, Brasília, D.F. Utilidade Pública Municipal: Decreto Municipal 36.331 de 22 de agosto de 1996, São Paulo Utilidade Pública Estadual: Decreto Estadual 42.825 de 20 de janeiro de 1998, São Paulo Utilidade Pública Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000, Brasília, D.F. 98 98 N este Boletim você encontrará os principais resultados do Simpósio sobre “Diversidade e Biogeografia da Ictiofauna da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós” organizado pela Sociedade Brasileira de Ictiologia como parte das atividades no XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia, realizado em Belém, no período de 7 a 11 de fevereiro de 2010. O simpósio foi um grande sucesso e a publicação da síntese dos seus resultados neste número do Boletim da SBI resultou da percepção de todos os presentes sobre a importância da realização de atividades de pesquisa ictiológica numa região que se encontra ainda pouco conhecida, porém com intensa ameaça decorrente da construção de empreendimentos hidrelétricos e da ocupação e uso do solo. O Simpósio de Belém serviu como prévia para o grande evento da ictiologia brasileira: o XIX Encontro Brasileiro de Ictiologia que se realizará em Manaus, no período de 30 de janeiro a 4 de fevereiro de 2010. Situada no centro da bacia que abriga a maior diversidade de peixes de água do Planeta, Manaus é ponto de visita obrigatório para qualquer ictiólogo interessado em ver de perto a enorme diversidade dos peixes Neotropicais. A Comissão Organizadora está recebendo propostas de atividades para integrar a programação do evento. Todos os associados da SBI podem propor atividades utilizando o formulário disponível no portal . Em breve anunciaremos a abertura de inscrições com preços promocionais. Não deixe de inscrever seu trabalho científico e participar deste importante congresso. Boa leitura! http://www.sbi.bio.br/ebi2011.html Paulo A. Buckup Presidente Sociedade Brasileira de Ictiologia Editorial Nesta edição: Simpósio da Sociedade Brasileira de Ictiologia no XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia, Belém, PA ..................................... p. 2 Ictiofauna da Ecorregião Xingu-Tapajós: fatos e perspectivas ... p. 3 taxonômico de Regan, 1911 e sua classificação .............................................................................. p. 9 Propostas de atividades para o XIX Encontro Brasileiro de Ictiologia, Manaus, AM .............................................................. p. 17 Artigo liderado por autores brasileiros entre os mais citados do ............................................. p. 17 .................. p. 17 ....... p. 17 Status Journal of Biogeography Call for papers for the workshop on impacts of non-native freshwater fishes in the Mediterranean region Apistograma Eventos .............................................................................. Peixe da vez ............................................................. p. 18 Desovas no período .................................................... p. 18 Novas publicações ..................................................... p. 18 Aumentando o cardume ............................................... p. 19 ISSN 1808-1436 SOCIEDADE BRASILEIRA DE ICTIOLOGIA

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LETIM

Rio de JaneiroMARÇO - 2010Rio de JaneiroMARÇO - 2010

Utilidade Pública Municipal: Decreto Municipal 36.331 de 22 de agosto de 1996, São PauloUtilidade Pública Estadual: Decreto Estadual 42.825 de 20 de janeiro de 1998, São PauloUtilidade Pública Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000, Brasília, D.F.

Utilidade Pública Municipal: Decreto Municipal 36.331 de 22 de agosto de 1996, São PauloUtilidade Pública Estadual: Decreto Estadual 42.825 de 20 de janeiro de 1998, São PauloUtilidade Pública Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000, Brasília, D.F.

Nº98Nº98

Neste Boletim você encontrará os principaisresultados do Simpósio sobre “Diversidadee Biogeografia da Ictiofauna da Ecorregião

Aquática Xingu-Tapajós” organizado pelaSociedade Brasileira de Ictiologia como parte dasatividades no XXVIII Congresso Brasileiro deZoologia, realizado em Belém, no período de 7 a11 de fevereiro de 2010. O simpósio foi um grandesucesso e a publicação da síntese dos seusresultados neste número do Boletim da SBIresultou da percepção de todos os presentessobre a importância da realização de atividades depesquisa ictiológica numa região que se encontraainda pouco conhecida, porém com intensaameaça decorrente da construção deempreendimentos hidrelétricos e da ocupação euso do solo.

O Simpósio de Belém serviu como prévia parao grande evento da ictiologia brasileira: o XIXEncontro Brasileiro de Ictiologia que se realizaráem Manaus, no período de 30 de janeiro a 4 defevereiro de 2010. Situada no centro da bacia queabriga a maior diversidade de peixes de água do

Planeta, Manaus é ponto de visita obrigatório paraqualquer ictiólogo interessado em ver de perto aenorme diversidade dos peixes Neotropicais. AComissão Organizadora já está recebendopropostas de atividades para integrar aprogramação do evento. Todos os associados daSBI podem propor atividades utilizando of o r m u l á r i o d i s p o n í v e l n o p o r t a l

. Em breveanunciaremos a abertura de inscrições compreços promocionais. Não deixe de inscrever seutrabalho científico e participar deste importantecongresso.

Boa leitura!

http://www.sbi.bio.br/ebi2011.html

PauloA. BuckupPresidenteSociedade Brasileira de Ictiologia

Editorial

Nesta edição:Simpósio da Sociedade Brasileira de Ictiologia no XXVIII CongressoBrasileiro de Zoologia, Belém, PA ..................................... p. 2

Ictiofauna da Ecorregião Xingu-Tapajós: fatos e perspectivas ... p. 3

taxonômico de Regan, 1911 e sua classificação.............................................................................. p. 9

Propostas de atividades para o XIX Encontro Brasileiro de Ictiologia,Manaus, AM .............................................................. p. 17

Artigo liderado por autores brasileiros entre os mais citados do............................................. p. 17

.................. p. 17

....... p. 17

Status

Journal of Biogeography

Call for papers for the workshop on impacts of non-nativefreshwater fishes in the Mediterranean region

Apistograma

Eventos ..............................................................................

Peixe da vez ............................................................. p. 18

Desovas no período .................................................... p. 18

Novas publicações ..................................................... p. 18

Aumentando o cardume ............................................... p. 19

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SOCIEDADE

BRASILEIRA DE

ICTIOLOGIA

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sobre o trabalho em curso na região, a urgência dainvestigação em habitats diferentes, tendo emconsideração a usina hidrelétrica projetada para BeloMonte, e o potencial papel da sociedade nessasatividades. O formato aberto e democrático destasessão resultou na integração entre uma série detópicos interrelacionados, em frente a uma platéiacomposta desde estudantes até pesquisadoresestabelecidos. Neste dia também houve um ligeiroajuste nos horários das apresentações. Como haviauma palestra de Lawrence Page ( )sobre o projeto ( ) emum Simpósio concomitante sobre Inventários daBiodiversidade do Planeta, foi feita uma pausa em nossaprogramação para que o público interessado pudesseacompanhar toda a programação de interesse emIctiologia.

O terceiro e último dia do Simpósio foi destinado acobrir alguns dos tópicos especiais da Ecorregiäo Xingu-Tapajós, com uma apresentação dos impactosantrópicos na região e o equilíbrio entre a conservação eo desenvolvimento de infra-estrutura e recursos(Geraldo Mendes dos Santos, INPA), e ascaracterísticas de peixes associados com corredeiras(Jansen Zuanon, INPA). Outras apresentações deMaurício Camargo Zorro (IFPA) e Claudio de Oliveira(UNESP) apresentaram a ecologia e o valor da pescaornamental no médio Xingu, e análises filogenéticas deAphyocharacinae, respectivamente.

Ao final do Simpósio, um prêmio foi dado para oestudante autor do melhor trabalho apresentado. Depoisde algumas discussões com palestrantes e uma revisãocompleta dos painéis em exposição, o prêmio (o livro"Peixes do Pantanal - Manual de Identificação", deHeraldo Britski e demais autores) foi dado para otrabalho "Quatro espécies novas de(Siluriformes, Loricariidae) para a bacia Amazônica", deLuiz de Queiroz e Lucia Rapp Py-Daniel.

University of FloridaAll Catfish Species Inventory ACSI

Hypoptopoma

Universidade Federal do Pará, de Bragança,PA.

campus

2

Em destaqueSimpósio da Sociedade Brasileira de Ictiologia no XXVIII Congresso

Brasileiro de Zoologia, Belém, PA

Jonathan Ready( )[email protected]

Minha meta ao organizar um simpósio para aSociedade Brasileira de Ictiologia dentro daprogramação do XXVIII Congresso Brasileiro deZoologia foi a de combinar o tema do congresso(Biodiversidade e Sustentabilidade) com os interessesda sociedade e, simultaneamente, abordar questõesregionais. Após discussões com o presidente da SBI,decidimos pelo título “Diversidade e Biogeografia daIctiofauna da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós” eelaboramos uma lista de potenciais palestrantes quepoderiam abordar uma vasta gama de grupostaxonômicos, abordagens metodológicas e áreas doconhecimento. Palestrantes adicionais foramselecionados da lista de resumos submetidos aocongresso. A programação também contou com umasessão de discussões, de formato adaptado da usualmesa redonda, sobre o estado do conhecimento daIctiologia na Ecorregião Xingu-Tapajós e aspossibilidades para trabalhos futuros na região. Issoincluiu a participação da Dra. Janice Muriel Cunha,recentemente estabelecida na Universidade Federal doPará, de Altamira. Um total de 256 resumosforam aceitos para apresentação na área de Ictiologia,abrangendo uma grande diversidade de temas comrepresentantes de todo o Brasil.

O primeiro dia do Simpósio foi uma introdução àBiodiversidade da Ecorregião Xingu-Tapajós, compalest ras dos Drs. Paulo Buckup (MuseuNacional/UFRJ; presidente da SBI) e Flávio Lima(Museu de Zoologia/USP). Ambos apresentaram umresumo sobre as espécies conhecidas na região e umaintrodução sobre a história biogeográfica que resultou nadiversidade encontrada na área. Outras apresentaçõespor Oscar Shibatta (UEL) e Marcelo Britto (MuseuNacional/UFRJ), versaram sobre uma nova espécie de

e sobre a diversidade de espécies deencontrada na região, respectivamente.

