2005 - avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do brasil

34
1 Avaliação de Cadeias de Valor para Peixes ornamentais do Brasil. FUNBIO/UNCTAD, Brasília 13-14 de dezembro de 2005 Relatório sobre a Cadeia de Valor de Peixes Ornamentais Consultor: Ning Labbish Chao (Ictiólogo) Coordenador de Projeto Piaba, Prof. Universidade Federal do Amazonas. Tel: (92) 3236-6380 e (92) 9988-1119; e- mail: [email protected] , [email protected] ; [email protected] . Equipe: 1. Gregory Prang (antropólogo) Zoological Society of London Manaus. Tel. (92) 3642-4554; (92) 9112-7185. E-mail: [email protected] 2. Maria Lucia Araújo (oceanólogo) Professora de Universidade Federal do Amazonas, especialista em arraias ornamentais Neotropicais. Tel: (92) 91263147; E-mail: [email protected] 3. Josely Macedo Bezerra, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável-SDS. Articuladora entre município de Barcelos (área de produção de peixes ornamentais) e estado. Tel: (92) 91898690 ; E- mail:[email protected] 4. Marco Lacerda (Diretor Técnico ABREAA - Associação Brasileira das Empresas de Aquariofilia) Rio de Janeiro. Tel/Fax(21) 2294-5264; (21) 9664- 8001 (móbile); E-mail. [email protected] 5. Koji Sakairi, presidente de ACEPOPA (Associação de Criadores e expotadores de Peixes Ornamentasi do Pará) (91) 9991-4607 (mobile) 91- 3276-7012; 91-3226-8403; 91-3236-3869. E-mail: [email protected] Participantes: IBAMA-Brasília: Clemeson Pinheiro; Mara Carvalho Nottingham; Henrique Anatole C. Ramos, Genésio Alves Araújo. SEAP-Brasília : Luiz Eduardo Lima de Freitas

Upload: fabricio-barros

Post on 08-Aug-2015

141 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

1

Avaliação de Cadeias de Valor para Peixes ornamentais do Brasil. FUNBIO/UNCTAD, Brasília 13-14 de dezembro de 2005 Relatório sobre a Cadeia de Valor de Peixes Ornamentais

Consultor: Ning Labbish Chao (Ictiólogo) Coordenador de Projeto Piaba, Prof. Universidade Federal do Amazonas. Tel: (92) 3236-6380 e (92) 9988-1119; e-mail: [email protected], [email protected]; [email protected]. Equipe:

1. Gregory Prang (antropólogo) Zoological Society of London Manaus. Tel. (92)

3642-4554; (92) 9112-7185. E-mail: [email protected]

2. Maria Lucia Araújo (oceanólogo) Professora de Universidade Federal do Amazonas, especialista em arraias ornamentais Neotropicais. Tel: (92) 91263147; E-mail: [email protected]

3. Josely Macedo Bezerra, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável-SDS. Articuladora entre município de Barcelos (área de produção de peixes ornamentais) e estado. Tel: (92) 91898690 ; E-mail:[email protected]

4. Marco Lacerda (Diretor Técnico ABREAA - Associação Brasileira das

Empresas de Aquariofilia) Rio de Janeiro. Tel/Fax(21) 2294-5264; (21) 9664-8001 (móbile); E-mail. [email protected]

5. Koji Sakairi, presidente de ACEPOPA (Associação de Criadores e

expotadores de Peixes Ornamentasi do Pará) (91) 9991-4607 (mobile) 91-3276-7012; 91-3226-8403; 91-3236-3869. E-mail: [email protected]

Participantes: IBAMA-Brasília: Clemeson Pinheiro; Mara Carvalho Nottingham; Henrique

Anatole C. Ramos, Genésio Alves Araújo. SEAP-Brasília : Luiz Eduardo Lima de Freitas

Page 2: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

2

I. Contexto e problemas enfrentados pela cadeia

Considerando a situação atual o problema principal do produto é a falta de competitividade com outros países produtores devidos os problemas de quatro áreas.

1. Problemas de organização social e econômica

a. A falta de organização efetiva nos setores produtivo e empresarial de peixes ornamentais. (ACEPOAM, ACEPOPA, ABREA)

b. A falta de marketing entre as partes envolvidas na cadeia produtiva; tanto dos empresários como também não há apoio para a divulgação por parte do governo (Sebrae, APEX, etc.)

c. Desconhecimento de cada elo da cadeia produtiva da própria cadeia como um todo. (ex: coletor deve conhecer os desejos do consumidor final, do importador etc.).

d. Há falta de parcerias entre os diferentes elos da cadeia produtiva. Não existe um censo sobre a pesca ornamental no país.

e. Há falta de comprometimento das empresas áreas em manter vôos para exportação do peixes ornamentais.

2. Problemas de legislação

a. A legislação atual contempla apenas uma parcela muito pequena dos produtos solicitados pelo mercado (a lista permitida pelo IBAMA inclui apenas 180 espécies e há mais de 2,000 espécies como produtos potenciais).

b. Existe uma percepção de falta de dados científico-técnicos acerca das espécies em exploração ou sub-exploradas que possam fundamentar as decisões dos órgãos reguladores (não há por parte dos órgãos reguladores diálogo com a comunidade científica para solicitar a informação).

c. Dificuldade de aqüicultores e empresas brasileiras se dedicarem à criação de peixes não inclusos na instrução normativa.

d. Alto e crescente nível de requerimentos no licenciamento e comercialização do produto (Tanto no Brasil quanto nos países importadores).

3. Problemas de manejo e fiscalização

a. Baixa capacitação em manejo na cadeia produtiva. b. Baixo controle da qualidade do produto ao longo da cadeia produtiva. c. Baixa adequação das instalações e transporte. d. Baixa capacitação dos profissionais que trabalham na área de ictio-

sanitário. e. Falta capacitação dos agentes envolvidos na fiscalização.

Page 3: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

3

4. Problemas voltados ao meio ambiente a. Falta de mapeamento das áreas focais de peixes ornamentais. b. As atividades e perturbações do meio ambiente que mais influenciam

o produto de forma negativa são: hidrelétricas, mineração, agricultura, urbanização, pecuária, desmatamento, introdução de peixes exóticos, pratica destrutivas de pesca.

II. Produtos e mercado

1. Tipos de mercado desta cadeia e perfil dos atores envolvidos 1.1. Mercado: Os principais mercados podem ser divididos em quatro

regiões geográficas, Europa, América do Norte, Ásia e outras regiões (Figura 1 e Tabela 1). O mercado interno, com outros países da América do Sul e África é bastante limitado. O produtor principal é da Amazônia, onde ocorrem mais de 2,000 espécies de peixes com potencial de serem explorados como peixes ornamentais.

0

200

400

600

800

EUA

Alem

anha

Hol

anda

Franç

a

Bélgica

Japã

o

Espan

ha

Hon

g Kon

g

Taiwan

Países

Valo

r em

m

il U

S$

1998(a)

1999(b)

Font e: IBAMA(a) e SECEX(b)

Fgura 1. Valor das exportações de peixes ornamentais do Estado do

Amazonas, segundo os principais exportadores. (Os dados de exportação para as demais regiões da Amazônia não estão disponíveis).

1.2. Os atores:

Piabeiros ou coletores dos peixes são povos das comunidades rurais (a venda dos peixes capturados na natureza é revertida para subsistência das famílias);

Intermediários são pessoas com poder econômico e político nas comunidades, também possuem o espírito empreendedor e tem conhecimento do mercado;

Exportadores são comerciantes com conhecimento do mercado internacional, os maiores são empresários geralmente possuem uma diversidade de atividades econômicas, porém os pequenos dependem exclusivamente da venda do peixe;

Importadores;

Atacadistas;

Varejistas.

Page 4: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

4

Aquariofilistas e paisagistas (decorar aquários no ambientes públicos como escritórios, aeroportos, etc.).

Aquários públicos

2. Principais produtos em cada mercado (Tabela 1)

2.1. Europeu: Estima-se que cerca de uma em cada sete famílias na Europa possui um aquário. Os aquariofilistas têm interesse em vários tipos de peixes. Pequenos tetras, ciclídeos, e acaris/bodós são os mais procurados. Aquariofilistas Europeus são mais exigentes em termos de qualidade e novidades, muitos têm habilidades de manter e criar peixes em casa. As associações existentes promovem encontros periódicos a nível regional e nacional. Existem várias revistas nacionais e internacionais dedicados ao aquariofilismo.

2.2. América do Norte: De maneira geral os consumidores da América do

Norte gostam de peixes mais baratos e fáceis de serem mantidos. Os mercados estão concentrados a poucas redes de lojas como Walmart, PetsMart, etc. Os varejistas, tipo família, estão sumindo de mercado. Há um grande número de associações entre os aquariofilistas, como uma associação nacional, como American Cichlid Association (www.cichlid.org), que são formadas por interesse comuns por uma espécie ou grupo de espécies. As associações existentes promovem encontros periódicos a nível regional e nacional.

