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Órgão dos trabalhadores da metalurgia, metalomecânica, minas, química, farmacêutica, petróleo e gás Compromisso de luta assumido no 2.º Congresso Esta força e esta confiança emanam do grande colectivo de mais de 80 mil trabalhadores, sindicalizados nos 11 sindicatos que constituem a federação, e da organização implantada nos locais de trabalho. Uma organização que todos temos de continuar a reforçar. Distribuição gratuita aos associados dos sindicatos federados J U N H O 2 0 0 5 3 jornal da Editorial Caducidade negada na Química O Ministério do Trabalho informou que não aceita o pedido da associação patronal da Química e que o contrato colectivo está em vigor e deve ser respeitado pelas empresas. Protesto nas ruas A Fequimetal apela à mobilização dos trabalhadores para as concentrações, plenários e manifestações que a CGTP-IN realiza em Lisboa, no Porto e noutras capitais de distrito. fequimetal Pág. 7 Pág. 8

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Page 1: 2005 fequimetal jornal da · gravidade da situação orçamental leva a que se não cumpra a pro-messa eleitoral de não subir os impostos. Mas será que não se sabia? Lembremos

Órgão dos trabalhadores da metalurgia, metalomecânica, minas, química, farmacêutica, petróleo e gás

Compromissode lutaassumido no 2.º CongressoEsta força e esta confiança emanam do grande colectivo de mais de 80 miltrabalhadores,sindicalizados nos 11 sindicatos que constituem a federação, e da organização implantada nos locaisde trabalho. Uma organização que todostemos de continuar a reforçar.

Distribuição gratuitaaos associados dossindicatos federados

J U N H O

2 0 0 5

3Nº

jornal da

E d i t o r i a l

Caducidadenegada na QuímicaO Ministério do Trabalho informouque não aceita o pedidoda associação patronalda Química e que o contrato colectivo está em vigore deve ser respeitadopelas empresas.

Protestonas ruasA Fequimetal apela à mobilização dos trabalhadores para as concentrações,plenários e manifestações que a CGTP-IN realiza em Lisboa, no Porto e noutras capitais de distrito.

fequimetal

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Pág. 8

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Este artigo visa dar uma contri-buição para o conhecimento ediscussão de questões como ograu de importância do défice dascontas públicas face aos proble-mas económicos do País.

Porquê a importância destasquestões orçamentais?

A nosso ver, há duas razõesprincipais. A primeira, e a maisdirecta, tem a ver com o cumpri-mento do Pacto de Estabilidade ede Crescimento da União Euro-peia. De acordo com este, o défi-ce orçamental não pode exceder3% do Produto Interno Bruto(PIB) e a dívida pública não podeexceder 60% do PIB. Ora o limitedos 3% só com o recurso a recei-tas extraordinárias foi cumpridopelos governos do PSD-CDS/PP.

A segunda razão resulta dapressão, vinda de sectores libe-rais, para se tomarem medidas ra-dicais de cortes na despesa públi-ca, incluindo não só os saláriosdos trabalhadores da Administra-ção Pública, mas também a des-pesa social (segurança social,saúde, educação, etc.).

O que consta no Programa doGoverno?

O PS, na campanha eleitoral, eo Governo, no seu Programa, evi-taram pronunciar-se sobre omodo de resolução do défice dascontas públicas. Foi mais impor-tante o que não se disse do queaquilo que se afirmou. O que oPrograma do Governo diz é: nãohaverá recurso a receitas extraor-dinárias para fazer baixar o défi-ce; recusa-se propostas irrespon-sáveis de baixa de impostos; vaiser criada uma comissão indepen-dente para apurar o valor do défi-ce.

O PS e o Governo sabiam queiriam recorrer ao aumento dosimpostos, mas não o quiseram ad-mitir devido à impopularidade,real ou suposta, desta medida.Daí o recurso a uma comissão in-dependente; daí, também, a argu-mentação de que se não sabia queo défice era tão elevado e que só agravidade da situação orçamentalleva a que se não cumpra a pro-messa eleitoral de não subir osimpostos.

Mas será que não se sabia?Lembremos que o ministro dasFinanças tinha escrito, em No-vembro passado, que os dadosapontavam para um défice de6,5%. Mais recentemente, foi re-

ferido na imprensa um valor de6,4%.

O Relatório de Vítor Cons-tâncio e os 6,8%

A chamada Comissão Constân-cio aponta para 6,8%, o que nãoestá distante destas avaliações.

A Comissão chega a este valor,basicamente, da seguinte forma:parte do défice oficial de 2,86%;soma ao défice os valores corres-pondentes a receitas extraordiná-rias, já que estas não vão ser obti-das, e representam 1,41%; proce-de a uma revisão da previsão dodéfice orçamental, através daanálise de áreas seleccionadas(como o Serviço Nacional deSaúde, a segurança social, os di-videndos de empresas do sectorpúblico a receber pelo Estado,etc.), obtendo um acréscimo de2,56%.

Somando estas três rubricas,chega-se a um valor de 6,8%.

Trata-se de uma estimativa, comos riscos inerentes a qualquer pre-visão, o que não retira, porém, al-cance ao relatório. Saliente-seque a CGTP-IN chamou a aten-ção para a falta de credibilidadedo Orçamento de Estado para2005, nomeadamente no que res-peitava aos orçamentos da saúdee da segurança social.

Existe um problema orça-mental no País?

É inegável que este problemaexiste. O défice pode ser ou nãode 6,8%, mas será sempre um va-

lor elevado. O nó do problemaestá em saber qual o seu signifi-cado e que medidas tomar para asua correcção.

A questão central na nossa eco-nomia não está no problema dodéfice (mesmo que seja relevan-te). Está antes no desenvolvimen-to do País, e aqui todos os indica-dores indicam um quadro som-brio: o desemprego assume umnível recorde nos últimos oitoanos; prossegue a destruição doaparelho produtivo; há deslocali-zação de empresas; temos um ele-vadíssimo nível de endividamen-to dos portugueses; há um insus-tentável défice externo; são evi-dentes sintomas de corrupção emlarga escala.

O défice das contas públicasnão pode ser desligado da econo-mia real; pelo contrário, está-lheintimamente associado.

Como resolver o problema dodéfice das contas públicas?

É um erro pretender resolver oproblema do défice desligando-oda economia real, até porque al-gumas das medidas anunciadasterão efeitos económicos negati-vos.

A esta preocupação tem de sejuntar uma outra. A dimensão dodéfice exige medidas específicasde ajustamento, sendo difícil es-capar ao esquema simples de se-rem precisas mais receitas e me-nos despesas. A questão está emsaber como.

Aumentar receitas não significaque se tenha de subir os impostos.Basta ter um maior crescimentoeconómico; ou reduzir a diferen-ça entre a taxa legal de imposto ea taxa efectiva, sendo esta infe-rior devido a benefícios fiscais;ou reduzir a fraude e a evasão fis-cal.

Quanto à despesa, há elevadoscustos com burocracia e desperdí-cios que podem ser eliminados.

Mas não foi esta a opção doGoverno já que os trabalhadoresvão ser, outra vez, os mais penali-zados.

A Fequimetal e os sindicatos que a constituem estão mais for-tes. As nossas estruturas estão ainda mais unidas e prepara-das para organizar a resposta aos inúmeros desafios e pro-

blemas com que os trabalhadores estão confrontados e para dinami-zar a acção em torno das suas reivindicações.

