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NEORREALISMO ITALIANO
(Recortes do capítulo de Mariarosaria Fabris. In: MASCARELLO, Fernando
(Org.). História do Cinema Mundial. Campinas, SP: Papirus, 2007.)
(GRUPO 1) Sob um regime de governo fascista que durou de 1922 a
1945, liderado por Benito Mussolini, a Itália sofreu uma mudança econômica e
social, com alta taxa de desemprego e grande parcela do povo tendo
dificuldades para sobreviver.
(GRUPO 1) Com o fim do governo de Mussolini, a Itália se revelou um
país arrasado por conflitos políticos e com boa parte da população em estado
crítico. Os cineastas italianos oficializaram um processo que já vinha ocorrendo
desde antes da Segunda Guerra, em que voltavam seus olhos para a
sociedade, suas dificuldades e seus valores, adotando um estilo mais
documental, na realização de seus filmes.
(GRUPO 1) Se o chamado neorrealismo se revelou ao mundo de forma
mais impressionante através de Roma, città aperta, cabe aos outros julgar.
Essa afirmação é do próprio diretor, Roberto Rossellini: “Eu vejo o nascimento
do neorrealismo mais para lá: em primeiro lugar, em alguns documentários de
guerra romanceados, nos quais também eu estou representado com La nave
bianca; depois, nos verdadeiros filmes de ficção sobre a guerra, dos quais fui
colaborador no roteiro, como Luciano Serra pilota, ou realizador, como L'uomo
dalla croce; por fim, e sobretudo, em certos filmes menores, como Avanti c’è
posto, L'ultima carrozzella e Campo de' fiori, em que a fórmula do neorrealismo,
se assim o quisermos chamar, vem se compondo através das criações
espontâneas dos atores: de Anna Magnani e de Aldo Fabrizi, particularmente”.
(GRUPO 1) O neorrealismo nasce, inconscientemente, como filme
dialetal; depois adquire consciência no calor dos problemas humanos da guerra
e do pós-guerra.
(GRUPO 2) Visconti não era da mesma opinião, pois, para ele, o termo
"neorrealismo" surgiu com seu primeiro longa-metragem, cunhado pelo
montador Mario Serandrei: “Por mais que se diga..., "mas, já havia O navio-
hospitale e O homem da cruz, de Rossellini, ou Uomini sul fondo, de De
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Robertis", esses filmes, de fato, eram documentários. A meu ver, é
absolutamente necessário deixar de lado os dois filmes de Rossellini que citei,
porque eram fascistas, de propaganda fascista. De Sica ainda rodava filmes
como Teresa Venerdi, Un garibaldino ai convento e, pouco depois de
Obsessão, realizou A culpa dos pais, que já seguia a mesma linha. [...] O termo
"neorrealismo" nasceu com Obsessão”.
(GRUPO 2) Luchino Visconti, partindo do romance realista norte-
americano The postman always rings twice (1934), de James M. Cain, estreia
no cinema com Obsessão (1943).
(GRUPO 2) O contato físico da câmera com as personagens e a perfeita
integração com espaços, lugares e paisagens capazes de se tornarem parte
integrante da história, de proporcionarem olhares inéditos da realidade italiana,
de desestruturarem os estereótipos visuais até então adotados para contar
histórias dramáticas, fazem de Ossessione o ponto de chegada de uma longa
pesquisa e, ao mesmo tempo, o modelo para uma nova geração de
intelectuais, aos olhos dos quais o filme marca oficialmente o nascimento do
novo cinema italiano. “Neorrealismo” é o título de um artigo de Umberto
Bárbaro, de 1943. (Brunetta in Fabris et al. 2002)
(Profa. Ane) Roma, cidade aberta é de 1945, A terra treme, de 1948:
duas datas dentro das quais se encerram o princípio e o fim de um período
durante o qual parecia realmente que a terra estivesse tremendo e que a
estrutura da sociedade estivesse prestes a passar por mudanças radicais.