Finalmente, Efrem Ferreira (INPA) apresentou umestudo sobre a diversidade de peixes de igarapés naAmazônia, uma base que pode ser usada paracomparação da diversidade de diferentes regiões.

No segundo dia do Simpósio foram abordadosassuntos relacionados com a diversidade de espéciesem diferentes ambientes (William Crampton,

- Sinais elétricos de identidade ereconhecimento de espécies em Gymnotiformes) e umacobertura da história das coletas feitas na região (JoséBirindelli, Museu de Zoologia/USP). A sessão dediscussões começou com uma introdução, por JaniceMuriel Cunha, que apresentou a implantação de umacoleção de referência em Altamira. Em seguida, houveum debate aberto entre um painel de especialistas(Buckup, Lima, Birindelli, Cunha e Zuanon) e a audiência

campus

MicroglanisCorydoras

Universityof Central Florida

Boletim SBI nº98

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XinguTapajós

3

Comunicações dos associados

Boletim SBI nº98

Ictiofauna da Ecorregião Xingu- : fatos e perspectivasTapajós

Paulo Andreas Buckup & Geraldo Mendes dos Santos

A Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós inclui as baciashidrográficas dos rios Xingu e Tapajós, a montante daslocalidades de Senador José Porfírio e Itaituba,respectivamente. Esta ecorregião (sensu Dinerstein

, 1995) é uma das cinco ecorregiões aquáticasconsideradas prioritárias para a pesquisa no Brasil peloMinistério da Ciência e Tecnologia a partir da Oficina deTrabalho Ecorregiões Aquáticas do Brasil promovidapelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico (CNPq) em parceria com a Secretaria deRecursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, eque contou com a participação de especialistas emBiogeografia de organismos aquáticos, Limnologia,Ecologia de Paisagens e Sistemas de InformaçãoGeográfica, bem como de ONGs internacionais ( e

).O presente artigo é uma coletânea de resumos das

palestras que foram apresentadas no Simpósio sobre aEcorregião Xingu-Tapajós, promovido pela SociedadeBrasileira de Ictiologia, sob a coordenação do Dr.Jonathan Ready, no âmbito do XXVIII Congresso daSociedade Brasileira de Zoologia, realizado de 7 a 11 defevereiro de 2010, na cidade de Belém, PA. O objetivo desua publicação no Boletim da SBI é compartilhar com ummaior número de colegas o que os autoresapresentaram e debateram no referido evento e tambémfomentar o avanço das pesquisas que vem sendodesenvolvidas naquela área. A necessidade de seampliar os estudos da Ecorregião fica evidente quandose considera que o número de descrições de novasespécies de peixes do rio Xingu nas últimas duasdécadas, quando foram descritas 38 delas, triplicou emrelação aos períodos anteriores (Fig. 1). Na bacia do rioTapajós esta tendência é ainda mais acentuada, com onúmero de novas espécies descobertas e nomeadasanualmente crescendo incessantemente desde adécada de 1960, sendo que número de espéciesdescritas triplicou nos últimos dez anos, quando foramdescritas 32 espécies. A recente concessão, peloIBAMA, da Licença Prévia para o projeto doAproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte (na áreaonde ocorrem espécies listadas como vulneráveis deextinção, como e

), no rio Xingu, e a construção de numerososempreendimentos hidrelétricos menores já emandamento nos tributários dos Xingu e do Tapajósacrescentam um cenário de urgência na execução eampliação dos estudos na ecorregião.

etal.

TNCWWF

Hypancistrus zebra Ossubtusxinguense

(PAB)Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.(GMS)Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,

Manaus,AM.

[email protected]

[email protected]

Endemismo de Peixes na Ecorregião Xingu-TapajósPauloA. Buckup

Como parte das atividades do projeto interdisciplinar“Delineamento da Ecorregião Xingu-Tapajós”,coordenado pela Dra. Zuleica Castilhos, do Centro deTecnologia Mineral - CETEM, do MCT, no âmbito doEdital CT-Hidro/MCT/CNPq 37/2005, realizou-se umamplo inventário da ictiofauna da porção norte daEcorregião Xingu-Tapajós. O inventário, denominadoExpedição AquaRios, visou completar o inventáriorealizado no Estado do Mato Grosso em 2002 pelaExpedição Brasil Central, no âmbito do projetocoordenado pelo Dr. Naércio A. Menezes, com apoio doPrograma de Núcleos de Excelência apoiado pela FINEPe CNPq (Buckup, 2001).

O inventário foi realizado no período de 24/09 a12/10/2008, tendo sido coletados 50.810 exemplares em111 amostragens realizadas predominantemente empequenos igarapés das bacias do Xingu (48 amostras),Tapajós (52 amostras) e Curuá-Una (9 amostras). Estaúltima é uma pequena bacia situada entre o Xingu eTapajós que deságua diretamente no rio Amazonas. Omaterial estudado revelou a presença de 455 espéciesde peixes, com uma diversidade média de 22,97espécies por localidade. Parcela significativa destematerial corresponde a espécies ainda não descritas oupouco conhecidas taxonomicamente. A diversidademáxima observada chegou a 55 espécies por localidade,o que corresponde aos valores típicos da baciaamazônica. A abundância total média foi de 457,7indivíduos/amostra, enquanto a abundância por espéciefoi de 19,3 indivíduos/amostra.

A análise de parcimônia de endemismo, utilizandoOttobacias de quarta ordem, tal como definidas pelaAgência Nacional de Águas (ANA), revelou que as áreas

Fig. 1. Distribuição temporal das descrições de novas espéciesde peixes com localidade-tipo nas bacias dos rios Xingu eTapajós.

Page 4: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

Dentre elas, destacamos aquelas financiadas peloprojeto norte-americano :expedição Xingu/Araguaia (

), a Expedição Trans-Continental(

) e a Expedição à Serra do Cachimbo(

). Também, aquelas financiadas pelo CNPq:Expedição Brasil Central/PRONEX e Expedição doProjeto AquaRios (mencionada acima). Esses doisgrupos de expedições talvez sejam os maissignificativos, dado o esforço de coleta, a rápidadisponibilização do material, e os resultados publicados.

Depois de tanto esforço, fica claro que a diversidadede peixes das bacias dos rios Xingu e Tapajós é aindapouco conhecida e que são muitos os locais poucoamostrados ou até inexplorados, como, por exemplo, ostributários das porções médias das bacias dos rios Xingue Tapajós.

As bacias dos rios Xingu e Tapajós drenam o escudobrasileiro e apresentam similaridades fisionômicas efaunísticas, o que levou os trechos médio e superior aserem agrupados em uma mesma ecorregião aquática.Entretanto, examinando detalhadamente estes sistemasobservam-se particularidades desses rios. A bacia do rioX ingu possu i uma área de drenagem deaproximadamente 540.000 km2, sendo o quarto maiortributário da bacia amazônica. Esta bacia pode serdividida em três grandes áreas, com diferentesfisionomias fluviais: inferior, compreendida de sua foz, norio Amazonas, ao povoado de Belo Monte e quecorresponde à ria fluvial, isto é, trecho em que o rio émuito largo e com velocidade de correnteza bastantepequena; uma área intermediária, compreendida de BeloMonte até a cachoeira Von Martius, na divisa dos estadosdo Mato Grosso e Pará, em que o rio Xingu e seusprincipais tributários, como o Iriri, possuem um canalbastante encaixado e acidentado, com numerosascorredeiras e praticamente nenhuma planície aluvial; e,por fim, uma área superior, acima da cachoeira VonMartius até as cabeceiras, no estado de Mato Grosso.Nessa área a bacia do Xingu forma uma verdadeiramesopotâmia, com muitos tributários de curso lento evastas planícies aluviais, com a presença de grandeslagos.

Por sua vez, a drenagem do rio Tapajós possuiaproximadamente 489.000 km2, sendo a quinta maiortributária da bacia amazônica, e pode ser dividida, grossomodo, em quatro grandes áreas. A primeira estende-sedesde a foz, no rio Amazonas, nos arredores deSantarém até Aveiro e corresponde ao trecho de riafluvial. Acima de Itaituba até a confluência dos riosJuruena e Teles Pires o rio Tapajós apresenta um cursoacidentado, com muitas corredeiras. A terceira áreacorresponde ao rio Teles Pires, que apresenta seu trechoinferior bastante acidentado, com diversas corredeiras, eum trecho médio/inferior com poucas corredeiras, mascom planícies aluviais geralmente pequenas. A quartaárea corresponde à bacia do rio Juruena que é

All Catfish Species Inventory

Diversidade, endemismo e biogeografiaFlávio Lima (MZUSP; )

http://silurus.acnatsci.org/ACSI/field/Axce2004/http://silurus.acnatsci.org/ACSI/field/Brazil2004/index.h

tmlhttp://silurus.acnatsci.org/ACSI/field/Pipe_Expedition/H

ome.html

[email protected]

4Boletim SBI nº98

de endemismo não coincidem com os limites dasgrandes bacias, existindo significativa diferenciaçãoentre as sub-bacias. A bacia do Curuá-Una érelativamente bem definida como área de endemismo.Algumas subunidades da bacia do Tapajós, no entanto,estão mais relacionadas à bacia do Curuá-Una do que aoutras sub-unidades do Tapajós. A região das Serra doCachimbo destacou-se pela elevada diversidade eendemismo, o qual é compartilhado entre as cabeceirasdo Curuá (tributário do rio Iriri, na bacia do Xingu) e do riodo Braço (pertencente à bacia do Tapajós). As relaçõesentre diferentes conjuntos de sub-unidades do Xingu edo Tapajós, além de confirmarem a existência decomplexas relações entre as duas bacias, sugerem anecessidade de refinamento dos limites da ecorregião edo reconhecimento de subregiões baseado em padrõesde endemismo de peixes.

