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ASTREINTES - TST - CONDENAÇÃO EM R$200,00

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  • 18/03/2015 TSTEEDRR15280016.2001.5.03.0019Datadepublicao:DEJT19/12/2013

    http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=EEDRR%20%2 1/11

    ACRDO

    SDI1

    ACV/nsl

    RECURSO DE EMBARGOS. AO CIVIL PBLICA. TERCEIRIZAO.ILICITUDE. FRAUDE NA CONTRATAO DE EMPREGADOS. COOPERATIVADEMOTOCICLISTASPARATRANSPORTEDEMERCADORIAS.LIMITES DARESTRIOASERIMPOSTAR.Ailicitudedaterceirizao,incasu,nodizrespeitoatividadeterceirizada,massimnaconstataodefraude,eisqueevidenciadaacontrataode empregados, por meio de cooperativa, sob o pretexto deterceirizao,noobstanteapresenadetodososelementoscaracterizadores do vnculo de emprego diretamente com aempresa, dita tomadora de servio, real empregadora. Nessecontexto, e considerando os limites do pedido constante dapresenteaocivilpblica,acondenaodenofazeraseratribuda r deve consistir na determinao de absterseda prtica do procedimento fraudatrio, no possuindo ocondo de vedar a possibilidade de futura terceirizao daatividade, por procedimento regular. Recurso de embargosconhecidoeparcialmenteprovido.

    Vistos,relatadosediscutidosestesautosdeEmbargosemEmbargosdeDeclaraoemRecursodeRevistanTSTEEDRR15280016.2001.5.03.0019, em que EmbarganteDROGARIA ARAJO S.A. e Embargado MINISTRIO PBLICO DOTRABALHODA3REGIO.

    Ac.3Turma,medianteoacrdodalavradaExma.Ministra Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, s fls.1290/1305, conheceu do recurso de revista interposto peloMinistrioPblico,porviolaodosartigos2e3daCLTe, no mrito, deulhe provimento para determinar que aempresa r se abstenha de contratar o servio de entregasdomiciliares de produtos de seu comrcio mediante empresainterposta,incluindocooperativas,sobpenademultadiriano valor de R$ 200,00 aps o trnsito em julgado dapresente deciso , por trabalhador irregular, a serrevertidaaoFundodeAmparoaoTrabalhadorFAT(art.461,4,doCPC).

    Foramopostosembargosdedeclaraopelar,sfls. 1313/1323, e pelo Ministrio Pblico, s fls.1325/1328, com respectivas impugnaes, sendo ambosrejeitados, nos termos do acrdo de fls. 1348/1356v., porausnciadospressupostosprevistosnosartigos897AdaCLTe535doCPC.

    Nas razes de recurso de embargos, s fls.1360/1376, a r sustenta a licitude da terceirizao deserviosdetransportedemedicamentoseoutrosprodutosporela comercializados, por intermdio de cooperativa de

  • 18/03/2015 TSTEEDRR15280016.2001.5.03.0019Datadepublicao:DEJT19/12/2013

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    motociclistas, haja vista tratarse de mera atividadeacessria,quenoseconfundecomoseuncleoempresarial.Insurgese contra o conhecimento do recurso de revista doMinistrio Pblico, alegando que a c. Turma decidiucontrariamente a prova dos autos. Aponta violao dosartigos5,LV,daConstituioFederal,131doCPC,2,3,

    765e845daCLTecontrariedadesSmulasnos126e331doc.TST.Transcrevearestosaoconfrontodeteses.

    O Ministrio Pblico do Trabalho apresentouimpugnaoaorecursodeembargos,sfls.1442/1447.

    Emsessode21/03/2013decidiusesuspenderojulgamento em virtude de pedido de vista regimental,formuladopeloExmo.MinistroCarlosAlbertoReisdePaula,aps j proferido o voto deste Relator no sentido deconhecer do recurso de embargos por divergnciajurisprudencial e, no mrito, darlhe parcial provimentopararestringiracondenaodenofazeratribudardeterminao de absterse da prtica do procedimentofraudatrio evidenciado nestes autos, sob pena de multadirianovalordeR$200,00(duzentosreais),acontardotrnsitoemjulgadodadeciso,aserconvertidaemfavordoFundodeAmparoaoTrabalhadorFAT.

