2006 champagnatitcconline.utp.br/media/tcc/2016/04/a-educacao-continuada-e-a-qu... · ... ao...

21
Houda Izabela de Oliveira Sidneia Ramos A EDUCA<;:Ao CONTINUADA E A QUALIDADE DA ASSISTENCIA EM ENFERMAGEM Artigo apresentado ao curso de, pos-graduagao da Universidade Tuiuti do Parana, para a obten9ao do titulo de Especialista em Auditoria em Gestao e Saude Orientadora: ProF. Ozana de Campos J CURITIBA 2006 CHAMPAGNATI

Upload: vuongtram

Post on 11-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Houda Izabela de OliveiraSidneia Ramos

A EDUCA<;:Ao CONTINUADA E A QUALIDADE DA ASSISTENCIAEM ENFERMAGEM

Artigo apresentado ao curso de,pos-graduagao da UniversidadeTuiuti do Parana, para a obten9aodo titulo de Especialista emAuditoria em Gestao e Saude

Orientadora: ProF. Ozana de Campos

J

CURITIBA2006 CHAMPAGNATI

SUMARIO

INTRODU<;:AO 1

2 OBJETIVOS 3

2.1 OBJETIVO GERAL............ . 3

2.2 OBJETIVOS ESPECiFICOS.. . 3

3 REFERENCIAL TEORICO 4

3.1 ANDRAGOGIA 4

3.2 EDUCACAO CONTINUADA EM ENFERMAGEM . .7

CONSIDERA<;:OES FINAIS 16

REFERENCIAS 16

INTRODU<;Aoo mundo vive uma epoca de profundas mudangas e transforma90es que

afetam estrutura, a cultura e as processos de trabalho, e faz com que 0$ indivlduosbusquem formas de adapta~o e agreguem novas valores com 0 objet iva de atenderas demandas sociais.

Na area de satide nao e diferenle. Um dos mais importanles desafios paraos servic;os de saude, hoje, e a adoc;ao de medidas para a qualidade de atendimentoe a satisfac;ao dos clientes. Para a Enfermagem, em particular, a desafio e investirem seus recursos humanos, utilizando-se da educ8g80 continuada como ferramentapara promover 0 desenvolvimento das pessoas e assegurar a qualidade doatendimento aos clientes.

Atualmenle, a assistencia a saude, e, por consequemcia, 0 mercado detrabalho, estao mais exigentes, requerendo um profissional da saude que, alem daformagao profissional, seja capaz de desenvolver ac;:oes de prevenc;:ao, promogaoprotec;:ao e reabilitac;ao da saude, de compreender a sociedade em que vive e detrabalhar para torna-Ia mais igualitaria, de tamar decisoes visando as condutastecnicas mais adequadas; ser criativo e receptiv~ as mudangas, de apresentarinteresse e familiaridade com as novas tecnologias e, ao mesmo tempo, dereconhecer sua responsabilidade com a continuidade de seu aprendizado.

Vale aqui mencionar que a Enfermagem e exercida, nas instituic;:oes, par umgrupo heterogeneo, formado par profissionais com diversos niveis de formac;:ao,desde a Tecnico de Enfermagem ate 0 Enfermeiro, do qual e exigida uma formagaode nivel superior. Esta diversidade de saberes exige 0 desenvolvimento deprogramas educacionais que possam contribuir para a melhoria dos cuidados deEnfermagem, preparando profissionais eficientemente capacitados para atender asnecessidades que Ihes serao exigidas no cumprimento de duas func;:oes. Alem disso,o crescimento profissional proporcionado pela educagao continuada faz com que 0indivfduo se sinta mais motivado e estimulado a aprimorar-se continuamente,desenvolvendo-se nao apenas profissionalmente, mas tambem como ser humano.

A educac;:ao continuada nas instituigaes de saude deve, assim, orientar adirecionamento das atividades educativas, voltando-se para a realidade institucionale para as necessidades do pessoal, propiciando-Ihes oportunidades dedesenvolvimento profissional, a que ira infiuenciar favoravelmente na qualidade daassistencia de enfermagem.

A partir de tais premissas, nesse estudo busca-se discorrer sobre 0 tema "AImportimcia da Educac;:ao Continuada para a Qualidade da Assisteneia daEnfermagem", cujo desenvolvimento se deu a partir da seguinte hip6tese: Adisponibilizac;:ao de oportunidades de aprimoramento profissional atraves daEducac;:ao Continuada predispoe a uma melhoria significativa nos nfveis dequalidade da assist,mcia preslada pelos profissionais de Enfermagem.

Justifiea-s8 0 interesse na abordagem do tema por entender-se queatualmente, a assistencia a saude, e, por conseqCu§:ncia, a mercado de trabalho,estao mais exigentes, requerendo urn profissional da saude que, alam da formac;:aoprofissional, seja capaz de desenvolver agaes de prevenc;:ao, promoc;:ao protec;:ao ereabilitac;:ao da saude; compreender a sociedade em que vive e de trabalhar paratorna-Ia mais igualitaria; tamar deeisoes visando as condutas tecnicas maisadequadas; ser criativo e receptiv~ as mudanc;:as; apresentar interesse efamiliaridade com as novas tecnalogias e, ao mesma tempo, recanhecer suaresponsabilidade com a conlinuidade de seu aprendizado.

Nessa perspectiva, 0 acelerado avanc;o cientifico e tecnol6gico e 0

crescimento populacional, associ ados a descobertas cientfficas cada vez maissofisticadas para 0 tratamento de doenc;as fazem com que haja uma cada vez maiornecessidade de especializaC;8o dos profissionais de saude, alem de atualizaC;8ocon stante de seus conhecimentos para fazer frente a este cenario.

Assim, 0 predominio da formac;ao hospitalar e profissional centrada nosaspectos biol6gicos e tecnol6gicos da assistemcia demanda ambiciosas iniciativas detransformac;ao na formac;ao de profissionais de saude.

A esse respeito, Nunez e Luckesi (1980, p.55) destacam que °desenvolvimento continuo da ciencia exige constante atualizaC;8o de conhecimentos,e, na concepc;ao destes autores, a Educac;ao Continuada e uma forma pratica,eficiente, relativamente pouco onerosa, de grande efeito e de resultados imediatos,capazes de favorecer 0 aprimoramento do desempenho profissional.

Pautando-se em tais considerac;oes, 0 desenvolvimento do estudo oraapresentado teve por objetivo identificar de que forma a Educac;ao Continuada emEnfermagem pode contribuir para a melhoria dos niveis de qualidade da assistenciaprestada aos pacientes e para a valorizac;ao pessoal do profissional de Enfermagem.Para responder a tais questoes, propoe-se analisar a EducaC;8o Continuada comopressuposto para a qualidade da assistencia de Enfermagem e discorrer sabre arelac;ao existente entre a oportunizac;ao de Educac;ao Continuada aos profissionaisde Enfermagem e sua valorizac;ao pessoal e profissional.

OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

- Identificar de que forma a Educa9ao Continuada em Enfermagem podecontribuir para a melhoria dos niveis de qualidade da assistencia prestada aDspacientes e na valoriza9ao pessoal do profissional de Enfermagem.

2.2 OBJETIVOS ESPECiFICOS

- Analisar a EduC8y80 Continuada como pressuposto para a qualidade daassistencia de Enfermagem.

- Discorrer sobre a relay80 existente entre a oportuniZ8C;8o de Educac;aoContinuada aDs profissionais de Enfermagem e sua valorizac;ao pessoal eprofissional.

REFERENCIAL TEORICO

3.1 ANDRAGOGIA

De acordo com Hamze (2006), a lermo Andragogia (do grego: andres -adulto e gagos - educar) signifiea "ensina para adultos", ou seja, e a arte de ensinaraos adultos.

Historicamente, a educ8gElo de adultos constitui-se em urna pratica antigaque sempre fez parte da historia do homem. Contudo, a historia explicita daAndragogia tern suas raizes na pedagogia e, assim, e necessario resgatar urn poucoda sua memoria evolutiva.

Conforme cita Oliveira (2006), no inicio do seculo VII foram implantadas, naEuropa, as primeiras escolas voltadas aD ensina para criany8S, com 0 objetivD inicialde preparar jovens para 0 ensina religioso, sen do, por iSso, denominadas "escolasmonasticas" Esse modelo de ensino/aprendizagem manteve-se (embora commodifical'oes estruturais ao longo do tempo) ate 0 seculo XX, nao tendo sido, ateaquela epoca, realizados estudos acerca da inadequa\Oiiodaquele modelo educativovoltado para Qutras faixas etarias.

Entretanto, logo ap6s a Primeira Guerra Mundial, conforme refere Oliveira(2006), nos Estados Unidos e na Europa passam a disseminar-se conceP90esdistintas sobre as caracteristicas do educando adulto, que evoluiram e vieram aconstituir 0 que hoje se conhece como teoria de aprendizagem, estruturada a partirdas ideias de pensadores como 0 norte-americano Eduard Lindeman, educador eautor da obra "The Meaning of Adult Education", em 1926, considerada uma dasobras mais importantes na area de educaC;ao de adultos, que mencionou pelomenos cinco pressupostos-chave para a moderna teoria de aprendizagem deadultos (GOECKS, 2006):

- Adultos sao motivados a aprender a medida que experimentam que suasnecessidades e interesses serao satisfeitos. Por este motivo, estes sao os aspectosmais importantes a serem observados quando S8 pretende dar infcio a urn processode aprendizagem do adulto; (autor)

- A oriental'aO de aprendizagem do adulto esta centrada em situal'oes devida e nao em disciplinas. Esta premissa deve orientar 0 planejamento de quatquertipo de atividade de ensino/aprendizagem vottada a estes individuos;

- Para 0 adutto aprender, a experiencia tern maior valor; por isso, ametodologia da educaC;8o do adulto deve partir da analise das experiencias que estepossui;

- Adultos necessitam ser autodirigidos, 0 que faz com que 0 papel doeducador seja 0 de engajar-se no processo de mutua investigayao com os alunosadultos e nao apenas de transmitir-Ihes seu conhecimento e depois ·raxis-Ios.

- As diferenc;as individuais entre pessoas aumentam com a idade; nessesentido, a educa\Oiiode adultos deve considerar as diferenl'as de estilo, tempo, lugare ritmo de aprendizagem.

E interessante observar que 0 valor da experiencia, para as adultos, ebastante significative em termes de maior au menor facilidade para apreenderconhecimentos Kelvin Miller (citado por CAVALCANTI, 1999) destacava que adullossao capazes de lembrar de 85% do que auvem, veern e fazem apes 72 horas.Porem, retem apenas 10% do que ouvem, ap6s 0 mesmo periodo.

Sob outro aspecto, Cavalcanli (1999) entende ainda que os adultos,

enquanto estudantes, tern objetivos bem determinados, claros e concretos,relacionados com a melhoria profissional ou com a da sua auto-estima e realiza930pessoal.

As caracteristicas e especificidades do educando adulto forma, ainda,delineadas por Oliveira (1999, pp. 35-39), que sistematizou quatorze principiosnorteadores da Andragogia estruturados a partir das idaias de Deming sobre osconceitos de Qualidade Total e tambem da relal'ao e metodologia do processo deaprendizagem nas institui96es:

1. 0 adulto e dotado de consciencia crrtica e consciencia ingenua. Suapostura pr6-ativa ou reativa tem direta relayao com seu tipo deconsciencia predominante.

2. Compartilhar experiencias e fundamental para 0 adulto, lanto pararefortiar suas crenyas, como para influenciar as alitudes dos Qutros.

3. A relayao educacional de adulto e baseada na inlerar;:aoentre facilitadore aprendiz, onde ambos aprendem entre si, num clima de liberdade epr6-ayao.

4. A negocia<;<1ocom 0 adullo sobre seu interesse em participar de umaatividade de aprendizagem e chave para sua motiva980.

5. 0 foco das atividades educacionais de adulto e na aprendizagem ejamais no ensino.

6. 0 adulla e 0 agente de sua aprendizagem e por isso e ele quem devedecidir sobre 0 que aprender.

7. Aprender significa adquirir: Conhecimento - Habilidade - Alitude (CHA).o processo de aprendizagem implica a aquisir;:ao incondicional e totaldesses tres elementos.

8. 0 processo de aprendizagem do adulto se desenvolve na seguinteordem: Sensibitiza<;<1o(motiva<;<1o)- Pesquisa (estudo) - Discussao(esclarecimento) - Experimentatfao (pratica) - Conclusao (convergencia)- Compartilhamento (sedimentatfao).

9. A motivatfao do adulto para a aprendizagem esla direlamenterelacionada as chances que ele lem de partilhar com sua hist6ria de vida.Portanto, 0 ambiente de aprendizagem com pessoas adullas e permeadode liberdade e incentivo para cada individuo falar de suas experiencias,ideias, opini6es, compreensao e conclus6es.

10. 0 dialogo e a essencia do relacionamento educacional enlre adultos.Portanto, os aprendizes adullos devem ser eslimulados a desenvolversua habilidade tanto de falar, quanto de ouvir, que, em aulras palavras,significa comunicar-se.