Neste clima de ânsias e de esperanças num mundo melhor, mas também de
temores e de preocupações, o neorrealismo italiano disse corajosa e
sinceramente o que tinha de dizer, deduzindo-o da realidade viva que se
apresentava aos artistas com toda a sua força dialética. Depois desta data
começa a involução. (Chiarini 1974, pp.177-178)
(GRUPO 3) Para Federico Fellini, o único cineasta neorrealista foi
Rossellini, de quem foi colaborador ao dar seus primeiros passos no cinema.
(GRUPO 3) Seu abandono em relação à realidade, sempre
atento, límpido, fervoroso, aquela sua forma de se situar com
naturalidade num único ponto impalpável e inconfundível entre
a indiferença do distanciamento e a falta de habilidade da
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adesão, permitia-lhe capturar, fixar a realidade em todos os
espaços, olhar o interior e o exterior das coisas, desvendar o
que a vida tem de inalcançável, de misterioso, de mágico. Por
acaso o neorrealismo não é isso? Daí, quando se fala de
neorrealismo, só se pode falar de Rossellini. Os outros fizeram
realismo, verismo ou tentaram traduzir um talento, uma
vocação, numa fórmula, numa receita. (Fellini 2000, p. 76)
(Profa. Ane) Para De Santis, revelar a realidade não significava renunciar
à elaboração de sua representação. Sua postura quanto ao realismo implica
numa transfiguração da realidade. A arte não é a reprodução de meros
documentos. Para o cineasta, colocar a câmera na rua ou entre paredes
verdadeiras, só levaria a um realismo de todo exterior. Para ele, o realismo não
exclui de modo algum a ficção, nem todos os meios classicamente
cinematográficos.
(Profa. Ane) Cineastas como Lattuada e De Santis, para os quais o que
distinguia o cinema italiano do imediato pós-guerra eram fatores internos (como
o de refletir os problemas cruciais do país) e não elementos extrínsecos (como
a utilização de atores não-profissionais ou as filmagens em cenários reais):
(GRUPO 4) 1. A utilização frequente dos planos de conjunto e dos planos
médios e um enquadramento semelhante ao utilizado nos filmes de
atualidades: a câmera não sugere, não disseca, só registra.
.1. .2.
Frame .1.: Plano de conjunto em Ladrões de Bicicleta, de Vittorio De Sica, 1948
Frame .2.: Plano médio em Obsessão, de Luchino Visconti, 1943.
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(GRUPO 4) 2. A recusa dos efeitos visuais (superimpressão, imagens inclinadas,
reflexos, deformações, elipses), caros ao cinema mudo: o neorrealismo - se
quisermos forçar um pouco as coisas - retoma o cinema lá onde os irmãos
Lumière o tinham deixado.
(GRUPO 4) 3. Uma imagem acinzentada, segundo a tradição do documentário.
(GRUPO 4) 4. Uma montagem sem efeitos particulares, como convém a um
cinema não tão acentuadamente polêmico ou revolucionário.
(GRUPO 4) 5. A filmagem em cenários reais.
Cidade de Roma em Roma, Cidade Aberta (Roberto Rossellini, 1945)
(GRUPO 4) 6. Uma certa flexibilidade na decupagem, que implica um recurso
frequente à improvisação, como decorrência da utilização de cenários reais.
(GRUPO 4) 7. A utilização de atores eventualmente não-profissionais, sem
esquecer, no entanto, que o neorrealismo se valeu de intérpretes famosos
como Lamberto Maggiorani, Lúcia Bosè, Aldo Fabrizi, Vittorio Gassman,
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Massimo Girotti, Gina Lollobrigida, Sophia Loren, Folco Lulli, Anna Magnani,
Silvana Mangano, Giulietta Masina, Amedeo Nazzari, Alberto Sordi, Paolo
Stoppa, Raf Vallone e Elena Varzi, só para citarmos os italianos.