    Noobstante,considerandoaarguiotrazidadaTribunapelaadvogadadaembargante,acercadefatonovo,ea subsequente reflexo acerca da possibilidade deconciliao entre as partes, determinei a remessa destesautos ao Ncleo Permanente de Conciliao do TST NUPEC,para o fim de adotar as providncias necessrias para arealizao de audincia, na forma do art. 6, pargrafonicodoAto732/2012,consoanteostermosdor.despachodefls.1.455/1.455v.

    ContraessadeterminaoinsurgeseoMinistrioPblicodoTrabalho,sustentandooseuposicionamentoquanto inviabilidade de conciliao, conforme petio de fls.1.461/1.461v..

    Manifestaodaembargantesfls.1.464/1.465,insistindo na licitude do procedimento adotado quanto contratao de cooperativa para a prestao de servios deentregademercadorias.

    orelatrio.

    VOTO

    PRESSUPOSTOSEXTRNSECOS

    Recurso tempestivo (acrdo em embargos dedeclarao publicado em 29/06/2012 e recurso de embargosprotocolizado em 03/08/2012), subscrito por procurador

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    habilitado, devidamente preparado, o que autoriza aapreciaodospressupostosintrnsecosdeadmissibilidade.

    IDATENTATIVADECONCILIAOENTREASPARTES.

    TendoemvistaosargumentostrazidosdaTribunapela advogada da embargante e considerando a possibilidadede conciliao entre as partes determinouse a remessadestes autos ao Ncleo Permanente de Conciliao do TST NUPEC,criadopeloAton732/2012,paraofimdeadotarasprovidncias necessrias para a realizao de audincia,consoantedespachodefls.1.455/1.455v.

    Adecisofoiamparadanoartigo3doAto732/2012,segundo o qual "O Ministro Relator pode, de ofcio,determinar a realizao de audincia de conciliao nosprocessos que entender existir razovel possibilidade desoluoconsensual".

    Noobstante,diantedopronunciamentodo d.MinistrioPblicodoTrabalho,autordapresenteAoCivilPblica, que, nos termos da petio de fls. 1.461/1.461v,posicionase pela inviabilidade de conciliao entre aspartes,econsiderando,ainda,amanifestaodaembargante,sfls.1.464/1.465,determinouseareinclusodofeitoempauta,parajulgamento.

    IIAOCIVILPBLICA.TERCEIRIZAO.ILICITUDE.FRAUDE NA CONTRATAO DE EMPREGADOS. COOPERATIVA DEMOTOCICLISTAS PARA TRANSPORTE DE MERCADORIAS. LIMITES DARESTRIOASERIMPOSTAR.

    CONHECIMENTO

    Ac.Turmaconheceudorecursoderevistainterpostopelo Ministrio Pblico do Trabalho e deulhe provimentopara,diantedaanlisedoselementosconstantesdosautosereconhecendo a ocorrncia de fraude na contratao deempregados, por intermdio de cooperativa, declarar ailicitude do contrato de terceirizao celebrado pelaempresar.

    Porconseguinte,consideradosostermosdamedidainibitria, objeto da ao civil pblica, determinou a c.Turmaquearseabstenhadecontratarserviodeentregasdomiciliares de produtos de seu comrcio, mediante empresainterposta,incluindocooperativa,sobpenademultadiria,noimportedeR$200,00,afluirapsotrnsitoemjulgadodadeciso.Eisosfundamentosdav.decisoembargada:

    "Conforme se denota do excerto transcrito, aCorte de origem, forte no princpio dapersuaso racional, concluiu pela licitude da terceirizao dos servios de entregadomiciliardeprodutosdecomrcio,aofundamentodeque,emboraprevistosnoestatutosocialdaempresa reclamada, tais serviosnoseenquadramemsuaatividadefim,uma'vez que sua atividade primordial a comercializao e manipulao de produtos

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    farmacuticos,correlatoseveterinrios,enoadeentregadessesprodutos'(fl.1.162).

