2007_silviailenaprojas

195
1I UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ANÁLISE EXERGÉTICA, TERMOECONÔMICA E AMBIENTAL DE UM SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA. ESTUDO DE CASO: USINA TERMOELÉTRICA UTE - RIO MADEIRA SÍLVIA PALMA ROJAS ORIENTADOR: ARMANDO DE AZEVEDO CALDEIRA PIRES DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS MECÂNICAS PUBLICAÇÃO: DM-109 BRASÍLIA, 19 de MARÇO de 2007

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  • 1I

    UNIVERSIDADE DE BRASLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA

    ANLISE EXERGTICA, TERMOECONMICA E AMBIENTAL DE UM SISTEMA DE GERAO DE ENERGIA.

    ESTUDO DE CASO: USINA TERMOELTRICA UTE - RIO MADEIRA

    SLVIA PALMA ROJAS

    ORIENTADOR: ARMANDO DE AZEVEDO CALDEIRA PIRES

    DISSERTAO DE MESTRADO EM CINCIAS MECNICAS

    PUBLICAO: DM-109

    BRASLIA, 19 de MARO de 2007

  • 1I

    UNIVERSIDADE DE BRASLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA

    ANLISE EXERGTICA, TERMOECONMICA E AMBIENTAL DE UM SISTEMA DE GERAO DE ENERGIA. ESTUDO DE CASO:

    USINA TERMOELTRICA UTE - RIO MADEIRA

    SLVIA ILENA PALMA ROJAS

    DISSERTAO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS MECNICAS.

    APROVADA POR:

    _________________________________________________

    Prof. Armando de Azevedo Caldeira Pires, PhD (ENM-UnB) (Orientador) _________________________________________________

    Prof. Carlos Gurgel Veras (ENM-UnB) (Examinador Interno) _________________________________________________ Prof. Gil Anderi da Silva (PIQ-USP) (Examinador Externo) BRASLIA/DF, 19 DE MARO DE 2007

  • II

    FICHA CATALOGRFICA

    PALMA, SLVIA ROJAS

    ANLISE EXERGTICA, TERMOECONMICA E AMBIENTAL DE UM SISTEMA

    DE GERAO DE ENERGIA. ESTUDO DE CASO: USINA TERMOELTRICA

    UTE - RIO MADEIRA [Distrito Federal] 2007. (ENM/FT/UnB, Mestre, Cincias

    Mecnicas, 2007).

    Dissertao de Mestrado Universidade de Braslia. Faculdade de Tecnologia.

    Departamento de Engenharia Mecnica.

    1. Termoeconomia 2. Exergia

    3. Exergoeconomia 4. Anlise ambiental

    I. ENM/FT/UnB II. Ttulo (srie)

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    PALMA, SLVIA ROJAS (2007). ANLISE EXERGTICA, TERMOECONMICA E

    AMBIENTAL DE UM SISTEMA DE GERAO DE ENERGIA. ESTUDO DE CASO:

    USINA TERMOELTRICA UTE - RIO MADEIRA. Publicao DM-109, Departamento

    de Engenharia Mecnica, Universidade de Braslia, Braslia, DF, 176p.

    CESSO DE DIREITOS

    AUTOR: Slvia Ilena Palma Rojas.

    TTULO: Anlise Exergtica, Termoeconmica e Ambiental de um Sistema de Gerao de

    Energia. Estudo de Caso: Usina Termoeltrica UTE - Rio Madeira.

    GRAU: Mestre

    ANO: 2007

    concedida, Universidade de Braslia, permisso para reproduzir cpias desta dissertao

    de mestrado e para emprestar ou vender tais cpias, somente para propsitos acadmicos e

    cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte desta dissertao de

    mestrado pode ser reproduzida sem autorizao por escrito do autor.

    ____________________________

    Slvia Ilena Palma Rojas

  • III

    DEDICATRIA

    A meu esposo e famlia.

  • IV

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, quero agradecer a Deus por ser meu grande e forte pilar. E, a todos os que

    colaboraram, de alguma maneira, com o desenvolvimento deste trabalho; com especial

    ateno, empresa Eletronorte e sua equipe que possibilitaram a elaborao desta dissertao,

    e a Dona Edir Marques por sua ajuda incondicional.

  • V

    RESUMO

    ANLISE EXERGTICA, TERMOECONMICA E AMBIENTAL DE UMA USINA TERMOELTRICA. ESTUDO DE CASO: USINA TERMOELTRICA UTE - RIO MADEIRA DA ELETRONORTE

    Autor: Slvia Palma Rojas

    Orientador: Armando de Azevedo Caldeira Pires

    Programa de Ps-graduao em Cincias Mecnicas

    Braslia, 19 de Maro de 2007

    Este trabalho apresenta o desenvolvimento de trs anlises: uma anlise exergtica, uma

    exergoeconmica e outra ambiental baseada no conceito de exergia. Realizou-se uma quarta

    anlise, definida como anlise bibliogrfica, baseada em exergia e suas respectivas tcnicas.

    Primeiramente, desenvolvida uma reviso histrica do surgimento da exergia junto

    com uma pesquisa bibliogrfica do conceito, no mundo. A anlise bibliogrfica contabiliza o

    nmero de publicaes apresentadas comunidade cientfica desde o ano de 1940 at o ano

    de 2005. De maneira individual, tambm, se desenvolve uma anlise bibliogrfica no Brasil,

    contabilizando as publicaes de teses e dissertaes sobre o tema de exergia, desde o ano de

    1990 at o ano de 2004.

    Este estudo apresenta a base terica para o entendimento e aplicao de uma anlise

    exergtica, termoeconmica e ambiental em sistemas energticos. Esta teoria aplicada em

    uma das unidades da UTE - Rio Madeira, usina que parte do sistema Acre - Rondnia da

    Eletronorte, localizada no municpio de Porto Velho, Estado de Rondnia, Brasil.

    A anlise exergtica apresenta os valores exergticos dos fluxos do sistema, localiza e

    quantifica as irreversibilidades e perdas dos componentes, bem como suas eficincias

    exergticas. Como se estuda um sistema j existente, a anlise termoeconmica quantifica e

    localiza os custos de cada fluxo do sistema, baseado apenas no custo relativo do combustvel -

    leo diesel - que entra na unidade, sem tomar em considerao as cargas relativas ao capital

    de custos. Atravs da anlise ambiental, se apresentam dois indicadores exergticos de

    impacto no meio ambiente, teis para a avaliao e comparao da performance ambiental da

    unidade em estudo com outras unidades de gerao.

    Palavras-chave: exergia, exergoeconomia, termoeconomia, impacto ambiental, indicadores exergticos.

  • VI

    ABSTRACT

    EXERGETIC, THERMOECONOMIC AND ENVIRONMENTAL ASSESSMENT OF A POWER GENERATION PLANT. CASE STUDY: RIO MADEIRA THERMOELETRIC POWER PLANT

    Author: Slvia Palma Rojas

    Director of Thesis: Armando de Azevedo Caldeira Pires

    Mechanical Engineering Postgraduate Program

    Brasilia, March 19th, 2007

    This work mainly discusses the theory and application of three analyses based on the

    concept of exergy. In a chapter 4 called Estudo de Caso an exergetic and thermoeconomic

    analysis on a real power generation system are carried out, and an environmental analysis on

    that system is executed in the chapter 5. This real power generation system is the gas turbine

    unit LM-6000 GE installed in the Rio Madeira Power Plant, located in Porto Velho,

    Rondnia, Brazil.

    This dissertation also makes a review about exergy through a chronological history, and

    shows results of a bibliographic analysis on exergy by three graphics, where one of them is

    related to Brazilian results. This bibliographic analysis quantifies the number of published

    works all over the world since the decade of 1940 until 2005, and the Brazilian analysis

    quantifies the number of thesis and dissertations published from 1990 until 2004.

    The exergetic analysis shows the exergetic values of every flow, and quantifies and

    identified the irreversibilities and losses for each component of the system. Since this study is

    developed on an existing system, the exergoeconomic analysis quantifies and identified costs

    for each flow based on just fuel cost, and the capital cost of all components represents sunk

    costs, capital cost is ignored for this evaluation.

    In the last stage of this work, environmental analysis indicates two important exergetic

    indexes of environmental impacts. These indexes aid to assess the environmental performance

    of the studied system and compare it with other power plants performance.

    Keywords: exergy, exergoeconomic, thermoeconomic, environmental impact, exergetic indexes

  • VII

    SUMRIO

    1 - INTRODUO 1 1.1 - RELAO ENTRE ENERGIA E EXERGIA 4 1.2 OBJETIVO DA PESQUISA 5 1.3 - METODOLOGIA DE TRABALHO 6

    2 RETROSPECTIVA HISTRICA 8 2.1 - INTRODUO 8 2.2 - SURGIMENTO DO CONCEITO DE EXERGIA 9 2.3 - EVOLUO HISTRICA DA ANLISE EXERGTICA E SUAS RESPECTIVAS TCNICAS

    15

    2.4 - ANLISE BIBLIOGRFICA DO CONCEITO DE EXERGIA E SUAS RESPECTIVAS TCNICAS

    19

    2.4.1 - Anlise de resultados 20

    3 ASPECTOS CONCEITUAIS 25 3.1 - BASE TERICA DO MTODO DE EXERGIA 25

    3.1.1 - Componentes da exergia 27

    3.1.1.1 Exergia - componente fsico 28

    3.1.1.2 - Exergia componente qumico 32

    3.2 BASE TERICA DA ANLISE EXERGTICA 34

    3.2.1 - Representao pictrica do balano exergtico. 40

    3.3 - INTRODUO DO MTODO DO CUSTO EXERGTICO - ECT 41

    3.4 - TEORIA DA ANLISE TERMOECONMICA - EXERGOECONMICA 45

    3.4.1 - Anlise exergoeconmica para sistemas j existentes 54

    4 ESTUDO DE CASO 58 4.1 - DESCRIO DO SISTEMA 58 4.2 ANLISE EXERGTICA 62

    4.2.1 - Representao grfica do balano exergtico 71

    4.2.2 Anlise de resultados 72

    4.3 - ANLISE EXERGOECONMICA 77 4.3.1 Anlise de resultados 87

  • VIII

    5 - ANLISE AMBIENTAL - EXERGIA COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL

    90

    5.1 EXERGIA COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL 94 5.1.1 Mtodos de anlise ambiental 97

    5.2 INDICADORES EXERGTICOS 99 5.3 ESTUDOS DE CASO 102

    5.3.1 Anlise comparativa da LM-6000 com cinco plantas de gerao de energia 102

    5.3.2 Anlise comparativa do sistema LM-6000 para os valores mnimos, mdios

    e mximos das variveis termodinmicas conhecidas

    106

    5.3.3 Anlise de resultados 108

    6 - CONCLUSES 110

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 115

    APNDICES 121

    APNDICE A BIBLIOGRAFIA MUNDIAL SOBRE O CONCEITO DE EXERGIA E TCNICAS RESPECTIVAS, DESDE 1993 AT 2005

    122

    APNDICE B - FOLHAS DE CLCULO- ANLISE EXERGTICA E TERMOECONMICA, SOFTWARE ENGINEERING SOLVER ENGINEERING (EES)