11. 0 adulto e responsavel pelo processo de comunicatfao, quer seja ele 0emissor ou 0 receptor da mensagem. Por isso numa conversa, quandoalguem nao entende algum aspeclo exposto, ele deve tomar a iniciativapara 0 esclarecimento.

12. A praxis educacional do adulto e baseada na reflexao e ayao,consequentemente, os assuntos devem ser discutidos e vivenciados,para que nao se caia no erro do aprendiz tornar-se verbalista - que saberenetir, mas nao e capaz de colocar em pratica: ou ativista - que seapressa a executar, sem antes refletir nos pros e contras.

13. A experiencia e 0 livro do aprendiz adulto.14. 0 professor tradicional prejudica 0 desenvolvimenlo do adulto, pOis 0

caloca num plano inferior de dependencia. refortfando, com iSso, seuindesejiwel comportamenlo reativo proprio da fase infanti!.

Pode-se perceber que tais principios refor9am a importancia de fatores comoa participa980 e independencia do profissional-aprendiz, 0 refor90 a comunica98ocomo mecanisme essen cia I do processo de aprendizagem e a valoriza~o do

conhecimento previo do trabalhador (experiencia de vida), entre outros (OLIVEIRA1999).

Urn aspecto, em especial, deve ser foeD de maior atenc;ao quando S8 falaem educar;ao para adultos: 0 estimulo para a motiv8gao interna do individuQ para 0aprendizado. Tradicionalmente estimulos extern as como notas, premiag6es OUperspectivas de promor;oes a melhores cargos sao utilizados para motivar asprofissionais; porem, as motiv890es mais significativas, para 0 adulto, sao internas,associ ad as a satisfac;ao com 0 trabalho realizado, a melhora da qualidade de vida ouelevagao da sua auto-estima (CAVALCANTI, 1999).

As dileren9as lundamentais entre a educa9iio de crian9as (pedag6gica) e aeduca9iio de adultos (andrag6gica) Icram assim relacionadas por Cavalcanti (1999):

Quadro 1 - Dileren9as entre a Pedagogia e a Andragogia

Caracteristicas daAprendizagem

Pedagogia Andragogia

Professor e 0 centro das A aprendizagem adquire890e5, decide 0 que ensinar, urna caracteristica maiscomo ensinar e avalia a centrada no aluno, naaprendizagem independencia na

auto-gestao daaprendizagem.

ReJa~ao ProfessorJAluno

Pessoas aprendem 0que real mente precisamsaber (aprendizagempara a aplica9ao praticana vida diaria).

Crianc;:as(ou adultos) devemaprender 0 que a sociedadeespera que saibam (seguindoum curriculo padronizado)

Raz6es da Aprendizagem

o en sino e didatico, A experiencia e ricapadronizado e a experiencia fonte de aprendizagem,do aluno tem pouco valor atraves da discussao e

da soluc;:aode problemasem grupo.

Experiencia do Aluno

Aprendizagem por ass unto ou Aprendizagem baseadamateria em problemas, exigindo

ampla gama deconhecimentos para sechegar a soluc;:ao.

Orienta~ao daAprendizagem

Fonte. CAVALCANTI, 1999.

De modo geraJ, considera-se que ° respeito a maioridade da pessoa adulta ea ponto fundamental para se estabelecer uma relag8.o de efetiva aprendizagem,compreendendo, sobretudo, que a adulto e sujeito da educag8.o e nao objeto damesma.

Oliveira (2006, p.2), porem, destaca que, tendo em vista que 0 aprendizadulto comporta-se diferentemente da crian<;a nas relag6es educacionais, 0processo de aprendizagem de adultos deve ser pautado nos seguintespressupostos:

1. Necessidade de conhecer. Aprendizes adultos sabern, rnais do q • m h\\1-\.ninguern, da sua necessidade de conhecimento e para eles 0 como colocar 'em pratica tal conhecimento no seu di-a-dia e fator determinante para 0 seucomprometimento com os eventos educacionais.2. Autoconceito de aprendiz. 0 adulto, alem de ter consciEmcia de suanecessidade de conhecimento, e capaz de suprir essa carE!ncia de fonnaindependente. Ele tem capacidade plena de se autodesenvolver.3. 0 papel da experiencia. A experiEmcia do aprendiz adulto tern centralimportancia como base de aprendizagem. E a partir dela que ele se dispoe,ou se nega a participar de algum programa de desenvolvimento. 0conhecimento do professor, 0 livro didatico, as recursos audiovisuais, etc.,sao fontes que, por si mesmas, nao garantem influenciar 0 individuo adultopara a aprendizagem. Essas fontes, portanto, devem ser vistas comoreferenciais opcionais colocados a disposiyao para livre escolha doaprendiz.4. Prontidao para aprender. 0 adulto esta pronto para aprender 0 quedecide aprender. Sua selec;ao de aprendizagem e natural e realista. Emcontra partida, ele se nega a aprender 0 que oulros Ihe impoe como suanecessidade de aprendizagem.5. Orientaqao para aprendizagem. A aprendizagem para a pessoa adulta ealgo que tem significado para 0 seu dia-a-dia e nao apenas retengao deconteudos para fuluras aplicagoes. Como conseqiJencia, 0 conteudo naoprecisa, necessariamente, ser organizado pela 16gica programatica, massim pel a bagagem de experiencias acumuladas pelo aprendiz.6. Motivaqrw. A motivagao do adullo para aprendizagem esta na sua pr6priavontade de cresci mento, 0 que alguns autores denominam de "molivayaointernaH e nao em estimulos externos vindo de outras pessoas, como notasde professores, avaliaC;ao escolar, promogao hierarquica, opinioes de"superioresn, pressao de comandos, etc.

As caracterfsticas de aprendizagem dos adultos, portanto, devem serexplaradas atraves de abordagens e metodos apropriados, resultando em umamaior eficiencia das atividades educativas.

Par fim, considera-se, hoje, que a andragogia se aplica a qualquer forma deaprendizado para adultos, e seus principios deveriam ser amplamente utillzados nomodelo de programas de treinamentos organizacionais e de EducaC;ao Continuada.

3.2 EDUCA<;:AO CONTINUADA EM ENFERMAGEM

Dentre as varias definic;oes existentes, a EducaC;ao Continuada vern sen doconsiderada como um processo amplo que envolve aspectos do desenvolvimentointegral do ser humano, nao se limitando a treinamentos tecnicos formais(MONTEIRO et ai., 2004, p. 542):

Dentre as varias definigoes existentes, a Educac;ao Continuada vern sendoconsiderada como urn processo amplo que envolve aspectos dodesenvolvimento integral do ser humano, nao se limitando a treinamentoslecnicos fonnais.