2.3. Países asiáticos: Japão e China (incluindo Hong Kong e Taiwan) são os

principais mercados consumidores, e Sri Lanka, Tailândia, Cingapura, Indonésia e Malásia são os maiores produtores, de espécies de água morna como carpa, “gold fish”, “guppies”, Beta, e Koi (com grande variedade de tipos) que nestes países já são domesticados a mais de mil anos. O mercado japonês é o mais sofisticado com empresas especialistas em espécies alvos, e neste mercado, a demanda de peixes ornamentais Amazônicos é pela qualidade e raridade. A China tem um mercado emergente, 10% das famílias de classe média possuem aquários, sendo o tipo mais popular o “gold fish”. Recentemente, a demanda de aruanã e arraia de água doce têm aumentando de forma significativa, nestes mercados. Por outro lado a indústria de peixes ornamentais nos países produtores asiáticos, tem apoio do governo nas áreas de pesquisa, tecnologia, transporte e relação pública, principalmente em Cingapura que tem por objetivo ser a capital mundial de peixes ornamentais (ABREA, 2005).

2.4. Outras regiões: Os mercados da Austrália, África do Sul e Israel são os

que mais se destacam. A Austrália tem leis rígidas de proteção à importação de peixes exóticos, além do fato que o grupo de peixe “arco-íris”, que é nativo da Oceania, compete com peixes Amazônicos no

Page 5: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

5

mercado mundial. Vários países da África são produtores de ciclídeos. Israel é um grande produtor de carpas e afins de melhor qualidade ictio-sanitária.

3. Demanda atual e estimativas futuras sobre a demanda O mercado global de peixes ornamentais envolve a comercialização de 350-400

milhões de unidades/ano. A indústria de peixe ornamental mundial movimenta US$15 bilhões por ano, incluindo equipamentos, acessórios, suprimentos e publicações. O peixe que é o produto principal responde por US$ 321 milhões (US$ 287-297 milhões de peixes de água doce e 24-34 milhões de peixes de água do mar), sendo este valor referente à importação. Deste total, cerca de 63 % são exportados por países em desenvolvimento (Figura 2).

Desde 1985, o comércio internacional de organismos aquáticos teve um crescimento médio anual de 14% (Figuras 2 e 3 ). Cerca de 90% dos peixes comercializados são oriundos de cativeiro, e os outros 10% correspondem a peixes extraídos da natureza e representam apenas uma pequena porção do mercado global. Do total de peixes extraídos da natureza, 4-10% corresponde a peixes marinhos e 90-96% corresponde a peixes de água doce (OLIVIER 2001).

Figura 2. Valor de exportação de peixes ornamentais 1977-1998 (FAO, 2001).

A origem do peixe (natureza x cativeiro) é o aspecto da indústria de peixes ornamentais que mais influencia as comunidades pesqueiras de países em desenvolvimento como Brasil. O Brasil, atualmente exporta 1% de volume (número) dos peixes ornamentais no mercado mundial (Tabela 1a). Dentro deste percentual, o Estado do Amazonas contribui com aproximadamente 60% do total exportado (Figura 3). Do volume (número) restante de peixes ornamentais exportados destaca-

Page 6: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

6

se o percentual exportado pelo Estado do Pará, que responde por cerca de 80% deste total. As exportações neste Estado tiveram início na primeira metade do século 20, de forma extremamente rudimentar, com os peixes sendo acondicionados em latas de metal e transportados em navios (LADIGES, 1954).

A B

Tabela 2. Volume de peixes ornamentais exportados (A) e importados (B) no mundo (Fonte: PET Europe 9-10/2005)

Nos primórdios da indústria de peixe ornamental no Pará, as exportações de peixes ornamentais concentraram-se em espécies da ordem Characiformes (como piabas, pacus) e da família Cichlidae (acarás) (LACERDA, 2005). Atualmente, o Pará é o principal centro produtor dos peixes ornamentais dos membros da família Loricariidae conhecidos como acaris/bodós/cascudos (no Pará/Amazonas/centro-sul do país, respectivamente). Os acaris tiveram sua popularidade extraordinariamente aumentada no mercado internacional de aquariofilia a partir do final da década de 1980, quando as primeiras espécies de colorido intenso foram encontradas nos Rios Tocantins e Xingu. Nestas áreas e na Bacia do Rio Tapajós, a extração de acaris vem se revelando uma alternativa de biocomércio sustentável, pois tem substituído com sucesso a atividade de garimpo. Este fato se deve ao emprego da mão-de-obra que anteriormente era usada no garimpo, na atividade extrativista de peixes ornamentais, onde o rendimento em dinheiro é maior. Dados da ACEPOAT (Associação de Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira) revelam que, somente na região dos Rios Xingu e Iriri, há mais de 500 famílias de

A

Page 7: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

7

pescadores envolvidas na pesca de acaris, dentro da tríade de sustentabilidade econômica, social e ambiental (ABREA, 2005). Os loricarídeos apresentam maior valor agregado por exemplar, quando comparado com outras espécies de peixes ornamentais populares como cardinal, rodóstomus ou Corydoras spp.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1996 1997 1998 1999

Anos

Valo

r em

milh

are

s d

e d

óla

res

Brasil

Amazonas

Fonte: SECEX-Banco do Brasil

Figura 3. Valor total das exportações de peixe ornamental no estado do Amazonas e no Brasil.

A exportação de peixes ornamentais no Estado da Amazonas foi iniciada na década de 1930 em Tabatinga (PRANG, 2001). Mas com a descoberta de cardinal tetra (Paracheirodon axelrodi) no final da década de 1950, a bacia do médio rio Negro transformou-se no principal centro de capturas de peixes ornamentais do Amazonas. Concentrando-se inicialmente no município de Barcelos, e logo depois se estendendo para o município de Santa Isabel, a pesca de peixes ornamentais se tornou uma indústria alternativa aos produtos extrativistas em declínio, como a borracha, sorva, piaçava e a castanha. Estima-se que mais de mil famílias estejam ativamente envolvidas na captura e transporte de peixes ornamentais (PRANG, 2001) e, possivelmente, 80% da população ribeirinha da região tenham alguma relação econômica com este comércio (EISENSTADT, 1992).

Há 800 espécies de peixes registrados no rio Negro (CHAO, 2001), e apenas cerca de 60 espécies de peixes da bacia já foram exploradas para fim ornamental. A espécie alvo, o cardinal tetra (Paracheirodon axelrodi,) representa 76 a 89% do total de peixes exportados por ano. Outras espécies mais exportadas incluem o Neon verde (Paracheirodon simulans), Rodóstomos (Hemigrammus bleheri), Rosaceu (Hyphessobrycon spp.), Borboletas (Carnegiella spp.) e os Apistogramas (Apistogramma spp.). Arraias (Potamotrygon spp.) vem sendo exportados através de quotas controladas e distribuídas pelo IBAMA a ACEPOAM (Associação de Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais do Amazonas), ACEPOPA (Associação de Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais do Pará) e

Page 8: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

8

ACEPOAT (Associação de Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira).

O volume de exportações via Manaus tem oscilado entre 10 e 20 milhões de acordo com os dados divulgados pelo IBAMA do Amazonas. A demanda de peixes ornamentais do Amazonas se mantém estável ao longo dos últimos 30 anos (Figura 4).

Peixes Ornamentais Exportados do Amazonas, Brazil (1974-2003)

Dados do IBAMA-AM

0

5

10

15

20

25

74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98200

0200

2

Exportação Anual (1974 - 2003)

Núm

ero

de P

eixe

s (m

ilhõ

es)

Total Cardinal Tetra

Figura 4. Exportação de Peixes ornamentais do Estado do Amazonas fornecidos pelo IBAMA e CACEX.

4. Potencial de produção em escala industrial dos principais produtos

O nível de exportação das espécies ornamentais está abaixo do potencial

possível (Figura 5), principalmente devido às medidas restritivas (limite no número de espécies, barreiras sanitárias e burocracia extensa) dos órgãos ambientais brasileiros. A expectativa de aumento de demanda futura está reduzida. Neste cenário, um prognóstico de expansão do mercado de peixes ornamentais brasileiros é dependente de uma mudança no modelo de controle e uso de biodiversidade brasileira. Enquanto o Brasil tem perdido uma fatia substancial do mercado exportador, países na América do Sul como Colômbia, e na Ásia como Malásia têm ocupado um importante espaço significativo no mercado internacional de peixe ornamental. Países que detém a tecnologia de cultivo podem vir a suprir o mercado mundial com algumas espécies brasileiras.

Page 9: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

9

0

10

20

30

40

50

60

70

98 99 2000 2001 2002 2003 2004 2005

YEAR

ME

RO

(m

ilh

ões)

TOTAL CARDINAL TETRA

Figura 5. Baseado no levantamento de barcos de transporte em Barcelos, o potencial de produção pode atingir 40 milhões de unidades (dados de Projeto Piaba- 2005 incompleto).

O planejamento racional do uso de um maior número de espécies de peixes ornamentais ainda não exploradas, aliado ao estabelecimento de medidas que gerem um melhoramento na tecnologia de manejo do produto, para que novos mercados consumidores sejam atingidos, levariam a um aumento no atual potencial de produção da atividade extrativista.

No entanto, devem-se vislumbrar neste cenário, fatores como o cultivo de várias espécies nos países asiáticos, Europeus e os EUA tanto em nível industrial (larga escala) como também o aquarista, que produz muitas espécies em sua própria casa. Como exemplo, podemos citar o acará-disco (Symphysodon aequifasciatus), e o acará-bandeira (Pterophyllum scalare) que já são produzidos em grandes quantidades e em variedades híbridas não encontradas na natureza (CHAO, 2001). Estes exemplares estão basicamente substituindo os peixes extraídos da natureza na Amazônia. Muito embora as espécies de cultivo dominem o mercado, há uma dependência das variedades capturadas na natureza para evitar o endo-cruzamento, ou para introduzir novas características genéticas nas antigas linhagens de cativeiro. Desta forma, sempre haverá espaço para espécies oriundas do extrativismo.