    Cedio que a terceirizao foi pensada pelos sistemas produtivos como instrumentoeconmicocapazdeminimizaroscustosoperacionaisdecorrentesdacontrataodemodeobra.Emboralargamentedifundida,asgravesimplicaessociaisnasearatrabalhistaconduzem necessidade de acurada anlise do instituto, com vistas preservao davalorizao do trabalho humano e busca do pleno emprego, luz dos preceitosinsculpidosnosartigos1,IIIeIV,e170,caputeVIII,daConstituiodaRepblica.

    Faobrevedigressopararecordarque, informadapelaconstantepreocupaocomamercantilizao e precarizao do trabalho humano, esta Corte sempre se pautou pelacautelanaadmissodofenmenoterceirizante,emvirtude,justamente,dainexistnciadediplomalegalqueregulamenteoinstitutoemsuainteireza.

    Nessa moldura, temse que, em um primeiro momento, com a edio da Smula256/TST, em 1986, se reputou vedada a terceirizao, exceto nos casos de trabalhotemporrioede serviosdevigilncia,hiptesesobjetodeexpressapreviso legal (Leis6.019/74e7.102/83).

    Ulteriormente,passouseaadmitiraterceirizaodeatividademeio,prticaconsagradano seiodaadministraopblica,nos termosdoart. 10,7,doDecretolei200/67,deseguinteteor:

    'Art.10.AexecuodasatividadesdaAdministraoFederaldeverseramplamentedescentralizada.

    (...)

    7Paramelhordesincumbirsedastarefasdeplanejamento,coordenao,supervisoecontrole e com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado da mquinaadministrativa,aAdministraoprocurardesobrigarsedarealizaomaterialde tarefasexecutivas,recorrendo,semprequepossvel,execuoindireta,mediantecontrato,desdeque exista, na rea, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada adesempenharosencargosdeexecuo.'

    Densificandoaprevisodoreferido7doart.10doDecretolei200/67,opargrafonicodo art. 3 daLei 5.645/70 queveio a ser revogadopelaLei 9.527/97 previa apossibilidade de terceirizao das atividades relativas aos servios de 'transporte,conservao,custdia,operaodeelevadores,limpezaeoutrasassemelhadas'.

    Firmeemtaisbalizas,einformadopeloprincpiodaisonomia,esteTribunal,aofinaldoano de 1993, editou a Smula 331, estendendo iniciativa privada os contornos daterceirizaoautorizadanombitodaadministraopblica.Apsalteraorealizadaem2000,ocitadoverbetepassouaostentaraatualredao:

    'CONTRATODEPRESTAODESERVIOS.LEGALIDADE

    I A contratao de trabalhadores por empresa interposta ilegal, formandose ovnculo diretamente com o tomador dos servios, salvo no caso de trabalho temporrio(Lein6.019,de03.01.1974).

    II A contratao irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, no geravnculodeempregocomosrgosdaadministraopblicadireta,indiretaoufundacional(art.37,II,daCF/1988).

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    III No forma vnculo de emprego com o tomador a contratao de servios devigilncia (Lei n 7.102, de 20.06.1983) e de conservao e limpeza, bem como a deservios especializados ligados atividademeio do tomador, desde que inexistente apessoalidadeeasubordinaodireta.

    IVOinadimplementodasobrigaestrabalhistas,porpartedoempregador,implicaaresponsabilidadesubsidiriadotomadordosservios,quantoquelasobrigaes,inclusivequanto aos rgos da administrao direta, das autarquias, das fundaes pblicas, dasempresas pblicas e das sociedadesde economiamista, desdequehajamparticipadodarelaoprocessualeconstemtambmdottuloexecutivojudicial(art.71daLein8.666,de21.06.1993).'