Para Silva (1989), Educagao Continuada constitui-se em um conjunto depraticas educacionais planejadas no senti do de prom over oportunidades dedesenvolvimento ao funcionario, com a finalidade de ajuda-Io a atuar maisefetivamente e eficazmente em sua vida institucional.

Nesta mesma linha de pensamento, Sitva et al. (1986) comptementam aideia, aD mencionar que a Educac;ao Continuada deve visar, sobretudo, propiciaroportunidades de desenvolvimento 80 profissional e deve, assim, S8 fundamentarem uma constante traca de experjencias, envoi venda toda a equipe e a instituigEiode modo geral.

Segundo Ricas, a Educac;ao Continuada englobaria as "atividades de ensinacom finalidades mais restritas de atualizac;ao. aquisiyao de novas informac;6es e/auatividades de dura,ao definida e atraves de metodologlas tradicionais" (1994, p.23).

E passivel S8 observar, assim, que mesma 80 S8 considerar as diferentesconceitu8.y6es sabre Educac;ao Continuada, urn dos aspectos rna is significativQs esabre 0 qual ha uma efetiva concordancia e justamente 0 de propiciar 80 individuo apossibilidade de manter-S8 atualizado e atuante no seu ambiente de trabalho.Conforme destaca Bagnato el al..

A educaryaocontinuada e um processo prolongado que vai alem dos limitesdos sistemas educacionais, fazendo-se presente por toda a vida dosindividuos situados em uma sociedade em continuas transfonnat;oes; estasociedade produz novas tecnologias, novos conhecimentos, mobilizando aspossibilidades e os saberes dos profissionais, colocando a necessidade decontinuidade na fonnat;ao dos mesmos (1998, p. 74).

A ideia de Educa<;80 Continuada vem, alias, ao encontro de tendencias maisatuais que questionam, diante do desenvolvimento do conhecimento cientffico e dodinamismo do progresso tecnol6gico, 0 proprio conceito de forma<;8o, entendendo-aapenas como uma etapa do que deveria ser um processo de educa<;8o permanente.Trata-se de uma concepg80 que considera as discussoes sobre a sequenciaeduca~ao-trabalho.

A esse respeito, Santos (1995, p. 197) destaca que:

Em primeiro lugar, a acelerada Iransforma.;ao dos processos produtivos fazcom que a educayao deixe de ser anterior ao trabalho para serconcomitante deste. A forma99o e 0 desernpenho profissional tendern aflmdir-se nurn so processo produtivo, sendo disso sinlomas as exigenciasde educayao permanenle, da reciclagem, da reconversao profissional...Alias, 0 proprio espaco da produ.;ao transforma-se por vezes numa"comunidade educaliva" onde as necessidades de formayao, sempre emmulat;ao, sao satisfeilas no interior do processo produtivo.

Assim, a Educar;ao Continuada permite ao profissional 0 acompanhamentodas mudang8s que ocorrem na profissao, mantendo-o atualizado e apto a aceitaressas mudan<;as e aplica-Ias no seu trabalho. Nesse contexto, a EducagaoContinuada pode ser compreendida como um conjunto de praticas educacionais quevisam melhorar e atualizar a capacidade do profissional, favorecendo 0 seudesenvolvimento e sua participag80 efetiva na vida institucional.

Atualmente se constata que, como resultado da dinamica do contexto socialcontemporaneo, em todas as areas de atuagao 0 profissional deve buscarcontinua mente seu desenvolvimento pessoal e profissional como forma de fazerfrente as exigencias do mercado.

Na area de saude nao e diferente; ao contrario, estas exigencias sepotencializam ainda mais quando relacionadas a atua<;8o dos profissionais quelidam direlamente com pessoas que vivenciam momenlos angusliantes de suas

vidas como resultado do comprometimento de sua saude e que necessitam,sobretudo, de serem cuidadas. E necessario, assim, que os profissionais busquemcontinuamente amptiar seus conhecimentos a tim de estarem preparados eatualizados no que diz respeito aos procedimentos, tecnicas, processos e agoes aserem realizadas no cuidado do paciente.

Oesta forma, na assistencia de Enfermagem 0 desenvolvimento deatividades de EducaC;80 Continuada constitui-se em uma das formas mais produtivasde se assegurar a manutenC;8o de uma equipe de Enfermagem competente ehabilitada, capaz de oferecer um alto nivel de eficacia em seu desempenho.

Segundo Dilly & Jesus (1995), a Educayao Continuada deve se constituir emum processo capaz de propiciar conhecimentos, capacitando 0 profissional deEnfermagem para a realizag80 de suas atividades de forma eficaz e preparando-opara futuras oportunidades de ascensao profissional, uma vez que deve ter porobjetivo tanto seu crescimento pessoal quanta profissional. Par meio da Educag80Continuada os profissionais acompanham as mudanc;as que ocorrem em sua areade atuac;ao, mantendo-se atualizados.

Tais consideragoes foram largamente analisadas a partir da realizaC;80 devarios estudos ja relatados na literatura, assim como outros trabalhos desenvolvidoscom a intuito de compreender porque as enfermeiros participam de programas deEducayao Continuada, como os realizados par Wandell (1993, citado por KOIZUMIet al.,1998), que realizou uma meta-analise de 22 pesquisas realizadas comabordagem desse tema e concluiu que a orientac;ao motivacional foi 0 fator maisimportante na decisao dos profissionais em participar de tais program as, em boraoutros fatores como oportunidades educacionais tenham sido citados como fatoresdeterminantes para tal decisao.

Ainda com relaC;8o a percepg80 dos proflssionais de Enfermagem quanto asua participac;ao em programas de EduC8C;80 Continuada cita-se, ainda, um trabalhodesenvolvido por Silva et al. (1986) no setor de Educayao Continuada da divisao deEnfermagem do Hospital da Universidade Federal da Bahia entre os anos de 1983 e1985. Os resultados verificados pelos autores com 0 grupo de profissionais deEnfermagem apresentaram dados significativos, sendo mencionado como elementosque determinaram sua decisao em participar de tais programas: maior valorizaC;8odo relacionamento interdisciplinar e da aprendizagem, tanto por parte doscomponentes do servic;o como para os demais elementos da equipe de saude, comotambem 0 interesse destes em assimilar noves conhecimentos a fim de assistir aspacientes com maior competencia e seguranga. 0 que se observa e que, ao disporda EducaC;8o Continuada, os profissionais reconhecern sua importancia nao apenascomo meio para valorizagao de seu curriculo, mas, principal mente, para a garantiada excelencia do atendimento prestado (ROSA, 1989)

Para a Organizacion Mundial de La Salud (1982, citada por DAVIM et aI.,1999, p.44), a Educayao Continuada de profisslonais de saude constitui-se em:

f ... J um processo que inclui as experiencias posleriores ao adestramentoinicial que ajudam 0 pessoal de assistencia a saude a aprendercompelencias importantes para 0 seu trabalho; ( ... ) e que adequada, deveriarefletir as necessidades e conduzir a melhoria planejada de saude dacomunidade.