    160

    B1 - Anlise exergtica 161

    B2 - Anlise exergoeconmica mtodo Exergetic Cost Theory (ECT) 166

    B3 - Anlise exergoeconmica Mtodo Exergoeconmico (ME) 168

    ANEXOS 170

    Anexos 1 VALORES DE EXERGIA QUMICA PADRO DE SUBSTNCIAS INORGNICAS

    171

  • IX

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 2.1 - Figura comparativa do nmero de publicaes por dcada, desde 1940 at o perodo

    de tempo de 2000 ao 2005

    21

    Figura 2.2 - Figura representativa do comportamento do nmero de publicaes, desde o ano de

    1993 at o ano de 2005

    23

    Figura 2.3 - Figura representativa do comportamento do nmero de teses e dissertaes no Brasil,

    desde o ano de 1990 at 2004

    23

    Figura 3.1 - Fuels e Produtos encadeados num sistema 36

    Figura 3.2 - Representao grfica Grassmann-Sankey para um sistema simples 41

    Figura 3.3 - Exemplo ilustrativo de um balano de exergia (sem dimenses), representado mediante

    um diagrama de Pie

    41

    Figura 4.1 - Sistema Acre-Rondnia da Eletronorte 58

    Figura 4.2 - Nveis tpicos de operao do sistema turbina a gs LM-6000 61

    Figura 4.3 - Diagrama de fluxo do sistema LM-6000 analisado 62

    Figura 4.4 - Matriz de incidncia Fuel do sistema LM-6000 66

    Figura 4.5 - Matriz de incidncia Produto do sistema LM-6000 67

    Figura 4.6 - Matriz de incidncia Resduo do sistema LM-6000 67

    Figura 4.7 - Matriz de incidncia da unidade LM-6000 68

    Figura 4.8 Caracterizao exergtica do sistema LM-6000, por meio do Diagrama de Grassmann 72

    Figura 4. 9 Valores exergticos para diferentes valores de variveis termodinmicas conhecidas,

    segundo nveis tpicos de operao

    75

    Figura 4.10 Destruio de exergia dos componentes para diferentes valores de variveis

    termodinmicas conhecidas, segundo os nveis tpicos de operao

    76

    Figura 4.11 - Anlise comparativa das eficincias exergticas dos componentes para diferentes

    valores de variveis termodinmicas conhecidas, segundo os nveis tpicos de operao

    77

    Figura 4.12 - Matriz complementar do sistema LM-6000 79

    Figura 4.13 - Exclusividade da matriz de incidncia A 79

    Figura 5.1 - Incremento das concentraes dos trs mais significantes gases de efeito estufa 94

    Figura 5.2 - Comparao de exergia aprisionada e exergia livre 95

    Figura 5.3 - Representao de como um decrscimo na eficincia exergtica de um processo

    causa um incremento no relativo impacto ambiental, associado com a destruio de

    ordem/ criao de caos

    96

  • X

    Figura 5.4 - Representao de como um decrscimo na eficincia exergtica de um processo

    causa um incremento no relativo impacto ambiental, associado com a degradao de recursos

    96

    Figura 5.5 - Representao de como um decrscimo na eficincia exergtica de um processo

    causa um incremento no relativo impacto ambiental, associado com a emisso da exergia dos

    resduos

    97

    Figura 5.6 - Principais etapas de uma Avaliao de Ciclo de Vida (ACV) 98

    Figura 5.7 - Representao esquemtica do impacto de um processo de converso de energia sobre o

    meio ambiente

    100

    Figura 5.8 - Balano exergtico de uma planta de cogerao de ciclo combinado, com secador de

    combustvel

    103

    Figura 5.9 Balano exergtico de uma planta de cogerao de ciclo combinado, sem secador de

    combustvel

    104

    Figura 5.10 - Balano exergtico de uma planta de cogerao com um ciclo a vapor simples, com

    secador de combustvel

    104

    Figura 5.11 - Balano exergtico de uma planta de cogerao com um ciclo a vapor simples, sem

    secador de combustvel

    104

    Figura 5.12 - Balano exergtico de uma planta de cogerao de uma refinaria de petrleo 105

    Figura 5.13 - Balano exergtico da usina termoeltrica UTE Rio Madeira, sistema LM-6000 105

    Figura 5.14 - Balano exergtico da LM-6000 para os valores mnimos 107

    Figura 5.15 - Balano exergtico da LM-6000 para os valores mximos 107

    Figura 6.1 Diagrama de fluxo do sistema LM-6000 com recuperao da exergia resduo 114

  • XI

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1 - Palavra exergia em diferentes lnguas 3 Tabela 1.2 - Tabela Comparativa dos Conceitos de Exergia e Energia 5 Tabela 3.1 - Eficincia exergtica de diferentes componentes mecnicos 39 Tabela 3.2 - Custos termoeconmicos, relaes termoeconmicas auxiliares e equaes de balano de custos para diferentes componentes mecnicos

    49

    Tabela 4.1 - Variveis termodinmicas conhecidas para a anlise exergtica 63 Tabela 4.2 - Equaes para o clculo da exergia qumica e fsica especfica de cada fluxo

    64

    Tabela 4.3 Resultados da anlise termodinmica para o sistema LM-6000 65 Tabela 4.4 - Definio dos Produtos, Fuels e Resduos de cada subsistema do sistema LM-6000

    66

    Tabela 4.5 - Diagrama de fluxo e eficincia exergtica de cada componente da LM-6000

    70

    Tabela 4.6 - Valores dos fluxos exergticos, destruio de exergia e eficincia de cada componente da unidade LM-6000, para as condies estabelecidas

    70

    Tabela 4.7. Relao de exergia destruda e exergia resduo 71 Tabela 4.8 - Valores mnimos, mdios e mximos das variveis termodinmicas conhecidas

    74

    Tabela 4.9 - Variveis termoeconmicas para a unidade LM-6000 82 Tabela 4.10 - Balano do custo termoeconmico de cada componente do sistema LM-6000

    82

    Tabela 4.11 - Custo termoeconmico Fuel e Produto, e custo exergoeconmico unitrio Fuel e Produto de cada componente do sistema

    86

    Tabela 4.12 - Custo termoeconmico, custo exergoeconmico unitrio, custo termoeconmico da exergia destruda e relao de custos combustveis de cada componente, ME - mtodo exergoeconmico

    87

    Tabela 5.1 - Valores de exergia de entrada, de sada e destruio e perda de exergia para uma comparao da unidade LM-6000 com cinco arranjos de uma planta de cogerao

    103

    Tabela 5.2 - Valores da eficincia ambiental e da taxa de poluio global para as seis plantas de gerao de energia

    106

    Tabela 5.3 - Valores de exergia de entrada, de sada e destruio e perda de exergia para uma comparao da unidade LM-6000, segundo os valores mnimos, mdios e mximos das variveis termodinmicas

    107

    Tabela 5.4. - Valores da eficincia ambiental e da taxa de poluio global para os trs valores de variveis termodinmicas conhecidas do sistema LM-6000

    108

  • XII

    NOMENCLATURA

    Smbolos Latinos

    B Exergia [kJ]

    b Exergia especfica [kJ/kg]

    B* Custo exergtico [kJ]

    c Custo exergoeconmico unitrio [R$/GJ]

    c* Custo termoeconmico unitrio [R$/GJ]

    c Custo exergoeconmico unitrio para sistemas j existentes [R$/GJ]

    c* Custo termoeconmico unitrio para sistemas j existentes [R$/GJ]

    Cp Calor especfico a presso constante [kJ/kg-K]

    CV Calor especfico a volume constante [kJ/kg-K]

    D Destruio de exergia [kJ]

    F Fluxo exergtico Fuel [kJ]

    F* Custo exergtico Fuel [kJ]

    H Entalpia [kJ]

    h Entalpia especfica [kJ/kg]

    I Irreversibilidade [kJ]

    k Relacionado a componente ou subsistema (k-componente/k-subsistema)

    m Massa [kg]

    M Massa molar [kg/kmole]

    n Nmero de itens

    n Nmero de moles

    P Fluxo exergtico Produto [kJ]

    p Presso [kPa]

    P* Custo exergtico Produto [kJ]

  • XIII

    Q Calor [kJ]

    R Constante de gs perfeito [kJ/kg-K]

    r Diferena de custos

    R Fluxo Resduo [kJ]

    R Indicador ambiental

    Rpol Taxa de poluio global

    Rrec Taxa de recurso

    S Entropia [kJ/K]

    s Entropia especfica [kJ/kg-K]

    T Temperatura [K]

    U Energia interna [kJ]

    u Energia interna especfica [kJ/kg]

    V Volume [m3]

    v Volume especfico [m3/kg]

    W Trabalho [kJ]

    X Frao molar [kmole]

    y Taxa de exergia destruda e resduo

    Y* Amortizao exergtica dos componentes [kJ]

    Z

    Amortizao exergoeconmica dos componentes [R$/seg]

    Smbolos Gregos

    Fator exergoeconmico

    Eficincia de malfuno

    Eficincia exergtica

    Relao combustvel

    Consumo exergtico unitrio

  • XIV

    * Custo exergtico unitrio

    potencial qumico [kJ/kmol]

    Custo termoeconmico [R$]

    Custo termoeconmico para um sistema j existente [R$]

    Relao para combustveis industriais

    Eficincia racional

    Vetores e matrizes

    A Matriz de custo de um sistema (mxm)

    A, AF, AP, AR Matrizes de incidncia, Fuel, Produto e Resduo (nxm)

    B Vetor de valores exergticos (mx1)

    B* Vetor custo exergtico (mx1)

    c Vetor custo exergoeconmico unitrio (mx1)

    c* Vetor custo termoeconmico unitrio (mx1)

    c Vetor custo exergoeconmico unitrio, para sistemas j existentes (mx1)

    c* Vetor custo termoeconmico unitrio, para sistemas j existentes (mx1)

    D Vetor destruio de exergia (nx1)

    F Vetor exergtico combustvel (nx1)

    F* Vetor custo exergtico Fuel (nx1)

    P Vetor exergtico Produto (nx1)

    P* Vetor custo exergtico Produto (nx1)

    R Vetor exergtico Resduo (nx1)

    Y* Vetor amortizao exergtica dos componentes (nx1)

    Z Vetor amortizao exergoeconmica dos componetes (nx1)

    Matriz complementar [(m-n-e)x m]

    Vetor consumo exergtico unitrio (mx1)

  • XV

    * Vetor custo exergtico unitrio (mx1)

    Vetor custo termoeconmico (mx1)

    Vetor custo termoeconmico, para sistemas j existentes (mx1)

    Valorao econmica dos Fuels externo

    Subscritos

    0 Estado de referncia

    00 Estado morto

    amb Ambiental

    c Combinado

    CC Cmara de combusto

    D Diagonal

    desat. Desativao

    e Entrada

    ext Externo

    Fsica

    F Relativo ao fluxo Fuel

    ger Gerao

    HPC Compressor de alta presso

    HPT Turbina de alta presso

    i,j relativo a um fluxo

    int Interno

    inv Investimento

    j Relativo a uma substncia

    k Cintica

    k Relativo a componente ou subsistemas

    LPC Compressor de baixa presso

  • XVI

    LPT Turbina de baixa presso

    M Manuteno

    M Mecnica

    m Relativo a fluxos, forma matricial

    n Relativo a subsistemas, forma matricial

    O Operao

    OM Operao e Manuteno

    P Relativo ao fluxo Produto

    pol Poluio

    pot Potencial

    prep Preparao

    q Qumica

    Q Relativo a calor

    R Relativo ao fluxo Resduo

    rec Recurso

    rec. nat Recursos Naturais

    rev Reversvel

    s Sada

    sat Saturado

    sist Sistema

    T Trmica

    tot Total

    W

    Relativo a trabalho

    Superescritos

    - Quantidade molar

  • XVII

    ^ Varivel de sistema j existente

    Taxa de variao [unidades/seg]