A Amazônia brasileira foi visitada por diversosnaturalistas, desde o século XVIII. Entretanto, a maioriapassou despercebida pelos rios Xingu e Tapajós. Partesubiu o rio Amazonas e parte adentrou a região pelosudeste do Brasil, usando primeiramente a rota do rioParaguai e depois o rio Madeira. A primeira coleta depeixes nos rios Xingu e Tapajós foi feita em 1850, porHenry Bates, famoso naturalista inglês que viveu 11 anosno Brasil. Pouco depois, em 1865, Louis Agassiz,idealizador do deHarvard, coordenou a Expedição Thayer, entrando nasbocas dos rios Xingu e Tapajós. No começo do séculoXX, John Haseman, naturalista viajante do

e Carl Ternetz, da, fizeram coletas em Santarém e arredores.

Entre os primeiros brasileiros ou pesquisadoreserradicados no país a coletarem peixes na regiãodestacam-se Emilie Snethlage, ornitóloga do MuseuParaense Emílio Goeldi, em 1907; Comissão Rondon,em 1907-1915; Antenor Leitão de Carvalho, do MuseuNacional, e Werner Bockerman, Emilio Dente e LauroTravassos Filho, do Museu de Zoologia da USP, nadécada de 50; Harald Schultz, aquarista e antropólogo doMuseu Paulista, na década de 60.

Duas das maiores expedições já realizadas naAmazônia coletaram nos rios Xingu e Tapajós nasdécadas de 70 e 80. A primeira foi a ExpediçãoPermanente da Amazônia, idealizada pelo herpetólogo eentão diretor do Museu de Zoologia da USP, Paulo E.Vanzolini, com a participação dos ictiólogos HeraldoBritski, Naércio Menezes, Julio César Garavello e TysonRoberts. A segunda foi realizada pelo norte-americanoMichael Goulding, que publicou diversos livros sobre aecologia de peixes amazônicos, baseado na experiênciaadquirida nas coletas. Entretanto, a maioria dessasexpedições amostrou apenas a fauna das porções maisinferiores das bacias desses rios.

Recentemente, pesquisadores de diversasinstituições do país, como INPA, MPEG, MZUSP, MNRJe MCP, têm realizado várias viagens de coleta de peixesnas cabeceiras e formadores dos rios Xingu e Tapajós.

Histórico das expedições de coleta de peixes nasbacias do Xingu e do TapajósJosé Luis O. Birindelli (MZUSP; )

Museum of Comparative Zoology

CarnegieMuseum California Academy ofSciences

[email protected]

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observar cerca de uma centena de espécies vivendo oupermanecendo temporariamente nas corredeiras, pormeio da utilização de diferentes estratégiascomportamentais e especializações morfológicas.

Em termos de riqueza de espécies e abundância, aictiofauna predominante nas corredeiras é composta porquatro grupos principais: loricariídeos (cascudos, acaris,bodós), anostomídeos (piaus, piavas, aracus), ciclídeos(representados principalmente por jacundás oujoaninhas dos gêneros e ) ecaracídeos serrasalmíneos, principalmente pacus.Esses grupos incluem espécies e gênerosexclusivamente encontrados neste tipo de ambiente.Espéc ies das famí l ias Pseudopimelod idae,Trichomycteridae e Synbranchidae também ocorrem nascorredeiras, embora com riqueza sensivelmente menor.

Boa parte das espécies que vivem nas corredeiras sealimenta do perifiton que recobre o substrato rochoso,especialmente nos rios de águas claras. Entre essas,destacam-se os loricariídeos dos gêneros ,

, , ,e outros (notórios pastejadores de

algas) e diversos anostomídeos como ,, , ,

e muitos outros (que podam algas ou catampequenos invertebrados sobre o substrato). Outrasespécies dependem largamente dos aglomerados deplantas podostemáceas que crescem presas às rochasnos locais de forte correnteza, como os pacus dosgêneros e que podam folhas e talosdessas plantas durante a maior parte do período deatividade diurna. Certos anostomídeos (por exemplo,

spp. ,) catam invertebrados entre ou sob pedras,

onde se alimentam de larvas de insetos (tricópteros,efemerópteros, dípteros), esponjas, pequenos moluscose briozoários. Assim, a elevada riqueza de espécies deum grupo restrito de famílias implica na existência deespecializações tróficas notáveis entre os peixes decorredeiras. Isso é possibilitado pela combinação ded i f e r e n t e s c a r a c t e r í s t i c a s m o r f o l ó g i c a s ecomportamentais que incluem a posição da boca; tipos,tamanhos e espaçamento de dentes; formato e posiçãodas nadadeiras; e uso de diferentes táticas alimentares.

Os trechos de corredeiras dos grandes rios daAmazônia constituem elementos relativamente isoladosna paisagem, pois são separados entre si por extensõesvariáveis de rios correndo sobre as terras baixas daplanície, onde a baixa velocidade da correnteza e osubstrato areno-lamacento devem constituir barreirasecológicas para os peixes fortemente reofílicos. Esseisolamento provavelmente explica o elevado endemismoda ictiofauna de corredeiras, exemplificado por

, ,e várias espécies de no rio Xingu.

Por outro lado, várias espécies de peixes fortementereofílicos são encontradas em corredeiras de mais de umrio, com elementos da ictiofauna compartilhados entre osrios Xingu e Tapajós, ou entre o Xingu e oTocantins/Araguaia.

Diferenças na riqueza de espécies dos rios Tapajós eXingu possivelmente refletem mais as intensidadesdiferentes de amostragem nos dois rios do que variações

Crenicichla Teleocichla

BaryancistrusOligancistrus Pseudancistrus HypancistrusScobinancistrus

Leporinus julii L.pachycheilus L. megalepis L. tigrinus Leporellusvittatus

Mylesinus Tometes

Sartor Synaptolaemus cingulatus Petulanusintermedius

Hypancistrus zebra Scobinancistrus aureatus Ossubtusxinguense Teleocihla

5Boletim SBI nº98

consideravelmente mais ampla do que a bacia do rioTeles Pires e formada por rios com numerosascorredeiras e cachoeiras, embora ao menos um de seusafluentes, o rio Arinos, possua trechos meândricos,relativamente extensos e o próprio Juruena possua umcanal anastomosado, com grandes ilhas fluviais,resultantes de deposição, em seu trecho inferior.

O rio Xingu possui uma riqueza ictiofaunísticaconsiderável, com 421 espécies de peixes registradasaté o momento. Dentre estas, predominam espéciesocorrentes em outros sistemas de água clara, quedrenam o escudo brasileiro e/ou guianense (26 % dasespécies), com um forte componente de representantesde terras baixas amazônicas (21 % das espécies),seguido por espécies endêmicas da bacia (14%).

O rio Tapajós é ainda mais rico em peixes, possuindo494 espécies registradas até o momento. Neste rio, ogrupo predominante é formado de espécies ocorrentesnas terras baixas amazônicas (36 % das espécies),seguido por espécies endêmicas (17 %) e espéciestípicas de rios dos escudos (15 % das espécies). Áreasque abrigam o maior número de espécies endêmicas nabacia do rio Xingu são as corredeiras da região deAltamira, a sub-bacia do rio Curuá, na Serra do Cachimboe o alto Xingu. Na bacia do Tapajós os endemismosconcentram-se no trecho de corredeiras desse rio, naregião de Pimental e na porção superior da bacia,incluindo os rios Teles Pires e, especialmente, a sub-bacia do rio Juruena.

Trechos de corredeiras e cachoeiras constituemmarcos naturais no curso de muitos rios amazônicos,separando trechos com características singulares. NaAmazônia, uma seqüência desses acidentes geográficosocorre na faixa entre os planaltos Central Brasileiro e dasGuianas e as terras baixas da planície Amazônica. Amaioria desses rios, como o Tapajós e Xingu, possuiáguas claras, pobres em sedimentos em suspensão,enquanto outros apresentam água preta (corredeiras doalto rio Negro, na região de São Gabriel da Cachoeira) ebrancas ou barrentas (cachoeiras do rio Madeira, amontante de Porto Velho). As corredeiras constituemambientes extremos para a ictiofauna, ao combinar altavelocidade da correnteza, turbulência e substratorochoso. Uma das dificuldades mais imediatas para ospeixes é a manutenção da posição espacial, o que podeser feito nadando contra a correnteza ou evitando aexposição direta à correnteza. Muitas espécies vivempermanentemente nas corredeiras e apresentamespecializações morfológicas e comportamentaisrelacionadas principalmente à ocupação do espaço,forrageamento e uso de abrigos contra predadores.

A dificuldade de amostrar corredeiras com métodostradicionais, associada às dificuldades de acesso acertas áreas da Amazônia fizeram com que essesambientes fossem amostrados de forma esporádica aolongo dos anos. Em meados da década de 1990, quandorealizava minha tese de doutorado sobre ecologia ehistória natural de peixes de corredeiras do Xingu,realizei mergulhos em diferentes épocas do ano e pude

Diversidade de peixes nas corredeirasJansen Zuanon (INPA; )[email protected]

Page 6: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

Projeto de criação de coleção de peixes naEcorregião Xingu-Tapajós

Ecologia trófica

Janice Muriel-Cunha

Maurício Camargo-Zorro (IFPA; )

A Ecorregião Xingu-Tapajós será a principal áreaamostral de uma nova coleção de referência a ser criadaem Altamira pela Universidade Federal do Pará. Naecorregião estão localizadas cerca de 20 unidades deconservação, destacando-se aquelas localizadas naregião da Terra do Meio. Os objetivos do projeto sãoconstituir um acervo que sirva de base para a pesquisacientífica, reunir amostras para ajudar na compreensãodos padrões e processos ecológicos e evolutivossubjacentes à história da biodiversidade na região. Acoleção terá como missão a produção e difusão doconhecimento através do acervo da ictiofauna da baciado Xingu e incrementar a representatividade dessaictiofauna nas coleções zoológicas na Amazônia e noBrasil.