Este foi o sentimento geral dos 300 delegados e dos mais de 100convidados, incluindo os representantes de 11 delegações estrangei-ras. que estiveram presentes no 2.º Congresso.

De facto, o nosso congresso, que culminou no passado dia 20 deMaio, em Alhandra:

foi um congresso jovem, tanto pela presença e participação dedezenas de jovens delegados, como pela alegria, combatividade econfiança que transmitiram;

foi um congresso de afirma-ção da igualdade de direitos e deoportunidades, com o compro-misso de luta contra todas as for-mas de discriminação;

foi um congresso vivo, com34 intervenções sobre temas es-pecíficos e sobre a acção e a lutanas empresas, reflectindo os di-versos pontos de vista sobre osassuntos em discussão;

foi um congresso de unidade e de coesão, expressas na aprova-ção unânime do Programa de Acção e das Reivindicações e Objecti-vos para a Acção Imediata e na eleição da nova Direcção, sem ne-nhum voto contra e com apenas 5 votos considerados nulos;

foi um congresso virado para a acção, com um forte compro-misso de luta por uma nova política industrial, que desenvolva aprodução nacional, como única forma de resolver os problemas doPaís; por uma nova política de emprego, que pare com os despedi-mentos, as deslocalizações e os encerramentos de empresas e acabecom o desperdício da mão-de-obra qualificada; pela defesa da con-tratação colectiva e dos direitos nela consagrados; por aumentos sa-lariais justos e por melhores condições de vida e de trabalho.

Tal como foi dito no congresso, esta força e esta confiança ema-nam do grande colectivo de mais de 80 mil trabalhadores, sindicali-zados nos 11 sindicatos que constituem a federação, e da organiza-ção implantada nos locais de trabalho. Uma organização que todostemos de continuar a reforçar, promovendo a sindicalização e ele-gendo delegados sindicais e representantes para a Higiene e Segu-rança num número cada vez maior de empresas.

Isto porque, quantos mais sindicalizados formos, mais força tere-mos para lutar pelos direitos e para aplicar as conclusões do con-gresso.

É tempo de passar à acção

A vida já nos ensinou que os trabalhadores têm de estar semprepreparados para defenderem os seus direitos e interesses, seja qualfor o quadro político que tenham pela frente. E, uma vez mais, te-mos de passar à acção, agora por duas fortes razões.

A primeira é a persistência do patronato no objectivo de liquidaros direitos consagrados na contratação colectiva. Fá-lo, ora apresen-tando propostas globais tão más que, regra geral, são piores do que opróprio Código do Trabalho, ora jogando na confusão com a ameaçada caducidade, mesmo sabendo que não o pode fazer.

O Governo, que se comprometeu a introduzir alterações no Códi-go para impedir estas manobras, não só não dá garantias de cumprir,como deixa arrastar a situação, favorecendo objectivamente o patro-nato.

A segunda é a insistência do Governo na adopção de medidas que,a pretexto do défice, atingem fortemente os direitos e as condiçõesde vida dos trabalhadores, agravando ainda mais as injustiças e asdesigualdades sociais.

Propriedade: FederaçãoIntersindical da Metalurgia,Metalomecânica, Minas, Química,Farmacêutica, Petróleo e GásSedeRua dos Douradores, 1601100-207 LISBOATelefone: 218 818 500Fax: 218 818 [email protected] www.fequimetal.pt

Director: João da Silva Redacção: Domingos Mealha Design: Isabel Pina

ImpressãoTipografia BelgráficaRua da Corça, Quinta S. Pedro 2860-051 ALHOS VEDROS

Depósito legal N.º 213174/04Tiragem: 40 mil exemplares

O défice das contas públicas e a política económica e social

2 OPINIÃO

Compromisso de luta

E d i t o r i a l

Fernando MarquesEconomista

Sindicatos federados na Fequimetal/CGTP-IN

Sinorquifa - Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Norte Sinquifa - Sindicato dos Tra-balhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas Sindicato dos Trabalhadores das IndústriasMetalúrgicas e Metalomecânicas dos Distritos de Aveiro, Viseu e Guarda Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Me-talúrgicas e Metalomecânicas do Distrito de Braga Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecâ-nicas dos Distritos de Coimbra e Leiria Sindicato dos Metalúrgicos e Ofícios Correlativos da Região Autónoma da Madei-ra Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas dos Distritos de Lisboa, Santarém e Caste-lo Branco Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgica e Metalomecânica do Norte Sindicato dos Trabalhado-res das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas do Sul Sindicato dos Trabalhadores da Metalurgia e Metalomecânica doDistrito de Viana do Castelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira.

Junho de 2005

A agenda política é hoje dominada pelo elevado défice orçamental e pelas medidas anunciadas pelo Governo com vista à sua redução a médio prazo, as quais têm elevados custos sociais e económicos.

Os trabalhadorestêm de estarsempre preparados para defenderem os seus direitos e interesses

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Afirmação clara do 2.º Congresso

Firmes no combateRealizado dia 20 de Maio, na Sociedade Euterpe Alhandrense, o 2.º Congressoda Fequimetal, «vivo, de unidade e de coesão», foi uma afirmação da «identidade de princípios de classe e de caminhos para a luta».

A afirmação, sublinhada com oaplauso de três centenas de dele-gados e uma centena de convida-dos, foi feita no encerramento,por João Silva, coordenador daDirecção Nacional da federação emembro da Comissão Executivada CGTP-IN. Realçou também aelevada participação dos jovens,designadamente na direcção queo congresso elegeu.

Foi também com um forteaplauso que os delegados recebe-ram a referência aos dirigentesque, integrando os organismos di-rigentes há vários anos (alguns hádécadas), deixaram agora essasfunções. Estes camaradas «fica-rão para sempre ligados à luta no

nosso sector» e «souberam com-preender a importância da renova-ção de quadros», disse João Silva.

«A convicção de que só a acçãocolectiva dos trabalhadores podelevar a mudanças de fundo» foireafirmada quando este dirigenteexigiu do Governo PS, em nomeda Fequimetal, o cumprimentodas promessas feitas na campa-nha eleitoral, particularmente acriação de 150 mil postos de tra-balho, o «choque tecnológico»(que deve significar moderniza-ção do País e valorização dos tra-balhadores), a revogação das nor-mas gravosas do Código do Tra-balho, a defesa da contratação co-lectiva, a política salarial e as po-

líticas sociais em geral.Do congresso saiu um forte

apelo à mobilização dos trabalha-dores para a jornada de luta que aCGTP-IN decidiu realizar no dia28 de Junho.

Decisões

No congresso foram aprovadoso Programa de Acção para os pró-ximos quatro anos (documento-base que resultou de vários mesesde debate preparatório), o Relató-rio de Actividades relativo ao pe-ríodo desde o 1.º Congresso (Ju-nho de 1999), uma resolução comreivindicações e objectivos para aacção imediata (contidos no Pro-

grama de Acção), uma resoluçãosobre a revisão do Tratado daUnião Europeia e uma moçãopela paz e contra a guerra.

Foram aprovadas alterações aosestatutos. Como explicou JoãoPaulo, em nome da Direcção ces-sante, o Congresso fica definidocomo órgão máximo da Fequime-tal, com competência para elegera Direcção Nacional, cujo manda-to é fixado em quatro anos. Poroutro lado, no símbolo da federa-ção passa a figurar apenas a sigla(em vez da designação completa)e a palavra Portugal.