A importancia da EducaC;ao Continuada em Enfermagem, porem, nao seresume apenas a melhoria da qualidade da assistencia prestada aos pacientes, mas

10

visa ainda promover satisfaC;8o no servi<;o e melhorar as condi<;oes de trabalho nabusea de urn objetivo comum, atraves da identificayao de problemas, insatisfac;oes enecessidades e a utiliz8980 de meios e metodos adequados para soluciona-Ias.

Tais pressupostos permitem compreender que a Educa<;ao Continuada, paraa Enfermagem, deve S8 constituir em urna aquisic;ao progress iva e constante deconhecimentos e competencias que ira S8 refletir na melhoria dos cuidadosprestados ao paciente atrav9S da adoc;ao de urna assistemcia sistematizada eplanejada fazendo, dessa maneira, com que as profissionais sintarn-se capacitados,valorizados, mativadas e estimulados a buscar continuamente urn desempenhopautado em suas pr6prias competencias.

o objetivo principal da Educagao Continuada e, portanto, manter a equipe deEnfermagem com elevado nivel de qualificaC;80 tecnico-cientffica e stico-polltica,envolvida com as propostas e resultados institucionais e em sintonia com osdiferentes setores da instituiCY80 e as necessidades da clientela.

Todavia, para que a Educayao Continuada em Enfermagem atinja seus reaisobjetivos s imprescindivel que seu principal agente disseminador, 0 Enfermeiro,tenha a formac;:c3o compativel com a de urn educador, devendo buscarcontinuamente 0 autodesenvolvimento, sen do capaz de influenciar as pessoas nabusca do conhecimento e compartilhar seu trabalho com todos as responsc3veis pelogerenciamento da assistencia de enfermagem nas instituicyoes de saude (BEZERRA,2002).

Nesse sentido, conforme entendern Davim et aI.,

Torna-se imprescindivel que 0 enfermeiro assuma a responsabilidade pelaeduca930 continua de sua equipe, ajudando a melhorar a padrao deaSSistencia prestada no hospital e comunidade, promovendo <I valoriza9aodos recursos humanos em sallde, objetivando tanto 0 seu crescimentopessoal quanto 0 profissional (1999, p.44).

o enfermeiro, como educador, deve promover 0 processo de aprendizado apartir do real envolvimento dos demais profissionais nas discussoes sobrenecessidades e resultados das atividades. Deve, ainda, propiciar-Ihes 0 suporteinstitucional necessario para que os objetivos da Educagao Continuada sejamalcangados.

Segundo Monteiro et al. (2004, p.543), os programas educativos devem serucompativeis com os objetivos e prioridades da instituic;ao, sendo sua efrcienciaavaliada par meio da observaC;80 da pratica, ja que s 0 olhar sobre as atividadescotidianas que permite ao educador identificar novas necessidades".

Entende-se, portanto, que a Educac;ao Continuada, para a Enfermagem,constitui-se em uma aquisiyao de conhecimentos e de competencias que s6 seraefetivada na medida em que se refletir na qualidade do cuidado prestado aocliente/paciente, mediante a pratica de uma assistencia sistematizada que estimule,valorize emotive 0 enfermeiro a atingir urn aprimoramento cada vez maissignificativo em seu desempenho pessoal e profissional.

Vive-se, hoje, urn perfodo de grandes e continuas transformac;oes onde asmudanc;as surgem em func;ao de diferentes pressoes - sejam elas economicas,socia is ou politicas - que est80 reformulando a vida das pessoas, das empresas e dasociedade.

A globalizac;ao e a consequente ampliac;ao da competitividade entreempresas, sao condic;6es com as quais as organizac;6es pas sa ram a conviver e,

11

para S8 manter no mercado, tornou-se necessario buscar constantemente urndiferencial.

Como destacou Cobra (1992, p. 123), no mundo atual: "as organiza,oesdeverao monitorar constantemente 0 ambiente (interna e externo) com abjetivo dedescobrir novas oportunidades, desenvolver vantagens competitivas e sustentar 0

crescimento" .Para tal, surgiu 0 movimento pela Qualidade cujo principal abjetivo e

melhorar a qualidade dos produtos e servic;os fornecidos pelas organizac;6es embeneficia dos seus clientes.

As definic;:6es sabre 0 que S8 entende, hoje, sabre 0 tema "Qualidaden•

devem ser consideradas a partir de diferentes abordagens como, par exemplo, a deDeming, considerada neste estudo par considerar 0 treinamento no trabalho (au aeducac;ao continuada) um dos pressupostos essenciais para a melhoria dos niveisde qualidade que se pretende atingir.

Para difundir sua filosofia de gerenciamento de qualidade, Deming (1990)relacionou 14 passos que podem ser assim resumidos e interpretados:

1) Criar uma vi sao consistente para a melhoria de um produto ouserviyo;

2) Adotar a nova filosofia e assumir a lideran9a na empresa;3) Terminar com a dependencia da inspe9aO como via para a qualidade;4) Minimizar os custos com a sele¢o de um fornecedor preferencial;5) Melhorar de forma constante e continua cada processo;6) Promover a aprendizagem (training on the job);7) Encarar a lideran,a como algo que todos podem aprender;8) Evitar usar urn estilo autoritario de gestao;9) Destruir as barreiras existentes entre os departamentos funcionais;10) Eliminar a imposi,ao de metas;11) Abandonar a gestao por objetivos com base em indicadores

quantitativos;12)Nao classificar 0 desempenho dos trabalhadores ordenando-os par

ranking.13) Criar urn ambicioso programa de forma9ao para todos os

trabalhadores;14) Impor a mudan9a como sendo uma tarefa de todos os trabalhadores.

A responsabiliza~o dos trabalhadores pela Qualidade a, tambam,assinalada por Crosby (1994), cuja teoria se baseia na proposta de que a qualidadee assegurada se todos se esfor9arem em fazer seu trabalho corretarnenteConforme destaca Oliveira (1994, p. 42):

Crosby teve 0 merito de desviar a aten9ao, no contrale da qualidade, dasmaqufn8s para os seres humanos, ( ... ) ele come<;ou a ampliar aresponsabilidade dos operadores em relacao a qualidade do produlOeliminando grande parte das fungoes de inspeCBo dos departamentos decontrole de qualidade e passando-as aos pr6prios operarios.