Estudos de modelagem ecológica que realizadoscom peixes das corredeiras do rio Xingu, nasproximidades da Volta Grande, permitem afirmar que osdetritívoros e os consumidores primários formam umacategoria predominante. Dentre os produtores primáriosfoi constatado que podostemáceas, epiliton e detritosconstituem as principais fontes primárias de energia nateia alimentar. Grande parte da produção primária éincorporada nos primeiros níveis tróficos, constituídospelos macroinvertebrados e alguns peixes, como

(tigre de bola) e(flexeira). Dentre os consumidores de

primeiro nível, destacam-se os poríferos emacroinvertebrados, por apresentarem altas eficiênciasecotróficas (EEs), ou seja, altas capacidades paratransferir a biomassa produzida. Para todas as espéciesde acaris (Loricariidae) ornamentais estudados, omodelo mostrou baixas EEs. Estes resultados indicamque a biomassa produzida para cada uma das espéciesdesse grupo de peixes não é eficientemente exploradapela pesca de peixes ornamentais, de forma que o atualgrau de exploração ainda não alcançou níveis extremos,que indiquem processos de sobreexploração.

De acordo com o nível trófico, a maior contribuição nacomposição das capturas deve-se às espécies

e ( ). Por suavez, a maior contribuição em biomassa ocorre com

(bola azul mutante) e o tigre debola.

A maior parte da energia que entra no sistema éformada por detritos, que são aí reutilizados, sendo orestante exportado rio abaixo. De acordo com a relaçãoprodução respiração (P/R), as corredeiras funcionamcomo ecossistemas em contínua renovação, portanto emdesenvolvimento. Dentre os impactos registrados noscompartimentos estudados, destacam-se os positivos,gerados pelo epiliton em relação aos peixes loricariídeos,bem como os negativos, ocasionados pela pesca depeixes ornamentais e pela pesca para consumo depeixes típicos de corredeiras.

Peckoltia vittata Hemiodusvonderwinkleri

Peckoltiavittata Scobinancistrus aureatus picota ouro

Parancistrus nudiventris

vs.

[email protected]

6Boletim SBI nº98

importantes na diversidade de peixes nesses sistemas.Entretanto, estudos genéticos recentes têm indicado quehá uma diversidade “escondida” sob uma similaridademorfológica superficial entre peixes supostamente co-específicos que habitam rios adjacentes, bem comoentre exemplares de certas espécies coletados emcorredeiras diferentes de um mesmo rio. Essa enormediversidade ictiofaunística e os impactos ambientaisinstalados - ou iminentes - nesses rios suscitam umaquestão fundamental: quais devem ser os alvos deconservação biológica nesses rios? Seremos capazesde conservar espécies e populações em todos os rios decorredeiras na Amazônia, de forma a preservar esseimportante componente da diversidade e da históriaevolutiva da região? Considerando que os trechos dec o r r e d e i r a s s ã o a l v o s p e r m a n e n t e s d eempreendimentos hidrelétricos, é crucial que tenhamospropostas e estratégias bem definidas sobre o assunto,para evitar que as alterações ambientais produzidas emn o m e d o d e s e n v o l v i m e n t o c o m p r o m e t a mdefinitivamente a viabilidade ambiental desse importantecomponente da paisagem dos rios amazônicos.

Somente na última década a magnitude e aimportância da biodiversidade presente em águassubterrâneas (estigofauna) têm sido adequadamentereconhecidas (Gibert , 1994). Na região Neotropical,a estigofauna é conhecida a partir de estudosconcentrados em grandes cavidades nas regiõescentral, sudeste e sul do Brasil. A fauna subterrânea,principalmente de pequenas cavidades naturais e deambientes intersticiais, é praticamente desconhecida naAmazônia. Até recentemente, esta região contavaapenas com uma espécie descrita de peixe subterrâneo,o pequeno bagre . Estudos maisrecentes de taxonomia e filogenia molecular revelaramao menos sete novas espécies de bagres subterrâneos,reunidos em uma nova categoria taxonômica comrepresentantes amplamente distribuídos em águasintersticiais das zonas freáticas e hiporreicas daAmazônia (Muriel-Cunha, 2008).

Na região Norte do Brasil estão catalogadas cerca de1030 cavernas e grandes cavidades subterrâneas.Conforme cadastro do CECAV, existem no Estado doPará 467 cavernas, com destaque e interesse biológicopara as situadas na Ecorregião Xingu-Tapajós,aglutinadas sob a denominação Província EspeleológicaAltamira-Itaituba. Nesta região ocorre alta concentraçãode cavernas de arenito caracterizadas por grandebiomassa e biodiversidade relativamente expressiva(Trajano & Oliveira, 1991). A diversidade de ambientesde cavernas na ecorregião e os aspectos evolutivosavaliados para nos ambientes freáticos ehiporreicos delineiam uma nova fronteira para oconhecimento biológico na região Neotropical: oinventário da biodiversidade e o conhecimento dosprocessos evolutivos e ecológicos associados às águassubterrâneas daAmazônia.

Biodiversidade ictiofaunística nas fronteirassubterrâneasJanice Muriel-Cunha (UFPA,Altamira; )

et al.

Phreatobius cisternarum

Phreatobius

[email protected]

Page 7: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

e formação do lago pode acarretar perdas drásticas naictiofauna local e conseqüentemente afetar a cadeiaprodutiva pesqueira.

Do ponto de vista taxonômico e de distribuiçãogeográfica, os peixes gymnotiformes são menosconhecidos na porção oriental do que na porçãoocidental da Amazônia. Com base em dados dedistribuição e endemismo, Crampton & Albert (2006)observam que há uma grande semelhança da faunadesses peixes entre a bacia dos rios Araguaia-Tocantinse a Ecorregião Xingu-Tapajós.

A porcentagem de espécies endêmicas nestaecorregião situa-se em cerca de 4% para espéciesconhecidas na bacia do Tapajós, e 18% para as espéciesna bacia do Xingu, sendo que 30 espécies sãoconhecidas em ambas as bacias. Das espéciesendêmicas das três bacias citadas, algumas apresentampreferência por áreas de corredeiras, como, por exemplo,

,e spp. Devido aos hábitos

de vida e, sobretudo, ao grau de endemismo nas áreasde corredeiras, a Ecorregião Xingu-Tapajós apresentaelevada importância para estudos científicos, bem comopara planos que visem a preservação deste importantecomponente da diversidade de peixes sul-americanos.

A diversidade de espécies de peixes do gênerodetectadas nos tributários dos trechos médio

e baixo dos rios Tapajós e Xingu durante a ExpediçãoAquaRios é representativa do de conhecimento dafauna de peixes da Ecorregião Xingu-Tapajós. Nasbacias dos rios Xingu e Tapajós, a literatura registraapenas três espécies descritas:Nijssen, Nijssen & Isbrücker eNijssen. No entanto, com base no material coletado pelaexpedição AquaRios, foram identificadas mais 17espécies de , incluindo seis formasconhecidas de outras áreas: , ,aff. , , aff. , e aff. .

e são espécies deampla distribuição em bacias hidrográficas cisandinas.Suas localidades-tipo situam-se na bacia do rio Tocantins( ) e rios da ilha de Trinidad ( ),sendo provável que se tratem de complexos de espécies.

é uma espécie amplamente distribuída nabacia amazônica, especialmente a jusante de Manaus, ecompartilha um padrão geral de colorido com diversasespécies de desta bacia ( ,

, , , ,). aff. compartilha esse

mesmo padrão de co lo r ido , porém di fe remorfologicamente de .

Assim como , também é umaespécie de ampla distribuição amazônica. Juntamente,com e outras congêneres, formam um grupomonofilético caracterizado principalmente por uma série

Ictiofauna de peixes eletrogênicos Gymnotiformes

Diversidade de Callichthyidae

William G.R. Crampton (UCF; )

Marcelo R. Britto (MN/UFRJ; )

Megadontognathus kaitukaensis Sternarchogitonzuanoni Sternarchorhynchus

Corydoras

status

Corydoras bifaciatusC. ornatus C. xinguensis

CorydorasC. aeneus C. splendens C.

albolineatus C. julii C. acutus C. cervinusCorydoras splendens C. aeneus

C. splendens C. aeneus

Corydoras julii

Corydoras C. acrensis C.copei C. leopardus C. punctatus C. trilineatus C.cruziensis Corydoras albolineatus

C. juliiCorydoras julii C. acutus

C. cervinus

[email protected]

[email protected]

7Boletim SBI nº98

Numa simulação de aumento dos volumes decaptura de Loricariidae, foi observada uma substituiçãode espécies, com um dramático aumento de peixes dehábitos iliófagos, como e deprodutores primários, como as podostemáceas. Deforma diferente, foi perceptível uma dramática queda eextinção de espécies, como spp. e

. A simulação também mostrou agrande fragilidade do ambiente, a importância daspodostemáceas como fontes primárias nas áreas decorredeiras e um padrão de diminuição na diversidade ena abundância do epiliton, com o aumento daprofundidade. Os dados obtidos indicam que estesimportantes produtores primários tornam-se limitantesna produção não somente no fundo, mas também amenos de três metros de profundidade.

Aatividade pesqueira no médio rio Xingu caracteriza-se pela pesca artesanal, praticada por pescadorescitadinos, índios e ribeirinhos, e também pela pescaornamental, praticada por ex-garimpeiros e seusdescendentes, índios e ribeirinhos. Destaca-se tambéma pesca esportiva, praticada por turistas e pelapopulação local, principalmente a de melhor poderaquisitivo, como comerciantes, fazendeiros e políticos. Apesca ornamental é mais desenvolvida no médio rioXingu e gira em torno de diversos grupos de peixes,incluindo algumas espécies de arraias (

), ciclídeos de pequeno porte ( spp.,spp.) e aracus ou piaus ( spp).

No entanto, o mais importante grupo de peixesornamentais da região, ao longo dos últimos anos, temsido o grupo dos acaris, pertencentes à famíliaLoricariidae, o que dá aos pescadores a denominaçãogenérica de acarizeiros.