Os problemas gerados pelo cultivo de espécies fora do país, na produção em escala industrial brasileira, podem ser melhor entendidos usando-se como modelo o acará-disco, que capturado na natureza representa menos de 10% do volume da categoria comercializada mundialmente. O valor agregado destes espécimes é muito baixo quando comparado com o mesmo produto reproduzido e exportado por países Asiáticos (Cingapura, Tailândia, Malásia).

O carro chefe da exportação do Amazonas, o cardinal tetra, já está sendo reproduzido em aquários na República Tcheca e nos EUA, mas as quantidades e os preços ainda não são competitivos com os capturados na bacia Amazônica. Um agravante no caso do cardinal tetra é a violação da Convenção sobre Biodiversidade (CBD), pois os países envolvidos no cultivo da espécie não têm

Page 10: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

10

respeitado as premissas do tratado, que prevê compartilhamento de lucros de produtos originados a partir do uso de recursos genéticos. Sanções previstas para os casos de violação da CBD, não são aplicadas, pois os Estados Unidos não é signatário do documento, gerando desta forma impunidade.

Uma forma de aumentar o potencial dos lucros do setor industrial de peixe ornamental em curto prazo é melhorar a qualidade do produto com técnicas de manejo, de padrões internacionais que permitam uma certificação do produto exportado. Um modelo de certificação que pode ser adequado à realidade de extrativismo de peixes ornamentais de água doce seria o modelo que está em fase de implementação para peixes marinhos pelo MAC (Marine Aquarium Council). Este modelo permitiria agregar valor ao longo da cadeia produtiva.

Além disso, o setor industrial de peixes ornamentais carece de incentivos e subsídios governamentais dentro do Brasil, para desenvolver a atividade. Altos custos de distribuição do produto que pode representar 20% ou mais do valor dos peixes exportados, também impedem o desenvolvimento do potencial industrial.

Um outro impedimento é o preço das tarifas aéreas no custo do final do peixe ornamental. Enquanto governos de países como Cingapura e Malásia incentivam a criação de tarifas diferenciadas para este produto, que são cerca de 60% mais baratas do que no Brasil. A completa ausência de preocupação dos órgãos competentes, talvez pelo desconhecimento, ou pela inabilidade de gerar uma política pública de desenvolvimento para o setor de biocomércio de peixes ornamentais, faz com que o mercado final (Europa, Japão, Taiwan) sempre opte por comprar junto aos países com melhor tarifa aérea, quando os peixes forem os mesmos. Um dos poucos incentivos neste sentido foi eliminado em 2003, que era a tarifa específica 050 (classe: peixes vivos), que permitia o trânsito interno (dentro do país) a custos razoáveis. Esta ação provocou uma elevação brutal no custo de produção dos peixes ornamentais. O panorama não favorece aplicação de altos investimentos por parte do setor empresarial nas atividades de criação em cativeiro, pois ainda é mais rentável a extração dos peixes da natureza, mas com percentual de lucros reduzidos.

5. Indicação sobre o potencial econômico da cadeia de valor no âmbito das premissas do Biocomércio

As atividades de produção/coleta – a forma de captura é artesanal, e passa de

pai para filho como uma forma de conhecimento tradicional. Esta forma de “saber” deve ser preservada, pois reflete um modo de vida único destas sociedades tradicionais constituídas por piabeiros (pescadores de peixes ornamentais).

Comercialização de bens – a comercialização de bens (os peixes) gera nas áreas de pesca a venda de produtos diversos pelos intermediários da cadeia produtiva, que caso não houvesse o biocomércio de peixes ornamentais nestas áreas, dificilmente o ribeirinho teria acesso aos produtos. Comercialização de serviços – o piabeiro como prestador de serviço é subutilizado, pois poderia ser desenvolvido um produto turístico que envolveria vários órgãos da esfera Municipal, Estadual e Federal, para observação dos peixes ornamentais no seu habitat natural, tendo como mercado consumidor os próprios aquaristas, sendo o piabeiro (pescador) utilizado como guia. Esta forma de serviço aumentaria a renda nas áreas

Page 11: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

11

de pesca, capacitaria a mão-de-obra do pescador, além de agregar valor ao produto (peixe ornamental), e geraria produtos secundários como artesanatos, desenvolvimento do setor hoteleiro e outros bens de serviços nos Municípios onde a atividade extrativista ocorre, além de atrair empresários ligados a atividade turística para o desenvolvimento da economia regional. Poderia ser desenvolvido um programa a nível nacional para a pesca esportiva de peixes ornamentais, semelhante aos programas existentes para pesca esportiva de espécies comerciais como PNDPA, ou criada uma política pública dentro de manejo de micro-bacias a nível Estadual, e Municipal. Outros incentivos poderiam ser redução dos impostos como alíquota do ICMS para empresas exportadoras, e subsídio ao óleo diesel aos pescadores.

6. Nichos de mercado e outros potenciais inexplorados Das espécies retiradas da Amazônia, destacam-se alguns grupos que

representam nichos de mercado: arraias, aruanãs, ciclídeos, apistogrammas, loricarídeos e coridoras. Geralmente, são os hobbyistas mais envolvidos que se especializam na criação e manutenção de uma variedade ou de outra. Existe uma porção pequena que gosta de “tank busters”, ou peixes grandes que podem requerer mais espaço que o aquário fornece. As arraias e aruanãs se encaixam nesse perfil. Essas duas espécies são procuradas por causa de suas formas únicas e exóticas. As arraias de água doce correspondem a um grupo de espécie de especial interesse, e representam menos de 1% do total de peixes exportados. Um dos motivos que atrai estas espécies para o mercado é a presença de um ferrão na cauda, o que proporciona ao aquarista uma sensação de aventura, risco e desafio.

Os ciclídeos (carás) representam um outro nicho. Dentro dessa categoria, destaca-se o acará-disco que é procurado por sua graça e coloração. Os homens são os principais compradores para as diversas espécies de ciclídeos, devido ao temperamento agressivo de algumas espécies. Uma outra categoria de ciclídeos de muito interesse são os apistogrammas, que apresentam tamanho máximo de 5 cm de comprimento. A abundância dessas espécies é muitas vezes baixa, e a distribuição mais limitada que os seus parentes maiores e assim mais raros, e por isso são mais valorizados. Também, dado seu comprimento, precisam de aquários de menor porte (10-20 litros). Os ciclídeos são escolhidos pelos aficionados pela facilidade em se reproduzir. Pelas informações coletadas junto aos piabeiros, a relação custo (esforço para capturar)/benefício (valor da espécie) na pesca de apistogramma não é financeiramente compensatória Estima-se que há muitas variedades de apistogramma que não estão sendo utilizadas pelo biocomércio.

Duas outras famílias de peixes que representam nichos de mercado são os bodós/acaris (Loricariidae) e corydoras (Callichthyidae). Estas famílias de peixes são bentônicas, e são procurados como “limpa vidros” ou “limpa fundos”. Existe um espaço amplo dentro do âmbito dos aquaristas para obtenção, criação e reprodução dessas espécies. Estes peixes são mais difíceis de reproduzir, e são procurados pelos aquaristas mais capacitados e experientes. O valor desse nicho pode ser apreciado pelo grande número de espécies às quais foram atribuídas numerações seqüenciais “L” (família Loricariidae) e ”C” (sub-família Corydoradinae: gêneros Corydoras e Aspidoras). Este sistema de catalogação foi criado no final da década

Page 12: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

12

de 1980 (sistema “L”) pela publicação alemã especializada Die Aquarien und Terrarien Zeitschrift (DATZ) e mais tarde aceitos e adotados por aquaristas e publicações em todo o mundo. Notabilizam-se por sua popularidade e ampla rede de distribuição os catálogos Aqualog (Aqualog Verlag: A.C.S. GmbH, Alemanha). Estes números representam espécies ainda não conhecidas pela ciência, e isto é considerado nos concursos de reprodução destas espécies mantidos pelos clubes de aquário. Um dos critérios de pontuação neste concurso é o nível de domesticidade, F0, F1, F2, F3, F4, onde F0 representa peixe da natureza. Assim, peixes F0 ganham mais pontos porque são menos domesticados, e, este fato em parte, explica a grande procura destas espécies pelos mais aficionados.

Existe também um nicho de mercado emergente que procuram produtos retirados da natureza de maneira sustentável e justo ao produtor, sendo exemplares produtos de “selo verde” e “fair trade”. O MAC, acima citado, está trabalhando para ampliar este mercado para peixes marinhos. Será necessário para o Brasil aprender com os sucessos do MAC para aproveitar este nicho. É importante salientar também que não existe nenhuma forma de marketing qualquer pelos exportadores, fora de venda direta e solicitações, e nem um apoio dado ao este setor pelo Ministério da Indústria e Comércio.