Com 273 votos favoráveis e 6brancos foi eleita a Direcção Na-cional.

No Programa de Acção é explanado o sentido do lema destecongresso.

Desenvolver o sector produtivo significa:- parar a sua destruição e tomar medidas urgentes e eficazes

para modernizar e desenvolver a produção nacional; relançar a ac-tividade de empresas e sectores estratégicos atingidos pela vora-gem dos interesses das multinacionais; a definição de uma políti-ca industrial que aposte em produções estratégicas e duradouraspara o nosso país.

Garantir o emprego significa:- viabilizar as empresas através do aproveitamento da capacida-

de instalada e da manutenção dos postos de trabalho; não desper-diçar a mão-de-obra qualificada de que dispomos, mas antes apro-veitar as suas potencialidades; definir políticas que levem à cria-ção de novos empregos, mais qualificados, estáveis e com direi-tos.

Valorizar o trabalho e os trabalhadores(as) significa:- valorizar a contratação colectiva; melhorar os salários dos tra-

balhadores(as); desenvolver a formação profissional; apostar naqualificação e na valorização profissional em vez de polivalênciadesqualificante; criar condições de trabalho dignas; garantir aigualdade de direitos e oportunidades e eliminar todas as formasde discriminação».

O lema do Congresso

CONGRESSOJunho de 2005

A Fequimetal em númerosTem onze sindicatos filiados, que contam, no total, com 81 073 as-

sociados.As estruturas integram 1 069 delegados sindicais e 452 dirigentes;

destes, 51 estão a tempo permanente em funções de direcção).No período desde o 1.º Congresso, inscreveram-se nos sindicatos

da Fequimetal quase 30 mil trabalhadores, número que compensa assaídas. Em 200 empresas, foram nestes seis anos destruídos dez milpostos de trabalho.

Intervençãode Carvalho da Silva

Destacando os exemplos daBombardier e da Opel, ManuelCarvalho da Silva expressouno congresso «gratidão» aostrabalhadores dos sectoresabrangidos pela Fequimetal. Éque, salientou o secretário-ge-ral da CGTP-IN, lutam em de-fesa dos seus interesses e estesinteresses são também os dostrabalhadores portugueses.

Carvalho da Silva fez a suaintervenção no final da sessãoda manhã. Salientou que noâmbito da Fequimetal situa-seum dos três sectores que vãoter uma importância determi-nante, nos próximos tempos,para os trabalhadores e a eco-nomia nacional. No sector au-tomóvel, na indústria têxtil ena fabricação de material eléc-trico e electrónico verifica-seuma mais forte presença de ca-pital estrangeiro; simultanea-mente, estes são aqueles que,do ponto de vista económico,são mais atacados (é mesmoameaçada a sua continuaçãoem Portugal) e aqueles onde aofensiva contra os trabalhado-res é mais forte.

Carvalho da Silva denun-ciou o contraste entre as justi-ficações que foram apresenta-das em defesa do Código doTrabalho e o resultado verifi-cado com a sua aprovação, su-blinhando que este pacote«não trouxe nada de moder-no», antes veio fragilizar aindamais a situação dos trabalha-dores perante o patronato.

O dirigente da CGTP-INapelou a uma forte participa-ção nas acções de 28 de Junho.Esta será uma forma de exigirao Governo mudanças profun-das, e também será uma res-posta à ofensiva do poder eco-nómico e financeiro. Por outrolado, a luta irá «criar esperan-ça nos trabalhadores» e, assim,alargar a disponibilidade parafuturas acções.

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4 CONGRESSO

DesindustrializaçãoAs necessárias reestruturações do sector industrial, com a ne-

cessária inovação tecnológica e qualificação da força de trabalho,como tem sido reclamado pelos trabalhadores, esbarraram semprena inércia dos sucessivos governos e da classe empresarial, con-duzindo assim a uma redução drástica dos respectivos sectores eempresas, que é preciso travar – disse Adriano Matoso, da Direc-ção da Fequimetal.

ReforçadosFoi possível, neste quadro difícil, prosseguir o reforço da orga-

nização do sindicato nas empresas. Sindicalizámos mais trabalha-doras e trabalhadores e aumentámos o número de delegados sindi-cais, muitos deles jovens e também alguns deles em empresasonde o sindicato não tinha organização – disse Gabriela Medei-ros, coordenadora do Sindicato dos Metalúrgicos de Coimbra e Leiria.

Saúde a sérioUma verdadeira política de saúde tem de assegurar que os me-

dicamentos vitais sejam acessíveis a todas as pessoas que delesnecessitam. Não importam os rendimentos, as suas condições desaúde, nem os países onde vivem. Os medicamentos não são umproduto como outros. O acesso à prevenção e ao tratamento dasaúde é um direito humano – disse Álvaro Rana, da Fequimetal.

Formação é...Quando o patronato fala em formação profissional, está normal-

mente a pensar em receber dinheiro. Tem que ser cumprida a leique define o direito do trabalhador à formação e certificação dascompetências, com a consequente progressão na carreira profis-sional, abrangendo os trabalhadores com vínculo precário – disseJosé Balecho, da Fequimetal.

Mentalidade?A mentalidade dos jovens trabalhadores, ao contrário do que di-

zem, está ajustada à realidade do mercado de trabalho. A políticaneo-liberal, a desregulamentação da contratação colectiva, a baixavalorização profissional, os vínculos precários, a polivalência e aflexibilidade de horários é que levam à desmotivação e ao conse-quente desaproveitamento – disse Ricardo Malveiro, da Comis-são de Jovens da Fequimetal.

Prestação precáriaEstamos confrontados com novas formas de precariedade no

emprego. Mantêm-se o trabalho a prazo, o trabalho temporário, otrabalho à hora e a recibo verde, e hoje começa a aparecer, commais frequência, a prestação de serviço, que, além do aumento daprecariedade, traz também a redução dos salários – disse Eduar-do Florindo, dos Metalúrgicos do Sul.

Deu frutosA fusão dos sectores metalúrgico e químico foi determinante

para uma forte dinâmica. Em 1999, no 1.º Congresso da Fequime-tal, o sindicato tinha 1300 associados. Nestes seis anos, registá-mos algumas centenas de saídas. Mas, com a nossa intervenção,temos hoje cerca de 1600 associados e uma delegação em VilaNova de Cerveira – disse Branco Viana, dos Metalúrgicos deViana do Castelo.

ConquistadaEm rigor, podemos dizer que a moderna Segurança Social é um

produto da evolução da luta de classes desde a revolução indus-trial e, por tal, enforma das concepções ideológicas que o surgi-mento deste novo e permanentemente renovado proletariado lheimprimiu, criado que foi sem direitos, e que os foi conquistando apulso e passo a passo – disse Manuel Cruz, dos Metalúrgicos deCoimbra e Leiria.

AmadurecerHá um aumento do número de jovens a entrar no mercado de

trabalho, para compensar, em muitas situações, a saída de traba-lhadores por «mútuo acordo». Estes jovens são alvo do abuso dopatronato, fruto também de alguma ingenuidade e inexperiênciaquanto à vida laboral – disse Jorge Abreu, da Comissão de Jo-vens dos Metalúrgicos de Aveiro, Viseu e Guarda.

PersistênciaA organização reforçou-se e conta com um dirigente e dois de-

legados sindicais. Já foi realizado um quarto plenário, este já nointerior da empresa e em local apropriado. Quando os trabalhado-res assumem com persistência a defesa dos seus direitos, não háSalvador Caetano que os consiga impedir – disse Raul Costa, di-rigente dos Metalúrgicos de Coimbra e Leiria.