    0 Estado de referncia padro

    00 Estado morto padro

    -1 Inversa matricial

    tot Total

    P Componente de presso

    T Componente trmico

    Notaes especiais

    % Porcentagem

    < Menor que

    > Maior que

    Mais ou menos que

    Soma

    Menor ou igual que

    Maior ou igual que

    d Variao diferencial

    x Smbolo de multiplicao matricial

    LN Logaritmo natural

    Variao

    Abreviaturas

    ACV Avaliao de Ciclo de Vida

    AECV Avaliao Exergtica de Ciclo de Vida

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CC Cmara de Combusto

    ECT Exergertic Cost Theory

    EES Engineering Equation Solver

    HPC Compressor de Alta Presso

    HPT Turbina de Alta Presso

  • XVIII

    IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

    LCA Life Cycle Assessment

    LPC Compressor de Baixa Presso

    LPT Turbina de Baixa Presso

    ME Mtodo Exergoeconmico

    NASA National Aeronautics and Space Administration

    OPEA Organizao de Pases Exportadores de Petrleo

    PLT Primeira Lei da Termodinmica

    SLT Segunda Lei da Termodinmica

    TFA Thermoeconomic Functional Analysis

    HRSG Heat Recovery Steam Generator

    VCN Valor Calorfico Neto

  • 11

    1 - INTRODUO

    Na sociedade moderna, muitas das preocupaes sociais, econmicas e ambientais esto

    relacionadas produo de energia e aos sistemas energticos, sendo estes o corao de

    debates scio-polticos, econmicos e ambientais. Como definem Rezac, P. e Metghalchi, H.

    (2004), a introduo de energia disponvel limpa e barata tem a capacidade de arruinar

    governos, de trazer prosperidade econmica aos pases pobres, de oferecer saneamento bsico

    e melhorar os benefcios de sade, como, tambm, reduzir a quantidade de poluentes que

    entram em nossa atmosfera, em forma de gases de efeito estufa e metais pesados, produzidos

    pelas atividades antropognicas. Devido sua relevncia, a comunidade cientfica e

    engenheiros tm enfocado seus esforos em obter novos e melhores mtodos de produo de

    energia e sistemas relacionados.

    Como denotam Rezac, P. e Metghalchi, H. (2004), a palavra certa para a potncia

    adquirida nesses sistemas no energia; o termo mais preciso seria exergia, que se define

    como a mxima quantidade de energia til, que pode ser obtida de um desequilbrio entre um

    sistema e o meio de referncia estabelecido. O mtodo exergia a ferramenta que cientistas e

    engenheiros utilizam para contabilizar as ineficincias e perdas dos sistemas, assim como para

    dar uma viso dos melhoramentos que poderiam ser efetuados sobre o sistema.

    O mtodo de exergia tem suas origens h quase dois sculos, quando o francs Sadi

    Carnot, apresentou o conceito de trabalho mximo em (1824) e o estadunidense William

    Gibbs comeou a estudar uma propriedade termodinmica, definida como a energia

    disponvel de um corpo e seu meio (1876). Desde suas origens, e de maneira paralela, nos

    Estados Unidos como na Europa, diferentes termos foram utilizados para conceituar a

    exergia. Em 1956, Zaron Rant sugeriu uma palavra que poderia ser usada mundialmente e

    props o nome de exergia no artgo Exergie, ein neues Wort fur technische Arbeitsfhigkeit

    (Exergia, uma nova palavra para trabalho disponvel), apresentando seus fundamentos e a

    maneira de como ela foi estruturada. Wall (1986) apresenta, na sua tese de doutorado, um

    trecho original do artigo escrito por Zaron Rant (1956), onde ele explica e justifica a palavra

    exergia.

    1

  • 2

    [...] Aus diesen Forderungen geht hervor, da ,,ie die zweckmigste Nachsilbe sein wird. Da es sich bei dem untersuchten Begriff um eine Arbeit handelt, mu als Stammsilbe (als genus proximum) das griechische Wort erg (on) hierfr erscheinen. Nun ist noch die richtige Vorsilbe zu whlen, die die spezifische Eigenart, die differentia specifica, hervorhebt. Hierfr gilt die Forderung, da der neue Begriff die Arbeit bezeichnen soll, die aus einem System herausgeholt werden kann. ,,Aus heit auf Griechisch ,,ek vor Konsonanten bzw. ,,ex vor Vokalen. Damit lautet der neue Begriff Exergie: er erfllt praktisch alle aufgestellten Forderungen, und der Buchstabe x unterscheidet ihn klar vom verwandten Begriff der Energie, so da trotz der Analogie in der Wortbildung jede Verwechslung ausgeschlossen bleibt. Der Ausdruck kann in jede germanische, romanische oder slawische Sprache eingefhrt werden, er lautet z.B. auf deutsch Exergie, auf english exergy, auf franzsisch exergie, auf spanisch exergia, auf italienisch essergia und auf slawisch eksergija. (Wall, G. 1986, pag. 11)

    Baseado nesse artigo, Rivero, R. et al. (1990) explicam que Rant sugeriu a palavra

    exergia para ser usada mundialmente, com o argumento de que a palavra deveria ter origem

    greco-latina e cumprir as seguintes disposies:

    1. A palavra deve ser curta para facilitar a derivao de outras palavras. Esta regra

    bsica para as lnguas romnicas e eslavas, ao contrrio das lnguas germnicas (em

    particular do alemo), em que a possibilidade de gerar novas expresses, com a unio

    de vrias palavras, restrita. Na maioria dos casos, as palavras se modelam com

    prefixos ou sufixos de uma palavra primitiva de radical nico; por isso, no

    conveniente gerar palavras com mais de um radical;

    2. A palavra deve ser compreensvel por si mesma e dar uma idia clara do conceito que

    pretende representar. Para lograr isto, a palavra requer, ao menos, trs partes: o genus

    proximum (gnero prximo), a differentia specifica (diferena especfica) e a

    terminao. O genus proximum deve ser uma palavra raiz que mais se aproxime ao

    conceito. A differentia specifica deve marcar a diferena entre as palavras que

    contenham a mesma raiz. E, por ltimo, a terminao requerida pelas lnguas vivas

    como um elemento pelo qual a palavra pode ser classificada no vocabulrio, de forma

    adequada;

    3. A palavra deve fazer parte de um grupo de outras existentes e que estejam

    estritamente relacionadas entre si. No caso da palavra exergia, as magnitudes

    termodinmicas seriam: "entropia", "entalpia", "anergia", etc;

    4. As palavras devem estar relacionadas etimologicamente com outras que sejam

    suficientemente distintas entre si, para no se confundirem; e

  • 3

    5. A palavra deve ser agradvel ao ouvido.

    Rivero, R. et al. (1990) explicam que, segundo as disposies, a raiz, como "genus

    proximum", deve ser a palavra grega erg, pelo conceito de trabalho. A "differentia

    specifica" deve evidenciar que se trata do trabalho disponvel em um sistema, que pode ser

    libertado ao exterior. Isto se alcana mediante a partcula grega ek, ao estar antes de uma

    consoante, ou ex, ao estar antes de uma vogal, significando, em qualquer caso, para fora.

    Finalmente, a terminao adequada lngua portuguesa ia, para que a palavra faa parte

    do grupo ao qual pertence: entalpia, entropia, anergia.

    Conseqentemente, a palavra que se obtm exergia, que curta, compreensvel por

    si mesma e agradvel ao ouvido, alm de ser constituda pelos trs fragmentos requeridos. Ao

    mesmo tempo, se inclui no grupo de palavras com as quais est mais relacionada, sendo, no

    entanto, diferente o suficiente para no se confundirem. A palavra pode ser usada nas lnguas

    romnicas, germnicas e eslavas. Na tabela (1.1), a palavra exergia mostrada em diferentes

    lnguas.

    Lngua Palavra

    Alemo Exergie

    Eslavo Eksergija

    Espanhol Exergia

    Francs Exergie

    Ingls Exergy

    Italiano Essergia

    Polaco Egzergia

    Portugus Exergia

    Russo Eksergiva

    Tabela 1.1 - Palavra exergia em diferentes lnguas Fonte: Terminologa para la aplicacin del mtodo de Exergia (Rodrgues, R. et al., 1990)

    O conceito de exergoeconomia foi proposto por Tsatsaronis, em 1985, como

    contrapartida palavra termoeconomia, para especificar a combinao da anlise exergtica e

    econmica. Tsatsaronis (1985a) apontou que a palavra termoeconomia seria ambgua, pois

    tambm podia se referir combinao da anlise energtica, baseada na Primeira Lei, e a

  • 4

    anlise econmica convencional. Por conseguinte, ele props usar a palavra termoeconomia

    de um modo geral, e exergoeconomia, especificamente, para a anlise baseada na exergia. A

    palavra exergoeconomia vem do grego ex e ergo, relacionada extrao de trabalho e

    economia, formando-se uma palavra adaptvel maioria das lnguas vivas.

    1.1 - RELAO ENTRE ENERGIA E EXERGIA

    A anlise energtica baseada no primeiro princpio da termodinmica, e tem como

    objetivo prover a informao necessria para reduzir a perda de calor e melhorar a

    recuperao de calor. Uma das limitaes que esse mtodo contm a falta de informao

    disponvel sobre a degradao de energia que ocorre no processo, e a quantidade de utilidade

    ou qualidade de calor, contido nos fluxos que saem do processo como produto, resduo,

    aponta Dincer e Cengel (2001).

    O mtodo de exergia, como explica Dincer e Cengel (2001), supera as limitaes que

    apresenta a anlise baseada na Primeira Lei (da anlise energtica). Isto porque o conceito de

    exergia se baseia nas duas primeiras leis da termodinmica e a anlise exergtica pode

    claramente, indicar a localizao da degradao de energia num processo, identificar e

    calcular a magnitude real das perdas de exergia.

    Wall e Gong (2001) - em On exergy and sustainable development, Part I - e Dincer e

    Cengel (2001) - em Energy, Entropy, Exergy Concepts and their Roles in Thermal

    Engineering - fazem, em seus respectivos artigos, uma comparao geral dos conceitos de

    energia e de exergia, conforme se apresenta na tabela (1.2) a seguir:

  • 5

    Tabela 1.2 - Tabela Comparativa dos Conceitos de Exergia e Energia Energia Exergia

    Dependente somente de parmetros dos fluxos de energia e matria, e independente de parmetros ambientais.

    Dependente dos parmetros ambientais, dos parmetros de fluxos de matria e dos parmetros de fluxos de energia.

    Nada desaparece

    Baseada na PLT

    Energia sempre conservada, isto , em balano; energia nunca pode ser produzida ou consumida.