.3. .4.
Frames .3. e .4.: Anna Magnani em Roma, Cidade Aberta (Roberto Rossellini, 1945)
(GRUPO 4) 8. A simplicidade dos diálogos e a valorização dos dialetos, que
levou diretores como Visconti e Emmer a usá-los, na ilusão de transmitir ao
público uma imagem verdadeira da Itália, sem intermediários, sem tradução.
(GRUPO 4) 9. A filmagem de cenas sem gravação de som, com sincronização
realizada posteriormente, o que tornava possível uma maior liberdade de
atuação.
(GRUPO 4) 10. A utilização de orçamentos módicos: o cinema social de alto
custo não existe, caso contrário, deixa de ser social. (Fabris, 1996 pp.129-130)
(Profa. Ane) Nesse sentido, não pode ser esquecida a experiência de
Lattuada como fotógrafo em fins dos anos 1930. Seus instantâneos, publicados
em 1941 no volume L'occhio quadrato, já representavam um esboço de
neorrealismo. Ao fotografar, Lattuada procurava manter sempre viva a relação
do homem com as coisas. A presença do homem é contínua; e mesmo lá onde
são representados objetos materiais, o ponto de vista não é o da pura forma,
do jogo de luz e sombra, mas é o da memória assídua de nossa vida e das
marcas que o cansaço de viver deixa nos objetos que são nossos
companheiros. Calçamentos de tranquilas pracinhas, casas possuídas e
abandonadas, velhos muros, morrinhos urbanos sufocados pelas pedras,
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homens nas ruas, homens trabalhando, homens suspensos pela voz da poesia,
homens derrotados e, em todo lugar, em qualquer condição, a firme vontade de
viver e a necessidade de amar e de esperar. (Apud Gardin, 1982, p15)
(GRUPO 2) Visconti nos idos de 1943, no já citado artigo "O cinema
antropomórfico":
(GRUPO 2) De todas as tarefas que me cabem como diretor, a
que mais me apaixona é o trabalho com os atores; material
humano com o qual se constroem estes homens novos, que,
chamados a vivê-la, geram uma nova realidade, a realidade da
arte. Porque o ator é antes de tudo um homem. Possui
qualidades humanas-chave. Nisto procuro basear-me,
graduando-as na construção do personagem, a ponto de o
homem-ator e o homem- personagem chegarem a ser, a uma
certa altura, um só. (Apud Fabris et al. 2002, pp. 9-11)
E é o que constata Rossellini, ao falar da direção de atores, uma
observação que poderia ser aplicada ao despojamento interpretativo que ele
conseguiu de Ingrid Bergman em Stromboli: “O meu trabalho consiste
unicamente em acompanhar meus personagens. Nas minhas películas, ao
contrário do que acontece com a dos outros, um homem se move e é graças
ao seu movimento que se descobre o ambiente em que ele se encontra. O
problema é não abandonar o ator, que realiza movimentos contínuos e
complexos. Diante da câmera o ator crê que é um ser excepcional, só porque
está sendo fotografado. E o meu trabalho consiste em colocá-lo na sua
verdadeira atitude, em reconstruí-lo, em ensinar outra vez os seus gestos
naturais”. (Apud Trigueirinho Neto 1958, p. 219)
(GRUPO 3) O neorrealismo levou a ver o cinema com outros olhos, como
afirmava ítalo Calvino, embora condenasse nele a adesão imediata ao mundo
da experiência direta:
(GRUPO 3) Não existia mais um mundo na tela iluminada na
sala escura e, fora dela, um outro, heterogêneo, separado por
uma clara descontinuidade, oceano e abismo. A sala escura
desaparecia, a tela era uma lente de aumento que focalizava o
cotidiano de fora, obrigada a se fixar naquilo sobre o que o olho
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nu tende a passar sem prestar atenção. (In Fellini 2000, pp. 19-
20)
Escolha de atores:
(GRUPO 5) Pasolini acredita que a fisionomia dos atores, a classe social,
a idade etc. acrescentam valor aos personagens ao remeterem diretamente à
realidade que instaura significados. A realidade é um papel fundamental na
construção não só dos personagens, de maneira restrita, mas do filme como
um todo.