Novos pólosCom uma redução significativa de efectivos, que entre

1999 e 2004 se estima em 1 623, tomámos medidas naprocura de novos pólos industriais, na descoberta de no-

vas e pequenas empresas, sindicalizando, para minimizaresta onda devastadora que atingiu o nosso sindicato – dis-

se Celestino Gonçalves, dos Metalúrgicos de Braga.

alcançar uma mais justa reparti-ção dos rendimentos gerados nasempresas e obter aproximaçãodos nossos salários aos níveis sa-lariais dos países mais desenvol-vidos da União Europeia.

Preservar o emprego

A Fequimetal defende que aprimeira intervenção na área doemprego deve ser a salvaguardados actuais postos de trabalho,complementada com políticaseconómicas que visem o desen-volvimento do aparelho produti-vo, com a criação de novos em-pregos.

Defende ainda a responsabili-zação contratual, bem como a nãoatribuição de apoios comunitá-rios, nacionais e locais às empre-sas que efectuam investimentosno estrangeiro, apoiados pelosEstados receptores, pelo nãocumprimento dos compromissosestabelecidos em resultado deprocessos de reestruturação e dedeslocalização.

A Fequimetal apoia o desenvol-vimento da negociação colectivaa todos os níveis, com vista à pas-sagem de empregos não perma-nentes a empregos efectivos e du-radouros, de acordo com o princí-pio de que a empregos permanen-tes devem corresponder contratosde trabalho permanentes.

As empresas devem apresentarplanos de formação, concretizan-do o direito de cada trabalhadorao mínimo anual de 20 horas deformação certificada em 2003 e35 horas em 2006, previsto na lei,bem como, a certificação de com-petências com a consequente pro-gressão na carreira. Deve legal-mente ser garantido o direito à

As reivindicaçõese propostas saídas do 2.º Congressoda Fequimetalconstituem um guia para aactividade sindicaldurante os próximos quatro anos. No Programa de Acção, cujaversão integralestá disponível no sítio Internet da federação, estão indicadosfortes e justos motivos para desenvolver a lutados trabalhadorese das trabalhadorasdos nossos sectores.

Para a Fequimetal, a estabilida-de social e o estímulo necessáriosao desenvolvimento sustentadoque garanta o bem-estar dos tra-balhadores e o progresso socialdas populações só podem ser ge-rados por uma política que garan-ta o direito ao trabalho, à estabili-dade do emprego e a uma remu-neração justa, uma política queproteja e torne efectivos os direi-tos de quem trabalha.

Defender os direitoscontra o Código

A Fequimetal tem, como linhade trabalho essencial, prosseguiro desenvolvimento da luta peladefesa dos direitos, que passapela exigência da revogação detodas as normas gravosas inscri-tas no Código do Trabalho, comprioridade para aquelas que sãocontrárias à Contratação Colecti-va e à acção sindical nas empre-sas.

O Congresso decidiu que a Fe-quimetal desenvolverá uma acção

permanente com vista a:- Defender os direitos (legais e

contratuais) dos trabalhadores edos seus representantes;

- Impedir o patronato de utilizaro Código do Trabalho para redu-zir ou enfraquecer os direitos ad-quiridos;

- Mobilizar os trabalhadorespara a luta pela aplicação dos di-reitos consagrados na Contrata-ção Colectiva e outros inscritosna Legislação Geral do Trabalho;

- Promover, por todos os meiospossíveis, a elevação do conheci-mento dos direitos pelos trabalha-dores, particularmente os mais jo-vens;

- Promover a luta pela conquis-ta de novos direitos e pela melho-ria das condições de vida e de tra-balho.

Melhores salários

A Fequimetal defende o au-mento do poder de compra dossalários, de forma a melhorar onível de vida dos trabalhadores, a

Síntese do Programa de Acção aprovado no Congres

Motivos justos

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5CONGRESSOJunho de 2005

ExperiênciaHá hoje uma grande experiência que se está a perder, com a saí-

da de milhares de trabalhadores das empresas, quadros antigosque, nesta onda miserável de desemprego, são as grandes vítimas.A sua saída precoce dificulta a formação da juventude, na troca deconhecimentos e experiências – disse Alice Maria Santos, dosMetalúrgicos do Norte.

TesouroApesar de se saber que existem em todo o País milhões de tone-

ladas de minério por extrair, nunca tivemos um Governo que va-lorizasse e desenvolvesse o sector mineiro, apesar do peso que omesmo tem na balança das exportações. O Governo actual, sobreo sector, inscreveu «zero» no seu programa – disse António JoãoColaço, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira.

ReivindicarA melhoria dos salários dos trabalhadores nas empresas, a defe-

sa dos direitos e a sua implementação, a conquista de mais rega-lias, a garantia de melhores condições de trabalho, a valorizaçãodas profissões devem-se fundamentalmente à acção desenvolvidapela nossa estrutura nas empresas – disse José Vasques, dos Me-talúrgicos de Lisboa, Santarém e Castelo Branco.

ReactivadaRespondendo ao desafio lançado pela Fequimetal aos jovens,

na reunião de 24 de Fevereiro em Pombal, nasceu um projecto li-derado por jovens dirigentes deste sindicato, no sentido de daruma resposta a esse desafio, reactivando a Comissão de Jovens,que estava parada desde meados de 1991 – disse Luís Domingos,dos Metalúrgicos do Sul.

ChantagemO patronato, ao mesmo tempo que prepara a guerra, reclama a paz

social (querendo simplesmente a rendição). A chantagem em se-melhantes moldes, que o patronato faz nas Minas da Panasqueirae de Aljustrel e na Opel, demonstra só por si que não é a desloca-lização que a motiva, pois não se podem deslocalizar filões minei-ros – disse António Maria Quintas, da Direcção da Fequimetal.

O PolvoO problema dos medicamentos e do seu custo só terá soluções

quando se conseguir domesticar as tentaculares corporaçõestransnacionais da indústria farmacêutica, a nível interno e interna-cional, controlando a sua actividade e pondo termo aos lucros fa-bulosos que alcançam à custa da exploração da saúde das popula-ções – disse Arsénio Amaro, do Sinquifa.

É da políticaO encerramento da Molin, o processo privatizador em marcha

na Galp, que eliminou dezenas de postos de trabalho e comprome-te a actividade da refinaria da Petrogal no Porto, a ameaça de en-cerramento da CNB/Camac, da Paracélsia, da Radar (a juntar àsque ameaçam deslocalizar-se), são produto das políticas de direitados sucessivos governos do PSD ou do PS – disse Gonçalo Duar-te, do Sinorquifa.

Pelo futuroO que temos hoje, decorridos estes anos desde o acordo de

1997, é afinal a redução de postos de trabalho na Lisnave e Ges-tnave. A resposta é a luta dos trabalhadores, para garantir o futuroe emprego com direitos, envolvendo também aqueles que traba-lham para empreiteiros e que participam nas greves que marca-mos – disse Filipe Rua, dos Metalúrgicos do Sul.

Vale a penaMais do que números e estatísticas, o que precisamos urgente-

mente é de tomar medidas para que o desenvolvimento da lutaseja uma realidade; mais que discutir essas verdades (que, penso,já todos conhecemos bem), o que aqui trago é a convicção de quedevem prosseguir as reivindicações ao nível da empresa, até por-que aí os resultados são muito positivos – disse Jorge Ribeiro,dos Metalúrgicos do Norte.

formação certificada aos traba-lhadores com vínculos precários.