Durante um ano e meio (fev/06 a jul/07) demonitoramento dos desembarques de peixesornamentais nos portos de Altamira foram registradas 24etno-espécies, correspondentes a 31 espécies da famíliaLoricariidae. Os pescadores afirmam que na maioria dasvezes pescam em áreas de corredeiras, onde os acarissão mais abundantes. Recentemente, tem havido umaalteração nos níveis de captura dos peixes ornamentaisdo rio Xingu, passando dos acaris para as arraias,pertencentes à família Potamotrygonidae. É possível queisso tenha se dado em função do cumprimento da INno.13, de 9 de junho de 2005, do Ministério do MeioAmbiente, que não faz menção à permissão de capturade diversas espécies de Loricariidae que, até então,estavam sendo capturadas. Outros fatores que podemter contribuído para essa mudança de alvo na pescaornamental são a redução da produção dos acaris e amelhor cotação de preços das arraias, que são vendidaslocalmente pelo pescador a até trezentos reais porexemplar.

A proposta do governo brasileiro de construir oAproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte é vista pelospescadores como uma forte ameaça a atividadepesqueira. A transformação de ambientes lóticos, comoas corredeiras do médio rio Xingu, em ambientes lênticos

Hemiodus vonderwinkleri

CrenicichlaRetroculus xinguensis

Potamotrygonleopoldi CrenicichlaApistogramma Leporinus

ApescaAlany Pedrosa Gonçalves (UFPA; )[email protected]

Page 8: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

Produzir e Preservar. Também concorreram para isso, aiminência do leilão para início das obras e a controvérsiasobre a Licença Prévia (LP) expedida pelo IBAMA em01/02/2010, apenas poucos dias após os técnicos desseórgão terem afirmado, em parecer sobre o EIA-RIMA,que “... algumas questões não puderam ser analisadasna profundidade apropriada, dentre elas as questõesindígenas e as contribuições das audiências públicas...”.Outro episódio sintomático decorrente dessa situaçãocaótica foi o pedido de demissão de cargo, apresentadopor dois altos funcionários do IBAMA(Leozildo Tabajara eSebastão Custódio) diante das pressões políticas paraaprovação do projeto.

São várias as razões das contendas desse grandiosoempreendimento, denominado AproveitamentoHidrelétrico de Belo Monte, mas estritamente vinculadasa cinco fatores fundamentais e até agora controversos: 1)Grande variação da energia a ser gerada, uma vez que avazão do rio varia abruptamente, entre os períodos deseca e cheia. Assim, durante dois a três meses daestação seca a usina deve produzir apenas 10% dapotência nominal, que é de 11,23 mil megawatts. Alémdisso, a média da energia firme seria de apenas 4,5 milmegawatts. Muitos analistas advertem que estahidrelétrica só será técnica e economicamente viávelmediante a instalação das demais hidrelétricasprogramadas para a bacia do rio Xingu, algumas delassituadas em terras indígenas; 2) Indefinição do valormonetário da obra, estimado em 16 a 30 bilhões de reais,conforme diversas fontes de dados e critérios envolvidosnos cálculos; 3) Indefinição da magnitude e abrangênciados impactos ambientais, notadamente aquelesreferentes às alterações do nível do lençol freático,qualidade da água, migração dos peixes e outrosorganismos aquáticos, especialmente nas cachoeiras daVolta Grande do Xingu, que terão a vazão drasticamentereduzida por causa do desvio do fluxo para os canais dederivação. Para se ter uma idéia do grau de impacto,basta lembrar que as escavações para construção doscanais e da barragem deverão render mais de 200milhões de m3 de rochas e terra, um volume superior aodo Canal do Panamá; 4) Indefinição dos impactos socio-econômicos, notadamente aqueles que incidirão sobreas pessoas que residem ou trabalham na área do trechode vazão reduzida (cerca de 130 km de extensão) e naárea do reservatório (cerca de 500 km2); 5) Indefiniçãoda situação indígena, já que parte de seus territórios,mesmo que considerados invioláveis, serão atingidosdireta ou indiretamente por esta obra.

Por causa da sua grandeza e singularidade, oconjunto de cachoeiras desse rio, sobretudo no trecho daVolta Grande do Rio Xingu, é considerado por muitosambientalistas como um dos maiores monumentos dadiversidade natural do mundo. É evidente, portanto, quea importância estratégica desse rio deve ir muito além deum mero projeto de hidro-eletricidade. Em outros termos:impor “goela abaixo” o aproveitamento das corredeirasdo Xingu, sem levar em conta a importância dapaisagem, das águas livres, dos peixes, da flora, dabiodiversidade em geral e das populações humanas quevivem às suas margens e dele dependem material eespiritualmente parece constituir-se num erro brutal ehistórico.

8Boletim SBI nº98

de modificações dos ossos da região anterior do crânioque conferem o formato característico do focinho (

; Britto, 2003).O registro de ocorrência dessas espécies na

Ecorregião Xingu-Tapajós não é surpresa. Todavia, aconfirmação desta presença só foi confirmada através dorecente esforço de coleta realizado na área. Além dasespécies citadas, mais 11 morfótipos de foramregistrados na ecorregião e, em princípio, não podem seratribuídos a qualquer das espécies conhecidas dogênero. Estes resultados indicam que a EcorregiãoXingu-Tapajós apresenta uma diversidade de calictídeosmuito maior do que atualmente conhecida.

Apesar da região amazônica ser reconhecida comotendo uma grande diversidade de peixes, apenas duasespécies de foram descritas da região (

e ) e outras duas forammencionadas e ) até omomento. Provavelmente, essa pobreza de espéciesconhecidas se deve ao fato de se tratarem de animaisraros e de difícil captura, uma vez que se abrigam entretroncos, rochas, raízes e serapilheira. Um estudo maisdetalhado das coleções recentemente realizadas poruma equipe de pesquisadores do Museu de Zoologia daUSP na bacia do rio Xingu, região da Serra do Cachimbo,resultou na descoberta de outra espécie nova de

. Esta apresenta acúleo da nadadeira peitoralcom todas as serras anteriores retrorsas, umacaracterística observada apenas em .Entretanto, difere desta por apresentar nadadeira caudalemarginada e não arredondada. A forma do corpo, comcabeça pequena e pedúnculo caudal alto se assemelha auma espécie não descrita da bacia do rio Tocantins, masé facilmente distinguida pela ausência de poros dosneuromastos circundados por melanóforos. Assim comoobservado por Marcelo R. Britto para , épossível que, à medida que se amplie a quantidade decoletas em regiões ainda não exploradas, o número deespécies de também aumente.

Os planos para construção do AproveitamentoHidrelétrico de Belo Monte remontam a meados dadécada de 1970, quando foram iniciados os inventáriosdo potencial hidrelétrico da bacia do rio Xingu. Desdeentão, esse empreendimento vem sendo alvo decontendas nos meios políticos, administrativos eacadêmicos, as quais se acentuaram bastante no últimoano, por causa das análises críticas feitas aos Estudosde Impacto Ambiental pelo painel de especialistas,coordenado pelos professores Francisco Hernandez, daUSP, e Sônia Magalhães, da UFPA, com o apoio dasONGs , , Rede JustiçaAmbiental, Instituto Sócio-ambiental e Fundação Viver,

long-snouted corys

Corydoras

Microglanis

Microglanis M.pellopterygius M. zonatus

(M. poecilus M. secundus

Microglanis

M. zonatus

Corydoras

Microglanis

International Rivers WWF

Uma nova espécie de da bacia do rioXingu

Impactos ambientais do Aproveitamento HidrelétricoBelo Monte

Oscar Akio Shibatta & William B. G. Ruiz (UEL;)

Geraldo Mendes dos Santos

[email protected]

Page 9: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

relação entre custo e benefício do AproveitamentoHidrelétrico de Belo Monte.

Britto, M. R. 2003. Phylogeny of the subfamilyCorydoradinae Hoedeman, 1952 (Siluriformes:Callichthyidae), with a definition of its genera.

: 119-154.Buckup, P.A. 2001. Expedição irá explorar os rios do

Brasil central.: 7.

Crampton, W. G. R. & J. S. Albert. 2006. Evolution ofelectric signal diversity in gymnotiform fishes. I.Phy logene t i c sys temat i cs , eco logy andbiogeography. Pp. 647-696; 718-731. In: Ladich, F., S.P. Collin, P. Moller & B. G. Kapoor.

. Science Publishers, Enfield, N.H.Dinerstein, E., D. M. Olson, D. J. Graham,A. L. Webster &

S. A. Primm. 1995.

. The World Bank, Washington, D.C., USA.129p.+ 9 maps.

Gibert, J., D. L. Danielopol & J. A. Stanford. 1994..Academic Press, Inc. 571p.

Muriel-Cunha, J. 2008.

. Tese de Doutorado,Universidade de São Paulo, São Paulo. 163p.

Trajano, E. & J. R. A. Moreira. 1991. Estudo da fauna decavernas da Província Espeleológica AreníticaAltamira-Itaituba, Pará.

(1):13-29.

Literatura citada

Proceedings of the Academy of Natural Sciences ofPhiladelphia 153

Boletim da Sociedade Brasileira deIctiologia 65

Communication inFishes

A conservation assessment ofthe terrestrial ecoregions of Latin América and theCaribbean

Groundwater EcologyBiodiversidade e sistemática

molecular de Phreatobiidae (Ostariophysi,Siluriformes) com uma proposta sobre sua posiçãofilogenética em Siluriformes e uma discussão sobre aevolução do hábito subterrâneo

Revista brasileira de Biologia51

9Boletim SBI nº98

Conforme atestado no próprio EIA/RIMA do AHEBelo Monte e em vários estudos ora em andamento naregião e esboçado noutras partes desse mesmo artigo, épreciso lembrar que a diversidade e o grau deendemismo em peixes do rio Xingu estão entre osmaiores do ecossistema aquático amazônico e grandeparte ainda é totalmente desconhecida da ciência. Alémdisso, é preciso não esquecer que os peixes são oprincipal elo das cadeias tróficas, do equilíbrio ecológico,da biodiversidade e da própria vida dos sistemasaquáticos. São também importante fonte de alimento,emprego e renda, tanto para as populações que vivem nointerior como para as que vivem nas cidades. Aconservação de ambientes espetaculares e aindarelativamente bem preservados, como as Cachoeiras daVolta Grande, deveria ter um peso compatível e em pé deigualdade com seu uso para produção de energiaelétrica. É evidente que este é um bem fundamental, masantes, ou ao mesmo tempo em que se busca o aumentode sua produção, seria necessário avaliar as fontesalternativas e também os hábitos de consumo, que emnosso país sempre primaram pelo desperdício.