    Tudo dispersa

    Baseada na PLT (s em processos reversveis) e na SLT

    Exergia sempre conservada em processos reversveis e consumida em processos irreversveis (processos reais), isto , exergia nunca est em balano para processos reais.

    Energia movimento ou capacidade de gerar movimento

    Energia tem valor diferente de zero

    Exergia trabalho ou capacidade de produzir trabalho

    Exergia zero quando se encontra em estado de equilbrio com o meio de referncia.

    Tudo energia Contraste exergia

    Energia uma medida de quantidade Exergia uma medida de quantidade e de qualidade

    1.2 OBJETIVO DA PESQUISA

    Este trabalho composto por um objetivo geral, e dois objetivos especficos. Como

    objetivo geral, se tem o estudo do conceito de exergia, mediante a aplicao de uma anlise

    termodinmica, termoeconmica e ambiental. Baseadas todas no conceito de exergia, e

    efetuadas sobre a unidade LM-6000, da General Eletric, instalada na usina termoeltrica Rio

    Madeira, da Eletronorte. As anlises exergtica e exergoeconmica so ferramentas utis para

    avaliar, de maneira tcnica, a performance termodinmica e econmica de processos. Estes

    mtodos se apresentam, tambm, como uma ferramenta til para a otimizao do processo e

    do uso eficiente dos recursos naturais. A anlise ambiental apresenta exergia como um

  • 6

    indicador de impacto ao meio ambiente, sendo uma ferramenta til na procura da otimizao

    do desempenho ambiental de processos energticos e industriais.

    Os objetivos especficos deste trabalho so, primeiramente, a elaborao de uma

    retrospectiva histrica do conceito de exergia; em seguida, a execuo de uma anlise

    bibliogrfica do conceito de exergia atravs da histria, baseada nos trabalhos publicados em

    jornais cientficos internacionais e, no Brasil, especificamente, nas teses e dissertaes feitas.

    1.3 - METODOLOGIA DE TRABALHO

    Este trabalho est organizado em seis captulos, cada um estruturado para o

    entendimento do mtodo de exergia e suas tcnicas.

    O primeiro captulo apresenta uma introduo do presente trabalho, explicando a base

    do conceito de exergia e a origem e fundamentao terminologica desta palavra.

    O segundo captulo est composto primeiramente de uma pesquisa histrica, baseada

    em dados bibliogrficos, onde se efetua uma retrospectiva histrica do conceito de exergia e

    tcnicas, apontando, de maneira cronolgica, os autores que ajudaram ao desenvolvimento e

    implementao do mtodo de exergia e suas tcnicas. Dentre os autores que aportaram

    informao relevante, nesta etapa da pesquisa, destacam-se Tsatsaronis, G. (1993); Rezac, P.

    e Metghalchi, H. (2004); Wall, G. (1986) e as biografias desenvolvidas pela Unicamp, obtidas

    mediante consulta ao respectivo site na Internet.

    Nesse captulo, tambm se apresenta uma pesquisa bibliogrfica relacionada com o

    mtodo de exergia, mostrando as tendncias de comportamento do nmero de trabalhos

    publicados pela comunidade cientfica, desde 1940 at o ano de 2005. Esta pesquisa

    bibliogrfica representada por dois grficos, um que demonstra o comportamento, ano por

    ano, e o outro, por dcadas. Mediante esses grficos, podem ser analisadas as tendncias de

    comportamento, segundo a poca e a situao mundial. Muitos autores fazem parte desta

    pesquisa bibliogrfica, entre os quais esto Wall, G. (1993) e Cornelissen, R. L. (1994). Estes

    autores aportam os dados da pesquisa bibliogrfica entre os anos de 1940 e 1993. A partir do

    ano de 1993 at 2005, as informaes foram obtidas, em sua maioria, da base de dados da

    Elsevier obtida pelo site www.scirus.com. Por ltimo, o captulo 2 apresenta a mesma

    pesquisa bibliogrfica, s que relativa ao Brasil, com base nos dados da Coordenao de

    Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior - CAPES, entre 1990 e 2004, cujos resultados

    tambm esto representados por grfico comportamental.

  • 7

    O captulo 3 apresenta uma pesquisa baseada em dados bibliogrficos, onde se definem

    os aspectos conceituais da palavra exergia e de seus mtodos. Os conceitos relativos exergia

    so fundamentados nas definies de Kotas (1985). E na definio dos mtodos das anlises

    exergtica e exergoeconmica so descritos os mtodos de Valero, Muoz e Lozano (1986) o

    Exergetic Cost Theory ECT e de Tsatsaronis e Winhold (1985a) o mtodo

    exergoeconmico - ME.

    No captulo 4, se desenvolvem as respectivas anlises exergtica e exergoeconmica da

    unidade LM-6000 GE, da usina Rio Madeira. Os clculos destas anlises foram

    desenvolvidos mediante o software Equation Engineering Solver EES verso comercial.

    A anlise ambiental desenvolvida no captulo 5, mediante uma pesquisa baseada em

    dados bibliogrficos, em que se apontam as caratersticas que relacionam exergia com

    impactos ambientais e com desenvolvimento sustentvel. Tambm se apresentam os

    indicadores exergticos, que servem de ndices comparativos de processos, segundo seu

    desempenho ambiental. A base terica desse mtodo de Makarytchev (1998). Nesse

    captulo se realiza ainda uma anlise comparativa de seis plantas geradoras de energia,

    mediante a qual pode-se verificar o desempenho ambiental do sistema LM-6000, com respeito

    a outros sistemas geradores de energia.

    Por ltimo, no captulo 6, se apresentam as concluses obtidas do desenvolvimento e

    dos resultados deste trabalho.

  • 8

    2 RETROSPECTIVA HISTRICA

    2.1 - INTRODUO

    Desde 1698, com a inveno da primeira mquina movida a vapor (patenteada em

    1705), o ser humano tem estado na constante procura de melhorias na performance das

    mquinas e tecnologias criadas por ele. Atravs dessa procura, surgiram as grandes teorias da

    Cincia, especialmente no sculo XIX, quando grandes cientistas desenvolveram importantes

    conceitos, nos quais a cincia moderna est baseada hoje.

    Com as evolues cientficas e transformaes vivenciadas no sculo XX, o ser humano

    foi acrescentando seus objetivos de estudo e pesquisa, e, como conseqncia, a performance

    das novas tecnologias comeou a ter uma importante relao com o consumo de recursos que

    faziam essas mquinas funcionarem. Da mesma maneira que os objetivos de estudo do sculo

    XIX provocaram o desenvolvimento de importantes teorias e conceitos da cincia, os

    objetivos do sculo XX, levaram criao e ao desenvolvimento de importantes mtodos de

    anlises de sistemas energticos e processos industriais, em busca de seu melhor desempenho

    e o melhor aproveitamento dos recursos usados nos processos.

    O mtodo de exergia se desenvolveu paralelamente na Europa e nos Estados Unidos,

    em meados do sculo XX, fundamentado nos conceitos, leis e princpios cientficos

    introduzidos no sculo anterior. Embora os pilares do mtodo de exergia tenham sido

    definidos h dois sculos, muitos cientistas e engenheiros o consideram um mtodo

    relativamente novo.

    A seguir, se apresenta a retrospectiva histrica do surgimento dos conceitos e princpios

    que abrangem a exergia, apontando os principais autores e obras que contriburam para o

    desenvolvimento dos conceitos relativos. A segunda parte desta retrospectiva histrica

    denota, em ordem cronolgica, como aconteceu o surgimento do mtodo de exergia e suas

    tcnicas, quando se deram suas primeiras aplicaes, assim como quais foram seus principais

    autores.

  • 9

    2.2 - SURGIMENTO DO CONCEITO DE EXERGIA

    A base do conceito de exergia comea h dois sculos, quando o francs Sadi Carnot

    introduz a idia de quantificar o trabalho mximo.

    O francs Sadi Carnot (1796-1832), fundador da termodinmica como disciplina

    terica, comeou seus estudos termodinmicos com a inteno de obter mquinas a vapor

    mais eficientes, assim como as dos ingleses, segundo ele expressa em seu manuscrito

    Rflexions (1824). A obra Rflexions sur la puissance motrice du feu - sur les machines

    propres developper cette puissance (Reflexes sobre a fora motriz do fogo e sobre as

    mquinas apropriadas para desenvolver essa fora) foi publicada em 1824, tendo sido o nico

    manuscrito de Carnot publicado em vida, aponta Nascimento, K. et al. (2003).

    Nesse livro, ele descreve a relao entre calor e trabalho, e explica que todo calorfico

    (hoje conhecido como calor) de uma mquina trmica se desloca de quente a frio e que algum

    calorfico (calor) sempre perdido. Tambm introduz o novo conceito de um ciclo, e discute

    a possibilidade de um ciclo reversvel.

    Outra de suas obras foi Recherche d'une formule propre reprsenter la puissance

    motrice de la vapeur d'eau (Pesquisa de uma apropriada frmula para a representao da

    fora motriz do vapor de gua). Nesta publicao, ele tentou expressar matematicamente a

    fora motriz ou trabalho, produzida por um quilograma de vapor. As interpretaes das obras

    de Carnot foram de grande importncia na formulao das leis fundamentais da

    termodinmica. Nascimento, K. et al. (2003) afirmam que Carnot estava consciente da

    conservao da energia e do equivalente mecnico do calor, como expressa em sua obra

    Rflexions sur la puissance motrice du feu - sur les machines propres developper cette

    puissance, pginas 19 e 20 da edio original do livro. A partir de nossas primeiras operaes, houve ao mesmo tempo produo de potncia motriz e transferncia do calorfico do corpo A para o corpo B; por operaes inversas, h ao mesmo tempo gasto de potncia motriz e retorno do calorfico do corpo B ao corpo A. Mas se tivssemos agido, em cada caso, com a mesma quantidade de vapor, e se no fosse produzida nenhuma perda de potncia motriz nem calorfico, a quantidade de potncia motriz produzida no primeiro caso seria igual quela gasta no segundo, e a quantidade de calorfico passada, no primeiro caso, do corpo A ao corpo B, seria igual quantidade que passa de volta, no segundo, do corpo B ao corpo A, de modo que poderamos fazer um nmero indefinido de operaes alternativas desse tipo sem que se tenha, no balano global, nem potncia motriz produzida nem calorfico transferido de um corpo ao outro. (Nascimento, K. et al., 2003, pag. 514).

  • 10

    As publicaes de Carnot estiveram na obscuridade por vrios anos, at 1834, depois de

    sua morte, quando Benoit-Pierre-mile Clapeyron (1799-1864), engenheiro civil francs,

    publicou uma reformulao analtica de Rflexions. A interpretao de Clapeyron contribuiu

    para que o trabalho de Carnot fosse conhecido pela comunidade cientfica da poca, e deixa

    ainda mais claro o ponto de vista de Carnot, como apontam Nascimento, K. et al. (2003). Da

    mesma maneira, Nascimento, K. et al. (2003) inserem em seu artigo parte da interpretao

    dada por Clapeyron (1834) em Memoir on the Motive Power of Heat.