    NodescurodajurisprudnciaperfilhadaporesteTribunalSuperiornoquedizcomosserviosprestadospormotoboys,aqualorientaparaoexamedecadacasoconcreto,comsuaspeculiaridades,afimdeperquirirseatividadefim,emquevedadaaterceirizao,ouatividademeio e, nesta hiptese, se presentes, ou no, os elementos configuradores darelaodeemprego.Exemplificotalentendimento,coligindoosseguintesjulgados:

    (...)

    Nocasoemexamehelementosfticossuficientesaindicarodelineamentodevnculodeemprego,pelapresenadosrequisitoslegais,comaconclusodequeacontrataodosmotoboys (48) por meio de cooperativa se fez em fraude legislao trabalhista,configuradahiptesedeterceirizaoilcita.

    Comefeito,restouconsignadopeloTribunalRegional,reproduzindooteordoautodeinfrao, que 'os auditores fiscais do trabalho informaram que 'foram encontrados 48empregadoscontratadosirregularmenteatravsdaCooperativadeTrabalhoCBTA'eque'exercem a funo de motoqueiros (responsveis por entregas em domiclio, dentro dosistemadenominado 'Drogatel.Arajo'), estandopresentesospressupostosda relaodeemprego,previstosnosartigos2e3daConsolidaodasLeisdoTrabalho,emrelaoDrogariaArajoS.A,conformedescritonoautodeinfraon005406447'(sic,fl.18)'(fl.1.163).E,comojdestaqueinojulgamentoanterior,orelatriodeinspeodaautoridadefiscal, 'porqueemanadode agentespblicos competentespara exercer a fiscalizaodasrelaes de trabalho auditores fiscais do trabalho , goza de presuno de veracidadequanto aos fatos nele descritos' (fl. 1.134), com a conseqente inverso do encargoprobatrio.

    Nessa linha, no infirmados pela r, com meios de prova hbeis a tanto, os fatosregistradospelosauditoresfiscaisdotrabalho,impeseaconclusodequeos'motoboys',formalmente cooperados da CBTA, se fisionomizavam, no plano dos fatos, comoempregados da sociedade annima reclamada, consabida a prevalncia, no Direito doTrabalho,doprincpiodaprimaziadarealidade,ecomdestaqueremuneraocombasena unidade de tempo, a par de executados servios tambm de transferncia demercadoriasentreaslojas,enoapenasentregasadomiclio.

    Bastaa leitura,apropsito,do item5.6doautode infrao, transcritopelaCortedeorigem,verbis:'osserviosaseremexecutadossodeterminadospelatomadora,conformeclusula 3.2 do contrato de prestao de servios' os 'motoboys' 'tm sua atividadecontroladaporempregadosdatomadoraqueindicamosprodutosaseremtransportadoseosrespectivoslocaisdeentrega''soobrigadosacumprirosregulamentosdatomadora'e'procedimentospreestabelecidosparaexecuodastarefascontratadas,conformedescritoemManualdeProcedimentosOperacionais,anexoaocontratodeprestaodeservios'e'utilizamuniformescomalogomarca'DrogatelArajo'.Ainda,constadorelatrioque'oscooperadosnopodemprestar serviosaoutrasempresasdomesmo ramoda tomadora'

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    (fl.1.163),queo'contratodeprestaodeservioscelebradoentreaDrogariaArajoeaCooperativaBrasileiradeTrabalhoAutnomoLtda.CBTAtemcomoobjeto'aprestaodosserviosdetransportedecargas(...)compreendendo:...transfernciadeprodutosentrelojas'eque'ocritrioderemuneraobaseiasenotempodisposiodotomadorenonaproduoporelerealizada'.