Pelas 35 horas

Prosseguiremos a acção comvista à redução da duração do tra-balho, considerando-se o facto deque os avanços tecnológicos per-mitem uma melhoria da produti-vidade que possibilita, objectiva-mente, horários mais curtos, co-rrespondendo estes à necessidadedos trabalhadores recuperaremdos elevados ritmos de trabalho aque cada vez mais estão sujeitos.O objectivo é alcançar, progressi-vamente, a semana de 35 horas,sem perda salarial.

Daremos uma maior atenção àorganização dos horários de tra-balho, defendendo o princípio deque esta deve conciliar a vida pro-fissional e familiar dos trabalha-dores, salvaguardar as pausas notrabalho e não contribuir de ne-nhum modo para agravar as con-dições de trabalho ou para dimi-nuir a remuneração.

Para melhorar as condições dotrabalho nocturno e por turnos, afederação defende a melhoria dascondições laborais e da protecçãosocial dos trabalhadores nestesregimes, incluindo a redução daidade legal da reforma, a melho-ria das condições de saúde e a di-minuição da penosidade, princí-pios a consagrar nos acordos deempresa, na contratação colectivae na legislação laboral.

Combater a sinistralidade

A Fequimetal defende uma ac-ção global e integrada, potencian-do e articulando vertentes essen-

ciais, como: a aplicação do PlanoNacional de Acção para a Preven-ção (PNAP); a notificação dasdoenças profissionais; a acçãocontra o trabalho clandestino, aprecariedade de emprego e a des-regulamentação do trabalho; afiscalização das normas de segu-rança e saúde no trabalho; o refor-ço do trabalho de eleição dos re-presentantes dos trabalhadores edo processo de constituição dasComissões de Higiene e de Segu-rança (CSHST), com a participa-ção de representantes eleitos pe-los trabalhadores, e a melhoria dotrabalho das comissões já existen-tes.

Exercer o direitoà contratação colectiva

A consequência mais imediatae directa do Código de Trabalhofoi tornar a negociação colectivamais difícil, fornecendo mais pre-textos para o bloqueamento dacontratação colectiva pelo patro-nato. Por isso, a Fequimetal exigea revogação das normas que, noCódigo de Trabalho e na sua re-gulamentação, são violadoras dodireito de contratação colectiva(como as que se referem ao prin-cípio do tratamento mais favorá-vel e à sobrevigência das conven-ções colectivas).

A dinamização da acção reivin-dicativa nos vários sectores repre-sentados pela Fequimetal consti-tui uma direcção prioritária dotrabalho sindical nos próximosanos. Para isso, é necessário, de-signadamente:

- Intensificar a acção reivindi-cativa nas empresas, assumindo-as como tarefa prioritária e per-manente, pelo que se torna neces-

resso

s para lutarsário melhorar o conhecimentodas realidades existentes nos lo-cais de trabalho e garantir um tra-balho sindical amplamente parti-cipado, com um alargado envol-vimento dos trabalhadores na de-finição das reivindicações e nadeterminação das acções para asconcretizar;

- Salvaguardar nas convençõescolectivas os direitos que o patro-nato quer destruir por via da le-gislação laboral, combatendo adesregulamentação e precariza-ção do trabalho, reclamando a re-gulamentação dos prémios e a fi-xação de outras disposições queimpeçam as discriminações sala-riais e outras.

Organizar para a luta

No Programa de Acção defi-nem-se sete objectivos centrais,para reforçar a organização e darmais força à luta:

- aumentar a sindicalização;- reforçar a organização nos lo-

cais de trabalho; - melhorar a capacidade de in-

tervenção da Federação e dosSindicatos;

- promover novos quadros sin-dicais;

- dinamizar as frentes específi-cas da organização;

- melhorar a informação e apropaganda;

- prosseguir a cooperação comas Comissões de Trabalhadores.

A Fequimetal dinamizará fren-tes de organização viradas paracamadas e grupos com problemasespecíficos, sem deixar de valori-zar sempre o que é comum a to-dos os trabalhadores.

Em estreita cooperação com ossindicatos, a federação deve asse-gurar a dinamização da organiza-ção juvenil com base em comis-sões a constituir na Fequimetal,nos sindicatos e nas grandes em-presas. Nesse sentido, a interven-ção visando a resolução dos pro-blemas específicos que afectamos jovens trabalhadores, com re-alce para a precariedade de em-prego e os direitos inerentes à for-mação e à carreira profissional,deve ser sempre incluída nasprioridades para a acção sindical.

Vamos dinamizar igualmente,na federação e nos sindicatos, acriação e a actividade de comis-sões para a igualdade entre mu-lheres e homens.

É indispensável a participaçãodas mulheres na actividade sindi-cal, nos diversos níveis da estru-tura, bem como nas diversas fren-tes de acção, para que possam in-tervir na defesa e na promoçãodos direitos e interesses de todosos trabalhadores, nomeadamenteno combate a todas as formas dediscriminação e no cumprimentoefectivo da igualdade de direitos,tratamento e oportunidades.

A federação apoiará a organiza-ção dos reformados, devendo estaser dinamizada pelos sindicatos,com o objectivo de reforçar a or-ganização da Inter-Reformados ea acção em torno das suas reivin-dicações específicas.

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Esta política precisa de ser glo-bal, de forma a integrar os diver-sos factores de que depende odesenvolvimento industrial. Talpolítica deverá ter uma dimensãohorizontal, compreendendo prio-ridades, objectivos e medidasdestinadas ao conjunto das indús-trias, em domínios como a desen-volvimento tecnológico, a inovação,a qualificação do trabalho, a ver-tente ambiental, a protecção doconsumidor, a política energética.

Políticas sectoriais

Um segundo grande vector dapolítica industrial é a aplicação demedidas específicas, tendo emconta as necessidades e a situaçãoconcreta dos vários subsectores.Neste sentido, a Fequimetal de-fende:

O aproveitamento integrado eracional dos recursos mineirosnacionais, combatendo a "lavragananciosa", de forma a concreti-zar as potencialidades existentese revitalizar a actividade econó-mica e social nas localidades mi-neiras;

O desenvolvimento das indús-trias metalúrgicas, com a reacti-vação de uma indústria siderúrgi-ca de dimensão adequada às ne-cessidades do País e a moderniza-ção das unidades existentes, ga-rantindo nas fundições a perma-nente renovação dos equipamen-tos e melhorando as penosas con-dições de trabalho;

O aproveitamento de toda acapacidade produtiva instalada naindústria naval, em articulaçãocom a renovação das frotas nacio-nais e com a sua efectiva moder-

nização, tirando partido da locali-zação geográfica e das vantajosascondições climatéricas do País,bem como do conhecimento, datecnologia e da mão-de-obra qua-lificada ainda existentes. Simulta-neamente, é necessário asseguraro futuro desta indústria, atravésdo recrutamento, formação e inte-gração de jovens no quadro efec-tivo das empresas, abandonando aprática de exploração do trabalhoprecário;

O relançamento da metalome-cânica pesada, visando retomar adimensão já antes existente, de-signadamente na área da constru-ção de material ferroviário, ener-gético e agrícola;

Para o segmento industrial dametalomecânica ligeira - nomea-damente na fabricação de electro-domésticos, bicicletas e ciclomo-tores, ferramentas manuais, mo-biliário metálico, embalagensmetálicas, cutelarias e outros pro-dutos metálicos - são necessáriasmedidas específicas de moderni-zação das empresas e de aposta nainovação, na qualidade e diversi-dade de produtos, para enfrentar aconcorrência imposta pela libera-lização dos mercados.