(GRUPO 5) "Prefiro trabalhar com atores escolhidos na
vida, ao acaso, quer dizer, escolhidos pelo que me
parecem exprimir na inconsciência, com não-profissionais.
O ator profissional tem demais a obsessão do natural e do
floreado. Ora, odeio o natural (que o ator exagera, além
disso, na maior parte do tempo, por medo de falhar nas
nuanças); detesto, em arte, tudo o que se aproxima do
naturalismo." (PASOLINI, 1983)
(GRUPO 5) O trabalho com os atores é fundamentalmente diferente na
produção ou concepção dos cineastas neorrealistas e isso se dá, sobretudo,
pelos conceitos que cada um tem acerca da natureza do Cinema e suas
funções. Pasolini, por exemplo, dá ênfase à montagem, dinamizando o jogo
pessoal dos atores. Pasolini esforça-se em reconstruir tudo, por não reproduzir
naturalmente o que se passa na vida. Dessa forma, Pasolini utiliza o
contracampo para evitar precisamente a narrativa longa. Fica bem evidente
neste caso que o jogo de um ator acaba sendo aí mutilado, ou antes
fragmentado, e que ele não pode mais lançar mão de seus efeitos habituais.
(GRUPO 5) Todos os filmes que nosso artista produziu utilizando-se do
cenário romano – Accattone (1961), Mamma Roma (1962), Uccellacci e
uccellini (1966), especialmente –, possuem uma fotografia caracterizada pela
iluminação natural da cidade. Tal fotografia enfatiza a luz forte de um sol
marcante, duramente retratado por tomadas que funcionam como
enquadramentos, verdadeiras molduras cinematográficas a partir da
delimitação da tela. Este artifício é valorizado por Pasolini como mecanismo de
recriação da realidade, e a iluminação, por vezes, é um recurso utilizado para
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mostrar o tipo desejado de personalidade de cena que o diretor de um filme
almeja. Assim, nem sempre o desempenho facial dos atores é suficiente para
que o objetivo da atmosfera da cena seja alcançado. Como lemos a seguir, o
posicionamento da luz é essencial para que o espectador perceba muito mais
do que simples feições: O caráter de um rosto pode ser transformado pela
iluminação. [...] a iluminação de cima espiritualiza o rosto e lhe dá um aspecto
solene ou angelical (personagens religiosos) ou ar de juventude ou frescor. A
iluminação de baixo transmite um sentimento de inquietação e produz um
aspecto perverso ou sobrenatural. A iluminação oblíqua dá relevo e solidez a
um rosto, mas pode torná-lo feio e acentuar-lhe os sulcos, ou indicar uma
personalidade ambígua, meio má, meio boa, simbolicamente meio luz, meio
sombra. A iluminação de frente esbate defeitos, aplana relevos, amacia
contornos, torna o rosto mais belo, mas tira-lhe a personalidade. Projetada de
trás, a iluminação idealiza o personagem, dá-lhe uma qualidade etérea. Essa
espécie de iluminação é uma versão moderna da auréola de santos ou de um
médium.
(GRUPO 5) Em Mamma Roma (Pier Paolo Pasolini, 1962), por exemplo,
a iluminação é um recurso explorado pelo diretor bolonhês que, em cada cena,
busca valorizar os ambientes e, principalmente, as expressões. Os cenários da
periferia romana aparecem com a luz capturada de forma dura, quase que
ofuscante; o sol é poeticamente inflexível e castiga aquele povo. Da mesma
forma, a obscuridade dos enquadramentos, à noite, sufoca as personagens
num universo sem pontos de fuga, no qual todos parecem condenados à
imutabilidade.