    Noutraparte,oTribunalRegionalassentouque'nosdocumentosdefls.81/85e979/981,referentes a cupons fiscais, fotos das motocicletas usadas para entrega, adesivosmagnticosdegeladeira,uniformes,encarteseoutraspropagandas,hindicaodafrase'Drogatel Arajo' e 'Arajo Tem. Drogatel Entrega'' e que 'no documento denominadomanual de procedimentos operacionais h previso de que os cooperados devemapresentarseaotrabalho'devidamenteuniformizados'e,dentreoutrasorientaes,'dirigirse ao local da entrega no menor tempo possvel, observando sempre a legislao detrnsito vigente' e 'retornar ao local de origem no menor tempo possvel, observandosemprealegislaodetrnsitovigente''(fl.1.163).

    Delineada a pessoalidade bem como a subordinao jurdica definidora do vnculoempregatcio, tanto em seu sentido tradicional, em que se exterioriza, v.g., em ordens,fiscalizaoeexignciasincompatveiscomotrabalhoporcontaprpria,comoousodeuniforme,quantoemseusentidoobjetivoouestrutural,noexpressivodizerdeMaurcioGodinhoDelgado,comoparticipaointegrativadaatividadedotrabalhadornaatividadedocredordotrabalho,aconclusoqueseimpeadairregularidadedaterceirizao,nosmoldes encetados, pela presena dos elementos caracterizadores da relao de emprego,emafrontaaosarts.2e3daCLT.

    Conheodorecursoderevistaporviolaodosarts.2e3daCLT.

    (...)

    Destaco, de plano, ao exame do mrito da presente ao civil pblica, o pedidodeduzidopeloMinistrioPblicodoTrabalhofl.15,verbis:

    '...queaDROGARIAARAJOS/Asejacondenadaaabstersedecontratarservioporintermdio de interposta pessoa, inclusive cooperativas de trabalho, ligado s atividadesfinsdeseuempreendimento,noconceitoincludoaatividadedeentregadosprodutosquecomercializa a seus clientes, utilizando para o desempenho de tais atividades deempregadosregularmenteregistrados,naformadoart.2,3e41daCLT(sic),sobpenade multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a favor do FAT Fundo de Amparo aoTrabalhador (art. 13 da Lei 7.347/85), por cada trabalhador 'cooperado' ou sem ocompetente registro que for encontrado prestando servio r em atividade ligada finalidadedeseuempreendimento.'

    Ainda,registroaafirmaocontidanapeadeingresso(fl.14),deque'nosepretendecomapresenteAoCivilPblicaareparaodalesojcausadaaos48(quarentaeoito)'trabalhadorescooperados'identificadosquandodaaofiscal.ApretensodoMinistrioPblico na presente ao tem natureza inibitria: pretendese apenas que seja cessada airregularterceirizaodeserviosrealizadapelar'.

    Nessasenda,observadooteordopedido,douprovimentoaorecursoderevistaparadeterminarqueaempresarseabstenhadecontrataroserviodeentregasdomiciliaresdeprodutosdeseucomrciomedianteempresa interposta, incluindocooperativas,sobpenademulta diria no valor de R$ 200,00 a fluir aps o trnsito em julgado da presentedeciso , por trabalhador irregular,multa esta a ser revertida ao Fundo deAmparo aoTrabalhadorFAT(art.461,4,doCPC).CustasdeR$19.660,00,pelar,sobreovaloratualizadodadocausa(R$983.000,00).

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    Recursoderevistaprovido."(fls.1398/1304)

    Osembargosdedeclaraoopostospelaempresarforamrejeitados,nosseguintestermos:

    "Naespcie,novisualizoapresenadosvciosautorizadoresdomanejodeembargosde declarao. Consoante emerge do acrdo embargado, resultaram explicitados osmotivosqueconduziramaoprovimentodarevista.

    Com efeito, de posse das premissas fticas trazidas no acrdo regional, esta Corteconstatouque'nocasoemexamehelementosfticossuficientesaindicarodelineamentode vnculo de emprego, pela presena dos requisitos legais, com a concluso de que acontratao dos motoboys (48) por meio de cooperativa se fez em fraude legislaotrabalhista,configuradahiptesedeterceirizaoilcita'.