Quanto ao sub-sector de mol-des, é necessário que a qualidadese mantenha, para garantir a suacompetitividade ao nível do mer-cado externo. Relativamente à re-lojoaria e ourivesaria, nacional háque manter e cuidar da preserva-ção do seu património artístico ecultural;

A salvaguarda das condições eduração dos contratos de instala-ção e exploração das empresas defabricação e montagem automó-

vel, visando fixar as empresas econtrariar a instabilidade e a in-certeza geradas pelas permanen-tes ameaças de deslocalização,sempre que os trabalhadores fa-zem valer os seus direitos.

A modernização do sector deassistência e reparação automó-vel, bem como das garagens epostos de abastecimento de com-bustíveis, por forma a correspon-der às exigências da evolução tec-nológica do automóvel e, simulta-neamente, melhorar as condiçõesde trabalho;

O aproveitamento e valoriza-ção dos recursos naturais base àindústria química (ácidos e inor-gânicos, resinosas, óleos essen-ciais, vernizes, tintas, gases in-dustriais, minérios não ferrosos eoutras substâncias activas), bemcomo a criação de incentivos, vi-sando o adensamento da malhaindustrial nacional, através dodesenvolvimento e fortalecimen-to das fileiras dos derivados dopetróleo e da petroquímica, dosclorados e sodados, da pasta depapel e do papel, do ácido sulfúri-co e derivados, dos resinosos eessências vegetais e dos produtosde fermentação, fibras químicas,borrachas e explosivos industriais;

O desenvolvimento do sectorquímico adubeiro nacional, com oincremento da produção de adu-bos que tenham por base produtosnaturais (originários do tratamen-to de efluentes e lixos urbanos,excrementos de exploraçõesagro-pecuárias e outros);

O prosseguimento da moder-nização do sector de refinação depetróleo, nomeadamente com in-vestimentos na Refinaria de Leça

da Palmeira, de forma a garantir emelhorar toda a capacidade pro-dutiva instalada, obter produtosde maior valor acrescentado e au-mentar os níveis de qualidade dosprodutos e do ambiente, sendofundamental manter este sectorestratégico sob o controlo do sec-tor empresarial do Estado;

Dinamizar o sector do gás na-tural, no quadro do sector empre-sarial do Estado, tendo em contao papel estratégico que desem-penha na actividade produtiva ecomo distribuidor de um bem es-sencial, e como forma de garantira qualidade do produto e o con-trolo dos preços;

O desenvolvimento da indús-tria petroquímica de aromáticos eolefinas e polefinas, com maiorinvestimento científico e técnicono área dos aromáticos, que per-mita melhorar a capacidade depenetração no mercado interno,substituindo produtos importa-dos, e também uma maior diversi-ficação dos mercados externos,valorizando ao máximo as produ-ções do "steam cracker", atravésda concretização de investimen-tos que completem a malha petro-química, por forma a atenuar osefeitos das oscilações de mercadoe a dinamizar as indústrias do sectora jusante, designadamente atransformação de matérias plásti-cas, a construção civil e a agricultura;

Uma verdadeira reestrutura-ção, modernização e renovaçãodo sector farmacêutico nacional,assente nas empresas existentesno mercado nacional que se dedi-cam à produção e distribuição,designadamente nas de raiz na-cional, e o enquadramento comosector industrial estratégico, querpelo desenvolvimento técnico ecientífico que determina, com re-percussão em outros sectores daeconomia, quer pelas actividadessubsidiárias que alimenta, querainda pelo que deverá ser o seuobjecto eminentemente social.

6 Junho de 2005CONGRESSO

Síntese do Programa de Acção aprovado no Congresso

Pelo desenvolvimento da indústriaPara a Fequimetal, é preciso travar a desindustrialização. O País precisa de uma estratégia de desenvolvimento económico e social, da qual faz parte a política industrial.

IgualdadeO Código do Trabalho

veio trazer alguns recuos econstrangimentos ao exer-cício dos direitos laboraisdas mulheres e dos homens.Mas também é verdadeque, ainda assim, o quadrolegal e convencional vigen-te continua a constituir umimportante legado, que épreciso valorizar. Uma im-portante batalha que temosde travar é pela aplicaçãodos direitos existentes –disse Conceição Marques,do Sinquifa.

ZiguezaguesA recente proposta patro-

nal de revisão do CCTV dosector automóvel provou asintenções dos grandes cons-trutores, nomeadamente aAutoeuropa. É clara a ideiade deitar por terra o textoglobal de acordo, já comdois anos e que poderia seruma realidade, não fossemos ziguezagues e a má fécom que estiveram nas ne-gociações – disse JoséCarlos Silva, dos Metalúr-gicos do Sul.

ConjugaçãoA acção reivindicativa

nas empresas, conjugadacom a negociação da con-tratação colectiva, dá bonsresultados. Na Renault emCacia, a anualização do ho-rário e a polivalência foramderrotadas e acordou-se umaumento do salário acimada inflação 1,25 por cento e26 dias de férias. Na Fun-frap também conseguimos.Nas duas empresas, a orga-nização saiu reforçada –disse Adelino Nunes, dosMetalúrgicos de Aveiro, Vi-seu e Guarda.

AdesãoMais do que nunca, os

profissionais de informaçãomédica, sobretudo os maisjovens, estão a aderir aomovimento sindical, à lutapela justiça, pelo direito dedizer não ao trabalho semhorários, sem pudor, paracorresponder à gula insa-ciável das empresas, quenão olham a meios paraatingirem os fins – disseLuís Filipe, do Sinorquifa.

TubarõesA atitude predadora das

multinacionais tem destruí-do milhares de postos detrabalho na indústria farma-cêutica, na metalomecânicapesada, na siderurgia e fun-dições e na indústria naval.Na Opel, procuram vergaros trabalhadores através dachantagem da deslocaliza-ção. O que importa é o lu-cro fácil, à custa de umamão-de-obra mais barata –disse Francisco Alves, dosMetalúrgicos de Lisboa,Santarém e Castelo Branco.

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Caducidade negada na QuímicaOO MMiinniissttéérriioo ddoo TTrraabbaallhhoo iinnffoorrmmoouu qquuee nnããoo aacceeiittaa oo ppeeddiiddoo ddaa aassssoocciiaaççããoo ppaattrroonnaall ddaa QQuuíímmiiccaa ee qquuee oo ccoonnttrraattoo ccoolleeccttiivvooeessttáá eemm vviiggoorr..

Depois de ter boicotado as negociações durantemais de três anos, o patronato da Química requereua declaração de caducidade do CCTV. Levando ain-da mais longe a sua desfaçatez e má-fé, enviou àsempresas uma circular a afirmar que o CCTV cadu-

cou, antes mesmo do Ministério ter tomado qual-quer posição sobre o assunto.

«No entanto, tal como se esperava, o Ministérioacaba de informar o patronato e os sindicatos deque não irá satisfazer o pedido patronal, porque oCCTV se mantém em vigor», revelou a Fequimetal,num comunicado em distribuição no sector.