Quando se fala em qualidade na presta,ao de serviyos, poram, a importantesalientar as concep,oes de Moller (1997, p. 156), que evidencia em seus estudosque ~a percepyao do recebedor de urn determinado servigo e afetada por duasespecies de qualidades de sse servi90: a qualidade tecnic8, au objetiva e a qualidade

12

humana au subjetiva"Neste contexto, para a melhoria dos niveis de qualidade de urn servigo, e

necessaria especificar requisitos tanto para a qualidade 'objetiva' como para a'subjetiva', 818m de tornar passivel a medi9E1o desses requisitos. Portanto, deve-s8invest;r nao somente em ativos materiais (como equipamentos, maquinas, etc.) ouna implementag80 de noves procedimentos, metod os e retinas estruturados com 0objetivo de amp liar os padr6es de Qualidade, mas, principal mente, investir nodesenvolvimento de pessoas, tendo em vista que e do resultado do trabalhodesenvolvido por elas que os niveis de qualidade organizacional podem sermelhorados.

Ao estimular 0 desenvolvimento dos trabalhadores, atraves da educ8gElo edo treinamento, a organiz8C;Elo investe em conhecimento, considerado, hoje, 0 bernintangivel mais importante para que as organizagoes possam obter vantagenscompetitivas (STEWART, 1998).

Tambem Conway (1996, p. 307) destaca que 0 conhecimento eimprescindivel a qualquer organizag8o que pretenda competir, sublinhando que:

A missao basica de qualquer organizagao viavel deve ser agradar aosclientes. Agradar aos clientes exige comunicacao para que se possamenlender seus desejos e necessidades. Muitas organizac;oes de sucesso,tambem anlecipam 0 que seus clientes vao desejar no ruturo e fazemmelhorias contlnuas, tendo em mente 0 cliente.

Na concep,ao de Campos (1995, p. 51), no que diz respeito ao valor dosrecursos humanos na era do conhecimento, pode-se compreender que 0 trabalhohumano esta migrando da utilizagao dos bragos para a utilizagflo da mente e 0conhecimento esta se tornando 0 principal fator de sobrevivencia dos individuos, dasempresas e da sociedade de modo geraL Nesse cenario, a educag80 e 0treinamento devem ser continuos e compor a pauta de prioridades dasorganizagoes

Assim, considerando-se a importancia que a educag80 e 0 treinamento e 0assumem nas organizagoes prestadoras de servigos, e necessario aborda-los nocontexto do trabalho, uma vez que ambos devem ser encarados como investimentosimportantes cujo objetivo e 0 de qualificar e educar 0 capital humano dasorganizagoes, ja que a competitividade exige preparag8o, discernimento, etica,postura, conhecimentos profundos dos prop6sitos da empresa e de seus servigos e,acima de tudo, sobre sua area de atuag8o.

A percepg80 da importancia da educag80 e do treinamento nao deve serconsiderada apenas do ponto de vista da qualidade organizacional, e sim daperspectiva do desenvolvimento integral do individuo. Porem, e inegavel sua estreitaligag80 com a qualidade do desempenho profissional do individuo.

Na figura a seguir esla relag80 pode ser melhor compreendida.

Figura 1 - Educa980, Instru980 e Treinamento e 0 DesenvolvimentoIndividuo

COlllmu~}tt'!»ntrul"3G II"t::::pf:Ml!lld~ illdidd",.,l

.F••nn"lIu{3& rb

Pr<'~@'~~o.duc:1ti\'o

Fonte: Carvalho & Nascimento (1997, p.155)

Sob uma perspectiva geral, Kurcgant (1991) e Trevizan (1988), acerca domodo de atua980 da Enfermagem, assinalam que os efeltos do taylorismoconduziram a profissao a uma pr<3tica fragmentada e impessoal no atendimento,destacando, ainda, que a revolu9ao industrial e 0 ambiente socioecon6mico tambeminfluenciaram no modo de atua9iio da enfermagem ao longo do tempo.

Alem disso, como men cion a Mezomo (2001), a qualidade na area de saudefundamenta-se, ainda, em outras questoes relacionadas, como: a) legitimidadesocial do atendimento (obtida por meio da satisfa980 das necessidades das pessoasque procuram pelo servi90); b) estrutura fisica (que deve considerar a condi9ao delocom0980, de repouso e de conforto do cliente); c) estrutura tecnol6gica [meios etecnicas], e d) estrutura administrativa (que deve garantir meios para 0 tratamentohumanizado). Cantu do, aquele autor enfatiza que entre estas questoes merecemaior destaque a: e) estrutura humana, a qual deve atuar de forma condizente coma filosofia, com a miss80 e com as objetivos do hospital e das necessidades dosclientes.

A qualidade dos processos de trabalho desempenhado pela Enfermagem eessencial, considerando-se que dois aspectos pontuam os niveis de desempenhodas atividades dos profissionais: a perspectiva organizacional, ou seja, a ponto devista da instituit;ao como empresa, e a perspectiva do cliente, ou seja, 0 ponto devista do paciente (BELLATO et al., 1997).

Assim, satisfazer as expectativas da organiza98o e das necessidades dosclientes, em institui90es de saude, exige a supera980 con stante de dificuldades porparte do profissional enfermeiro, que deve adequar seu desempenho dentro dospad roes exigidos pel a institui980, mas, sobretudo, priorizar a satisfa980 dasnecessidades dos clientes, que apresentam caracteristicas especificas e, por iSso,requerem um desempenho pautado nas premissas da humaniza9ao.

Neste contexto, deve-se sa lien tar a importancia da educa9ao e dotreinamento no desenvolvimento destes profissionais que atuam na prestal'8o de

14

servic;os de saude, a fim de que possam desempenhar suas atividades de modo aofertar aos clientes servi<;Ds com alto padrao de qualidade.

Buscando conjugar tais perspectivas em nfveis de qualidade que estejam emconsonancia com as exigemcias do mercado atual, 0 profissional de Enfermagemdeve direcionar seus esforgos a aprendizagem continua com a intuito de fortalecersuas habilidades clfnicas e de interagao pessoal, entre Qutros atributos.

IS50 S8 torna ainda mais importante quando S8 considera 0 momento atual,em que as hospitais vern passando par transi96es estruturais no que diz respeito aforma de gestao institucional, com a implementa,ao das diretrizes que l10rteiam 0processo de Acreditag80 Hospitalar, refletindo uma maior preocupagc3o com aorganiz898o dos servic;os assistenciais, cujo processo para melhoria da qualidade daassistencia hospitalar objetiva torna-Ia mais adequada ao atendimento dasnecessidades da pessoa humana (MELO E PEREIRA, 2007).