    Das passagens anteriores, segue que a quantidade de ao mecnica e a quantidade de calor que passa de um corpo quente para um corpo frio so quantidades da mesma natureza e possvel trocar uma pela outra; do mesmo modo, na mecnica, um corpo que capaz de cair de uma certa altura e a uma massa movendo-se com uma certa velocidade so quantidades da mesma natureza, que podem ser transformadas uma na outra por meios fsicos. (Nascimento, K. et al., 2003, pag. 514)

    Benoit-Pierre-mile Clapeyron teve grande influncia no desenvolvimento da

    termodinmica, devido ao seu interesse nos fenmenos que se relacionavam com as mquinas

    a vapor. Fundamentado nos estudos de Carnot, ele introduz o diagrama de presso-volume

    para calcular o trabalho, e apresentou, na reformulao analtica de Rflexions, uma relao

    do ciclo de Carnot com o diagrama presso-volume. Clapeyron tambm enfatizou a funo de

    Carnot, transpondo o sinttico trabalho de Carnot do mundo das mquinas a vapor para o

    domnio da teoria matemtica dos gases. Clapeyron teve o mrito de haver estabelecido e

    demonstrado, de forma clara e rigorosa, a equao dos gases perfeitos, que se determinou

    como a equao de Clapeyron. Esta relao permite determinar a variao de entalpia

    associada mudana de fase, apenas a partir do conhecimento da presso, temperatura e

    volume.

    (2.1)

    A Primeira Lei da Termodinmica (PLT) foi desenvolvida pelo cientista alemo Julius

    Robert Mayer. Conhecida, tambm, como a lei da conservao da energia, considerada

    como uma das conquistas mais importantes da Fsica, visto que este conceito forma a coluna

    vertebral da Fsica moderna (Clerk Bennett, na biografia de Mayer). Mayer baseou a PLT na

    enunciao da equivalncia entre calor e energia mecnica (trabalho), que define que ambas

  • 11

    so formas de energia, princpio demonstrado no seu documento Bemerkungen ber die

    Krfte der unbelebten Natur (Observaes sobre as forzas da natureza inanimada), em 1842.

    Nascimento et al. (2003) apontam que os textos histricos constatam que Mayer pode ser

    considerado o pai da Primeira Lei da Termodinmica, e isso pode ser sustentado mediante

    todos seus documentos sobre a conservao da energia e o enunciado de equivalncia. Vrios

    documentos concedem tambm esse mrito a mais dois cientistas, James Prescott Joule

    (1818-1889) e a Hermann Ludwing Ferdinand von Helmholtz (1821-1894). Para vrios

    cientistas, Joule ficou com a maior parte do reconhecimento, posto que estabeleceu, de forma

    mais precisa e explcita, o enunciado da equivalncia, dando fundamentao mais rigorosa

    PLT.

    O fsico ingls Prescott Joule foi um importante experimentalista do sculo XIX, que

    teve a fama de executor de experincias, envolvendo a transformao de trabalho em calor. E

    apontado como o cientista que desenvolveu a teoria cintica do gs (1845), a qual define

    que o calor obtido mediante deslocamentos moleculares (Wall, G., 1998, pag. 19).

    Entre 1850 e 1851, William Thomson - conhecido como Lord Kelvin - e Rudolf

    Clausius desenvolveram, de maneira paralela, as premissas e enunciados que formularam a

    Segunda Lei da Termodinmica (SLT), com base nos trabalhos de Carnot e Clapeyron.

    Rudolf Clausius (1822-1888) foi um pesquisador alemo que contribuiu muito para o

    desenvolvimento da Fsica e foi uns dos primeiros cientistas em aceitar que havia duas leis. A

    maior herana deixada por ele, conforme Alcenir Tarcsio Barbarini (Unicamp), foi

    indubitavelmente, o conjunto de idias sobre a irreversibilidade, relacionadas ao conceito de

    entropia, que conduziram formulao da Segunda Lei da Termodinmica. O documento

    mais famoso de Clausius foi ber die bewegende Kraft der Wrme (Sobre a fora mvel do

    calor) publicado em 1850, onde ele pronunciou que suposies da teoria calorfica, expressas

    nos trabalhos de Carnot, de Clapeyron e de outros cientistas da poca, eram falsas, embora o

    princpio dos trabalhos estivesse correto. E refez o enunciado das duas leis da termodinmica

    para substituir as suposies falsas da teoria calorfica, alm de dar uma explicao sobre a

    natureza do calor livre e calor latente.

    Clausius, na dcada de 1850, comeou tambm a dar uma interpretao matemtica

    perda calorfica definida na teoria calorfica, questionando-se a natureza da inerente perda

    de calor, quando feito trabalho (W).

  • 12

    Em 1865, ele denominou o conceito de entropia e declarou a Primeira e a Segunda Lei

    da seguinte forma: Die Energie der Welt ist constant; die Entropie strebt einen Maximum

    zu (A energia do universo constante - A entropia do universo tende a aumentar).

    Clausius props o nome de entropia, baseado na palavra grega (trope) que quer

    dizer transformao, escolhendo-a, por parecer similar palavra energia e pela relao entre

    elas, em suas definies fsicas.

    Kim (1983) em seu trabalho Clausius's endeavor to generalize the second law of

    thermodynamics, declarou que:

    []Clausius first stated the basic idea of the second law of thermodynamics. He used it in showing that for a 'Carnot cycle', which transmits heat between two heat reservoirs at different temperatures and at the same time converts heat into work, the maximum work obtained from a given amount of heat depends solely upon the temperatures of the heat reservoirs and not upon the nature of the working substance. (Kim, 1983, pag. 256-273).

    Expresso, no portugus, como:

    [] Clausius primeiro estabeleceu a idia bsica da Segunda Lei da Termodinmica. E por meio dela, ele demonstrou que, para um ciclo de Carnot - que transmite calor entre dois reservatrios quentes a diferentes temperaturas, e ao mesmo tempo converte calor em trabalho - o trabalho mximo obtido de uma quantidade de calor depende somente da temperatura do reservatrio quente e no da natureza do fludo de trabalho.

    Barbarini (Unicamp) registra, tambm que s depois de ter apresentado o documento

    Die mechanische Wrmetheorie, em 1887, Clausius chega a expressar a equao clssica da

    termodinmica como se conhece, atualmente:

    (2.2)

    Onde dQ o incremento do calor adicionado, a dU a energia no corpo e dW o

    trabalho externo, variveis definidas por Clausius.

    William Thomson, Lord Kelvin (1824-1907) - originrio da Irlanda - alm de contribuir

    com a formulao da Segunda Lei da termodinmica, como se especificou anteriormente,

    introduz a escala de temperatura absoluta, conhecida como Kelvin (K). Eric W. Weisstein

    (2006) expe, na biografia de William Thomas, que ele sustentou que a chave na

  • 13

    interpretao da Segunda Lei da Termodinmica foi a explicao dos processos irreversveis.

    E apontou que, se a entropia sempre aumenta, o universo poderia eventualmente alcanar um

    estado de temperatura uniforme e mxima entropia, no sendo possvel extrair trabalho

    algum. Ele chamou esse fenmeno como calor morto do universo. Kelvin e Rankine

    propuseram uma teoria termodinmica baseada na primazia do conceito de energia, sobre o

    qual Kelvin acreditava que toda fsica deveria ser baseada, e estabeleceu que as duas leis da

    termodinmica expressam a capacidade de no destruio e dissipao da energia. No ano de

    1848, Thomson props a escala de temperatura absoluta baseado em seus estudos da teoria do

    calor.

    Rezac, P. e Metghalchi, H. (2004) definem que, a partir da dcada de 1870, comea um

    perodo de considervel crescimento no campo da cincia, poca em que os destacveis

    trabalhos de Willard Gibbs (1961) abrem o caminho para o estudo e desenvolvimento de

    numerosas reas da termodinmica, incluindo os mtodos para a realizao da anlise da

    Segunda Lei e o clculo do trabalho disponvel.

    Com base no trabalho de Clausius, Josiah Willard Gibbs (18391903), notvel fsico-

    qumico estadunidense, contribuiu, enormemente, para o desenvolvimento de estudos tericos

    da termodinmica.

    No ano de 1873, ele fez a publicao de sua mais importante obra, chamado Graphical

    Methods in the thermodynamics of fluids, onde explica, magnificamente, sobre quo teis os

    mtodos grficos so na termodinmica, e expressa que a entropia um dos conceitos

    essenciais para o estudo de um sistema termodinmico, to essencial como energia,

    temperatura, presso e volume, desenvolvendo uma relao que contm somente as variveis

    de estado do sistema.

    (2.3)

    Mediante essa expresso, Gibbs derivou a funo matemtica de trabalho disponvel

    (exergia), expressa como:

    ,

    (2.4)

  • 14

    B=exergia, U= energia intrnseca ou interna, p0= presso do meio de referncia, V= volume,

    T0=temperatura do meio de referncia, S= entropia, X= frao molar, = potencial qumico.

    No mesmo ano, Gibbs tambm publicou seu trabalho: A method of geometrical

    representation of the thermodynamics properties of substances by means of surfaces, onde

    introduz a representao grfica em trs dimenses. Nesse trabalho ele estabeleceu um

    mtodo para representar a relao entre entropia, energia e volume como uma superfcie, e

    descreveu a superfcie da energia dissipada.

    Gibbs considera a quantidade mxima de trabalho mecnico que pode ser alcanada por

    um corpo, sem experimentar transferncia de calor ou troca de volume. Denominou essa

    quantidade de energia disponvel do corpo, segundo Rezac, P. e Metghalchi, H. (2004).

    Em 1876, publicou a primeira parte de sua mais famosa obra On the Equilibrium of

    Heterogeneous Substances, onde revelou alguns resultados sobre o potencial qumico e os

    fundamentos tericos do conceito da exergia, que denomina como Available Energy of the

    body and medium (energia disponvel do corpo e do meio). Em 1878, publicou a segunda

    parte desta obra, estendendo os domnios a serem estudados, como problemas de fenmenos

    qumicos, elsticos, eletromagnticos e eletroqumicos num sistema simples. Gibbs foi o

    primeiro a expor, matematicamente, a relao entre qumica, eletricidade, energia trmica e

    capacidade para trabalho.

    Sobre essa obra o prprio Gibbs escreveu:

    [...] uma deduo naturalmente sugerida pelo aumento geral de entropia que acompanha as mudanas ocorridas em qualquer sistema material isolado, que quando a entropia levada a um mximo valor, o sistema estar em equilbrio. Embora este princpio tenha tido ateno dos fsicos quanto a seu significado, sua importncia parece no ter sido devidamente apreciada. Pouco tem sido feito para desenvolver o princpio como um fundamento para a teoria geral de equilbrio termodinmico. (Renato Galvo da Silveira Mussi Unicamp)

    Outro importante cientista que contribuiu para a termodinmica e para o

    desenvolvimento do conceito de exergia, foi James Maxwell (1831-1879), fsico e

    matemtico escocs, que reconheceu, com muito entusiasmo, o trabalho de Gibbs.

    Uma das contribuies fundamentais de Maxwell, para o desenvolvimento da

    termodinmica, foi ter provido uma base matemtica para a teoria cintica dos gases. Em

    1870, ele publicou o livro Theory of Heat, onde expressou seu ponto de vista sobre as

  • 15

    limitaes da Segunda Lei. Maxwell, alm de ter trabalhado em vrias reas das cincias, foi

    reconhecido como o pai do eletromagnetismo.