Muitos dos nichos de mercado acima citados poderiam e deveriam ser atendidos através de um aditivo na lista das espécies de peixes ornamentais continentais que podem ser comercializadas (IN013/2005-IBAMA). Apesar do setor empresarial ter feito proposta para ampliação da lista de espécies (documento 02022.001537/05 da ABREAA – Associação Brasileira das Empresas de Aquariofilia, protocolada em abril de 2005) junto ao IBAMA, nenhuma medida concreta foi tomada pelo órgão. O potencial dos peixes ornamentais será melhorado com a diversificação das espécies exportadas (uso máximo de biodiversidade). Embora a lista seja bastante conservadora, assegurando a proteção da biodiversidade nacional, também restringe o desenvolvimento econômico e social da região Amazônica. Como exemplo, a maioria dos ciclídeos tem sua exportação proibida devido a seu valor como peixe comestível. Porém, o valor de várias espécies de ciclídeos (acarás) como recurso alimentar é ínfimo, quando comparado a seu potencial ornamental.

O Brasil também pode ampliar suas exportações de peixes ornamentais para o mercado Asiático, tendo como base o potencial mercado consumidor chinês que pelo aparecimento de uma classe média emergente, apresenta 10% das famílias que possuem aquários domésticos. No entanto, até o momento não há exportação direta de peixes ornamentais do Brasil para a China. Além disso, a China tem 45 aquários públicos de médio e grande porte, quase todos possuem uma exibição de peixes Amazônicos de maior porte. O nicho de potencial de mercado chinês seria para peixes de grande porte como arraia e aruanã, e de variedades de pequeno porte da Amazônia, que ainda são raros entre as lojas varejistas na China. III. Sustentabilidade ecológica e das praticas de manejo

1. Estado de conservação das principais espécies utilizadas como matéria prima

Page 13: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

13

Os recursos aquáticos da bacia amazônica são dependentes da sustentabilidade da floresta Amazônica, principalmente nas áreas de inundação (igapó, várzea). Nos estudos de conservação de peixes ornamentais, pouca importância é dada à degradação do habitat das espécies. Este é um fator invisível quando se analisam as estatísticas pesqueiras disponíveis (CHAO, 2001). Outra evidência de que observar o comportamento do meio ambiente pode ser um bom descritor para estimativas de produção de peixes ornamentais é fornecido por Prang (2001), que relaciona a produtividade de peixes ornamentais com o ciclo hidrológico quando a enchente é mais forte e dura mais tempo, a produção de cardinal tetra é maior, e o inverso é observado nos anos em que a enchente é menor e de curta duração, conforme observado para o cardinal tetra.

Dados de redução dos estoques das espécies ornamentais têm sido divulgados sem base científica (BAYLEY & PETRERE, 1989). Os argumentos que contestam a veracidade da informação são; que nos últimos vinte anos observa-se que a demanda de mercado tem-se mantido em torno de 20 milhões de unidades/ano, e preços ao longo da cadeia produtiva aumentaram pouco, o que indica uma estabilidade e que o esforço de pesca nas áreas de captura é altamente regulado pela demanda internacional como as estatísticas do IBAMA indicam; a técnica de captura e os locais de pesca (pesqueiros) permanecem os mesmos nos últimos 45 anos, sendo apenas melhorado as técnicas de manejo e transporte. Este fato também é observado em outras espécies de peixes ornamentais de pequeno porte, que pertencem à ordem Characiformes e ao gênero Corydoras , os quais são habitantes nas áreas marginais inundáveis dos rios, com um ciclo da vida curto (<2 anos) na natureza, e um alto potencial de reprodutivo, e que não tem apresentado nenhum indicativo de diminuição dos estoques nos últimos 15 anos (Figs. 7 & 8). As exportações de peixes ornamentais no médio do rio Negro tem se mantido nos mesmos níveis de produção (Figura 8) com variações conforme o nível da água e a demanda do mercado (CHAO & PRADA-PEDREROS, 1995; CHAO, 2001)

Com relação a este tema, a criação de peixes ornamentais Amazônicos tem reduzido a demanda sobre algumas espécies como acará-disco, mas por outro lado, tem causado uma diminuição da renda local, o que tem levado a exploração de produtos alternativos como madeira e seixo, o que causa a degradação do habitat das espécies, e compromete o estado de conservação das mesmas. O princípio da precaução (“Precautionary Principle”) adotado pelo IBAMA está regulamentado sob a forma de lei pelo Governo Brasileiro, e determina que sempre se deve optar pela menor pressão objetivando a conservação da biodiversidade (VARELLA, 2004). Sob esta ótica, seria altamente desejável a coleta auto-sustentável do acará-disco, evitando o incremento de atividades ambientalmente mais degradantes, como a atividade madeireira e de extração mineral.

As espécies de acarás-disco Symphysodon aequifasciatus e Symphysodon discus apresentam habitat preferencial galhos de árvores localizados nas margens dos afluentes. Estas espécies exibem padrão de coloração de acordo com área de origem. A estrutura espacial dos grupos de discos no seu habitat, envolve uma estratificação horizontal e vertical. Indivíduos menores situam-se nas regiões mais fundas e mais centrais dentro dos galhos, e os indivíduos maiores nas regiões mais periféricas ao longo de todo estrato de profundidade. Degradação do habitat

Page 14: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

14

(remoção dos galhos) tem causado diminuição da abundância conforme observado por (CRAMPTON, 1999) para os discos capturados na região de Tefé.

Arraias de água doce - cerca de seis espécies de arraias de água doce podem ser comercializadas como peixe ornamental (IN027/2005-IBAMA-DF). A pesca destas espécies ocorre há pelo menos 20 anos, sendo que o esforço de pesca se concentra na porção de jovens e neonatos das espécies exploradas. No estado do Amazonas as espécies mais capturadas são Potamotrygon cf histrix e P. motoro, e correspondem a cerca de 60 % das estatísticas oficiais, as estimativas de abundância de ambas as espécies não têm demonstrado variações populacionais. P. orbignyi e P. schroederi representam juntas cerca de 4% das arraias exportadas do Amazonas. Estas espécies apesar se exibirem um padrão exótico de coloração tendem a ser desprezadas pela pesca de peixes ornamentais pela baixa rusticidade (ARAÚJO, et al, 2005).

As espécies de aruanã, Osteoglossum ferreirai e O. bicirrhosum, são espécies de grande porte sendo capturadas e exportadas para o mercado de peixe ornamental na fase de alevino. Como estas espécies exibem cuidado parental, normalmente a técnica de captura empregada causa a mortalidade do pai, o que gera restrição para permissão da exportação das espécies como peixe ornamental pelas agências reguladoras do país. Experimento desenvolvido por Rabello-Neto (2005), demonstrou ser possível a captura dos alevinos sem a mortalidade do pai, indicando ser possível a utilização destas espécies como peixe ornamental, desde que seja empregado um manejo adequado.

2. Potencial de regeneração/ domesticação Espécies de pequeno porte (até 5 cm de comprimento total) como as piabas do

tipo cardinal tetra (Paracheirodon axelrodi) e o lápis (Nannostomus marilynae) apresentam ciclo de vida curto atingindo em média 2 anos de idade (dados do Projeto Piaba), e apresentam uma rápida capacidade de regeneração. Os valores de mortalidade por pesca F (captura/ biomassa), não pode ser calculado diretamente, mas a biomassa extraída do ecossistema é insignificante, quando se observa o peso de um cardinal tetra é em torno de 0.2 g, e o percentual exportado da espécie em torno de 13 milhões de peixes, o peso de 2,6 toneladas. A área de produção abrange 3,7 milhões hectares de planícies inundáveis, dentro desta as áreas de pesca abrange os trechos abaixo dos igarapés, que corresponderia em média a 5% do habitat dos peixes ornamentais. A biomassa de peixes é estimada em torno de 1,6 t/h ao longo das águas pretas, enquanto a floresta tem uma biomassa de 180 t/h (peso ceco de animais e plantas, CAUFIELD, 1984).

Espécies de maior porte como arraias e aruanã, o tempo de recuperação dos estoques é mais demorado pelas características dos seus ciclos de vida. Com relação as arraias (Potamotrygon spp) enquanto for mantido a mortalidade por pesca (F) inferior a taxa de mortalidade natural (M), e não houver captura de matrizes não haverá comprometimento das populações, pois neste grupo, o modo de reprodução vivíparo, determina uma relação de denso-dependência entre estoque parental e número de indivíduos que entram na população anualmente. O tamanho máximo para exportação de cada espécie é regulamentado pela IN027/2005. Para as espécies de aruanãs (Osteoglossum spp) medidas para evitar

Page 15: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

15

a mortalidade do pai (parte do estoque parental) no momento das capturas dos alevinos, reduziriam a mortalidade por pesca, e contribuiria para uma regeneração mais eficiente do estoque explorado. Não há nenhum cultivo de peixes ornamentais em desenvolvimento na região. Apesar de ter potencial de estabelecimento da piscicultura das espécies ornamentais, todo setor empresarial envolvido não tem demonstrado interesse, pela falta de incentivos governamentais para estabelecimento desta atividade. O setor produtivo local teria que competir com países asiáticos que já dominam tecnologia de cultivo. Neste sentido, uma espécie que tem potencial para o estabelecimento de cultivo pelas características zootécnicas seria o aruanã. .

3. Contribuição do uso sustentável das principais espécies para a conservação geral do ecossistema local

Como já dito anteriormente, muitas das espécies ornamentais têm o seu habitat na planície de inundação (área de várzea/igapó). A relação da floresta com ambiente aquático deve ser mantida na sua totalidade, como por exemplo, o habitat de espécies de pequeno porte com o cardinal (Paracheirodon axelrodi), localizada na área de igapó. Como a atividade de pesca ocorre dentro deste habitat, os usuários (piabeiros) cuidam da sua preservação, impedindo a degradação, e desta forma são atores importantes na conservação geral deste ecossistema. Este fato também é observado com relação a manutenção da integridade do habitat de outras espécies como Potamotrygon spp e acaris (Loricariidae).