    Com base em dados do auto de infrao extrados do acrdo regional, ademais, oColegiado acrescentou que 'os auditores fiscais do trabalho informaram que 'foramencontrados 48 empregados contratados irregularmente atravs da Cooperativa deTrabalhoCBTA'eque 'exercemafunodemotoqueiros(responsveisporentregasemdomiclio, dentro do sistema denominado 'Drogatel. Arajo'), estando presentes ospressupostosda relaodeemprego,previstosnosartigos2 e3daConsolidaodasLeisdoTrabalho,emrelaoDrogariaArajoS.A'.

    Consignado,ainda,oentendimentodeque'orelatriodeinspeodaautoridadefiscal,'porque emanado de agentes pblicos competentes para exercer a fiscalizao dasrelaesde trabalho auditores fiscaisdo trabalho ,gozadepresunodeveracidadequantoaosfatosneledescritos''.

    Considerandoqueaempresarnoinfirmouosfatosreveladospelosauditoresfiscais,esta Corte, firme no princpio da primazia da realidade, concluiu que 'os 'motoboys',formalmente cooperados da CBTA, se fisionomizavam, no plano dos fatos, comoempregadosdasociedadeannimareclamada'.

    Combasenessaspremissasfticas,aTurmaconheceudarevistaporafrontaaosarts.2e3daCLT,estando fundamentadaadeciso,peloqueno sevislumbram repitase quaisquerdosvciosautorizadoresdoprovimentodosED's.

    A Embargante, na realidade, no aponta qualquer vcio no acrdo, sanvel pelosembargosdedeclarao,demonstrandoapenasoinconformismocomadecisoquelhedesfavorvel. Contudo esta via processual no adequada para a reviso de decisesjudiciais.

    Salientesequeaomisso,contradioouobscuridadeajustificaremainterposiodeembargosdedeclaraoapenas seconfiguramquandoo julgadordeixadesemanifestaracercadasalegaescontidasnorecurso interposto,utiliza fundamentoscolidentesentresi,ouaindaquandoadecisonoclara.Seaargumentaodosembargosnoseinsereemquaisquerdessesvcios,nos termosdosarts.897AdaCLTe535doCPC,deveserdesprovidoorecurso."(fls.1355v/1356).

    TambmosembargosdedeclaraoopostospeloMinistrioPblico,noqualsequestionouareduodovalordamultaaseraplicadaar,foramrejeitados,segundoosseguintesfundamentos:

    "As 'astreintes' constituem medida para compelir o devedor ao cumprimento da

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    obrigao(art.461doCPC)eseencontramdentrodopoderdiscricionriodomagistrado,noexercciode suaprerrogativadedireodoprocesso (arts. 765daCLTe125, II, doCPC).

    Nessesentido,mostraserazovelesuficienteaopropsitodoinstitutomultadiriaimposta na deciso embargada, caso haja descumprimento da deciso, no valor de R$200,00, aps o trnsito em julgado da presente deciso, por trabalhador irregular, a serrevertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. No se acata, neste aspecto, opedidodoMPTdemultadiriadeR$2.000,00,portrabalhadorirregular,umavezquenosetratadedefeitodojulgadoembargado,pormentendimentorazoveleproporcional.

    RegistresequeosED'snoseconfundemcomembargosinfringentes,emquesepodealterarodecisum por reexamedos fatos,dodireitoedaconvico judicial:osED's soinstrumentodecorreodeefetivosdefeitosdojulgadoque,nocaso,noexistem."(fl.1356v).

    Nasrazesdorecursodeembargos,arinsurgesecontra o conhecimento do recurso de revista do MinistrioPblico, alegando que a c. Turma teria contrariado a provadosautos.SustentaaaplicabilidadedaSmula331,III,doc. TST, ao argumento de ser lcita a terceirizao deserviosdetransportedemedicamentoseoutrosprodutosporela comercializados, por intermdio de cooperativa demotociclistas, haja vista tratarse de mera atividadeacessria,quenoseconfundecomoseuncleoempresarial.Afirma no haver, in casu, subordinao e pessoalidade ajustificar o reconhecimento de vnculo empregatcio com osmotociclistas. Alega haver contradio entre o auto deinspeo e o depoimento prestado em juzo pelo auditorfiscal, devendo prevalecer a prova produzida pela empresa.Apontaviolaodosartigos5,LV,daConstituioFederal,131 do CPC, 2, 3, 765 e 845 da CLT e contrariedade s

    Smulas nos 126 e 331 do c. TST. Transcreve arestos aoconfrontodeteses.