    Segundo as formulaes matemticas e conceituais da Segunda Lei, pode-se destacar

    que as primeiras contribuies do conceito de exergia foram evidentemente devidas a

    Clausius, WillianThomson e, principalmente, a J.W. Gibbs e Maxwell.

    A partir dos trabalhos apresentados por eles, outros cientistas continuaram a pesquisar

    sobre o conceito de exergia e a publicar artigos a respeito, como o francs M.J Gouy, que, em

    1889, props, no artigo Sur l'nergie utilisable et le potentiel thermodynamique, o nome de

    energia utilizvel, como a nova funo termodinmica para descrever o fato que somente uma

    frao de energia trmica pode ser convertida em energia mecnica. Como Gouy, tambm

    publicaram trabalhos os engenheiros Aurel Stodola (1898), G.A. Goudenough (1911) e M.G

    Darrieus (1930).

    2.3 - EVOLUO HISTRICA DA ANLISE EXERGTICA E SUAS

    RESPECTIVAS TCNICAS

    Em que pesem as grandes contribuies para o desenvolvimento da anlise da Segunda

    Lei prescritas nos trabalhos de Gibbs, Maxwell, Gouy, Darrieus e outros cientistas da poca,

    os avanos sobre esta ferramenta termodinmica foram limitados e escassos no final do sculo

    XIX e comeo do sculo XX, at a dcada de 1930. De maneira paralela, na Europa como nos

    Estados Unidos, Joseph H Keenan (1900-1977) - professor e pesquisador do Massachusetts

    Institute of Technology (MIT) - e Fran Bonjakovi (1902-1993) - professor e pesquisador

    croata, que trabalhou na Alemanha - comearam a publicar trabalhos referentes ao conceito

    de exergia. Na Europa, Bonjakovi (1935) marcou o comeo do desenvolvimento, com a

    frase Fight the Irreversibilities. Bonjakovi props a aplicao prtica do conceito de

    exergia, que ele denominava Technldche Arbeitsfahigkeit" (Capacidade de trabalho tcnico).

    O estadunidense Kennan adaptou o conceito de Gibbs de Available Energy of the body

    and medium, que ele chamou de disponibilidade Availability, a processos de engenharia.

    Keenan sugeriu usar o conceito de exergia para, apropriadamente, distribuir os custos

    eletricidade e ao vapor que se produzia numa planta cogenerativa, apontando que o valor

    econmico do vapor de gua estava na sua exergia e no na energia, aponta Tsatsaronis, G.

    (1993). Os estudos do professor Kennan contriburam, de grande maneira, para o

    desenvolvimento da termoeconomia.

  • 16

    No ano de 1951, o professor Keenan publicou um artigo no Journal of Applied Physics,

    intitulado Availability and irreversibility in thermodynamics, onde, segundo Rezac, P. e

    Metghalchi, H. (2004), Keenan confiou na Segunda Lei e nos resultados de Gibbs para obter

    uma expresso de trabalho mximo. Ele desenvolveu expresses para a Availability de

    vrios tipos de sistemas, para as irreversibilidades quantificveis e para os coeficientes de

    rendimento.

    Vrios estudiosos da rea da termodinmica, da poca, deram diferentes nomes a esta

    funo termodinmica, como: trabalho tcnico mximo, denominado pelo alemo E.

    Schmidt, em 1953; energia no degradada em calor; pelo francs Gibert, em 1955; e

    ectalpia (rendimento calrico), palavra denominada pelo alemo U. Grigull, em 1945. J

    em meados da dcada de 1950, os especialistas no tema comearam a propor termos com

    aceitao mundial e, em 1956, o engenheiro esloveno Zaron Rant (1904- 1972) props

    exergia no artigo Exergie, ein neues Wort fur technische Arbeitsfhigkeit (Exergia, uma nova

    palavra para trabalho disponvel), explicando os fundamentos da palavra e a sua estrutura. Em

    1965, H.D. Baehr, pesquisador alemo e colega de Rant, complementou a definio de

    exergia, expressando que Die Exergie ist der unbeseschrnkt, d.h. in jede andere

    Energieform umwandelbare Teil der Energie (Exergia a parte da energia totalmente

    convertvel, isto , essa parte que pode ser convertida em qualquer outra forma de energia).

    O termo exergia foi ganhando, aos poucos, a aceitao mundial que se esperava. S

    nos Estados Unidos houve resistncia com relao ao uso dessa palavra. Os estudiosos

    estadunidenses sugeriram outros termos para definir essa propriedade termodinmica. Os

    termos mais usados nos Estados Unidos foram essergia (essncia da energia) e energia

    disponvel.

    A anlise termoeconmica surgiu conjuntamente com a evoluo da anlise exergtica

    nos processos industriais. Umas das primeiras, ou seno a primeira proposta para a anlise de

    custos baseada em exergia, foi a dada por Keenan. A maioria dos trabalhos de Keenan tinha

    relao com as propriedades do vapor, com a performance das turbinas a vapor e com os

    fundamentos da termodinmica, entre outros temas. Ele referido como sinnimo das tabelas

    de vapor, segundo Shapiro (1979), por ter sido autor ou co-autor de sucessivas melhorias nas

    tabelas de propriedade do vapor, publicadas em 1930, 1936, 1939 e 1969. Keenan tambm foi

    co-autor das tabelas das propriedades termodinmicas do ar e dos gases.

    Todo este envolvimento nos problemas e no mundo do vapor foi o que o levou, em

    1932, a avaliar o custo de venda de vapor e de eletricidade produzidos em instalaes de

  • 17

    cogerao. Logrado (2000) explica, na sua tese, que a prtica comum, nessa poca, era fazer

    essa avaliao fundamentada no contedo energtico do vapor, obtendo um custo para energia

    eltrica muito inferior aos das instalaes que produziam s energia eltrica. Keenan indicou

    que o valor do vapor e da eletricidade est associado no a seu contedo energtico, mas

    disponibilidade desse contedo. Embora seus resultados e proposta tenham sido lgicos,

    sua metodologia no se padronizou.

    Em 1949, Benedict & Gyftpaulos apresentaram, num seminrio do MIT, segundo

    Logrado (2000), um trabalho que mostrava a utilizao do conceito de exergia para a

    quantificao dos custos associados s irreversibilidades numa planta de separao de gases, e

    como esse processo podia ser utilizado para a otimizao de alguns parmetros da planta.

    Esse trabalho no foi publicado, na poca, aponta Tsatsaronis (1993), mas s trinta anos mais

    tarde (1980). El-Sayed & Gagglioli apontam, no artigo publicado em 1989, no Journal Energy

    Res. Technol. que, se o trabalho de Benedict & Gyftpaulos houvesse sido publicado no ano de

    1949, poderia ter acelerado o desenvolvimento e uso da termoeconomia luz da SLT,

    segundo Logrado (2000).

    Tsatsaronis (1993) afirma que, at finais da dcada de 1950, se comeou o

    desenvolvimento formal das bases da moderna termoeconomia, mediante dois grupos de

    pesquisas, um formado por Myron Tribus e Robert Evans, pesquisadores da UCLA, e outro

    grupo, por E.F. Obert e R.A. Gaggioli, pesquisadores da Universidade de Wisconsin.

    Tribus e Evans estavam avaliando os processos de dessalinizao atravs da anlise

    exergtica, quando introduziram a palavra de termoeconomia. Eles desenvolveram a idia de

    determinar custos aos fluxos exergticos e formularam um balano de custos para cada

    componente de um sistema. Em 1962, eles publicaram, pela primeira vez, o relatrio de seu

    trabalho - A contribution to the theory of thermoeconomic - introduzindo a palavra

    termoeconomia em suas metodologia de clculo.

    Segundo Tsatsaronis (1993), o grupo composto por Obert e Gaggioli, aplicou a

    contabilidade de custos seleo de tubos de vapor e seu isolamento.

    O desenvolvimento da termoeconomia se deu em estudos de diferentes sistemas. Na

    Europa, conforme dados do artigo de Tsatsaronis (1993), Bergman e Schmidt determinaram

    custos exergia destruda de cada componente de uma planta termoeltrica, num estudo de

    otimizao de aquecedores de alimentao de gua. Fratzcher e Klditz, como aponta

    Tsatsaronis (1993), se basearam no trabalho de Evans e Tribus e o aplicaram ao projeto de um

  • 18

    trocador de calor regenerativo. Szargut, segundo Tsatsaronis (1993), usou a contabilidade de

    custos numa planta de cogenerao.

    A metodologia usada por Evans e Tribus foi formalizada somente em 1970, num

    trabalho de El-Sayed e Evans, Thermodynamics of heat Power Systems, que marcou a

    introduo de mtodos de clculo de otimizao, segundo Tsatsaronis (1993). Desde a

    formalizao deste mtodo em 1970, at agora, tem-se desenvolvido vrias metodologias de

    anlise termoeconmica, todas elas com o objetivo comum de determinar os custos baseados

    na SLT.

    Embora existam vrios mtodos termoeconmicos, se tem claro que existem dois

    grupos principais: o mtodo de contabilidade de custos, conhecido como Teoria de Custos

    Exergticos, ECT - denominada na lngua inglesa como Exergetic Cost Theory - que usa os

    custos mdios como uma base para a valoraco racional de custos; e o mtodo de otimizao -

    Anlise Funcional Termoeconmica, TFA - conhecido na lngua inglesa como

    Thermoeconomic Functional Analysis, que utiliza os custos marginais para minimizar os

    custos dos produtos de um sistema ou componente.

    Valero, Lozano e Muoz, da Universidade de Zaragoza, desenvolveram, em 1986, a

    linha de clculo do mtodo Teoria de Custo Exergtico (ECT), apresentado em trs artigos

    A General Theory of Exergy Saving I, II, III, num simpsio da Associao Americana de

    Engenheiros Mecnicos (ASME). Valero, Torres e Lozano (1989) explicam que essa teoria

    foi baseada nos prvios trabalhos desenvolvidos por Tsatsaronis e Winhold (1985a) e

    Gaggioli e seguidores (1979,1983).

    A otimizao termoeconmica mais completa, foi a Anlise Funcional

    Termoeconmica (TFA), que, segundo Valero, Torres e Lozano (1989), foi desenvolvida por

    vrios pesquisadores como Evans, et al (1980), Frangopoulos (1984), Von Spakovsky (1988),

    Tribus e Al-Sayed (1970), usando como base o trabalho apresentado por Tribus (1965). Este

    mtodo tenta a otimizao de um design de uma planta no existente, minimizando uma

    funo objetiva, e utilizando a otimizao dos multiplicadores de Langrange para calcular os

    custos marginais.

    Outra das metodologias existentes o mtodo exergoeconmico - ME - desenvolvido

    por Tsatsaronis e Winhold (1985a) e apresentado tambm no captulo 8 do livro Thermal

    Design and Optimization que Tsatsaronis publicou em conjunto com Bejan e Moran, em

    1996. Por ltimo, tambm se tem o Mtodo ltimo em Primeiro em Sair (Last in firt out).

  • 19

    Cada um dos mtodos termoeconmicos existentes apresenta diferentes nomenclaturas,

    smbolos, conceitos e termos, fator que tem pesado negativamente no entendimento e no

    rpido desenvolvimento da termoeconomia, afirma Tsatsaronis (1993). Entre os smbolos

    dados ao conceito de exergia esto A, B, E, Ex, , , e , aponta Tsatsaronis (1993). Valero

    e seus colegas da Universidade de Zaragoza tm tentado unificar estas teorias

    termoeconmicas em uma s doutrina, e assim ajudar ao entendimento e facilitar alguns

    mtodos de clculo, como explicam no artigo On the unification of thermoeconomics theories

    (1989).