4. Sistemas de manejo

Deveria salientar que o comércio internacional de peixes ornamentais é uma atividade semi-formal e assim é difícil desenvolver um sistema de manejo. Na realidade, há falta uma política de ordenamento, diretrizes, e manejo da pesca de peixes ornamentais na região. As leis sobre o saneamento, direitos dos animais, e a retirada sustentável dos países consumidores são cada vez mais rigorosas para os países exportadores; particularmente na União Européia. Organizações ambientais estão pressionando a União Européia para proibir totalmente o comércio de animais silvestres (incluindo peixes ornamentais); linhas aéreas como KLM e Lufthansa já se recusam a transportar peixes vivos. Desta forma, sem programas de qualidade e um conjunto de regulamentações e medidas ambientais (certificação) nos processos de comercialização de peixes ornamentais a atividade fica prejudicada. O manejo pós-captura será tratado o abaixo em item III. 2.

A questão de preservação da biodiversidade dos peixes amazônicos e a sobrepesca já foi discutida no item II. 1. Dada a quantidade de peixes ornamentais explorados e exportados do Rio Negro, vários pesquisadores e organizações internacionais como WWF têm especulado sobre a extinção comercial de acará-discos e cardinal na Amazônia (ANDREWS 1990, BAYLEY e PETRERE 1989, WOELTJES 1995). Esta informação tem sido contradita fortemente em congressos e revistas internacionais por parte dos integrantes do Projeto Piaba que tem gerado informações originais obtidas nos pontos de pesca. No entanto, o eco do sensacionalismo internacional sobre o desenvolvimento da Amazônia, torna mais

Page 16: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

16

fácil divulgar para organizações internacionais uma atividade extrativista fracassada, do que pesca sustentável, que pode ser viabilizada por um período longo de tempo, evitando danos maiores sobre a biota amazônica, dado o número de famílias envolvidas (ver item II. 2). Seria interessante a utilização de técnicas de manejo adaptativo (controle das caixas de transporte e coleta de dado de produção pelos pescadores e intermediários). Uma alternativa interessante seria o zoneamento da área de pesca e alternância da pesca entre anos para um manejo efetivo. Outras formas seria a organização de cooperativas entre as comunidades ribeirinhas por cada zona de pesca objetivando um melhor desempenho e manutenção dos estoques. Investimentos na criação em cativeiro das espécies nativas poderiam ser uma alternativa desde que medidas governamentais para demandar junto às companhias de aviação o uso de tarifas competitivas para peixes ornamentais. IV. Aspectos socioeconômicos e legais

1. Comunidades têm experiência com os produtos identificados? Todos os integrantes da cadeia produtiva de peixe ornamental têm em média

mais de 20 anos de experiência na atividade de pesca (Figura 6). A pesca comercial de peixes ornamentais no rio Negro começou em 1950, e o peixe ornamental se tornou uma indústria extrativista muito importante para os habitantes da região de Barcelos e Santa Isabel devido „a queda nos preços dos outros produtos extrativistas produzidos nos municípios. Atualmente, o município de Barcelos é considerado como a capital do peixe ornamental, onde esta atividade é de fundamental importância para a subsistência da população local.

Exportadores

Representantes dos Exportadores

Patrões Piabeiros

Piabeiros autónomos

Patrões Piabeiros

Freguesesurbanas

Fregueses do interior

Freguesesurbanas

Fregueses do interior

Figura 6. Cadeia produtivo de peixes ornamentais procedente do Rio Negro Brasil (PRANG 2001) Obs.: Uma flecha indica transação de dinheiro vivo, uma flecha dupla indica transação de dinheiro vivo e/ou mercadoria.

Page 17: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

17

Apesar da vasta experiência na captura das espécies e um total domínio do conhecimento da ocorrência e tipo de habitat de cada produto comercializado, os pescadores/intermediários desconhecem o funcionamento do mercado, e tem grande resistência de aceitar a regra do mercado de que quanto maior oferta menor será o valor pago pelo produto. As entidades representativas dos pescadores como associações e colônias estão se estabelecendo apenas recentemente. Em 2002, um marco para as comunidades pesqueira do Rio Negro foi o estabelecimento da Colônia de pescadores Z-33, que tem promovido cursos de capacitação aos pescadores em parceria com o Projeto Piaba, SEAP (Secretária de Aqüicultura e Pesca) e SETRAB, mas que ainda não proporcionaram entendimento aos pescadores/intermediários da dinâmica de mercado.

O setor empresarial tem amplo conhecimento de cada produto exportado no que concerne a necessidades de manejo, e mercado. No entanto, carecem de uma política pública que valorizem este conhecimento em prol da atividade nas áreas de capturas, onde o dinheiro gerado pelo biocomércio realmente se faz necessário.

2. Adequação dos processos produtivos para o nível de produtores

comunitários e rurais/pequenas e médias empresas Os próprios pescadores utilizam técnicas artesanais para cuidar dos seus

peixes. Eles utilizam sal e antibióticos, de acordo com informações passadas pelos representantes dos exportadores. Muitas vezes, a falta de conhecimento técnico adequado faz com que o tratamento não seja feito corretamente. De uma maneira geral os locais de estocagem e transporte dos peixes (viveiros e bacias) são regularmente limpos; há trocas de água com freqüência entre a área de captura e o acampamento, e entre o acampamento e o ponto de intermediação. Durante o tempo de permanência nos viveiros, os peixes são alimentados com itens da dieta do pescador, sendo que esta “ração” é feita com uma combinação de ovos, peixe assado e farinha de mandioca. Um ponto crítico da atividade de peixe ornamental é a mortalidade entre as áreas de captura e pontos de intermediação, entre este e o centro exportador. Os dados de pesquisa mostram que os valores de mortalidade nestes pontos não ultrapassam o valor de 5 %. Sendo este um ponto crítico, há uma grande preocupação pela saúde dos peixes e métodos de transporte ao longo da cadeia de comercialização. No entanto, mesmo com a informação tecnológica disponível, uso deste conhecimento fica limitado por fatores ligados aos limites de transporte na região das áreas de captura. Pesquisas neste tópico são necessárias.

3. Oportunidades de agregar valor no nível local

Uma das maiores oportunidades para dar um rendimento extra para os

piabeiros seria o eco-turismo. Turistas ligados a peixes ornamentais (aquaristas e aquariófilos) poderiam visitar a região, observando os peixes em seu próprio habitat. Se possível, estabelecer um sistema de quota para que cada turista possa levar para casa uma quantidade de peixes (100 unidades) das espécies permitidas e comuns, como ocorre na pesca esportiva do tucunaré (Cichla spp), desenvolvida na mesma região. Para isso será de fundamental importância a formação de agentes

Page 18: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

18

ambientais locais, capacitação de guias, e capacitação de prestadores de serviços para implementação deste produto turístico a nível estadual e federal.

4. Potencial de geração de empregos e renda Um total de 1000 piabeiros está envolvido na captura e comercialização de

peixes ornamentais na região do rio Negro. O número de intermediários flutua anualmente, entre 60-70 indivíduos. Cada intermediário mantém sua freguesia variando de 2-15 coletores (pescadores). A contribuição da pescaria ornamental gera em média R$350.000,00 (estima-se até R$ 500-600mil) por ano no município de Barcelos, uma área de baixa densidade populacional.

Nenhuma outra atividade que poderia a aumentar a renda dos pescadores está relacionada atualmente ao extrativismo de peixes ornamentais. Algumas das atividades poderia ser, o desenvolvimento da atividade eco-turismo (pesca esportiva de peixes ornamentais), onde a mão de obra dos pescadores poderia ser utilizada. A vantagem desta atividade é que a mesma pode ocorrer ao longo de todo o ano, além de poder envolver famílias/comunidades de pescadores.

Outros produtos poderiam gerar emprego e renda na sede dos Municípios, como a venda de artesanato, doces cristalizados e em compota feito com as frutas regionais, como Camu-camu. Aumento dos empregos de prestação de serviços em hotéis, bares e restaurantes, e aumento dos meios de acesso aos Municípios onde a atividade ocorre, e com isso, incrementar o rendimento da comunidade.

5. Aspectos legais IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis . –

Regulamenta a atividade através da emissão de licenças de funcionamento, carta de anuência, cobrança de taxas ambientais, estabelecimentos das instalações e ordenamento da pesca. O ordenamento da pesca é limitado „a lista de espécies que podem ser exportadas (Instrução Normativa MMA nº 13 de 9 de junho de 2005 – IN013/2005 ). Legalmente é vedada a extração e comercialização de espécies comestíveis para fins de ornamentação, baseado no entendimento que peixe é fonte de proteína, e a principal função é alimentação.

Há a Portaria de defeso do cardinal (Paracheirodon axelrodi) que proíbe a pesca desta espécie no período de maio a julho (período reprodutivo). As raias de água doce são permitidas para exportação pela IN027/2005.

Órgãos Estaduais e Municipais – podem solicitar de acordo com a anuência do órgão federal responsável, certidão de viabilidade ambiental e licença de operação.

Ministério da Agricultura – emissão de laudos ictio-sanitários. Receita Federal – controle e fiscalização aduaneira do volume exportado.