    Adicodoart.894,II,daCLTadmiteoexamederecurso de embargos somente ante a caracterizao dedivergncia jurisprudencial com a SDI ou entre Turmas doTST, bem assim por contrariedade Smula ou OrientaoJurisprudencial desta c. Corte. Sendo assim, deixase deexaminar a alegada violao dos artigos 5, LV, daConstituioFederal,131doCPC,2,3,765e845daCLT.

    Conformesedepreendedov.acrdoembargado,areforma da deciso Regional foi amparada na anlise doselementosconsignadospeloTribunaldeorigem,dosquaisseinfereaocorrnciadefraudenaterceirizao,hajavistaacontratao de empregados para transporte de mercadorias,porintermdiodecooperativa,emboraverificadaapresenados pressupostos de vnculo empregatcio a ser reconhecidodiretamentecomar.

    Todavia,observadososlimitesdopedidoconstanteda presente ao civil pblica, cujo objeto traduz mera

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    medida inibitria, a deciso da c. Turma consiste nadeterminaodequearseabstenhadecontratarserviodeentregasdomiciliaresdeprodutosdeseucomrcio,medianteempresainterposta,incluindocooperativa,sobpenademultadiria,noimportedeR$200,00.

    Noprosperaapretensodaembargantededemonstrarcontrariedade Smula n 126 do c. TST, mediante a qualobjetiva, por via transversa, o reexame de requisitointrnseco que possibilitou o conhecimento do recurso derevistadoMinistrioPblicodoTrabalho.

    Poroutrolado,tambmnoseextraidav.decisoembargada expressa tese contrria quela consignada naSmula n 126 do c. TST, circunstncia que inviabiliza acaracterizao de divergncia jurisprudencial apta aoconhecimento do recurso de embargos, em face das ementastranscritas s fls. 1374/1375 e do respectivo acrdoacostados,nantegra,sfls.1382/1388.

    Superada,assim,apretensodarnoquetangeareforma da deciso embargada, quanto ao conhecimento dorecurso de revista do Ministrio Pblico do Trabalho,subsiste a anlise das razes de recurso de embargosrelativamentematriademrito.

    Conformeseinferedav.decisoembargada,hdeterminaogenricanosentidodequearseabstenhadecontratar servio de entregas domiciliares de produtos deseucomrcio.

    Nessecontexto,asubsistirav.decisoembargada,atribuirse r vedao para celebrar contratos deterceirizao de servios ligados a sua atividademeio,aindaqueporregularprocedimento,noobstanteaausnciadeimpedimentolegal.

    Oarestotranscritosfls.1372/1373,originrioda4TurmadesteTribunal,dalavradaExma.MinistraMariadeAssis Calsing, caracteriza divergncia jurisprudencial aptaaoconhecimentodorecursodeembargos,namedidaemque,emcaso semelhante, afasta o pedido inibitrio constante daao civil pblica promovida pelo Ministrio Pblico doTrabalho,emfacedaausnciade"impedimentolegalparaqueuma empresa terceirize servios ligados sua atividademeio".

    Conheo dos embargos por divergnciajurisprudencial.

    MRITO

    Discutesenosautososlimitesdarestrioaserimposta a r de ao civil pblica, quando constatada a

  • 18/03/2015 TSTEEDRR15280016.2001.5.03.0019Datadepublicao:DEJT19/12/2013

    http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=EEDRR%20% 10/11

    ocorrncia de fraude na terceirizao de servios detransporte de mercadorias, por contratao de cooperativa,ante a presena dos pressupostos da relao de emprego aensejaroreconhecimentodevnculoempregatciodiretamentecomaempresa,ditatomadoradeservios,realempregadora.