    Em 1985, George Tsatsaronis props o uso da palavra exergoeconomia, em lugar de

    termoeconomia, para mais clara caracterizao da combinao das anlises exergtica e

    econmica. Exergoeconomia uma combinao das palavras gregas ex e Ergos

    (extrao de trabalho) e anlise econmica, e, do mesmo modo que a palavra exergia (Z.

    Rant), exergoeconomia uma palavra que pode ser traduzida em muitas lnguas. Para

    Tsatsaronis, o vocbulo de termoeconomia pode ter um sentido ambguo, por isso deve ser

    usado de forma mais geral, j que pode ser entendido, tambm, como a combinao de uma

    anlise termodinmica, baseada na Primeira Lei, com uma anlise econmica convencional.

    2.4 - ANLISE BIBLIOGRFICA DO CONCEITO DE EXERGIA E SUAS

    RESPECTIVAS TCNICAS

    A anlise bibliogrfica desenvolvida nesta dissertao foi baseada, em grande parte, no

    estudo bibliogrfico elaborado por Gran Wall, Bibliography on Exergy. Wall quantificou as

    publicaes de artigos relacionados com o conceito de exergia, desde a dcada de 1940 at o

    ano de 1992, apresentando pouco mais de 2.800 publicaes em um perodo de 52 anos.

    Alm da base do trabalho do Wall, tambm se contou com as informaes do trabalho

    bibliogrfico de Cornelissen, R.L. (1994), Bibliography on Exergy Analysis and Related

    Techniques 1985-1994, com especial ateno s informaes dos trabalhos publicados em

    1993 e 1994. O trabalho de Cornelissen recopila um conjunto de publicaes entre os anos de

    1985 e 1994, apresentando um total de 760 publicaes.

    As informaes bibliogrficas, a partir de 1993 at o ano de 2005, foram recopiladas

    pela autora e foram obtidas, em sua maioria, mediante as publicaes editadas em diferentes

    jornais internacionais cientficos, muitas das quais fazem parte da base de dados de Elsevier

    Science Publising Co. As informaes bibliogrficas recopiladas, desde 1993 at o ano de

  • 20

    2005 (em 13 anos), somam um total de 999 publicaes, que so anexadas no apndice A

    deste trabalho.

    Os resultados desta bibliografia so mostrados mediante duas figuras (2.1) e (2.2), uma

    contabilizando as publicaes por dcada e outra contabilizando as publicaes por ano,

    desde 1993 at 2005, respectivamente.

    De forma separada, se realizou a anlise bibliogrfica do conceito de exergia no Brasil,

    apoiando-se principalmente na base de dados de tese e dissertaes da Coordenao de

    Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior - Capes. Obteve-se a informao de 92

    trabalhos publicados em um perodo de tempo de 15 anos, entre os anos de 1990 e 2004. O

    resultado desta anlise mostrado na figura (2.3).

    2.4.1 - Anlise de resultados

    Na figura (2.1), se apresenta o nmero de publicaes por dcada, comeando com os

    dados da dcada de 1940 at os do perodo de 2000-2005. A figura mostra um

    comportamento de crescimento exponencial at a dcada de 1970, atingindo o apogeu na

    dcada de 1980, embora com um nmero de publicaes ligeiramente superior ao da dcada

    de 1970.

    Para a dcada de 1990, o interesse de estudos relacionados exergia decaiu

    notavelmente, apresentando uma queda de 26,6% com relao ao perodo anterior (1980).

    Somente no ano de 1993 se apresentou um nmero de publicaes elevado (ver figura (2.2)),

    e a maioria delas foi apresentada em congressos internacionais. J para os seis anos do

    perodo 2000-2005, o nmero de publicaes aumentou aproximadamente 19% com relao

    ao nmero de publicaes do perodo anterior (1990), apresentando 636 trabalhos publicados.

    Neste ltimo perodo, o nmero de publicaes teve um ritmo acelerado de crescimento,

    especialmente, a partir do 2002 (ver figura (2.2)), em que pese no ter atingido o total de

    trabalhos publicados no perodo de 1980. O acrscimo obtido, nesses seis anos, representa

    90% do total das publicaes dos anos 80.

    Desde que exergia se define como a mxima quantidade de energia til que pode ser

    obtida do desequilbrio entre um sistema e o meio de referncia estabelecido, seu mtodo

    permite analisar, amplamente, o desperdcio dos recursos das atividades de uma sociedade,

    sendo um importante indicador de impactos ambiental e econmico, o que possibilita

    melhorar as performances dos processos e tecnologias dos sistemas econmicos.

  • 21

    Os nmeros apresentados na figura (2.1) mostram que existe uma relao direta entre o

    nmero de trabalhos sobre exergia, o comportamento energtico mundial e as mudanas de

    paradigmas da sociedade. No incio da dcada de 1970, mais especificamente no ano de 1973,

    o mundo vivenciou seu primeiro choque energtico ou choque de petrleo. Esta crise

    aconteceu num momento em que o mundo passava por um perodo de crescimento

    econmico, tanto para pases de terceiro mundo como do primeiro mundo, embora em nveis

    diferentes. Isto induzido pelo baixo preo do petrleo, em grande medida proveniente do

    Oriente Mdio. Esta primeira crise foi ocasionada pelo embargo na exportao de petrleo da

    Organizao de Pases Exportadores de Petrleo (OPEA), por muitos dos pases produtores

    rabes, em resposta ao apoio do Ocidente a Israel.

    Figura 2.1 - Figura comparativa do nmero de publicaes por dcada, desde 1940 at o perodo de

    tempo de 2000 ao 2005

    Depois de 1973, o mundo vivenciou mais uma crise de petrleo em 1979, esta devida

    revoluo iraniana. O profundo impacto no preo do petrleo, na dcada de 1970, fez com

    que se iniciasse uma profunda reformulao da trajetria de desenvolvimento tecnolgico da

    sociedade industrial em direo a inovaes poupadoras de energia. As organizaes poltico-

    econmicas da sociedade visaram necessidade de modificar os mtodos de anlise

    energtico, decorrente da Primeira Lei, para um mtodo pelo qual fosse possvel usar melhor

    os recursos energticos e avaliar os impactos ambientais dos processos de uso intensivo de

    energia. O medo da crise e seu impacto econmico, e as mudanas dos paradigmas sociais,

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000

    Nmero de Publicaes por Dcada

  • 22

    fizeram com que o crculo cientficotecnolgico se interessasse, seriamente, pelo

    conhecimento e aplicao do mtodo de exergia e, como conseqncia, o nmero de

    publicaes sobre a exergia e suas tcnicas relativas teve um crescimento pronunciado de

    aproximadamente 55% no perodo de 1970 e 1980, com relao ao nmero de publicaes na

    dcada de 1960, poca em que se vivenciava uma etapa de abundncia do petrleo barato.

    Na dcada de 1990, houve a terceira crise de petrleo, ocasionada pela guerra do Golfo,

    que no provocou o mesmo impacto, mundialmente, como as duas anteriores. Este

    comportamento se refletiu, diretamente, no nmero de artigos sobre exergia, publicados nesse

    perodo. Embora se reduzissem um pouco, as publicaes de trabalhos desenvolvidos sobre

    exergia e seu mtodo, o tema sempre esteve presente em conferncias internacionais e

    discusses cientficas.

    O aumento de publicaes do perodo de 2000-2005 foi significante, a partir do ano de

    2002, e ainda mais pronunciado, depois do ano de 2004. Este comportamento reflete

    novamente, como nos outros perodos, a relao com a situao energtica mundial. A nova

    problemtica energtica apresentada na atualidade devida conscientizao dos cientistas e

    governos, quanto ameaa de escassez da maior e mais importante fonte energtica do

    mundo, o petrleo, e conscientizao sobre os problemas ambientais gerados pelo estilo de

    vida do homem e sua tecnologia.

    Os artigos, nestes ltimos anos tm abrangido, alm dos temas relacionados com

    processos trmicos e qumicos, a temas relacionando exergia com outros campos de estudos.

    A figura (2.2) representa o comportamento do nmero de publicaes relacionadas

    exergia desde 1993 at o 2005, onde se podem denotar os anos com maior nmero de

    publicaes (1993, 2004 e 2005) e os com menos trabalhos publicados (1994, 1995, 1996).

  • 23

    Figura 2.2 - Figura representativa do comportamento do nmero de publicaes, desde o ano de 1993

    at o ano de 2005

    Na figura (2.3) representam-se os resultados obtidos na anlise bibliogrfica, referente

    ao Brasil.

    Figura 2.3 - Figura representativa do comportamento do nmero de teses e dissertaes no Brasil,

    desde o ano de 1990 at 2004

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Nmero de Publicaes por ano 1993-2005

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    1990

    1991

    1992

    1993

    1994

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    Nmero de Publicaes de Dissertaes e Teses no Brasil

  • 24

    O nmero de teses relativas ao conceito de exergia e seus mtodos elaborados no

    Brasil foi de 92 trabalhos, entre os anos 1990 e 2004. Na figura (2.3), mostra-se que, na

    dcada de 1990 e nos primeiros anos da dcada de 2000, o interesse pela implementao e

    estudo do mtodo de exergia era pouco no pas, mas, a partir do ano de 2003, essa perspectiva

    mudou, e o nmero de trabalhos aumentou significativamente. O ano de 2003 representa o

    perodo com o maior nmero de publicaes no Brasil, com um total de 23 teses, seguido pelo

    ano de 2004, com 17 teses. O nmero de publicaes no mundo, para esta mesma poca

    (1990-2004), foi de 999 trabalhos no total, tendo o Brasil uma participao mundial de 9,7%.

  • 25

    3 ASPECTOS CONCEITUAIS

    3.1 - BASE TERICA DO MTODO DE EXERGIA

    A energia se manifesta em diferentes formas e cada uma dessas formas tem suas

    respectivas caratersticas e qualidade. Entende-se como qualidade, a capacidade de uma forma

    de energia para causar mudanas, o que depende da maneira de armazenamento. O

    armazenamento pode ser ordenado ou desordenado.

    As formas de energia ordenada tm uma qualidade invariante e so completamente

    conversveis, atravs de interaes de trabalho, a outra forma de energia. Energia potencial e

    energia cintica so formas de energia ordenadas. Kotas (1985) descreve quatro

    caractersticas de energia ordenada:

    1. Converso de uma forma de energia ordenada em outra forma de energia. Se o

    processo for reversvel, a converso ser completa;

    2. Transferncia de energia ordenada entre dois sistemas. Manifesta-se, somente, como

    uma interao de trabalho. O trabalho uma energia ordenada em trnsito;

    3. Transferncia reversvel de uma energia ordenada. Ocorre sem mudana alguma nas

    entropias dos sistemas que interatuam e pode ser analisada, somente, com ajuda da

    Primeira Lei, sem precisar do apoio da SLT;

    4. Transferncia de energia de alto grau entre dois sistemas. Os parmetros do meio

    ambiente no so requeridos para seu clculo.