Trata-se de um sistema de certificaC;ao que visa verificar a implantayao demetodos de gestao focados na melhoria da qualidade da assistencia aos pacientes eaos usuarios dos servic;os de saude. E um processo educativ~, que visa criar nasorganizac;oes a cultura da qualidade, da qualidade do atendimento ao paciente, dagestao atualizada e da busca constante da produtividade (ANVISA, 2007).

Segundo 0 presidente do Conselho de Admlnistra,ao da ONA (Organiza,aoNacional de AcreditaC;E1o),0 medico e administrador hospitalar Luiz Plinio Moraes deToledo, 0 objetivo da organizac;ao e criar uma mentalidade de melhoria continua nosservi<;os de saude (ANVISA, 2007).

Neste contexto, e enfatizada, portanto, a Educac;ao Continuada doprofissional de Enfermagem como forma de garantir que os objetivos da Acreditac;aoHospitalar sejam plenamente alcanc;ados, tendo em vista que a melhoria daqualidade dentro dos padroes de excelencia reconhecidos internacionalmente s6 epossivel a partir do desempenho de enfermeiros capacitados a assumir seuimportante papel na atenc;ao ao paciente.

o enfermeiro, segundo Santos (2007), tem papel de destaque nao so mente,ao se considerar 0 aspecto educativ~, que e inerente a sua formac;ao, mas tambempela lideranc;a que este profissional pod era exercer na atuac;ao cotidiana

Como exemplo, pode-se relacionar algumas ac;oes que podem serimplementadas pelo enfermeiro como parte de sua contribuiyao ao processo eincorporadas a sua pratica diaria (SANTOS, 2007, p. 1):

a) Propiciar formac;ao e orientac;ao a equipe de enfermagem acerca dosprincipios e ferramentas da qualidade;

b) Promover orientac;ao e supervis.3o sabre os registros de enfermagem;c) Proporcionar orientac;oes de saude ao paciente e familiares;d) Definir um plano de cuidados em conjunto com os demais profissionais,

desde 0 acolhlmento ate a alta;e) Realizar ac;oes que possibilitem urn "ambiente terapeutico, livre de riscos,junta mente com 0 setor responsavel pelo gerenciamento e seguranC;a dainstituic;ao;

f) Promover debates sabre situac;6es especificas, tais como 0comportamento etico na organizac;ao, humanizac;.3o da assistemcia, entreoutros;

g) Estimular a realizac;ao e participar ativamente da avaliac;.3o da equipe deenfermagem, de forma sistematica e educativa;

h) Implantar e monitorar as indicadores pertinentes ao servic;o.

15

Tai5 exemplos constituem-se em apenas algumas das muitas formas dacontribuigao decisiva do enfermeiro no processo de acreditagao. Deve-se salientarque inumeras Qutras podem ser relacionadas, ja que este profissional interage comvarios segmentos dentro da instituigao hospitalar. Oesta forma, a enfermeiro devecompreender a processo de Acreditag8.o Hospitalar que, alem de promover aqualidade da assistencia, melhora as processos de trabalho, organiza os recursoshumanas e viabiliza as principios de cidadania do paciente/cliente. Consciente desua imporU3ncia neste cicio e assumindo seu papel fundamentado na importancia daeduc8g8o continuada para a excelencia de sua atu8g8o no processo, estaraincorporando a acredita<;Blo como uma metodologia capaz de guiar sua vidaproflssional no caminho da qualidade e da etica (SANTOS, 2007).

16

CONSIDERAC;:OES FINAlS

Ao fim do estudo, algumas considerac;oes podem ser Feitas acerca do temadesenvolvido.

o conhecimento, a tecnologia, as exigencias de todos os camposprofissionais da atualidade crescem continuamente e cada vez mais rapido. IS50calcca ao individuo a necessidade de estar atualizado acompanhando essaevolw;ao, mantendo-se competente e competitivD, 0 que 56 pode ser obtido atravesda aprendizagem contfnua.

Sabe-s8 que a meta da educ8gElo, ai incluida a educ8gElo em enfermagem, einfluendar a mudanC;8 do comportamento humano em urna dire<;flo especifica.Partindo-se desta ideia de que os resultados da educ8g8o influenciam 0

comportamento humano, entende-se como essencial que os profissionais de todasas areas, e, em especial, os de Enfermagem, enfocados neste estudo,compreendam a necessidade da Educac;:ao Continuada como uma importanteferramenta para atingir 0 alto nfvel de qualidade no desempenho exigido atualmente.Deve ser entendida como um processo contfnuo de aprendizagem que deve seconstituir em uma parte essencial da vida pessoal e profissional de qualquerindividuo que busque 0 aprimoramento, uma vez que ela pode suprir a necessidadede adquirir ou aperfeic;:oar habilidades necessarias ao bom desempenho profissional.

Neste contexto, foi possivel compreender que no desempenho dasatividades seja de assistemcia, de cuidado ou de gestao, 0 enfermeiro tem aoportunidade de articular a teoria com a pn3tica em func;:ao de suas multiplasfunc;:oes dentro de uma instituic;:ao, legitimando seu papel determinante nos nfveis dequalidade.

Por fim, acredita-se que a Educac;:ao Continuada, enquanto ferrarnenta paraa valorizac;:ao do papel do enfermeiro, propicia-Ihe, de fato, a oportunidade de atuarcom maior eficiencia, autonornia e cientificidade, resgatando paradigmas no modode ser e de compreender 0 papel do enfermeiro na pratica assistencial.

REFERENCIAS

ANVISA - Agencia Nacional de VigilElncia Sanitaria. Acreditac;:ao: a busca pel aqualidade nos servi,os de saude. Rev. Saude Publica. v. 38, n° 2. 2004. pp. 335-336.

BAGNATO, M.H.S.; COCCO, M.I.M.;SORDI, M.R.L. (Orgs.). Educa,8o continuadana area de saude: uma aproximac;:ao crftica. In: . Educa4!tao, saude etrabalho: antigos problemas, novos contextos, outros olhares. Campinas (SP):Alinea; 1999. p. 71-98.

BELLATO, R., PASTI, M.J., TAKEDA, E. Algumas reflex6es sobre 0 metodofuncional no trabalho da enfermagem. Rev,latino-am,enfermagem. Ribeirao Preto,v. 5, n. 1, janeiro 1997. p. 75-81.

BEZERRA, A L Q. 0 contexto da educac;:ao continuada em enfermagem na visaodos gerentes de enfermagem e enfermeiros de educa<;ao continuada. RevistaEletr6nica de Enfermagem (on-line). v. 4, nO.1,2002. p. 66.