(GRUPO 6) Michelangelo Antonioni foca na decupagem das cenas, na
composição e nos ângulos do enquadramento, e nos movimentos de câmera,
que variam a posição dos personagens (de modo que um quadro começa com
um campo determinado e termina com um outro) e nos campo/contra-campos
assimétricos. Seus filmes são uma demonstração de como a câmera não está
envolvida e coincidente com a situação dramática, mas permanece externa; o
que guia os deslocamentos e as escolhas dos enquadramentos é uma lógica
interna, autônoma e não a lógica ditada pela situação dramática.
(GRUPO 6) O diretor insiste, antes de tudo, nos longos planos sinuosos e
envolventes com os quais a câmera acompanha os personagens e que
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constituem a forma concreta de representação minuciosa e pontual do caráter
dos personagens através do comportamento. É muito importante ressaltar que
este é registrado em todas as suas mínimas articulações gestuais e cinéticas e
na sua concretude do espaço e da duração real. A técnica da câmera móvel,
com a câmera montada sobre um pequeno suporte que percorre o espaço em
todas as direções é, em suma, o meio primário de construção dos personagens
como sucessão de blocos de comportamento registrados na continuidade.
(GRUPO 6) O cinema de Antonioni é caracterizado pela presença ativa da
câmera que se movimenta livremente, sem ter uma função instrumental ou de
transcrição para a situação dramática: em suma, já desde Crimes da alma, o
cinema de Antonioni não é um contexto dramático registrado por uma
filmagem, mas uma câmera que se movimenta livremente dentro o real, para
lhe dar forma. Portanto, os aspectos inovadores não se limitam a uma
distensão da grade dramatúrgica tradicional, mas devem ser explicados dentro
da escolha radical de fazer do enquadramento – a operação de organizar os
eventos na sequência de quadros – a autêntica forma do filme, da qual extrair
características e significados.
(Profa. Ane) O neorrealismo começou a perder força na década de 50,
com a melhora nas condições de vida na Itália. A Itália ainda veria ecos do
movimento nas próximas décadas, sobretudo nos filmes de Michelangelo
Antonioni e Pier Paolo Pasolini.
(Profa. Ane) No Brasil, Nelson Pereira dos Santos teve suas obras
influenciadas pelo neorrealismo. Vidas Secas, de 1963 é um exemplo, que
mostra a vida de uma família de retirantes em meio a seca e fome do nordeste.
(Profa. Ane) O neorrealismo representou um prelúdio anti-hollywoodiano,
que caracterizou as cinematografias nacionais dos anos 1960, como a Nouvelle
Vague na França e o Cinema Novo no Brasil.
Filmes do Neorrealismo Italiano:
Obsessão (Luchino Visconti, 1943)https://drive.google.com/open?id=1Z2GMLSe1EOYEbCY2QyHYVVTZiulDmZB2
Roma, cidade aberta (Roberto Rossellini, 1945)https://drive.google.com/open?id=1fSRG8Em3OyU0y4nbKlAwwvrbY9kMJnrs
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Ladrões de Bicicleta (Vittorio De Sica, 1948)https://drive.google.com/file/d/0BxA-1MQfJ9cYN2VyYnR4NzJvd0E/view
A Doce Vida (Federico Fellini, 1960)https://drive.google.com/file/d/0BxA-1MQfJ9cYYklYazhWTURMMW8/view
A Aventura (Michelangelo Antonioni, 1960)https://drive.google.com/file/d/0BxA-1MQfJ9cYMkhNVEV1MUJUcGM/view
Mamma Roma (Pier Paolo Pasolini, 1962)https://drive.google.com/open?id=1vtUPxypxE8Slwa7mevjCs252aoAH0ZFv
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