Estudo recente do -Brasil mostra que napróxima década o Brasil poderá reduzir em cerca de 40%a demanda energética prevista, por meio deinvestimentos em eficiência energética. Nesse caso, aenergia economizada seria equivalente a 14 hidrelétricasde Belo Monte e representaria uma economia de cercade aproximadamente 33 bilhões de reais, um valor aindamaior que o necessário para a construção dessahidrelétrica. Também é preciso estar atento ao fato deque normalmente os governantes defendem a produçãode energia em nome dos pobres e dos moradores daregião, mas os reais beneficiários são os ricos e os quemoram longe. Embora difícil de mudar, contornar oumedir, esses fatores não devem escapar da referida

WWF

Status taxonômico de Regan, 1911 e sua classificaçãoApistograma

Ricardo Britzke & Mahmoud Mehanna

No contexto histórico da família Cichlidae, osprimeiros estudos foram realizados por Heckel (1840),baseados em exemplares da coleção de Nattererprovenientes do Brasil. Uma revisão mais ampla foiescrita por Jardine (1843), baseado na coleção deSchomburgk proveniente das Guianas, do Brasil e daVenezuela (Kullander & Stawikowski, 1997a, b).

Em 1875, Steindachner trabalhou na coleção daexpedição de Thayer de ciclídeos do Amazonas, masnão contribuiu muito mais que o trabalho de Heckel.Günther (1868) descreveu e ilustrou uma grande parteda fauna de ciclídeos da América Central, seguido porCharles Tate Regan (1906-1908).

Em 1852, Henry Walter, naturalista britânico,descobriu o primeiro espécime de um ciclídeo-anão daAmérica do Sul, no Rio Cupai, Brasil. O espécime foienviado ao museu de História Natural em Londres paradescrição científica. O espécime foi descrito em 1862,dez anos após sua coleta, pelo diretor do Departamentode Zoologia, Albert Günther, como .Mesops taeniatus

Mais tarde, esta espécie seria classificada como oprimeiro membro de seu atual gênero:Regan.

O nome foi proposto em 1912 porCharles Tate Regan, um ictiólogo britânico quetrabalhava para o Museu de Londres. A espécie descritapor Günther, , foi adotado por Regan como aespécie-tipo para a descrição deste gênero de ciclídeo-anão. Seu nome possui suas raízes do grego, onde" " significa incerto, inconstante, instável; e" " significa linha, em referência ao aparecimentoe desaparecimento da faixa escura ao longo do corpo, aqual caracteriza o gênero.

A distribuição das espécies derestringe-se ao continente sul-americano, habitando asbacias hidrográficas de países como Guianas,Colômbia, Venezuela, Peru, Brasil, Paraguai eArgentina(Kullander, 1986; 2003).

Os habitats das espécies de são emsua maioria cobertos por florestas tropicais (bacia

Apistogramma

Apistogramma

M. taeniatus

apistogramma

Apistogramma

Apistogramma

Page 10: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

10Boletim SBI nº98

Amazônica). Nesse ambiente, habitam geralmentecursos d'água, igarapés e lagoas rasas formadas nasinundações dos rios. Os biótipos destes cursos d'águapossuem profundidade de cerca de 50 centímetros oumenos; são pobres na vegetação submersa, masfornecem abrigo em meio a raízes, galhos e rochas quecobrem o fundo do local. Entretanto, as espécies habitamtambém vegetações aquáticas e gramíneas (bacia do rioParaguai). Nesse local, as mesmas aparecem em riosrasos, lagos e lagoas, as quais possuem densos tapetesde vegetação flutuante e submersa com muitas raízes erochas (Kullander, 2003).

As espécies são normalmente dimórficas edicromáticas, sendo os machos e as fêmeas facilmenteidentificados. Os machos são geralmente mais coloridose maiores que as fêmeas, possuindo geralmentenadadeiras dorsal, anal e caudal mais desenvolvidas. Ostraços das fêmeas incluem a típica coloração amarelodourado, que se torna intensa na época de reprodução(Richter, 1988; Koslowski, 2002; Kullander, 2003;Staeck, 2003; Römer, 2001, 2006).

As espécies de são geralmentepolígamas; um macho se reproduz com diversas fêmeasna natureza. Cada fêmea possui um território pequeno,centrado geralmente em torno de alguma cavidade, ondea mesma cuida da prole. A responsabilidade do macho édefender todo seu harém, seja de predadores oucompetidores. Há algumas espécies que sãomonogâmicas e estabelecem uma ligação de casal.Ambos os sexos compartilham igualmente todas astarefas, assim como o macho também participa nocuidado direto da prole (Richter, 1988; Koslowski, 2002;Staeck, 2003; Römer, 2001, 2006).

Apesar do número de espécie e de sua ampladistribuição, geralmente são uniformes em seus hábitosreprodutivos. Colocam seus ovos em cavidades,possuem comportamento territorialista intenso,tornando-se muito agressivos neste período. A fêmeadeposita cerca de 50 a 200 ovos, variando de espéciepara espécie, que são fertilizados pelo macho.

A fêmea permanece na cavidade, sem se alimentar,até que os ovos eclodam, algo em torno de 36 a 60 horasapós a fertilização. Após a eclosão, os alevinos seencontram em estágio larval, e apresentaram nataçãolivre dentro de 8 a 10 dias. A partir disso, os mesmoscomeçam a alimentar-se ativamente de fitoplâncton,zooplâncton e detritos de forma geral (Richter, 1988;Koslowski, 2002; Römer, 2001, 2006).

O gênero possui uma longa históriaevolutiva, que data do Pleistoceno, períodocompreendido entre dois milhões a 11 mil anos atrásaproximadamente.

Algumas espécies se encontram distribuídas poramplas regiões, outras são endêmicas, e uma mesmaespécie apresenta várias colorações, variando de acordocom seu hábitat.

Atualmente existem cerca de 70 espécies descritasdo gênero (Römer, 2006). Entretanto, épossível detectar cerca de 100 morfótipos diferentesdistribuídos por todas as drenagens tropicais da Américado Sul, alguns desses não sendo possível assinalar aqualquer espécie descrita. É provável que parte dessesmorfótipos seja variação geográfica de outras espécies

Apistogramma

Apistogramma

Apistogramma

conhecidas. Com tantas espécies conhecidas, comcerteza existe um grande potencial para que este númeroexpanda drasticamente, pois o gênero foidividido em vários grupos de espécies. Meinken (1962)erigiu os grupos de espécie baseados em diâmetros doolho e em comprimentos diferentes do focinho. Emborase pensasse que este era um agrupamento artificial,estes dados permaneceram a base para identificar asespécies de por quase 20 anos. Kullander(1980) propôs um agrupamento mais natural do gênero,baseado em muito mais caracteres compartilhados.Alistou sete espécies-grupo e diversas espécies que nãoeram então assinaláveis as espécies-grupo.Schmettkamp (1982) era o primeiro a reconhecer quecada espécie-grupo teve uma distribuição regional,propondo nove a mais, totalizando 16 espécies-grupo.Koslowski (1985) publicou uma lista de espécies-grupo,sendo a maioria usada até hoje. Igualmente, subdividiualgumas espécies-grupo que chamam estas divisões de“complexos”. Kullander (1980) e Koslowski (1985),entretanto, reconhecem a possibilidade que alguns deseus grupos não serem monofiléticos, mas parecemestreitamente relacionados. Os “complexos deKoslowski” são subgrupos que compartilham um númeromaior de caracteres externos comuns. Römer (2001,2006) também realizou uma análise de agrupamentos,onde foram avaliadas relações espaciais e deparentesco formando táxons monofiléticos, ondealgumas espécies são agrupadas juntas em um grupo oucomplexo e separadas em subgrupos ou sub-complexos(Tabela 1).

No geral, as espécies de possuemuma distribuição geográfica bem especifica, sendocomuns espécies endêmicas de um único rio ou áreaalagada próxima, um reflexo da ecologia do gênero e dahistória das drenagens (Kullander, 2003).

Um exemplo disso é a região compreendida naAmazônia oriental, onde se encontram as bacias dos riosTapajós, Xingu, Tocantins e Trombetas; sendoconhecidos como rios de águas claras, os quais sãopobres em espécies de . Quandocomparados às planícies da Amazônia ocidental, naregião do rio Negro, a situação é outra, pois o gênero érepresentado por pelo menos uma ou várias espéciesendêmicas em cada rio dessa região (Kullander &Ferreira, 2005).

Também existem espécies que possuem ampladistribuição como , com registros por todopercurso do rio Amazonas, desde a foz até seu alto cursono Peru (Römer, 2001). Esta espécie ocupa váriosecossistemas diferentes da Amazônia, estando presenteem rios de águas claras, negras e brancas (Kullander,1986), e sua ampla abrangência territorial e ecológicareforça a necessidade de uma revisão taxonômica esistemática para a espécie (Römer, 2001).

Apistogramma

Apistogramma

Apistogramma

Apistogramma

A. agassizii

O comportamento reprodutivo de muitas espécies dejá foi descrito na literatura aquarista (

Richter, 1988; Koslowski, 2002; Staeck, 2003), onde serelata que os padrões de cores referem-se livremente aoato reprodutivo. Em conseqüência, as formas de corestornam-se uma variável para a diferenciação entresexos, e também entre determinados grupos deespécies.

Apistogramma i.e.

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11Boletim SBI nº98

Tabela 1. Lista de grupos, sub-grupos e espécies do gêneroda Região Neotropical, segundo Römer

(2006).Apistogramma

Tabela 1 .(cont.)

Page 12: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

12Boletim SBI nº98

Tabela 1 .(cont.)Tabela 1 .(cont.)

Page 13: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

13Boletim SBI nº98

Tabela 1 .(cont.)