Fica desfeita a confusão: as empresas continuamobrigadas a respeitar integralmente o contrato e osdireitos. Os trabalhadores devem exigir o seu cum-primento e devem comunicar ao sindicato qualquerdesrespeito.

Foi decidido realizar de imediato reuniões e ple-nários com os trabalhadores, para esclarecer a si-tuação e preparar a luta de dia 28 de Junho.

7Junho de 2005

«Os trabalhadores e os povosnão foram, não são, nem serão es-pectadores passivos de todo umprocesso que tem implicações di-rectas nas nossas condições devida e de trabalho», lembrou Car-los Carvalho, depois de – na in-tervenção sobre a actividade in-ternacional da Fequimetal – refe-rir a caracterização da conjunturainternacional feita no Programade Acção.

Como traços marcantes destaconjuntura, são apontados:

- o processo de globalização ca-

pitalista, de matriz neoliberal,- o sistema unipolar nas relaçõ-

es internacionais, onde o imperia-lismo norte-americano se consi-dera com direito a intervir mili-tarmente consoante os seus inte-resses,

- a cada vez mais injusta distri-buição da riqueza, à escala plane-tária e dentro de cada país.

Como produto do sistema capi-talista que dirige a globalização,foram referidos graves problemasque afectam os trabalhadores:desregulamentação e precariza-

ção das relações de trabalho, au-mento acentuado da exploração,retirada de direitos sociais e labo-rais, aumento das cargas de traba-lho, despedimentos, deslocaliza-ção de empresas.

Além da acção em cada país, aresposta a esta violenta ofensivaexige o reforço da capacidade deacção e luta a escalas mais am-plas, como sucede no âmbito daFEM (Federação Europeia dosMetalúrgicos, de que a Fequime-tal faz parte).

Aquele dirigente salientou que

Actividade internacional da Fequimetal

Solidariedade e cooperaçãoNo 2.º Congresso estiveram representantes de onze organizações sindicais de outros países, que aplaudiram a reafirmação do empenho da federação em fomentar a solidariedade e a cooperação internacional dos trabalhadores.

As delegações estrangeiras quese deslocaram a Portugal paraparticipar no 2.º Congresso da Fe-quimetal participaram, no dia an-terior, num seminário internacio-nal sobre condições de trabalho esaúde laboral.

Realizado num hotel de Lisboa,este debate foi promovido pelafederação e contou com o Apoiodo ISHST e da Agência Europeiapara a Segurança e a Saúde noTrabalho.

Os trabalhos decorreram empainéis temáticos, com discussãoaberta após as intervenções dosoradores convidados. Intervie-ram, neste contexto, os represen-tantes das organizações sindicaisestrangeiras.

Temas

Em debate estiveram:- no primeiro painel, «A Se-

mana Europeia da Segurança eSaúde no Trabalho sobre a pre-venção dos riscos decorrentes doruído», com intervenção inicialde Manuela Calado, representante

do Ponto Focal Nacional daAgência Europeia para a Segu-rança e Saúde no Trabalho; e oPrograma REACH como «efecti-va reforma das regras do merca-do, para a melhoria da prevençãodos riscos químicos nos locais detrabalho», com intervenção da-quela especialista e de GracielaSimões, médica do trabalho.

- no segundo painel, «A evolu-ção dos sistemas de prevençãodos riscos profissionais, face àsnovas formas de organização dotrabalho – o combate à precariza-ção do trabalho e o controlo dosriscos emergentes», tema introdu-zido por Fernando Caria, enge-nheiro e técnico superior deSHST.

- no terceiro painel, «A inter-venção dos representantes dostrabalhadores para a Segurança,Higiene e Saúde no Trabalho, aacção e funcionamento das Co-missões de SHST e o papel dossindicatos na contratação colecti-va», a partir da abordagem deHugo Dionísio, advogado e técni-co superior de SHST.

Seminário internacionalsobre saúde no trabalho

a acção sindical internacional, doponto de vista da Fequimetal,deve partir da análise dos proble-mas concretos dos trabalhadoresna empresa, onde eles são maissentidos, para a cooperação entreorganizações sindicais nacionaisou transnacionais.

Assumindo a actividade inter-nacional como prolongamento dotrabalho sindical a nível nacional,da federação dará continuidade à

acção desenvolvida no quadro daFEM, procurará o aprofundamen-to da cooperação com a EMCEF(Federação Europeia da Energia,Química e Minas) e com as fede-rações internacionais dos Traba-lhadores Metalúrgicos (FITIM) eda Química, Energia e Minas(ICEM).

Será dada especial atenção aotrabalho nos Comités de EmpresaEuropeus.

No congresso, estiveram presentes delegados das federações dametalurgia, da química e da indústria mineira com as quais as re-lações têm sido mais estreitas (em alguns casos, há mais de 30anos): Comisiones Obreras e UGT-E, de Espanha; ELA-STV, doPaís Basco; CGT e CFTC, de França; CGIL e CISL, de Itália; IGMetall, da Alemanha; CSC e FGTB, da Bélgica.

Do secretário-geral da FEM, que não pôde vir ao congresso (talcomo o presidente), chegou uma mensagem de saudação.

Delegações

CONGRESSO

NACIONAL

Preto no branco«Nos termos e para os efeitos do N.º 1 do art.º 100.º e do art.º 101.º do Código de Procedimento Admi-

nistrativo (CPA), informo V. Ex.as ser entendimento destes Serviços não haver lugar à publicação do avisode cessação de vigência do CCT mencionado em epígrafe, nos termos do N.º 2 do art.º 581.º do Código doTrabalho, uma vez que, “Enquanto não entrar em vigor um novo texto, continuará em vigor o texto que sepretende actualizar ou alterar”, de acordo com os N.os 1 e 5 da cláusula 2.ª do referido CCT, publicado noBTE N.º 28, 1.ª Série, de 29.07.1977, e não objecto de qualquer alteração posterior.

Com efeito, o regime do art.º 557.º do Código do Trabalho só será aplicável caso a convenção não regu-le a sua sobrevigência, o que nos parece não ser o caso em apreço, face ao disposto no referido N.º 5 daCláusula 2.ª, do mencionado CCT.»

(Excerto do ofício dirigido às organizações sindicais e patronais pela Direcção-Geral das Relações de Trabalho, do Ministério do Trabalho e Segurança Social, no final de Maio)

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A Fequimetal apela à mobilização dos trabalhadores para as concentrações, plenários e manifestações que a CGTP-IN realiza em Lisboa, no Porto e noutras capitais de distrito.

Dia Nacional de Luta a 28 de Junho

Protesto nas ruas

F E Q U I M E TA L Junho de 2005ÚLTIMA

Para permitir a participaçãodos trabalhadores nesta jorna-da, foi emitido um pré-aviso degreve.

O apelo a que quem trabalhana metalurgia, na metalomecâ-nica, nas minas, na química, nafarmacêutica, no petróleo e nogás junte o seu protesto ao dosrestantes assalariados foi feitono órgão máximo da federação,nos documentos e em muitasintervenções dos delegados.

Por experiência própria, des-de há muito tempo comprova-da, os trabalhadores sabem quesó conseguirão defender os di-reitos e alcançar os seus objec-tivos, se lutarem por eles.

Com a luta e o voto dos tra-balhadores, o patronato foi de-rrotado nas eleições de Feverei-ro, mas não desiste dos seusobjectivos.