6. Políticas públicas de apoio ao setor

Não há nenhuma política pública para o setor de pesca e comercialização de

peixes ornamentais. O único benefício existente para atividade que parte do poder público é o pagamento do seguro defeso aos pescadores. Para tal, o pescador deve

Page 19: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

19

estar associado a uma Colônia/Associação, ter documento de identidade (registro geral), CPF, carteira de trabalho e PIS/PASEP. Na maioria dos municípios onde ocorre a atividade na Amazônia, existe sequer um representante destes órgãos, para que o pescador possa obter a documentação necessária, o que muitas vezes inviabiliza o acesso do pescador ao benefício. Em Barcelos, a Colônia Z-33 concedeu 323 carteiras de pescador profissional em parceria com Ministério de Agricultura, SEAP (Secretária de Aqüicultura e Pesca), Ministério do Trabalho e Projeto Piaba. Estas parcerias permitiram uma valorização do trabalho de pescador no Município e o recebimento do benefício seguro defeso. O seguro compensa o pescador pelo tempo parado de suas atividades durante o defeso (proibição da pesca de espécies exploradas comercialmente durante o período de reprodução, normalmente quatro meses). Para o recebimento do benefício o Governo Federal exige que o pescador comprove ter carteira de pescador profissional pelo menos há três anos. O pagamento do seguro-defeso aos pescadores ornamentais em Barcelos não obedece ao período de defeso das espécies ornamentais do rio Negro que vai de abril a julho (seguro-defeso é pago em outubro-janeiro). Com a parceria estabelecida entre projeto Piaba e a Colônia Z-33, o número de pescadores licenciados e com benefício recebido aumentou em 5 vezes nos últimos 03 anos. A meta é licenciar o restante dos pescadores no período de 1 ano. Estima-se um total de 1.000 pescadores no Município de Barcelos (PRANG & THOMÉ-SOUZA, 2003).

O subsídio para compra de óleo diesel não contempla os pescadores da atividade peixe ornamental, pois a maioria das embarcações não está cadastrada na Capitania dos Portos. A organização das comunidades rurais na Amazônia, torna a atividade nos centros de captura informal.

V. Tecnologia e infra-estrutura

1. Requerimentos de tecnologia de produção/processamento

Em princípio, deve ser usado tecnologia local e conhecimentos nativos para preparar um manual e introduzir um protocolo prático e viável de melhorar a qualidade do produto visando reduzir o estress, para a manutenção das espécies vivas em condições saudáveis.

Deve ser confeccionado um manual de técnicas artesanais de manutenção dos peixes ornamentais para ser usado dentro da área de pesca, baseado nos conhecimentos e etno-ecologia das comunidades tradicionais de pescadores.

Criar um banco de dados sobre a diversidade de peixes e seus hábitats, biologia e ecologia dos peixes ornamentais na bacia do médio rio Negro e sobre os aspectos socioeconômico e cultural da pesca. Isso serve como base de um programa um sistema de GIS (Informações de Sistema Geográfico) para manejo das produções sustentáveis nas áreas da pesca.

Estabelecer um programa de coleta de dados estatísticos sobre captura, transporte, condicionamento comercialização e exportação, para que os mesmos possam ser conhecidos e compartilhados pelas agências

Page 20: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

20

reguladoras, instituições de pesquisa e usuário do recurso, para um análise dentro do critério de Bio-comércio.

2. Requerimentos de controle de qualidade

Revisar e avaliar as técnicas artesanais de manutenção dos peixes ornamentais e etno-ecologia das comunidades tradicionais de piabeiros (IV-1).

Organizar usinas e treinamento para as comunidades pesqueiras e introduzir um protocolo prático e viável de manejo para os peixes ornamentais, desde as áreas de pescaria até os aquários dos exportadores.

Reduzir a mortalidade com o emprego adequado das técnicas de manejo tradicionais.

Melhorar as condições de manuseio e translado dos peixes por terceiros como os carregadores seja nos portos locais (embarque e desembarque de carga) e aeroportos.

3. Requerimentos de infra-estrutura

Pesquisa: Laboratórios de pesquisa na Universidade Federal do Amazonas como Laboratório de Ictiologia (FCA), Laboratório de Histologia (ICB), INPA, Sociedade Civil de Mamirauá, Zoological Society of London, Universidade Federal do Pará, Museu Emílio Goeldi, e o Instituto Sócio-Ambiental, já estão equipados para gerar informações básicas sobre a diversidade, biologia e ecologias das espécies de peixes ornamentais. Necessitam de apoio para concessão de bolsas para aumentar o número de pessoas capacitadas região na área de peixe ornamental, bem como apoio ao acesso as áreas de capturas.

Sócio-economia: O Centro de Conservação Aquática em Barcelos, montado em parceria com a UFAM, ACEPOAM, Prefeitura Municipal e ONGs como Bio-Amazonia Conservation International, (OFI) Ornamental Fish International tem providenciado educação ambiental e científica para as crianças e educadores locais. O centro é um ponto de referência para os piabeiros (coletores de peixes ornamentais), além de servir como a sede da Colônia de Pescadores de Barcelos (Z-33). Há necessidade de melhorar a infra-estrutura para melhor atender as exigências e demandas locais.

Comercial: alguns aquários de exportadores possuem capacidade e qualidade para expandir a exportação. Turkys Aquário tem a ISO 9002, e selo ambiental concedido pelo Município de Barcelos, criado e regulamentado pelo Código Ambiental do Município pela qualidade do produto e infra-estrutura das suas instalações, e gerar empregos na região.

4. Requerimentos de capacitação e recursos humanos

Page 21: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

21

Para a capacitação dos pescadores deve-se ter em mente que muitos não lêem e nem escrevem, portanto um projeto de capacitação obrigatoriamente exige um projeto de alfabetização dos pescadores. A alfabetização/capacitação das comunidades ribeirinhas é a primeira linha de consideração tanto para melhorar a qualidade dos peixes como conhecer a benefício justo (“fair trade”).

Identificar e capacitar os líderes comunitários – a capacitação deve ser realizado por grupos como a Pastoral da Pesca, que é omissa nas áreas de peixes ornamentais. A Colônia de Pescadores de Barcelos (Z-33) e as comunidades selecionadas devem conhecer os princípios de organização social para entender a política local, regional e nacional e as forças econômicas externas.

Capacitar pessoas locais tanto a nível técnico como nível superior para minimizar a ocorrência de doenças nos peixes ornamentais.

Capacitar fiscais dos órgãos reguladores e conscientizar os benefícios do Biocomércio através de cursos com pesquisadores atuantes na área de peixe ornamental.

5. Disponibilidade de assistência ao setor (assistência técnica, capacitação, pesquisa)

As associações de pescadores e Colônia de Pesca, tem muito pouca assistência técnica por parte de órgãos gestores e instituições de pesquisa ligada a atividade de peixe ornamental, sendo necessário a manutenção de investimentos para geração de informação que transformem esta realidade..

As associações dos exportadores como ACEPOAM, ACEPOPA, ACEPOAT e ABREAA representam a iniciativa privada, que financiam parcialmente projetos de pesquisa que atendam a geração de dados e melhoramento de qualidade das espécies exportadas. Estas informações são vitais para o desenvolvimento sustentável da atividade de peixe ornamental do Biocomércio.

Organizações internacionais, como Ornamental Fish International (baseado em Bélgica) e MAC (Marine Aquarium Council) são organizações que promove o Bio-comércio e oferece informações para uma boa prática do negócio (“good business practice”).

Convênios de cooperação técnica entre UFAM e New England Aquarium, Institute of Hydrobiology (Chinese Academy of Science), Zhejiang Research Institute of Freshwater Fisheries estão em andamento. Como exemplo desta realização de parcerias tem-se o treinamento realizado sobre sanidade de peixes ornamentais por dois fiscais federal do Ministério de Agricultura, lotados no Estado do Amazonas na University of Maryland, National Aquarium in Baltimore e no New England Aquarium por cinco semanas em 2004 (financiado pelo CNPq e Bio-amazonia Conservation International, USA). Outras parcerias são entre a Sociedade Civil de Mamirauá e Zoological Society of London.

Page 22: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

22

Programas de Política Pública em Manejo de Recursos Pesqueiros para Bacia do Rio Negro, em parceria com Prefeitura Municipal de Barcelos, UFAM e FAPEAM, estão em fase implementação, da mesma forma que políticas estaduais de desenvolvimento sustentável da atividade extrativista dentro Programa Amazônia Verde, da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas. Outros programas como AQUABIO, não tem definido uma política clara sobre peixe ornamentais.