    Nocaso,ac.Turma,considerandoaexistnciadeelementos nos autos a ensejar a ocorrncia de fraude naterceirizao de empregados de cooperativa de motociclistapara transporte de mercadorias da empresa r, de modo ajustificar o reconhecimento de vnculo empregatciodiretamente com a tomadora de servios, conheceu e deuprovimento ao recurso de revista do Ministrio Pblico doTrabalho, a fim de reformar a deciso do eg. Tribunal deorigem, que havia mantido a r. sentena que julgaraimprocedenteaao.

    Sendoassim,eobservadososrestritostermosdopedido, objeto da presente ao civil pblica, que requerapenasmedidainibitria,ac.Turmadeterminouquearseabstenha de contratar servio de entregas domiciliares deprodutos de seu comrcio, mediante empresa interposta,incluindocooperativa,sobpenademultadiria,noimportedeR$200,00.

    Essadeterminao,contudo,possuidesproporcionaldimenso frente a real irregularidade verificada no casoconcreto, especialmente em face do reconhecimento de serincontroversonosautosqueaempresarpossuicomofunoprimordial a "comercializao e manipulao de produtosfarmacuticos,correlatoseveterinrios,enoadeentregadesses produtos", conforme, inclusive, consignado pela v.decisodac.Turma.

    Defato,nohelementosnosautosquejustifiquema concluso de que a declarao da ilicitude daterceirizao havida esteja relacionada diretamente com aatividade desenvolvida, a qual no se confunde com aatividadefimdar.

    A circunstncia que motivou a declarao dailicitude da terceirizao, in casu, est relacionada aoprocedimento adotado, eis que evidenciada a contratao deempregados,pormeiodecooperativa,noobstanteapresenadetodososelementoscaracterizadoresdovnculodeempregodiretamentecomaempresatomadoradeservio,configurandofraude.

    Nessecontexto,econsiderandooslimitesdopedidoconstante da presente ao civil pblica, a condenao deno fazer a ser atribuda r deve consistir nadeterminao de absterse da prtica do procedimentofraudatrio,oqualfoiconstatadonestesautos,concernentecontrataodeempregados,pormeiodecooperativa,afim

  • 18/03/2015 TSTEEDRR15280016.2001.5.03.0019Datadepublicao:DEJT19/12/2013

    http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=EEDRR%20% 11/11

    defraudaralegislaotrabalhista.

    Anteoexposto,douparcialprovimentoaorecursodeembargospararestringiracondenaodenofazeratribudar,determinaodeabstersedaprticadoprocedimentofraudatrio constatado nos presentes autos, sob pena demulta diria no valor de R$ 200,00 (duzentos reais), acontar do trnsito em julgado desta deciso, a serconvertidaemfavordoFundodeAmparoaoTrabalhadorFAT.

    ISTOPOSTO

    ACORDAMosMinistrosdaSubseoIEspecializadaemDissdiosIndividuaisdoTribunalSuperiordoTrabalho,porunanimidade,conhecerdorecursodeembargospordivergnciajurisprudencial e, no mrito, darlhe parcial provimentopararestringir a condenao de no fazer atribuda r determinao de absterse da prtica do procedimentofraudatrio evidenciado nestes autos, sob pena de multadirianovalordeR$200,00(duzentosreais),acontardotrnsitoemjulgadodestadeciso,aserconvertidaemfavordoFundodeAmparoaoTrabalhadorFAT.

    Braslia,12deDezembrode2013.

    FirmadoporAssinaturaEletrnica(Lein11.419/2006)

    AloysioCorradaVeiga

    MinistroRelator

    fls.

    PROCESSONTSTRR15280016.2001.5.03.0019FASEATUAL:EED

    Firmadoporassinaturaeletrnicaem16/12/2013peloSistemadeInformaesJudiciriasdoTribunalSuperiordoTrabalho,nostermosdaLein11.419/2006.