Em vez da alteração que eranecessária e que, logo após aseleições, a CGTP-IN concreti-zou em dez medidas imediatas,o actual Governo do PS prosse-gue as mesmas políticas que o

seu antecessor do PSD e do PP.Há de novo fortes motivos

para o descontentamento e aluta dos trabalhadores.

No dia 28, nas ruas, vai ficarexpresso aquilo que é precisoalterar:

– aumentos salariais justos.Depois de anos a perder poderde compra, é preciso que os sa-lários aumentem, para estimu-lar o desenvolvimento econó-mico e a criação de emprego;

– combate ao agravamentoda injustiça social. Aumenta ocusto de vida, aumentam os im-postos e o Governo anunciamedidas para impor mais sacri-fícios a quem trabalha, enquan-to os lucros das grandes empre-sas atingem níveis escandalo-sos;

– defender o emprego, co-meçando por combater os des-pedimentos. É preciso que se-jam tomadas medidas para pa-rar com a chantagem das amea-ças de deslocalização e com aprecariedade no emprego.

– defender a contratação

Crise?Estamos a ver uma peça trágico-cómi-ca em 3 actos.No primeiro acto, o Governador doBanco de Portugal, Vitalício Constân-cio, surge a fazer o discurso da tanga,versão II.Entram em cena comissários do poderinstituído nas direcções dos jornais,comentadores telecomandados, admi-nistradores coleccionadores de pen-sões de reforma, gestores com carreirafeita no desmantelamento de empresas,patrões automobilizados na fuga aofisco e no desvio de fundos europeus…Cantam todos: «Os portugueses gas-tam muito, é demais; mas nós somos aexcepção, queremos mais, queremosmais».Culmina com o primeiro-ministro aafixar um edital que declara o País emcrise, perante a presença e o aplausode Sampaio, o Lacrimejante.No segundo acto, a CGTP-IN alertaque mais de 300 mil trabalhadores au-ferem o salário mínimo nacional, maisde meio milhão estão desempregados emais de 2 milhões de pessoas vivemabaixo do limiar da pobreza.Os patrões dos grandes grupos insur-gem-se contra esta denúncia e quei-xam-se de que são eles os mais afecta-dos pela crise, apregoando os resulta-dos do primeiro trimestre deste ano.Não ganharam bastante na Galp Ener-gia (162 milhões de euros, mais 50 porcento que há um ano), na EDP (217milhões), na Portugal Telecom (1476milhões), no Banif (15,5 milhões, o do-bro do ano passado), no BES (30,5 mi-lhões, quase o triplo), na Sonae Indús-tria (15,4 milhões, mais 15 vezes), naTeixeira Duarte (17,4 milhões), naPortucel (16 milhões), no Grupo Jeró-nimo Martins (16,5 milhões), na Iber-sol (94 milhões)... Os lucros anuais de2004 também foram tristes, por exem-plo, para a Semapa (185,5 milhões),para o grupo José de Melo Saúde(10,4 milhões), para a Mota e Engil(7,9 milhões), para o BCA (10,2 mi-lhões).Entram em cena os ministros da Eco-nomia e das Finanças, que decretam oaumento dos impostos e mandam ostrabalhadores apertarem mais o cinto.No terceiro acto, entra em cena o ZéPovinho, que pergunta ao GovernadorVitalício:– Onde estava V. Ex.a quando foi apro-vada a meganegociata da compra dossubmarinos, dos helicópteros, dos blin-dados, que levou dos cofres do Estadocentenas de milhões de euros? Ondeestava V. Ex.a quando o então ministroSócrates aprovou a construção de 10estádios de luxo (alguns já sem utiliza-ção)? Onde estava V. Ex.a sempre queforam denunciadas as situações de co-rrupção e esbanjamento de dinheirospúblicos? Onde tem andado V. Ex.a,que ninguém o ouviu falar sobre a es-peculação bolsista, a evasão fiscal ouas negociatas mais recentes que envol-vem responsáveis governativos?Ouve-se então a um canto, na penum-bra, alguém dizer:– Ó Vitalício Governador, queres verque o Zé ainda te vai perguntar pelosteus 30 mil euros de rendimento men-sal (80 salários mínimos); estarás dis-posto a abdicar de parte do teu salárioe dos inúmeros privilégios?E Vitalício responde: – Bem… isso é jáa seguir, mas é que é mesmo já a se-guir!Cai o pano, ao som da canção «Moneyis Money».Lá fora, ouve-se a multidão gritar: «Aluta continua!»

e t r e t a s

P e t a s

Foi com grande emoção e profundo pesarque, já no fecho deste jornal, o secretariadoda Fequimetal tomou conhecimento do fa-lecimento de Vasco Gonçalves e ÁlvaroCunhal, dois destacados lutadores pela li-berdade e pela causa dos trabalhadores.

Dois Homens de fortes convicções demo-cráticas, de grande generosidade e sentidode justiça social, que ficam indissoluvel-mente ligados à luta contra a ditadura e àRevolução do 25 de Abril que lhe pôs fim, eàs transformações políticas, económicas,sociais e culturais que dela resultaram e de-volveram a dignidade e a esperança a Portu-gal e aos portugueses.

Dois Lutadores que estiveram sempre aolado dos trabalhadores, na luta pelo traba-

lho, pelo pão e pela liberdade, durante a di-tadura fascista; na conquista e consolidaçãode importantes direitos sociais e sindicais,

após a Revolução de Abril; e, até aos dias dehoje, na resistência à ofensiva das forçasque não desistem de recuperar os velhosprivilégios perdidos.

Enquanto defensores dos valores do tra-balho e do progresso social, foram ao longodas suas vidas odiados pelo grande capital eacarinhados pelos trabalhadores.

Neste momento de pesar e tristeza, a mel-hor homenagem que podemos prestar aoGeneral Vasco Gonçalves e a Álvaro Cun-hal é prosseguirmos a luta pela defesa dosdireitos e das liberdades que, eles próprios,nos ajudaram a conquistar.

13 de Junho de 2005O Secretariado da Fequimetal

Faleceram dois lutadores pela causa dos trabalhadores

colectiva. É preciso pôr o pa-tronato a negociar de boa fé efazê-lo ver que não abdicamosdos nossos direitos nem aceita-mos a chantagem da caducida-de dos contratos.

– revogar as matérias gra-vosas do Código do Trabalhourgentemente, com prioridadepara as que estão a ser utiliza-

das pelo patronato para pôr emcausa a contratação colectiva;

– garantir o direito à Justi-ça, revogando o brutal aumen-to das custas judiciais e as gra-ves restrições no apoio judiciá-rio, normas que impedem a es-magadora maioria dos traba-lhadores de recorrerem aos tri-bunais.

No âmbito do Dia Nacional de Luta, estão marcadas, até aomomento do fecho da edição, concentrações nas seguinteslocalidades:- Lisboa, 15 horas, Praça do Município (trabalhadores dosdistritos de Lisboa, Setúbal, Évora, Beja e Portalegre);- Porto, 15 horas, Praça dos Poveiros (Porto, Bragança e VilaReal);- Aveiro, 15 horas, Praça Melo Freitas;- Braga, 15 horas, Avenida Central;- Coimbra, 15 horas, Tribunal de Trabalho;- Leiria, 15 horas, Largo do Papa;- Viseu, 15 horas, Praça do Rossio;- Guarda, 15 horas, Governo Civil;- Viana do Castelo, 14 horas, anfiteatro do Grupo Desportivodos Estaleiros.

Concentrações