Page 23: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

23

VI. Principais recomendações do Workshop As recomendações para os quatro aspetos de problems e entidades serão envolvidos são:

1. Problemas de organização social e econômica

Presente (até 3 anos) a. Realizar um levantamento dos números de pessoas envolvidos na

atividade. (Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

b. Incentivar a formação de colônias de pescadores ornamentais nas principais áreas de pesca. (Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

c. Criar um programa de governo focado na questão do comercio de peixes ornamentais. (APEX, MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

d. Participação em feiras de divulgação do produto nos mercados consumidores (nacional e internacional). (APEX, Ass. De Exportadores, ONGs, MDIC)

e. Criação de cursos de treinamento aos agentes reguladores da cadeia produtiva. (MCT, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

f. Estimular o turismo ecológico ligado aos peixes ornamentais. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras, EMBRATUR)

g. Procura mercados emergentes. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, Instituicoes de pesquisa, ONGs, MDIC)

Futuro (até 10 anos) h. Continuação de cursos de treinamento. (MCT, IBAMA/MMA, Min Agri.,

SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

i. Atualizar o censo da atividade. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

j. Realizar pesquisas de mercado. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, Instituicoes de pesquisa, ONGs, MDIC)

k. Avaliação periódica dos programas governamentais. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

Page 24: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

24

l. Avaliar os impactos sociais, econômicos e cultural da pesca. (MCT, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

2. Recomendações sobre a legislação.

Presente (até 3 anos) a. Criação de grupos de trabalho ou câmaras técnicas encarregadas de

fornecer subsídios técnicos para o ordenamento do grupo. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

b. Compromisso de revisão anual das instruções normativas. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

c. Melhorar a coleta de dados estatística sobre a pesca e comercialização. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

d. Os dados de volume exportação devem ser do domínio publico. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

e. Estabelecer um programa de monitoramento. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

f. Sistematização das exigências para os pedidos para criação de espécies de peixes ornamentais não incluídos na instrução normativa vigente. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, OEMAs, prefeituras)

Futuro (até 10 anos) a. Programa de pesquisa para subsidiar a gestão do recurso: dinâmica,

estudos populacionais, taxonômicos, diversidade, zoneamento. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

3. Ações para a manejo e fiscalização

Presente (até 3 anos) a. Cursos de capacitação do coletor (MCT, Ass. De Exportadores,

IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

i. Distribuição de cartilhas sobre o manejo adequado do produto b. Cursos de capacitação do exportador (MCT, APEX, Ass. De

Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, MDIC, OEMAs, Sebrae)

Page 25: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

25

i. Cursos de inglês, atendimento do consumidor, informática, ictio-sanidade, e marketing

c. Cursos de capacitação do agentes reguladores i. Cursos de capacitação para Ibama/agentes estaduais na

identificação de peixes e o bem estar animal. (MCT, IBAMA/MMA, Instituicoes de pesquisa)

ii. Cursos de capacitação para veterinárias do Ministério de agricultura na identificação de peixes e ictio-sanidade. (MCT, Min Agri., Instituicoes de pesquisa, ONGs)

iii. Produzir um manual de identificação e fiscalização para agentes reguladores. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs,)

Futuro (até 10 anos) a. Implementar selo verde/programa de certificação. (MCT, APEX, Ass.

De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

b. Padronizar os critérios mínimos ictio-sanitarios para o setor. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

c. Continuação de cursos para todos ao longo da cadeia. (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

d. Definição de áreas e fases de defesos. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

4. Ações voltadas ao meio ambiente: destruição de habitats

Presente (até 3 anos) a. Iniciar um programa de mapeamento das áreas prioritárias de peixes

ornamentais. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

b. Calcular os estragos de biodiversidade causados pelas hidrelétricas, mineração, agricultura, urbanização, pecuária e desmatamento. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

c. Realizar levantamentos sobre as espécies exóticas e seus impactos e desenvolver legislações. (MCT, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras, MCT)

d. Proibir práticas de pesca predatória. (IBAMA/MMA, OEMAs, prefeituras)

Futuro (até 10 anos)

Page 26: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

26

a. Monitoramento da pesca e o comércio (MCT, APEX, Ass. De Exportadores, IBAMA/MMA, Min Agri., SEAP, Receita Federal, Instituicoes de pesquisa, ONGs, Mtrab, MDIC, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

b. Avaliar os impactos ambientais. (MCT, IBAMA/MMA, SEAP, Instituicoes de pesquisa, ONGs, OEMAs, Colônias/ass. Pesca, prefeituras)

VII. Conclusões e passos futuros A potencial de usar a biodiversidade de ictiofauna do Brasil é maior do que paises vizinhos, a falta de competitividade com outros países só pode ser vencido com um político pragmático sobre os recursos sustentável do pais. Os problemas e analises feitos durante este Workshop pode ser resumidos em seguintes ações em curto e longo prazos. Presente (até 3 anos)

Criar grupos de trabalho para fornecer subsídios técnicos.

Revisar as instruções normativas anualmente.

Melhorar a coleta de dados estatísticos e estabelecer um programa de monitoramento, como um Sistema de Informática geográfica (GIS)

Sistematização das exigências para os pedidos para criação de espécies de peixes ornamentais.

Futuro (até 10 anos)

Adotar uma estratégia de economia pragmática e flexível conforme a dinâmico do mercado.

Criar um programa de pesquisa para subsidiar a gestão do recurso.

Page 27: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

27

Bibliografia ANDREWS, C. 1990 The ornamental fish trade and fish conservation. Journal of Fish Biology 37(Supplement A):53-59. ARAÚJO, M.L.G.; DUNCAN, W.L.P.;MELO,S.M.V. SHIBUYA,A.l, 2005) relatório técnico apresentado ao IBAMA referente a Portaria №06/2003, de 25 de junho de 2003. 100pp. BAYLEY, P.N.; PETERERE, M. 1989. Amazon fisheries: assessment methods, current status and management options. In Special Publication of the Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences :385-398. CAUFIELD, C. 1984. In the rainforest. Univ. Of Chicago Press, 311p. CHAO, N. L.; PRADA-PEDREROS, S.. 1995. Diversity and conservation of ornamental fishes and fishery of Rio Negro, Amazonas, Brazil. P.241-260. In C.W. Voigtlander (ed.) Theme 3. Protection of aquatic biodiversity. Proceedings of World Fisheries Congress, May 3-8, 1992, Athens, Greece. Oxford & IBH Publ. New Delhi. CHAO, N.L. 2001. Fisheries, diversity, and conservation of ornamental fishes of the Rio Negro Basin, Brazil – A Review of Project Piaba (1989-1999). Pp. 161-204. In CHAO, N. L.; PETRY, P.; PRANG; G.; SONNESCHIEN, L. TILUSTY, M. (orgs.) Conservation and management of ornamental fish resources of the Rio Negro basin, Amazonia, Brazil – Projeto Piaba. Editora da Universidade do Amazonas, Manaus. 309p. CRAMPTON, W. G. R. 1999 The Impact of the ornamental fish trade on the discus Symphysodon aequifasciatus: a Case study from the floodplain forests of Estação Ecológica Mamirauá. In Várzea: diversity, development and conservation of Amazonia‟s Whitewater Floodplain. C. Padoch, J. M. Ayres, M. Piendo-Vasquez, and P. A. Henderson, eds. Pp. 29-46.New York: New York Botanical Garden Press. EISENSTADT, T. A.1992. The Rio Negro basin‟s aquarium fish trade: harbinger of sustainable development, or the “one that got away?” Unpublished Manuscript. Manaus: Fundação Vitória Amazônica. FAO FISHSTAT PLUS. 2001. Commodities production and trade, ornamental fish, 1976-1999, v. 2.30. Food and Agriculture Organization of the United Nations. LACERDA, M.T. 2005. Aquarienfische aus Brasilien: die Geschichte des fischexports. Amazonas, 1(1): 32-37). LADIGES, W. 1954. Tropische Fische. 242 pp., 43 col. Prints, 284 illustr. Gustav Wenzel & Sohn, Braunschweig).

Page 28: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

28

PRANG, G. 2001. A caboclo society in the middle Rio Negro basin: ecology, economy and history of an ornamental fishery in the state of Amazonas, Brazil. Tese de Ph.D. Dept. De antropologia, Wayne State University, Detroit, Michigan PRANG, G. E M. THOMÉ de SOUZA. 2003. The social and economic contributions of the ornamental fish trade and Project Piaba to poverty reduction along the Rio Negro. Ornamental Fish International Journal (March). RABELLO-NETO,J.G. 2005. Subsídios para a elaboração de um plano de manejo para a exploração do aruanã preto (Osteoglossum Ferreirai) e aruanã branco (Osteoglossum Bicihrrosum) como Peixe Ornamental no Médio Rio Negro. RelatórioTécnico apresentado ao IBAMA referente a Portaria №01/2002, de 07 de junho de 2002.28pp. SOUZA, L. A. 2001 Uma diagnose dos peixes ornamentais exportados do Amazonas. Monografia para o grau de Engenheiro de Pesca, Universidade do Amazonas. VARELLA, M.D. & A.F.B. PLATIAU. 2004. Princípio da precaução: coleção direito ambiental em debate. Del Rey, Belo Horizonte. 415 pp. WOELTJES, T. 1995. Ornamental fish trade in the Netherlands. WWF. Netherlands/ Traffic Europe.

Page 29: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

29

Anexo 1. Análises comparativas por produto. Grupo do

produto

Principais

gargalos

Políticas relacionadas (com

explicações) do grupo do produto

Relevância regional dos

gargalos identificados

Solução/estratégia regional

possível Valor agregado

1. Dez Grupos de peixes mais exportados (quantidade e popularidade)

Cardinal Tetra

(1esp.)

Preço baixo

(R$15/1,000

p/pescador)

Permitido pelo

IBAMA –

IN013/2005

Sem restrição de

quantidade

Sistema de comércio é por

aviamento. Alto custo

para escoar a produção.

Estabelecer preço mínimo

para os produtores.

Facilitar a burocracia para

acesso a subsídios do

governo.

Selo verde para

peixes capturados de

maneira sustentável.

Selo de

responsabilidade

ambiental Municipal

Rodóstomo-

Rommynose tetra

(3 esp.)