Fig. 1: Representantes do grupo :(A) “Moju”, fêmea, foto: D. Q. Pureza; (B)

“Urucara”, macho, foto: C. C. Emerich; (C)“Igarapé-Miri”, macho, foto: D. Q. Pureza; (D)“Jatapu”, macho, foto: C. C. Emerich.

Apistogramma agassiziiA. agassizii A.

agassizii A.agassizii A.agassizii

Fig. 2: Representantes do grupo ,e : (A) “Alenquer”, fêmea; (B)“Alenquer”, macho; (C) “Urucara”, fêmea; (D)

“Urucara”, macho; (E) “Orange rio Demini”,macho; (F) “Orange rio Demini”, fêmea; (G)“Barcelos”, fêmea; (H) “Barcelos”, macho. Fotos: R.Suzuki.

Apistogramma agassizii A.gephyra A. mendezi A. agassizii A.agassizii A. agassiziiA. agassizii A. gephyra

A. gephyra A. mendeziA. mendezi

Fig. 3: Representantes do grupo : (A)“Arasa”, macho, foto: F. A. Gonçalves; (B)“Arasa”, fêmea, foto: F. A. Gonçalves; (C)

“Santario”, fêmea, foto: R. Suzuki; (D)

Apistogramma cacatuoides A.cacatuoides A.cacatuoides A.cacatuoides A. cacatuoides

Page 14: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

Fig. 3: Representantes do grupo : (A)“Castanha”, macho, foto: R. Suzuki; (B)

“Tefé”, macho, foto: C. C. Emerich; (C) “Mamuri”,macho, foto: E. L. Casado Filho; (D) “Autazes”, macho,foto: R. Britzke; (E) “Careiro”, macho, foto: R. Suzuki;(F) “Careiro”, fêmea, foto: R. Suzuki; (G)“Castanha”, fêmea, foto: R. Suzuki.

Apistogramma bitaeniata A.bitaeniata A. bitaeniata

A. bitaeniataA. bitaeniata

A. bitaeniataA. bitaeniata A. bitaeniata

Fig. 6: Representantes do grupo : (A)“Opal face”, foto: R. V. Estrelinha; (B) “Opal face”,

macho, foto: R. V. Estrelinha; (C) “Opal face”, macho, foto:R. V. Estrelinha; (D) macho, foto: J. V. Brunelli; (E)

“Baia da Medalha”, macho, foto: R. Suzuki; (F)“Baia da Medalha”, fêmea, foto: R. Suzuki; (G) “Opalface”, macho, foto: R. V. Estrelinha.

Apistogramma borelli A.borelli A. borelli

A. borelliA. borelli A.

borelli A. borelliA. borelli

Fig. 7: Representantes do grupo e do grupo: (A) “Parnaiba”, macho, foto: R. Britzke; (B)

cf. “Orangeswanz”, macho, foto: R.A. Fonseca; (C) cf.“Orangeswanz”, fêmea, foto: R.A. Fonseca.

Apistogramma reganiA. eunotus A. piauiensisA. eunotus A.eunotus

14Boletim SBI nº98

Fig. 5: Representantes do grupo sp. “Rotpunkt”: (A)sp. pebas “Morado”, macho; (B) sp.

pebas “Morado”, fêmea; (C) sp. pebas “Morado”,macho, fotos: R.A. Fonseca.

ApistogrammaApistogramma Apistogramma

Apistogramma

Page 15: 2010 - Ictiofauna da ecorregião Xingu-Tapajós - fatos e perspectivas

Fig. 10: Representantes do grupo e dogrupo : (A) cf. macho, foto: J. Bentes; (B)

macho, foto: R. A. Fonseca; (C) macho,foto: R. A. Fonseca; (D) macho, foto: S. Bierdermann;(E) fêmea, foto: S. Bierdermann.

Apistogramma atahualpaA. nijsseni A. rositae, A.

atahualpa, A. atahualpa,A. nijsseni,

A. nijsseni

Fig. 11: Representantes do grupo e dogrupo : (A) macho, foto: R.A. Fonseca; (B)

macho, foto: E. L. Casado Filho; (C)macho, foto: R. A. Fonseca; (D) macho, foto: E. L.Casado Filho.

Apistogramma macmasteriA. guttata A. macmasteri,

A. guttata, A. macmasteri,A. guttata,

15Boletim SBI nº98

Fig. 12: Representantes do grupo : (A)macho, foto: E. L. Casado Filho; (B) aff.

“Abacaxi”, fêmea, foto: R. A. Fonseca; (C) sp.“Rotkeil baniwa”, macho, foto: R. Suzuki; (D) sp.“Rotkeil baniwa”, fêmea, foto: R. Suzuki.

Apistogramma pulchra A.pulchra, A. pulchra

ApistogrammaApistogramma

Fig. 9: Representantes do grupo edo grupo : (A) macho, foto: R. V.Estrelinha; (B) fêmea, foto: R. V. Estrelinha; (C)

macho, foto: F. Oliveira; (D)macho, foto: E. L. Casado Filho; (E) fêmea, foto:E. L. Casado Filho.

Apistogramma trifasciataA. erythrura A. trifasciata,

A. trifasciata,A. trifasciata, A. erythrura,

A. erythrura,

Fig. 8: Representantes do grupo : (A)macho, foto: R. Suzuki; (B) macho,

foto: R.A. Fonseca; (C) , foto: R. Silva.

Apistogramma steindachneriA. rupununi, A. steindachneri,

A. hyppolytae

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16Boletim SBI nº98

A designação do da espécie em relação àsdiversas variações de cores é um tanto quantocontroversa. Entretanto, o número maior de estudos queenvolvem a delimitação da cor para as espécies deciclídeos sul-americanos se torna sugestivo de umacompreensão maior da importância e da validez de taldelimitação para este grupo de peixes. Desta forma, opadrão de coloração e sua distribuição em relação aogênero , tornam estas espéciesenigmáticas.

Agradecemos a colaboração de Cinthia Emerich eRony Suzuki de Londrina (PR); Erivaldo Casado deBrasília (DF); Dennis Quaresma de Belém; Felipe AokiGonçalves de São Paulo (SP); Josuel Valnei Brunelli deRio Claro (SP); Filipe Oliveira, José Bentes, RicardoFonseca, Ricardo Silva e Rui Estrelinha de Portugal,pelas contribuições e por terem fornecido as fotos.

status

Apistogramma

Agradecimentos

Literatura citadaGünther, A. 1862.

. London, i-xxi + 1-534.Günther, A. 1868. An account of the fishes of the states of

Central America, based on collections made by Capt.J.M. Dow, F. Godman Esq., and O. Salvin, Esq.

: 377-494.Heckel, J. 1840. Johann Natterer's neue Flussfische

Brasil ien's nach den Beobachtungen undMittheilungen des Entdeckers beschrieben. (ErsteAbtheilung, die Labroiden.)

: 327-470.Jardine, W. 1843.

.Edinburgh, 214p.

Koslowski, I. 2002.Ulmer, Stuttgart.

Kullander, S. O. &A. M. C. Silfvergrip. 1991. Review of theSouth-American Cichlid Genus , Gunther(Teleostei, Cichlidae), with Descriptions of 2 newspecies. : 407–448.

Kullander, S. O. & R. Stawikowski. 1997a. JardinesCichliden (Teil 1). : 112-119.

Kullander, S. O. & R. Stawikowski. 1997b. JardinesCichliden (Schluss). : 121-137.

Kullander, S. O. 1980. A taxonomical study of the genusRegan, with a revision of Brazilian and

Peruvian species (Teleostei: Percoidei: Cichlidae).: 1-152.

Kullander, S. O. 1986.Stockholm: Department of

Vertebrate Zoology, Swedish Museum of NaturalHistory, 431p.

Kullander, S. O. 2003. Family Cichlidae. Pp. 605-654. In:Reis, R. E., S. O. Kullander, C. J. Ferraris Jr. (Eds.).

PortoAlegre: EDPUCRS.

Catalogue of the fishes in the BritishMuseum. Catalogue of the AcanthopterygiiPharyngognathi and Anacanthini in the collection ofthe British Museum

Transactions of the Zoological Society 6

Annalen des wienerMuseums der Naturgeschichte 2

The naturalist's library [vol. 38].Ichthyology Vol. V. Fishes of Guiana. Part II

Die Buntbarsche Amerikas Band 2& Co.

Revue suisse de zoologie 98

DCG-Informationen 28

DCG-Informationen 28

Bonner Zoologische Monographien 14Cichlid fishes of the Amazon River

drainage of Peru.

Check List of the Freshwater Fishes of South andCentralAmerica.

Apistogramma

Mesonauta

Apistogramma

Kullander, S. O. & E. J. G. Ferreira. 2005. Two newspecies of Regan (Teleostei:Apistogramma

Cichlidae) from the rio Trombetas, Pará State, Brazil.: 361-371.Neotropical Ichthyology 3

Meinken, H. 1962. Eine neue - Art ausdem mittleren Amazonas-Gebiet, zugleich mit demVersuch einer Übersicht über die Gattung (Pisces,Percoidea, Cichlidae).

: 137-143Regan, C. T. 1912. Descriptions of new cichlid fishes from

South America in the British Museum.: 505-507.

Richter, H. J. 1988. The red form ofagassizii. : 10–12, 14–15,17.

Römer, U. 2001.Melle: Mergus-

Publishers.Römer, U. 2006.

Melle: Mergus-Publishers.

Staeck, W. 2003.Dahne

Verlag, Ettlingen.Schmettkamp, W. 1982.

Landbuch, West Germany, 176p.Steindachner, F. 1875. Beiträge der Kenntniss der

Chromiden des Amazonenstromes.

: 61-137.

Apistogramma

Apistogramma

Senckenbergiana Biologica43

Annals andMagazine of Natural History 8

Tropical Fish Hobbyist 37

Cichlid Atlas: Natural history of SouthAmerican dwarf cichlids, v.1.

Cichlid Atlas: natural history of SouthAmerican dwarf cichlids, v.2.

Cichliden Lexikon Teil 3.Sudamerikanische Zwergbuntbarsche.

Die Zwercichliden Sudamerikas.