17

CAMPOS, Vicente Falconi. 0 valor dos recursos humanos na era doconhecimento. 8elo Horizonte: Funda9c3o Christiano Ottoni, 1995.

CARVALHO, Antonio V., NASCIMENTO, Luiz P. Administra,ao de recursoshumanos. Sao Paulo: Pioneira, 1997.

CASTILHO, V. Educa,ao continuada em enfermagem: a pesquisa comopossibilidade de desenvolvimento de pessoal. Rev. 0 Mundo da Saude, v.24, n.5.Sao Paulo. 2000. p. 343-351.

CAVALCANTI, R de A Andragogia: a aprendizagem dos adultos. Revista deClinica Cirurgica da Paraiba. Ano 4. n'. 6, ju1/1999. p. 13-16.

COBRA, M. Administra,ao de marketing. Sao Paulo: Atlas, 1992.

CROSBY, Philip B. Qualidade e investimento. Rio de Janeiro: Ed. Jose Olimpio,1994.

DAVIM, RM.B.; TORRES, G. de V.; SANTOS, S.R dos. Educa,ao continuada emenfermagem: conhecimentos, atividades e barreiras encontradas em umamaternidade escola. Rev. Latino-am. Enfermagem. Ribeirao Preto. v. 7. nO. 5. dez11999. p. 43-49.

DILLY, C.M.l.; JESUS, M.C.Pde. Processo educativ~ em enfermagem: dasconcep,6es pedag6gicas a pratica profissional. Sao Paulo: Robe, 1995. p. 51-122.

GOECKS, Rodrigo. Educa,ao de adultos: uma abordagem andrag6gica. Disponivelem http://www.andragogia.com.br.Acessoem12.11.2006.

HAMZE, A Andragogia e a arte de ensinar adultos. Disponivel emhttp://www.brasilescola.com/pedagogia/andragogia.htm. Acesso em 21.10.2006.

KOIZUMI, M.S.; KIMURA, M., MIYADAHIRA, AM.K. et al. Educa,ao continuada daequipe de Enfermagem nas UTls do municipio de Sao Paulo. Rev.Latino-Am. deEnfermagem. v. 6. n'. 3. ju1l1998. p. 33-41.

KURCGANT, P. As teorias de administra9iio e os servi,os de enfermagem. In:KURCGANT, P. (Coord.) Administra,ao em enfermagem. Sao Paulo: EPU, 1991.P 3-13.

KURCGANT, P. Educa,ao continuada: caminho para a qualidade. Rev. Paul .Enf.v.12, n.2, 1993. p.66-71.

MELO, W. DE K A, PEREIRA, SYM. Humaniza,ao da assistimcia hospitalar:instrumento para a qualidade. Trabalho publicado no 57°. Congresso Brasileiro deEnfermagem. Goiania, 3 a 5 de novembro de 2005. Disponivel emhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/57cbe/resumos/1593.htm. Acesso em 30mar 2007.

16

MEZOMO, J. C. Gestao da qualidade na saude: principios basicos. Sao Paulo:Manole, 2001.

MOLLER, Claus. 0 lado humano da qualidade: maximizando a qualidade deprodutos e servi90s atraves do desenvolvimento das pessoas. Sao Paulo: Pioneira,1997.

MONTEIRO, M.I., CHILLlDA, M.S.P.; BARGAS, E.B. Educa,ao continuada em umserviyo terceirizado de limpeza de urn hospital universitario. Rev Latino-amEnfermagem. v. 12, nO. 3. mai-jun/2004. p. 541-8.

NUNEZ, R S., LUCKESI, M. V. A Educa,ao em servi90: fatos de desenvolvimentode recursos humanos em enfermagem. Rev. Bras. Enf. Brasflia: v. 33. nO.1.jan/mar/1980. p. 54-80.

OLIVEIRA, Marco. Mitos e realidades da qualidade no Brasil. Sao Paulo: Nobel,1994.

OLIVEIRA, A B. de. Andragogia, facilitando a aprendizagem. v. 3. Sao Paulo:CNI-SESI, 1999.

OLIVEIRA, A B. de. Andragogia: a educa,ao de adultos. Disponivel emhttp://www.serprofessoruniversitaria.pro.br/ler.php?modulo;1 &texto=13. Acesso em22.10.2006.

ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUD (OMS). Continuando la educaci6n de lostrabajadores de salud: principios e guias para desarrollo de un sistema. In: DAVIM,DAVIM, RM.B., TORRES, G. de V.; SANTOS, SR. dos. Educa,ao continuada emenfermagem: conhecimentos, atividades e barreiras encontradas em umamaternidade escola. Rev. Latino-am. Enfermagem. Ribeirao Preto. v. 7. n°. 5. dez11999. p,44.

RIGAS, J. A deficiimcia e a necessidade: urn estudo sobre a forma~aocontinuada de pediatras em Minas Gerais. Ribeirao Preto/SP.Tese (Doutoradoem Puericultura e Pediatria). Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto. USP. 1994.

ROSA, M. T. L da et al. 0 desenvolvimento tEknico-cientifico da enfermagem.Florian6polis. Anais. Associa,ao Brasileira de Enfermagem, 1989. p. 97-126.

SANTOS, B. S. 0 social e 0 politico na pos-modernidade. Sao Paulo: Cortez,1995.

SANTOS, V. 0 profissional de Enfermagem no processo de Acredita~ao.Oisponivel em http://www.clicsaude.com.br/pub/materiaview.asp?cod_materia=182.Acesso em 31.mar.2007.

SILVA, AL.C. et al. Reativa9ao do servil'O de educa9ao contlnuada da divisao deenfermagem do Hospital Prof. Edgard Santos: relato de experiencia. Rev. Bras.Enfermagem. Brasilia. n°. 39. v. 1. jan.lmar/1986. p. 71-78.

19

SILVA, M. J., PEREIRA, L. L., BENKO, M. A. Educa~ao continuada: estrategiapara 0 desenvolvimento do pessoal de enfermagem. Sao Paulo: Marques SaraivalEDUSP, 1989.

STEWART, Thomas A. Capital intelectual: a nova vantagem com petit iva dasempresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

TREVIZAN, M. A. Enfermagem hospitalar: administrac;ao e burocracia. Brasilia:Universidade de Brasilia, 1988.

WADDELL, D.L. Why do nurses participate in continuing education? a meta-analysis.J. Cantin. Educ. Nurs. v. 24. nO. 2. 1993. p. 52-56. Apud: KOIZUMI, Maria Sumie etal. Educa,ao continuada da equipe de Enfermagem nas UTls do municipio de SaoPaulo. Rev.Latino-Am. de Enfermagem. v. 6. n°. 3. ju1/1998. p. 33-41.