    Kotas (1985) define que, a qualidade de uma forma de energia desordenada,

    caracterizada por entropia, varivel e depende da forma de energia e dos parmetros da

    energia e do meio de referncia.

    Entre as formas de energia desordenada esto: a energia interna da matria, a radiao

    trmica, a energia qumica e a energia associada com fluxos turbulentos (forma de energia em

    trnsito).

    Segundo Kotas (1985), para considerar a qualidade varivel de diferentes formas de

    energias desordenadas, precisa-se de um padro universal de qualidade. O padro mais

    natural e conveniente a utilizar o mximo trabalho que pode ser obtido de uma forma de

    energia dada, usando os parmetros ambientais como estado de referncia. Este padro de

  • 26

    qualidade conhecido como Exergia. O pesquisador sueco Gran Wall a define como:

    Exergia trabalho ou capacidade de realizar trabalho (Wall, 1998, pag. 17).

    A exergia uma propriedade extensiva que pode ser destruda e no conservada, ao

    contrrio da energia, que no pode ser criada nem destruda, como define a Primeira Lei.

    Quando dois sistemas, em diferentes estados, comeam a interagir, um trabalho

    potencial pode ser obtido, at que algum dos sistemas entre em equilbrio com o outro. Um

    dos sistemas pode ser chamado estado de referncia, meio ambiente ou meio externo e o outro

    um sistema qualquer de interesse. O estado de referncia um sistema maior, em estado de

    perfeito equilbrio termodinmico, que no tem gradientes ou diferenas de presso,

    temperatura, potencial qumico, energia potencial ou cintica. Logo, no possvel produzir

    trabalho, a partir de alguma forma de interao como, por exemplo, reaes qumicas, entre as

    partes do meio externo. Para aplicaes reais, o sistema chamado estado de referncia,

    representado pela atmosfera, pelos mares e oceanos e pala crosta terrestre (Kotas, 1985, pag.

    33).

    Quando um sistema qualquer entra em equilbrio com o meio estvel de referncia, no

    possvel obter trabalho; este estado conhecido como estado morto. Neste estado, as

    condies de equilbrio mecnico, trmico e qumico entre o sistema real e o meio de

    referncia so satisfeitas. Bejan, Tsatsaronis e Moran (1996) definem que tambm existe um

    estado morto restrito, onde s as condies de equilbrio trmico e mecnico podem ser

    satisfeitas. Quanto maior a magnitude entre os valores das variveis do fluxo fsico e das

    variveis do estado de referncia, maior ser o potencial de trabalho ou valor exergtico do

    fluxo analisado.

    Como define Rodriguez, J. M. L. (2005), todo processo real irreversvel. Portanto, se

    apresenta uma diminuio na quantidade de energia disponvel para executar trabalho.

    Rodriguez tambm define que essas perdas de disponibilidade ou presena das

    irreversibilidades internas do processo so o produto de dois fatores, em que:

    1. T0 , temperatura disponvel menor para eliminar calor (normalmente temperatura

    ambiente); e

    2. ST, mudana total de entropia; qualquer processo que se produz espontaneamente,

    ser realizado na direo na que resulta um aumento de entropia.

    O teorema de Gouy-Stodola conhecido tambm, segundo Rodriguez, J. M. L (2005),

    como teorema de trabalho perdido. Este teorema estabelece que a destruio de exergia (D)

    proporcional ao produto de T0 e a gerao de entropia dentro do sistema.

  • 27

    (3.1)

    Para processos reais, a exergia de entrada de um fluxo sempre maior que a exergia de

    sada, sempre e quando no se aplique uma fora externa (trabalho) sobre ele, isto , nesse

    caso, a exergia de entrada menor que a exergia de sada. Essa falta de balano exergtico

    devida s irreversibilidades presentes dentro do processo.

    Tanto a irreversibiliade como a exergia desperdiada, isto , resduos de um processo,

    representam as perdas exergticas de um processo. Wall (1998) define que a diferena

    conceitual destas duas perdas que as irreversibilidades no tm valor exergtico nem efeitos

    ambientais.

    3.1.1 - Componentes da exergia

    Na ausncia de efeitos nucleares, de magnetismo, de eletricidade e de tenso de

    superfcie, a exergia especfica total de um fluxo de matria pode se dividir em quatro

    componentes:

    (3.2)

    Muitos autores chamam a soma dos trs primeiros termos como exergia termomecnica

    e o ltimo termo conhecido como exergia qumica.

    Kotas (1985) explica que a energia cintica e potencial de um fluxo so formas de

    energia ordenada, conseqentemente so totalmente conversveis em trabalho. Quando so

    avaliadas em relao aos dados do meio de referncia, essas formas de energia so iguais

    exergia cintica e exergia potencial , respectivamente.

    A energia fsica e a energia qumica so associadas a baixo grau de energia, ou seja, so

    formas de energia desordenadas. Os correspondentes componentes de exergia podem ser

    determinados mediante a avaliao do sistema em estudo e seu sistema de referncia.

    Quando se assume que a exergia cintica especfica e a exergia potencial especfica so

    iguais a zero, considerando um sistema em relativo repouso com o meio de referncia, obtm-

    se a seguinte equao para um volume de controle,

  • 28

    ,

    (3.3)

    A primeira parte da equao, (I) representa o componente fsico geral do volume de

    controle, e a segunda parte da equao (II) representa o componente qumico, constitudo pelo

    potencial qumico () e a frao molar (X) do fluxo analisado.

    3.1.1.1 Exergia - componente fsico

    O componente fsico da exergia de uma substncia ou matria representa a capacidade

    de produzir trabalho, mediante o desequilbrio trmico e mecnico da substncia com o meio

    ambiente. Kotas (1985) define a exergia fsica como a mxima quantidade de trabalho

    obtenvel, quando um fluxo trazido desde seu estado inicial, cuja temperatura e presso so

    definidos por T e p respetivamente, at o estado de referncia definido por p0 e T0, mediante

    processos fsicos envolvendo somente, interaes trmicas com o meio ambiente.

    A exergia fsica especfica de um fluxo a soma de seu componente trmico que

    resulta da diferena de temperatura entre o fluxo e o meio de referncia e componente

    mecnico que resulta da diferena de presso entre o fluxo e o meio de referncia.

    A exergia trmica no pode ser negativa, embora a exergia mecnica possa obter um

    valor negativo, quando a presso do fluxo for menor que a presso do meio de referncia.

    Para Tsatsaronis (1993), esse valor negativo quer dizer que se deve executar trabalho sobre

    esse fluxo, para lev-lo ao equilbrio mecnico com o meio de referncia.

    (3.4)

    A expresso do componente fsico pode ser derivada por meio da sua definio em

    conjunto com uma representao de um componente ideal, onde um fluxo contnuo passa por

    processos reversveis. Assumindo que o sistema est em relativo descanso com o meio, ou

    seja, e so iguais a zero. O fluxo entra no sistema a p e T, e o estado do fluxo de sada

    corresponde ao estado de referncia, T0 e p0. A nica interao associada com este processo

    a transferncia de calor reversvel (qreversvel) para o meio ambiente. (Kotas, 1985, pag.38)

    A transferncia de calor especfica reversvel se representa como:

  • 29

    (3.5)

    Balano energtico do sistema:

    (3.6)

    A quantidade de trabalho mximo reversvel (ws)reversvel, representada na equao (3.6),

    a exergia total do fluxo contnuo (bf) e assim das equaes (3.5) e (3.6), obtm-se a

    expresso da exergia fsica especfica para um volume de controle:

    (3.7)

    A exergia fsica especfica comumente representada da seguinte maneira:

    O componente fsico da exergia especfica de um gs ideal num volume de controle

    representado mediante a combinao de vrias equaes, tendo como base fundamental a

    equao (3.7), que representa a exergia fsica. Para um gs ideal, a variao de entropia pode

    ser representada integrando a equao de estado de um gs ideal,

    (3.8)

    com a expresso

    , conhecida como equao de Gibbs, e, segundo define

    Kotas (1985), pode ser usada para calcular a variao de entropia de uma substncia

    compressvel de composio invarivel. Mediante essa combinao se obtm:

    (3.9)

    Como o mximo trabalho disponvel, representado por bf, e a variao de

    entalpia representada por:

  • 30

    Obtm-se a expresso da exergia fsica para um gs ideal:

    (3.10)

    Se o fluxo estudado fosse uma mistura de gases ideais, o calor especfico da mistura,

    poderia ser obtido mediante a equao:

    ,

    (3.11)

    As definies anteriores foram desenvolvidas para fluxos contnuos, chamados tambm

    sistema de volume de controle. Essas definies aplicam-se ainda para a exergia em um

    sistema fechado, tendo em considerao s pequenas modificaes, isto , como num sistema

    fechado em que s existem duas interaes, trabalho e calor. Para fluxos estacionrios, a

    exergia total tambm pode se dividir em componentes, como mostra a equao (3.4).

    Bejan, Tsatsaronis e Moran (1996) derivaram a expresso de exergia fsica de um

    sistema fechado (massa de controle), mediante um sistema combinado fechado reversvel,

    onde somente interaes de trabalho podem ser desenvolvidas, atravessando a fronteira do

    sistema combinado. No existe nenhuma interao de calor para ou desde o sistema

    combinado. Bejan, Tsatsaronis e Moran (1996) estabelecem que, apesar das variaes de

    volume do sistema fechado e do meio ambiente que poderiam ocorrer, o volume total do

    sistema combinado permanece constante. Isto porque a fronteira do sistema combinado

    localizada de tal forma que isso ocorra, assegurando que o trabalho desenvolvido seja

    disponvel, meramente, para levantar uma massa.

    Mediante as caractersticas mencionadas do sistema combinado, o balano de energia se

    reduz seguinte equao:

    (3.12)

  • 31

    A variao da energia interna do sistema combinado est composta pela variao da

    energia interna do sistema fechado e do meio ambiente:

    (3.13)

    Bejan, Tsatsaronis e Moran (1996) explicam que, embora a temperatura, a presso e a

    composio do meio ambiente sejam variveis, cujos valores permanecem fixos, a variao

    da energia interna do meio ambiente est relacionada com a variao da entropia e volume do

    mesmo:

    (3.14)

    A variao do volume do meio ambiente tem magnitude igual e oposta variao do

    volume do sistema fechado:

    Como no sistema fechado combinado descrito no existe transferncia de calor

    atravessando a fronteira, o balano de entropia do sistema combinado se reduz gerao de

    entropia, isto , quando o sistema fechado entra em equilbrio com o meio ambiente.

    (3.15)

    Mediante a combinao destas equaes, e considerando a gerao de entropia zero

    para a obteno do mximo trabalho obtenvel, a expresso do componente fsico para o

    sistema fechado combinado se expressa como:

    (3.16)

    Segundo Bejan, Tsatsaronis e Moran (1996), para expressar a exergia fsica especfica

    estacionria de um gs ideal, se combina a equao (3.16) dividida pela massa (propriedades

  • 32

    especficas) com a equao do estado do gs ideal - - e a relao de gs

    perfeito, e se obtm:

    b C

    1

    1

    1

    (3.17)

    onde a relao de calor especfico igual:

    3.1.1.2 - Exergia componente qumico

    O componente qumico da exergia representa a capacidade de um fluxo de produzir

    trabalho, devido a seu desequilbrio qumico com o meio ambiente ou estado de referncia.

    K