Sitzungsberichteder kaiserlichen Akademie der Wissenschaften,Mathematisch-naturwissenschafliche Classe 71

(RB)(MM)Laboratório de Biologia e Genética de Peixes,

Departamento de Morfologia, IBB-UNESP - deBotucatu, SP.

Campus

[email protected]@hotmail.com

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17Boletim SBI nº98

NotíciasPropostas de atividades para o XIX Encontro Brasileiro de Ictiologia, Manaus, AM

tropicais. O programa preliminar encontra-se em

Aproveite sua visita a esta região e participe da preparaçãodeste importante evento.

Contamos com sua participação.

Qualquer duvida, favor contactar:Lucia Rapp Py-Daniel (Coordenadora)Jorge Porto (Tesoureiro)Claudia PereiraSidineiaAmadio (Vice-Coordenadora)

http://www.sbi.bio.br/ebi2011-Programa.html

[email protected]@gmail.com

[email protected]@inpa.gov.br

A Comissão Organizadora do Encontro Brasileiro deIctiologia está recebendo propostas de atividades para o XIXEBI, até o dia 15 de maio de 2010. A propostas devem serencaminhadas através do formulário de propostas (disponívelem ), e podem abrangerMesas Redondas, Simpósios, Workshops e Mini-Cursos, assimcomo as regras gerais da SBI para estas atividades.

O XIX EBI será realizado em Manaus, no período de 30 dejaneiro a 04 de fevereiro de 2011, no coração da Amazônia, oque representa uma oportunidade fantástica para todosaqueles que se interessam pela biodiversidade aquática eatividades relacionadas, como a pesca e o uso dos grandes rios

http://www.sbi.bio.br/ebi2011.html

Artigo liderado por autores brasileiros entre os mais citados do Journal of Biogeography

Em 2008, o referido periódico publicou cerca de 200trabalhos.Este desempenho certamente orgulha toda acomunidade da SBI e a comunidade ictiológica nacional.

Maiores in formações no endereço e le t rôn icohttp://www3.interscience.wiley.com/journal/117963685/home/MostCited.html

O artigo “ ”, deautoria de S. R. Floeter, L. A. Rocha, D. R. Robertson, J. C.Joyeux, W. F. Smith-Vaniz, P. Wirtz, A. J. Edwards, J. P.Barreiros, C. E. L. Ferreira, J. L. Gasparini,A. Brito, J. M. Falcón,B. W. Bowen & G. Bernardi, publicado no primeiro fascículo dovolume 35 do (janeiro de 2008,páginas 22-47) foi o segundo trabalho mais citado daqueleperiódico para o ano de 2008.

Atlantic reef fish biogeography and evolution

Journal of Biogeography

Call for papers for the workshop on impacts of non-native freshwater fishes in the Mediterranean region

ecosystem function and the forecasting of impacts underconditions of climate change.

The workshop entitled "New approaches for assessing theimpacts of non-native freshwater fishes in the Mediterraneanregion" is intended to inform government departmentsconcerned with the communication, management, regulation,mitigation and control of non-native freshwater fisherman whoare likely to encounter or deal with non-native freshwater fishes.

F u r t h e r i n f o r m a t i o n c a n b e o b t a i n e d a t :http://neofishmed.com/

Freshwater fish communities of the Mediterranean region arecharacterized by a high level of endemism relative to other partsof Europe. This makes the region particularly vulnerable toreduced biodiversity due to introduced species, especially underconditions of climate change. The aim of this workshop will be toexamine new methods and techniques for assessing impactsand in doing so summarize existing knowledge and identify gapsin knowledge of adverse impacts exerted by introducedfreshwater fish in the Mediterranean region. Of particularinterest are investigations that focus on real impacts, whetherdirect or indirect, to native species and/or ecosystems, including

EventosVII Simpósio Brasileiro de

Paleontologia de Vertebrados

18 a 23 de julho de 2010

Rio de Janeiro, RJInformações em: http://viisbpv.blogspot.com/

IV Congresso Brasileiro deOceanografia

18 a 22 de maio de 2010

Rio Grande, RSInformações em: http://www.cbo2010.com/

Fish Sampling with ActiveMethods - FSAM 2010

8 a 11 de setembro de 2010

Ceske Budejovice, República ChecaInformações em:

http://www.fsam2010.wz.cz/

XIX Encontro Brasileirode Ictiologia

30 de janeiro a 4 defevereiro de 2011

Manaus, Amazonas

Informações em:[email protected]

MANAUS, 30/1 A 04/02/2011

International Congress ofVertebrate Morphology

26 a 31 de julho de 2010

Punta del Este, UruguaiInformações em:http://www.jetmar.com.uy/icvm2010/

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Novas publicações

18Boletim SBI nº98

Barata, J. P. B. 2010.

. Monografia de Bacharelado(Zoologia). Curso de Ciências Biológicas daUniversidade Federal do Rio de Janeiro, 57p. E-mail:

Mayrinck, D. 2010.

. Tese deDoutorado. Programa de Pós-graduação emBiociências da Universidade Estadual do Rio deJaneiro, xxii+280pp. E-mail:

As espécies do gênero(Cichlidae: Percomorpha), das bacias costeiras doestado do Rio de Janeiro

Relações filogenéticas dos Otophysi(Actinopterygi i , Teleostei), com ênfase emCharaciformes, incluindo as formas fósseis

Crenicichla

[email protected]

[email protected]

Envie dados da sua monografia, dissertação ou tesedefendida para que a divulguemos no próximo Boletim

Peixe da vez

Apareiodon ibitiensis, coletado no córrego Canta Galo, baciado rio Corumbataí, SP.Foto enviada por Ricardo Britzke.

Desovas no período

Theodore W. Pietsch delivers a comprehensive summary of allthat is known about anglerfishes--morphology, diversity,evolution, geographic distribution, bioluminescence, andreproduction.

Nenhum ambiente na Terra apresenta tantas restriçõesfísicas e biológicas quanto as profundidades oceânicas.Temperaturas próximas ao ponto de congelamento, ausênciade luz, altas pressões, e poucos recursos alimentares tornam apresença de habitantes nesses locais praticamenteincocebível. Entretanto, cerca de 160 espécies de peixes daordem Lophiiformes são encontrados nesse ambiente em umasurpreendente profusão. De aparência monstruosa,representantes de Lophiiformes apresentam um conjunto únicoe espetacular de inovações morfológicas, comportamentais efisiológicas. Neste volume plenamente ilustrado, o primeiro livrofocado nestes intrigantes peixes, Theodore W. Pietsch ofereceuma compilação abrangente de tudo que se sabe a respeito dosLophiiformes – morfologia, diversidade, evolução, distribuiçãogeográfica, bioluminescência e reprodução.

US$85.00 (oitenta e cindo dólares).Valor:

Oceanic Anglerfishes:Extraordinary Diversity in the

Deep Sea

ISBN 978-0520255425

Theodore W. Pietsch

University of California Press

No environment on Earth imposes greater physical andbiological constraints on life than the deep oceanic midwaters.Near-freezing temperatures, the absence of sunlight, enormouspressure, and a low food supply make habitation by any livingthing almost inconceivable. Yet 160 species of anglerfishes arefound there in surprising profusion. Monstrous in appearance,anglerfishes possess a host of unique and spectacularmorphological, behavioral, and physiological innovations. In thisfully illustrated book, the first to focus on these intriguing fish,

Envie as suas contribuições para os próximos números.

Seus artigos, fotos para o " contribuições, notícias e outras informações de interesse da Sociedade podemser enviados diretamente para a secretaria <[email protected]>, preferencialmente em anexo.

Contamos com a sua participação!

Peixe da vez",

Participe do Boletim SBI

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Peixe da Vez

Sociedade Brasileira de IctiologiaC.N.P.J.: 53.828.620/0001-80

DIRETORIA (BIÊNIO 2009-2010)Presidente:

Secretário:

Tesoureiro:

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente:

Membros:

Dr. Paulo Andreas Buckup ( )

Dr. Marcelo Ribeiro de Britto ( )

. Maria Isabel P.F. Landim ( )

Dr. Alexandre Clistenes Alcântara dos Santos ( )

Dr. Claudio Oliveira ( )

Dra. Emiko Kawakami de Resende ( )

Dr. Francisco Langeani Neto ( )

Dr. José Sabino ( )

Dr. Luiz Roberto Malabarba ( )

Dra

Dr. Roberto Esser dos Reis ( )

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

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[email protected]

[email protected]

[email protected]

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Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia Nº 98

Elaboração:Editoração:

Secretaria da SBI:

Os conceitos, ideias e comentários expressos no BoletimSociedade Brasileira de Ictiologia são de inteira

responsabilidade da Diretoria da SBI ou de quem osassinam.

Diretoria SBI

Marcelo Ribeiro de BrittoLeandro Villa Verde da Silva

Setor de Ictiologia, Depto. de Vertebrados,Museu Nacional/UFRJ. Quinta da Boa Vista s/n, São Cristóvão.20940-040 Rio de Janeiro/RJ.E-mail:

Caso não queira receber futuras edições deste boletim, envie um emailpara com a palavra REMOVER no campo assunto.

[email protected]://www.sbi.bio.br

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Aumentando o cardume...

Gladstone Ignacio de Almeida

Heiko Brunken

Antonio Villa-Navarro

A , SBI, fundada a 2 de fevereiro de 1983, é uma associação civil de caráter científico-cultural, sem fins lucrativos,legitimada durante o I Encontro Brasileiro de Ictiologia, como atividade paralela ao X Congresso Brasileiro de Zoologia, e tendo como sede e foro a cidade deSão Paulo (SP). -

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ICTIOLOGIA

Artigo 1º do Estatuto da Sociedade Brasileira de Ictiologia.

Você ainda não é associado?

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Faça parte deste grupo e seja o próximo membro deste cardume. Além de conseguir descontos em eventosorganizados pela SBI, você receberá o periódico científico oficial da Sociedade, . Nossa

Ficha de Inscrição encontra-se no final deste Boletim com informações necessárias para a sua filiação.Neotropical Ichthyology

19Boletim SBI nº98

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Linha de Pesquisa/ :________________________________________________

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