Preço baixo

(R$15/1,000

p/pescador)

Cultivo nos países

Asiáticos

Permitido pelo

IBAMA –

IN013/2005

Sem restrição de

quantidade

Sistema de comércio é por

aviamento. Alto custo

para escoar a produção.

Estabelecer preço mínimo

para os produtores. Facilitar

a burocracia para acesso a

subsídios do governo.

Selo verde para

peixes capturado em

de maneira

sustentável.

Selo de

responsabilidade

ambiental Municipal.

Rosa-céu-

Bleeding heart

tetra (+5 esp.)

Preço baixo

(R$15/1,000

p/pescador)

Cultivo nos países

Asiáticos

Permitido pelo

IBAMA –

IN013/2005

Sem restrição de

quantidade

Sistema de comércio é por

aviamento. Alto custo

para escoar a produção.

Estabelecer preço mínimo

para os produtores Facilitar

a burocracia para acesso a

subsídios do governo.

Selo verde para

peixes capturados de

forma maneira

sustentável.

Selo de

responsabilidade

ambiental Municipal.

Borboleta –

Freshwater

Hatchet Fish

(3-5 esp.)

Preço baixo

(R$15/1,000

p/pescador)

Cultivo nos países

Asiáticos

Permitido pelo

IBAMA –

IN013/2005

Sem restrição de

quantidade

Sistema de comércio é por

aviamento. Alto custo

para escoar a produção

Estabelecer preço mínimo

para os produtores. Facilitar

a burocracia para acesso a

subsídios do governo.

Selo verde para

peixes capturados de

forma sustentável.

Selo de

responsabilidade

ambiental Municipal

Corydoras (+50

esp.)

Alta taxa de

parasitismo.

IN013/2005

não é

praticável para

estas espécies.

Identificação

difícil para

fiscais.

Pode adotar

sistema de

nomenclatura do

mercado.

Sistema de comércio é por

aviamento Tratamento de

parasitismo inadequado.

Capacitação de técnicos na

área.

Melhorar qualidade

com uso de tecnologia

de desenvolvimento

regional.

Plecos- Taxonomia pouco IN013/2005 Identificação Estoque das espécies Ampliar as variedades e Melhorar qualidade

Page 30: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

30

Bodós e acaris

(+50 esp.)

conhecida não é

praticável para

estas espécies.

difícil para

fiscais

Pode adotar

sistema de

nomenclatura do

mercado.

desconhecidas.

Sistema de comércio é por

aviamento.

Alto custo para escoar a

produção.

Falta de pesquisadores

capacitados párea estudos

de taxonomia.

áreas de coletas ainda não

exploradas.

Capacitação de técnicos na

área.

Capacitação de

pesquisadores na área.

com uso de tecnologia

de desenvolvimento

regional.

Cara açu-

Oscar

(1 sep.)

Espécie cultivada

fora da região,

demanda é

limitada

Não é

permitida

Peixe comestível Não há Ampliar as variedades e

áreas de coletas ainda não

exploradas.

Promover peixes da

natureza, com

permissão de

exploração em áreas

manejadas.

Acará- discos

-Discus

(2 esp.)

Espécie cultivada

fora da região,

demanda é

limitada

Permitido pelo

IBAMA –

IN013/2005

Sem restrição Possível degradação do

hábitat.

Estabelecer preço mínimo

para os produtores. Facilitar

a burocracia para acesso a

subsídios do governo.

Selo verde para

peixes capturados de

forma sustentável.

Selo de

responsabilidade

ambiental Municipal

Cara bandeira-

Angel fish

(2 esp)

Espécie cultivada

fora da região,

demanda é

limitada

Permitido pelo

IBAMA –

IN013/2005

Sem restrição Não há Estabelecer preço mínimo

para os produtores. Facilitar

a burocracia para acesso a

subsídios do governo.

Selo verde para

peixes capturados de

forma sustentável.

Selo de

responsabilidade

ambiental Municipal

Apistogramma

Dwarf cichlids

(20-30 esp)

Espécie cultivada

fora da região,

demanda é

limitada

Permitido pelo

IBAMA –

IN013/2005

Poucas espécies

permitidas e

Identificação

difícil para

fiscais

Densidades baixas. Capacitação técnicos na

área.

Ampliar as variedades e

áreas de coletas ainda não

exploradas.

Peixes de pouca

quantidade, preço

alto.

Viabilizar técnicas de

cultivo.

Arraias –

Stingrays

(6 esp.)

Alto

policromatismo,

gerando

problemas

taxonômicos

Permissão de

exportação de

6 espécies

apenas para os

estados de

Amazonas e

Pará

Identificação

difícil para

fiscais.

Quantidades

permitidas estão

abaixo do

potencial

Extrapolação das quotas.

Espécies exportadas com

identificação errada.

Capacitação técnicos na

área.

Ampliar as variedades e

áreas de coletas ainda não

exploradas.

Aumentar lista de espécies.

Aumentar as quantidades

Selo ambiental para

empresas

comprometidas com a

exploração racional

do recurso.

Permitir a exportação

de espécies que de

Page 31: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

31

(IN027/2005). biológico das

espécies e não

atendem a

demanda de

mercado.

permitidas para exportação

por espécie.

áreas manejadas em

quantidades

sustentáveis

Aruwana-

Aruanã

(2 esp.)

Técnica de captura

e manejo

inadequados.

Não é

permitido.

Peixe comestível Sazonalidade do produto. Permitir uma quota de

captura e comercialização

gerenciada.

Cultural oriental – um

peixes de sorte

Permitir a exportação

de exemplares

capturados em áreas

manejadas em

quantidades

sustentáveis

Pirarucu

(1 esp.)

Listada como

espécie ameaçada

de extinção

Não é

permitido

Peixe comestível Área de distribuição

limitada

Permitir uma quota de

captura e comercialização

gerenciada

Cultural oriental – um

peixes de sorte

Permitir a exportação

de exemplares

capturados em áreas

manejadas em

quantidades

sustentáveis Cultural

oriental – um peixes

de sorte

Bagres-

Catfishes

(+10 esp.)

Para uso em

exibições públicas.

Permissão

para exportar

filé

congelado,

mas não como

ornamental

Peixe comestível Sazonalidade do produto. Permitir uma quota de

captura e comercialização

gerenciada

Selo verde para

bagres capturado em

maneira sustentável

Page 32: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

32

Anexo 2. Síntese dos papéis e funções das principais organizações envolvidas

Page 33: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

33

Áreas temáticas Organização

Mandato &

status

institucional

Áreas

geográficas de

intervenção

Serviços fornecidos

Alianças estratégicas com

institutos de pesquisa e

programas

socioeconômicos

relacionados ao comércio

de peixes ornamentais

Demanda de

Mercado, oferta do

produto, controle de

preço e da

quantidade a ser

comprada

ACEPOAM

Ass. de

Exportadores e

Criadores do Peixe

Ornamental do

Estado do

Amazonas

Associação de

exportadores,

voluntário,ONG

Amazonas dão suporte a pesquisa Sim

Demanda de

Mercado, oferta do

produto, controle de

preço e da

quantidade a ser

comprada

ACEPOPA Ass. de

Exportadores de

Criadores do Peixe

Ornamental do

Estado do Pará

Associação de

exportadores,

voluntário,ONG

Pará dão suporte a pesquisa Sim

Resolução de

entraves

burocráticos

ABREA

Ass. De

Exportadores do

Brasil

Associação de

exportadores,

voluntário,ONG

Brasil Representação do setor produtivo

mediante as agências reguladoras.

Sim

Regular, fiscalizar e

dar permissão de

operação

IBAMA Regulador do

gov. Federal

Federal e

estadual

Licenciamento

Fiscalização

Apreensão

Sim

Emissão de Laudo

ictio-sanitário do

produto

Ministério de

Agricultura.

Regulador do

gov. Federal

Federal e

estadual

Inspeção nas áreas de exportação

(portos e aeroportos)

Sim

Regularizar a

situação trabalhista

do pescador

Ministério de

Trabalho

Regulador do

gov. Federal

Federal e

estadual

Fiscalização

Emissão de documentos

Não

Serviço social

Incentivo a

produção

SEAP Regulador do

gov. Federal

Federal Pagamento de seguro de

desemprego

Desenvolvimento de linhas de

fomento específica para o setor

produtivo

Sim

Estipular taxas e

cobrança de

impostos do setor

produtivo

Receita Federal Regulador do

gov. Federal

Federal e

estadual

Nenhum Não

Regular, fiscalizar e

dar permissão de

operação.

Agências

Ambientais

Estaduais

Regulador do

gov. Estadual

Estadual Licenciamento

Apreensão e desenvolvimento de

políticas públicas para o setor

Sim

Fornecer informação

técnicas para os

diferentes atores da

vigilância ambiental.

Institutos de

Pesquisa

Pesquisas e

extensão

Amazônia e

estados afins

Fornecer assistências técnicas,

geração de tecnologia e

capacitação para fiscais.

Sim

Determinar as

diretrizes para uma

pesca responsável

FAO Estatísticas de

Peixes

Ornamentais

Mundial Estatísticas de comércio Não

Voluntário e lobby

para legislação

Marine Aquarium

Council

ONG Mundial Certificação de peixes

ornamentais

Sim

Page 34: 2005 - Avaliação de cadeias de valor para peixes ornamentais do Brasil

34